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2023-1933 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD D673c Dompieri, Eduardo Como passar OAB – Direito Consumidor, Ambiental e ECA [recurso eletrônico] / Eduardo Dompieri, Roberta Densa, Wander Garcia ; coordenado por Wander Garcia. - 19. ed. - Indaiatuba, SP : Editora Foco, 2023. 94 p. : ePUB. – (Como Passar) Inclui índice e bibliografia. ISBN: 978-65-5515-860-1 (Ebook) 1. Direito. 2. Ordem dos Advogados do Brasil - OAB. 3. Exame de Ordem. I. Dompieri, Ana Paula. II. Trigueiros, Arthur. III. Vieira, Bruna. IV. Dompieri, Eduardo. V. Pinheiro, Gabriela R. VI. Nicolau, Gustavo. VII. Subi, Henrique. VIII. Cramacon, Hermes. IX. Dellore, Luiz. X. Flumian, Renan. XI. Bordalo, Rodrigo. XII. Densa, Roberta. XIII. Barreirinhas, Robinson. XIV. Melo, Teresa. XV. Garcia, Wander. XVI. Título. CDD 340 CDU 340 Elaborado por Vagner Rodolfo da Silva - CRB-8/9410 Índices para Catálogo Sistemático: 1. Direito 340 2. Direito 34 2023 © Editora Foco Coordenadores: Wander Garcia Organizadora e cocoordenadora: Ana Paula Dompieri Coorganizadora: Eduardo Dompieri, Roberta Densa e Wander Garcia Diretor Acadêmico: Leonardo Pereira Editor: Roberta Densa Revisora Sênior: Georgia Renata Dias Revisora: Simone Dias Capa Criação: Leonardo Hermano Diagramação: Ladislau Lima e Aparecida Lima Produção ePub: Booknando DIREITOS AUTORAIS: É proibida a reprodução parcial ou total desta publicação, por qualquer forma ou meio, sem a prévia autorização da Editora FOCO, com exceção do teor das questões de concursos públicos que, por serem atos oficiais, não são protegidas como Direitos Autorais, na forma do Artigo 8º, IV, da Lei 9.610/1998. Referida vedação se estende às características gráficas da obra e sua editoração. A punição para a violação dos Direitos Autorais é crime previsto no Artigo 184 do Código Penal e as sanções civis às violações dos Direitos Autorais estão previstas nos Artigos 101 a 110 da Lei 9.610/1998. Os comentários das questões são de responsabilidade dos autores. NOTAS DA EDITORA: Atualizações e erratas: A presente obra é vendida como está, atualizada até a data do seu fechamento, informação que consta na página II do livro. Havendo a publicação de legislação de suma relevância, a editora, de forma discricionária, se empenhará em disponibilizar atualização futura. Bônus ou Capítulo On-line: Excepcionalmente, algumas obras da editora trazem conteúdo no on-line, que é parte integrante do livro, cujo acesso será disponibilizado durante a vigência da edição da obra. Erratas: A Editora se compromete a disponibilizar no site www.editorafoco.com.br, na seção Atualizações, eventuais erratas por razões de erros técnicos ou de conteúdo. 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Direito Ambiental na Constituição Federal 3. Meio Ambiente Cultural 4. Competência em Matéria Ambiental 5. SISNAMA e PNMA 6. Instrumentos de Proteção e Promoção do Meio Ambiente 7. Licenciamento Ambiental e EIA/RIMA 8. Unidades de Conservação 9. Proteção da Flora. Código Florestal. Mata Atlântica 10. proteção da fauna 11. Responsabilidade Civil Ambiental 12. Responsabilidade Administrativa Ambiental 13. Responsabilidade Penal Ambiental 14. Estatuto da Cidade 15. RESÍDUOS SÓLIDOS 16. RECURSOS HÍDRICOS 17. biossegurança 18. Agrário 19. SANEAMENTO BÁSICO 20. QUESTÕES SOBRE COVID COORDENADORES E AUTORES SOBRE OS COORDENADORES Wander Garcia – @wander_garcia É Doutor, Mestre e Graduado em Direito pela PUC/SP. É professor universitário e de cursos preparatórios para Concursos e Exame de Ordem, tendo atuado nos cursos LFG e DAMASIO. Neste foi Diretor Geral de todos os cursos preparatórios e da Faculdade de Direito. Foi diretor da Escola Superior de Direito Público Municipal de São Paulo. É um dos fundadores da Editora Foco, especializada em livros jurídicos e para concursos e exames. É autor best seller com mais de 50 livros publicados na qualidade de autor, coautor ou organizador, nas áreas jurídica e de preparação para concursos e exame de ordem. Já vendeu mais de 1,5 milhão de livros, dentre os quais se destacam “Como Passar na OAB”, “Como Passar em Concursos Jurídicos”, “Exame de Ordem Mapamentalizado” e “Concursos: O Guia Definitivo”. É também advogado desde o ano de 2000 e foi procurador do município de São Paulo por mais de 15 anos. É Coach Certificado, com sólida formação em Coaching pelo IBC e pela International Association of Coaching. Ana Paula Dompieri Procuradora do Estado de São Paulo, Pós-graduada em Direito, Professora do IEDI, Escrevente do Tribunal de Justiça por mais de 10 anos e Assistente Jurídico do Tribunal de Justiça. Autora de diversos livros para OAB e concursos. SOBRE OS AUTORES Roberta Densa Doutora em Direitos Difusos e Coletivos. Professora universitária e em cursos preparatórios para concursos Públicos e OAB. Autora da obra “Direito do Consumidor”, 9ª edição publicada pela Editora Atlas. COMO USAR O LIVRO? Para que você consiga um ótimo aproveitamento deste livro, atente para as seguintes orientações: 1° Tenha em mãos um vademecum ou um computador no qual você possa acessar os textos de lei citados. Neste ponto, recomendamos o Vade Mecum de Legislação FOCO – confira em www.editorafoco.com.br. 2° Se você estiver estudando a teoria (fazendo um curso preparatório ou lendo resumos, livros ou apostilas), faça as questões correspondentes deste livro na medida em que for avançando no estudo da parte teórica. 3° Se você já avançou bem no estudo da teoria, leia cada capítulo deste livro até o final, e só passe para o novo capítulo quando acabar o anterior; vai mais uma dica: alterne capítulos de acordo com suas preferências; leia um capítulo de uma disciplina que você gosta e, depois, de uma que você não gosta ou não sabe muito, e assim sucessivamente. 4° Iniciada a resolução das questões, tome o cuidado de ler cada uma delas sem olhar para o gabarito e para os comentários; se a curiosidade for muito grande e você não conseguir controlar os olhos, tampe os comentários e os gabaritos com uma régua ou um papel; na primeira tentativa, é fundamental que resolva a questão sozinho; só assim você vai identificar suas deficiências e “pegar o jeito” de resolver as questões; marque com um lápis a resposta que entender correta, e só depois olhe o gabarito e os comentários. 5° Leia com muita atenção o enunciado das questões. Ele deve ser lido, no mínimo, duas vezes. Da segunda leitura em diante, começam a aparecer os detalhes, os pontos que não percebemos na primeira leitura. 6° Grife as palavras-chave, as afirmações e a pergunta formulada. Ao grifar as palavras importantes e as afirmações você fixará mais os pontos-chave e não se perderá no enunciado como um todo. Tenha atenção especial com as palavras “correto”, “incorreto”, “certo”, “errado”, “prescindível” e “imprescindível”. 7° Leia os comentários e leia também cada dispositivo legal neles mencionados; não tenha preguiça; abra o vademecum e leia os textossem direito à restituição de eventual diferença de preço, e, se este for de valor maior, não será devida por Joana qualquer complementação. A: incorreta, pois, em se tratando de produto essencial para a destinatária final dele (Dulce), a lei estabelece que não é necessário aguardar o prazo legal de 30 dias para o concerto, podendo a adquirente do produto (Joana) ou a usuária do produto (Dulce) requerer a substituição imediata do produto ou qualquer outra alternativa prevista no art. 18, § 1º, do CDC, tudo nos termos do art. 18, § 3º, do CDC; B: incorreta, pois tanto que adquire o produto (Joana), como quem usa o produto (Dulce) são considerados consumidores (art. 2º, caput, do CDC); C: correta, pois, em se tratando de produto essencial para a destinatária final dele (Dulce), a lei estabelece que não é necessário aguardar o prazo legal de 30 dias para o concerto, podendo a adquirente do produto (Joana) ou a usuária do produto (Dulce) requerer a substituição imediata do produto ou qualquer outra alternativa prevista no art. 18, § 1º, do CDC, tudo nos termos do art. 18, § 3º, do CDC; D: incorreto, pois, não sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço (art. 18, § 4º, do CDC). (OAB/Exame Unificado – 2015.1) A responsabilidade civil dos fornecedores de serviços e produtos, estabelecida pelo Código do Consumidor, reconheceu a relação jurídica qualificada pela presença de uma parte vulnerável, devendo ser observados os princípios da boa-fé, lealdade contratual, dignidade da pessoa humana e equidade. A respeito da temática, assinale a afirmativa correta. (A) A responsabilidade civil subjetiva dos fabricantes impõe ao consumidor a comprovação da existência de nexo de causalidade que o vincule ao fornecedor, mediante comprovação da culpa, invertendo-se o ônus da prova no que tange ao resultado danoso suportado. (B) A responsabilidade civil do fabricante é subjetiva e subsidiária quando o comerciante é identificado e encontrado para responder pelo vício ou fato do produto, cabendo ao segundo a responsabilidade civil objetiva. (C) A responsabilidade civil objetiva do fabricante somente poderá ser imputada se houver demonstração dos elementos mínimos que comprovem o nexo de causalidade que justifique a ação proposta, ônus esse do consumidor. (D) A inversão do ônus da prova nas relações de consumo é questão de ordem pública e de imputação imediata, cabendo ao fabricante a carga Gabarito “C” probatória frente ao consumidor, em razão da responsabilidade civil objetiva. A: incorreta, pois a responsabilidade dos fabricantes não é subjetiva, mas sim objetiva, não sendo necessário que haja conduto culposa do fabricante (arts. 12, caput, e 18, caput, ambos do CDC); B: incorreta, pois a responsabilidade do fabricante é objetiva (e não subjetiva) e direta (e não subsidiária), podendo o fabricante ser acionado diretamente, independentemente de o comerciante ser identificado ou encontrado; C: correta, pois, de fato, a responsabilidade do fabricante é objetiva, cabendo ao autor da ação, o consumidor, a demonstração dos elementos mínimos para a configuração dessa responsabilidade, ressalvado, é claro, os casos em que cabe a inversão do ônus da prova, que, como se sabe, não é automática; D: incorreta, pois a inversão do ônus da prova não é automática no regime do CDC, já que depende do preenchimento de um dos seguintes requisitos pelo consumidor, a critério do juiz: verossimilhança de sua alegação ou que este seja hipossuficiente (art. 6º, VIII, do CDC). (OAB/Exame Unificado – 2014.3) Carmen adquiriu veículo zero quilômetro com dispositivo de segurança denominado airbag do motorista, apenas para o caso de colisões frontais. Cerca de dois meses após a aquisição do bem, o veículo de Carmen sofreu colisão traseira, e a motorista teve seu rosto arremessado contra o volante, causando-lhe escoriações leves. A consumidora ingressou com medida judicial em face do fabricante, buscando a reparação pelos danos materiais e morais que sofrera, alegando ser o produto defeituoso, já que o airbag não foi acionado quando da ocorrência da colisão. A perícia constatou colisão traseira e em velocidade inferior à necessária para o acionamento do dispositivo de segurança. Carmen invocou a inversão do ônus da prova contra o fabricante, o que foi indeferido pelo juiz. Gabarito “C” Analise o caso à luz da Lei nº 8.078/90 e assinale a afirmativa correta. (A) Cabe inversão do ônus da prova em favor da consumidora, por expressa determinação legal, não podendo, em qualquer hipótese, o julgador negar tal pleito. (B) Falta legitimação, merecendo a extinção do processo sem resolução do mérito, uma vez que o responsável civil pela reparação é o comerciante, no caso, a concessionária de veículos. (C) A responsabilidade civil do fabricante é objetiva e independe de culpa; por isso, será cabível indenização à vítima consumidora, mesmo que esta não tenha conseguido comprovar a colisão dianteira. (D) O produto não poderá ser caracterizado como defeituoso, inexistindo obrigação do fabricante de indenizar a consumidora, já que, nos autos, há apenas provas de colisão traseira. A: incorreta, pois, apesar de caber inversão do ônus da prova no caso, esta depende do preenchimento de um dos seguintes requisitos pelo consumidor, a critério do juiz: verossimilhança de sua alegação ou que este seja hipossuficiente (art. 6º, VIII, do CDC); B: incorreta, pois o consumidor alega a chamada responsabilidade por fato do produto (ou por defeito do produto), que é aquela em que se alega efetivo dano à saúde ou a segurança do consumidor; assim sendo, incide o regime do art. 12, caput, do CDC, que não permite como regra o acionamento do comerciante que vendeu o produto, devendo-se acionar o fabricante; esse regime difere do regime da responsabilidade pelo vício do produto (quando este simplesmente tem problema de qualidade ou quantidade, mas que não houve efetivo dano à saúde ou à segurança do consumidor), quando se pode acionar todos os fornecedores da cadeia, ou seja, tanto o comerciante, como o fabricante do produto (art. 18, caput, do CDC); C: incorreta; de fato, a responsabilidade do fabricante é objetiva e independe de culpa (art. 12, caput, do CDC); porém, essa responsabilidade depende de se ter um efetivo defeito no produto; segundo a lei, um produto é considerado defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera (art. 12, § 1º, do CDC); e o produto em questão era uma airbag apenas para colisões frontais, e não para colisões traseiras, de modo que não é possível dizer que o produto não ofereceu a segurança que dele legitimamente se esperava; D: correta; o veículo só poderia ser considerado defeituoso se não dispusesse da segurança que legitimamente se espera dele (art. 12, § 1º, do CDC); e no caso, o produto não fora fabricado para colisões traseiras, mas sim para colisões frontais, o que afasta o pressuposto básico para a responsabilidade pelo fato do produto, que é a existência de produto defeituoso. (OAB/Exame Unificado – 2014.2) Um homem foi submetido à cirurgia para remoção de cálculos renais em hospital privado. A intervenção foi realizada por equipe médica não integrante dos quadros de funcionários do referido hospital, apesar de ter sido indicada por esse mesmo hospital. Durante o procedimento, houve perfuração do fígado do paciente, verificada somente três dias após a cirurgia, motivo pelo qual o homem teve que se submeter a novo procedimento cirúrgico, que lhe deixou uma grande cicatriz na região abdominal. O paciente ingressou com ação judicial em face do hospital, visando a indenização por danos morais e estéticos. Partindo dessa narrativa, assinale a opção correta. (A) O hospital responde objetivamente pelos danos morais e estéticos decorrentes do erro médico, tendo em vista que ele indicou a equipe médica. (B) O hospital responderápelos danos, mas de forma alternativa, não se acumulando os danos morais e estéticos, sob pena de enriquecimento ilícito do autor. (C) O hospital não responderá pelos danos, uma vez que se trata de responsabilidade objetiva da equipe médica, sendo o hospital parte Gabarito “D” ilegítima na ação porque apenas prestou serviço de instalações e hospedagem do paciente. (D) O hospital não responderá pelos danos, tendo em vista que não se aplica a norma consumerista à relação entre médico e paciente, mas, sim, o Código Civil, embora a responsabilidade civil dos profissionais liberais seja objetiva. A: correta, pois, uma vez que o médico foi indicado pelo hospital, há responsabilidade solidária do médico que cometeu o erro e do hospital; da mesma forma, se o médico também fosse daqueles indicados ou credenciados por um plano de saúde, este também responderia de forma solidária com o médico que cometesse o erro (STJ REsp 866.371/RS, j. 27/03/12); quanto ao médico, este responde subjetivamente por ser profissional liberal (art. 14, § 4º, do CDC), ao passo que o hospital responde objetivamente nos termos do art. 14, caput, do CDC; B: incorreta, pois a responsabilidade do hospital, como se viu, não é alternativa, mas solidária (arts. 7º, parágrafo único, e 25, § 1º, do CDC); C: incorreta, pois, conforme se viu o hospital indicou o médico e, assim, responde solidariamente (arts. 7º, parágrafo único, e 25, § 1º, do CDC); D: incorreta, pois o CDC se aplica sim à relação entre médico e paciente, lembrando que o médico responde subjetivamente, por ser profissional liberal (art. 14, § 4º, do CDC), ao passo que o hospital, objetivamente (art. 14, caput, do CDC). (OAB/Exame Unificado – 2013.2) O Mercado A comercializa o produto desinfetante W, fabricado por “W.Industrial”. O proprietário do Mercado B, que adquiriu tal produto para uso na higienização das partes comuns das suas instalações, verifica que o volume contido no frasco está em desacordo com as informações do rótulo do produto. Em razão disso, o Mercado B propõe ação judicial em face do Mercado A, invocando a Lei n. 8.078/90 (CDC), arguindo vícios decorrentes de tal disparidade. O Gabarito “A” Mercado A, em defesa, apontou que se tratava de responsabilidade do fabricante e requereu a extinção do processo. A respeito do caso sugerido, assinale a alternativa correta. (A) O processo merece ser extinto por ilegitimidade passiva. (B) O caso versa sobre fato do produto, logo a responsabilidade do réu é subsidiária. (C) O processo deve ser extinto, pois o autor não se enquadra na condição de consumidor. (D) Trata-se de vício do produto, logo o réu e o fabricante são solidariamente responsáveis. A: incorreta; no caso temos um vício do produto (do tipo vício de quantidade – art. 19 do CDC) e não um defeito do produto (art. 12 do CDC), já que se trata de um problema interno do produto (quantidade díspar do rótulo) e não de um problema externo do produto (que é aquele problema que acontece quando se atinge a segurança do consumidor); nesse sentido, e considerando que o comerciante só está a princípio liberado de responder no caso de defeito (art. 12 do CDC – só respondem o fabricante, o produtor, o construtor e importador), mas responde quando se trata de vício (pois aqui todos os fornecedores respondem, inclusive o comerciante – art. 19 do CDC), não há que se falar em ilegitimidade passiva do comerciante (“Mercado A”), que tem o dever de responder no caso; B: incorreta, pois o caso trata de vício do produto, e não de fato do produto (= a defeito do produto ou acidente de consumo), hipótese em que a responsabilidade dos fornecedores é solidária (art. 19, caput, do CDC) e não subsidiária; C: incorreta, pois o produto em questão não foi adquirido para revenda ou para servir de insumo para a produção (casos em que fica afastada a aplicação do CDC, salvo se se tratar de um adquirente vulnerável), tratando-se de produto de uso interno, no caso, para higienização do local de trabalho; D: correta, tratando de vício de quantidade, com responsabilidade solidária expressamente mencionada na lei (art. 19, caput, do CDC). (OAB/Exame Unificado – 2013.2) Carla ajuizou ação de indenização por danos materiais, morais e estéticos em face do dentista Pedro, lastreada em prova pericial que constatou falha, durante um tratamento de canal, na prestação do serviço odontológico. O referido laudo comprovou a inadequação da terapia dentária adotada, o que resultou na necessidade de extração de três dentes da paciente, sendo que na execução da extração ocorreu fratura da mandíbula de Carla, o que gerou redução óssea e sequelas permanentes, que incluíram assimetria facial. Com base no caso concreto, à luz do Código de Defesa do Consumidor, assinale a afirmativa correta. (A) O dentista Pedro responderá objetivamente pelos danos causados à paciente Carla, em razão do comprovado fato do serviço, no prazo prescricional de cinco anos. (B) Haverá responsabilidade de Pedro, independentemente de dolo ou culpa, diante da constatação do vício do serviço, no prazo decadencial de noventa dias. (C) A obrigação de indenizar por parte de Pedro é subjetiva e fica condicionada à comprovação de dolo ou culpa. (D) Inexiste relação de consumo no caso em questão, pois é uma relação privada, que encerra obrigação de meio pelo profissional liberal, aplicando-se o Código Civil. A: incorreta, pois, segundo o art. 14, § 4º, do CDC, o profissional liberal (no caso em questão temos um dentista enquanto profissional liberal, não havendo menção ao fato de que se tratava de um empresa de tratamentos dentários, hipótese em que a regra não se aplicaria) responde subjetivamente (e não objetivamente), ou seja, mediante a verificação de sua culpa (= culpa em sentido estrito ou dolo); B: incorreta, pois, como se viu, a responsabilidade no caso é subjetiva (e não Gabarito “D” objetiva); ademais, se houvesse responsabilidade o prazo seria prescricional (relativo a pretensão indenizatória) e de 5 anos (art. 27 do CDC); C: correta (art. 14, § 4º, do CDC); D: incorreta, pois há fornecedor (dentista Pedro, que é um prestador de serviço remunerado – art. 3º, caput e § 2º, do CDC), consumidor (Carla), objeto (prestação de serviço – art. 3º, § 2º, do CDC)) e elemento finalístico cumprido (Carla é destinatária final do serviço – art. 2º, caput, do CDC), de modo que há uma relação de consumo sim, e não relação regida pelo Código Civil. (OAB/Exame Unificado – 2013.1) Elisabeth e Marcos, desejando passar a lua de mel em Paris, adquiriram junto à Operadora de Viagens e Turismo “X” um pacote de viagem, composto de passagens aéreas de ida e volta, hospedagem por sete noites, e seguro saúde e acidentes pessoais, este último prestado pela seguradora “Y”. Após chegar à cidade, Elisabeth sofreu os efeitos de uma gastrite severa e Marcos entrou em contato com a operadora de viagens a fim de que o seguro fosse acionado, sendo informado que não havia médico credenciado naquela localidade. O casal procurou um hospital, que manteve Elisabeth internada por 24 horas, e retornou ao Brasil no terceiro dia de estada em Paris, tudo às suas expensas. Partindo da hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. (A) O casal poderá acionar judicialmente a operadora de turismo, mesmo que a falha do serviço tenha sido da seguradora, em razão da responsabilidade solidária aplicável ao caso. (B) O casal somente poderá acionar judicialmente a seguradora Y, já que a operadora de turismo responderia por falhas na organização da viagem, e não pelo seguro porque esse foi realizado por outra empresa. (C) O casal terá que acionar judicialmente a operadora de turismo e a seguradora simultaneamente por se tratar da hipótese de litisconsórcio Gabarito “C” necessário e unitário, sob pena de insurgir em carência da ação. (D) O casal não poderá acionar judicialmente a operadora de turismo já que havia liberdade de contratar o seguro saúde viagem com outra seguradora e, portanto, não se tratandode venda casada, não há responsabilidade solidária na hipótese. A: correta, pois o seguro foi adquirido junto à própria Operadora de Viagens, de modo que esta responderá solidariamente com a empresa de seguro de saúde (arts. 7º, parágrafo único, e 25, § 1º, do CDC); B: incorreta, tendo em vista a solidariedade entre ambas (arts. 7º, parágrafo único, e 25, § 1º, do CDC); C: incorreta, pois, na solidariedade passiva, a obrigação pode ser cobrada de qualquer um dos devedores solidários, individualmente; D: incorreta, pois, conforme mencionado, o seguro foi adquirido junto à própria Operadora de Viagens, de forma que esta responderá solidariamente com a empresa de seguro de saúde (arts. 7º, parágrafo único, e 25, § 1º, do CDC). (OAB/Exame Unificado – 2012.2) Determinado consumidor, ao mastigar uma fatia de pão com geleia, encontrou um elemento rígido, o que lhe causou intenso desconforto e a quebra parcial de um dos dentes. Em razão do fato, ingressou com medida judicial em face do mercado que vendeu a geleia, a fim de ser reparado. No curso do processo, a perícia constatou que o elemento encontrado era uma pequena porção de açúcar cristalizado, não oferecendo risco à saúde do autor. Diante desta narrativa, assinale a afirmativa correta. (A) O fabricante e o fornecedor do serviço devem ser excluídos de responsabilidade, visto que o material não ofereceu qualquer risco à integridade física do consumidor, não merecendo reparação. (B) O elemento rígido não característico do produto, ainda que não o tornasse impróprio para o consumo, violou padrões de segurança, já Gabarito “A” que houve dano comprovado pelo consumidor. (C) A responsabilidade do fornecedor depende de apuração de culpa e, portanto, não tendo o comerciante agido de modo a causar voluntariamente o evento, não deve responder pelo resultado. (D) O comerciante não deve ser condenado e sequer caberia qualquer medida contra o fabricante, posto que não há fato ou vício do produto, motivo pelo qual não deve ser responsabilizado pelo alegado defeito. A: incorreta, pois, efetivamente, houve um dano à saúde do consumidor, com nexo de causalidade claro entre a conduta do fornecedor e o dano; configurou-se, assim, o chamado defeito do produto, também conhecimento como acidente de consumo (art. 12 do CDC); vale acrescentar que o produto é considerado defeituoso (requisito essencial para a configuração da responsabilidade) “quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes”, entre as quais “o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam”; no caso, o elemento rígido violou o padrão de segurança esperado para um produto dessa natureza, configurando-se efetivamente o defeito do produto; dessa forma, é incorreto dizer que o fabricante deve ser excluído de responsabilidade; B: correta, conforme comentário feito à alternativa “a”; C: incorreta, pois a responsabilidade pelo fato do produto é objetiva, ou seja, independentemente de culpa ou dolo, nos termos do art. 12 do CDC; D: incorreta; de fato, o comerciante não responde em caso de defeito no produto (art. 12 do CDC), salvo as exceções do art. 13 do CDC; só para lembrar, o comerciante só responde em caso de vício do produto (arts. 18 a 20); já o fabricante, este sim responde tanto no caso de defeito, como no de vício; dessa forma, é incorreto dizer que não cabe qualquer medida contra o fabricante. Gabarito “B” (OAB/Exame Unificado – 2011.2) Ao instalar um novo aparelho de televisão no quarto de seu filho, o consumidor verifica que a tecla de volume do controle remoto não está funcionando bem. Em contato com a loja onde adquiriu o produto, é encaminhado à autorizada. O que esse consumidor pode exigir com base na lei, nesse momento, do comerciante? (A) A imediata substituição do produto por outro novo. (B) O conserto do produto no prazo máximo de 30 dias. (C) Um produto idêntico emprestado enquanto durar o conserto. (D) O dinheiro de volta. O caso em tela revela um vício de qualidade no produto. Incide, assim, o disposto no § 1º do art. 18 do CDC, pelo qual o fornecedor tem o prazo máximo de 30 dias para sanar o vício. Somente em caso de não resolução do vício no prazo mencionado é que o consumidor poderá exigir, alternativamente e à sua escolha, a substituição do produto, a restituição da quantia paga ou o abatimento proporcional do preço (art. 18, § 1º, do CDC). O consumidor só poderá pular a primeira parte (pedido para sanar o vício em 30 dias) quando se tratar de produto essencial ou se a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto. No caso, não há que se falar em produto essencial, nem de comprometimento do produto em caso de seu conserto. Dessa forma, a alternativa “B” é a única consentânea com o regime jurídico do vício de qualidade em produto. 4. PRÁTICAS COMERCIAIS (OAB/Exame XXXIII – 2020.3) A era digital vem revolucionando o Direito, que busca se adequar aos mais diversos canais de realização da vida inserida ou tangenciada por elementos virtuais. Nesse cenário, consagram-se avanços normativos a fim de atender às situações jurídicas Gabarito “B” que se apresentam, sendo ponto importante a recorrência dos chamados youtubers, atividade não rara realizada por crianças e destinada ao público infantil. Nesse contexto, os youtubers mirins vêm desenvolvendo atividades que necessitam de intervenção jurídica, notadamente quando se mostram portadores de prática publicitária. A esse respeito, instrumentos normativos que visam a salvaguardar interesses na publicidade infantil estão em vigor e outros previstos em projetos de lei. Sobre o fato narrado, de acordo com o CDC, assinale a afirmativa correta. (A) A comunicação mercadológica realizada por youtubers mirins para o público infantil não pode ser considerada abusiva em razão da deficiência de julgamento e experiência das crianças, porque é realizada igualmente por crianças. (B) A publicidade que se aproveita da deficiência de julgamento e experiência da criança ou se prevaleça da sua idade e conhecimento imaturo para lhe impingir produtos ou serviços é considerada abusiva. (C) A publicidade não pode ser considerada abusiva ou enganosa se o público para a qual foi destinado, de forma fácil e imediata, identifica a mensagem mercadológica como tal. (D) A publicidade dirigida às crianças, que se aproveite da sua deficiência de julgamento para lhe impingir produtos ou serviços, é considerada enganosa. A: incorreta. Na forma do art. 37 do Código de Defesa do Consumidor, é considerada abusiva, entre outras, a publicidade “que se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança”. No caso da publicidade destinada ao público infantil, o Código de Ética do CONAR, no seu art. 37, determina que: “Nos conteúdos segmentados, criados, produzidos ou programados especificamente para o público infantil, qualquer que seja o veículo utilizado, a publicidade de produtos e serviços destinados exclusivamente a esse público estará restrita aos intervalos e espaços comerciais” (inciso IV) e “para a avaliação da conformidade das ações de merchandising ou publicidade indireta contratada ao disposto nesta Seção, levar-se-á em consideração que: a: o público-alvo a que elas são dirigidas seja adulto; b: o produto ou serviço não seja anunciado objetivando seu consumo por crianças; c: a linguagem, imagens, sons e outros artifícios nelas presentes sejam destituídos da finalidade de despertar a curiosidade ou a atenção das crianças” (inciso V). B: correta. Vide justificativa anterior. C: incorreta. Em razão do princípio da identificação publicitária estampado no art. 36 do Código de Defesa do Consumidor, a publicidade não pode ser indireta, ou seja, qualquer pessoa que se depare com uma publicidade deve entendê-la como tal. A alternativa correlaciona apenas ao fato de a publicidade ser abusiva ou enganosa, não se configurando nem uma nem a outra. D: incorreta. Como visto, não se tratade publicidade enganosa. RD (OAB/Exame Unificado – 2020.1) O médico de João indicou a necessidade de realizar a cirurgia de gastroplastia (bariátrica) como tratamento de obesidade mórbida, com a finalidade de reduzir peso. Posteriormente, o profissional de saúde explicou a necessidade de realizar a cirurgia plástica pós-gastroplastia, visando à remoção de excesso epitelial que comumente acomete os pacientes nessas condições, impactando a qualidade de vida daquele que deixou de ser obeso mórbido. Nesse caso, nos termos do Código de Defesa do Consumidor e do entendimento do STJ, o plano de saúde de João (A) terá que custear ambas as cirurgias, porque configuram tratamentos, sendo a cirurgia plástica medida reparadora; portanto, terapêutica. Gabarito “B” (B) terá que custear apenas a cirurgia de gastroplastia, e não a plástica, considerada estética e excluída da cobertura dos planos de saúde. (C) não terá que custear as cirurgias, exceto mediante previsão contratual expressa para esses tipos de procedimentos. (D) não terá que custear qualquer das cirurgias até que passem a integrar o rol de procedimentos da ANS, competente para a regulação das coberturas contratuais. O Superior Tribunal de Justiça já externou entendimento no sentido de que as despesas com a cirurgia bariátrica devem ser custeadas pelo plano de saúde (Resoluções CFM 1.766/2005 e 1.942/2010). Apesar de estarem excluídos da cobertura dos planos de saúde os tratamentos puramente estéticos (art. 10, II, da Lei 9.656/1998), a cirurgia plástica para retirada de pele após a cirurgia bariátrica não tem finalidade estética, tendo característica de cirurgia reparadora e funcional, devendo ser custeada pelo plano de saúde (Veja, STJ REsp 1.757.938/DF). Vale notar que o Superior Tribunal de Justiça, através do REsp 1.870.834/RJ (Tema 1.069), suspendeu todos os casos que versem sobre assunto em 17/10/2020. RD (OAB/Exame Unificado – 2017.2) Heitor foi surpreendido pelo recebimento de informação de anotação de seu nome no cadastro restritivo de crédito, em decorrência de suposta contratação de serviços de telefonia e Internet. Heitor não havia celebrado tal contrato, sendo o mesmo fruto de fraude, e busca orientação a respeito de como proceder para rescindir o contrato, cancelar o débito e ter seu nome fora do cadastro negativo, bem como o recebimento de reparação por danos extrapatrimoniais, já que nunca havia tido o seu nome inscrito em tal cadastro. Com base na hipótese apresentada, na qualidade de advogado(a) de Heitor, assinale a opção que apresenta o procedimento a ser adotado. Gabarito “A” (A) Cabe o pedido de cancelamento do serviço, declaração de inexistência da dívida e exclusão da anotação indevida, inexistindo qualquer dever de reparação, já que à operadora não foi atribuído defeito ou falha do serviço digital, que seria a motivação para tal pleito. (B) Trata-se de cobrança devida pelo serviço prestado, restando a Heitor pagar imediatamente e, somente assim, excluir a anotação de seu nome em cadastro negativo, e, então, ingressar com a medida judicial, comprovando que não procedeu com a contratação e buscando a rescisão do contrato irregular com devolução em dobro do valor pago. (C) Heitor não pode ser considerado consumidor em razão da ausência de vinculação contratual verídica e válida que consagre a relação consumerista, afastando-se os elementos principiológicos e fazendo surgir a responsabilidade civil subjetiva da operadora de telefonia e Internet. (D) Heitor é consumidor por equiparação, aplicando-se a teoria do risco da atividade e devendo a operadora suportar os riscos do contrato fruto de fraude, caso não consiga comprovar a regularidade da contratação e a consequente reparação pelos danos extrapatrimoniais in re ipsa, além da declaração de inexistência da dívida e da exclusão da anotação indevida. A: incorreta. Tendo em vista a fraude da qual Heitor foi vítima, com a inclusão indevida do seu nome no banco de dados e cadastro de consumidores, é possível o pedido de indenização por danos morais em razão do abalo da sua honra, além do pedido de cancelamento do serviço e exclusão da anotação indevida; B: incorreta. A contratação foi originada de uma fraude e o fornecedor responde pelo fortuito interno, não podendo alegar exclusão de responsabilidade. É nesse sentido a súmula 479 do STJ: “As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias”. Dessa forma, Heitor não deve pagar a dívida para ter o seu nome excluído do banco de dados e cadastro negativo; C: incorreta. Heitor é considerado consumidor por equiparação (veja justificativa da alternativa “D”); D: correta. Heitor deve ser considerado um consumidor por equiparação, na forma do art. 2º, parágrafo único, e art. 29 da lei consumerista, por estar exposto à prática comercial relacionada aos bancos de dados e cadastros de consumidores (art. 43 do CDC). O fornecedor responde pelo fortuito interno, devendo reparar os danos morais em razão da fraude (veja súmula 479 do STJ), sem necessidade de prova dos danos, sendo apenas necessária a prova dos fatos (in re ipsa). RD (OAB/Exame Unificado – 2016.3) A Pizzaria X fez publicidade comparando a qualidade da sua pizza de mozarela com a da Pizzaria Y, descrevendo a quantidade de queijo e o crocante das bordas, detalhes que a tornariam mais saborosa do que a oferecida pela concorrente. Além disso, disponibiliza para os consumidores o bônus da entrega de pizza pelo motociclista, em até 30 minutos, ou a dispensa do pagamento pelo produto. A respeito do narrado, assinale a afirmativa correta. (A) A publicidade comparativa é expressamente vedada pelo Código de Defesa do Consumidor, que, entretanto, nada disciplina a respeito da entrega do produto por motociclista em período de tempo ou dispensa do pagamento. (B) A promessa de dispensa do pagamento pelo consumidor como forma de estímulo à prática de aumento da velocidade pelo motociclista é vedada por lei especial, enquanto a publicidade comparativa é admitida, respeitados os critérios do CDC e as proteções dispostas em normas especiais que tutelam marca e concorrência. (C) A dispensa de pagamento, em caso de atraso na entrega do produto por motociclista, é lícita, mas a publicidade comparativa é Gabarito “D” expressamente vedada pelo Código de Defesa do Consumidor e pela legislação especial. (D) A publicidade comparativa e a entrega de produto por motociclista em determinado prazo ou a dispensa de pagamento, por serem em benefício do consumidor, embora não previstos em lei, são atos lícitos, conforme entendimento pacífico da jurisprudência. A: incorreta. A publicidade comparativa não está regulamentada pelo Código de Defesa do Consumidor, estando prevista apenas pelo Código Brasileiro de Autorregulação Publicitária. Por outro lado, o CDC de fato não disciplina a respeito da entrega de produtos por motociclista; B: correta. A Lei 12.436/2011 proíbe aos fornecedores “prometer dispensa de pagamento ao consumidor, no caso de fornecimento de produto ou prestação de serviço fora do prazo ofertado para a sua entrega ou realização” (art. 1, III). Além disso, a publicidade comparativa, embora não regulada pelo CDC, não é proibida pela norma, de modo que pode ser veiculada desde que respeitado o direito de marca e demais regras sobre a publicidade abusiva e enganosa no CDC (sobre o tema, vide no STJ o REsp 1.668.550); C: incorreta. Conforme justificativa das alternativas anteriores; D: incorreta. Conforme justificativa das alternativas anteriores. RD (OAB/Exame Unificado – 2016.3) O Banco X enviou um cartão de crédito para Jeremias, com limite de R$ 10.000,00 (dez mil reais), para uso em território nacional e no exterior, incluindo seguro de vida e acidentes pessoais, bem como seguro contra roubo e furto, no importe total de R$ 5,00 (cinco reais) na fatura mensal, além da anuidade deR$ 400,00 (quatrocentos reais), parcelada em cinco vezes. Jeremias recebeu a correspondência contendo um cartão bloqueado, o contrato e o informativo de benefícios e ônus. Ocorre que Jeremias não é Gabarito “B” cliente do Banco X e sequer solicitou o cartão de crédito. Sobre a conduta da instituição bancária, considerando a situação narrada e o entendimento do STJ expresso em Súmula, assinale a afirmativa correta. (A) Foi abusiva, sujeitando-se à aplicação de multa administrativa, que não se destina ao consumidor, mas não há ilícito civil indenizável, tratando-se de mero aborrecimento, sob pena de se permitir o enriquecimento ilícito de Jeremias. (B) Foi abusiva, sujeita à advertência e não à multa administrativa, salvo caso de reincidência, bem como não gera ilícito indenizável, por não ter havido dano moral in re ipsa na hipótese, salvo se houvesse extravio do cartão antes de ser entregue a Jeremias. (C) Foi abusiva e constitui ilícito indenizável em favor de Jeremias, mesmo sem prejuízo comprovado, em razão da configuração de dano moral in re ipsa na hipótese, que pode ser cumulada com a aplicação de multa administrativa, que não será fixada em favor do consumidor. (D) Não foi abusiva, pois não houve prejuízo ao consumidor a justificar multa administrativa e nem constitui ilícito indenizável, na medida em que o destinatário pode desconsiderar a correspondência, não desbloquear o cartão e não aderir ao contrato. A: incorreta. O envio de cartão de crédito sem solicitação configura prática comercial abusiva (art. 39, III, do CDC), sendo possível a aplicação de sanção administrativa (art. 55 e seguintes do CDC) e, por ser configurado o ato ilícito, cabe indenização por danos materiais e morais; B: incorreta. Cabe aplicação de sanção administrativa por infração em razão da prática comercial abusiva tendo em vista que qualquer infração às normas de defesa do consumidor fica sujeita às sanções administrativas previstas no art. 55 do CDC. Da mesma forma, o envio do cartão de crédito sem solicitação gera indenização por danos morais em razão do próprio fato (in re ipsa), sem haver necessidade de extravio do cartão de crédito; C: correta. Conforme justificativa das alternativas anteriores e súmula 532 do STJ, “Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa administrativa”. Vale notar que as sanções administrativas nunca são fixadas em favor do consumidor, mas destinadas ao fundo previsto na Lei de Ação Civil Pública, sendo que a verba deve ser aplicada em prol da defesa do consumidor (art. 57 do CDC); D: incorreta. Veja justificativa das alternativas anteriores. RD (OAB/Exame Unificado – 2016.2) Marieta firmou contrato com determinada sociedade empresária de gêneros alimentícios para o fornecimento de produtos para a festa de 15 anos de sua filha. O pagamento deveria ter sido feito por meio de boleto, mas a obrigação foi inadimplida e a sociedade empresária fornecedora de alimentos, observando todas as regras positivadas e sumulares cabíveis, procedeu com a anotação legítima e regular do nome de Marieta no cadastro negativo de crédito. Passados alguns dias, Marieta tentou adquirir um produto numa loja de departamentos mediante financiamento, mas o crédito lhe foi negado, motivo pelo qual a devedora providenciou o imediato pagamento dos valores devidos à sociedade empresária de gêneros alimentícios. Superada a condição de inadimplente, Marieta quer saber como deve proceder a fim de que seu nome seja excluído do cadastro negativo. A respeito do fato apresentado, assinale a afirmativa correta. (A) A consumidora deve enviar notificação à sociedade empresária de gêneros alimentícios informando o pagamento integral do débito e requerer que a mesma providencie a exclusão da negativação, o que deve ser feito em até vinte e quatro horas. (B) A consumidora deve se dirigir diretamente ao órgão de cadastro negativo, o que pode ser feito por meio de procuração constituindo Gabarito “C” advogado, e solicitar a exclusão da negativação, ônus que compete ao consumidor. (C) Após a quitação do débito, compete à sociedade empresária de gêneros alimentícios solicitar a exclusão do nome de Marieta do cadastro negativo, no prazo de cinco dias a contar do primeiro dia útil seguinte à disponibilização do valor necessário para a quitação do débito. (D) Marieta deverá comunicar a quitação diretamente ao órgão de cadastro negativo e, caso não seja feita a exclusão imediata, a consumidora poderá ingressar em juízo pleiteando indenização apenas, pois a hipótese comporta exclusivamente sanção civil. A: incorreta, pois o prazo para a exclusão da negativação é de 5 dias úteis e não de 24 horas (art. 43, § 3º, do CDC); B: incorreta, pois o consumidor não precisa constituir advogado para tanto, já que não obrigação legal nesse sentido, bem como pode buscar a exclusão de sua negativação junto à própria empresa que solicitou a referida negativação, que terá de informar o fato ao órgão de cadastro negativo, sendo que em 5 dias úteis não poderá haver mais qualquer menção à negativação efetuada (art. 43, § 3º, do CDC); C: correta, nos termos do art. 43, § 3º, do CDC, já que o dispositivo também admite que seja buscada diretamente a empresa que solicitou a negativação do nome do