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Literatura Portuguesa Medieval e Renascentista

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AULA Revisão 1
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LITERATURA PORTUGUESA
LETRAS – PROFA. DRA. DANIELLE CRISTINA MENDES PEREIRA 
Rio de Janeiro, 1º de setembro de 2011
AULA Revisão 1
AULA DE REVISÃO AV 1
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AULA Revisão 1
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Crônica da Batalha de Uclés (século XII)
Identificação entre a língua e o sentimento.
Presença no imaginário ibérico. 
AULA Revisão 1
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AULA Revisão 1
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O domínio cultural da Igreja Católica
A partir do século XII:
Novo tipo de expressão artística: os cancioneiros e os jograis de poesia trovadoresca. 
Feiras medievais e ambiente palaciano.
Surgimento da cantiga →união entre palavra e música
AULA Revisão 1
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AULA Revisão 1
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A poesia trovadoresca, originada na tradição popular, acabou por assumir uma posição relevante em um universo aristocrata. 
Poetas oriundos da nobreza - até mesmo reis. 
Cruzamento entre o popular e o erudito.
Trovadorismo e língua portuguesa
AULA Revisão 1
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AULA Revisão 1
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As cantigas de amor
A mulher como a Senhor
A poesia como metáfora social
Eu-lírico e a senhor → suserania e vassalagem
Ideais éticos cristãos
Dirigidas ao público palaciano. 
 
AULA Revisão 1
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AULA Revisão 1
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O amor cortês 
A "senhor", é o bem mais precioso do eu-lírico. 
O eu-lírico despreza os bens materiais.
Aceitação da "coita“
 “Senhor fremosa, tan gram coyta ey 
por vós que bom consselho no me sey,
cuydand´em vós, ma senhor mui fremosa”
(Bernal de Bonaval)
AULA Revisão 1
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AULA Revisão 1
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Aspectos formais das cantigas de amor
Uso de paralelismos, refrões e repetições – como nas cantigas de amigo.
A questão da mestria
Emprego de versos pares
Uso da redondilha maior
Presença da palavra perduda.
AULA Revisão 1
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AULA Revisão 1
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TROVADORISMO
Português
A mesura é aceita, mas o jogo amoroso pode ser realizado.
Correspondência amorosa entre o eu-lírico e a "senhor”.
Ironia e humor.
Arrependimento pelo amor vão.
Provençal
Relação amorosa ideal e espiritualizada.
Presença da mesura (superioridade do amor físico sobre o amor espiritual).
Tom sério.
AULA 1
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AULA Revisão 1
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CANTIGAS DE AMIGO
Escritas por homens.
Eu-lírico feminino.
Voltadas para o espaço doméstico e/ou a vida no campo.
Governo do lar pela mulher.
 Representam o lamento da mulher abandonada por seu parceiro.
AULA 1
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AULA Revisão 1
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Jogos de simetrias
Refrão: estado psicológico ou assunto do poema 
Rimas 
Alternância das vogais “i” e “a”. 
Tipos de cantiga de amigo: barcarola, alba, pastorela, fonte, romaria e tecedeira.
O amor nas cantigas de amigo
Presença da coita e da mesura. 
Amor erotizado e possível. 
Metáforas: "lavar as tranças", 	“ir à fonte”, “encontrar o cervo” e "banhar-se no mar”.
Tom realista.
AULA Revisão 1
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AULA Revisão 1
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CANTIGAS DE ESCÁRNIO 
E DE MALDIZER 
Cantigas satíricas
Apontam os maus costumes e más posturas. 
O riso como castigo
AULA 1
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AULA Revisão 1
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A NARRATIVA MEDIEVAL
Novelas de cavalaria
Prosa doutrinária
Formação e orientação moral
Relatos históricos
Cronicões 
Livros de linhagem
Hagiografias (relatos da vida de santos)
AULA 1
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AULA Revisão 1
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NOVELAS DE CAVALARIA
Séculos XIII, XIV e XV.
Público letrado e erudito. 
Passagem da escrita em versos para em prosa.
Declínio da poesia oral
Inicialmente, em Portugal: traduções da “matéria” da França e da Bretanha
Versões específicas: ciclos de novelas paralelas ou derivadas. 