consumidor, sendo que tanto ela como o órgão de cadastro negativo mantém dados e cadastro do consumidor nesse tipo de situação. Vide Súmula 548 do STJ: “Incumbe ao credor a exclusão do registro da dívida em nome do devedor no cadastro de inadimplentes no prazo de cinco dias úteis, a partir do integral e efetivo pagamento do débito.”; D: incorreta, já que o art. 43, § 3º, do CDC também admite que seja buscada diretamente a empresa que solicitou a negativação do nome do consumidor, sendo que tanto ela como o órgão de cadastro negativo mantém dados e cadastro do consumidor nesse tipo de situação; ademais, o caso não gera apenas sanções civis, já que sanções penais também podem ser aplicadas no caso, em virtude do tipo penal previsto no art. 73 do CDC. (OAB/Exame Unificado – 2015.3) Hugo colidiu com seu veículo e necessitou de reparos na lataria e na pintura. Para tanto, procurou, por indicação de um amigo, os serviços da Oficina Mecânica M, oportunidade na qual lhe foi ofertado orçamento escrito, válido por 15 (quinze) dias, com o valor da mão de obra e dos materiais a serem utilizados na realização do conserto do automóvel. Hugo, na certeza da boa indicação, contratou pela primeira vez com a Oficina. Considerando as regras do Código de Proteção e Defesa do Consumidor, assinale a afirmativa correta. (A) Segundo a lei do consumidor, o orçamento tem prazo de validade obrigatório de 10 (dez) dias, contados do seu recebimento pelo consumidor Hugo. Logo, no caso, somente durante esse período a Oficina Mecânica M estará vinculada ao valor orçado. (B) Uma vez aprovado o orçamento pelo consumidor, os contraentes estarão vinculados, sendo correto afirmar que Hugo não responderá por quaisquer ônus ou acréscimos no valor dos materiais orçados; contudo, ele poderá vir a responder pela necessidade de contratação de terceiros não previstos no orçamento prévio. (C) Se o serviço de pintura contratado por Hugo apresentar vícios de qualidade, é correto afirmar que ele terá tríplice opção, à sua escolha, de exigir da oficina mecânica: a reexecução do serviço sem custo adicional; a devolução de eventual quantia já paga, corrigida monetariamente, ou o abatimento do preço de forma proporcional. (D) A lei consumerista considera prática abusiva a execução de serviços sem a prévia elaboração de orçamento, o que pode ser feito por qualquer meio, oral ou escrito, exigindo-se, para sua validade, o consentimento expresso ou tácito do consumidor. Gabarito “C” A: incorreta, pois, apesar de a lei estipular como prazo de validade do orçamento o prazo de 10 dias, caso o fornecedorprometa um prazo de validade maior, como acontece no caso (em que o fornecedor estipulou em contrário, ao dizer que o orçamento tinha validade de 15 dias), o último prazo prevalece, nos termos do art. 40, § 1º, do CDC; B: incorreto, pois o consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos não previstos no orçamento prévio, inclusive quanto à necessidade de contratar terceiros não previstos no orçamento (art. 40, § 3º, do CDC); C: correto, nos termos do disposto no art. 20, caput, do CDC; D: incorreta, pois para que se configure a prática abusiva é necessário que a execução do serviço se dê sem prévia elaboração de orçamento e também sem prévia autorização expressa do consumidor, de modo que o primeiro erro da alternativa é dar ideia de que basta a falta de prévio orçamento para a caracterização da prática abusiva; a alternativa também acrescenta a ideia de consentimento tácito, instituto não previsto de forma geral no regramento do CDC sobre essa prática abusiva (vide texto do art. 39, VI, do CDC), havendo em tal regramento uma exceção para apenas uma das hipóteses de consentimento tácito, que as chamadas “práticas anteriores entre as partes”. (OAB/Exame Unificado – 2014.3) Roberto, atraído pela propaganda de veículos zero quilômetro, compareceu até uma concessionária a fim de conhecer as condições de financiamento. Verificando que o valor das prestações cabia no seu orçamento mensal e que as taxas e os custos lhe pareciam justos, Roberto iniciou junto ao vendedor os procedimentos para a compra do veículo. Para sua surpresa, entretanto, a financeira negou-lhe o crédito, ao argumento de que havia negativação do nome de Roberto nos cadastros de proteção ao crédito. Indignado e buscando esclarecimentos, Roberto procurou o Banco de Dados e Cadastro que havia informado à concessionária acerca da suposta existência de Gabarito “C” negativação, sendo informado por um dos empregados que as informações que Roberto buscava somente poderiam ser dadas mediante ordem judicial. Sobre o procedimento do empregado do Banco, assinale a afirmativa correta. (A) O empregado do Banco de Dados e Cadastros agiu no legítimo exercício de direito ao negar a prestação das informações, já que o solicitado pelo consumidor somente deve ser dado pelo fornecedor que solicitou a negativação, cabendo a Roberto buscar uma ordem judicial mandamental, autorizando a divulgação dos dados para ele diretamente. (B) O procedimento do empregado, ao negar as informações que constam no Banco de Dados e Cadastros sobre o consumidor, configura infração penal punível com pena de detenção ou multa, nos termos tipificados no Código de Defesa do Consumidor. (C) A negativa no fornecimento das informações foi indevida, mas configura mera infração administrativa punível com advertência e, em caso de reincidência, pena de multa a ser aplicada ao órgão, não ao empregado que negou a prestação de informações. (D) Cuida-se de infração administrativa e, somente se cometido em operações que envolvessem alimentos, medicamentos ou serviços essenciais, configuraria infração penal, para fins de incidência da norma consumerista em seu aspecto penal. A: incorreta, pois, segundo o art. 43, caput, do CDC, o consumidor tem direito de acesso às informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivado sobre ele, e o serviço de proteção ao crédito não é o único destinatário da norma, sendo tão destinatário como o fornecedor que mantém a relação contratual com o consumidor, conforme se verifica da menção a essas entidades nos parágrafos 4º e 5º do mesmo art. 43; B: correta (art. 72 do CDC); C: incorreta, pois o fato também é infração penal (art. 72 do CDC) e, causando dano ao consumidor, também enseja responsabilidade civil do serviço de proteção ao crédito; D: incorreta, pois o art. 72 do CDC prevê que o caso importa em infração penal, sem a restrição mencionada na assertiva (de que é necessário que se esteja diante de operações que envolvam alimentos, medicamentos ou serviços essenciais). (OAB/Exame Unificado – 2014.1) Eliane trabalha em determinada empresa para a qual uma seguradora apresentou proposta de seguro de vida e acidentes pessoais aos empregados. Eliane preencheu o formulário entregue pela seguradora e, dias depois, recebeu comunicado escrito informando, sem motivo justificado, a recusa da seguradora para a contratação por Eliane. Partindo da situação fática narrada, à luz da legislação vigente, assinale a afirmativa correta. (A) Eliane pode exigir o cumprimento forçado da obrigação nos termos do serviço apresentado, já que a oferta obriga a seguradora e a negativa constituiu prática abusiva pela recusa infundada de prestação de serviço. (B) Trata-se de hipótese de aplicação da legislação consumerista, mas, a despeito das garantias conferidas ao consumidor, em hipóteses como a narrada no caso, é facultado à seguradora recusar a contratação antes da assinatura do contrato. (C) Por se tratar de contrato bilateral, a seguradora poderia ter se recusado a ser contratada por Eliane nos termos do Código Civil, norma aplicável ao caso, que assegura que a proposta não obriga o proponente. (D) A seguradora não está obrigada a se vincular a Eliane, já que a proposta de seguro e acidentes pessoais dos empregados não configura oferta, nos termos do Código do Consumidor. A: correta, nos termos do art. 35, I, do CDC (direito de exigir o cumprimento forçado de oferta) e do art. 39, IX, do CDC (prática abusiva Gabarito “B” quando se recusa infundadamente a prestação de serviço); B: incorreta, pois a oferta suficientemente precisa feita por fornecedor vincula este (art. 30 do CDC); C: incorreta; primeiro porque o diploma de regência no caso é o CDC, vez que Eliane é destinatária final de um serviço securitário (art. 2º, caput, e 3º, § 2º, do CDC); segundo porque no Código Civil a oferta também obriga, como regra, o proponente (art. 427 do CC); D: incorreta, pois como se presume que se trata de uma oferta suficiente precisa (com dados sobre o produto e seu preço), que é o que normalmente se dá na prática, tal oferta vincula (art. 30, caput, do CDC). (OAB/Exame Unificado – 2014.1) Mauro adquiriu um veículo zero quilômetro da fabricante brasileira Surreal, na concessionária Possante Ltda., revendedora de automóveis que comercializa habitualmente diversas marcas nacionais e estrangeiras. Na época em que Mauro efetuou a compra, o modelo adquirido ainda não era produzido com o opcional de freio ABS, o que só veio a ocorrer seis meses após a aquisição feita por Mauro. Tal sistema de frenagem (travagem) evita que a roda do veículo bloqueie quando o pedal do freio é pisado fortemente, impedindo com isso o descontrole e a derrapagem do veículo. Mauro, inconformado, aciona a concessionária postulando a substituição do seu veículo, pelo novo modelo com freio ABS. Diante do caso narrado e das regras atinentes ao Direito do Consumidor, assinale a afirmativa correta. (A) Mauro tem direito à substituição, pois o fato de o novo modelo ter sido oferecido com o opcional do freio ABS, de melhor qualidade, configura defeito do modelo anterior por ele adquirido. (B) Se o veículo adquirido por Mauro apresentar futuro defeito no freio dentro do prazo de garantia, a concessionária Possante Ltda. é obrigada Gabarito “A” a assegurar a oferta de peças de reposição originais enquanto não cessar a fabricação do veículo. (C) Somente quando cessada a produção no país do veículo adquirido por Mauro, a fabricante Surreal ficará exonerada do dever legal de assegurar o oferecimento de componentes e peças de reposição para o automóvel. (D) Havendo necessidade de reposição de peças ou componentes no veículo de Mauro, a fabricante Surreal deverá, ainda que cessada a fabricação no país, efetuar o reparo com peças originais por um período razoável de tempo, fixado por lei. A reposição com peças usadas só é admitida pelo Código do Consumidor quando houver autorização do consumidor.A: incorreta, pois, segundo o art. 12, § 2º, do CDC, um produto não pode ser considerado defeituoso se outro de melhor qualidade tiver sido colocado no mercado; B e C: incorretas, pois, os fabricantes e importadores devem assegurar a oferta de peças de reposição não só enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto, como também por período razoável após a produção ou importação, nos termos de lei (art. 32 do CDC); D: correta (art. 32 c/c com art. 21, ambos do CDC). (OAB/Exame Unificado – 2013.3) O Banco XYZ, com objetivo de aumentar sua clientela, enviou proposta de abertura de conta corrente com cartão de crédito para diversos estudantes universitários. Ocorre que, por desatenção de um dos encarregados pela instituição financeira da entrega das propostas, o conteúdo da proposta encaminhada para a estudante Bruna, de dezoito anos, foi furtado. O cartão de crédito foi utilizado indevidamente por terceiro, sendo Bruna surpreendida com boletos e ligações de cobrança por compras que não realizou. O episódio culminou com posterior inclusão do seu nome em um cadastro negativo de Gabarito “D” restrições ao crédito. Bruna nunca solicitou o envio do cartão ou da proposta de abertura de conta, e sequer celebrou contrato com o Banco XYZ, mas tem dúvidas acerca de eventual direito à indenização. Na qualidade de Advogado, diante do caso concreto, assinale a afirmativa correta. (A) A conduta adotada pelo Banco XYZ é prática abusiva à luz do Código do Consumidor, mas como Bruna não é consumidora, haja vista a ausência de vínculo contratual, deverá se utilizar das regras do Código Civil para fins de eventual indenização. (B) A pessoa exposta a uma prática abusiva, como na hipótese do envio de produto não solicitado, é equiparada a consumidor, logo Bruna pode postular indenização com base no Código do Consumidor. (C) A prática bancária em questão é abusiva segundo o Código do Consumidor, mas o furto sofrido pelo preposto do Banco XYZ configura culpa exclusiva de terceiro, excludente da obrigação da instituição financeira de indenizar Bruna. (D) O envio de produto sem solicitação do consumidor não é expressamente vedado pela lei consumerista, que apenas considera o produto como mera amostra grátis, afastando eventual obrigação do Banco XYZ de indenizar Bruna. A: incorreta; a conduta do banco é prática abusiva e nesse ponto a assertiva está correta (art. 39, III, do CDC); porém, é incorreto dizer que Bruna não é consumidora por não ter assinado contrato algum, pois o CDC equipara a consumidor aquele que é exposto a práticas comerciais do fornecedor (art. 29), como é a prática abusiva de enviar cartão de crédito sem solicitação; B: correta (art. 29 do CDC); C: incorreta; a conduta do banco é prática abusiva e nesse ponto a assertiva está correta (art. 39, III, do CDC); porém, é incorreto dizer que o furto exclui a responsabilidade do banco, vez que o banco assumiu o risco de isso acontecer ao enviar por correio, lembrando que aquele que pratica um ato ilícito (o banco, ao enviar o cartão sem solicitação, praticou um ilícito, nos termos do art. 39, III, do CDC), não pode alegar a própria torpeza para se eximir de responsabilidade; D: incorreta, pois esse envio é sim prática abusiva (art. 39, III, do CDC), questão que é independente de se ter no caso a sanção de considerar o produto ou serviço em questão amostra grátis (art. 39, parágrafo único, do CDC) . (OAB/Exame Unificado – 2012.3.A) Academia de ginástica veicula anúncio assinalando que os seus alunos, quando viajam ao exterior, podem se utilizar de rede mundial credenciada, presente em 60 países e 230 cidades, sem custo adicional. Um ano após continuamente fazer tal divulgação, vários alunos reclamam que, em quase todos os países, é exigida tarifa de uso da unidade conveniada. A academia responde que a referência ao “sem custo adicional” refere-se à inexistência de acréscimo cobrado por ela, e não de eventual cobrança, no exterior, de terceiro. Acerca dessa situação, assinale a afirmativa correta. (A) A loja veicula publicidade enganosa, que se caracteriza como a que induz o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança. (B) A loja promove publicidade abusiva, pois anuncia informação parcialmente falsa, a respeito do preço e qualidade do serviço. (C) Não há irregularidade, e as informações complementares podem ser facilmente buscadas na recepção ou com as atendentes, sendo inviável que o ordenamento exija que detalhes sejam prestados, todos, no anúncio. (D) A loja faz publicidade enganosa, que se configura, basicamente, pela falsidade, total ou parcial, da informação veiculada. A: incorreta, pois a publicidade que induz o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança é abusiva (art. 37, § 2º, do CDC) e não enganosa (art. 37, § 1º, do CDC); B: Gabarito “B” incorreta, pois a publicidade falsa é enganosa (art. 37, § 1º, do CDC) e não abusiva (art. 37, § 2º, do CDC); C: incorreta, pois o fornecedor é obrigado a apresentar informações claras, precisas e ostensivas, o que não aconteceu no caso em tela (art. 31, caput, do CDC); D: correta, pois a publicidade falsa, total ou parcialmente, é considerada enganosa (art. 37, § 1º, do CDC); vale ressaltar que, ao garantir que não haveria qualquer custo adicional, a academia de ginástica enganou o consumidor, apresentando informação falsa, ainda que por omissão, já que o mínimo que teria de fazer era deixar claro que haveria custo adicional nas academias dos outros países. (OAB/Exame Unificado – 2011.3.A) Franco adquiriu um veículo zero quilômetro em novembro de 2010. Ao sair com o automóvel da concessionária, percebeu um ruído todas as vezes em que acionava a embreagem para a troca de marcha. Retornou à loja, e os funcionários disseram que tal barulho era natural ao veículo, cujo motor era novo. Oito meses depois, ao retornar para fazer a revisão de dez mil quilômetros, o consumidor se queixou que o ruído persistia, mas foi novamente informado de que se tratava de característica do modelo. Cerca de uma semana depois, o veículo parou de funcionar e foi rebocado até a concessionária, lá permanecendo por mais de sessenta dias. Franco acionou o Poder Judiciário alegando vício oculto e pleiteando ressarcimento pelos danos materiais e indenização por danos morais. Considerando o que dispõe o Código de Proteção e Defesa do Consumidor, a respeito do narrado acima, é correto afirmar que, por se tratar de vício oculto, (A) o prazo decadencial para reclamar se iniciou com a retirada do veículo da concessionária, devendo o processo ser extinto. (B) o direito de reclamar judicialmente se iniciou no momento em que ficou evidenciado o defeito, e o prazo decadencial é de noventa dias. Gabarito “D” (C) o prazo decadencial é de trinta dias contados do momento em que o veículo parou de funcionar, tornando-se imprestável para o uso. (D) o consumidor Franco tinha o prazo de sete dias para desistir do contrato e, tendo deixado de exercê-lo, operou-se a decadência. A: incorreta, pois, em caso de vício oculto, o prazo decadencial para reclamar tem início a partir do momento em que o vício restar evidenciado (art. 26, § 3º, do CDC), o que se deu apenas no momento em que o veículo parou de funcionar; B: correta, pois o prazo decadencial para reclamar tem início a partir do momento em que o vício restar evidenciado (art. 26, § 3º, do CDC) e, no caso, por ser o carro um bem durável, o prazo para reclamar é de 90 dias (art. 26, II, do CDC); C: incorreta, pois, sendo o carro um bem durável, o prazo para reclamar é de 90 dias (art. 26, II, do CDC); D: incorreta, pois o prazo de 7 dias para a desistência de contratos diz respeito aos contratos feitos fora do estabelecimento comercial (ex: por telefone ou pela internet), conforme o art. 49 do CDC. 5. PROTEÇÃO CONTRATUAL (OAB/Exame XXXV) Pratice Ltda. configura-se como um clube de pontos que se realiza mediante a aquisição de título.Os pontos são convertidos em bônus para uso nas redes de restaurantes, hotéis e diversos outros segmentos de consumo regularmente conveniados. Nas redes sociais, a empresa destaca que os convênios são precedidos de rigoroso controle e aferição do padrão de atendimento e de qualidade dos serviços prestados. Tomás havia aderido à Pratice Ltda. e, nas férias, viajou com sua família para uma pousada da rede conveniada. Ao chegar ao local, ele verificou que as acomodações cheiravam a mofo e a limpeza era precária. Sem Gabarito “B” poder sair do local em razão do horário avançado, viu-se obrigado a pernoitar naquele ambiente insalubre e sair somente no dia seguinte. Aborrecido com a desagradável situação vivenciada e com o prejuízo financeiro por ter que arcar com outro serviço de hotelaria na cidade, Tomás procurou você, como advogado(a), para ingressar com a medida judicial cabível. Diante disso, assinale a única opção correta. (A) Pratice Ltda. funciona como mera intermediadora entre os hotéis e os adquirentes do título do clube de pontos, não respondendo pelo evento danoso. (B) Há legitimidade passiva da Pratice Ltda. para responder pela inadequada prestação de serviço do hotel conveniado que gerou dano ao consumidor, por integrar a cadeia de consumo referente ao serviço que introduziu no mercado. (C) Trata-se de culpa exclusiva de terceiro, não podendo a intermediária Pratice Ltda. responder pelos danos suportados pelo portador título do clube de pontos. (D) Cuida-se de hipótese de responsabilidade subjetiva e subsidiária da Pratice Ltda. em relação ao hotel conveniado. O caso insere-se na hipótese do art. 18 do CDC. Trata-se, portanto, de vício de serviço e, sendo assim, todos os envolvidos na cadeia produtiva respondem pela reparação dos danos causados aos consumidores. Além disso, conforme inteligência do art. 25, § 1º, havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão solidariamente pela sua reparação. Assim, a Pratice Ltda. oferta aos seus consumidores convênios com serviços de qualidade e deve ser responsabilizada pelo seu descumprimento junto ao hotel em questão. RD Gabarito “B” (OAB/Exame XXXIV) José procurou a instituição financeira Banco Bom com o objetivo de firmar contrato de penhor. Para tanto, depositou um colar de pérolas raras, adquirido por seus ascendentes e que passara por gerações até tornar-se sua pertença através de herança. O negócio deu-se na modalidade contrato de adesão, contendo cláusulas claras a respeito das obrigações pactuadas, inclusive com redação em destaque quanto à limitação do valor da indenização em caso de furto ou roubo, o que foi compreendido por José. Posteriormente, José procurou você, como advogado(a), apresentando dúvidas a respeito de diferentes pontos. Sobre os temas indagados, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, assinale a afirmativa correta. (A) A cláusula que limita o valor da indenização pelo furto ou roubo do bem empenhado é abusiva e nula, ainda que redigida com redação clara e compreensível por José e em destaque no texto, pois o que a vicia não é a compreensão redacional e sim o direito material indevidamente limitado. (B) A cláusula que limita os direitos de José em caso de furto ou roubo é lícita, uma vez que redigida em destaque e com termos compreensíveis pelo consumidor, impondo-se a responsabilidade subjetiva da instituição financeira em caso de roubo ou furto por se tratar de ato praticado por terceiro, revelando fortuito externo. (C) O negócio realizado não configura relação consumerista devendo ser afastada a incidência do Código de Defesa do Consumidor e aplicado o Código Civil em matéria de contratos de mútuo e de depósito, uma vez que inquestionável o dever de guarda e restituição do bem mediante pagamento do valor acordado no empréstimo. (D) A cláusula que limita o valor da indenização pelo furto ou roubo do bem empenhado é lícita, desde que redigida com redação clara e compreensível e, em caso de furto ou roubo do colar, isso será considerado inadimplemento contratual e não falha na prestação do serviço, incidindo o prazo prescricional de 2 (dois) anos, caso seja necessário ajuizar eventual pleito indenizatório. Na forma do art. 51, I, do CDC, são nulas as cláusulas contratuais que “impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos”. Ademais, conforme entendimento do STJ externado na Súmula 297, o CDC é aplicável às instituições financeiras, o que implica em relação consumerista o caso em comento. No mesmo sentido, a Súmula 638 do STJ reforça a abusividade da cláusula contratual que restringe a responsabilidade de instituição financeira pelos danos decorrentes de roubo, furto ou extravio de bem entregue em garantia no âmbito de contrato de penhor civil. RD (OAB/Exame XXXVI) Bernardo adquiriu, mediante uso de cartão de crédito, equipamento de som conhecido como home theater. A compra, por meio do aplicativo do Magazin Novas Colinas S/A, conhecido como “loja virtual do Colinas”, foi realizada na sexta-feira e o produto entregue na terça-feira da semana seguinte. Na quarta-feira, dia seguinte ao do recebimento, Bernardo entrou em contato com o serviço de atendimento ao cliente para exercer seu direito de arrependimento. A atendente lhe comunicou que deveria ser apresentada uma justificativa para o arrependimento dentre aquelas elaboradas pelo fornecedor. Essa foi a condição imposta ao consumidor para a devolução do valor referente à 1ª parcela do preço, já lançado na fatura do seu cartão de crédito. Com base nesta narrativa, em conformidade com a legislação consumerista, assinale a afirmativa correta. Gabarito “A” (A) O direito de arrependimento precisa ser motivado diante da comunicação de cancelamento da compra feita pelo consumidor ao fornecedor após o decurso de 48 (quarenta e oito) horas da realização da transação pelo aplicativo. (B) Embora o direito de arrependimento não precise de motivação por ser potestativo, o fornecedor pode exigir do consumidor que lhe apresente uma justificativa, como condição para a realização da devolução do valor faturado. (C) Em observância ao princípio da boa-fé objetiva, aplicável tanto ao fornecedor quanto ao consumidor, aquele não pode se opor ao direito de arrependimento, mas, em contrapartida, pode exigir do consumidor a motivação para tal ato. (D) O direito de arrependimento não precisa ser motivado e foi exercido tempestivamente, devendo o fornecedor providenciar o cancelamento da compra e comunicar à administradora do cartão de crédito para que seja efetivado o estorno do valor. De acordo com o art. 49 do CDC, o consumidor pode desistir dos contratos realizados fora do estabelecimento comercial, no prazo de 7 dias, a contar da sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sem que haja qualquer motivação por parte do consumidor. Nesse sentido, ainda conforme inteligência do parágrafo único do referido artigo, em caso de desistência, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos de imediato, monetariamente atualizados. Além disso, o art. 54-F, incluído com a Lei do Superendividamento, determina: “São conexos, coligados ou interdependentes, entre outros, o contrato principal de fornecimento de produto ou serviço e os contratos acessórios de crédito que lhe garantam o financiamento quando o fornecedor de crédito: (...) § 1º O exercício do direito de arrependimento nas hipóteses previstas neste Código, no contrato principal ou no contrato de crédito, implica a resolução de pleno direito do contrato que lhe seja conexo. RD (OAB/Exame Unificado – 2019.1) João da Silva, idoso, ingressou com ação judicial para revisão de valores de reajuste do plano de saúde, contratado na modalidade individual. Alega que houve alteração do valor em decorrência da mudança de faixa etária,o que entende abusivo. Ao entrar em contato com a fornecedora, foi informado que o reajuste atendeu ao disposto pela agência reguladora, que é um órgão governamental, e que o reajuste seria adequado. Sobre o reajuste da mensalidade do plano de saúde de João, de acordo com entendimento do STJ firmado em Tema de Recurso Repetitivo, bem como à luz do Código do Consumidor, assinale a afirmativa correta. (A) Somente seria possível se o plano fosse coletivo, mesmo que isso não estivesse previsto em contrato, mas se encontrasse em acordo com percentual que não seja desarrazoado ou aleatório, portanto, não sendo abusivo. (B) Poderia ser alterado por se tratar de plano individual, mesmo que em razão da faixa etária, desde que previsto em contrato, observasse as normas dos órgãos governamentais reguladores e o percentual não fosse desarrazoado, o que tornaria a prática abusiva. (C) É possível o reajuste, ainda que em razão da faixa etária, sendo coletivo ou individual, mesmo que não previsto em contrato e em percentual que não onere excessivamente o consumidor ou discrimine o idoso. (D) Não poderia ter sido realizado em razão de mudança de faixa etária, mesmo se tratando de plano individual, sendo correto o reajuste apenas com base na inflação, não havendo interferência do órgão governamental regulador nesse tema. A: incorreta. Os planos coletivos podem conter previsão de aumento por faixa etária, desde que não seja abusivo e que expressamente previsto Gabarito “D” em contrato e que esteja em acordo com as regras da ANS. B: correta. Eis os temos da decisão do STJ em sede de IRDR (tema 952): “o reajuste de mensalidade de plano de saúde individual ou familiar fundado na mudança de faixa etária do beneficiário é válido desde que (i) haja previsão contratual, (ii) sejam observadas as normas expedidas pelos órgãos governamentais reguladores e (iii) não sejam aplicados percentuais desarrazoados ou aleatórios que, concretamente e sem base atuarial idônea, onerem excessivamente o consumidor ou discriminem o idoso”. C e D: incorretas. Vide justificativa da alternativa “B”. RD (OAB/Exame Unificado – 2018.3) Dias atrás, Elisa, portadora de doença grave e sob risco imediato de morte, foi levada para atendimento na emergência do hospital X, onde necessitou realizar exame de imagem e fazer uso de medicamentos. Ocorre que o seu plano de saúde, contratado dois meses antes, negou a cobertura de alguns desses fármacos e do exame de imagem, pelo fato de o plano de Elisa ainda estar no período de carência, obrigando a consumidora a custear parcela dos medicamentos e o valor integral do exame de imagem. Nesse caso, à luz do Código de Defesa do Consumidor (CDC) e da Lei nº 9.656/98, que dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde, assinale a afirmativa correta. (A) As cláusulas que limitam os direitos da consumidora são nulas de pleno direito, sendo qualquer período de carência imposto por contrato de adesão reversível pela via judiciária, por caracterizar-se como cláusula abusiva. (B) As cláusulas que limitam os direitos da consumidora, como a que fixou a carência do plano de saúde em relação ao uso de medicamentos e exame de imagem, são lícitas, e devem ser observadas no caso de Elisa, em respeito ao equilíbrio da relação contratual. Gabarito “B” (C) As cláusulas que preveem o período de carência estão previstas em norma especial que contradiz o disposto no CDC, uma vez que não podem excetuar a proteção integral e presunção de vulnerabilidade existente na relação jurídica de consumo. (D) O plano de saúde deve cobrir integralmente o atendimento de Elisa, por se tratar de situação de emergência e por, pelo tempo de contratação do plano, não poder haver carência para esse tipo de atendimento, ainda que lícitas as cláusulas que limitem o direito da consumidora. A: incorreta. A carência está expressamente prevista no art. 12 da Lei 9.659/98 , e constitui o período previsto em contrato no qual o consumidor arca com o pagamento das prestações mensais sem ter o direito de acesso a determinadas coberturas. Para que a carência possa ser levantada pelo plano de saúde, deve haver cláusula contratual expressa de forma clara e de modo que o consumidor compreenda as restrições ali estabelecidas (art. 54 do CDC). B: incorreta. (vide justificativa da alternativa “D”). C: incorreta. A Lei 9.656/98 é lei especial que deve ser interpretada em conjunto com o Código de Defesa do Consumidor e não contradiz as normas principiológicas do CDC. D: correta. As cláusulas que definem as carências são lícitas e devem ser observadas pela consumidora. No entanto, a carência para procedimentos de urgência e emergências somente podem ser limitadas ao prazo máximo de vinte e quatro horas (art. 12, V, alínea c, da Lei 9.656/98). Nesse caso, após 24 horas da contratação do plano, a cobertura deve ser integral e absoluta. Demais, disso, já entendeu o STJ que “é possível que o plano de saúde estabeleça as doenças que terão cobertura, mas não o tipo de tratamento utilizado, sendo abusiva a negativa de cobertura do procedimento, tratamento, medicamento ou material considerado essencial para sua realização de acordo com o proposto pelo médico (REsp 2019/0070457-2). RD Gabarito “D” (OAB/Exame Unificado – 2018.1) Petrônio, servidor público estadual aposentado, firmou, em um intervalo de seis meses, três contratos de empréstimo consignado com duas instituições bancárias diferentes, comprometendo 70% (setenta por cento) do valor de aposentadoria recebido mensalmente, o que está prejudicando seu sustento, já que não possui outra fonte de renda. Petrônio procura orientação de um advogado para saber se há possibilidade de corrigir o que alega ter sido um engano de contratação de empréstimos sucessivos. Partindo dessa situação, à luz do entendimento do Superior Tribunal de Justiça, assinale a afirmativa correta. (A) Não há abusividade na realização de descontos superiores a 50% (cinquenta por cento) dos rendimentos do consumidor para fins de pagamento de prestação dos empréstimos quando se tratar de contratos firmados com fornecedores diferentes, como no caso narrado. (B) O consumidor não pode ser submetido à condição de desequilíbrio na relação jurídica, sendo nulas de pleno direito as cláusulas contratuais do contrato no momento em que os descontos ultrapassam metade da aposentadoria do consumidor. (C) Os descontos a título de crédito consignado, incidentes sobre os proventos de servidores, como é o caso de Petrônio, devem ser limitados a 30% (trinta por cento) da remuneração, em razão da sua natureza alimentar e do mínimo existencial. (D) Tratando-se de consumidor hipervulnerável pelo fator etário, os contratos dependem de anuência de familiar, que deve assinar conjuntamente ao idoso, não podendo comprometer mais do que 20% (vinte por cento) do valor recebido a título de aposentadoria. A questão foi analisada pelo Superior Tribunal de Justiça em sede de Recurso Repetitivo, tendo sido firmada a seguinte tese: “A limitação de desconto ao empréstimo consignado, em percentual estabelecido pelos arts. 45 da Lei n. 8.112/1990 e 1º da Lei n. 10.820/2003, não se aplica aos contratos de mútuo bancário em que o cliente autoriza o débito das prestações em conta corrente (STJ, REsp 1.586.910-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por maioria, julgado em 29/08/2017, DJe 03/10/2017). Vale notar que a Lei 8.112/1990 e Lei 10.820/2003 estabelecem percentual de 30% para os empréstimos consignados debitados no salário ou aposentadoria do consumidor, o que deve ser observado pelas Instituições Financeiras (exceto nos casos de valores debitados em conta corrente, já que não se configura, nesse caso, empréstimo consignado na forma da lei). A: incorreta. O limite é de 30% dos rendimentos do consumidor; B: incorreta. A cláusula de desconto em salário ou aposentadoria será abusiva se exceder o percentual estabelecido em lei; C: correta. O desconto a título de consignado não pode ultrapassaro percentual assinalado em lei; D: incorreta. A hipervulnerabilidade do idoso não o torna incapaz de contratar. Já entendeu o STJ que não se deve confundir vulnerabilidade agravada com falta de capacidade civil, sendo claro que o idoso tem o direito de contratar e pode adquirir produtos e serviços no mercado de consumo sem quaisquer restrições. (STJ, REsp 1.358.057/PR, 3ª Turma, Rel. Min. Moura Ribeiro, DJ 22/05/2018, DJe 25/06/2018). RD (OAB/Exame Unificado – 2017.1) Mário firmou contrato de seguro de vida e acidentes pessoais, apontando como beneficiários sua esposa e seu filho. O negócio foi feito via telemarketing, com áudio gravado, recebendo informações superficiais a respeito da cobertura completa a partir do momento da contratação, atendido pequeno prazo de carência em caso de morte ou invalidez parcial e total, além do envio de brindes em caso de contratação imediata. Mário contratou o serviço na mesma oportunidade por via telefônica, com posterior envio de contrato escrito para a residência do segurado. Mário veio a óbito noventa dias após a Gabarito “C” contratação. Os beneficiários de Mário, ao entrarem em contato com a seguradora, foram informados de que não poderiam receber a indenização securitária contratada, que ainda estaria no período de carência, ainda que a operadora de telemarketing, que vendeu o seguro para Mário, garantisse a cobertura. Verificando o contrato, os beneficiários perceberam o engano de compreensão da informação, já que estava descrito haver período de carência para o evento morte “nos termos da lei civil”. Com base na hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. (A) A informação foi clara por estar escrita, embora mencionada superficialmente pela operadora de telemarketing, e o período de carência é lícito, mesmo nas relações de consumo. (B) A fixação do período de carência é lícita, mesmo nas relações de consumo. Todavia, a informação prestada quanto ao prazo de carência, embora descrita no contrato, não foi clara o suficiente, evidenciando, portanto, a vulnerabilidade do consumidor. (C) A falta de informação e o equívoco na imposição de prazo de carência não são admitidas nas relações de consumo, e sim nas relações genuinamente civilistas. (D) O dever de informação do consumidor foi respeitado, na medida em que estava descrito no contrato, sendo o período de carência instituto ilícito, por se tratar de relação de consumo. A: incorreta. As informações a respeito do prazo de carência não foram claras, razão pela qual a oferta não atendeu os requisitos do art. 31 do CDC. Ademais, tendo sido o contrato enviado posteriormente e não tendo o consumidor acesso prévio ao seu integral conteúdo, este não fica obrigada a cumprir as regras impostas pelo fornecedor (art. 46 do CDC); B: correta. O período de carência pode ser instituído no contrato de seguro de vida para o caso de morte, nos termos do art. 797 do Código Civil. Ademais, nas relações jurídicas de consumo, aplica-se subsidiariamente o Código Civil, desde que não seja incompatível com as regras e princípios do Código de Defesa do Consumidor. No caso examinado, em razão da ausência de prévia informação a respeito das restrições estabelecidas no contrato, o consumidor não fica obrigado a cumprir os seus termos (art. 46 do CDC); C: incorreta. Direito Civil também está pautado na boa-fé objetiva, razão pela qual a informação também deve ser observada nas relações civis; D: incorreta. O dever de informação não foi respeitado e é lícita a inclusão de período de carência. RD (OAB/Exame Unificado – 2017.2) Vera sofreu acidente doméstico e, sentindo fortes dores nas costas e redução da força dos membros inferiores, procurou atendimento médico-hospitalar. A equipe médica prescreveu uma análise neurológica que, a partir dos exames de imagem, evidenciaram uma lesão na coluna. O plano de saúde, entretanto, negou o procedimento e o material, aduzindo negativa de cobertura, embora a moléstia estivesse prevista em contrato. Vera o(a) procura como advogado(a) a fim de saber se o plano de saúde poderia negar, sob a justificativa de falta de cobertura contratual, algo que os médicos informaram ser essencial para a diagnose correta da extensão da lesão da coluna. Neste caso, à luz da norma consumerista e do entendimento do STJ, assinale a afirmativa correta. (A) O contrato de plano de saúde não é regido pelo Código do Consumidor e sim, exclusivamente, pelas normas da Agência Nacional de Saúde, o que impede a interpretação ampliativa, sob pena de comprometer a higidez econômica dos planos de saúde, respaldada no princípio da solidariedade. (B) O plano de saúde pode se negar a cobrir o procedimento médico- hospitalar, desde que possibilite o reembolso de material indicado pelos Gabarito “B” profissionais de medicina, ainda que imponha limitação de valores e o reembolso se dê de forma parcial. (C) O contrato de plano de saúde é regido pelo Código do Consumidor e os planos de saúde apenas podem estabelecer para quais moléstias oferecerão cobertura, não lhes cabendo limitar o tipo de tratamento que será prescrito, incumbência essa que pertence ao profissional da medicina que assiste ao paciente. (D) O contrato de plano de saúde é regido pelo Código do Consumidor e, resguardados os direitos básicos do consumidor, os planos de saúde podem estabelecer para quais moléstias e para que tipo de tratamento oferecerão cobertura, de acordo com a categoria de cada nível contratado, sem que isso viole o CDC. A: incorreta. O Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos planos de saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão. (Súmula 608 do STJ); B: incorreta. A negativa de procedimento é considerada abusiva (veja justificativa da alternativa “C”); C: correta. A Lei 9.656/1998 e o Código de Defesa do Consumidor são aplicáveis aos contratos de plano de saúde (Súmula 608 do STJ). A referida lei especial enumera as coberturas mínimas que devem ser garantidas aos usuários de planos de saúde, podendo o fornecedor excluir coberturas para algumas moléstias, desde que estejam expressamente previstas em contratos. No entanto, é considerada abusiva a cláusula contratual que limita o tipo de tratamento que será prescrito pelo profissional da área médica (nesse sentido, veja REsp 735.750-SP), por força do art. 51, IV, § 1º, do CDC: D: incorreta. Veja justificativa da alternativa “C”. RD (OAB/Exame Unificado – 2015.2) Tommy adquiriu determinado veículo junto a um revendedor de automóveis usados. Para tanto, fez o pagamento de 60% do valor do bem e financiou os 40% restantes com garantia de alienação fiduciária, junto ao banco com o qual mantém vínculo de conta- Gabarito “C” corrente. A negociação transcorreu normalmente e o veículo foi entregue. Ocorre que Tommy, alguns meses depois, achou que a obrigação assumida estava lhe sendo excessivamente onerosa. Procurou então você como advogado(a) a fim de saber se ainda assim seria possível questionar o negócio jurídico realizado e pedir revisão do contrato que Tommy sequer possuía. A esse respeito, assinale a afirmativa correta. (A) A questão versa sobre alienação fiduciária em garantia que transfere ao credor o domínio resolúvel e a posse indireta do bem alienado, não havendo aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor e, portanto, nem o pedido de revisão na hipótese, haja vista que a questão jurídica está submetida unicamente à leitura da norma geral civil, sem a inversão do ônus da prova. (B) A questão comporta aplicação do CDC, mas para propor ação revisional, a parte deve ingressar com medida cautelar preparatória de exibição de documentos, sob pena de extinção da medida cognitiva revisional por falta de interesse de agir. (C) A questão versa sobre alienação fiduciária em garantia, que transfere para o devedor a posse direta do bem, tornando-o depositário, motivo pelo qual a questão jurídica rege-se exclusivamente pelas regras impostas pelo Decreto-lei nº 911, de 1969, que estabelecede leis citados, tanto os que explicam as alternativas corretas, como os que explicam o porquê de ser incorreta dada alternativa; você tem que conhecer bem a letra da lei, já que mais de 90% das respostas estão nela; mesmo que você já tenha entendido determinada questão, reforce sua memória e leia o texto legal indicado nos comentários. 8° Leia também os textos legais que estão em volta do dispositivo; por exemplo, se aparecer, em Direito Penal, uma questão cujo comentário remete ao dispositivo que trata de falsidade ideológica, aproveite para ler também os dispositivos que tratam dos outros crimes de falsidade; outro exemplo: se aparecer uma questão, em Direito Constitucional, que trate da composição do Conselho Nacional de Justiça, leia também as outras regras que regulamentam esse conselho. 