AULA 1
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AULA Revisão 1
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AMADIS DE GAULA 
Primeira novela de cavalaria considerada ibérica (1508, provavelmente).
Autoria atribuída a Montalvo ou a Vasco de Lobeira. 
Influenciada por temas do ciclo arturiano.
AULA 1
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AULA Revisão 1
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Amadis de Gaula
Exercício criativo independente, sem recontar os mitos e lendas vindos da tradição oral. 
Novo conceito de cavalaria,
Conflito entre a subjetividade e a coletividade
Fortalecimento do poder do rei
Sementes de uma sensibilidade humanista.
 
AULA 1
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AULA Revisão 1
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Passagens para um novo mundo, em Portugal: o século XVI
Aspectos do Humanismo, em Portugal
Início: 1418, segundo Massaud Moisés (1988, p. 39). 
As grandes navegações e a desorganização do modo de vida português e de seus valores. 
A questão do fusionismo. 
Fortalecimento da cultura laica.
AULA 2
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AULA Revisão 1
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Transformações importantes do período:
Cronistas importantes aparecem neste período como Fernão Lopes, que prefere a documentação escrita ao relato oral, como matéria de suas crônicas, além de demonstrar excelente talento literário.
Separação entre letra e música, no cancioneiro, a partir da publicação do Cancioneiro Geral, de Garcia de Resende. 
AULA 2
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AULA Revisão 1
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O teatro vicentino e a crítica social
Críticas severas a uma sociedade que experimenta modificações profundas e ainda não sabe como reorganizar os seus valores. Todos os setores sociais mereceram o seu olhar impiedoso.
Critica em suas peças a crescente falta de ética, a ganância e o enriquecimento fácil em contraponto a valores medievais idealizados. 
Opõe-se ao arrefecimento do trabalho braçal.
Objetivos da expansão marítima, segundo o Auto da Índia: “pelejar e roubar”.
AULA 2
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AULA Revisão 1
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	A nova configuração da sociedade portuguesa e as personagens de Gil Vicente
Aumento e pluralidade da população lisboeta.
Criação de personagens que tipificavam classes e comportamentos diversos, como o parvo, a alcoviteira, o padre namorador, o comerciante ladrão, tal como aparecem, por exemplo, no Auto da Barca do Inferno.
AULA 2
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AULA Revisão 1
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A classificação da obra de Gil Vicente
Segundo Spina (1970, p. 30-31), a obra de Gil Vicente pode ser dividida em quatro instâncias: autos, teatros romanescos, fantasias alegóricas e farsas.
AULA 2
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AULA Revisão 1
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Autos
São dramas surgidos na Idade Média. 
Mistério – Sobre questões relacionadas à fé.
Moralidades – Discussão de questões éticas e morais.
Milagres – Sobre a vida dos santos.
Episódios pastoris – Falam sobre a vida rural.
AULA 2
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AULA Revisão 1
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Teatro romanesco – baseado nos romances de cavalaria.
 
AULA 2
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AULA Revisão 1
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Fantasias alegóricas 
Segundo Spina, seus antecedentes “são os “momos” realizados no fim da Idade Média, especialmente no reinado de D. João II; estas fantasias, que aparecem emolduradas pelos processos técnicos da pura cenografia alegórica, lembram muito o nosso teatro de revista” (SPINA, 1970, p. 31).
AULA 2
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AULA Revisão 1
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Farsas 
Episódicas – Centradas em tipos específicos;
Novelescas (ou narrativas) – histórias mais ou menos completas, a partir de uma intriga.
AULA 2
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AULA Revisão 1
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As personagens do teatro vicentino
Tendiam a representar, de modo caricato, os tipos sociais presentes na sociedade portuguesa, especialmente, a lisboeta. 
Suas ações representavam o choque entre os valores humanistas e medievais e a desorganização social. 
Crítica ao desejo de ascensão social.
AULA 2
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AULA Revisão 1
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Pontos importantes sobre as personagens do teatro vicentino 
Ausência do tom épico na sua configuração. 
A questão dos cruzados no Auto da Barca do Inferno.
A linguagem atribuída às personagens vicentinas. 