9° Depois de resolver sozinho a questão e de ler cada comentário, você deve fazer uma anotação ao lado da questão, deixando claro o motivo de eventual erro que você tenha cometido; conheça os motivos mais comuns de erros na resolução das questões: DL – “desconhecimento da lei”; quando a questão puder ser resolvida apenas com o conhecimento do texto de lei; DD – “desconhecimento da doutrina”; quando a questão só puder ser resolvida com o conhecimento da doutrina; DJ – “desconhecimento da jurisprudência”; quando a questão só puder ser resolvida com o conhecimento da jurisprudência; FA – “falta de atenção”; quando você tiver errado a questão por não ter lido com cuidado o enunciado e as alternativas; NUT - “não uso das técnicas”; quando você tiver se esquecido de usar as técnicas de resolução de questões objetivas, tais como as da repetição de elementos (“quanto mais elementos repetidos existirem, maior a chance de a alternativa ser correta”), das afirmações generalizantes (“afirmações generalizantes tendem a ser incorretas” - reconhece-se afirmações generalizantes pelas palavras sempre, nunca, qualquer, absolutamente, apenas, só, somente exclusivamente etc.), dos conceitos compridos (“os conceitos de maior extensão tendem a ser corretos”), entre outras. obs: se você tiver interesse em fazer um Curso de “Técnicas de Resolução de Questões Objetivas”, recomendamos o curso criado a esse respeito pelo IEDI Cursos On-line: www.iedi.com.br. 10º Confie no bom-senso. Normalmente, a resposta correta é a que tem mais a ver com o bom-senso e com a ética. Não ache que todas as perguntas contêm uma pegadinha. Se aparecer um instituto que você não conhece, repare bem no seu nome e tente imaginar o seu significado. 11º Faça um levantamento do percentual de acertos de cada disciplina e dos principais motivos que levaram aos erros cometidos; de posse da primeira informação, verifique quais disciplinas merecem um reforço no estudo; e de posse da segunda informação, fique atento aos erros que você mais comete, para que eles não se repitam. 12º Uma semana antes da prova, faça uma leitura dinâmica de todas as anotações que você fez e leia de novo os dispositivos legais (e seu entorno) das questões em que você marcar “DL”, ou seja, desconhecimento da lei. 13º Para que você consiga ler o livro inteiro, faça um bom planejamento. Por exemplo, se você tiver 30 dias para ler a obra, divida o número de páginas do livro pelo número de dias que você tem, e cumpra, diariamente, o número de páginas necessárias para chegar até o fim. Se tiver sono ou preguiça, levante um pouco, beba água, masque chiclete ou leia em voz alta por algum tempo. 14º Desejo a você, também, muita energia, disposição, foco, organização, disciplina, perseverança, amor e ética! Wander Garcia e Ana Paula Dompieri Coordenadores 1. DIREITO DO CONSUMIDOR Wander Garcia e Roberta Densa1 1. CONCEITO DE CONSUMIDOR. RELAÇÃO DE CONSUMO (OAB/Exame Unificado – 2019.2) A concessionária de veículo X adquiriu, da montadora, trinta unidades de veículo do mesmo modelo e de cores diversificadas, a fim de guarnecer seu estoque, e direcionou três veículos desse total para uso da própria pessoa jurídica. Ocorre que cinco veículos apresentaram problemas mecânicos decorrentes de falha na fabricação, que comprometiam a segurança dos passageiros. Desses automóveis, um pertencia à concessionária e os outros quatro, a particulares que adquiriram o bem na concessionária. Nesse caso, com base no Código de Defesa do Consumidor (CDC), assinale a afirmativa correta. (A) Entre os consumidores particulares e a montadora inexiste relação jurídica, posto que a aquisição dos veículos se deu na concessionária. (B) Entre os consumidores particulares e a montadora, por se tratar de falha na fabricação, há relação jurídica protegida pelo CDC; a relação jurídica entre a concessionária e a montadora, no que se refere à unidade adquirida pela pessoa jurídica para uso próprio, é de direito comum civil. (C) Existe, entre a concessionária e a montadora, relação jurídica regida pelo CDC, mesmo que ambas sejam pessoas jurídicas, no que diz respeito ao veículo adquirido pela concessionária para uso próprio, e não para venda. (D) Somente há relação jurídica protegida pelo CDC entre o consumidor e a concessionária, que deverá ingressar com ação de regresso contra a montadora, caso seja condenada em ação judicial, não sendo possível aos consumidores demandarem diretamente contra a montadora. A: incorreta. Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor ao destinatário final de produto ou serviço, nos termos do art. 2º da lei consumerista (consumidor é pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final). Ademais, para o caso em estudo, a concessionária e a montadora teriam responsabilidade civil solidária (art. 25 do CDC). Note-se que a jurisprudência do STJ segue no sentido de que é solidária a responsabilidade do fabricante e da concessionária por vício do produto, em veículos automotores, podendo o consumidor acionar qualquer um dos coobrigados. Veja: STJ, 4ª Turma, Rel. Min. Raul Araújo, REsp 2018/0209842-3, DJe 15/04/2019. B: incorreta. Vide comentários à alternativa “C”. C: correta. A teoria finalista mitigada, adotada pelo Superior Tribunal de Justiça, admite a incidência da lei consumerista quando o destinatário final do produto, ainda que para com a finalidade de lucro, seja vulnerável. (Veja: REsp 1.599.535- RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 14/3/2017, DJe 21/3/2017). Assim, o Código de Defesa do Consumidor é aplicável ao adquirente final (consumidores particulares) e a concessionária para o veículo que adquiriu com a finalidade de uso próprio, excluindo os automóveis por essa revendidos. D: incorreta. Vide nota da alternativa “A”. RD (OAB/Exame Unificado – 2017.1) Alvina, condômina de um edifício residencial, ingressou com ação para reparação de danos, aduzindo falha na prestação dos serviços de modernização dos elevadores. Narrou ser moradora do 10º andar e que hospedou parentes durante o período dos festejos de fim de ano. Alegou que o serviço nos elevadores estava previsto para ser concluído em duas semanas, mas atrasou mais de seis semanas, o Gabarito “C” http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?origemPesquisa=informativo&tipo=num_pro&valor=REsp1599535 que implicou falta de elevadores durante o período em que recebeu seus hóspedes, fazendo com que seus convidados, todos idosos, tivessem que utilizar as escadas, o que gerou transtornos e dificuldades, já que os hóspedes deixaram de fazer passeios e outras atividades turísticas diante das dificuldades de acesso. Sentindo-se constrangida e tendo que alterar todo o planejamento de atividades para o período, Alvina afirmou ter sofrido danos extrapatrimoniais decorrentes da mora do fornecedor de serviço, que, ainda que regularmente notificado pelo condomínio, quedou-se inerte e não apresentou qualquer justificativa que impedisse o cumprimento da obrigação de forma tempestiva. Diante da situação apresentada, assinale a afirmativa correta. (A) Existe relação denormas de processo sobre alienação fiduciária. (D) A questão comporta aplicação do CDC, e a ação revisional pode ser proposta independentemente de medida cautelar preparatória de exibição de documentos, já que o pleito de exibição do contrato poderá ser formulado incidentalmente e nos próprios autos. A e C: incorretas, pois o art. 53 do CDC é expresso no sentido de que também incide sobre os contratos de alienação fiduciária; quando há possibilidade de revisão contratual o CDC também admite, nos casos em que fatos supervenientes tornem as prestações excessivamente onerosas (art. 6º, V, do CDC); B: incorreta, pois a lei não exige, como requisito para ação de revisão contratual, o ajuizamento prévio da cautelar mencionada; D: correta, pois o art. 53 do CDC é expresso no sentido de que também incide sobre os contratos de alienação fiduciária, podendo a cautelar mencionada ser objeto de pedido incidentalmente nos mesmos autos da ação principal. (OAB/Exame Unificado – 2014.2) O fornecimento de serviços e de produtos é atividade desenvolvida nas mais diversas modalidades, como ocorre nos serviços de crédito e financiamento, regidos pela norma especial consumerista, que atribuiu disciplina específica para a temática. A respeito do crédito ao consumidor, nos estritos termos do Código de Defesa do Consumidor, assinale a opção correta. (A) A informação prévia ao consumidor, a respeito de taxa efetiva de juros, é obrigatória, facultando-se a discriminação dos acréscimos legais, como os tributos e taxas de expediente. (B) A liquidação antecipada do débito financiado comporta a devolução ou a redução proporcional de encargos, mas só terá cabimento se assim optar o consumidor no momento da contratação do serviço. (C) As informações sobre o preço e a apresentação do serviço de crédito devem ser, obrigatoriamente, apresentadas em moeda corrente nacional. (D) A pena moratória decorrente do inadimplemento da obrigação deve respeitar teto do valor da prestação inadimplida, não se podendo exigir do consumidor que suporte cumulativamente a incidência dos juros de mora. A: incorreta, pois a informação prévia é obrigatória não só em relação à taxa efetiva de juros, como também em relação aos acréscimos legais (art. 52, III, do CDC), valendo salientar que também é obrigatória a informação prévia sobre o preço do produto em moeda nacional, o Gabarito “D” número e periodicidade de prestações e também a soma total a pagar, com e sem financiamento (art. 52, I, IV e V, do CDC); B: incorreta, pois o CDC garante a liquidação antecipada do débito como direito do consumidor, sem exigir que este tenha optado por isso já no momento em que celebra o contrato; C: correta (art. 52, I, do CDC); D: incorreta, pois, conforme o art. 52, § 1º, do CDC, a multa máxima é de 2% da prestação (e não de 100% da prestação, que seria o equivalente ao “teto” dela, diferentemente do Código Civil, em que a multa máxima é de 100% da prestação, conforme o art. 412 do CC, lembrando que no Código Civil a multa pode ser diminuída pelo juiz de acordo o caso concreto e nos termos do seu art. 413). (OAB/Exame Unificado – 2012.3.B) Sobre a proteção contratual e a validade de regras contratuais no mercado de consumo, assinale a afirmativa correta. (A) Nas relações de consumo, a indenização pode ser contratualmente limitada, mas apenas em situações previstas em negrito, no contrato. (B) Apenas é possível ao contrato estipular a inversão do ônus da prova, em favor da fornecedora, se direitos equivalentes, em termos processuais, forem concedidos aos consumidores. (C) É perfeitamente possível e vinculante a cláusula de arbitragem prevista em contrato de adesão. (D) Não vale a cláusula que estipula, de antemão, representante para concluir outro contrato pelo consumidor. A: incorreta, pois a única hipótese em que cabe limitação de indenização é na relação entre fornecedor e um consumidor pessoa jurídica (circunstância não mencionada no enunciado) e, mesmo assim, desde que em situações justificáveis (circunstância que também não foi mencionada no enunciado); B: incorreta, pois são nulas quaisquer Gabarito “C” cláusulas contratuais que estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor (art. 51, VI, do CDC), de maneira que a afirmação trazida na alternativa não faz sentido; C: incorreta, pois é nula a cláusula contratual que estabeleça a utilização compulsória de arbitragem (art. 51, VII, do CDC); D: correta (art. 51, VIII, do CDC). (OAB/Exame Unificado – 2012.2) João celebrou contrato de seguro de vida e invalidez, aderindo a plano oferecido por conhecida rede particular. O contrato de adesão, válido por cinco anos, prevê a possibilidade de cancelamento, em favor da seguradora, antes de ocorrer o sinistro, por alegação de desequilíbrio econômico-financeiro. A esse respeito, assinale a afirmativa correta. (A) Os contratos de seguro ofertados no mercado de consumo, apesar de serem de adesão, são regidos pelo Código Civil, e a eles se aplica o Código de Defesa do Consumidor apenas subsidiariamente e em casos estritos. (B) A cláusula prevista, que estipula a possibilidade de cancelamento unilateral do contrato em caso de desequilíbrio econômico, seria viável desde que exercida na primeira metade do contrato. (C) O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar demanda contra a seguradora, buscando ser declarada a nulidade da cláusula contratual celebrada com os consumidores, e que seja proibido à seguradora continuar a ofertá-la no mercado de consumo. (D) A cláusula prevista no contrato celebrado por João não é abusiva, pois o seguro deve atentar para a equação financeira atuarial, necessária ao equilíbrio econômico da avença e à própria higidez e continuidade do contrato. A: incorreta, pois o CDC se aplica aos serviços securitários, ou seja, aos seguros, conforme disposição expressa no art. 3º, § 2º, desse Diploma; Gabarito “D” havendo uma relação de consumo, como é o caso, aplica-se o CDC diretamente, e, quanto ao Código Civil, este se aplica subsidiariamente apenas; B: incorreta, pois o contrato de seguro é, por natureza, aleatório, ou seja, de risco; uma vez contratado o seguro, a seguradora tem, como regra, de cumprir suas obrigações até o final do contrato; no Código Civil (não aplicável ao caso) há até uma regra que permite que a seguradora resolva o contrato, caso o faça em até 15 dias da ciência da agravação do risco, sendo que essa resolução só será eficaz 30 (trinta) dias após a notificação do segurado, devendo ser restituída pelo segurador a diferença do prêmio (art. 769 do CC); porém, o CDC, que trata o consumidor de maneira diferenciada, tendo em vista a presunção absoluta de sua vulnerabilidade no mercado de consumo (art. 4º, I, do CDC), não traz disposição nesse sentido; aliás, em se tratando de contrato de adesão, a cláusula resolutória deve ser sempre alternativa, cabendo a escolha quanto à manutenção ou não do contrato, ao consumidor, e não ao fornecedor (art. 54, § 2º, do CDC); C: correta (art. 51, § 4º, do CDC); D: incorreta, nos termos do fundamento apresentado para a alternativa “b”. (OAB/Exame Unificado – 2012.1) Martins celebrou negócio jurídico com a empresa Zoop Z para o fornecimento de dez volumes de determinada mercadoria para entretenimento infantil. No contrato restava estabelecido que Martins vistoriara toda mercadoria antes da aquisição e que o consumidor retiraria os produtos no depósito da empresa. Considerando tal situação fictícia, assinale a alternativa correta à luz do disposto na Lei nº. 8.078/90, de acordo com cada hipótese abaixo apresentada: (A) A garantia legal do produto independe de termo expresso no contrato, bem como é lícito ao fornecedor estipular que se exime de Gabarito “C” responsabilidade na hipótese de vício de qualidade por inadequação do produto, desde que fundada em ignorância sobre o vício. (B) É nula de pleno direito a cláusula contratual que exonere a contratada de qualquer obrigação de indenizar por víciodo produto em razão de ter sido a mercadoria vistoriada previamente pelo consumidor. (C) O contrato poderia prever a impossibilidade de reembolso da quantia por Martins, bem como ter transferido previamente a responsabilidade por eventual vício do produto, com exclusividade, ao fabricante. (D) A Zoop Z tem liberdade para estabelecer compulsoriamente a utilização de arbitragem, bem como exigir o ressarcimento dos custos de cobrança da obrigação de Martins, sem que o mesmo seja conferido contra o fornecedor. A: incorreta; de fato, a garantia legal independe de termo expresso (art. 24 do CDC); porém, NÃO é lícito ao fornecedor estipular que se exime de responsabilidade em caso de vício de qualquer natureza, sob o argumento de que desconhece o vício (art. 23 do CDC); B: correta (arts. 24, 25 e 51, I, do CDC); C: incorreta, pois, segundo o art. 51 do CDC são nulas as cláusulas que subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia paga (inciso II) e que transfiram responsabilidades a terceiros (inciso III); D: incorreta, pois as duas cláusulas citadas são nulas de pleno direito (art. 51, VII e XII, respectivamente, do CDC). (OAB/Exame Unificado – 2012.1) A telespectadora Maria, após assistir ao anúncio de certa máquina fotográfica, ligou e comprou o produto via telefone. No dia 19 de março, a câmera chegou ao seu endereço. Acerca dessa situação, assinale a alternativa correta. (A) A contar do recebimento do produto, a consumidora pode exercer o direito de arrependimento no prazo prescricional de quinze dias. Gabarito “B” (B) Mesmo que o produto não tenha defeito, se Maria se arrepender da aquisição e desistir do contrato no dia 25 de março do mesmo ano, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, deverão ser devolvidos, monetariamente atualizados. (C) Se, no dia 26 de março do mesmo ano, a consumidora pretender desistir do contrato, não poderá fazê-lo, pois, além de o prazo decadencial já ter fluído, os contratos são regidos pelo brocardo pacta sunt servanda. (D) Após o prazo de desistência, que é decadencial, Maria não poderá reclamar de vícios do produto ou de desconformidades entre a oferta apresentada e as características do bem adquirido, a não ser que exista garantia contratual. A: incorreta, pois o prazo para exercer o direito de arrependimento é decadencial e de 7 dias (art. 49 do CDC); B: correta, pois o dia 25 de março está dentro do prazo de 7 dias para a desistência, com ressarcimento integral dos valores pagos, monetariamente atualizados (art. 49, caput e parágrafo único, do CDC); C: incorreta, pois o dia 25 de março está dentro do prazo de 7 dias em que a lei autoriza a desistência (art. 49, caput e parágrafo único, do CDC); D: incorreta, pois um direito é independente do outro; desde que o faça dentro do prazo decadencial para reclamar dos vícios, prazo esse estabelecido no art. 26 do CDC, sem prejuízo de tal prazo se somar ao prazo de garantia contratual (art. 50 do CDC), Maria tem direito de reclamar de problemas no produto. (OAB/Exame Unificado – 2011.3.B) Josefa celebrou contrato de prestação de serviço com a transportadora X, cujo teor do documento assinado seguia o formato “de adesão”. Considerando tal instrumento de negócio jurídico nas relações de consumo, é correto afirmar que Gabarito “B” (A) tal modalidade contratual, por ter sido deliberada de forma unilateral, é considerada prática abusiva, devendo ser imposta pena pecuniária ao fornecedor do serviço. (B) Josefa poderá inserir cláusulas no formulário apresentado pela Transportadora X, o que desfigurará a natureza de adesão do referido contrato. (C) o contrato de adesão é permitido nos termos da norma consumerista, mas desde que não disponha de cláusula resolutória, expressamente inadmitida. (D) serão redigidos com caracteres ostensivos, cujo tamanho da fonte não seja inferior ao corpo doze, e as cláusulas que limitem direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque. A: incorreta, pois o CDC não só admite, como também regulamenta os contratos de adesão (art. 54 do CDC); B: incorreta, pois a simples inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato (art. 54, § 1º, do CDC); o contrato só deixa de ser de adesão (passando a se chamar contrato paritário) quando o consumidor consegue discutir substancialmente o teor das cláusulas contratuais; C: incorreta, pois se admite cláusula resolutória nos contratos de adesão, ou seja, aquela cláusula que permite a resolução do contrato caso a outra parte não cumpra com suas obrigações; porém, o CDC estabelece um direito interessante para o consumidor quando há cláusula resolutória num contrato de adesão, qual seja, o direito de o consumidor optar se aceita a resolução do contrato ou se irá purgar a mora (pagar o que estiver devendo), mantendo, assim, o contrato; é por isso que o CDC dispõe que a cláusula resolutória num contrato de adesão é uma alternativa a benefício do consumidor (art. 54, § 2º, do CDC); D: correta (art. 54, §§ 3º e 4º, do CDC). Gabarito “D” (OAB/Exame Unificado – 2011.2) Quando a contratação ocorre por site da internet, o consumidor pode desistir da compra? (A) Não. O direito de arrependimento só existe para as compras feitas na própria loja, e não pela internet. (B) Sim. Quando a compra é feita fora do estabelecimento comercial, o consumidor pode desistir do contrato no prazo de sete dias, mesmo sem apresentar seus motivos para a desistência. (C) Sim. Quando a compra é feita pela internet, o consumidor pode desistir da compra em até 30 dias depois que recebe o produto. (D) Não. Quando a compra é feita pela internet, o consumidor é obrigado a ficar com o produto, a menos que ele apresente vício. Só nessa hipótese o consumidor pode desistir. Segundo o art. 49 do CDC, o consumidor pode desistir de contrato, independentemente de motivação, nas compras feitas fora do estabelecimento comercial (por telefone, internet etc.), desde que o faça no prazo máximo de 7 dias da assinatura do contrato ou do ato do recebimento do produto ou serviço. (OAB/Exame Unificado – 2010.1) Acerca da disciplina jurídica da proteção contratual do consumidor, assinale a opção correta. (A) A lei confere ao consumidor a possibilidade de desistir do contrato, no prazo máximo de quinze dias a contar do recebimento do produto, no caso de contratação de fornecimento de produtos ocorrida fora do estabelecimento empresarial. (B) Reputam-se nulas de pleno direito as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que infrinjam normas ambientais ou possibilitem a violação dessas normas. (C) A garantia contratual exclui a garantia legal, desde que conferida mediante termo escrito que discipline, de maneira adequada, a Gabarito “B” constituição daquela garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar para o seu exercício. (D) A lei limita a 10% do valor da prestação as multas de mora decorrentes do inadimplemento de obrigações no seu termo, no caso de fornecimento de produtos que envolva concessão de financiamento ao consumidor. A: incorreta. De acordo com o art. 49 do CDC, “O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio”; B: correta. De acordo com o art. 51, “São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: (...) XIV – infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;”; C: incorreta. De acordo com o art. 50, “A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito. Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer, de maneira adequada, em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lheentregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de instalação e uso do produto em linguagem didática, com ilustrações”; D: incorreta. De acordo com o art. 52, “No fornecimento de produtos ou serviços que envolva outorga de crédito ou concessão de financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros requisitos, informá-lo prévia e adequadamente sobre: (...) § 1º As multas de mora decorrentes do inadimplemento de obrigações no seu termo não poderão ser superiores a dois por cento do valor da prestação”. Gabarito “B” (Defensor Público/AM – 2013 – FCC) Em relação às cláusulas abusivas, previstas no Código de Defesa do Consumidor, é correto afirmar: (A) A nulidade de uma cláusula contratual abusiva invalida o contrato. (B) São nulas cláusulas que estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor e prevejam a utilização de arbitragem. (C) Nos contratos do sistema de consórcio de produtos duráveis, é considerada abusiva a cláusula que estabelece a compensação ou a restituição das parcelas quitadas com desconto da vantagem econômica auferida com a fruição e os prejuízos que o desistente ou inadimplente causar ao grupo. (D) Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante pagamento em prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam a perda parcial das prestações pagas em benefício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto alienado. (E) São aquelas que estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade. A: incorreta, pois a nulidade de uma cláusula não invalida, como regra, o contrato inteiro; isso só acontecerá se, apesar dos esforços de integração, a ausência da cláusula impor ônus excessivo a qualquer das partes (art. 51, § 2º, do CDC); B: incorreta, pois o que não pode é a cláusula prever a utilização compulsória da arbitragem (art. 51, VII, do CDC), não impedindo que se preveja a utilização facultativa da arbitragem, a critério do consumidor, no momento em que surgir uma controvérsia; C: incorreta, pois tal cláusula é possível (art. 53, § 2º, do CDC); D: incorreta, pois é nula a cláusula que estabeleça “perda total” (e não “perda parcial) das parcelas (art. 53, caput, do CDC); E: correta (art. 51, IV, do CDC). Gabarito “E” (Defensor Público/PR – 2012 – FCC) De acordo com a nova realidade contratual prevista no Código de Defesa do Consumidor, (A) não se exige a imprevisibilidade do fato superveniente para a revisão de cláusulas contratuais. (B) o pacta sunt servanda tem preponderância sobre os outros princípios. (C) as cláusulas contratuais devem ser interpretadas de forma extensiva. (D) as cláusulas contratuais gerais têm controle administrativo abstrato e preventivo. (E) a forma de redação dos instrumentos contratuais assume relevância relativa. A: correta, pois basta que haja um fato superveniente (imprevisto ou não) que torne as prestações excessivamente onerosas (art. 6º, V, do CDC), diferentemente do Código Civil, que requer um fato extraordinário e imprevisível (art. 478); B: incorreta, pois o CDC é uma norma de ordem pública (art. 1º), de modo que mesmo que o consumidor assine um contrato aceitando o descumprimento de normas do CDC, esse contrato não fará lei entre as partes, ou seja, o fornecedor não poderá alegar a “pacta sunt servanda”; C: incorreta, pois devem ser interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor (art. 47 do CDC); D: incorreta; a expressão “cláusulas contratuais gerais” deve estar no sentido de cláusulas previstas para um número indeterminado de pessoas, como são as de um plano de saúde, por exemplo; nesse sentido, o controle administrativo de uma cláusula dessa pode ser tanto preventivo (antes de alguém ter assinado um contrato desses), como repressivo, sempre por meio da sanções administrativas (art. 56 do CDC); da mesma forma, o controle judicial também pode ser preventivo ou repressivo; E: incorreta, pois quando um instrumento contratual for redigido de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance o contrato sequer irá obrigar o consumidor (art. 46 do CDC); o CDC, em se tratando de contrato de adesão, traz, ainda, uma série de regras a serem cumpridas na redação do contrato (art. 54, §§ 3º, 4º, do CDC). 6. DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO (OAB/Exame XXXIII – 2020.3) Godofredo procurou a Seguradora X para contratar seguro residencial, mas a venda direta foi-lhe negada, ao argumento de que o proponente possuía restrição financeira junto aos órgãos de proteção ao crédito. Godofredo explicou que pagaria o seguro à vista, mas, ainda assim, a Seguradora negou a contratação. Indignado, Godofredo registrou sua reclamação no Ministério Público, que verificou significativo número de pessoas na mesma situação, merecendo melhor análise quanto ao cabimento ou não de medida para a defesa de interesses e direitos de consumidores a título coletivo. Sobre a hipótese apresentada, à luz do Código de Defesa do Consumidor, assinale a afirmativa correta. (A) A questão versa sobre interesses heterogêneos, não cabendo ação coletiva, bem como casos de restrição creditícia possibilitam a recusa de contratação do seguro mesmo quando o pagamento do prêmio for à vista. (B) A matéria consagra hipótese de direito individual homogêneo, podendo ser objeto de ação coletiva para a defesa dos interesses e direitos dos consumidores, e a recusa à contratação somente pode ser posta se o pagamento do prêmio for parcelado. (C) A Seguradora não pode recusar a proposta nem mesmo após análise de risco, quando a contratação se der mediante pronto pagamento do prêmio, conforme expressamente disposto na norma consumerista e cuida-se da hipótese de direito difuso, justificando a ação coletiva. Gabarito “A” (D) A Seguradora pode recusar a contratação, mesmo mediante pronto pagamento, sob a justificativa de que o proponente possui anotação de restrição financeira junto aos órgãos de proteção ao crédito; quanto à defesa coletiva essa é incabível pela natureza da demanda, sendo possível apenas a formação de litisconsórcio ativo. A: incorreta. A questão versa sobre direitos metaindividuais, e a recusa da contratação de seguros na hipótese configura prática comercial abusiva (vide justificativa da alternativa “B”). B: correta. O Superior Tribunal de Justiça já entendeu que a seguradora não pode recusar contratação por pessoa com restrição de crédito disposta a pagar o seguro à vista, sob pena de configurar prática comercial abusiva, nos termos do art. 39, IX, do CDC. (Vide REsp 1.594.024). Ademais, trata-se de direito metaindividual, nos termos o art. 81 do Código de Defesa do Consumidor. No caso, trata-se de direito individual homogêneo (art. 81, parágrafo único, III, do CDC: tendo em vista ser possível identificar o sujeito de direitos, ser suscetível de apropriação, ter origem comum e ser acidentalmente coletivo. C: incorreta. O interesse/direito difuso é caracterizado pela impossibilidade de identificar o sujeito de direitos, não é suscetível de apropriação, tem origem em circunstância de fato e é essencialmente coletivo. Tendo em vista a possiblidade de identificar os indivíduos que tiveram a recusa pela seguradora, não pode ser caracterizado o direito difuso no caso. D: incorreta. Vide justificativa da alternativa “B”. RD (OAB/Exame Unificado – 2019.3) O Ministério Público ajuizou ação coletiva em face de Vaquinha Laticínios, em função do descumprimento de normas para o transporte de alimentos lácteos. A sentença condenou a ré ao pagamento de indenização a ser revertida em favor de um fundo específico, bem como a indenizar os consumidores Gabarito “B” genericamente considerados, além de determinar a publicação da parte dispositiva da sentença em jornais de grande circulação, a fim deque os consumidores tomassem ciência do ato judicial. João, leitor de um dos jornais, procurou você como advogado(a) para saber de seus direitos, uma vez que era consumidor daqueles produtos. Nesse caso, à luz do Código do Consumidor, trata-se de hipótese (A) de interesse difuso; por esse motivo, as indenizações pelos prejuízos individuais de João perderão preferência no concurso de crédito frente às condenações decorrentes das ações civis públicas derivadas do mesmo evento danoso. (B) de interesses individuais homogêneos; nesses casos, tem-se, por inviável, a liquidação e execução individual, devendo João aguardar que o Ministério Público, autor da ação, receba a verba indenizatória genérica para, então, habilitar-se como interessado junto ao referido órgão. (C) de interesses coletivos; em razão disso, João poderá liquidar e executar a sentença individualmente, mas o mesmo direito não poderia ser exercido por seus sucessores, sendo inviável a sucessão processual na hipótese. (D) de interesses individuais homogêneos; João pode, em legitimidade originária ou por seus sucessores, por meio de processo de liquidação, provar a existência do seu dano pessoal e do nexo causal, a fim de quantificá-lo e promover a execução. São interesses ou direitos difusos “os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato” (art. 81, parágrafo único, I, do CDC). São direitos ou interesses coletivos “os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base” (art. 81, parágrafo único, II, do CDC). São direitos ou interesses individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum (art. 81, III, parágrafo único, do CDC). A: incorreta. Há um pedido difuso que corresponde ao valor de indenização a ser convertido em favor de um fundo específico, no entanto, há também pedido individual homogêneo que beneficia o consumidor que foi atingido pelo evento danoso. B: incorreta. Tendo em vista o pedido individual homogêneo formulado pelo Ministério Público em ação coletiva, pode o consumidor fazer o pedido de liquidação e a execução da sentença, nos termos o art. 97 do CDC. Por outro lado, pode a execução ser coletiva, promovida pelos legitimados da ação coletiva, nos termos do art. 98 do CDC. C: incorreta. Não se trata de direito ou interesse coletivo, posto que entre os interessados, não há uma “relação jurídica base”. D: correta. Nos termos do art. 97 do CDC. RD (OAB/Exame Unificado – 2019.2) Em virtude do rompimento de uma represa, o Ministério Público do Estado do Acre ajuizou ação em face da empresa responsável pela sua construção, buscando a condenação pelos danos materiais e morais sofridos pelos habitantes da região atingida pelo incidente. O pedido foi julgado procedente, tendo sido fixada a responsabilidade da ré pelos danos causados, mas sem a especificação dos valores indenizatórios. Em virtude dos fatos narrados, Ana Clara teve sua casa destruída, de modo que possui interesse em buscar a indenização pelos prejuízos sofridos. Na qualidade de advogado(a) de Ana Clara, assinale a orientação correta a ser dada à sua cliente. (A) Considerando que Ana Clara não constou do polo ativo da ação indenizatória, não poderá se valer de seus efeitos. (B) Ana Clara e seus sucessores poderão promover a liquidação e a execução da sentença condenatória. Gabarito “D” (C) A sentença padece de nulidade, pois o Ministério Público não detém legitimidade para ajuizar ação no lugar das vítimas. (D) A prolatação de condenação genérica, sem especificar vítimas ou valores, contraria disposição legal. A: incorreta. A legitimidade da ação coletiva é defina pelo art. 5º da LACP e pelo art. 82 do CDC. Trata-se de legitimação extraordinária, em que a parte postula em nome próprio, direito alheio. B: correta. Trata-se de Ação Civil Pública que defende Direito Individual Homogêneo (art. 81, parágrafo único, III, do CDC), que se caracteriza por ser um direito transindividual, divisível, em que pode ser identificado o sujeito de direito e que tem como origem uma circunstância de fato. Nesse caso, nos termos do art. 95 da lei consumerista, tendo ocorrido a procedência do pedido, a condenação deverá ser genérica, fixando a responsabilidade dos réus e determinando, no seu art. 97, que a liquidação e execução de sentença podem ser promovidas pela vítima e seus sucessores, bem como pelos legitimados da ação coletiva. C: incorreta. A legitimidade do Ministério Público para as ações coletivas está definida pelo art. 5º da LACP e pelo art. 82 do CDC. D: incorreta. O art. 95 do CDC determina, expressamente, que a condenação deve ser genérica, fixando a responsabilidade dos réus. RD (OAB/Exame Unificado – 2018.3) O posto de gasolina X foi demandado pelo Ministério Público devido à venda de óleo diesel com adulterações em sua fórmula, em desacordo com as especificações da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Trata-se de relação de consumo e de dano coletivo, que gerou sentença condenatória. Você foi procurado(a), como advogado(a), por um consumidor que adquiriu óleo diesel adulterado no posto de gasolina X, para orientá-lo. Gabarito “B” Assinale a opção que contém a correta orientação a ser prestada ao cliente. (A) Cuida-se de interesse individual homogêneo, bastando que, diante da sentença condenatória genérica, o consumidor liquide e execute individualmente, ou, ainda, habilite-se em execução coletiva, para definir o quantum debeatur. (B) Deverá o consumidor se habilitar no processo de conhecimento nessa qualidade, sendo esse requisito indispensável para fazer jus ao recebimento de indenização, de caráter condenatória a decisão judicial. (C) Cuida-se de interesse difuso, afastando a possibilidade de o consumidor ter atuado como litisconsorte e sendo permitida apenas a execução coletiva. (D) Deverão os consumidores individuais ingressar com medidas autônomas, distribuídas por conexão à ação civil pública originária, na medida em que o montante indenizatório da sentença condenatória da ação coletiva será integralmente revertido em favor do Fundo de Reconstituição de Bens Lesados. A: correta. Trata-se de Ação Civil Pública que defende Direito Individual Homogêneo (art. 81, parágrafo único, III, do CDC), que se caracteriza por ser um direito transindividual, divisível, em que pode ser identificado o sujeito de direito e que tem como origem uma circunstância de fato. Nesse caso, nos termos do art. 95 da lei consumerista, tendo ocorrido a procedência do pedido, a condenação deverá ser genérica, fixando a responsabilidade dos réus e determinando, no seu art. 97, que a liquidação e execução de sentença podem ser promovidas pela vítima e seus sucessores, bem como pelos legitimados da ação coletiva. B: incorreta. O consumidor poderá executar individualmente os valores a dele devidos. C: incorreta. O interesse difuso é o direito transindividual, indivisível, em que não se pode identificar o sujeito de direito, sendo que os titulares estão ligados por uma circunstância de fato (art.81, parágrafo único, I, do CDC). Nesse caso, tendo em vista a possibilidade de identificar os prejudicados pelos distribuidores de petróleo para a indenização, trata-se de direito individual homogêneo. D: incorreta. Veja justificativa da alternativa “A”. RD (OAB/Exame Unificado – 2018.2) A Construtora X instalou um estande de vendas em um shopping center da cidade, apresentando folder de empreendimento imobiliário de dez edifícios residenciais com área comum que incluía churrasqueira, espaço gourmet, salão de festas, parquinho infantil, academia e piscina. A proposta fez tanto sucesso que, em apenas um mês, foram firmados contratos de compra e venda da integralidade das unidades. A Construtora X somente realizou a entrega dois anos após o prazo originário de entrega dos imóveis e sem pagamento de qualquerverba pela mora, visto que o contrato previa exclusão de cláusula penal, e também deixou de entregar a área comum de lazer que constava do folder. Nesse caso, à luz do Código de Defesa do Consumidor, cabe (A) ação individual ou coletiva, em razão da propaganda enganosa evidenciada pela ausência da entrega da parte comum indicada no folder de venda. (B) ação individual ou coletiva, em busca de ressarcimento decorrente da demora na entrega; contudo, não se configura, na hipótese, propaganda enganosa, mas apenas inadimplemento contratual, sendo viável a exclusão da cláusula penal. (C) ação coletiva, somente, haja vista que cada adquirente, individualmente, não possui interesse processual decorrente da propaganda enganosa. (D) ação individual ou coletiva, a fim de buscar tutela declaratória de nulidade do contrato, inválido de pleno direito por conter cláusula Gabarito “A” abusiva que fixou impedimento de qualquer cláusula penal. Trata-se de descumprimento de oferta e publicidade enganosa, respectivamente nos termos do art. 30 e 37, § 1º, do Código de Defesa do Consumidor. A: correta. A publicidade enganosa justifica a tutela coletiva, por configurar um direito difuso (art. 1º da LACP). Vale dizer: a publicidade enganosa atingiu a coletividade de pessoas, sendo impossível identificar os sujeitos de direito (art. 81, I, do CDC). Da mesma forma, perfeitamente cabível a ação individual, nos termos do art. 6º, VII, do CDC; B: incorreta. Trata-se de publicidade enganosa; C: incorreta. Vide justificativa da alternativa A; D: incorreta. É cabível, nesse caso, o ressarcimento de danos e pedido de nulidade de cláusula, nos termos do art. 51 do CDC. A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes (art. 51, § 2º, do CDC). RD (OAB/Exame Unificado – 2013.1) Aurora contratou com determinada empresa de telefonia fixa um pacote de serviços de valor preestabelecido que incluía ligações locais de até 100 minutos e isenção total dos valores pelo período de três meses, exceto os minutos que ultrapassassem os contratados, ligações interurbanas e para telefone móvel. Para sua surpresa, logo no primeiro mês recebeu cobrança pelo pacote de serviços no importe três vezes superior ao contratado, mesmo que tivesse utilizado apenas 32 minutos em ligações locais. A consumidora fez diversos contatos com a fornecedora do serviço para reclamar o ocorrido, mas não obteve solução. De posse dos números dos protocolos de reclamações, ingressou com medida judicial, obtendo liminar favorável para abstenção de cobrança e de negativação do nome. Gabarito “A” Considerando o caso acima descrito, assinale a afirmativa correta. (A) A conversão da obrigação em perdas e danos faz-se independentemente de eventual aplicação de multa. (B) A multa diária ao réu pode ser fixada na sentença, mas desde que o autor tenha requerido expressamente. (C) A conversão da obrigação em perdas e danos independe de pedido do autor, em qualquer hipótese. (D) A tutela liminar será concedida, desde que não implique em ordem de busca e apreensão, que requer medida cautelar própria e justificação prévia. A: correta, pois a aplicação de multa pelo descumprimento da liminar (art. 84, § 4º, do CDC) é independente da conversão da obrigação em perdas danos, que pode ser pedida pelo autor da ação (art. 84, § 1º, do CDC); B: incorreta, pois a fixação de multa diária independe de pedido do autor (art. 84, § 4º, do CDC); C: incorreta, pois conversão da obrigação em perdas e danos depende de opção do autor (art. 84, § 1º, do CDC); D: incorreta, pois a tutela liminar pode, sim, implicar em busca e apreensão (art. 84, § 5º, do CDC). (OAB/Exame Unificado – 2012.3.B) Determinada associação, legalmente constituída há três anos, ingressa com medida judicial buscando a defesa coletiva dos interesses de seus associados no tocante à infração na relação de consumo pelo fornecedor T, pessoa jurídica de direito privado. A partir do fato narrado acima, assinale a afirmativa correta. (A) A associação somente teria legitimidade para propor a ação coletiva se houvesse sido constituída há mais de cinco anos. (B) A associação necessita de autorização assemblear para ajuizar a demanda, mesmo que inclua entre seus fins institucionais a defesa dos Gabarito “A” interesses e direitos do consumidor. (C) A propositura da ação coletiva não impede a que qualquer interessado ingresse com nova ação judicial apontando o mesmo réu, causa de pedir e pedido. (D) As ações individuais apontando o mesmo réu, causa de pedir e pedido, ajuizadas depois da demanda coletiva, importarão em litispendência merecendo os processos ser extintos. A: incorreta, pois basta que tenha sido constituída há 1 ano (art. 82, IV, do CDC); B: incorreta, pois a lei dispensa a autorização assemblear (art. 82, IV, do CDC); C: correta (art. 103, § 3º, do CDC); D: incorreta, pois a lei é expressa ao dizer que não há litispendência no caso (art. 104 do CDC). (OAB/Exame Unificado – 2010.2) Nas ações coletivas, o efeito da coisa julgada material será: (A) tratando-se de direitos individuais homogêneos, efeito erga omnes, se procedente, mas só aproveita aquele que se habilitou até o trânsito em julgado. (B) tratando-se de direitos individuais homogêneos, julgados improcedentes, o consumidor, que não tiver conhecimento da ação, não poderá intentar ação individual. (C) tratando-se de direitos difusos, no caso de improcedência por insuficiência de provas, não faz coisa julgada material, podendo, qualquer prejudicado, intentar nova ação com os mesmos fundamentos, valendo-se de novas provas. (D) Tratando-se de direitos coletivos, no caso de improcedência do pedido de nulidade de cláusula contratual, o efeito é ultra partes e impede a propositura de ação individual. Gabarito “C” A: incorreta, pois a sentença fará coisa julgada erga omnes para beneficiar todas as vítimas e seus sucessores (art. 103, III, do CDC), independentemente de habilitação no processo até o trânsito em julgado; assim, caso uma associação ingresse com ação civil pública para fixar uma condenação genérica de uma empresa aérea, em virtude de acidente aéreo, mesmo que as vítimas ou seus familiares não participem dessa demanda coletiva, receberão os benefícios da coisa julgada desta; a questão não entra no pormenor do que deve ser feito quando há, ao mesmo tempo, uma ação coletiva (a da associação) e uma ação individual (a da vítima); mas vale a pena escrever um pouco sobre isso, pois o tema pode ser perguntado em outra prova; nesse caso, o CDC estabelece que não há litispendência, podendo as duas ações prosseguir normalmente; porém caso o consumidor, na ação individual, seja cientificado da ação coletiva, este terá o prazo de 30 dias para fazer uma escolha; ou continua com a sua ação individual, mas não recebe os benefícios da ação coletiva, caso esta seja procedente, ficando na dependência da ação individual dar certo; ou pede a suspensão da ação individual, no aguardo da decisão na ação coletiva; nesse caso, na hipótese de a ação coletiva ser procedente, ótimo, bastando que o consumidor peça a extinção da ação individual que promoveu; já se a ação coletiva não der certo, o consumidor pode dar continuidade à sua ação individual, tendo uma nova chance de ver reconhecido o seu direito (art. 104 do CDC); B: incorreta, pois a coisa julgada, quando o pedido é para defender interesses individuais homogêneos, somente se faz erga omnes na hipótese de procedência do pedido, ou seja, para beneficiar todas as vítimas e seus sucessores (art. 103, III, do CDC); assim, o consumidor, individualmente, continua podendo ingressar com ação (individual) para fazer valer seus direitos; C: correta, pois o art. 103, I, do CDC estabelece que a sentença, no caso da defesa de interesses difusos, fará coisa julgada erga omnes, “exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiênciade provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo- se de nova prova”; D: incorreta, pois quando a ação é promovida para defender interesses coletivos, o art. 103 do CDC traz três soluções, quais sejam, I em caso de procedência ou improcedência, a coisa julgada é erga omnes, mas limitadamente ao grupo; II) em caso de improcedência por falta de provas, qualquer legitimado continuará podendo ingressar com ação valendo-se de prova nova; III) e, em qualquer caso, interesses individuais continuam podendo ser exercidos em ações individuais. Para efeito de fixação da matéria, segue abaixo dois quadros, um sobre as características dos interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos e outro com a questão da coisa julgada nesse tema. Interesses Grupo Objeto Origem Disposição Exemp Difusos indeterminável indivisível situação de fato indisponível inter das p na despo de um Coletivos determinável indivisível relação jurídica disponível apenas pelo grupo inter dos cond de ed na tro um eleva com probl Gabarito “C” Interesses Grupo Objeto Origem Disposição Exemp Individ. Homog. determinável divisível origem comum disponível individualmente inter vítim acide rodov em re inden Procedência Improcedência Improcedência por falta de provas Observação Difusos erga omnes erga omnes sem eficácia erga omnes Interesses individuais não ficam prejudicados pela improcedência Coletivos ultra partes, limitada ao grupo categoria ou classe ultra partes sem eficácia ultra partes Interesses individuais não ficam prejudicados pela improcedência Procedência Improcedência Improcedência por falta de provas Observação Individuais homogêneos erga omnes, para beneficiar vítimas e sucessores, salvo se a vítima, ciente da ação coletiva, preferiu continuar com a ação individual sem eficácia erga omnes sem eficácia erga omnes Interesses individuais não ficam prejudicados pela improcedência (OAB/Exame Unificado – 2010.1) Assinale a opção correta a respeito da disciplina normativa da defesa, em juízo, do consumidor. (A) É lícita às associações legalmente constituídas há mais de um ano a propositura de ação coletiva para a defesa dos direitos de seus associados, desde que haja prévia autorização em assembleia. (B) Na hipótese de ação coletiva para a defesa de interesses individuais homogêneos, é exclusivamente competente para a execução coletiva o juízo da liquidação da sentença ou o da ação condenatória. (C) Tratando-se de ações coletivas para a defesa de direitos individuais homogêneos, a sentença fará coisa julgada erga omnes, no caso de procedência ou improcedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas. (D) De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, as ações coletivas para a defesa de interesses ou de direitos coletivos não induzem litispendência para as ações individuais. A: incorreta. De acordo com o art. 81 do CDC, “A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum”. De acordo com 7. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA (Defensor Público/SE – 2012 – CESPE) Assinale a opção correta com relação às sanções administrativas previstas no CDC bem como aos critérios para sua aplicação. (A) As sanções administrativas de apreensão e de inutilização de produtos podem ser aplicadas, em razão de seu caráter urgente, mediante auto de infração, dispensada a instauração de procedimento administrativo. (B) É possível a aplicação cumulativa das sanções administrativas previstas no CDC, inclusive por medida cautelar, antecedente ou incidente ao procedimento administrativo. (C) Considera-se reincidente, para os fins de aplicação das sanções administrativas previstas no CDC, o fornecedor que ostente registro de auto de infração lavrado anteriormente ao cometimento da nova infração, ainda que pendente ação judicial em que se discuta a imposição de penalidade. (D) A imposição de contrapropaganda deve ser cominada ao fornecedor que incorra na prática de qualquer infração administrativa ou penal. (E) Os critérios previstos no CDC para a aplicação da sanção administrativa de multa coincidem com os mencionados no CP. A: incorreta, pois é necessário processo administrativo com ampla defesa (art. 58 do CDC); B: correta (art. 56, parágrafo único, do CDC); C: incorreta, pois no caso não haverá reincidência até o trânsito em julgado da sentença (art. 59, § 3º, do CDC); D: incorreta, pois será cominada Gabarito “D” quando o fornecedor incorrer na prática de publicidade enganosa ou abusiva, nos termos do art. 36 e seus parágrafos, sempre às expensas do infrator (art. 60, caput, do CDC); E: incorreta, pois há critério próprio para aplicação de multa, nos termos do art. 57, parágrafo único, do CDC. 8. SNDC E CONVENÇÃO COLETIVA (OAB/Exame Unificado – 2015.1) As negociações mercantis adotaram uma nova ordem quando o Código de Defesa do Consumidor foi implementado no sistema jurídico nacional. A norma visa a proteger a parte mais frágil econômica e tecnicamente de práticas abusivas, conferindo-lhe a tutela do Art. 42, I, do CDC, que consagra a presunção de vulnerabilidade absoluta geral inerente a todos os consumidores. Essa nova ordem ainda conferiu especial atenção à Convenção Coletiva adotada em outros ramos do Direito, passando também a constituir forma de equacionamento de conflitos nas relações de consumo antes mesmo da judicialização das questões, ou mesmo se antecipando à instalação dos litígios. A respeito da Convenção Coletiva de Consumo, prevista no microssistema do Código de Defesa do Consumidor, assinale a afirmativa correta. (A) A Convenção regularmente constituída torna-se obrigatória a partir da assinatura dos legitimados, dispensando-se o registro do instrumento em cartório de títulos e documentos. (B) A Convenção não poderá regulamentar as relações de consumo no que diz respeito ao preço e às garantias de produtos e serviços, atribuições do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor. (C) A Convenção regularmente constituída vincula os signatários, mas, caso o fornecedor se desligue da entidade celebrante à qual estava vinculado, eximir-se-á do cumprimento do estabelecido. Gabarito “B” (D) A Convenção firmada por entidades civis de consumidores e associações de fornecedores somente obrigará os filiados às entidades signatárias. A: incorreta, pois a convenção só passa a ser obrigatória a partir do registro do instrumento no cartório de títulos e documentos (art. 107, § 1º, do CDC); B: incorreta, pois a convenção pode sim tratar de preços e garantias de produtos o serviços (podendo também tratar da qualidade, quantidade e características desses itens), nos termos do art. 107, caput, do CDC; C: incorreta, pois, de acordo com o § 3º do art. 107 do CDC, “não se exime de cumprir a convenção o fornecedor que se desligar da entidade em data posterior ao registro do instrumento”; D: correta (art. 107, § 2º, do CDC). 1. RD questões comentadas por:Roberta Densa. Wander Garcia comentou as demais questões.↩ Gabarito “D” 2. DIREITO AMBIENTAL Wander Garcia 1. INTRODUÇÃO E PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL Segue um resumo sobre Princípios do Direito Ambiental: 1. Princípio do desenvolvimento sustentável é aquele que determina a harmonização entre o desenvolvimento econômico e social e agarantia da perenidade dos recursos ambientais. Tem raízes na Carta de Estocolmo (1972) e foi consagrado na ECO-92. 2. Princípio do poluidor-pagador: é aquele que impõe ao poluidor tanto o dever de prevenir a ocorrência de danos ambientais, como o de reparar integralmente eventuais danos que causar com sua conduta. O princípio não permite a poluição, conduta absolutamente vedada e passível de diversas e severas sanções. Ele apenas reafirma o dever de prevenção e de reparação integral por parte de quem pratica atividade que possa poluir. Esse princípio também impõe ao empreendedor a internalização das externalidades ambientais negativas das atividades potencialmente poluidoras, buscando evitar a socialização dos ônus (ou seja, que a sociedade pague pelos danos causados pelo empreendedor) e a privatização dos bônus (ou seja, que somente o empreendedor ganhe os bônus de gastar o meio ambiente). 3. Princípio da obrigatoriedade da intervenção estatal: é aquele que impõe ao Estado o dever de garantir o meio ambiente ecologicamente equilibrado. O princípio impõe ao poder público a utilização de diversos instrumentos para proteger o meio ambiente, que serão vistos em capítulo próprio. 4. Princípio da participação coletiva ou da cooperação de todos: é aquele que impõe à coletividade (além do Estado) o dever de garantir e participar da proteção do meio ambiente. O princípio cria deveres (preservar o meio ambiente) e direitos (participar de órgãos colegiados e audiências públicas, p. ex.) às pessoas em geral. 5. Princípio da responsabilidade objetiva e da reparação integral: é aquele que impõe o dever de qualquer pessoa responder integralmente pelos danos que causar ao meio ambiente, independentemente de prova de culpa ou dolo. Perceba que a proteção é dupla. Em primeiro lugar, fixa-se que a responsabilidade é objetiva, o que impede que o causador do dano deixe de ter a obrigação de repará-lo sob o argumento de que não agiu com culpa ou dolo. Em segundo lugar, a obrigação de reparar o dano não se limita a pagar uma indenização, mas impõe que a reparação seja específica, isto é, deve-se buscar a restauração ou recuperação do bem ambiental lesado, procurando, assim, retornar à situação anterior. 6. Princípio da prevenção: é aquele que impõe à coletividade e ao poder público a tomada de medidas prévias para garantir o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações. A doutrina faz uma distinção entre este princípio e o da precaução. O princípio da prevenção incide naquelas hipóteses em que se tem certeza de que dada conduta causará um dano ambiental. O princípio da prevenção atuará de forma a evitar que o dano seja causado, impondo licenciamentos, estudos de impacto ambiental, reformulações de projeto, sanções administrativas etc. A ideia aqui é eliminar os perigos já comprovados. Já o princípio da precaução incide naquelas hipóteses de incerteza científica sobre se dada conduta pode ou não causar um dano ao meio ambiente. O princípio da precaução atuará no sentido de que, na dúvida, deve-se ficar com o meio ambiente, tomando as medidas adequadas para que o suposto dano de fato não ocorra. A ideia aqui é eliminar que o próprio perigo possa se concretizar. 7. Princípio da educação ambiental: é aquele que impõe ao poder público o dever de promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente. Perceba que a educação ambiental deve estar presente em todos os níveis de ensino e, que, além do ensino, a educação ambiental deve acontecer em programas de conscientização pública. 8. Princípio do direito humano fundamental: é aquele pelo qual os seres humanos têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com o meio ambiente. De acordo com o princípio, as pessoas têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. 9. Princípio da ubiquidade: é aquele pelo qual as questões ambientais devem ser consideradas em todas as atividades humanas. Ubiquidade quer dizer existência concomitantemente em todos os lugares. De fato, o meio ambiente está em todos os lugares, de modo que qualquer atividade deve ser feita com respeito à sua proteção e promoção. 10. Princípio do usuário-pagador: é aquele pelo qual as pessoas que usam recursos naturais devem pagar por tal utilização. Esse princípio difere do princípio do poluidor-pagador, pois o segundo diz respeito a condutas ilícitas ambientalmente, ao passo que o primeiro a condutas lícitas ambientalmente. Assim, aquele que polui (conduta ilícita), deve reparar o dano, pelo princípio do poluidor-pagador. Já aquele que usa água (conduta lícita) deve pagar pelo seu uso, pelo princípio do usuário-pagador. A ideia é que o usuário pague com o objetivo de incentivar o uso racional dos recursos naturais, além de fazer justiça, pois há pessoas que usam mais e pessoas que usam menos dados recursos naturais. 11. Princípio da informação e da transparência das informações e atos: é aquele pelo qual as pessoas têm direito de receber todas as informações relativas à proteção, preventiva e repressiva, do meio ambiente. Assim, pelo princípio, as pessoas têm direito de consultar os documentos de um licenciamento ambiental, assim como têm direito de participar de consultas e de audiências públicas em matéria de meio ambiente. 12. Princípio da função socioambiental da propriedade: é aquele pelo qual a propriedade deve ser utilizada de modo sustentável, com vistas não só ao bem-estar do proprietário, mas também da coletividade como um todo. 13. Princípio da equidade geracional: é aquele pelo qual as presentes e futuras gerações têm os mesmos direitos quanto ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Assim, a utilização de recursos naturais para a satisfação das necessidades atuais não deverá comprometer a possibilidade das gerações futuras satisfazerem suas necessidades. O princípio impõe, também, equidade na distribuição de benefícios e custos entre gerações, quanto à preservação ambiental. (OAB/Exame XXXIII – 2020.3) Determinado empreendedor requereu ao órgão ambiental competente licença ambiental para indústria geradora de significativa poluição atmosférica, que seria instalada em zona industrial que, contudo, já está saturada. Após a análise técnica necessária, feita com base nos riscos e impactos já de antemão conhecidos em razão de certeza científica, concluiu-se que os impactos negativos decorrentes da atividade não poderiam sequer ser mitigados a contento, diante da sinergia e cumulatividades com as atividades das demais fábricas já existentes na localidade. Assim, o órgão ambiental indeferiu o pedido de licença, com objetivo de impedir a ocorrência de danos ambientais, já que sabidamente a atividade comprometeria a capacidade de suporte dos ecossistemas locais. Assinale a opção que indica o princípio de Direito Ambiental em que a decisão de indeferimento do pedido de licença está fundada específica e diretamente. (A) Princípio da precaução, eis que a operação do empreendimento pretendido causa riscos hipotéticos que devem ser evitados. (B) Princípio da prevenção, eis que a operação do empreendimento pretendido causa perigo certo, com riscos previamente conhecidos. (C) Princípio do poluidor-pagador, eis que a operação do empreendimento pretendido está condicionada à adoção das cautelas ambientais cabíveis para mitigar e reparar os danos ambientais. (D) Princípio da responsabilidade ambiental objetiva, eis que a operação do empreendimento pretendido está condicionada ao prévio depósito de caução para garantir o pagamento de eventuais danos ambientais. A: incorreta, pois o princípio da precaução incide em caso de dúvida científica sobre o perigo de lesão ao meio ambiente, que não é o caso, já que o enunciado fala em “certeza científica” do dano ambiental; B: correta, pois em havendo certeza científica dos riscos ambientais (expressão que consta doenunciado da questão), o princípio aplicável é o da prevenção; C: incorreta, pois o caso é de indeferimento da licença, e não de deferimento dela mediante adoção de medidas mitigadoras; D: incorreta, pois esse princípio incide quando se está diante de um dano ambiental já configurado, impondo a responsabilização civil com vistas à reparação desse dano; no caso em tela, o empreendedor ainda não causou dano algum, já que ainda está numa fase preliminar, na qual pede uma licença ambiental para iniciar a sua atividade. (OAB/Exame Unificado – 2013.1) Na perspectiva da tutela do direito difuso ao meio ambiente, o ordenamento constitucional exigiu o estudo de impacto ambiental para instalação e desenvolvimento de certas atividades. Nessa perspectiva, o estudo prévio de impacto ambiental está concretizado no princípio (A) da precaução. (B) da prevenção. (C) da vedação ao retrocesso. (D) do poluidor-pagador. O art. 225, § 1º, IV, da CF, ao impor a realização de estudo prévio de impacto ambiental para atividades potencialmente causadora de significativa degradação ambiental, acabou por acolher o princípio da precaução, pelo qual há de se tomar medidas com vistas à Gabarito “B” proteção do meio ambiente mesmo quando haja dúvida científica de que determinada atividade pode causar dano ambiental. O fato de a Constituição Federal ter usado o termo “potencialmente” revela que mesmo não havendo certeza de dano (mas mera potencialidade deste), de rigor a tomada de medidas para o fim mencionado. 2. DIREITO AMBIENTAL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL (OAB/Exame XXXIV) A Constituição da República dispõe que são reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam. Do ponto de vista histórico e cultural, percebe-se que a comunidade indígena está intimamente ligada ao meio ambiente, inclusive colaborando em sua defesa e preservação. Nesse contexto, de acordo com o texto constitucional, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas (A) só podem ser efetivadas com autorização de todos os órgãos que integram o SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente), na forma da lei. (B) só podem ser efetivadas com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei. (C) não podem ser efetivadas em qualquer hipótese, eis que são terras inalienáveis e indisponíveis, e devem ser exploradas nos limites de atividades de subsistência para os índios. Gabarito “B” (D) não podem ser efetivadas em qualquer hipótese, diante de expressa vedação constitucional, para não descaracterizar a área de relevante interesse social. A: incorreta, pois depende de autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas (art. 231, p. 3º, da CF); B: correta, nos exatos termos do art. 231, p. 3º, da CF (“O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei”); C e D: incorretas, pois a Constituição autoriza essa pesquisa e lavra mediante a autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, não havendo essa restrição acerca da subsistência dos índios, que, ressalte-se, terão direito a uma participação no resultado da lavra (art. 231, p. 3º, da CF). (OAB/Exame Unificado – 2013.3) Com relação aos ecossistemas Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Serra do Mar, Pantanal Mato-grossense e Zona Costeira, assinale a afirmativa correta. (A) Tais ecossistemas são considerados pela CRFB/1988 patrimônio difuso, logo todos os empreendimentos nessas áreas devem ser precedidos de licenciamento e estudo prévio de impacto ambiental. (B) Tais ecossistemas são considerados patrimônio nacional, devendo a lei infraconstitucional disciplinar as condições de Gabarito “B” utilização e de uso dos recursos naturais, de modo a garantir a preservação do meio ambiente. (C) Tais ecossistemas são considerados bens públicos, pertencentes à União, devendo a lei infraconstitucional disciplinar suas condições de utilização, o uso dos recursos naturais e as formas de preservação. (D) Tais ecossistemas possuem terras devolutas que são, a partir da edição da Lei n. 9.985/2000, consideradas unidades de conservação de uso sustentável, devendo a lei especificar as regras de ocupação humana nessas áreas. A: incorreta, pois são considerados patrimônio nacional e não patrimônio difuso, nos termos do art. 225, § 4º, da CF; B: correta (art. 225, § 4º, da CF); C: incorreta, pois o fato de a Constituição ter rotulado os ecossistemas em questão como patrimônio nacional não significa que os considerou bens públicos, mas apenas que a utilização desses bens deverá, na forma da lei, dar-se dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais; D: incorreta, pois não há qualquer previsão nesse sentido na Lei 9.985/1999. (OAB/Exame Unificado – 2011.3.B) Imagine que três municípios, localizados em diferentes estados membros da federação brasileira, estejam interessados em abrigar a instalação de uma usina de energia que opera com reatores nucleares. A respeito do tema, é correto afirmar que (A) o Congresso Nacional irá definir, mediante a edição de lei, qual município receberá a usina nuclear. Gabarito “B” (B) após a escolha do local para a instalação da usina nuclear, o município que a receber deverá criar a legislação que disciplinará seu funcionamento, bem como o plano de evacuação da população em caso de acidentes, por ser assunto de relevante interesse local. (C) em razão do princípio da predominância do interesse, a União deverá legislar sobre o tema, após ouvir e sabatinar obrigatoriamente o Ministro de Minas e Energia no Congresso Nacional, versando sobre os riscos ambientais que a usina pode trazer ao meio ambiente e à população de cada município postulante. (D) a CRFB não estabelece expressamente qual ente da federação deverá legislar sobre o tema energia nuclear. Mas, em razão do acidente nuclear de Chernobyl, a doutrina defende que apenas a União deverá criar normas sobre regras de segurança de usinas nucleares. A: correta, conforme arts. 21, XXIII, a, 49, XIV, e 225, § 6º, da CF; B: incorreta, pois compete privativamente à União legislar sobre atividades nucleares de qualquer natureza (art. 22, XXVI, da CF); C: incorreta, pois não há previsão da oitiva e sabatina do Ministro de Minas e Energia, como providência prévia à aprovação de lei sobre o tema; D: incorreta, pois, conforme se viu, a competência legislativa da União para legislar sobre energia nuclear está prevista no art. 22, XXVI, da CF. (OAB/Exame Unificado – 2011.1) (adaptada) O inciso VII do § 1º do art. 225 da Constituição da República prevê a proteção da fauna e da flora, vedadas as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, enquanto que o § 1º do art. 231 do referido texto Gabarito “A” constitucional estabelece que são terras indígenas as habitadas por eles em caráter permanente e que podem ser utilizadas por esses povos, desde que necessárias ao seu bem-estar e à sua reprodução física e cultural. A esse respeito, assinale a alternativa correta. (A) Os indígenas têm o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nas terras ocupadas em caráter permanente por eles e, portanto, podem explorá-las, sem necessidade de licenciamento ambiental. (B) Os indígenas são proprietários das terras que ocupam em caráter permanente, mas devem explorá-las segundo as normas ambientais estabelecidas na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente e do Código Florestal. (C) Os indígenas podem suprimir vegetação de mata atlântica sem autorização do órgão ambiental competente porque são usufrutuáriosdas terras que habitam (D) É proibido o uso de fogo na vegetação, exceto, dentre outros casos, as práticas de prevenção e combate aos incêndios e as de agricultura de subsistência exercidas pelas populações tradicionais e indígenas. A e C: incorretas, pois, apesar de os índios terem o direito de usufruto mencionado (art. 231, § 2º, da CF), eles não têm imunidade ao cumprimento das leis, não podendo se furtar ao licenciamento ambiental, quando este for necessário; B: incorreta, pois a propriedade das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios é da União (art. 20, XI, da CF); D: correta. É o que prevê o art. 38, § 2º, da Lei 12.651/2012 – Código Florestal. Gabarito “D” (FGV – 2014) O art. 225, caput, da Constituição da República Federativa do Brasil dispõe que “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para a presente e as futuras gerações.” Em relação aos conceitos e princípios contidos no dispositivo constitucional acima, analise as afirmativas a seguir. I. O uso do pronome indefinido “todos” particulariza quem tem direito ao meio ambiente. II. O poder público e a coletividade deverão defender e preservar o meio ambiente desejado pela Constituição da República Federativa do Brasil e não a qualquer meio ambiente. III. Ao poder público e à coletividade é imposto o dever de defender e preservar o meio ambiente para a presente e as futuras gerações, o que se refere, expressamente, à solidariedade intergeracional e traduz o chamado desenvolvimento sustentado. Assinale: (A) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. (B) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. (C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. (D) se somente a afirmativa III estiver correta. (E) se somente a afirmativa II estiver correta. I: incorreta, pois a expressão “todos” não particulariza, não individualiza, mas sim traz um conceito bastante amplo e geral; II: correta, pois a ideia é buscar a defesa e a preservação do meio ambiente ecologicamente equilibrado, e não de qualquer meio ambiente; III: correta, pois o princípio da solidariedade intergeracional é aquele pelo qual as presentes e futuras gerações têm os mesmos direitos quanto ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Assim, a utilização de recursos naturais para a satisfação das necessidades atuais não deverá comprometer a possibilidade das gerações futuras satisfazerem suas necessidades, daí a necessidade de se buscar sempre o desenvolvimento sustentável. 3. MEIO AMBIENTE CULTURAL (OAB/Exame Unificado – 2016.1) Pedro, em visita a determinado Município do interior do Estado do Rio de Janeiro, decide pichar e deteriorar a fachada de uma Igreja local tombada, por seu valor histórico e cultural, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico- Cultural – INEPAC, autarquia estadual. Considerando o caso em tela, assinale a afirmativa correta. (A) Pedro será responsabilizado apenas administrativamente, com pena de multa, uma vez que os bens integrantes do patrimônio cultural brasileiro não se sujeitam, para fins de tutela, ao regime de responsabilidade civil ambiental, que trata somente do meio ambiente natural. (B) Pedro será responsabilizado administrativa e penalmente, não podendo ser responsabilizado civilmente, pois o dano, além de não poder ser considerado de natureza ambiental, não pode ser objeto de simultânea recuperação e indenização. Gabarito “B” (C) Pedro, por ter causado danos ao meio ambiente cultural, poderá ser responsabilizado administrativa, penal e civilmente, sendo admissível o manejo de ação civil pública pelo Ministério Público, demandando a condenação em dinheiro e o cumprimento de obrigação de fazer. (D) Pedro, além de responder administrativa e penalmente, será solidariamente responsável com o INEPAC pela recuperação e indenização do dano, sendo certo que ambos responderão de forma subjetiva, havendo necessidade de inequívoca demonstração de dolo ou culpa por parte de Pedro e dos servidores públicos responsáveis. A: incorreta, pois o meio ambiente é um interesse difuso protegido administrativa, civil e penalmente em suas várias facetas, aí incluído o meio ambiente cultural; B: incorreta, pois no plano civil se busca a reparação do meio ambiente lesado, o que deve se dar de forma específica, ou seja, buscando o retorno do bem ao estado anterior, cabendo, quando for o caso, outros tipos de reparação, como a compensação ambiental e a indenização; C: correta, pois o meio ambiente é um interesse difuso protegido administrativa, civil e penalmente em suas várias facetas, aí incluído o meio ambiente cultural; no plano civil há de se buscar primariamente o retorno do bem ao estado anterior, cabendo condenação em obrigação de fazer, conforme mencionado na alternativa, e também em dinheiro, quando for o caso (art. 3º da Lei 7.347/1985); D: incorreta, pois o causador do dano ambiental (no caso, Pedro) responde modo objetivo (art. 14, § 1º, da Lei 6.938/1981), sendo que a responsabilidade subjetiva em matéria ambiental somente é discutida quando se trata de omissão estatal do dever de fiscalização. (FGV – 2014) A respeito do conceito de meio ambiente e seu aspecto cultural, inserido no texto constitucional brasileiro de 1988, analise as afirmativas a seguir. I. Os princípios da prevenção e da precaução não incidem no meio ambiente cultural, porquanto a recuperação de bens culturais não padece dos mesmos problemas que afetam os bens naturais. II. Ao reconhecer o meio ambiente ecologicamente equilibrado, essencial à sadia qualidade de vida, o constituinte de 1988 não deixou de inserir, neste direito fundamental, a dimensão cultural. III. Os princípios da prevenção e da precaução incidem no meio ambiente cultural, porquanto a recuperação de bens culturais padece dos mesmos problemas que afetam os bens naturais. Assinale: (A) se somente a afirmativa I estiver correta. (B) se somente a afirmativa II estiver correta. (C) se somente a afirmativa III estiver correta. (D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. (E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. I: incorreta, pois a proteção do meio ambiente cultural deve ser tão ampla como a das demais modalidades de meio ambiente; II: correta, pois o constituinte trouxe regras bem protetivas acerca do meio ambiente cultural (art. 216 da CF); III: correta, pois a proteção do meio ambiente cultural deve ser tão ampla como a das demais modalidades de meio ambiente por conta justamente da informação Gabarito “C” trazida na assertiva, de que os bens culturais padecem dos mesmos problemas que afetam os bens naturais. 4. COMPETÊNCIA EM MATÉRIA AMBIENTAL (OAB/Exame Unificado – 2020.2) O Estado Z promulga lei autorizando a supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente para pequenas construções. A área máxima para supressão, segundo a lei, é de 100 metros quadrados quando utilizados para lazer e de 500 metros quadrados quando utilizados para fins comerciais. Sobre a referida lei, assinale a afirmativa correta. (A) A lei é válida, uma vez que é competência privativa dos Estados legislar sobre as Áreas de Preservação Permanente inseridas em seu território. (B) A lei é válida apenas com relação à utilização com finalidade de lazer, uma vez que é vedada a exploração comercial em Área de Preservação Permanente. (C) A lei é inconstitucional, uma vez que compete aos Municípios legislar sobre impactos ambientais de âmbito local. (D) A lei é inconstitucional, uma vez que é competência da União dispor sobre normas gerais sobre proteção do meio ambiente. A: incorreta, pois a competência para legislar sobre meio ambiente é concorrente da União, dos Estados e do DF (art. 26, VI, da CF), e não privativa dos Estados; B e C: incorretas, pois, no âmbito da competência concorrente da União, dos Estados e do DF(art. 26, VI, da CF), compete à União dispor sobre normas gerais de Gabarito “E” proteção do meio ambiente (art. 24, § 1º, da CF), e o tema em questão (permissão de supressão para obras de pequeno porte) é um tema de norma geral e não de norma local estadual ou municipal; D: correta, pois, de fato, compete à União dispor sobre normas gerais de proteção do meio ambiente (art. 24, § 1º, da CF), e o tema em questão (permissão de supressão para obras de pequeno porte) é um tema de norma geral (ou seja, que deve estar unificado em todo o país), e não de norma local estadual ou municipal. (OAB/Exame Unificado – 2015.2) O Município Z deseja implementar política pública ambiental, no sentido de combater a poluição das vias públicas. Sobre as competências ambientais distribuídas pela Constituição, assinale a afirmativa correta. (A) União, Estados, Distrito Federal e Municípios têm competência material ambiental comum, devendo leis complementares fixar normas de cooperação entre os entes. (B) Em relação à competência material ambiental, em não sendo exercida pela União e nem pelo Estado,o Município pode exercê-la plenamente. (C) O Município só pode exercer sua competência material ambiental nos limites das normas estaduais sobre o tema. (D) O Município não tem competência material em direito ambiental, por falta de previsão constitucional, podendo, porém, praticar atos por delegação da União ou do Estado. A: correta (art. 23, caput, VI e parágrafo único, da CF); B: incorreta, pois essa disposição diz respeito à competência concorrente (e não Gabarito “D” à competência comum), e se refere aos Estados-membro (e não aos Municípios), conforme o art. 24, caput e § 3º, da CF; C e D: incorretas, pois os municípios poderão exercer sua competência material na proteção do meio ambiente, nos limites determinados na lei complementar de que trata o parágrafo único do art. 23 da CF (LC 140/2011) e nos assuntos de interesse local e de suplementação da legislação federal e estadual no que couber, a título de aplicar suas leis que tratam dessas questões (art. 30, I, da CF). (OAB/Exame Unificado – 2013.3) O estado Y pretende melhorar a qualidade do ar e da água em certa região que compõe o seu território, a qual é abrangida por quatro municípios. Considerando o caso, assinale a alternativa que indica a medida que o estado Y deve adotar. (A) Instituir Região Metropolitana por meio de lei ordinária, a qual retiraria as competências dos referidos municípios para disciplinar as matérias. (B) Por iniciativa da Assembleia Estadual, editar lei definindo a região composta pelos municípios como área de preservação permanente, estabelecendo padrões ambientais mínimos, de acordo com o plano de manejo. (C) Editar lei complementar, de iniciativa do Governador do estado, a qual imporá níveis de qualidade a serem obedecidos pelos municípios, sob controle e fiscalização do órgão ambiental estadual. (D) Incentivar os municípios que atingirem as metas ambientais estipuladas em lei estadual, por meio de distribuição de parte do Gabarito “A” ICMS arrecadado, nos limites constitucionalmente autorizados. A: incorreta, pois apenas por lei complementar é que se pode instituir região metropolitana; além disso, a criação dessas regiões não tem por objetivo retirar competências dos municípios, mas integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum (art. 25, § 3º, da CF); B: incorreta, pois a criação de áreas de preservação permanente até colaboram na preservação dos recursos hídricos (“água”), mas não tem o mesmo efeito quanto à proteção do “ar” referida no enunciado da questão (vide art. 3º, II, da Lei 12.651/2012); vale lembrar, ainda, que há áreas de preservação permanente já definidas em lei (art. 4º da Lei 12.651/2012), sendo que outras podem ser criadas, nas hipóteses previstas no art. 6º da Lei 12.651/2012, mas por meio decreto do Chefe do Executivo, não sendo necessária lei aprovada pela assembleia estadual; C: incorreta, pois medida dessa natureza fere a autonomia municipal e quebra o pacto federativo, vez que um Estado-membro não pode criar, sem previsão constitucional, norma a ser obedecida pelos municípios; D: correta, pois aqui se tem uma medida de mero incentivo e não a criação de uma obrigação estadual imposta a um município, fora das previsões constitucionais. (OAB/Exame Unificado – 2013.2) Em determinado Estado da federação é proposta emenda à Constituição, no sentido de submeter todos os Relatórios de Impacto Ambiental à comissão permanente da Assembleia Legislativa. Com relação ao caso proposto, assinale a afirmativa correta. Gabarito “D” (A) Os Relatórios e os Estudos de Impacto Ambiental são realizados exclusivamente pela União, de modo que a Assembleia Legislativa não é competente para analisar os Relatórios. (B) A análise e a aprovação de atividade potencialmente causadora de risco ambiental são consubstanciadas no poder de polícia, não sendo possível a análise do Relatório de Impacto Ambiental pelo Poder Legislativo. (C) A emenda é constitucional, desde que de iniciativa parlamentar, uma vez que incumbe ao Poder Legislativo a direção superior da Administração Pública, incluindo a análise e a aprovação de atividades potencialmente poluidoras. (D) A emenda é constitucional, desde que seja de iniciativa do Governador do Estado, que detém competência privativa para iniciativa de emendas sobre organização administrativa, judiciária, tributária e ambiental do Estado. A, C e D: incorretas; os relatórios de impacto ambiental, instrumentos essenciais para licenciamentos ambientais e estudos de impacto ambiental são típica atividade administrativa (poder de polícia), de competência própria do Poder Executivo, podendo ser realizados não só no âmbito da União (por meio do IBAMA), como também dos Estados, DF e Municípios, de acordo com a competência para o exercício do licenciamento ambiental respectivo; assim, a afirmativa “a” está incorreta por dizer que somente a União pode realizar tais estudos; não bastasse, a Assembleia Legislativa, órgão legislativo, não pode querer fazer típica atividade administrativa, apreciando relatórios de impacto ambiental, sob pena de violação ao princípio da independência dos poderes, o que torna incorretas também as alternativas “C” e “D”, pouco importando se a emenda em questão teve como órgão de iniciativa o parlamento ou a Chefia do Executivo; B: correta, pois, como se viu do comentário às alternativas anteriores, a competência para apreciar esses relatório é do Executivo, não podendo o legislativo querer promover típica atividade administrativa de poder de polícia. (OAB/Exame Unificado – 2010.2) Considerando a repartição de competências ambientais estabelecida na Constituição Federal, assinale a alternativa correta. (A) Deverá ser editada lei ordinária com as normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios para o exercício da competência comum de defesa do meio ambiente. (B) A exigência de apresentação, no processo de licenciamento ambiental, de certidão da Prefeitura Municipal sobre a conformidade do empreendimento com a legislação de uso e ocupação do solo decorre da competência do Município para o planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano. (C) Legislar sobre proteção do meio ambiente e controle da poluição é de competência concorrente da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com fundamento no artigo 24 da Constituição Federal. (D) A competência executiva em matéria ambiental não alcança a aplicação de sanções administrativas por infração à legislação de meio ambiente. A: incorreta; de acordo com o art. 23, VI, da Constituição, a competência material (ou administrativa ou executiva), como, por Gabarito “B” exemplo, a competência para a fiscalização do meio ambiente, é, de fato, comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; porém, o parágrafo únicoconsumo apenas entre o condomínio e o fornecedor de serviço, não tendo Alvina legitimidade para ingressar com ação indenizatória, por estar excluída da cadeia da relação consumerista. (B) Inexiste relação consumerista na hipótese, e sim relação contratual regida pelo Código Civil, tendo a multa contratual pelo atraso na execução do serviço cunho indenizatório, que deve servir a todos os condôminos e não a Alvina, individualmente. (C) Existe relação de consumo, mas não cabe ação individual, e sim a perpetrada por todos os condôminos, em litisconsórcio, tendo como objeto apenas a cobrança de multa contratual e indenização coletiva. (D) Existe relação de consumo entre a condômina e o fornecedor, com base da teoria finalista, podendo Alvina ingressar individualmente com a ação indenizatória, já que é destinatária final e quem sofreu os danos narrados. A: incorreta. A hipótese apresentada é de aplicação do CDC (vide alternativa “D”), razão pela qual Alvina tem legitimidade para ingressar com ação requerendo indenização por danos materiais e morais; B: incorreta. A hipótese é de aplicação do CDC (vide justificativa da alternativa “D”); C: incorreta. Tendo em vista que Alvina é consumidora, por ser quem utiliza o serviço como destinatária final, cabe ação individual para reclamar indenização; D: correta. Embora a contratação tenha ocorrido por meio do condomínio Alvina é considerada consumidora por utilizar o serviço como destinatária final (art. 2º, caput, do CDC). Por outro lado, a empresa de elevadores é fornecedora nos termos do art. 3º do CDC, estando configurada a relação jurídica de consumo e a integral aplicação do CDC. Nos termos do art. 6º, VI, do Código de Defesa do Consumidor, a consumidora pode requerer reparação dos danos materiais e morais sofridos em razão da ausência de cumprimento do contrato. RD (OAB/Exame Unificado – 2016.1) Amadeu, aposentado, aderiu ao plano de saúde coletivo ofertado pelo sindicato ao qual esteve vinculado por força de sua atividade laborativa por mais de 30 anos. Ao completar 60 anos, o valor da mensalidade sofreu aumento significativo (cerca de 400%), o que foi questionado por Amadeu, a quem os funcionários do sindicato explicaram que o aumento decorreu da mudança de faixa etária do aposentado. A respeito do tema, assinale a afirmativa correta. (A) O aumento do preço é abusivo e a norma consumerista deve ser aplicada ao caso, mesmo em se tratando de plano de saúde coletivo e, principalmente, que envolva interessado com amparo legal no Estatuto do Idoso. (B) O aumento do preço é legítimo, tendo em vista que o idoso faz maior uso dos serviços cobertos e o equilíbrio contratual exige que não haja onerosidade excessiva para qualquer das partes, não se aplicando o CDC à hipótese, por se tratar de contrato de plano de saúde coletivo envolvendo pessoas idosas. (C) O aumento do valor da mensalidade é legítimo, uma vez que a majoração de preço é natural e periodicamente aplicada aos contratos Gabarito “D” de trato continuado, motivo pelo qual o CDC autoriza que o critério faixa etária sirva como parâmetro para os reajustes econômicos. (D) O aumento do preço é abusivo, mas o microssistema consumerista não deve ser utilizado na hipótese, sob pena de incorrer em colisão de normas, uma vez que o Estatuto do Idoso estabelece a disciplina aplicável às relações jurídicas que envolvam pessoa idosa. A: correta, pois o CDC também se aplica às relações securitárias (vide o art. 3º, § 2º, do CDC), impedindo cláusulas abusivas como essa (art. 51, XV e § 1º, III, do CDC); ademais esse tipo de aumento é expressamente proibido pelo Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003), que no seu art. 15, § 3º, estabelece ser “vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade”; B, C e D: incorretas, pois o CDC também se aplica às relações securitárias (vide o art. 3º, § 2º, do CDC), impedindo cláusulas abusivas como essa (art. 51, XV e § 1º, III, do CDC); ademais esse tipo de aumento é expressamente proibido pelo Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003), que no seu art. 15, § 3º, estabelece ser “vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade”. (OAB/Exame Unificado – 2015.2) Saulo e Bianca são casados há quinze anos e, há dez, decidiram ingressar no ramo das festas de casamento, produzindo os chamados “bem-casados”, deliciosos doces recheados oferecidos aos convidados ao final da festa. Saulo e Bianca não possuem registro da atividade empresarial desenvolvida, sendo essa a fonte única de renda da família. No mês passado, os noivos Carla e Jair encomendaram ao casal uma centena de “bem-casados” no sabor doce de leite. A encomenda foi entregue conforme contratado, no dia do casamento. Contudo, diversos convidados que ingeriram os quitutes sofreram infecção gastrointestinal, já que o produto estava estragado. A Gabarito “A” impropriedade do produto para o consumo foi comprovada por perícia técnica. Com base no caso narrado, assinale a alternativa correta. (A) O casal Saulo e Bianca se enquadra no conceito de fornecedor do Código do Consumidor, pois fornecem produtos com habitualidade e onerosidade, sendo que apenas Carla e Jair, na qualidade de consumidores indiretos, poderão pleitear indenização. (B) Embora a empresa do casal Saulo e Bianca não esteja devidamente registrada na Junta Comercial, pode ser considerada fornecedora à luz do Código do Consumidor, e os convidados do casamento, na qualidade de consumidores por equiparação, poderão pedir indenização diretamente àqueles. (C) O Código de Defesa do Consumidor é aplicável ao caso, sendo certo que tanto Carla e Jair quanto seus convidados intoxicados são consumidores por equiparação e poderão pedir indenização, porém a inversão do ônus da prova só se aplica em favor de Carla e Jair, contratantes diretos. (D) A atividade desenvolvida pelo casal Saulo e Bianca não está oficialmente registrada na Junta Comercial e, portanto, por ser ente despersonalizado, não se enquadra no conceito legal de fornecedor da lei do consumidor, aplicando-se ao caso as regras atinentes aos vícios redibitórios do Código Civil. De acordo com o art. 3º, caput, do CDC os entes despersonalizados (que é o caso de uma sociedade que não está devidamente constituída) também são considerados fornecedores, para efeito de aplicação desse diploma. Assim, Saulo e Bianca respondem nos termos do CDC, ficando afastada a alternativas “D”. Os noivos Carla e Jair são consumidor típicos (diretos), por terem adquirido esse produto (art. 2º, caput, do CDC), de modo que ficam afastadas as alternativas “a” e “c”, já que a primeira assegura que os noivos são meros consumidores indiretos e a segunda os trata como meros consumidores equiparados. Quanto aos convidados da festa são consumidores também, seja porque utilizaram o produto (art. 2º, caput, do CDC), seja por equiparação, já que interviram na relação de consumo (art. 2º, parágrafo único, do CDC). A alternativa “B”, portanto, está correta. 