Traços realistas: conexão entre a linguagem empregada e a classe social da personagem. 
AULA 2
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AULA Revisão 1
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A sátira no teatro vicentino
Vicente valorizava as condutas de personagens que não se importam em ascender socialmente, mas em ser honestas e honradas. O trabalho, a fidelidade e a verdade também são princípios importantes. Através do riso, Gil Vicente pune e ridiculariza as personagens cujos padrões de comportamento afastavam-se desse ideal, seguindo os padrões estabelecidos pela poética clássica, que viam no riso uma forma de moralização.
O riso no teatro de Gil Vicente, portanto, não era gratuito, mas ligava-se a um princípio de adequação, que buscava, pela
sátira, modificar aspectos sociais. A fim de potencializar esse aspecto, Vicente inseriu em suas obras algumas inovações, como a abordagem de questões contemporâneas e mais realistas, que apareceriam mescladas às alegorias. Além disso, aproveitou-se de elementos presentes na dramaturgia popular, como a participação da platéia no drama representado, que era interpelada pelos atores e poderia participar da representação.
 
AULA 2
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AULA Revisão 1
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Influências do teatro popular na obra vicentina
O teatro de Gil Vicente era voltado para o público nobre, mais especificamente, para a Corte portuguesa. Tratava-se, portanto, de uma obra palaciana. Gil Vicente, entretanto, inovou e inseriu elementos presentes na dramaturgia popular medieval, em seus textos. 
AULA 2
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AULA Revisão 1
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Elementos do teatro popular na obra vicentina: 
Participação da platéia;
Uso de alegorias;
Emprego de temas relacionados ao universo bíblico;
Presença de personagens advindas da população mais pobre e iletrada;
Alusão às temáticas populares, como o marido traído e a mulher que fica só, após o marido partir para o mar;
Incorporação de canções e termos presentes no imaginário popular.
AULA 2
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AULA Revisão 1
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O AUTO DA BARCA DO INFERNO (1517)
Peça alegórica
Unidade de ação: 
Espaço e tempo
Personagens
Aspectos realistas
A personagem Joane
O compère
AULA Revisão 1
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AULA Revisão 1
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Elementos específicos do Humanismo português
Religiosidade
Surgimento de um novo Homem
Profundas transformações
Grandes navegações
Invenção da impressa
Identificação com a ambição e o lucro.
É um Homem que redimensiona os seus conhecimentos sobre o mundo e volta-se para a razão e os prazeres, ciente da brevidade da vida. 
Aula 3
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AULA Revisão 1
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Elementos da poesia renascentista portuguesa
Primeiras sementes de uma consciência individual na poesia portuguesa. 
O eu-lírico fala sobre questões subjetivas, revelando a percepção e o pensamento sobre a existência individual. 
Aula 3
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AULA Revisão 1
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Uma analogia: o fusionismo português e a continuidade de aspectos da poesia medieval
Mescla a elementos mais modernos
Propostas poéticas italianas e, até mesmo, espanholas. 
Além de Sá de Miranda e Bernadim Ribeiro, outros escritores destacaram-se no período, como Antônio Ferreira e Diogo Bernardes. Mas, dentre eles, o mais importante, sem dúvida, foi Luís de Camões.
Aula 3
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AULA Revisão 1
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O lirismo tradicional camoniano 
Diálogo com as produções medievais
Aspectos populares
Emprego da medida velha
Temáticas relacionadas à vida no campo
Formas poéticas típicas da passagem do medievo para a Idade Moderna, como as esparsas (poemas de temática amorosa, geralmente com única estrofe e seis sílabas poéticas) e os vilancetes (poemas com um mote (motivo) e voltas, ou seja, glosas, usando a medida velha).
Aula 3
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AULA Revisão 1
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A poesia lírica erudita camoniana
Influência da poesia italiana
Privilegiava o soneto
Formas poéticas: odes, écoglas, elegias, oitavas, tercetos e sextetos
Medida nova
Aula 3
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AULA Revisão 1
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Questões filosóficas e existenciais
Pensamento complexo e tenso
O desassossego, a inadequação e as contradições do mundo.
Aula 3
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AULA Revisão 1
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O Maneirismo
Crise dos valores renascentistas em Portugal (1547)
1547, com o 1º rol de livros proibidos.
Questionamento dos princípios renascentistas em prol da tematização da obscuridade e da imperfeição.
Expressão agônica da vida.
O Maneirismo em Camões pode ser percebido pela expressão privilegiada dos paradoxos sentimentais e de um mundo áporo e agônico. 
Aula 3
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AULA Revisão 1
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Camões e o neoplatonismo
Interesse renascentista na cultura clássica.
Influência de Petrarca
Representação da experiência amorosa, sobretudo. 
Figuração de um amor idealizado e que transcenderia o desejo carnal.
Aula 3
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AULA Revisão 1
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A epopéia no Classicismo
O século XVI português, em meio ao movimento classicista, resgatou orientações estéticas e filosóficas da Antiguidade Clássica. 
Destaque da epopéia na literatura classicista
Em Portugal: a matéria épica e as grandes conquistas
Camões criou uma épica para esses tempos modernos, reelaborando vários aspectos das orientações da poética clássica sobre o discurso épico. 
 
Aula 4
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AULA Revisão 1
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A visão do Homem em Os Lusíadas
Um dos principais vetores ideológicos para as mudanças implantadas por Camões no discurso épico foi o Fusionismo, que trazia à tona a dialética entre o imaginário cristão e a visão de mundo humanista. 
O Fusionismo pode ser percebido em Os Lusíadas a partir de aspectos tensionais, principalmente a tensão entre a obediência ao “princípio de modéstia” da convenção clássica e a autocelebração; no conflito entre o divino e o humano. 
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AULA Revisão 1
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O conflito entre o divino e o humano
Figuração dos deuses com sentimentos humanos, como a inveja e a paixão.
Humanos como seres capazes de concretizar tarefas para além de sua capacidade e dotados de poder. 
Paradoxo entre o poder humano e a sua condição inferior
O “bicho homem”. 
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AULA Revisão 1
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A tensão entre a celebração dos êxitos da expansão marítima, em suas aventuras e glórias, e a recusa da inversão de valores medievais, como a honra e a prudência, trazidas pelo contexto dos descobrimentos é outra face do conflito entre o divino e o humano.
Em relação aos processos de expansão ultramarina portuguesa, o paradoxo de uma celebração que traz, ao mesmo tempo, o questionamento de suas conseqüências e da própria noção de glória é representado, principalmente, em uma personagem: o Velho do Restelo. 
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AULA Revisão 1
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Paradoxo: condenar o canto e a memória das expedições na épica.
Põe em xeque a própria matéria épica
Consonância com a crise de valores do mundo em que o poeta vivia.
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AULA Revisão 1
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Temporalidade e narrativa
O tempo da narração difere do tempo da narrativa
Analogia entre o pensamento fusionista e a representação temporal na narrativa.
O passado é figurado pela narração da história de Portugal; o presente, pela expedição de Vasco da Gama à Índia. 
Outra esfera temporal: o futuro, presente nas profecias (aspecto importante da épica, previsto pela convenção clássica).
As profecias ligam-se à idéia de um destino português marcado pela fé.
Contraditoriamente, as intervenções do narrador opõem-se às profecias e revelam a mente renascentista, preocupada com as mudanças ocorridas no mundo, que no entender do poeta, sempre levam ao pior e catalisam o “desconcerto do mundo”, do mesmo modo como revelam os seus sonetos.
 Estas duas visões paradoxais revelam a contradição do fusionismo.
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AULA Revisão 1
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Organização da temporalidade: in media res. 
Assim, a narrativa quebra a ordem linear – início, meio e fim. Inicia-se a narração no meio da história, já com Vasco da Gama em alto-mar. Em Melinde, a voz narrativa passa a ele, que conta a história de Portugal até o reinado de Dom Manuel e como se dera a sua viagem até o momento a partir do qual fala. 
Depois, volta-se para a narração dos episódios mais relevantes da história portuguesa, para depois retornar à viagem de Vasco da Gama. A narrativa é então retomada e apresenta, por vezes, digressões sobre o passado ou sobre o futuro.
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AULA Revisão 1
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Outro ponto importante sobre as profecias na obra é o fato de referirem-se a acontecimentos que já haviam ocorrido, no momento da escrita da narrativa. 