2. PRINCÍPIOS E DIREITOS BÁSICOS (OAB/Exame Unificado – 2019.2) Antônio é deficiente visual e precisa do auxílio de amigos ou familiares para compreender diversas questões da vida cotidiana, como as contas de despesas da casa e outras questões de rotina. Pensando nessa dificuldade, Antônio procura você, como advogado(a), para orientá-lo a respeito dos direitos dos deficientes visuais nas relações de consumo. Nesse sentido, assinale a afirmativa correta. (A) O consumidor poderá solicitar às fornecedoras de serviços, em razão de sua deficiência visual, o envio das faturas das contas detalhadas em Braille. (B) As informações sobre os riscos que o produto apresenta, por sua própria natureza, devem ser prestadas em formatos acessíveis somente às pessoas que apresentem deficiência visual. (C) A impossibilidade operacional impede que a informação de serviços seja ofertada em formatos acessíveis, considerandodo art. 23 estabelece que “leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional” (g.n.); ou seja, não basta lei ordinária, sendo necessária lei complementar para fixar a cooperação entre os entes políticos nessa matéria; B: correta, pois é de competência do Município o planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo (art. 30, VIII, da CF); C: incorreta, pois as matérias “proteção do meio ambiente e controle da poluição” estão previstas no art. 23, VI, da CF como matérias da competência material e comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e não da competência legislativa e concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal, sendo certo que o art. 24, VII e VIII, da CF traz redação diferente daquela prevista no enunciado da questão (“proteção do meio ambiente e controle da poluição”); bom, o fato é que para resolver a questão o examinando tinha que conhecer as palavras exatas dos dispositivos constitucionais citados; D: incorreta, pois a competência executiva (também chamada de competência material ou administrativa) é justamente aquela que tem por objeto executar a lei (ao contrário da competência legislativa, que é a de fazer a lei); assim, considerando que fiscalizar o meio ambiente importa em executar a lei, a competência executiva inclui, sim, a competência para aplicar sanções administrativas por infração à legislação. Gabarito “B” 5. SISNAMA E PNMA (OAB/Exame Unificado – 2011.1) Assinale a alternativa correta quanto ao licenciamento ambiental e ao acesso aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do Sisnama. (A) A exigência de Estudo Prévio de Impacto Ambiental para aterros sanitários depende de decisão discricionária do órgão ambiental, que avaliará no caso concreto o potencial ofensivo da obra. (B) Uma pessoa jurídica com sede na França poderá solicitar, aos órgãos integrantes do Sisnama, mediante requerimento escrito, mesmo sem comprovação de interesse específico, informações sobre resultados de monitoramento e auditoria nos sistemas de controle de poluição e de atividades potencialmente poluidoras das empresas brasileiras. (C) Um cidadão brasileiro pode solicitar informações sobre a qualidade do meio ambiente em um município aos órgãos integrantes do Sisnama, mediante a apresentação de título de eleitor e comprovação de domicílio eleitoral no local. (D) Caso a área que sofrerá o impacto ambiental seja considerada estratégica para o zoneamento industrial nacional de petróleo e gás e em áreas do pré-sal, o órgão ambiental poderá elaborar estudo prévio de impacto ambiental sigiloso. A: incorreta, pois o EIA/RIMA no caso de aterro sanitário é obrigatório (art. 2º, X, da Resolução CONAMA n. 1/1986); B: assertiva considerada correta, muito provavelmente pela interpretação bem extensiva do princípio da informação, que permeia o Direito Ambiental; todavia, a Lei 10.650/2003, que trata especificamente sobre o assunto, estabelece que apenas o “indivíduo” terá direito às informações de que trata o enunciado da questão; a “pessoa jurídica estrangeira”, portanto, não teria legitimidade para fazer a solicitação mencionada, de modo que a questão em tela é, no mínimo, polêmica; C: incorreta, pois a Lei 10.650/2003 (art. 2º, § 1º) estabelece que qualquer indivíduo tem legitimidade para esse requerimento, não sendo necessário que se trate de um cidadão, ou seja, aquele que está com os direitos políticos em dia; D: incorreta, pois o EIA/RIMA é feito pelo empreendedor, e não por órgão público; ademais, a regra é ser o EIA/RIMA público, e não sigiloso; o sigilo só é admitido em caso de sigilo industrial, sendo necessária a devida justificativa (art. 11 da Resolução CONAMA n. 1/1986). (FGV – 2014) A Lei n. 6.938/1981 trouxe importantes inovações no que diz respeito à legislação ambiental. Com relação ao tema acima, analise as afirmativas a seguir. I. O conceito de poluição contido no art. 3º, inciso III, afirma que o dano ambiental não se limita ao dano ecológico puro, tendo objeto mais amplo, que inclui os aspectos naturais, culturais e individuais. II. Em matéria de dano ambiental, a Lei em comento adota o regime da responsabilidade objetiva, sendo imprescindível o nexo causal entre a fonte poluidora e o dano advindo dela. III. São os únicos Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental, o zoneamento ambiental, a avaliação de impactos ambientais, o Gabarito “B” licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras. Assinale: (A) se somente a afirmativa I estiver correta. (B) se somente a afirmativa III estiver correta. (C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. (D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. (E) se todas as afirmativas estiverem corretas. I: correta, dada a abrangência do conteúdo das alíneas do art. 3º da Lei 6.938/1981; II: correta (art. 14, § 1º, da Lei 6.938/1981); III: incorreta, pois também são instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental; as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental; a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA; a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes; o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais; instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros (art. 9º, V a XIII, da Lei 6.938/81). 6. INSTRUMENTOS DE PROTEÇÃO E PROMOÇÃO DO MEIO AMBIENTE (OAB/Exame Unificado – 2019.3) Pedro, proprietário de fazenda com grande diversidade florestal, decide preservar os recursos ambientais nela existentes, limitando, de forma perpétua, o uso de parcela de sua propriedade por parte de outros possuidores a qualquer título, o que realiza por meio de instrumento particular, averbado na matrícula do imóvel no registro de imóveis competente. Assinale a opção que indica o instrumento jurídico a que se refere o caso descrito. (A) Zoneamento Ambiental. (B) Servidão Ambiental. (C) Área Ambiental Restrita. (D) Área de Relevante Interesse Ecológico. A: incorreta, pois o zoneamento ambiental diz respeito a um regramento geral que recai para todas as propriedades que estejam numa dada zona, e o caso em questão diz respeito a uma restrição numa propriedade específica; B: correta; a Lei 6.938/81, em seu artigo 9º-A, regula o instituto da servidão ambiental; o caso trazido no enunciado se enquadra perfeitamente nesse instituto, uma vez que fala de um proprietário privado de um imóvel, de um instrumento particular criador da servidão, da averbação deste no Registro de Imóvel e de uma restrição de forma perpétua do uso da Gabarito “C” propriedade, todos itens previstos na regulamentação citada; ; C: incorreta, pois o instituto da “Área de Relevante Interesse Ecológico” é uma unidade de conservação, e, como tal, deve ser criada pelo Poder Público (art. 22, caput, da Lei 9.985/00), e não pelo particular como trazido pelo enunciado da questão. (OAB/Exame Unificado – 2018.3) Tendo em vista a elevação da temperatura domeio ambiente urbano, bem como a elevação do nível dos oceanos, a União deverá implementar e estruturar um mercado de carbono, em que serão negociados títulos mobiliários representativos de emissões de gases de efeito estufa evitadas. Sobre o caso, assinale a afirmativa correta. (A) É possível a criação de mercado de carbono, tendo como atores, exclusivamente, a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal. (B) Não é constitucional a criação de mercado de carbono no Brasil, tendo em vista a natureza indisponível e inalienável de bens ambientais. (C) A criação de mercado de carbono é válida, inclusive sendo operacionalizado em bolsa de valores aberta a atores privados. (D) A implementação de mercado de carbono pela União é cogente, tendo o Brasil a obrigação de reduzir a emissão de gases de efeito estufa, estabelecida em compromissos internacionais. A: incorreta; há dois tipos de mercado de carbono, o regulamentado e o voluntário; o voluntário independe de regulamentação estatal e de uma entidade chancelada em tratados internacionais, e é baseado em certificações internacionais confiáveis; B: incorreta; a Gabarito “B” criação desse mercado é constitucional, pois o objetivo aqui é reduzir as emissões de gases de efeito estufa, algo que certamente atende aos ditames constitucionais; C: correta; de fato, há dois mercados hoje, o regulamentado e voluntário; no Brasil ainda não há um marco regulatório desse mercado, mas os atores privados já vêm comercializando créditos de carbono há muito tempo; D: incorreta; os países desenvolvidos aderentes dos pactos respectivos têm metas de redução da emissão desses gases e são grandes clientes das empresas e entidades brasileiras que geram economia desses gases e, assim, recebem créditos de carbono para vender para atores desses países que precisam reduzir a emissão ou aumentar seus créditos para tanto. (OAB/Exame Unificado – 2010.1) Assinale opção correta de acordo com as normas constitucionais sobre zoneamento ambiental. (A) Os Estados podem, por lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, com a finalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum. Para isso, precisam da concordância dos Municípios envolvidos, os quais devem aprovar leis municipais com o mesmo teor e conteúdo da lei estadual. (B) Compete à União elaborar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social. (C) As zonas de uso predominantemente industrial destinam-se, preferencialmente, à localização de estabelecimentos industriais cujos resíduos sólidos, líquidos e gasosos, ruídos, vibrações e radiações possam causar danos à saúde, ao bem-estar e à Gabarito “C” segurança das populações, mesmo depois da aplicação de métodos adequados de combate e tratamento de efluentes. (D) É da competência dos Estados a promoção, no que couber, do adequado ordenamento territorial mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano. A: Opção incorreta. O art. 25, § 3.º, da CF preceitua que “os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de Municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum”. Não há, na legislação, qualquer referência à concordância dos Municípios ou à aprovação de leis municipais; B: Opção correta. De acordo com o art. 21, IX, da CF, compete à União “elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social”; C: Opção incorreta. Segundo o art. 2.º da Lei n. 6.803/1980, as zonas com essas características são as zonas de uso estritamente industrial. As zonas de uso predominantemente industrial, nos termos do art. 3.º da mencionada lei, têm destinação diversa; D: Opção incorreta. Nos termos do que determina o art. 30, VIII, da CF, compete aos municípios “promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano”. 7. LICENCIAMENTO AMBIENTAL E EIA/RIMA Para resolver as questões sobre Licenciamento Ambiental e EIA/RIMA, segue um resumo da matéria: Gabarito “B” O licenciamento ambiental pode ser conceituado como o procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental (art. 2º, I, da Lei Complementar 140/2011). Assim, toda vez que uma determinada atividade puder causar degradação ambiental, além das licenças administrativas pertinentes, o responsável pela atividade deve buscar a necessária licença ambiental também. A regulamentação do licenciamento ambiental compete ao CONAMA, que expede normas e critérios para o licenciamento. A Resolução n. 237/1997 do órgão traz as normas gerais de licenciamento ambiental. Há também sobre o tema o Decreto 99.274/1990 e a Lei Complementar 140/2011, que trata da cooperação dos entes políticos para o exercício da competência comum em matéria ambiental, e consagrou a maior parte das disposições da Resolução CONAMA 237/1997, colocando ponto final sobre qualquer dúvida que existisse sobre a competência do Município para o exercício do licenciamento ambiental em casos de impacto ambiental local. Já a competência para executar o licenciamento ambiental é assim dividida: a) impacto nacional e regional: é do IBAMA, com a colaboração de Estados e Municípios. O IBAMA poderá delegar sua competência aos Estados, se o dano for regional, por convênio ou lei. Assim, a competência para o licenciamento ambiental de uma obra do porte da transposição do Rio São Francisco é do IBAMA. b) impacto em dois ou mais municípios (impacto microrregional): é dos estados-membros. Por exemplo, uma estrada que liga 6 municípios de um mesmo estado-membro. c) impacto local: é do Município. Por exemplo, o licenciamento para a construção de um prédio de apartamentos. A Lei Complementar 140/2011, em seu art. 9º, XIV, estabelece que o Município promoverá o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos localizados em suas unidades de conservação e também das demais atividades e empreendimentos que causem ou possam causar impacto ambiental local, conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais do Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade. A Resolução n. 237/1997 permite que, por convênio ou lei, os Municípios recebam delegação dos estados para determinados licenciamentos, desde que tenha estrutura para tanto. Há três espécies de licenciamento ambiental (art. 19 do Decreto 99.274/1990): a) Licença Prévia (LP): é o ato que aprova a localização, a concepção do empreendimento e estabelece os requisitos básicos a serem atendidos nas próximas fases; trata-se de licença ligada à fase preliminar de planejamento da atividade, já que traça diretrizes relacionadas à localização e instalação do empreendimento. Por exemplo, em se tratando do projeto de construir um empreendimento imobiliário na beira de uma praia, esta licença disporá se é possível o empreendimento no local e, em sendo, quais os limites e quais as medidas que deverão ser tomadas, como construção de estradas, instalação de tratamento de esgoto próprio etc. Essa licença tem validade de até 5 anos. b) Licença de Instalação (LI): é o ato que autoriza a implantação do empreendimento, de acordo com o projeto executivo aprovado. Depende da demonstração de possibilidade de efetivação do empreendimento, analisando o projeto executivo e eventual estudo de impacto ambiental. Essa licença autoriza as intervenções no local. Permite que as obras se desenvolvam. Sua validade é de até 6 anos. c) Licença de Operação (LO): éo ato que autoriza o início da atividade e o funcionamento de seus equipamentos de controle de poluição, nos termos das licenças anteriores. Aqui, o empreendimento já está pronto e pode funcionar. A licença de operação só é concedida se for constado o respeito às licenças anteriores, bem como se não houver perigo de dano ambiental, independentemente das licenças anteriores. Sua validade é de 4 a 10 anos. É importante ressaltar que a licença ambiental, diferentemente da licença administrativa (por ex., licença para construir uma casa), apesar de normalmente envolver competência vinculada, tem prazo de validade definida e não gera direito adquirido para seu beneficiário. Assim, de tempos em tempos, a licença ambiental deve ser renovada. Além disso, mesmo que o empreendedor tenha cumprido os requisitos da licença, caso, ainda assim, tenha sido causado dano ao meio ambiente, a existência de licença em seu favor não o exime de reparar o dano e de tomar as medidas adequadas à recuperação do meio ambiente. O licenciamento ambiental, como se viu, é obrigatório para todas as atividades que utilizam recursos ambientais, em que há possibilidade de se causar dano ao meio ambiente. Em processos de licenciamento ambiental é comum se proceder a Avaliações de Impacto Ambiental (AIA). Há, contudo, atividades que, potencialmente, podem causar danos significativos ao meio ambiente, ocasião em que, além do licenciamento, deve-se proceder a uma AIA mais rigorosa e detalhada, denominada Estudo de Impacto Ambiental (EIA), que será consubstanciado no Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). O EIA pode ser conceituado como o estudo prévio das prováveis consequências ambientais de obra ou atividade, que deve ser exigido pelo Poder Público, quando estas forem potencialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente (art. 225, § 1º, IV, CF). Destina-se a averiguar as alterações nas propriedades do local e de que forma tais alterações podem afetar as pessoas e o meio ambiente, o que permitirá ter uma ideia acerca da viabilidade da obra ou atividade que se deseja realizar. O Decreto 99.274/1990 conferiu ao CONAMA atribuição para traçar as regras de tal estudo. A Resolução 1/1986, desse órgão, traça tais diretrizes, estabelecendo, por exemplo, um rol exemplificativo de atividades que devem passar por um EIA, apontando-se, dentre outras, a implantação de estradas com duas ou mais faixas de rolamento, de ferrovias, de portos, de aterros sanitários, de usina de geração de eletricidade, de distritos industriais etc. O EIA trará conclusões quanto à fauna, à flora, às comunidades locais, dentre outros aspectos, devendo ser realizado por equipe multidisciplinar, que, ao final, deverá redigir um relatório de impacto ambiental (RIMA), o qual trará os levantamentos e conclusões feitos, devendo o órgão público licenciador receber o relatório para análise das condições do empreendimento. O empreendedor é quem escolhe os componentes da equipe e é quem arca com os custos respectivos. Os profissionais que farão o trabalho terão todo interesse em agir com correção, pois fazem seus relatórios sob as penas da lei. Como regra, o estudo de impacto ambiental e seu relatório são públicos, podendo o interessado solicitar sigilo industrial, fundamentando o pedido. O EIA normalmente é exigido antes da licença prévia, mas é cabível sua exigência mesmo para empreendimentos já licenciados. (OAB/Exame XXXV) Após regular processo administrativo de licenciamento ambiental, o Estado Alfa, por meio de seu órgão ambiental competente, deferiu licença de operação para a sociedade empresária Gama realizar atividade de frigorífico e abatedouro de bovinos. Durante o prazo de validade da licença, no entanto, a sociedade empresária Gama descumpriu algumas condicionantes da licença relacionadas ao tratamento dos efluentes industriais, praticando infração ambiental. Diante da inércia fiscalizatória do órgão licenciador, o município onde o empreendimento está instalado, por meio de seu órgão ambiental competente, exerceu o poder de polícia e lavrou auto de infração em desfavor da sociedade empresária Gama. No caso em tela, a conduta do município é (A) lícita, pois, apesar de competir, em regra, ao órgão estadual lavrar auto de infração ambiental, o município pode lavrar o auto e, caso o órgão estadual também o lavre, prevalecerá o que foi lavrado primeiro. (B) lícita, pois, apesar de competir, em regra, ao órgão estadual licenciador lavrar auto de infração ambiental, o município atuou legitimamente, diante da inércia do órgão estadual. (C) ilícita, pois compete privativamente ao órgão estadual responsável pelo licenciamento da atividade lavrar auto de infração ambiental, vedada a atuação do município. (D) ilícita, pois, apesar de competir, em regra, ao órgão estadual licenciador lavrar auto de infração ambiental, em caso de sua inércia, apenas a União poderia suplementar a atividade de fiscalização ambiental. A: incorreta, pois, de acordo com o disposto no art. 17, p. 3º, da Lei Complementar 140/11, numa situação dessas prevalecerá o auto de infração ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização, no caso o lavrado pelo Estado, mesmo que tenha sido feito após o auto lavrado pelo município; B: correta; a princípio compete ao órgão ambiental responsável pelo licenciamento ou autorização lavrar o auto de infração ambiental correspondente (art. 17, caput, da Lei Complementar 140/11); porém, essa mesma lei admite que os demais entes federativos têm atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades com a legislação ambiental em vigor, de maneira que o Município poderia atuar no caso em caso de inércia do Estado (art. 17, p. 3º, da Lei Complementar 140/11); de qualquer maneira, vale ressaltar que nesse caso prevalecerá o auto de infração ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização; C e D: incorretas; pois, em caso de inércia do Estado, os demais entes federativos têm atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades com a legislação ambiental em vigor, de maneira que não só a União, mas também o Município poderiam atuar no caso em caso de inércia do Estado (art. 17, p. 3º, da Lei Complementar 140/11). (OAB/Exame Unificado – 2020.2) A sociedade empresária Alfa opera, com regular licença ambiental expedida pelo órgão federal competente, empreendimento da área de refino de petróleo que está instalado nos limites do território do Estado da Federação Beta e localizado no interior de unidade de conservação instituída pela União. Durante o prazo de validade da licença de operação, o órgão federal competente, com a aquiescência do órgão estadual competente do Estado Beta, deseja delegar a execução de ações administrativas a ele atribuídas, consistente na fiscalização do cumprimento de condicionantes da licença ambiental para o Estado Beta. Sobre a delegação pretendida pelo órgão federal, consoante dispõe a Lei Complementar nº 140/2011, assinale a afirmativa correta. (A) É possível, desde que o Estado Beta disponha de órgão ambiental capacitado a executar as ações administrativas a serem delegadas e de conselho de meio ambiente. (B) É possível, desde que haja prévia manifestação dos conselhos nacional e estadual do meio ambiente, do Ministério Público e homologação judicial. (C) Não é possível, eis que a competência para licenciamento ambiental é definida por critérios objetivos estabelecidos na legislação, sendo vedada a delegação de competência do poder de polícia ambiental. (D) Não é possível, eis que a delegação de ações administrativas somente é permitida quando realizada do Município para Estado ou União, ou de Estado para União, vedada a delegação de atribuição ambiental federal. Gabarito “B” A: correta, pois, de acordo com o art. 5º da Lei Complementar 140/2011, “O ente federativo poderá delegar, medianteconvênio, a execução de ações administrativas a ele atribuídas nesta Lei Complementar, desde que o ente destinatário da delegação disponha de órgão ambiental capacitado a executar as ações administrativas a serem delegadas e de conselho de meio ambiente”; no caso em questão a alternativa deixa claro que esses dois órgãos existem (órgão local capacitado + conselho local de meio ambiente), então é possível a delegação; B: incorreta, pois a Lei Complementar não exige nada disso, mas sim um convênio entre os entes e a presença no órgão delegatário de órgãos técnicos preparados para essa atividade e de um conselho de meio ambiente (art. 5º da LC 140/11); C: incorreta, pois o art. 5º da LC 140/11 admite a delegação nesse caso; D: incorreta, pois a LC 140/11 não traz faz essa restrição quando dispõe sobre essa delegação (art. 5º da LC, 140/11). (OAB/Exame Unificado – 2020.1) Efeito Estufa Ltda., sociedade empresária que atua no processamento de alimentos, pretende instalar nova unidade produtiva na área urbana do Município de Ar Puro, inserida no Estado Y. Para esse fim, verificou que a autoridade competente para realizar o licenciamento ambiental será a do próprio Município de Ar Puro. Sobre o caso, assinale a opção que indica quem deve realizar o estudo de impacto ambiental. (A) O Município de Ar Puro. (B) O Estado Y. (C) O IBAMA. Gabarito “A” (D) Profissionais legalmente habilitados, às expensas do empreendedor. De acordo com a Resolução CONAMA 01/86, os estudos de impacto ambiental serão feitos por “equipe multidisciplinar habilitada!” (art. 7º) e “correrão por conta do proponente do projeto todas as despesas e custos referentes à realização do estudo de impacto ambiental” (art. 8º). Ou seja, o estudo não é feito pelo Poder Público, mas por profissionais habilitados, e o responsável pelo pagamento é o empreendedor. Assim, a alternativa “d” é a correta. (OAB/Exame Unificado – 2019.1) A sociedade empresária Foice Ltda., dá início à construção de galpão de armazenamento de ferro-velho. Com isso, dá início a Estudo de Impacto Ambiental – EIA. No curso do EIA, verificou-se que a construção atingiria área verde da Comunidade de Flores, de modo que 60 (sessenta) cidadãos da referida Comunidade solicitaram à autoridade competente que fosse realizada, no âmbito do EIA, audiência pública. Sobre a situação, assinale a afirmativa correta. (A) A audiência pública não é necessária, uma vez que apenas deve ser instalada quando houver solicitação do Ministério Público. (B) A audiência pública não é necessária, uma vez que apenas deve ser instalada quando houver solicitação de associação civil legalmente constituída há pelo menos 1 (um) ano. (C) A audiência pública é necessária, e, caso não realizada, a eventual licença ambiental concedida não terá validade. Gabarito “D” (D) A audiência pública é necessária, salvo quando celebrado Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público. A e B: incorretas, pois se 50 ou mais cidadãos (ou uma entidade civil ou o Ministério Público) solicitarem a audiência, ela deve ser realizada, nos termos do art. 2o da Resolução Conama 09/87; C: correta, nos termos dos art. 2º, caput e § 2º, da Resolução Conama 09/87, que trata da legitimidade do cidadão para requerer a audiência (caso 50 ou mais cidadãos a solicitem) e da invalidade da licença concedida caso esta seja outorgada sem que haja audiência pública, nos casos em que esta tiver sido devidamente requerida ou se tratar de imposição legal; D: incorreta, pois o fato de haver termo de ajustamento de conduta com o Ministério Público não tira a legitimidade do cidadão e de outras entidades de solicitar audiência pública no caso. (OAB/Exame Unificado – 2017.1) A sociedade empresária Asfalto Joia S/A, vencedora de licitação realizada pela União, irá construir uma rodovia com quatro pistas de rolamento, ligando cinco estados da Federação. Sobre o licenciamento ambiental e o estudo de impacto ambiental dessa obra, assinale a afirmativa correta. (A) Em caso de instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, é exigível a realização de Estudo prévio de Impacto Ambiental (EIA), sem o qual não é possível se licenciar nesta hipótese. (B) O licenciamento ambiental dessa obra é facultativo, podendo ser realizado com outros estudos ambientais diferentes do Estudo Gabarito “C” prévio de Impacto Ambiental (EIA), visto que ela se realiza em mais de uma unidade da Federação. (C) O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), gerado no âmbito do Estudo prévio de Impacto Ambiental (EIA), deve ser apresentado com rigor científico e linguagem técnica, a fim de permitir, quando da sua divulgação, a informação adequada para o público externo. (D) Qualquer atividade ou obra, para ser instalada, dependerá da realização de Estudo prévio de Impacto Ambiental (EIA), ainda que não seja potencialmente causadora de significativa degradação ambiental. A: correta (art. 225, § 1º, IV, da CF); B: incorreta, pois uma rodovia com quatro pistas de rolamento e que liga cinco estados da Federação certamente é obra que causa significativo impacto ambiental, impondo assim EIA, na forma do art. 225, § 1º, IV, da CF; nesse sentido, a Resolução CONAMA 1/1986 estabelece a obrigatoriedade do EIA/RIMA para estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento (art. 2º, I); C: incorreta. O relatório deve ser apresentado de forma acessível e adequada a sua compreensão, com informações em linguagem acessível (art. 9ø, parágrafo único, da Resolução CONAMA 1/1986); D: incorreta, pois a CF só exige EIA para obra ou atividades que possam causar significativa degradação ambiental (art. 225, § 1º, IV, da CF). WG (OAB/Exame Unificado – 2016.3) A sociedade empresária Xique-Xique S.A. pretende instalar uma unidade industrial metalúrgica de grande porte em uma determinada cidade. Ela possui outras unidades industriais do mesmo porte em outras localidades. Sobre o Gabarito “A” licenciamento ambiental dessa iniciativa, assinale a afirmativa correta. (A) Como a sociedade empresária já possui outras unidades industriais do mesmo porte e da mesma natureza, não será necessário outro licenciamento ambiental para a nova atividade utilizadora de recursos ambientais, se efetiva ou potencialmente poluidora. (B) Para uma nova atividade industrial utilizadora de recursos ambientais, se efetiva ou potencialmente poluidora, é necessária a obtenção da licença ambiental, por meio do procedimento administrativo denominado licenciamento ambiental. (C) Se a sociedade empresária já possui outras unidades industriais do mesmo porte, poderá ser exigido outro licenciamento ambiental para a nova atividade utilizadora de recursos ambientais, se efetiva ou potencialmente poluidora, mas será dispensada a realização de qualquer estudo ambiental, inclusive o de impacto ambiental, no processo de licenciamento. (D) A sociedade empresária só necessitará do alvará da prefeitura municipal autorizando seu funcionamento, sendo incabível a exigência de licenciamento ambiental para atividades de metalurgia. A: incorreta, pois cada nova atividade que possa causar dano ambiental depende de prévio licenciamento ambiental (art. 2º, “caput”, da Resolução CONAMA 237/1997); B: correta (art. 2º, “caput”, da Resolução CONAMA 237/1997); C: incorreta, pois cada nova atividade que possa causar significativo impacto ambiental depende de prévio EIA/RIMA (art. 225, § 1º, IV, da CF); D: incorreta, pois, em sendo uma unidade industrial metalúrgica capaz de causa impacto ambiental, de rigor o licenciamento ambiental (art. 2º, “caput”, da Resolução CONAMA 237/1997). WG (OAB/Exame Unificado – 2015.3) Determinada sociedade empresária consulta seu advogado para obter informações sobre as exigências ambientais que possam incidir em seus projetos, especialmente no que tange à apresentação e aprovação de Estudo Prévio de Impacto Ambiental e seu respectivo Relatório (EIA/RIMA). Considerando a disciplinado EIA/RIMA pelo ordenamento jurídico, assinale a afirmativa correta. (A) O EIA/RIMA é um estudo simplificado, integrante do licenciamento ambiental, destinado a avaliar os impactos ao meio ambiente natural, não abordando impactos aos meios artificial e cultural, pois esses componentes, segundo pacífico entendimento doutrinário e jurisprudencial, não integram o conceito de “meio ambiente”. (B) O EIA/RIMA é exigido em todas as atividades e empreendimentos que possam causar impactos ambientais, devendo ser aprovado previamente à concessão da denominada Licença Ambiental Prévia. (C) O EIA/RIMA, além de ser aprovado entre as Licenças Ambientais Prévia e de Instalação, tem a sua metodologia e o seu conteúdo regrados exclusivamente por Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), podendo a entidade / o órgão ambiental licenciador dispensá-lo segundo critérios discricionários e independentemente de fundamentação, ainda que a atividade esteja prevista em Resolução CONAMA como passível de EIA/RIMA. Gabarito “B” (D) O EIA-RIMA é um instrumento de avaliação de impactos ambientais, de natureza preventiva, exigido para atividades/empreendimentos não só efetiva como potencialmente capazes de causar significativa degradação, sendo certo que a sua publicidade é uma imposição Constitucional (CRFB/1988). A: incorreta, pois o EIA/RIMA é um estudo complexo, é prévio ao licenciamento e abrange todos as facetas do meio ambiente, inclusive a relativa aos meios ambientes artificial e cultural; B: incorreta, pois o EIA/RIMA só é exigido em atividades e empreendimentos que possam causar significativo impacto ambiental (art. 225, IV, da CF); C: incorreta, pois se trata de um estudo prévio ao licenciamento (art. 225, IV, da CF), previsto não só em resoluções do CONAMA, como também na CF, em leis e em decretos, sendo que é um procedimento obrigatório, e não discricionário, caso esteja previsto como tal em resolução do CONAMA; D: correta, nos termos do art. 225, IV, da CF. (OAB/Exame Unificado – 2015.1) Miguel, empreendedor particular, tem interesse em dar início à construção de edifício comercial em área urbana de uma grande metrópole. Nesse sentido, consulta seu advogado e indaga sobre quais são as exigências legais para o empreendimento. Sobre a situação apresentada, assinale a afirmativa correta. (A) Não é necessária a realização de estudo de impacto ambiental, por ser área urbana, ou estudo de impacto de vizinhança, uma vez que não foi editada até hoje lei complementar exigida pela Constituição para disciplinar a matéria. Gabarito “D” (B) É necessário o estudo prévio de impacto ambiental, anterior ao licenciamento ambiental, a ser efetivado pelo município, em razão de o potencial impacto ser de âmbito local. (C) É necessária a realização de estudo de impacto de vizinhança, desde que o empreendimento esteja compreendido no rol de atividades estabelecidas em lei municipal. (D) É necessária a realização de estudo de impacto ambiental, o qual não será precedido necessariamente por licenciamento ambiental, uma vez que a atividade não é potencialmente causadora de impacto ambiental. A: incorreta, pois já foi editada a lei complementar em questão (LC 140/2011); B e D: incorretas, pois o estudo de impacto ambiente (EIA/RIMA) só é necessário em caso de significativo impacto ambiental, não havendo elementos no enunciado da questão para dizer que o caso é dessa natureza, tudo levando a crer, inclusive, de que não seja, por ser um mero edifício comercial; vale lembrar que o licenciamento ambiental é procedimento obrigatório toda vez que o empreendimento puder causar impacto ambiental (não sendo necessário que se trate impacto significativo, como é o caso do EIA/RIMA), de modo que o licenciamento ambiental sempre existe quando se tem necessidade de EIA/RIMA, mas o contrário não é verdade e, quando é, o EIA/RIMA é sempre anterior ao licenciamento ambiental; C: correta (art. 36 do Estatuto da Cidade – Lei 10.257/2001). (OAB/Exame Unificado – 2014.3) Antes de dar início à instalação de unidade industrial de produção de roupas no Município X, Julio Cesar consulta seu advogado acerca dos procedimentos prévios ao Gabarito “C” começo da construção e produção. Considerando a hipótese, assinale a afirmativa correta. (A) Caso a unidade industrial esteja localizada em terras indígenas, ela não poderá ser instalada. (B) Caso a unidade industrial esteja localizada e desenvolvida em dois estados da federação, ambos terão competência para o licenciamento ambiental. (C) Caso inserida em qualquer Unidade de Conservação, a competência para o licenciamento será do IBAMA. (D) Caso o impacto seja de âmbito local, a competência para o licenciamento ambiental será do Município. A: incorreta, pois admite-se a instalação em terra indígena, desde que devidamente licenciada pela União (art. 7º, XIV, “c”, da LC 140/2011); B: incorreta, pois nesse tipo de caso a competência é da União (art. 7º, XIV, “e”, da LC 140/2011); C: incorreta, pois a competência será da União quando o empreendimento ou atividade estiver localizado em unidades de conservação instituídas pela União (art. 7º, XIV, “d”, da LC 140/2011), será dos Estados quando localizados em unidades instituídas pelos Estados (art. 8º, XV, da LC 140/2011) e será dos Municípios quando localizados em unidades instituídas pelos Municípios (art. 9º, XIV, “b”, da LC 140/11); D: correta (art. 9º, XIV, “a”, da LC 140/2011). (OAB/Exame Unificado – 2014.2) Kellen, empreendedora individual, obtém, junto ao órgão municipal, licença de instalação de uma fábrica de calçados. A respeito da hipótese formulada, assinale a afirmativa correta. Gabarito “D” (A) A licença não é válida, uma vez que os municípios têm competência para a análise de estudos de impacto ambiental, mas não para a concessão de licença ambiental. (B) Com a licença de instalação obtida, a fábrica de calçados poderá iniciar suas atividades de produção, gerando direito adquirido pelo prazo mencionado na licença expedida pelo município. (C) A licença é válida, porém não há impedimento que um Estado e a União expeçam licenças relativas ao mesmo empreendimento, caso entendam que haja impacto de âmbito regional e nacional, respectivamente. (D) Para o início da produção de calçados, é imprescindível a obtenção de licença de operação, sendo concedida após a verificação do cumprimento dos requisitos previstos nas licenças anteriores. A: incorreta, pois os municípios têm competência para a concessão de licença ambiental nos casos de atividades que causam impacto ambiental local (art. 9º, XIV, “a”, da LC 140/2011), desde que tenham conselho municipal do meio ambiente e órgão capacitado a executar as atividades (art. 15, II, da LC 140/2011); B: incorreta, pois somente a licença de operação é que permite o início das atividades de produção (art. 19, III, do Decreto Federal 99.274/1990); C: incorreta, pois o art. 13, caput, da Lei Complementar 140/11 consagra o princípio da unicidade, pelo qual os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, ambientalmente, por um único ente federativo. Os demais entes interessados podem se manifestar junto ao órgão responsável pela licença ou autorização, de maneira não vinculante, respeitados os prazos e procedimentos do licenciamento ambiental; D: correta (art. 19, III, do Decreto Federal 99.274/1990). (OAB/Exame Unificado – 2012.3.A) A Lei Complementar n. 140 de 2011 fixou normas para a cooperação entre os entes da federação nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas ao meio ambiente. Sobre esse tema, assinale a afirmativa correta. (A) Compete à União aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações sucessoras em reas de Preservação Ambientais – APAs. (B) Compete aos Estados e ao Distrito Federal controlar a introdução no País de espécies exóticas potencialmente invasoras que possam ameaçar os ecossistemas, habitats e espécies nativas.