- "Eu sou o ilustre Ganges, que na terra Celeste tenho o berço verdadeiro; Estoutro é o Indo Rei que, nesta serra Que vês, seu nascimento tem primeiro. Custar-te-emos contudo dura guerra; Mas insistindo tu, por derradeiro, Com não vistas vitórias, sem receio, A quantas gentes vês, porás o freio."- (Canto IV, estrofe 74)
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AULA Revisão 1
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A estrutura de Os Lusíadas
Segue os preceitos formais clássicos
Composta por dez cantos, com estrofes
de oito versos, cuja métrica é decassílaba. 
O esquema de rimas vem a ser: ABABABC.
Cinco partes
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AULA Revisão 1
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A questão do herói em Os Lusíadas
	Segundo o crítico literário António Saraiva (1999), não se destaca na narrativa um herói específico, pois o próprio povo português vem a ser o protagonista. 
Assunção da dimensão heróica coletiva. 
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AULA Revisão 1
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A presença da mitologia na narrativa 
A mescla entre a mitologia e os acontecimentos históricos é uma marca da matéria épica. 
Em Os Lusíadas o fantástico da mitologia articula-se ao aspecto referencial do discurso histórico. 
À obediência à convenção clássica, soma-se o fato, percebido pela crítica literária Cleonice Berardinelli, em Estudos Camonianos, de a mitologia funcionar "como elemento estruturador e decorativo indispensável da mentalidade da época". 
Para António Saraiva, em Introdução à literatura portuguesa, a mitologia em Os Lusíadas tem um papel fundamental: o de organizar a unidade de conjunto na narrativa. Para Saraiva, sem a fábula mitológica a obra seria apenas uma coletânea de episódios desconexos entre si. 
A mescla entre os elementos mitológicos e a matéria histórica pode ser observada nas ações paralelas dos deuses e dos nautas e no emprego do recurso homérico do deus ex-machina.
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AULA Revisão 1
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Os planos de Construção
	No poema podem ser percebidos três planos de construção: o histórico, o mítico e o literário, que se interpenetram na narrativa. 
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AULA Revisão 1
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O narrador em Os Lusíadas
Presença de um narrador que rompe a impessoalidade. 
Excursos questionadores, inclusive, da própria matéria épica e da condição do poeta, cujo valor é subestimado. 
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AULA Revisão 1
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O movimento barroco
O esforço de conciliação presente no barroco, como aludido por Moisés, não se resolve, mas mantém-se em torno de um modo de expressão artística construído na tensão entre duas forças opostas: o teocentrismo e o antropocentrismo. 
A tensão barroca potencializada pela Reforma e pela Contra-Reforma.
 Choque entre o espírito e a matéria, o pecado e a virtude, o eterno e o fugaz, em um enfrentamento que não se resolve, mas antes agrega os opostos, e que se torna uma marca forte da mentalidade e da arte barroca.
AULA 5
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AULA Revisão 1
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Agudeza e engenho
O discurso engenhoso
Habilidade e conhecimento dos códigos estéticos
“Interessava menos a representação do real do que a arte 	criada pelo puro engenho. A agudeza, mãe do engenho, não 	se confunde com o juízo, que serve para discriminar o 	verdadeiro do falso” (SARAIVA,1999, p.73).
Afastamento proposital da realidade no discurso engenhoso.
A arte barroca é “engenhosa, aguda e maravilhosa” (J. A. HANSEN) 
AULA 5
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AULA Revisão 1
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Cabe ressaltar que o discurso engenhoso já se encontrava na produção anterior ao barroco, em novelas de cavalaria, no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende e, até mesmo, na poesia lírica e épica camoniana, por exemplo. 
Alguns tratados de poética criados no século XVII dedicaram-se ao estudo e à proposição da agudeza. 
Agudeza de Arte do Engenho (Baltasar Grácian)
A poesia engenhosa afasta-se da realidade, ao expressar-se por dois estilos: o gongorismo, também conhecido como cultismo, e o conceptismo.
AULA 5
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AULA Revisão 1
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O Cultismo 
Ou gongorismo → referência ao castelhano Gôngora, o principal poeta identificado a este estilo.
Uso exagerado de figuras de sintaxe 
Emprego abundante de metáforas e de imagens
Descrição de objetos “raros e luminosos” (SARAIVA, 1999, p. 74) 
Objetivo de levar o leitor à surpresa e ao conhecimento. 
Enfeitada, rebuscada e cheia de pompa. 
AULA 5
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AULA Revisão 1
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O conceptismo
Principal representante: Quevedo
Jogos de pensamento e de conceitos pautados na lógica e na razão. 
Conceituação de aspectos da realidade. 
AULA 5
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AULA Revisão 1
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A parenética em António Vieira
Antônio Vieira nasceu em 1608 e foi educado na Bahia, em um ambiente culturalmente incipiente. 
Viveu durante o reinado de Dom João IV e tornou-se jesuíta, além de alto funcionário da monarquia portuguesa. 
AULA 5
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AULA Revisão 1
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Vieira tinha plena ciência do poder do Mercantilismo. 
Segundo Alfredo Bosi, em Dialética da colonização (1996, p.120), Vieira, ao contrário do poeta baiano Gregório de Matos: 
“Sabia que a máquina mercante viera para ficar, irreversível e inexorável. E que, sendo inútil lastimar a sua intrusão nos portos da Colônia, importava dominá-la imitando os seus mecanismos e criando, na esfera do poder monárquico luso, uma estrutura similar que pudesse vencê-la na concorrência entre os impérios”.
AULA 5
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AULA Revisão 1
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A palavra literária foi fundamental para essa tentativa de domínio, em um contexto no qual era preciso, ainda, posicionar-se contra o crescimento da Reforma Protestante, na condição de jesuíta, mas, ao mesmo tempo, questionar os desmandos e os excessos dos processos de inquisição da própria igreja da qual participava.
AULA 5
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AULA Revisão 1
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Engenho e agudeza em Vieira
Organização de elementos como o esforço de criação de cadeias de imagens correspondentes, o uso da hipérbole e as imagens representadas com precisão. 
Busca da escrita com propriedade. 
O estilo adotado para a construção do discurso engenhoso, por Vieira, é claramente o conceptista. 
Há, ainda, uma oposição profunda ao cultismo, visto pelo autor como um discurso fútil, manipulador e nocivo.
AULA 5
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AULA Revisão 1
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Essa contradição era um grande desafio retórico para o padre, mas que ele consegue superar, por exemplo, no “Sermão da Epifania”, pregado na capela Real, no Maranhão, uma das localidades da colônia que mantinha a escravidão indígena. 
Vieira aproveitou a presença do rei e do infante para expor um discurso antiescravocrata, buscando na exegese da bíblia os seus argumentos, estratégia clássica da escolástica. 
AULA 5
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AULA Revisão 1
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Por fim, destacamos outro ponto importante nos sermões de Vieira: a distância existente entre o texto do sermão e a sua prática efetiva.
 Cabe lembrar: apenas temos acesso parcialmente aos textos dos sermões, pois só podemos lê-los, de modo que nos escapa a presença do orador, a inflexão de sua voz  e os seus gestos.
 Afora isso, muitos dos sermões por nós conhecidos foram redigidos posteriormente às declamações, com a inserção ou exclusão de trechos. 
AULA 5
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AULA Revisão 1
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O Sebastianismo nos livros de Vieira
Na visão de Vieira, o Quinto Império começaria quando Cristo voltasse à Terra, o que ocorreria junto à vinda do Messias judeu, que seria Dom João IV. 
Desse modo, Vieira estabeleceu uma analogia entre os hebreus e os portugueses. O fato revela algo instigante: além da fabulação, as profecias tinham um cunho pragmático: a defesa do retorno dos judeus portugueses ao país e, consequentemente, do capital que possuíam. Portanto, as profecias sebastianistas de Vieira eram uma tentativa de ação política consciente, e não apenas fruto de uma mente fantasiosa.
 Um importante leitor das profecias de Vieira foi Fernando Pessoa. Em seu livro, Mensagem, empreendeu a releitura do mito sebastianista e do Quinto Império, tendo como uma de suas fontes a obra messiânica do escritor.  
AULA 5
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