(C) Compete aos municípios gerir o patrimônio genético e o acesso ao conhecimento tradicional associado, respeitadas as atribuições setoriais. (D) Compete à União aprovar a liberação de exemplares de espécie exótica da fauna e da flora em ecossistemas naturais frágeis ou protegidos. A: incorreta, pois a definição do ente federativo responsável pelo licenciamento ambiental e também pela autorização para aprovar o manejo e a supressão de vegetação varia de acordo com os critérios previstos na Lei Complementar 140/2011, podendo ser da União, dos Estados ou dos Municípios (art. 12, parágrafo único, da LC 140/2011), não sendo, assim, da alçada exclusiva da União; B: incorreta, pois compete à União (art. 7º, XVII, da LC 140/2011); C: incorreta, pois compete à União (art. 7º, XXIII, da LC 140/2011); D: correta (art. 7º, XVIII, da LC 140/2011). Gabarito “D” (OAB/Exame Unificado – 2012.3.B) A respeito dos princípios aplicáveis ao Licenciamento e ao Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA), assinale a afirmativa correta. (A) O licenciamento ambiental é norteado pelos princípios da informação e da participação popular. Logo, a audiência pública é uma etapa fixa do processo de avaliação ambiental, não podendo ser dispensada pelo órgão ambiental competente. (B) O licenciamento ambiental e o estudo prévio de impacto ambiental devem preceder toda obra em área pública, em razão do princípio da função socioambiental da propriedade. (C) O licenciamento ambiental pode ocorrer sem que haja audiência pública. Porém, havendo EIA, esta pode ser realizada de ofício pelo órgão ambiental ao julgar necessária ou requerida por, no mínimo, 50 cidadãos, por entidade civil ou pelo Ministério Público, em razão dos princípios da informação e da participação popular. (D) O licenciamento ambiental se baseia no princípio da prevenção de danos. Logo, só atividades em que haja certeza científica e inconteste de degradação ambiental estão sujeitas ao estudo prévio de impacto ambiental. A: incorreta, pois a audiência pública não é etapa fixa do processo de avaliação ambiental; até mesmo em EIA/RIMA, estudo muito mais abrangente do que uma avaliação ambiental simples, não há essa obrigatoriedade absoluta, já que a norma estabelece que “sempre que julgar necessário, ou quando for solicitado por entidade civil, pelo Ministério Público, ou por 50 (cinquenta) ou mais cidadãos, o órgão de Meio Ambiente promoverá a realização de Gabarito “D” audiência pública” (art. 2º, caput, da Resolução CONAMA n. 9/1987); B: incorreta, pois, seja obra pública, seja obra privada, o licenciamento ambiental é necessário apenas quando uma atividade puder causar degradação ambiental e o estudo de impacto ambiental é necessário toda vez que uma atividade puder causar significativa degradação ambiental; C: correta (art. 2º, caput, da Resolução CONAMA n. 9/1987); D: incorreta, pois, pelo princípio da precaução, em casos de incerteza científica de degradação ambiental, também será necessário licenciamento ambiental. (OAB/Exame Unificado – 2013.2) Técnicos do IBAMA, autarquia federal, verificaram que determinada unidade industrial, licenciada pelo Estado no qual está localizada, está causando degradação ambiental significativa, vindo a lavrar auto de infração pelos danos cometidos. Sobre o caso apresentado e aplicando as regras de licenciamento e fiscalização ambiental previstas na Lei Complementar n. 140/2011, assinale a afirmativa correta. (A) Há irregularidade no licenciamento ambiental, uma vez que em se tratando de atividade que cause degradação ambiental significativa, o mesmo deveria ser realizado pela União. (B) É ilegal a fiscalização realizada pelo IBAMA, que só pode exercer poder de polícia de atividades licenciadas pela União, em sendo a atividade regularmente licenciada pelo Estado. (C) É possível a fiscalização do IBAMA o qual pode, inclusive, lavrar auto de infração, que, porém, não prevalecerá caso o órgão estadual de fiscalização também lavre auto de infração. Gabarito “C” (D) Cabe somente à União, no exercício da competência de fiscalização, adotar medidas para evitar danos ambientais iminentes, comunicando imediatamente ao órgão competente, em sendo a atividade licenciada pelo Estado. A: incorreta, pois compete à União fazer o licenciamento ambiental nos casos previstos no art. 7º, XIV, da Lei Complementar 140/2011 e o simples fato de uma degradação ambiental ser significativa não está previsto no dispositivo em questão como hipótese de competência federal; vale lembrar que, em caso de impacto local (conforme definido em resoluções dos Conselhos Estaduais do Meio Ambiente), a competência é do Município (art. 9º, XIV, da LC 140/2011), nos casos previstos no art. 7º, XIV, da LC 140/2011, da União e, nos demais casos, a competência para o licenciamento ambiental é dos Estados (art. 8º, XIV, da LC 140/2011); B: incorreta; normalmente o ente que tiver promovido o licenciamento ambiental é quem vai fazer a fiscalização, o poder de polícia, para apurar as infrações à legislação ambiental no local (art. 17, caput, da LC 140/2011); porém, tal regra “não impede o exercício pelos entes federativos da atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização” para o caso (art. 17, § 3º, da LC 140/2011); C: correta (art. 17, § 3º, da LC 140/2011), lembrando que o IBAMA é autarquia criada pela União para atuar nesse segmento; D: incorreta, pois nesse tipo de caso (iminência de dano ambiental), o próprio ente federativo que tiver conhecimento do fato (no caso, a União) deverá determinar as providências para evitá-la, cessá-la ou mitigá-la, comunicando imediatamente ao órgão competente para as providências cabíveis (art. 17, § 2º, da LC 140/2011). (OAB/Exame Unificado – 2012.1) Um shopping center, que possui cerca de 250 lojas e estacionamento para dois mil veículos, foi construído há doze anos sobre um antigo aterro sanitário e, desde sua inauguração, sofre com a decomposição de material orgânico do subsolo, havendo emissão diária de gás metano, em níveis considerados perigosos à saúde humana, podendo causar explosões. Em razão do caso exposto, assinale a alternativa correta: (A) Como o shopping foi construído há mais de cinco anos, a obrigação de elaborar estudo prévio de impacto ambiental e de se submeter a licenciamento já prescreveu. Assim, o empreendimento poderá continuar funcionando. (B) A licença de operação ambiental tem prazo de validade de dez anos. Logo, o shopping já cumpriu com suas obrigações referentes ao licenciamento e ao estudo prévio de impacto ambiental, e poderá continuar com suas atividades regularmente. (C) A decomposição de material orgânico continua ocorrendo, e é considerada perigosa à saúde humana e ao meio ambiente. Logo, o shopping center em questão poderá ser obrigado pelo órgão ambiental competente a adotar medidas para promover a dispersão do gás metano, de forma a minimizar ou anular os riscos ambientais, mesmo que já possua licença de operação válida. (D) Caso o shopping center possua licença de operação válida, não poderá ser obrigado pelo órgão ambiental competente, no caso exposto, a adotar novas medidas para a dispersão do gás metano. Gabarito “C” Apenas no momento da renovação de sua licença de operação poderá ser obrigado a adquirir novo equipamento para tal fim. A: incorreta, pois as obrigações mencionadas são permanentes em matéria ambiental, não prescrevendo; prova disso são os fatos de que a pretensão de reparação civil ambiental é imprescritível e de que as licenças ambientais são sempre temporárias, o que, neste caso, impõe que os empreendedores estejam sempre tendo que pedir ou renovar a licença ambiental; B: incorreta; primeiro porque o shopping já tem 12 anos e, caso tenha sidoexigida a licença de operação, esta, se fosse de 10 anos, já estaria vencida; segundo porque a licença de operação nem sempre tem prazo de validade de 10 anos; o art. 18, III, da Resolução CONAMA n. 237/1997 estabelece que o prazo da licença de operação variará de 04 (quatro) a 10 (dez) anos; C: correta, considerando os argumentos apresentados na resposta à alternativa “A”; D: incorreta, pois, mesmo diante de uma licença de operação ainda em validade, “o órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer”, por exemplo, “superveniência de graves riscos ambientais e de saúde” (art. 19, III, da Resolução CONAMA n. 237/1997). (OAB/Exame Unificado – 2011.3.B) Uma empresa de telefonia celular deseja instalar uma antena próxima a uma floresta localizada no município de Cantinho Feliz. A antena produzirá uma quantidade significativa de energia eletromagnética. Com base no exposto, assinale a alternativa correta. Gabarito “C” (A) Como a energia é incolor e inodora, e é praticamente imperceptível a olho nu, não pode ser considerada potencialmente poluente. Logo, o Poder Público não pode exigir licenciamento e estudo prévio de impacto ambiental à empresa de telefonia, porque não há como comprovar o risco de impacto ambiental. (B) Como não há certeza científica sobre a existência de riscos ambientais causados pela poluição eletromagnética, o princípio da prevenção deve ser invocado, e a empresa de telefonia deverá solicitar ao Município de Cantinho Feliz que faça o licenciamento e que elabore o estudo prévio de impacto ambiental. (C) O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é visto pelos tribunais superiores como um direito fundamental e possui viés antropocêntrico. Logo, se a área não for habitada por seres humanos, o Poder Público não poderá exigir licenciamento e estudo prévio de impacto ambiental. (D) Caso haja licenciamento e estudo prévio de impacto ambiental para avaliar a possível instalação da antena, o órgão competente não estará necessariamente obrigado a marcar a audiência pública. Entretanto, ela pode ser requerida por abaixo-assinado subscrito por, no mínimo, 50 cidadãos, por entidade civil ou pelo Ministério Público. A: incorreta; o fato de a energia eletromagnética ser incolor e inodora não quer dizer que ela não possa causar dano ao meio ambiente; B: incorreta, pois quando há incerteza científica sobre a existência de riscos ambientais, o princípio invocável é o da precaução, e não o da prevenção; C: incorreta, pois, mais do que nunca, tem sido reconhecido que o meio ambiente tem um valor intrínseco, devendo ser protegido independentemente da presença humana; ainda que assim não fosse, a ausência de presença humana não significa que um dano ambiental não vá, no futuro, afetar o ser humano; D: correta (art. 2º da Resolução CONAMA n. 9/1987). (FGV – 2014) Com relação à Lei Complementar n. 140/2011, que fixou normas para a cooperação entre os entes da federação nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas ao meio ambiente, analise as afirmativas a seguir. I. O ente federativo poderá delegar a execução de ações administrativas de sua competência, desde que o ente delegatário disponha de órgão ambiental capacitado e de conselho de meio ambiente. II. Na atuação supletiva há substituição do ente federativo originariamente detentor da competência, conforme hipóteses legais, enquanto na atuação subsidiária cuida-se de auxiliar no desempenho de atribuições decorrentes das competências comuns. III. A LC n. 140/11 adota o posicionamento de que o licenciamento ambiental deve ser conduzido por um único ente federativo. Assinale: (A) se somente a afirmativa I estiver correta. (B) se somente a afirmativa II estiver correta. (C) se somente a afirmativa III estiver correta. (D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. (E) se todas as afirmativas estiverem corretas. Gabarito “D” I: correta (art. 5º, caput, da LC 140/2011); II: correta (art. 2º, II e III, da LC140/2011); III: correta, tratando-se do princípio da unicidade (art. 13, caput, da LC 140/2011). 8. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (OAB/Exame XXXVI) A sociedade empresária Gama requereu licença ambiental para empreendimento da área de petróleo e gás natural, com significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento no estudo de impacto ambiental e respectivo relatório – EIA/RIMA, apresentados pelo próprio empreendedor no curso do processo de licenciamento. Preenchidos os requisitos legais, o órgão ambiental concedeu a licença ambiental com uma série de condicionantes, entre elas, a obrigação do empreendedor de apoiar a implantação e a manutenção de determinada unidade de conservação do grupo de proteção integral. Para tanto, observado o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento licenciado e, de acordo com critérios técnicos, legais e jurisprudenciais, foi regularmente arbitrado pelo órgão licenciador o montante de dez milhões de reais a ser destinado pelo empreendedor para tal finalidade. No caso em tela, de acordo com a Lei nº 9.985/00, a condicionante descrita é uma obrigação que visa à (A) mitigação ambiental. (B) compensação ambiental. (C) punição por dano ambiental. Gabarito “E” (D) inibição por dano ambiental. A, C e D: incorretas, pois as condicionantes mencionadas no enunciado da questão estão regulamentadas no art. 36 da Lei 9.985/00, sendo que o p. 3º deste dispositivo estabelece que a natureza dessas medidas é de uma “compensação” ambiental; B: correta, pois as condicionantes mencionadas no enunciado da questão estão regulamentadas no art. 36 da Lei 9.985/00, sendo que o p. 3º deste dispositivo estabelece que a natureza dessas medidas é de uma “compensação” ambiental. (OAB/Exame XXXIII – 2020.3) Há grande interesse das sociedades empresárias do setor petrolífero na exploração de áreas localizadas no mar. Nessas áreas, segundo grupos ambientalistas, foi constatada a presença de rara e sensível formação de recifes costeiros. Sobre a hipótese, assinale a opção que indica a medida adequada que o Poder Público deve tomar para manter a área preservada. (A) Criar uma Reserva Legal. (B) Criar um Parque Nacional Marinho. (C) Autorizar a criação de uma Zona de Amortecimento. (D) Estabelecer uma Área de Indisponibilidade da Zona Costeira. A: incorreta, pois vários motivos; primeiro porque a reserva legal é uma reserva que não é propriamente criada, mas sim imposta diretamente pela lei (art. 12, caput, da Lei 12.651/12); segundo porque a reserva legal é um instrumento voltado aos imóveis rurais em geral, e não exatamente à formação vegetal marítima; e terceiro porque a reserva legal protege apenas uma fração da propriedade Gabarito “B” (por exemplo, 20% dela – art. 12, II, da Lei 12.651/12), o que não traria a proteção esperada no caso em análise; B: correta; há previsão legal expressa para a criação de um Parque Nacional para a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica (art. 11, caput, da Lei 9.985/00), como parece ser o caso; outro ponto importante é que o mar é considerado uma área pública, e o Parque Nacional é um tipo de unidade de conservação específica voltada para as áreas públicas (art. 11, § 1º, da Lei 9.985/00); C: incorreta, pois a zona de amortecimento é uma zona criada no entorno de uma unidade de conservação, com o objetivo de restringir atividades humanas (art. 2º, XVIII, da Lei 9.985/00) para minimizar os impactos negativos sobre a unidade, e, no caso em tela, a ideia é preservar por inteiro essas formações, daí porque é necessário criar uma específica unidade de conservação para tanto, sem prejuízo de uma zona de amortecimento adicional à unidade criada; e; D: incorreta, pois não existe uma tipo de unidade de conservação com esse nome destinada a protegeras formações mencionadas no enunciado da questão. (OAB/Exame Unificado – 2019.1) O Ministro do Meio Ambiente recomenda ao Presidente da República a criação de uma Unidade de Conservação em área que possui relevante ecossistema aquático e grande diversidade biológica. Porém, em razão da grave crise financeira, o Presidente pretende que a União não seja compelida a pagar indenização aos proprietários dos imóveis inseridos na área da Unidade de Conservação a ser criada. Considerando o caso, assinale a opção que indica a Unidade de Conservação que deverá ser criada. Gabarito “B” (A) Estação Ecológica. (B) Reserva Biológica. (C) Parque Nacional. (D) Área de Proteção Ambiental. A: incorreta, pois a Estação Ecológica depende de desapropriação de áreas e, portanto, de pagamento de indenização aos proprietários dos imóveis (art. 9º, § 1º, da Lei 9.985/00); B: incorreta, pois a Reserva Biológica depende de desapropriação de áreas e, portanto, de pagamento de indenização aos proprietários dos imóveis (art. 10, § 1º, da Lei 9.985/00); C: incorreta, pois o Parque Nacional depende de desapropriação de áreas e, portanto, de pagamento de indenização aos proprietários dos imóveis (art. 11, § 1º, da Lei 9.985/00); D: correta, pois uma Área de Proteção Ambiental, por ser uma mera limitação administrativa que pode ser instituída em área particular, não importa, em regra, em pagamento de indenização aos proprietários dos imóveis, por não inviabilizar o uso da propriedade nos limites legais (art. 15 da Lei 9.985/00). (OAB/Exame Unificado – 2016.1) Paulo é proprietário de um grande terreno no qual pretende instalar um loteamento, já devidamente aprovado pelo Poder Público. Contudo, antes que Paulo iniciasse a instalação do projeto, sua propriedade foi integralmente incluída nos limites de um Parque Nacional. Considerando as normas que regem o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, é correto afirmar que (A) Paulo deverá aguardar a elaboração do plano de manejo do parque para verificar a viabilidade de seu empreendimento. Gabarito “D” (B) Paulo poderá ajuizar ação com o objetivo de ser indenizado pelo lucro cessante decorrente da inviabilidade do empreendimento. (C) Caso seu terreno não seja desapropriado, Paulo poderá ajuizar ação de desapropriação indireta em face da União. (D) Paulo não poderá implementar seu loteamento, mas poderá explorar o ecoturismo na área com cobrança de visitação. A: incorreta, pois o Parque Nacional é um tipo de Unidade de Proteção Integral, unidade essa que só admite o uso indireto do imóvel, ressalvadas as poucas exceções legais (art. 7º, § 1º, da Lei 9.985/2000), exceções essas que, por sinal, não se aplicam ao Parque Nacional; dessa forma, de nada vai adiantar Paulo aguardar o plano de manejo, pois este não deverá autorizar o uso do bem; B: incorreta, pois, caso o Poder Público não ingresse com ação desapropriação do imóvel, Paulo deverá ajuizar ação de desapropriação indireta, cujo foco é a indenização pela perda da propriedade; C: correta, já que esse tipo de unidade de conservação impõe a desapropriação do imóvel (art. 11, § 1º, da Lei 9.985/2000); D: incorreta, esse tipo de unidade de conservação impõe a desapropriação do imóvel pelo Poder Público, de modo que Paulo não poderá explorar qualquer tipo de negócio no local, aí incluído o ecoturismo (art. 11, § 1º, da Lei 9.985/2000). (OAB/Exame Unificado – 2015.2) Determinado Município, por intermédio de lei que contemplou questões como potencial construtivo, zoneamento de bairros e complexos esportivos, reduziu os limites de uma determinada Unidade de Conservação. Gabarito “C” Considerando o caso hipotético em tela, assinale a opção que se harmoniza com a legislação ambiental. (A) A lei municipal em questão será considerada válida e eficaz, pois a redução dos limites de uma Unidade de Conservação pode ser feita até mesmo por Decreto. (B) A redução de limites, assim como a desafetação de uma Unidade de Conservação, não demanda lei específica, exigindo apenas a necessária e prévia aprovação de Estudo de Impacto Ambiental e respectivo relatório (EIA-RIMA). (C) A redução operada pela lei, para produzir efeitos, dependerá da aprovação do Conselho Gestor da Unidade de Conservação impactada, garantindo-se a participação pública direta no referido procedimento de deliberação e aprovação. (D) A redução dos limites da Unidade de Conservação, conquanto possa evidenciar os efeitos concretos da lei, somente pode ser feita mediante lei específica, regra esta que também se aplica à desafetação. A e B: incorretas, pois a redução dos limites de uma unidade de conservação (e a desafetação desta também) só pode ser feita mediante lei específica (art. 22, § 7º, da Lei 9.985/2000, não podendo, portanto, ser feita por decreto ou atos de outra natureza; C: incorreta, pois não há essa exigência na legislação, até porque a lei específica teria primazia em relação a atos de hierarquia inferior; D: correta (art. 22, § 7º, da Lei 9.985/2000). (OAB/Exame Unificado – 2014.1) Bruno é proprietário de pousada que está em regular funcionamento há seis anos e explora o ecoturismo. Gabarito “D” Na área em que a pousada está localizada, o estado da federação pretende instituir estação ecológica com o objetivo de promover a proteção da flora e da fauna locais. A partir do caso apresentado, assinale a afirmativa correta. (A) Não é possível o estado instituir a estação ecológica, pois fere o princípio da segurança jurídica, tendo em vista que a pousada funcionava regularmente há mais de cinco anos. (B) É possível a instituição da estação ecológica pelo estado da federação, não impedindo o funcionamento da pousada, visto que Bruno tem direito adquirido ao exercício da atividade econômica. (C) É possível a instituição da estação ecológica com a cessação da atividade econômica da pousada, desde que o Poder Público Estadual indenize Bruno pelos prejuízos que a instituição da unidade de conservação causar à sua atividade. (D) É possível a instituição da estação ecológica com a cessação da atividade econômica da pousada, não cabendo ao Poder Público qualquer forma de indenização, tendo em vista a supremacia do interesse coletivo sobre os interesses individualmente considerados. A, B e D: incorretas, pois a lei prevê, para o caso, que o imóvel seja desapropriado (art. 9º, § 1º, da Lei 9.985/2000), prevalecendo o interesse público em instituir a unidade de conservação versus o interesse privado em manter a pousada no local, valendo lembrar que a desapropriação, nos termos da própria Constituição Federal, impõe a devida indenização, que deve ser prévia, justa e em dinheiro (art. 5º, XXIV); C: correta (art. 9º, § 1º, da Lei 9.985/2000). Gabarito “C” (OAB/Exame Unificado – 2012.3.B) Com relação ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação, assinale a afirmativa correta. (A) As unidades de conservação devem ser criadas por lei, exigindo-se para tal prévia consulta pública e elaboração de estudo prévio de impacto ambiental. (B) São unidades de conservação do grupo de proteção integral a floresta nacional, o parque nacional, a área de proteção ambiental e a reserva de fauna. (C) As unidades de conservação do grupo de proteção integral podem ter seus limites reduzidos, através de lei específica. (D) São unidades de conservação do grupo de uso sustentável a estação ecológica, a reserva extrativista e a reserva particular do patrimônio natural. A: incorreta, pois a criação de unidades de conservação pode se dar por ato do Poder Público (não sendo necessário que se trate de uma lei – art. 22, caput, da Lei 9.985/2000); ademais, apesar de a criação dessas unidades reclamar prévia consulta pública (e estudos técnicos também), não é necessária a elaboração de estudo prévio de impacto ambiental (art. 22, caput e § 2º, da Lei 9.985/2000); B: incorreta, pois a floresta nacional, a área de proteção ambiental e a reserva de fauna não são unidades de proteção integral (art. 8º da Lei 9.985/2000),mas unidades de uso sustentável (art. 14, I, III e V, da Lei 9.985/2000); C: correta (art. 22, § 7º, da Lei 9.985/2000); D: incorreta, pois a estação ecológica não é unidade de uso sustentável (art. 14 da Lei 9.985/2000), mas unidade de proteção integral (art. 8º, I, da Lei 9.985/2000). Gabarito “C” (OAB/Exame Unificado – 2012.2) Sobre a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), assinale a afirmativa correta. (A) As RPPN’s são unidades de conservação criadas em áreas de posse e domínios privados, gravadas com perpetuidade, e deverão ser averbadas, por intermédio de Termo de Compromisso, no Registro Público de Imóveis (B) As RPPN’s são unidades de conservação criadas em áreas de posse pública e domínio privado, e deverão ser averbadas, por intermédio de Termo de Compromisso, no Registro Público de Imóveis (C) As RPPN’s são unidades de conservação criadas em áreas de posse e domínios privados, deverão ser averbadas, por intermédio de Termo de Compromisso, no Registro Público de Imóveis. Porém não serão perpétuas, em razão do direito fundamental à propriedade privada. (D) As RPPN’s são unidades de conservação criadas em áreas de posse pública e domínio privado. Em razão do princípio da defesa do meio ambiente são instituídas automaticamente, sem necessidade de avaliação do órgão ambiental, bastando o interesse do proprietário privado e a averbação, por intermédio de Termo de Compromisso, no Registro Público de Imóveis. A: correta, conforme o disposto no art. 21, caput, e § 1º, da Lei 9.985/2000; B: incorreta, pois as RPPN’s são unidades de conservação criadas em áreas de posse e domínios privados, e não em áreas de posse pública (art. 21, caput, da Lei 9.985/2000); C: incorreta, pois as RPPN’s são gravadas com perpetuidade; D: incorreta, pois as RPPN’s são unidades de conservação criadas em áreas de posse e domínios privados, e não em áreas de posse pública (art. 21, caput, da Lei 9.985/2000); ademais, as RPPN’s não são instituídas automaticamente, sendo necessária aprovação perante o órgão ambiental, que verificará a existência de interesse público (art. 21, § 1º, da Lei 9.985/2000). (OAB/Exame Unificado – 2012.1) O Prefeito do Município de Belas Veredas, após estudos técnicos e realização de audiência pública, decide pela criação de um parque, em uma área onde podem ser encontrados exemplares exuberantes de Mata Atlântica. Assim, edita decreto que fixa os limites do novo parque municipal. Passados dois anos, recebe pedidos para que o parque seja reavaliado e transformado em uma Área de Relevante Interesse Ecológico, com uma pequena redução de seus limites. Tendo em vista a situação descrita, assinale a alternativa correta. (A) Em razão do princípio da simetria das formas no direito ambiental, a Unidade de Conservação criada por ato do Poder Executivo poderá ser reavaliada e ter seus limites reduzidos também por decreto. (B) Como a Mata Atlântica é considerada patrimônio nacional, por força do art. 225, § 4º, da CRFB, apenas a União possui competência para a criação de unidades de conservação que incluam tal bioma em seus limites. (C) A criação do parque é constitucional e legal, mas, como a área está definida como Unidade de Conservação de Proteção Integral, a alteração para Área de Relevante Interesse Ecológico, que é de Unidade de Conservação de Uso Sustentável, com redução de limites, só pode ser feita por lei. (D) A reavaliação poderá ser feita por decreto, uma vez que a Área de Relevante Interesse Ecológico também é uma Unidade de Gabarito “A” Conservação do grupo de proteção integral. A: incorreta, pois quando o objetivo for a redução dos limites de uma unidade de conversão somente por lei específica é possível tal transformação (art. 22, § 7º, da Lei 9.985/2000); caso o objetivo fosse a ampliação da unidade de conservação, aí sim poder-se-ia usar do mesmo instrumento utilizado para a criação da unidade, no caso, um decreto (art. 22, § 6º, da Lei 9.985/2000); B: incorreta, pois as unidades de conservação são criadas por ato do Poder Público (art. 22 da Lei 9.985/2000), seja ele de qual esfera federativa for; ademais, a própria Lei da Mata Atlântica (Lei 11.428/2006) não traz disposição no sentido do texto da alternativa; C: correta (art. 22, § 7º, da Lei 9.9985/2000); D: incorreta, pois a Área de Relevante Interesse Ecológico é unidade de conservação de uso sustentável (art. 14, II, da Lei 9.985/2000), e não de proteção integral (art. 8º da Lei 9.985/2000. (OAB/Exame Unificado – 2011.3.A) Com relação ao sistema nacional de unidades de conservação, assinale a alternativa correta. (A) As unidades de conservação do grupo de proteção integral são incompatíveis com as atividades humanas; logo, não se admite seu uso econômico direto ou indireto, não podendo o Poder Público cobrar ingressos para a sua visitação. (B) A ampliação dos limites de uma unidade de conservação, sem modificação dos seus limites originais, exceto pelo acréscimo proposto, pode ser feita por instrumento normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a unidade. O Poder Público está dispensado de promover consulta pública e estudos técnicos Gabarito “C” novos, bastando a reanálise dos documentos que fundamentaram a criação da unidade de conservação. (C) O parque nacional é uma unidade de conservação do grupo de proteção integral, de posse e domínios públicos. É destinado à preservação ambiental e ao lazer e à educação ambiental da população; logo, não se admite seu uso econômico direto ou indireto, não podendo o Poder Público cobrar ingressos para a sua visitação. (D) As unidades de conservação do grupo de Uso Sustentável podem ser transformadas total ou parcialmente em unidades do grupo de Proteção Integral, por instrumento normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, desde que respeitados os procedimentos de consulta pública e estudos técnicos. A: incorreta, pois, nas unidades de proteção integral, não se admite o uso direto, mas se admite o uso indireto dos seus recursos naturais (art. 7º, § 1º, da Lei 9.985/2000); ademais, admite-se a cobrança de ingressos para a sua visitação (art. 35 da Lei 9.985/2000); B: incorreta, pois será necessário, sim, promover novos estudos técnicos e consulta pública (art. 22, § 6º, da Lei 9.985/2000); C: incorreta, pois o parque nacional é destinado à preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico (art. 11, caput, da Lei 9.985/2000); tratando-se de unidade de conservação de proteção integral (art. 8º, caput e III, da Lei 9.985/2000) é admitido sim o USO INDIRETO dos seus recursos naturais (art. 7º, § 1º, da Lei 9.985/2000); ademais, admite- se a cobrança de ingressos para a sua visitação (art. 35 da Lei 9.985/2000); D: correta (art. 22, § 6º, da Lei 9.985/2000). (OAB/Exame Unificado – 2011.3.A) A Lei 9.985/2000 instituiu a compensação ambiental, posteriormente julgada pelo Supremo Tribunal Federal. A respeito do tema, é correto afirmar que (A) a compensação ambiental será concretizada, pelo empreendedor, pelo plantio de mudas de espécies nativas no entorno de unidades de conservação, visando reduzir os impactos ambientais dos empreendimentos potencialmente poluidores, especialmente aqueles que emitem gases causadores do efeito estufa. (B) a compensação ambiental é exigida nos processos de licenciamento ambiental de empreendimentos potencialmente causadores de impactos significativos no meio ambiente, e será exigida em espécie, apurando-se o seu valor de acordo o grau de impacto causado, sendo os recursos destinados a uma unidade de conservação do grupo de proteção integral. (C) a compensação ambiental é exigida nos processos de licenciamento ambiental de empreendimentos potencialmente causadores de impactos significativos no meio ambiente, e seráexigida em espécie, apurando-se o seu valor de acordo com o grau de impacto causado, sendo os recursos destinados a uma unidade de conservação à escolha do empreendedor, em razão do princípio da livre-iniciativa. (D) a compensação ambiental foi considerada inconstitucional, por violar frontalmente o princípio do poluidor-pagador, uma vez que permitia ao empreendedor compensar os possíveis danos ambientais de seu empreendimento por meio de um pagamento, em espécie, destinado a uma unidade de conservação do grupo de Gabarito “D” proteção integral. Logo, não pode mais ser exigida ou mesmo oferecida pelo órgão ambiental competente. Vide o art. 36 da Lei 9.985/2000 e a ementa do entendimento jurisprudencial mencionado, cujo teor é o seguinte: “EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 36 E SEUS §§ 1º, 2º E 3º DA LEI Nº 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000. CONSTITUCIONALIDADE DA COMPENSAÇÃO DEVIDA PELA IMPLANTAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS DE SIGNIFICATIVO IMPACTO AMBIENTAL. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO § 1º DO ART. 36. 1. O compartilhamento-compensação ambiental de que trata o art. 36 da Lei n. 9.985/2000 não ofende o princípio da legalidade, dado haver sido a própria lei que previu o modo de financiamento dos gastos com as unidades de conservação da natureza. De igual forma, não há violação ao princípio da separação dos Poderes, por não se tratar de delegação do Poder Legislativo para o Executivo impor deveres aos administrados. 2. Compete ao órgão licenciador fixar o quantum da compensação, de acordo com a compostura do impacto ambiental a ser dimensionado no relatório – EIA/RIMA. 3. O art. 36 da Lei n. 9.985/2000 densifica o princípio usuário-pagador, este a significar um mecanismo de assunção partilhada da responsabilidade social pelos custos ambientais derivados da atividade econômica. 4. Inexistente desrespeito ao postulado da razoabilidade. Compensação ambiental que se revela como instrumento adequado à defesa e preservação do meio ambiente para as presentes e futuras gerações, não havendo outro meio eficaz para atingir essa finalidade constitucional. Medida amplamente compensada pelos benefícios que sempre resultam de um meio ambiente ecologicamente garantido em sua higidez. 5. Inconstitucionalidade da expressão “não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento”, no § 1º do art. 36 da Lei n. 9.985/2000. O valor da compensação-compartilhamento é de ser fixado proporcionalmente ao impacto ambiental, após estudo em que se assegurem o contraditório e a ampla defesa. Prescindibilidade da fixação de percentual sobre os custos do empreendimento. 6. Ação parcialmente procedente” (DJ 20.06.2008). Assim, a alternativa “A” está incorreta, pois a compensação será feita em dinheiro. A alternativa “B” está correta. A alternativa “C” está incorreta, pois compete ao órgão licenciador (e não ao empreendedor) definir as unidades de conservação a serem beneficiadas (art. 36, § 2º, da Lei 9.985/2000). E a alternativa “D” está incorreta, pois, como se viu da ementa citada, a compensação ambiental em si não foi considerada inconstitucional. (OAB/Exame Unificado – 2010.3) A Lei 9.985/2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, previu que as unidades de conservação devem dispor de uma zona de amortecimento definida no plano de manejo. A esse respeito, assinale a alternativa correta. (A) As Áreas de Proteção Ambiental – APAs não precisam demarcar sua zona de amortecimento. (B) As Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPN são obrigadas a elaborar plano de manejo delimitando suas zonas de amortecimento, por conta própria e orientação técnica particular. (C) Tanto as unidades de conservação de proteção integral como as de uso sustentado devem elaborar plano de manejo, delimitando suas zonas de amortecimento. Gabarito “B” (D) Os parques, como unidades de conservação de uso sustentado, não têm zona de amortecimento. De acordo com o art. 25, caput, da Lei 9.985/2000: “As unidades de conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, devem possuir uma zona de amortecimento e, quando conveniente, corredores ecológicos”. (FGV – 2014) A Lei n. 9.985/2000 instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Nos termos deste diploma legal, assinale a afirmativa incorreta. (A) As unidades de conservação integrantes do SNUC dividem-se em Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável. (B) As Unidades de Uso Sustentável tem como objetivo básico compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. (C) O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto de unidades de conservação nas categorias de Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural e Refúgio de Vida Silvestre. (D) A Estação Ecológica tem como objetivo a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais. (E) O Monumento Natural tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica, sendo constituído por áreas particulares, desde que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários. Gabarito “A” A: correta (art. 7º, I e II, da Lei 9.985/2000); B: assertiva correta (art. 7º, § 2º, da Lei 9.985/00); C: correta (art. 8º, I a V, da Lei 9.985/2000); D: incorreta, devendo ser assinalada, pois a alternativa trouxe o objetivo da reserva biológica e não da estação ecológica (art. 10, caput, da Lei 9.985/2000); E: correta (art. 12, caput e § 1º, da Lei 9.985/2000). (FGV – 2010) Assinale a afirmativa que indica a área de proteção integral, que tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica. (A) Estação Ecológica. (B) Monumento Natural. (C) Parque Nacional. (D) Refúgio da Vida Silvestre. (E) Reserva Biológica. Assim dispõe o art. 12, caput, da Lei 9.985/2000: “O Monumento Natural tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica.”. (FGV – 2010) A área de uso sustentável, em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotadas de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas. Tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o Gabarito “D” Gabarito “B” processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. O texto acima refere-se à: (A) Área de Proteção Ambiental. (B) Área de Relevante Interesse Ecológico. (C) Floresta Nacional. (D) Reserva de Fauna. (E) Reserva Extrativista. O texto acima descreveu a previsão contida no art. 15, caput, da Lei 9.985/2000, que define Área de Proteção Ambiental. 9. PROTEÇÃO DA FLORA. CÓDIGO FLORESTAL. MATA ATLÂNTICA (OAB/Exame Unificado – 2019.3) Renato, proprietário de terra rural inserida no Município X, pretende promover a queimada da vegetação existente para o cultivo de cana-de-açúcar. Assim, consulta seu advogado, indagando sobre a possibilidade da realização da queimada. Sobre o caso narrado, assinale a afirmativa correta. (A) A queimada poderá ser autorizada pelo órgão estadual ambiental competente do SISNAMA, caso as peculiaridades dos locais justifiquem o emprego do fogo em práticas agropastoris ou florestais. (B) A queimada poderá ser autorizada pelo órgão municipal ambiental competente, após audiência pública realizada pelo Município X no âmbito do SISNAMA. Gabarito “A” (C) A queimada não pode ser realizada, constituindo, ainda, ato tipificado como crime ambiental caso a área esteja inserida em Unidade de Conservação. (D) A queimada não dependerá de autorização, caso Renato comprove a manutenção da área mínima de cobertura de vegetação nativa, a títuloa diversidade de deficiências, o que justifica a dispensa de tal obrigatoriedade por expressa determinação legal. (D) O consumidor poderá solicitar as faturas em Braille, mas bastará ser indicado o preço, dispensando-se outras informações, por expressa disposição legal. A: correta. O Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015) incluiu ao Código de Defesa do Consumidor, parágrafo único do art. 6º, Gabarito “B” que garante às pessoas com deficiência o direito básico à informação. B: incorreta. Na forma do art. 6º, inciso III, do CDC, todo consumidor tem o direito básico “a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem”. C e D: incorretas. Ver justificativa da alternativa “A”. RD (OAB/Exame Unificado – 2013.3) Maria e Manoel, casados, pais dos gêmeos Gabriel e Thiago que têm apenas três meses de vida, residem há seis meses no Condomínio Vila Feliz. O fornecimento do serviço de energia elétrica na cidade onde moram é prestado por uma única concessionária, a Companhia de Eletricidade Luz S.A. Há uma semana, o casal vem sofrendo com as contínuas e injustificadas interrupções na prestação do serviço pela concessionária, o que já acarretou a queima do aparelho de televisão e da geladeira, com a perda de todos os alimentos nela contidos. O casal pretende ser indenizado. Nesse caso, à luz do princípio da vulnerabilidade previsto no Código de Proteção e Defesa do Consumidor, assinale a afirmativa correta. (A) Prevalece o entendimento jurisprudencial no sentido de que a vulnerabilidade no Código do Consumidor é sempre presumida, tanto para o consumidor pessoa física, Maria e Manoel, quanto para a pessoa jurídica, no caso, o Condomínio Vila Feliz, tendo ambos direitos básicos à indenização e à inversão judicial automática do ônus da prova. (B) A doutrina consumerista dominante considera a vulnerabilidade um conceito jurídico indeterminado, plurissignificativo, sendo correto afirmar que, no caso em questão, está configurada a vulnerabilidade fática do casal diante da concessionária, havendo direito básico à indenização pela interrupção imotivada do serviço público essencial. Gabarito “A” (C) É dominante o entendimento no sentido de que a vulnerabilidade nas relações de consumo é sinônimo exato de hipossuficiência econômica do consumidor. Logo, basta ao casal Maria e Manoel demonstrá-la para receber a integral proteção das normas consumeristas e o consequente direito básico à inversão automática do ônus da prova e a ampla indenização pelos danos sofridos. (D) A vulnerabilidade nas relações de consumo se divide em apenas duas espécies: a jurídica ou científica e a técnica. Aquela representa a falta de conhecimentos jurídicos ou outros pertinentes à contabilidade e à economia, e esta, à ausência de conhecimentos específicos sobre o serviço oferecido, sendo que sua verificação é requisito legal para inversão do ônus da prova a favor do casal e do consequente direito à indenização. A e C: incorretas; de fato, a vulnerabilidade do consumidor (ligada ao direito material) é presumida no CDC; já a hipossuficiência (ligada ao direito processual), que é causa da inversão do ônus da prova, não; dessa forma, é incorreto dizer que o CDC prevê inversão automática do ônus da prova, sendo necessário que o juiz verifique se é o caso, o que depende de haver ou hipossuficiência do consumidor ou verossimilhança da alegação (art. 6º, VIII, do CDC); B: correta, pois o consumidor é presumidamente vulnerável (art. 4º, I, do CDC) e a situação narrada no enunciado narra, ainda, um consumidor ainda mais desamparado dada as características do serviço que lhe é prestado, face à total impossibilidade de se defender do consumidor, o que provavelmente fará com que o juiz também o considere hipossuficiente e inverta o ônus da prova em seu favor; D: incorreta, pois onde consta da alternativa a palavra “vulnerabilidade” deveria constar “hipossuficiência”, sendo que essa sim é que deve ser analisada se existe no caso concreto (já que a vulnerabilidade já é presumida), e, se existir no caso concreto, aí sim é que o juiz inverterá o ônus da prova. Gabarito “B” (OAB/Exame Unificado – 2012.3.A) A sociedade empresária XYZ Ltda. oferta e celebra, com vários estudantes universitários, contratos individuais de fornecimento de material didático, nos quais garante a entrega, com 25% de desconto sobre o valor indicado pela editora, dos livros didáticos escolhidos pelos contratantes (de lista de editoras de antemão definidas). Os contratos têm duração de 24 meses, e cada estudante compromete-se a pagar valor mensal, que fica como crédito, a ser abatido do valor dos livros escolhidos. Posteriormente, a capacidade de entrega da sociedade diminuiu, devido a dívidas e problemas judiciais. Em razão disso, ela pretende rever judicialmente os contratos, para obter aumento do valor mensal, ou então liberar-se do vínculo. Acerca dessa situação, assinale a afirmativa correta. (A) A empresa não pode se valer do Código de Defesa do Consumidor e não há base, à luz do indicado, para rever os contratos. (B) Aplica-se o CDC, já que os estudantes são destinatários finais do serviço, mas o aumento só será concedido se provada a dificuldade financeira e que, ademais, ainda assim o contrato seja proveitoso para os compradores. (C) Aplica-se o CDC, mas a pretendida revisão da cláusula contratual só poderá ser efetuada se provado que os problemas citados têm natureza imprevisível, característica indispensável, no sistema do consumidor, para autorizar a revisão. (D) A revisão é cabível, assentada na teoria da imprevisão, pois existe o contrato de execução diferida, a superveniência de onerosidade excessiva da prestação, a extrema vantagem para a outra parte, e a ocorrência de acontecimento extraordinário e imprevisível. A: correta, pois o pedido de revisão contratual requer a existência de um fato superveniente relacionado à prestação (ex: um contrato atrelado ao dólar pode ser objeto de revisão se a cotação do dólar aumentar de forma muito forte), não sendo possível que o devedor (no caso, a sociedade XYZ) alegue problema de sua responsabilidade e alheio à prestação que tem de cumprir (crise na empresa) para conseguir uma revisão contratual; vale lembrar que o direito de revisão contratual está no inciso V, do art. 6º, do CDC, que traz “direitos básicos do consumidor” e não “direitos básicos do fornecedor”; B: incorreta, pelas mesmas razões mencionadas no comentário à alternativa anterior; C e D: incorretas; em primeiro lugar, não é cabível a revisão, conforme se viu dos comentários às demais alternativas; ademais, a revisão contratual no caso é regida pelo CDC e este, como se sabe, traz como requisito à revisão apenas a existência de um fato novo que leve à uma excessiva onerosidade das prestações (art. 6º, V, do CDC), não sendo necessário “imprevisibilidade” (alternativa “c”) ou “extrema vantagem para a outra parte, e a ocorrência de acontecimento extraordinário e imprevisível (alternativa “d”). (OAB/Exame Unificado – 2011.3.B) O ônus da prova incumbe a quem alega a existência do fato constitutivo de seu direito e impeditivo, modificativo ou extintivo do direito daquele que demanda. O Código de Proteção e Defesa do Consumidor, entretanto, prevê a possibilidade de inversão do onus probandi e, a respeito de tal tema, é correto afirmar que (A) ocorrerá em casos excepcionais em que o juiz verifique ser verossímil a alegação do consumidor ou quando for ele hipossuficiente. (B) é regra e basta ao consumidor alegar os fatos, pois caberá ao réu produzir provas que os desconstituam, já que o autor é hipossuficiente nas relações de consumo. (C) será deferido em casos excepcionais, exceto se a inversão em prejuízo do consumidor houver sido previamente ajustada por meio de cláusula contratual. (D) ocorrerá em todo processode reserva legal. A: correta, nos termos do art. 38, I, da Lei 12.651/12 (Código Florestal); B: incorreta, pois o órgão competente para essa autorização é o estadual e o uso do fogo é a princípio proibido (não bastando fazer uma audiência pública), ressalvadas as poucas situações previstas no art. 38 da Lei 12.651/12; C: incorreta; geralmente, a queimada é proibida, mas há exceções na lei e uma delas é justamente a trazida na alternativa “a” da questão (art. 38 da Lei 12.651/12); D: incorreta, pois a regra é a proibição do uso do fogo em vegetações, salvo nas exceções trazidas no art. 38 da Lei 12.651/12, não havendo como exceção uma regra que permite o fogo diretamente desde que se mantenha o mínimo de cobertura vegetal a título de reserva legal. (OAB/Exame Unificado – 2019.2) Em 2017, Maria adquire de Eduarda um terreno inserido em área de Unidade de Conservação de Proteção Integral. Em 2018, Maria descobre, por meio de documentos e fotos antigas, que Eduarda promoveu desmatamento irregular no imóvel. Sobre a responsabilidade civil ambiental, assinale a afirmativa correta. (A) Maria responde civilmente pela recomposição ambiental, ainda que tenha agido de boa-fé ao adquirir o terreno. Gabarito “A” (B) Maria não pode responder pela aplicação de multa ambiental, tendo em vista o princípio da intranscendência da pena. (C) Eduarda não pode responder pela recomposição ambiental, mas apenas pela multa ambiental, tendo em vista a propriedade ter sido transmitida. (D) Maria responde nas esferas administrativa, civil e penal solidariamente com Eduarda, tendo em vista o princípio da reparação integral do dano ambiental. A: correta, pois a responsabilidade no caso é propter rem, aderindo àquele que adquiriu a coisa sobre a qual houve o dano ambiental; ou seja, essa obrigação “tem natureza real e é transmitida ao sucessor no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural” (art. 7º, § 2º, da Lei 12.651/12), daí porque Maria responde civilmente; vale salientar que o STJ editou a Súmula 623 no mesmo sentido, qual seja, a de “as obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor”; B e C: incorretas, pois a obrigação de recomposição em questão é de natureza real e atinge novos proprietários, como é o caso de Maria (art. 7o, § 2º, da Lei 12.651/12); se Maria não atender ao dever de recomposição, que já nasce para ela no momento em que se torna proprietária do imóvel, imediatamente já estará sujeita às multas correspondentes; D: incorreta, pois o princípio da reparação integral do dano ambiental diz respeito à esfera civil, e não à esfera penal ou administrativas, ainda que nessas duas esferas se possa discutir a reparação ambiental; na esfera penal Maria só responderá se também praticar um crime ambiental, valendo salientar que não há que se falar em responsabilidade solidária em matéria de responsabilidade penal, pois não é possível acionar um só dos “devedores penais” solidários, sendo de rigor acionar todos os que cometerem o crime ambiental. (OAB/Exame Unificado – 2018.2) Gabriela, pequena produtora rural que desenvolve atividade pecuária, é avisada por seu vizinho sobre necessidade de registrar seu imóvel rural no Cadastro Ambiental Rural (CAR), sob pena de perder a propriedade do bem. Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta. (A) Gabriela não tem a obrigação de registrar o imóvel no CAR por ser pequena produtora rural. (B) Gabriela tem a obrigação de registrar o imóvel no CAR, sob pena de perder a propriedade do bem, que apenas poderá ser reavida por ação judicial. (C) Gabriela tem a obrigação de registrar o imóvel no CAR; o registro não será considerado título para fins de reconhecimento do direito de propriedade ou posse. (D) Gabriela tem a obrigação de registrar o imóvel no CAR; o registro autoriza procedimento simplificado para concessão de licença ambiental. A: incorreta, pois o Código Florestal prevê que todas as propriedades rurais devem ser objeto de inscrição no Cadastro Ambiental Rural (art. 29, caput, da Lei 12.651/2012); B: incorreta, pois a lei não prevê a perda do imóvel como sanção pelo não cadastramento do imóvel no CAR (vide arts. 29 e 30 da Lei 12.651/2012); C: correta, nos termos da obrigação prevista para todos os imóveis rurais no art. 29, caput, da Lei 12.651/2012, bem como nos termos do § 2o do art. 29 da Lei 12.651/2012, que Gabarito “A” estabelece que o registro não será considerado título para fins do reconhecimento do direito de propriedade ou posse; D: incorreta. De fato, Gabriela tem a obrigação de registrar o imóvel no CAR (art. 29, caput, da Lei 12.651/2012), porém, o registro não autoriza procedimento simplificado para concessão de licença ambiental, mas, ao contrário, acaba por se tornar um requisito para a concessão de licença ambiental, como no caso previsto no art. 4o, § 6o, IV, da Lei 12.651/2012. (OAB/Exame Unificado – 2016.3) O Governo Federal, tendo em vista a grande dificuldade em conter o desmatamento irregular em florestas públicas, iniciou procedimento de concessão florestal para que particulares possam explorar produtos e serviços florestais. Sobre o caso, assinale a afirmativa correta. (A) Essa concessão é antijurídica, uma vez que o dever de tutela do meio ambiente ecologicamente equilibrado é intransferível a inalienável. (B) Essa concessão, que tem como objeto o manejo florestal sustentável, deve ser precedida de licitação na modalidade de concorrência. (C) Essa concessão somente é possível para fins de exploração de recursos minerais pelo concessionário. (D) Essa concessão somente incide sobre florestas públicas estaduais e, por isso, a competência para sua delegação é exclusiva dos Estados, o que torna ilegal sua implementação pelo IBAMA. A: incorreta, pois a Lei 11.284/2006 estabelece que a concessão florestal também tem por objetivo a melhoria e recuperação Gabarito “C” ambiental na área de concessão e seu entorno (art. 30, VII, da Lei 11.284/2006); B: correta (art. 3, VII, c/c art. 13, § 1º, da Lei 11.284/2006); C: incorreta, pois essa concessão tem em mira, na verdade, “o direito de praticar manejo florestal sustentável para exploração de produtos e serviços numa unidade de manejo” (art. 3º, VII, da Lei 11.284/2006), sendo que é inclusive vedada a outorga da exploração de recursos minerais no âmbito da concessão florestal (art. 16, § 1º, IV, da Lei 11.284/2006); D: incorreta, pois a Lei 11.284/2006 trata das florestas públicas em geral, incluindo as federais, estaduais e municipais, sendo que cada esfera cuidará da respectiva concessão. WG (OAB/Exame Unificado – 2015.3) João acaba de adquirir dois imóveis, sendo um localizado em área urbana e outro, em área rural. Por ocasião da aquisição de ambos os imóveis, João foi alertado pelos alienantes de que os imóveis contemplavam Áreas de Preservação Permanente (APP) e de que, por tal razão, ele deveria buscar uma orientação mais especializada, caso desejasse nelas intervir. Considerando a disciplina legal das Áreas de Preservação Permanente (APP), bem como as possíveis preocupações gerais de João, assinale a afirmativa correta. (A) As APPs não são passíveis de intervenção e utilização, salvo decisão administrativa em sentido contrário de órgão estadual integrante do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, uma vez que não há preceitos legais abstratamente prevendo exceções à sua preservação absoluta e integral. (B) As hipóteses legais de APP, com o advento do denominado “Novo Código Florestal” – Lei nº 12.651/2012 –, foram abolidas Gabarito “B” em âmbito federal, subsistindo apenas nos casos em que os Estados e Municípios assim as exijam legalmente. (C) As APPs são espaços territoriais especialmente protegidos, comportando exceções legais para fins de intervenção, sendo certo que os Estados e os Municípios podem prever outras hipóteses de APP além daquelas dispostas em normas gerais, inclusiveem suas Constituições Estaduais e Leis Orgânicas, sendo que a supressão irregular da vegetação nela situada gera a obrigação do proprietário, possuidor ou ocupante a qualquer título de promover a sua recomposição, obrigação esta de natureza propter rem. (D) As APPs, assim como as reservas legais, não se aplicam às áreas urbanas, sendo certo que a Lei Federal nº 12.651/2012 (“Novo Código Florestal”), apesar de ter trazido significativas mudanças no seu regime, garantiu as APPs para os imóveis rurais com mais de 100 hectares. A: incorreta, pois há sim preceito legal abstrato já prevendo exceções à preservação absoluta e integral do caracterizado como APP, como é o previsto no art. 8º, § 3º, da Lei 12.651/2012, pelo qual “É dispensada a autorização do órgão ambiental competente para a execução, em caráter de urgência, de atividades de segurança nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas à prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas”; B: incorreta, pois o atual Código Florestal também prevê hipóteses de APP (art. 4º da Lei 12.651/2012); C: correta, pois de fato são áreas especialmente protegidas (art. 3º, II, da Lei 12.651/2012); Estados e Municípios podem prever outras hipóteses além das já dispostas no Código Florestal (art. 6º da Lei 12.651/2012); e a obrigação de proteger essa área se impõe também ao sucessor do imóvel, ou seja, é propter rem (art. 7º, § 2º, da Lei 12.651/2012); vale salientar que o STJ editou a Súmula 623 no mesmo sentido, qual seja, a de “as obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor”; D: incorreta, pois as APPs se aplicam às áreas urbanas (art. 4º, caput, da Lei 12.651/2012). (OAB/Exame Unificado – 2015.1) Hugo, proprietário de imóvel rural, tem instituída Reserva Legal em parte de seu imóvel. Sobre a hipótese, considerando o instituto da Reserva Legal, de acordo com a disciplina do Novo Código Florestal (Lei nº 12.651/2012), assinale a afirmativa correta. (A) As áreas de Reserva Legal são excluídas da base tributável do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR), compreendendo esta uma função extrafiscal do tributo. (B) Caso Hugo transmita onerosamente a propriedade, o adquirente não tem o dever de recompor a área de Reserva Legal, mesmo que averbada, tendo em vista o caráter personalíssimo da obrigação. (C) Hugo não pode explorar economicamente a área de Reserva Legal, conduta tipificada como crime pelo Novo Código Florestal (Lei n2 12.651/2012). (D) A área compreendida pela Reserva Legal é considerada Unidade de Conservação de Uso Sustentável, admitindo exploração somente se inserida no plano de manejo instituído pelo Poder Público. A: correta (art. 41, II, “c”, da Lei 12.651/2012); B: incorreta, pois, segundo o art. 2º, § 2º, da Lei 12.651/2012, as obrigações previstas no Código Florestal têm natureza real e são transmitidas ao Gabarito “C” sucessor, no caso, o adquirente do imóvel; C: incorreta, pois é admitida a exploração econômica da Reserva Legal, desde que mediante manejo sustentável, previamente aprovado pelo órgão competente do SISNAMA (art. 17, § 1º, da Lei 12.651/2012); D: incorreta, pois o manejo é aprovado e não instituído pelo Poder Público. (OAB/Exame Unificado – 2014.2) A definição dos espaços territoriais especialmente protegidos é fundamental para a manutenção dos processos ecológicos. Sobre o instituto da Reserva Legal, de acordo com o Novo Código Florestal (Lei n. 12.651/2012), assinale a afirmativa correta. (A) Pode ser instituído em área rural ou urbana, desde que necessário à reabilitação dos processos ecológicos. (B) Incide apenas sobre imóveis rurais, e sua área deve ser mantida sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente. (C) Foi restringida, de acordo com a Lei n. 12.651/2012, às propriedades abrangidas por Unidades de Conservação. (D) Incide apenas sobre imóveis públicos, consistindo em área protegida para a preservação da estabilidade geológica e da biodiversidade. A: incorreta, pois a reserva legal incide apenas sobre áreas rurais (arts. 3º, III, e 12, caput, da Lei 12.651/2012); B: correta (art. 12, caput, da Lei 12.651/2012); C: incorreta, pois se aplica a todo imóvel rural, independentemente de ser unidade de conservação (art. 12, caput, da Lei 12.651/2012); D: incorreta, pois incide sobre imóvel Gabarito “A” público ou privado e seu objetivo é “assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa”. (OAB/Exame Unificado – 2013.1) João, militante ambientalista, adquire chácara em área rural já degradada, com o objetivo de cultivar alimentos orgânicos para consumo próprio. Alguns meses depois, ele é notificado pela autoridade ambiental local de que a área é de preservação permanente. Sobre o caso, assinale a afirmativa correta. (A) João é responsável pela regeneração da área, mesmo não tendo sido responsável por sua degradação, uma vez que se trata de obrigação propter rem. (B) João somente teria a obrigação de regenerar a área caso soubesse do dano ambiental cometido pelo antigo proprietário, em homenagem ao princípio da boa-fé. (C) O único responsável pelo dano é o antigo proprietário, causador do dano, uma vez que João não pode ser responsabilizado por ato ilícito que não cometeu. (D) Não há responsabilidade do antigo proprietário ou de João, mas da Administração Pública, em razão da omissão na fiscalização ambiental quando da transmissão da propriedade. A: correta, pois a obrigação de manter a vegetação situada em área de preservação permanente é real e transmitida ao sucessor do proprietário no caso de alienação do bem ou transferência da posse Gabarito “B” deste, tratando-se, assim, de obrigação propter rem (art. 7º, § 2º, da Lei 12.651/2012); vale salientar que o STJ editou a Súmula 623 no mesmo sentido, qual seja, a de “as obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor”; B a D: incorretas, pois, como se viu, a obrigação é propter rem, ou seja, decorrente simplesmente do fato de João ser o novo proprietário da coisa (art. 7º, § 2º, da Lei 12.651/2012), não sendo necessário comprovar culpa ou dolo de João; quanto à Administração Pública, ela até poderá responder junto com os proprietários antigos e novos, mas desde que se demonstre que se omitiu culposamente na fiscalização ambiental do bem. (OAB/Exame Unificado – 2011.2) João adquiriu em maio de 2000 um imóvel em área rural, banhado pelo Rio Formoso. Em 2010, foi citado para responder a uma ação civil pública proposta pelo Município de Belas Veredas, que o responsabiliza civilmente por ter cometido corte raso na mata ciliar da propriedade. João alega que o desmatamento foi cometido pelo antigo proprietário da fazenda, que já praticava o plantio de milho no local. Em razão do exposto, é correto afirmar que (A) a manutenção de área de mata ciliar é obrigação propter rem; sendo obrigação de conservação, é automaticamente transferida do alienante ao adquirente. Logo, João terá que reparar a área. (B) João será obrigado a recuperar a área, mas, como não poderá mais utilizá-la para o plantio do milho, terá direito a indenização, a ser paga pelo Poder Público, por força do princípio do protetor- recebedor. Gabarito “A” (C) a responsabilidade por dano ambiental é objetiva, mas, como não há nexo de causalidade entre a ação do novo proprietário e o corte raso na área, verifica-se a excludente de responsabilidade, e João não será obrigado a reparar o dano. (D) a responsabilidade civil por dano ambiental difuso prescreve em cinco anos por força da Lei 9.873/1999. Logo, João não será obrigado a reparar o dano.O STJ já vinha decidindo, à época da questão, que é dispensável a prova do nexo de causalidade na responsabilidade de adquirente de imóvel já danificado, por se tratar de obrigação propter rem (Resp. 1.056.540). Não bastasse, o atual Código Florestal (Lei 12.651/2012), é claro no sentido de que “as obrigações previstas nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural” (art. 2º, § 2º). Por fim, vale salientar que o STJ acabou por editar a Súmula 623 no mesmo sentido, qual seja, a de “as obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor”. Assim, a alternativa “A” está correta. (OAB/Exame Unificado – 2010.3) A supressão de vegetação primária e secundária no estágio avançado de regeneração somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública, sendo que a vegetação secundária em estágio médio de regeneração poderá ser suprimida nos casos de utilidade pública e interesse social, em todos os casos devidamente caracterizados e motivados em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e Gabarito “A” locacional ao empreendimento proposto, conforme o disposto no art. 14 da Lei 11.428/2006, que dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do bioma Mata Atlântica. A esse respeito, assinale a alternativa correta. (A) Desde que obtida a autorização de supressão de vegetação de Mata Atlântica, com base na Lei 11.428/2006, não é aplicável a legislação que exige a licença ambiental, de acordo com a CRFB/1988, a Lei 6.938/1981 e o Decreto 99.274/1990. (B) Um advogado de proprietário de terreno urbano afirma ser possível a obtenção de licença ambiental para edificação de condomínio residencial com supressão de Mata Atlântica com base em utilidade pública. (C) A licença ambiental de empreendimento de relevante e significativo impacto ambiental localizado em terreno recoberto de Mata Atlântica não pode ser concedida em hipótese alguma. (D) Um produtor de pequena propriedade ou posse rural entende que é possível a obtenção de licença ambiental para atividade agroflorestal sustentável, tendo como motivo o interesse social. A: incorreta, pois a autorização de supressão de vegetação da Mata Atlântica é um requisito a mais que o empreendedor deve cumprir, e não uma providência que dispensa a realização do licenciamento previsto nas leis mencionadas na alternativa; B: incorreta, pois os casos de utilidade pública estão previstos no art. 3º, VII, da Lei 11.428/2006, e não contemplam a hipótese mencionada na alternativa; C: incorreta, pois a lei em tela regulamenta justamente os casos em que é cabível a utilização desse tipo de bem; D: correta (art. 3º, VIII, b, da Lei 11.428/2006). Gabarito “D” (FGV – 2014) Com relação à Área de Preservação Permanente, nos termos da Lei Federal n. 12.651/2012, que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa e dá outras providências, analise as afirmativas a seguir. I. É considerada área de preservação permanente as florestas e demais formas de vegetação natural, situadas ao longo dos rios, em faixa marginal, cuja largura mínima será de cinco metros para os rios de menos de dez metros de largura. II. É considerada área de preservação permanente, em zonas rurais ou urbanas, as faixas marginais de qualquer curso d’água natural, perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de trinta metros, para os cursos d’água de menos de dez metros de largura. III. É considerada área de preservação permanente, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas no topo de morros, montanha e serras, com altura mínima de oitenta metros e inclinação média maior que 25º em relação à base. Assinale: (A) se somente a afirmativa I estiver correta. (B) se somente a afirmativa II estiver correta. (C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. (D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. (E) se todas as afirmativas estiverem corretas. I: incorreta, pois a largura mínima é de 30 metros e não de 5 metros (art. 4º, I, “a”, da Lei 12.651/2012); II: correta (art. 4º, I, “a”, da Lei 12.651/2012); III: incorreta, pois a altura mínima é de 100 metros e não de 80 metros, nos termos do art. 4º, IX, da Lei 12.651/2012. 10. PROTEÇÃO DA FAUNA (Magistratura/MT – 2009 – VUNESP) Diante da preocupação com a extinção de espécies, pode-se afirmar que o Código de Caça brasileiro (Lei n. 5.197/1967) prevê que (A) apenas espécies de peixes exóticos poderão ser introduzidas no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida na forma da Lei. (B) é permitido o exercício da caça profissional para exportação de peles e couros em bruto para o Exterior. (C) as licenças de caçadores serão concedidas, mediante pagamento de uma taxa anual equivalente a um décimo do salário- mínimo mensal. (D) somente é permitida a exportação de peles e couros de anfíbios e répteis, em bruto. (E) o pagamento das licenças, registros e taxas, previstos nesta Lei, será recolhido à Caixa Econômica Federal, em conta especial, a crédito do Fundo Federal Agropecuário, sob o título “Recursos da Fauna”. A: incorreta, pois “nenhuma espécie poderá ser introduzida no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida na forma da Lei” (art. 4º da Lei 5.197/1967); B: incorreta, pois é proibido o exercício de caça profissional (art. 2º da Lei 5.197/1967); C: correta (art. 20 da Lei 5.197/1967); D: incorreta, pois é “proibida a exportação para o exterior, de peles e couros de anfíbios e répteis, Gabarito “B” em bruto” (art. 18 da Lei 5.197/1967); E: incorreta, pois o recolhimento será no Banco do Brasil (art. 24 da Lei 5.197/1967). 11. RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL Segue um resumo sobre a Responsabilidade Civil Ambiental: 1. Responsabilidade objetiva. A responsabilidade objetiva pode ser conceituada como o dever de responder por danos ocasionados ao meio ambiente, independentemente de culpa ou dolo do agente responsável pelo evento danoso. Essa responsabilidade está prevista no § 3º do art. 225 da CF, bem como no § 1º do art. 14 da Lei 6.938/1981 e ainda no art. 3º da Lei 9.605/1998. Quanto a seus requisitos, diferentemente do que ocorre com a responsabilidade objetiva no Direito Civil, onde são apontados três requisitos para a configuração da responsabilidade (conduta, dano e nexo de causalidade), no Direito Ambiental são necessários apenas dois. A doutrina aponta a necessidade de existir um dano (evento danoso), mais o nexo de causalidade, que o liga ao poluidor. Aqui não se destaca muito a conduta como requisito para a responsabilidade ambiental, apesar de diversos autores entenderem haver três requisitos para sua configuração (conduta, dano e nexo de causalidade). Isso porque é comum o dano ambiental ocorrer sem que se consiga identificar uma conduta específica e determinada causadora do evento. Gabarito “C” Quanto ao sujeito responsável pela reparação do dano, é o poluidor, que pode ser tanto pessoa física como jurídica, pública ou privada. Quando o Poder Público não é o responsável pelo empreendimento, ou seja, não é o poluidor, sua responsabilidade é subjetiva, ou seja, depende de comprovação de culpa ou dolo do serviço de fiscalização, para se configurar. Assim, o Poder Público pode responder pelo dano ambiental por omissão no dever de fiscalizar. Nesse caso, haverá responsabilidade solidária do poluidor e do Poder Público. Mas lembre-se: se o Poder Público é quem promove o empreendimento, sua responsabilidade é objetiva. Em se tratando de pessoa jurídica, a Lei 9.605/1998 estabelece que esta será responsável nos casos em que a infração for cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Essa responsabilidade dapessoa jurídica não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato. A Lei 9.605/1998 também estabelece uma cláusula geral que permite a desconsideração da personalidade jurídica da pessoa jurídica, em qualquer caso, desde que destinada ao ressarcimento dos prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. Segundo o seu art. 4º, poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento dos prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. Adotou-se, como isso, a chamada teoria menor da desconsideração, para a qual basta a insolvência da pessoa jurídica, para que se possa atingir o patrimônio de seus membros. No direito civil, ao contrário, adotou-se a teoria maior da desconsideração, teoria que exige maiores requisitos, no caso, a existência de um desvio de finalidade ou de uma confusão patrimonial para que haja desconsideração. Outro ponto importante diz respeito ao ônus da prova em matéria de responsabilidade civil ambiental. O STJ editou Súmula 618 no sentido de que “a inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambiental.” O STJ também editou mais duas súmulas relevantes em matéria ambiental. Confira: Súmula 623 – As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor. Súmula 629 – Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à obrigação de fazer ou à de não fazer cumulada com a de indenizar. 2. Reparação integral dos danos. A obrigação de reparar o dano não se limita a pagar uma indenização; ela vai além: a reparação deve ser específica, isto é, ela deve buscar a restauração ou recuperação do bem ambiental lesado, ou seja, o seu retorno à situação anterior. Assim, a responsabilidade pode envolver as seguintes obrigações: a) de reparação natural ou in specie: é a reconstituição ou recuperação do meio ambiente agredido, cessando a atividade lesiva e revertendo-se a degradação ambiental. É a primeira providência que deve ser tentada, ainda que mais onerosa que outras formas de reparação; b) de indenização em dinheiro: consiste no ressarcimento pelos danos causados e não passíveis de retorno à situação anterior. Essa solução só será adotada quando não for viável fática ou tecnicamente a reconstituição. Trata-se de forma indireta de sanar a lesão. c) compensação ambiental: consiste em forma alternativa à reparação específica do dano ambiental, e importa na adoção de uma medida de equivalente importância ecológica, mediante a observância de critérios técnicos especificados por órgãos públicos e aprovação prévia do órgão ambiental competente, admissível desde que seja impossível a reparação específica. Por exemplo, caso alguém tenha derrubado uma árvore, pode-se determinar que essa pessoa, como forma de compensação ambiental, replante duas árvores da mesma espécie. 3. Dano ambiental. Não é qualquer alteração adversa no meio ambiente causada pelo homem que pode ser considerada dano ambiental. Por exemplo, o simples fato de alguém inspirar oxigênio e expirar gás carbônico não é dano ambiental. O art. 3º da Lei 6.938/1981 nos ajuda a desvendar quando se tem dano ambiental, ao dispor que a poluição é a degradação ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. Quanto aos atingidos pelo dano ambiental, este pode atingir pessoas indetermináveis e ligadas por circunstâncias de fato (ocasião em que será difuso), grupos de pessoas ligadas por relação jurídica base (ocasião em que será coletivo), vítimas de dano oriundo de conduta comum (ocasião em que será individual homogêneo) e vítima do dano (ocasião em que será individual puro). De acordo com o pedido formulado na ação reparatório é que se saberá que tipo de interesse (difuso, coletivo, individual homogêneo ou individual) está sendo protegido naquela demanda. Quanto à extensão do dano ambiental, a doutrina reconhece que este pode ser material (patrimonial) ou moral (extrapatrimonial). Será da segunda ordem quando afetar o bem-estar de pessoas, causando sofrimento e dor. Há de se considerar que há decisão do STJ no sentido que não se pode falar em dano moral difuso, já que o dano deve estar relacionado a pessoas vítimas de sofrimento, e não a uma coletividade de pessoas. De acordo com essa decisão, pode haver dano moral ambiental a pessoa determinada, mas não pode haver dano moral ambiental a pessoas indetermináveis. 4. A proteção do meio ambiente em juízo. A reparação do dano ambiental pode ser buscada extrajudicialmente, quando, por exemplo, é celebrado termo de compromisso de ajustamento de conduta com o Ministério Público, ou judicialmente, pela propositura da ação competente. Há duas ações vocacionadas à defesa do meio ambiente. São elas: a ação civil pública (art. 129, III, da CF e Lei 7.347/1985) e a ação popular (art. 5º, LXXIII, CF e Lei 4.717/1965). A primeira pode ser promovida pelo Ministério Público, por entes da Administração Pública ou por associações constituídas há pelo menos um ano, que tenham por objetivo a defesa do meio ambiente. Já a segunda é promovida pelo cidadão. Também são cabíveis em matéria ambiental o mandado de segurança (art. 5º, LXIX e LXX, da CF e Lei 12.016/2009), individual ou coletivo, preenchidos os requisitos para tanto, tais como prova pré-constituída, e ato de autoridade ou de agente delegado de serviço público; o mandado de injunção (art. 5º, LXXI, da CF), quando a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; as ações de inconstitucionalidade (arts. 102 e 103 da CF e Leis 9.868/1999 e 9.882/1999); e a ação civil de responsabilidade por ato de improbidade administrativa em matéria ambiental (art. 37, § 4º, da CF, Lei 8.429/1992 e art. 52 da Lei 10.257/2001). (OAB/Exame XXXV) A sociedade empresária Beta atua no ramo de produção de produtos agrotóxicos, com regular licença ambiental, e vem cumprindo satisfatoriamente todas as condicionantes da licença. Ocorre que, por um acidente causado pela queda de um raio em uma das caldeiras de produção, houve vazamento de material tóxico, que causou grave contaminação do solo, subsolo e lençol freático. Não obstante a sociedade empresária tenha adotado, de plano, algumas medidas iniciais para mitigar e remediar parte dos impactos, fato é que ainda subsiste considerável passivo ambiental a ser remediado. Tendo em vista que a sociedade empresária Beta parou de atender às determinações administrativas do órgão ambiental competente, o Ministério Público ajuizou ação civil pública visando à remediação ambiental da área. Na qualidade de advogado(a) da sociedade empresária Beta, para que seu cliente decida se irá ou não celebrar acordo judicial com o MP, você lhe informou que, no caso em tela, a responsabilidade civil por danos ambiental é (A) afastada, haja vista que a atividade desenvolvida pelo empreendedor era lícita e estava devidamente licenciada. (B) afastada, pois se rompeu o nexo de causalidade, diante da ocorrência de força maior. (C) subjetiva e, por isso, diante da ausência de dolo ou culpa por prepostos da sociedade empresária, não há que se falar em obrigação de reparar o dano. (D) objetiva e está fundada na teoria do risco integral, de maneira que não se aplicam as excludentes do dever de reparar o dano do caso fortuito e força maior. A e C: incorretas, pois a responsabilidade civil por danos ambientais é objetiva, não importando portanto se a conduta da empresa era lícita ounão, ou se era culposa ou não; B: incorreta, pois a responsabilidade civil ambiental é objetiva e, por se adotar a teoria do risco integral, não há que se falar em excludente de responsabilidade, tal como a força maior; D: correta, pois a responsabilidade civil ambiental é objetiva e, pelo fato de o STF ter adotado a teoria do risco integral, não há que se falar em excludente de responsabilidade, tal como a força maior ou o caso fortuito; confira: “A responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo o nexo de causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do ato, sendo descabida a invocação, pela empresa responsável pelo dano ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para afastar sua obrigação de indenizar” (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/1973, TEMA 681 e 707, letra a). (OAB/Exame Unificado – 2019.2) Em decorrência de grave dano ambiental em uma Unidade de Conservação, devido ao rompimento de barragem de contenção de sedimentos minerais, a Defensoria Pública estadual ingressa com Ação Civil Pública em face do causador do dano. Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta. (A) A Ação Civil Pública não deve prosseguir, uma vez que a Defensoria Pública não é legitimada a propor a referida ação judicial. (B) A Defensoria Pública pode pedir a recomposição do meio ambiente cumulativamente ao pedido de indenizar, sem que isso configure bis in idem. (C) Tendo em vista que a conduta configura crime ambiental, a ação penal deve anteceder a Ação Civil Pública, vinculando o resultado desta. (D) A Ação Civil Pública não deve prosseguir, uma vez que apenas o IBAMA possui competência para propor Ação Civil Pública quando o dano ambiental é causado em Unidade de Conservação. A: incorreta, pois a Defensoria Pública é legitimada para essa ação civil pública, nos termos do art. 5º, II, da Lei 7.347/85; B: correta; segundo o STJ, “A cumulação de obrigação de fazer, não fazer e pagar não configura bis in idem, porquanto a indenização, em vez de considerar lesão específica já ecologicamente restaurada ou a ser restaurada, põe o foco em parcela do dano que, embora causada pelo mesmo comportamento pretérito do agente, apresenta Gabarito “D” efeitos deletérios de cunho futuro, irreparável ou intangível” (RE 1.198.727-MG); C: incorreta, pois as instâncias civil e penal são independentes entre si, sem contar que os critérios de responsabilização de uma são diferentes dos da outra; D: incorreta, pois a legitimidade para ação civil pública ambiental é ampla e legitimados como a Defensoria e Ministério Público, por exemplo, são universais. (OAB/Exame Unificado – 2018.1) Configurada a violação aos dispositivos da Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, especificamente sobre a restauração e recuperação de ecossistema degradado, o Estado Z promove ação civil pública em face de Josemar, causador do dano. Em sua defesa judicial, Josemar não nega a degradação, mas alega o direito subjetivo de celebração de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), com a possibilidade de transacionar sobre o conteúdo das normas sobre restauração e recuperação. Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta. (A) Josemar não possui direito subjetivo à celebração do TAC, que, caso celebrado, não pode dispor sobre o conteúdo da norma violada, mas sobre a forma de seu cumprimento. (B) O TAC não pode ser celebrado, uma vez que a ação civil pública foi proposta pelo Estado, e não pelo Ministério Público. (C) Josemar possui direito subjetivo a celebrar o TAC, sob pena de violação ao princípio da isonomia, mas sem que haja possibilidade de flexibilizar o conteúdo das normas violadas. (D) Josemar possui direito subjetivo a celebrar o TAC nos termos pretendidos, valendo o termo como título executivo extrajudicial, apto a extinguir a ação civil pública por perda de objeto. Gabarito “B” A: correta; de acordo o art. 79-A, caput, da Lei 9.605/1998, os órgãos do SISNAMA ficam autorizados (e não “obrigados”) a celebrar um TAC com as pessoas responsáveis pela degradação ambiental; ademais, o TAC, de fato, não pode transacionar sobre o conteúdo da norma violada, mas apenas permitir que o causador do dano possa promover as necessárias correções de suas atividades, para o atendimento das exigências impostas pelas autoridades ambientais competentes (art. 79-A, § 1o, da Lei 9.605/1998); B: incorreta, pois o Estado, como órgão integrante do SISNAMA (art. 6o, caput, da Lei 6.938/1981), pode celebrar TAC (art. 79-A, caput, da Lei 9.605/1998); C e D: incorretas, pois de acordo o art. 79-A, caput, da Lei 9.605/1998, os órgãos do SISNAMA ficam autorizados (e não “obrigados”) a celebrar um TAC com as pessoas responsáveis pela degradação ambiental, de modo que Josemar não tem direito subjetivo ao acordo, mas mera expectativa de direito em fazê-lo. (OAB/Exame Unificado – 2017.1) Tendo em vista a infestação de percevejo-castanho-da-raiz, praga que causa imensos danos à sua lavoura de soja, Nelson, produtor rural, desenvolveu e produziu de forma artesanal, em sua fazenda, agrotóxico que combate a aludida praga. Mesmo sem registro formal, Nelson continuou a usar o produto por meses, o que ocasionou grave intoxicação em Beto, lavrador da fazenda, que trabalhava sem qualquer equipamento de proteção. Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta. (A) Não há qualquer responsabilidade de Nelson, que não produziu o agrotóxico de forma comercial, mas para uso próprio. Gabarito “A” (B) Nelson somente responde civilmente pelos danos causados, pelo não fornecimento de equipamentos de proteção a Beto. (C) Nelson responde civil e criminalmente pelos danos causados, ainda que não tenha produzido o agrotóxico com finalidade comercial. (D) Nelson somente responde administrativamente perante o Poder Público pela utilização de agrotóxico sem registro formal. A: incorreta, pois se aplica ao caso a responsabilidade civil pela teoria do risco proveito, mais especificamente a responsabilidade objetiva prevista no art. 927, parágrafo único, do Código Civil; B: incorreta, pois no caso tem-se responsabilidade objetiva de Nelson por desenvolver atividade de risco que lhe causa proveito, sendo que mesmo que tivesse fornecido equipamentos de proteção responderia da mesma forma, nos termos do art. 927, parágrafo único, do Código Civil; C: correta, pois se aplica ao caso a responsabilidade civil pela teoria do risco proveito, mais especificamente a responsabilidade objetiva prevista no art. 927, parágrafo único, do Código Civil; a responsabilidade penal, mesmo que no caso concreto dependa da existência do elementos subjetivo culposo, também se aplicará porque houve conduta culposa de Nelson ao não fornecer equipamentos de segurança para Beto; D: incorreta, pois a responsabilidade civil objetiva está configurada na forma do art. 927, parágrafo único, do CC e a responsabilidade penal pela lesão causada em Beto em atitude no mínimo culposa de Nelson ao não fornecer equipamento de segurança. WG (OAB/Exame Unificado – 2016.2) No curso de obra pública de construção de represa para fins de geração de energia hidrelétrica em rio que Gabarito “C” corta dois estados da Federação, a associação privada Sorrio propõe ação civil pública buscando a reconstituição do ambiente ao status quo anterior ao do início da construção, por supostos danos ao meio ambiente. Considerando a hipótese, assinale a afirmativa correta. (A) Caso a associação Sorrio abandone a ação, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa. (B) Caso haja inquérito civil público em curso, proposto pelo Ministério Público, a ação civil pública será suspensa pelo prazo de até 1 (um) ano. (C) Como o bem público objeto da tutela judicial está localizado em mais de um estado da federação, a legitimidade ativa exclusiva para propositura da ação civil pública é do Ministério Público Federal. (D) Caso o pedido seja julgado improcedente por insuficiênciade provas, não será possível a propositura de nova demanda com o mesmo pedido. A: correta (art. 5º, § 3º, da Lei 7.347/1985); B: incorreta, pois a existência de inquérito civil em curso não é causa prevista em lei para impedir ou suspender uma ação civil pública promovida por um outro legitimado ativo para esse tipo de ação; C: incorreta, pois não há essa exclusividade, podendo outros legitimados ativos previstos em lei (como associações) e até mesmo os ministérios públicos dos estados respectivos promoverem a ação, sem prejuízo de, no último caso, o Ministério Público Federal ser chamado a se manifestar na ação respectiva e até mesmo ter interesse em assumir o polo ativo da demanda; D: incorreta, pois nesse específico caso (improcedência por falta de provas) não se forma a coisa julgada material, mas apenas a formal, sendo possível o ajuizamento de ação no futuro, desde que embasada em nova prova (art. 16 da Lei 7.347/1985). (OAB/Exame Unificado – 2014.3) No curso de obra pública, a Administração Pública causa dano em local compreendido por área de preservação permanente. Sobre o caso apresentado, assinale a opção que indica de quem é a responsabilidade ambiental. (A) Em se tratando de área de preservação permanente, que legalmente é de domínio público, o ente só responde pelos danos ambientais nos casos de atuação com dolo ou culpa grave. (B) Em se tratando de área de preservação permanente, a Administração Pública responderá de forma objetiva pelos danos causados ao meio ambiente, independentemente das responsabilidades administrativa e penal. (C) Em se tratando de dano ambiental cometido dentro de área de preservação permanente, a Administração Pública não tem responsabilidade, sob pena de confusão, recaindo sobre o agente público causador do dano, independentemente das responsabilidades administrativa e penal. (D) Trata-se de caso de responsabilidade subjetiva solidária de todos aqueles que contribuíram para a prática do dano, inclusive do agente público que determinou a prática do ato. A: incorreta, pois, em sendo a área do próprio Poder Público, a responsabilidade deste é objetiva, como de resto é a responsabilidade civil do Estado e a responsabilidade ambiental; B: correta, pois o Poder Púbico responde objetivamente quando ele é o Gabarito “A” próprio empreendedor, prevalecendo a responsabilidade objetiva do Estado prevista no art. 37, § 6º, da CF; C e D: incorretas, pois, em sendo a obra pública, o Estado é empreendedor e, como tal, responde objetivamente, ficando o agente público responsável, por meio de ação de regresso, em caso de culpa ou dolo deste; ou seja, o Estado responde sim (ficando afastada a alternativa “c”, além de que a responsabilidade é objetiva (e não subjetiva) e não se dá diretamente em relação ao agente público (que só responde regressivamente e se for comprovada a culpa ou o dolo dele), ficando afastada a alternativa “D”. (FGV – 2014) A fábrica de sabonetes Cheiro Bom Ltda. foi construída há 10 anos sobre um terreno onde funcionou, por 30 anos, um posto de gasolina, cuja atividade contaminou o solo da área e seu entorno, de forma perigosa à saúde. Em razão do caso exemplificado, assinale a afirmativa correta. (A) A fábrica de sabonetes não tem qualquer obrigação de remediar a área contaminada, porque a degradação ambiental, no momento da transferência dominial, não é automaticamente repassada ao adquirente do bem imóvel. (B) A fábrica de sabonetes estará desobrigada a remediar o solo da área contaminada e seu entorno pois, no curso do licenciamento ambiental, celebrou Termo de Ajustamento de Conduta, com base na Lei Estadual n. 3.467/2000, visando à adoção de medidas compensatórias relacionadas aos danos ambientais oriundos da contaminação. (C) A fábrica de sabonetes, ainda que já possua licença ambiental válida, será obrigada pelo órgão ambiental competente a adotar Gabarito “B” medidas que promovam a remediação de toda a área contaminada, de forma a minimizar ou anular os riscos ambientais. (D) A fábrica de sabonetes, construída há 10 anos, poderá continuar funcionando, já que a obrigação de elaborar um EIA- RIMA e de se submeter a licenciamento prescreveu. (E) A fábrica de sabonetes possui licença de operação válida e, por isso, o órgão ambiental competente só poderá obrigá-la a adotar medidas de remediação da área contaminada no momento da renovação de sua licença. A: incorreta, pois em direito ambiental vem-se reconhecendo que a obrigação de reparar o dano é de natureza real (propter rem), que é transmitida inclusive para o sucessor da área, conforme previsão legal expressa, por exemplo, no art. 7º, caput, e § 2º, da Lei 12.651/12; B: incorreta, pois a responsabilidade ambiental deve se dar prioritariamente pela reparação in specie, ficando a compensação ambiental prejudicada quando possível fazer a reparação específica do meio ambiente; C: correta, considerando a responsabilidade que tem, na forma do mencionado no comentário à alternativa “A”; D: incorreta, pois a licença ambiental, diferentemente da licença administrativa (por exemplo, licença para construir uma casa), apesar de normalmente envolver competência vinculada, tem prazo de validade definido e não gera direito adquirido para seu beneficiário; dessa forma, mesmo que o empreendedor tenha cumprido os requisitos da licença, caso, ainda assim, tenha sido causado dano ao meio ambiente, a existência de licença em seu favor não o exime de reparar o dano e de tomar as medidas adequadas à recuperação do meio ambiente. Gabarito “C” (FGV – 2014) Um representante do Ministério Público Federal promoveu uma Ação Civil Pública em face do Estado do Ceará e de seu órgão ambiental com o objetivo de anular a licença de instalação expedida pelo órgão ambiental estadual que autorizava a construção de um porto, sob o argumento de que a mencionada licença fora concedida sem prévia avaliação de viabilidade. Em reunião entre as partes foi celebrado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que levou a efeito a demanda judicial mediante compensação ambiental. Após o cumprimento do TAC, uma Associação de Pescadores local promoveu nova Ação Civil Pública, de objeto e pedidos idênticos aos da demanda promovida pelo parquet federal. A partir do caso apresentado, assinale a afirmativa correta. (A) A tutela antecipada do pedido foi deferida pelo juízo, com fundamento no Princípio da Prevenção e com o objetivo de suprir a omissão da transação. (B) A tutela antecipada do pedido foi indeferida pelo juízo, já que a Associação não possui legitimidade para promover a demanda. (C) A tutela antecipada do pedido foi indeferida pelo juízo, já que o cumprimento do TAC faz coisa julgada. (D) A tutela antecipada do pedido foi indeferida pelo juízo, já que a insuficiência do estudo de viabilidade ambiental não denota dano ao meio ambiente. (E) A tutela antecipada do pedido foi deferida pelo juízo, já que o parquet federal não possui legitimidade para celebrar o TAC com o Estado e seu órgão ambiental. A: correta, pois, havendo omissão na transação, não há que se falar em coisa julgada; B: incorreta, pois associações têm legitimidade para propor ação civil pública (art. 1º, I, c.c art. 5º, V, da Lei 7.347/1985); C: incorreta, pois, havendo omissão na transação, não há que se falar em coisa julgada no ponto omisso; D: incorreta, pois não há essa restrição na lei (art. 5º, § 6º, da Lei 7.347/1985). 12. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AMBIENTAL (OAB/Exame Unificado – 2012.3.A) A respeito da responsabilidade administrativa federal por danos ambientais, regulamentada pelo Decreto n. 6.514/2008 e alterado pelo Decreto 6.686/2008, assinale a afirmativa correta. (A) A demolição de obras só poderá ser aplicada em edificações não residenciais e sua execução deverá ocorrer às custas do infrator. (B) A demolição de obra é medida excepcional e só poderá ser aplicada em situações de flagrante ilegalidade e em edificações com menos de dez anos. (C) A demoliçãode obra, em respeito ao direito fundamental à moradia, só poderá ser aplicada em construções residenciais erguidas em unidades de conservação e outros espaços ambientalmente protegidos e as custas para a sua realização correrão por conta do infrator. (D) A demolição de obra ou construção com fins residenciais ou comerciais, em razão do princípio da defesa do meio ambiente, dar-se-á nos casos em que a ausência da demolição importa em iminente risco de agravamento do dano ambiental e as custas para sua realização correrão por conta do infrator. A: correta (art. 19, § 2º, do Decreto 6.514/2008); B a D: incorretas, pois tal sanção pode ser aplicada quando “verificada a construção Gabarito “A” de obra em área ambientalmente protegida em desacordo com a legislação ambiental ou quando a obra ou construção realizada não atenda às condicionantes da legislação ambiental e não seja passível de regularização” (art. 19 do Decreto 6.514/2008), ou seja, não há na norma a exigência de “flagrante ilegalidade” ou de “edificação com menos de 10 anos” (alternativa “b”), bem como de que, em se tratando de construções residenciais, estas tenham sido “erguidas em unidades de conservação e outros espaços ambientalmente protegidos” (alternativa “c”) e, em imóveis residenciais ou comerciais, que “a ausência da demolição importe em iminente risco de agravamento do dano ambiental” (alternativa “d”). 13. RESPONSABILIDADE PENAL AMBIENTAL (OAB/Exame XXXVI) Pedro, proprietário de imóvel localizado em área rural, com vontade livre e consciente, executou extração de recursos minerais, consistentes em saibro, sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença e vendeu o material para uma fábrica de cerâmica. O Ministério Público, por meio de seu órgão de execução com atribuição em tutela coletiva, visando à reparação dos danos ambientais causados, ajuizou ação civil pública em face de Pedro, no bojo da qual foi realizada perícia ambiental. Posteriormente, em razão da mesma extração mineral ilegal, o Ministério Público ofereceu denúncia criminal, deflagrando novo processo, agora em ação penal, e pretende aproveitar, como prova emprestada no Gabarito “A” processo penal, a perícia produzida no âmbito da ação civil pública. No caso em tela, de acordo com a Lei nº 9.605/98, a perícia produzida no juízo cível (A) poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório. (B) não poderá ser utilizada, em razão da independência das instâncias criminal, cível e administrativa. (C) não poderá ser aproveitada no processo criminal, eis que é imprescindível um laudo pericial produzido pela Polícia Federal, para fins de configuração da existência material do delito. (D) poderá ser aproveitada na ação penal, mas apenas pode subsistir uma condenação judicial final, para evitar o bis in idem. A: correta, nos exatos termos do art. 19, p. ún., da Lei 9.605/98 (“A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório”); B e C: incorretas, pois o art. 19, p. ún., da Lei 9.605/98 admite que a perícia produzida no juízo cível seja aproveitada no processo criminal, estabelecendo como único requisito a instauração de contraditório (“A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório”); D: incorreta, pois a autorização dada no art. 19, p. ún, da Lei 9.605/98 não traz essa restrição, sem contar que as instâncias civil, administrativa e penal são independentes entre si. (OAB/Exame Unificado – 2020.1) Seguindo plano de expansão de seu parque industrial para a produção de bebidas, o conselho de administração da sociedade empresária Frescor S/A autoriza a Gabarito “A” destruição de parte de floresta inserida em Área de Preservação Permanente, medida que se consuma na implantação de nova fábrica. Sobre responsabilidade ambiental, tendo como referência a hipótese narrada, assinale a afirmativa correta. (A) Frescor S/A responde civil e administrativamente, sendo excluída a responsabilidade penal por ter a decisão sido tomada por órgão colegiado da sociedade. (B) Frescor S/A responde civil e administrativamente, uma vez que não há tipificação criminal para casos de destruição de Área de Preservação Permanente, mas apenas de Unidades de Conservação. (C) Frescor S/A responde civil, administrativa e penalmente, sendo a ação penal pública, condicionada à prévia apuração pela autoridade ambiental competente. (D) Frescor S/A responde civil, administrativa e penalmente, sendo agravante da pena a intenção de obtenção de vantagem pecuniária. A: incorreta, pois, de acordo com o art. 3º, caput, da Lei 9.605/98, em matéria de Direito Ambiental “As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente”; ou seja, a responsabilização da pessoa jurídica é possível nas três áreas citadas; o mesmo dispositivo estabelece como requisito para a responsabilização da pessoa jurídica por uma infração que esta “seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade”; no caso em tela, a infração foi cometida por decisão do conselho de administração da sociedade (ou seja, por um órgão colegiado da pessoa jurídica) e em benefício desta (já que se deu para a expansão de seu parque industrial), portanto, cabe a responsabilidade penal no caso e a alternativa está incorreta; B: incorreta, pois o art. 38 da Lei 9.605/98 tipifica criminalmente sim a destruição de áreas de preservação permanente; C: incorreta, pois, de acordo com o art. 26 da Lei 9.605/98, “Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal é pública incondicionada”; D: correta, nos termos do art. 3º, caput (responsabilidade penal da pessoa jurídica por decisão do conselho de administração) cumulado com o artigo 38 (tipificação criminal da destruição de área de preservação permanente) cumulado com o art. 15, II, “a” (agravante pela intenção de obtenção de vantagem pecuniária), todos da Lei 9.605/98. (OAB/Exame Unificado – 2012.2) Luísa, residente e domiciliada na cidade de Recife, após visitar a Austrália, traz consigo para a sua casa um filhote de coala, animal típico daquele país e inexistente no Brasil. Tendo em vista tal situação, assinale a afirmativa correta. (A) Ao trazer o animal, Luísa não cometeu qualquer ilícito ambiental já que a propriedade de animais domésticos é livre no Brasil. (B) Ao trazer o animal, Luísa, em princípio, não cometeu qualquer ilícito ambiental, pois o crime contra o meio ambiente só se configuraria caso Luísa abandonasse ou praticasse ações de crueldade contra o animal por ela adotado. (C) Ao trazer o animal, Luísa cometeu crime ambiental, pois o introduziu no Brasil sem prévio licenciamento ambiental, sendo a Justiça estadual de Pernambuco competente para julgar a eventual ação. Gabarito “D” (D) Ao trazer o animal, Luísa cometeu crime ambiental, pois o introduziu no Brasil sem licença e sem parecer técnico oficial favorável, sendo a Justiça Federal competente para julgar a eventual ação. Segundo o art. 31 da Lei 9.605/1998, é crime punível com detenção e multa a introdução de espécime animal no País, sem parecer técnico favorável e licença expedida por autoridade competente. Assim, Luísa cometeu sim ilícito ambiental. Ficam afastadas, portanto, as alternativas “A” e “B”. Quanto à alternativa “C”, também está incorreta, pois o ilícito penal se dá em face de competência de autarquia federal; com efeito, compete ao IBAMA a autorização de ingresso de espécime nova no País, o que faz com que, nos termos do art. 109 da CF, a competência seja da Justiça Federal, e não da Justiça Estadual, por haver interesse de autarquia federal em jogo (STJ, CC 96.853/RS, DJ 17.10.2008). Não bastasse, a introdução de animais exóticos no País concerne diretamente com o exercício da soberania deste e a tutela que dispensa a sua própria fauna globalmenteconsiderada, em consequência dos imprevisíveis efeitos que tais animais podem causar no meio ambiente (TRF 3ª Região, RSE 4.528, DJ 19.06.2007), envolvendo, assim, interesse da União, a atrair a competência da Justiça Federal. Já a alternativa “D” está correta, nos termos do art. 31 da Lei 9.605/1998, bem como da competência do IBAMA, autarquia federal, para a autorização que Luísa deveria ter pedido, atraindo, definitivamente, a competência da Justiça Federal. (OAB/Exame Unificado – 2011.2) A Lei 9.605/1998, regulamentada pelo Decreto 6.514/2008, que dispõe sobre sanções penais e Gabarito “D” administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, trouxe novidades nas normas ambientais. Entre elas está a (A) possibilidade de assinatura de termos de ajustamento de conduta, que somente é possível pelo cometimento de ilícito ambiental. (B) desconsideração da pessoa jurídica, que foi estabelecida para responsabilizar a pessoa física sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. (C) substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direito quando tratar-se de crime doloso. (D) responsabilidade penal objetiva pelo cometimento de crimes ambientais. A: incorreta, pois o termo de ajustamento de conduta já estava previsto na Lei 7.347/1985; ademais, não é só ato ilícito (ato danoso culposo ou doloso) que enseja a celebração de TAC; qualquer ato que venha causando dano ao meio ambiente, mesmo ato em que não há culpa ou dolo, também é passível de TAC; B: correta (art. 4º da Lei 9.605/1998), valendo ressaltar que a lei ambiental adotou a Teoria Menor da Desconsideração da Personalidade Jurídica, havendo menos requisitos para que o juiz aplique o instituto; C: incorreta, pois tal substituição depende de que se trate de crime culposo (art. 7º, I, da Lei 9.605/1998); D: incorreta, pois não existe responsabilidade penal objetiva. (OAB/Exame Unificado – 2010.2) Diante das disposições estabelecidas pela Lei n. 9.605/1998 sobre as sanções penais e administrativas Gabarito “B” derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, assinale a alternativa correta. (A) A desconsideração da pessoa jurídica somente será admitida se a pena restritiva de direitos se revelar inócua para os fins a que se destina. (B) A pena restritiva de direitos da pessoa jurídica, no que tange a proibição de contratar com o poder público, terá duração equivalente ao tempo de permanência dos efeitos negativos da conduta delituosa sobre o meio ambiente. (C) Constitui inovação da lei de crimes ambientais a excludente de antijuridicidade relativamente ao comércio não autorizado de animais da fauna silvestre voltado exclusivamente à subsistência da entidade familiar. (D) Os tipos penais ambientais, em regra, descrevem crimes de perigo abstrato, que se consumam com a própria criação do risco, efetivo ou presumido, independentemente de qualquer resultado danoso. A: incorreta, pois a Lei 9.605/1998 adotou a Teoria Menor da Desconsideração, ou seja, exige “menos” requisitos para a desconsideração da personalidade; no caso, exige-se apenas que a personalidade seja obstáculo ao ressarcimento de prejuízo causados à qualidade do meio ambiente (art. 4º), de modo que não há outros requisitos para a desconsideração da personalidade, em matéria de responsabilidade civil ambiental; B: incorreta, pois tal pena não poderá exceder o prazo de 10 anos (art. 22, § 3º, da Lei 9.605/1998); C: incorreta, pois não existe essa excludente no art. 29, § 1º, III, da Lei 9.605/1998; a excludente nesse sentido diz respeito ao desmatamento e à degradação de floresta (art. 50-A, § 1º, da Lei 9.605/1998); D: correta, pois grande parte dos crimes previstos na Lei 9.605/1998 se consuma com a simples criação do risco, independentemente do resultado danoso; por exemplo, repare o crime do art. 29 da lei; basta perseguir um espécime da fauna silvestre, sem a devida permissão, para que esse crime contra a fauna se configure. (OAB/Exame Unificado – 2010.1) Relativamente à tutela penal do meio ambiente, assinale a opção correta. (A) Não constitui crime o abate de animal quando realizado, entre outras hipóteses, em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família. (B) Constitui crime matar, perseguir, caçar, apanhar ou utilizar espécimes da fauna silvestre sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente. Tal proibição não alcança, entretanto, os espécimes em rota migratória que não sejam nativos. (C) Comprovada a responsabilidade de pessoa jurídica na prática de crime ambiental, ficará automaticamente excluída a responsabilidade das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato. (D) Os animais ilegalmente caçados que forem apreendidos deverão ser libertados em seu habitat, não podendo ser entregues a jardins zoológicos ou a entidades similares. A: Opção correta. Conforme o art. 37, I, da Lei n. 9.605/1998, não é crime o abate de animal quando realizado em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família; B: Opção incorreta. Nos termos do art. 29 da Lei n. 9.605/1998, Gabarito “D” constitui crime ambiental matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida; C: Opção incorreta. Segundo o parágrafo único do art. 3.º da Lei n. 9.605/1998, a responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato; D: Opção incorreta. O art. 25, § 1.º, da Lei n. 9.605/1998 estabelece que os animais serão libertados em seu habitat ou entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a responsabilidade de técnicos habilitados. 14. ESTATUTO DA CIDADE (OAB/Exame Unificado – 2017.2) A Lei Federal nº 123, de iniciativa parlamentar, estabelece regras gerais acerca do parcelamento do solo urbano. Em seguida, a Lei Municipal nº 147 fixa área que será objeto do parcelamento, em função da subutilização de imóveis. Inconformado com a nova regra, que atinge seu imóvel, Carlos procura seu advogado para que o oriente sobre uma possível irregularidade nas novas regras. Considerando a hipótese, acerca da Lei Federal nº 123, assinale a afirmativa correta. (A) É formalmente inconstitucional, uma vez que é competência dos municípios legislar sobre política urbana. (B) É formalmente inconstitucional, uma vez que a competência para iniciativa de leis sobre política urbana é privativa do Presidente da República. Gabarito “A” (C) Não possui vício de competência, já que a Lei Municipal nº 147 é inconstitucional, sendo da competência exclusiva da União legislar sobre política urbana. (D) Não possui vício de competência, assim como a Lei Municipal nº 147, sendo ainda de competência dos municípios a execução da política urbana. A: incorreta, pois o art. 182, § 1º, I, da CF prevê que essa exigência municipal de parcelamento do solo tem que ser “nos termos de lei federal”, de modo que a Lei Federal 123 não é formalmente inconstitucional; B: incorreta, pois nem o art. 182, § 1º, I, da CF, nem qualquer outro artigo da CF estabelecem que iniciativa de lei federal que trate do parcelamento do solo no caso é privativa do Presidente da República, aplicando-se, assim, a regra de iniciativa concorrente de leis federais prevista no art. 61, “caput”, da CF; C: incorreta, pois a Lei Municipal 123, que fixa as áreas que podem ser objeto de parcelamento, foi criada de acordo com a CF, que estabelece que “é facultado ao Poder Público Municipal” estabelecer as áreas incluídas no plano diretor que estarão sujeitas a esse parcelamento regulado em lei federal; D: correta, pois o art. 182, § 1º, I, da CF prevê que essa exigência municipal de parcelamento do solo tem que ser “nos termos de lei federal”, e também estabelece que“é facultado ao Poder Público Municipal” estabelecer as áreas incluídas no plano diretor que estarão sujeitas a esse parcelamento regulado em lei federal. WG (OAB/Exame Unificado – 2016.2) O prefeito do Município Alfa, que conta hoje com 30 (trinta) mil habitantes e tem mais de 30% de sua área constituída por cobertura vegetal, consulta o Procurador Geral do Gabarito “D” Município para verificar a necessidade de edição de Plano Diretor, em atendimento às disposições constitucionais e ao Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/01). Sobre o caso, assinale a afirmativa correta. (A) O Plano Diretor não é necessário, tendo em vista a área de cobertura vegetal existente no Município Alfa, devendo este ser substituído por Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA). (B) O Plano Diretor não será necessário, tendo em vista que todos os municípios com mais de 20 (vinte) mil habitantes estão automaticamente inseridos em “aglomerações urbanas”, que, por previsão legal, são excluídas da necessidade de elaboração de Plano Diretor. (C) Será necessária a edição de Plano Diretor, aprovado por lei municipal, que abrangerá todo o território do Município Alfa, em razão do seu número de habitantes. (D) O Plano Diretor será necessário na abrangência da região urbana do município, regendo, no que tange à área de cobertura vegetal, as normas da Política Nacional do Meio Ambiente. A e B: incorretas, pois o plano diretor é obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitantes (art. 182, § 1º, da CF; art. 41, I, da Lei 10.257/2001); C: correta, pois o plano diretor é obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitantes (art. 182, § 1º, da CF; art. 41, I, da Lei 10.257/2001); D: incorreta, pois o plano diretor deverá englobar a área do Município com um todo e não só a área urbana (art. 40, § 2º, da Lei 10.257/2001). Gabarito “C” (OAB/Exame Unificado – 2010.3) O Estudo de Impacto de Vizinhança – EIV é uma espécie do gênero Avaliação de Impacto Ambiental e está disciplinado no Estatuto da Cidade, que estabelece e enumera os instrumentos da política de desenvolvimento urbano, de acordo com seus arts. 4º e 36 a 38. A esse respeito, assinale a alternativa correta. (A) A elaboração de estudo de impacto de vizinhança não substitui a elaboração de estudo prévio de impacto ambiental, requerida nos termos da legislação ambiental. (B) As atividades de relevante e significativo impacto ambiental que atingem mais de um Município são precedidas de estudo de impacto de vizinhança. (C) A Avaliação de Impacto Ambiental é exigida para analisar o adensamento populacional e a geração de tráfego e demanda por transporte público advindos da edificação de um prédio. (D) O estudo de impacto de vizinhança só pode ser exigido em área rural pelo órgão ambiental municipal. A: correta (art. 38 da Lei 10.257/2001); B: incorreta, pois o impacto de vizinhança tem caráter local; no caso, como há mais de um Município, há de se fazer outro tipo de estudo de impacto ambiental; C: incorreta, pois esse caso impõe Estudo de Impacto de Vizinhança, e não Avaliação de Impacto Ambiental (art. 37, I e V, da Lei 10.527/2001); D: incorreta, pois tal estudo se dá em área urbana (art. 36 da Lei 10.527/2001), e não rural. 15. RESÍDUOS SÓLIDOS Gabarito “A” (OAB/Exame Unificado – 2018.1) Os Municípios ABC e XYZ estabeleceram uma solução consorciada intermunicipal para a gestão de resíduos sólidos. Nesse sentido, celebraram um consórcio para estabelecer as obrigações e os procedimentos operacionais relativos aos resíduos sólidos de serviços de saúde, gerados por ambos os municípios. Sobre a validade do plano intermunicipal de resíduos sólidos, assinale a afirmativa correta. (A) Não é válido, uma vez que os resíduos de serviços de saúde não fazem parte da Política Nacional de Resíduos Sólidos, sendo disciplinados por lei específica. (B) É válido, sendo que os Municípios ABC e XYZ terão prioridade em financiamentos de entidades federais de crédito para o manejo dos resíduos sólidos. (C) É válido, devendo o consórcio ser formalizado por meio de sociedade de propósito específico com a forma de sociedade anônima. (D) É válido, tendo como conteúdo mínimo a aplicação de 1% (um por cento) da receita corrente líquida de cada município consorciado. A: incorreta, pois os resíduos de serviços de saúde estão sim contemplados na Política Nacional de Resíduos Sólidos, nos termos do art. 13, I, “g”, da Lei 12.305/2010; B: correta, nos termos do art. 45 da Lei 12.305/2010; C: incorreta; nos termos do art. 45 da Lei 12.305/2010, os consórcios em questão devem ser constituídos segundo o disposto na Lei de Consórcios Públicos (Lei 11.107/2005), que prevê a adoção da figura jurídica do consórcio público e não de sociedade de propósito específico; D: incorreta, pois não há previsão desta obrigação na Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010). (OAB/Exame Unificado – 2017.3) Bolão Ltda., sociedade empresária, pretende iniciar atividade de distribuição de pneus no mercado brasileiro. Para isso, contrata uma consultoria para, dentre outros elementos, avaliar sua responsabilidade pela destinação final dos pneus que pretende comercializar. Sobre o caso, assinale a afirmativa correta. (A) A destinação final dos pneus será de responsabilidade do consumidor final, no âmbito do serviço de regular limpeza urbana. (B) A sociedade empresária será responsável pelo retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana. (C) A destinação final dos pneus, de responsabilidade solidária do distribuidor e do consumidor final, se dará no âmbito do serviço público de limpeza urbana. (D) Previamente à distribuição de pneus, a sociedade empresária deve celebrar convênio com o produtor, para estabelecer, proporcionalmente, as responsabilidades na destinação final dos pneus. A, C e D: incorretas, pois a Lei 12.305/2010 estabelece que são obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de pneu (art. 33, I, da Lei 12.305/2010); B: correta, nos termos da obrigação prevista no art. 33, I, da Lei 12.305/2010. Gabarito “B” (OAB/Exame Unificado – 2017.2) O Município de Fernandópolis, que já possui aterro sanitário, passa por uma grave crise econômica. Diante disso, o prefeito solicita auxílio financeiro do Governo Federal para implantar a coleta seletiva de resíduos sólidos, que contará com a participação de associação de catadores de materiais recicláveis. Sobre o auxílio financeiro tratado, assinale a afirmativa correta. (A) Não será possível o auxílio financeiro, sob pena de violação ao princípio da isonomia com relação aos demais entes da Federação. (B) Não será possível o auxílio financeiro, uma vez que a coleta seletiva de resíduos sólidos do Município de Fernandópolis está sendo realizada parcialmente por associação privada. (C) O auxílio financeiro é possível, desde que o Município possua até 20 mil habitantes ou seja integrante de área de especial interesse turístico. (D) O auxílio financeiro é possível, desde que o Município elabore plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos. A: incorreta, pois o art. 18, “caput”, da Lei 12.305/2010 prevê a possibilidade de ajuda financeira aos Municípios que cumprirem os requisitos legais; B: incorreta, pois o art. 18, § 1º, II, da Lei 12.305/2010, estabelece que serão priorizados no acesso aos recursos da União os Municípios que implantarem a coleta seletiva com a participação de cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de materiais recicláveis; C: incorreta, pois o art. 18 da Lei 12.305/2010 não estabelece esse dois requisitos para que haja o auxílio financeiro da União; D: correta, pois o art. 18, “caput”, da Lei 12.305/2010 exige que os Municípios(e do DF) Gabarito “B” elaborem plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos para terem acesso a recursos da União. WG (Juiz de Direito/PE – 2013 – FCC) Considere as afirmações abaixo acerca da Política Nacional de Resíduos Sólidos, tal como instituída pela Lei nº 12.305/2010. I. No gerenciamento de resíduos sólidos, a não geração e a redução de resíduos são objetivos preferíveis à reciclagem e ao seu tratamento adequado. II. Os fabricantes de produtos em geral têm o dever de implementar sistemas de logística reversa. III. Os consumidores têm responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida de quaisquer produtos adquiridos. Está correto o que se afirma em (A) II e III, apenas. (B) I e II, apenas. (C) I, apenas. (D) I, II e III. (E) I e III, apenas. I: correta; pela ordem, a gestão e o gerenciamento de resíduos sólidos devem buscar o seguinte – não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos (art. 9º, “caput”, da Lei 12.305/2010); II: incorreta, pois fabricantes (além de importadores, distribuidores e comerciantes) devem providenciar o retorno dos Gabarito “D” produtos após o uso pelo consumidor (logística reversa), apenas quanto aos produtos mencionados no art. 33 da Lei 12.305/2010, tais como pilhas, baterias, pneus, dentre outros; III: correta (arts. 3º, I e XVII, 6º, VII, 7º, XII, 8º, III, 17, VIII, 21, VII, e 30 a 36, todos da Lei 12.305/2010). (Defensor Público/AM – 2013 – FCC) Uma organização não governamental (ONG) está trazendo para o Estado do Amazonas resíduos sólidos perigosos, provenientes dos Estados Unidos da América, cujas características causam dano ao meio ambiente e à saúde pública, para tratamento e posterior reutilização em benefício de população de baixa renda. Tal conduta, segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal nº 12.305/2010), (A) depende de autorização discricionária do Presidente da República por envolver os Ministérios do Meio Ambiente e da Saúde. (B) é permitida, diante da destinação social do resíduo sólido. (C) é proibida, ainda que haja tratamento e posterior reutilização do resíduo sólido. (D) é permitida, desde que exame prévio do material, realizado no país de origem, comprove a possibilidade de adequado tratamento do resíduo sólido. (E) é permitida, desde que exame prévio do material, realizado no Brasil, comprove a possibilidade de adequado tratamento do resíduo sólido. A, B, D e E: incorretas, pois é absolutamente proibida a importação de resíduos sólidos perigosos e rejeitos que possam causar danos Gabarito “E” ao meio ambiente, à saúde pública e animal e à sanidade vegetal, mesmo que para tratamento, reforma, reúso, reutilização ou recuperação, nos termos do que dispõe o art. 49 da Lei 12.305/2010; C: correta, nos termos do referido art. 49 da Lei 12.305/2010. 16. RECURSOS HÍDRICOS (OAB/Exame Unificado – 2018.3) A União edita o Decreto nº 123, que fixa as regras pelas quais serão outorgados direitos de uso dos recursos hídricos existentes em seu território, garantindo que seja assegurado o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água. Determinada sociedade empresária, especializada nos serviços de saneamento básico, interessada na outorga dos recursos hídricos, consulta seu advogado para analisar a possibilidade de assumir a prestação do serviço. Desse modo, de acordo com a Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos, assinale a opção que indica o uso de recursos hídricos que pode ser objeto da referida outorga pela União. (A) O lançamento de esgotos em corpo de água que separe dois Estados da Federação, com o fim de sua diluição. (B) A captação da água de um lago localizado em terreno municipal. (C) A extração da água de um rio que banhe apenas um Estado. (D) O uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos pelo meio rural. A: correta; considerando que, nesse caso, está-se diante de bem pertencente à União, já que o corpo d’água passa por dois Estados Gabarito “C” da Federação, ela é a competente para a outorga, nos termos do art. 14 da Lei 9.433/97; B: incorreta, pois nesse caso se tem um bem municipal, cabendo ao Município a outorga, nos termos do art. 14 Lei 9.433/97; C: incorreta, pois nesse caso se tem um bem estadual, cabendo ao Estado correspondente a outorga, nos termos do art. 14 Lei 9.433/97; D: incorreta, pois nesse caso não será necessário o ato de outorga, em função do baixo impacto do uso, nos termos do art. 12, § 1º, I, da Lei 9.433/97. (Defensor Público/AM – 2013 – FCC) Sobre a Política Nacional de Recursos Hídricos, analise as afirmações abaixo. I. A água é um bem de domínio público. II. A água é um recurso natural ilimitado. III. A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas. IV. A gestão dos recursos hídricos deve ser centralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. É correto o que se afirma APENAS em (A) I. (B) II e IV. (C) II e III. (D) II. (E) I e III. Gabarito “A” I: correta (art. 1.º, I, da Lei 9.433/1997 – Lei que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos); II: incorreta, pois é um recurso reconhecido como limitado (art. 1.º, II, da Lei 9.433/1997); III: correta (art. 1.º, IV, da Lei 9.433/1997); IV: incorreta, pois a gestão deve ser descentralizada (art. 1.º, VI, da Lei 9.433/1997). 17. BIOSSEGURANÇA (Magistratura/MT – 2006 – VUNESP) Com relação à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, pode-se afirmar que I. é integrante do Ministério do Meio Ambiente; II. é instância colegiada multidisciplinar, tanto de caráter deliberativo como consultivo; III. seu objetivo é aumentar sua capacitação somente para o meio ambiente. De acordo com as assertivas dadas, assinale a alternativa correta. (A) Somente II está correta. (B) Somente III está correta. (C) Somente I está correta. (D) Somente I e II estão corretas. I: incorreta, pois a CTNBio é integrante do Ministério da Ciência e da Tecnologia (art. 10, caput, da Lei 11.105/2005); II: correta (art. 10, caput, da Lei 11.105/2005); III: incorreta, pois “a CTNBio deverá acompanhar o desenvolvimento e o progresso técnico e científico nas áreas de biossegurança, biotecnologia, bioética e afins, com o Gabarito “E” objetivo de aumentar sua capacitação para a proteção da saúde humana, dos animais e das plantas e do meio ambiente” (art. 10, parágrafo único, da Lei 11.105/2005). 18. AGRÁRIO (FGV – 2009) Nos termos da Emenda Constitucional n. 45/2004, para dirimir conflitos fundiários é correto afirmar que: (A) o Tribunal de Justiça designará juízes de entrância especial, com competência para questões agrárias. (B) o juiz natural da causa que verse sobre questão agrária deverá sempre se manter afastado do local do litígio, para eficiência e imparcialidade da prestação jurisdicional. (C) o Tribunal de Justiça proporá a criação de varas especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias. (D) o Superior Tribunal de Justiça criará turmas especializadas para julgar recursos sobre questões agrárias. (E) a lei estadual de organização judiciária determinará as varas de fazenda públicas e, na falta destas no local do litígio, as varas cíveis, sendo vedada a criação de vara ou entrância com competência exclusiva para questão agrária. Consoante determina o art. 126 da CF: “Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de varas especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias”. Gabarito “A” Gabarito “C” (FGV – 2009) No que diz respeito à usucapião especial rural, ou pro labore, é correto afirmar que: (A) pode recair sobre imóvel público rural. (B) dispensa tanto o justo título como a posse de boa-fé. (C) exige área não superior a 25 (vinte e cinco) hectares. (D) aplica-se à posse de terreno urbano sem construção. (E) admite interrupção do prazo de aquisição.civil que tenha por objeto as relações consumeristas, não se admitindo exceções, sendo declarada abusiva qualquer cláusula que disponha de modo contrário. Gabarito “A” A: correta, nos estritos termos do disposto no art. 6º, VIII, do CDC; B: incorreta, pois o CDC presume o consumidor vulnerável (conceito de direito material – art. 4º, I, do CDC) e não hipossuficiente (conceito de direito processual); assim, a inversão do ônus da prova não é automática; o juiz, para decidir pela inversão do ônus da prova, deve verificar se está presente um dos requisitos autorizadores, ou seja, se há HIPOSSUFICIÊNCIA ou VEROSSIMILHANÇA DA ALEGAÇÃO (art. 6º, VIII, do CDC); C: incorreta, pois é nula de pleno direito qualquer cláusula que determine a inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor (art. 51, VI, do CDC); D: incorreta, pois, como se viu, a inversão do ônus da prova não é automática, devendo o juiz determiná-la, caso preenchido o requisito legal. (OAB/Exame Unificado – 2011.1) Analisando o artigo 6º, V, do Código de Defesa do Consumidor, que prescreve: “São direitos básicos do consumidor: V – a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas”, assinale a alternativa correta. (A) Exige a imprevisibilidade do fato superveniente. (B) Não traduz a relativização do princípio contratual da autonomia da vontade das partes. (C) Almeja, em análise sistemática, precipuamente, a resolução do contrato firmado entre consumidor e fornecedor. (D) Admite a incidência da cláusula rebus sic stantibus. A: incorreta, pois o art. 6º, V, do CDC não exige que o fato superveniente que torne a obrigação excessivamente onerosa seja imprevisível, para que se tenha direito à revisão contratual; assim, diferentemente do Código Civil (art. 478), o CDC não adotou a Teoria da Imprevisão, mas Gabarito “A” sim a Teoria da Onerosidade Excessiva; B: incorreta, pois a possibilidade de modificação contratual (quanto a prestações que já nascem desproporcionais) e de revisão contratual (quanto a prestações que se tornem excessivamente onerosas por fatos supervenientes) faz com que o princípio da autonomia da vontade seja relativizado, já que o juiz interfere na autonomia da vontade das partes quando promove a modificação ou revisão contratual; C: incorreta, pois o princípio da conservação dos contratos exige que o contrato seja mantido, salvo se não houver possibilidade alguma nesse sentido; a ideia da lei é modificar ou revisar os contratos nas situações mencionadas no art. 6º, V, do CDC, e não resolver (extinguir) o contrato; D: correta, pois tal cláusula determina que as estipulações contratuais sejam mantidas enquanto as condições permanecerem inalteradas; assim, caso ocorra um fato novo, que altere as condições existentes quando da realização do contrato, é cabível a revisão contratual; no caso, basta que esse fato novo torne a prestação de uma das partes excessivamente onerosa, para que se tenha direito à revisão contratual. (OAB/Exame Unificado – 2011.1) No âmbito do Código de Defesa do Consumidor, em relação ao princípio da boa-fé objetiva, é correto afirmar que (A) importa em reconhecimento de um direito a cumprir em favor do titular passivo da obrigação. (B) não se aplica à fase pré-contratual. (C) para a caracterização de sua violação imprescindível se faz a análise do caráter volitivo das partes. (D) sua aplicação se restringe aos contratos de consumo. A: assertiva considerada correta pela examinadora; no entanto, a questão deveria ser anulada, pois essa alternativa também está Gabarito “D” incorreta; primeiro porque o princípio da boa-fé se aplica a ambos os contratantes, mesmo que um deles tenha mais obrigações que o outro, pois esse princípio tem por efeito criar deveres anexos a ambos os contratantes (Enunciado JDC/CJF nº 24); assim, não é só a favor do “titular passivo da obrigação” que se deve reconhecer direitos pela aplicação do princípio; segundo porque, mesmo que assim o fosse, o certo era que constasse a expressão “titular ativo da obrigação”, pois titular passivo é quem tem a obrigação, e não quem se favorece dela; terceiro porque está errado, tecnicamente, dizer que alguém tem um “direito a cumprir em favor” de outrem, sendo correto dizer que alguém tem um “dever a cumprir em favor” de outrem; enfim, a questão tem graves equívocos conceituais, que justificam a sua anulação; B: incorreta, pois o princípio da boa-fé se aplica a todas as fases que envolve o contrato (tratativas, celebração, execução, extinção e pós- extinção do contrato); C: incorreta, pois o princípio é da boa-fé objetiva, que é aquela extraída do contexto social; assim, pouco importa qual é o pensamento ou a intenção das partes, ficando caracterizada a violação ao princípio com a simples conduta que o juiz entender que viola os deveres de lealdade extraídos da ética social; D: incorreta, pois o Código Civil também estabelece o princípio da boa-fé objetiva (art. 422 do CC). 3. RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR (OAB/Exame XXXVI) A sociedade empresária Cimento Montanha Ltda. integra, com outras cinco sociedades empresárias, um consórcio que atua na realização de obras de construção civil. Estruturas e Fundações Pinheiro Ltda., uma das sociedades consorciadas, foi responsabilizada em ação de responsabilidade civil por danos causados aos consumidores em razão de falhas estruturais em Gabarito “A” imóveis construídos no âmbito das atividades do consórcio, que apresentaram rachaduras, um dos quais desabou. Considerando as normas sobre a responsabilidade de sociedades integrantes de grupo econômico perante o consumidor, segundo o Código de Defesa do Consumidor, assinale a afirmativa correta. (A) Apenas a sociedade Estruturas e Fundações Pinheiro Ltda. poderá ser responsabilizada pelos danos aos consumidores, pois as demais consorciadas somente se obrigam nas condições previstas no respectivo contrato, respondendo cada uma por suas obrigações, sem solidariedade entre si. (B) As sociedades integrantes do consórcio são solidariamente responsáveis pelas obrigações da sociedade Estruturas e Fundações Pinheiro Ltda., porém a responsabilidade delas perante o consumidor é sempre em caráter subsidiário. (C) As sociedades integrantes do consórcio são solidariamente responsáveis, sem benefício de ordem entre elas, pelas obrigações da sociedade Estruturas e Fundações Pinheiro Ltda. perante os consumidores prejudicados, haja ou não previsão diversa no contrato respectivo. (D) Apenas a sociedade Estruturas e Fundações Pinheiro Ltda. poderá ser responsabilizada pelos danos aos consumidores, pois as demais consorciadas só responderão solidariamente com a primeira se ficar comprovado a culpa de cada uma delas. De acordo com o § 3º do art. 28 do CDC, as sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações estabelecidas pelo Código de Defesa do Consumidor. Dessa forma, como bem enunciado pela alternativa C, todas as empresas envolvidas no consórcio respondem, solidariamente, pelos danos causados pela Estruturas e Fundações Pinheiro Ltda. RD Gabarito “C” (OAB/Exame XXXV) José havia comprado um notebook para sua filha, mas ficou desempregado, não tendo como arcar com o pagamento das parcelas do financiamento. Foi então que vendeu para a amiga Margarida o notebook ainda na caixa lacrada, acompanhado de nota fiscal e contrato de venda, que indicavam a compra realizada cinco dias antes. Cerca de dez meses depois, o produto apresentou problemas de funcionamento. Ao receber o bem da assistência técnica que havia sido procurada imediatamente, Margarida foi informada do conserto referente à “placa-mãe”. Na semana seguinte, houve recorrência de mau funcionamento da máquina. Indignada, Margarida ajuizou ação em face da fabricante, buscando a devolução do produto e a restituição do valor desembolsado para a compra, além de reparação por danos extrapatrimoniais. A entãoDe acordo com o art. 191 da CF: “Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade”. 19. SANEAMENTO BÁSICO (OAB/Exame Unificado – 2018.2) Ao estabelecer a estrutura de remuneração e de cobrança de tarifas relativas à prestação de serviço de limpeza urbana, a autoridade considera contraprestações variadas para os bairros X e Y, tendo em vista o nível de renda da população da área atendida. Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta, considerando a Lei da Política Nacional de Saneamento Básico. (A) A estrutura de remuneração está correta, sendo obrigatória a concessão de isenção de tarifa aos moradores que recebem até um salário mínimo. Gabarito “B” (B) A estrutura de remuneração, com base em subsídios para atender usuários e localidades de baixa renda, pode ser estabelecida. (C) A política de remuneração proposta não é válida, uma vez que qualquer distinção tarifária deve ter relação direta com o peso ou o volume médio coletado. (D) A política de remuneração não é válida, sendo certo que somente é possível estabelecer diferenciação tarifária considerando o caráter urbano ou rural da área de limpeza. A: incorreta, pois a lei permite a adoção de subsídios tarifários para usuários que não tenham capacidade de pagamento (art. 29, § 2º, da Lei 11.445/2007), não havendo previsão de isenção de tarifa para esse caso; B: correta, pois, de acordo com o § 2º do art. 29 da Lei 11.445/2007), “poderão ser adotados subsídios tarifários e não tarifários para os usuários e localidades que não tenham capacidade de pagamento ou escala econômica suficiente para cobrir o custo integral dos serviços”; C e D: incorretas, pois na estrutura legal de remuneração e de cobrança de tarifas de saneamento básico há previsão de outros critérios, como o da capacidade de pagamento dos consumidores (vide o art. 30 da Lei 11.445/2007). (OAB/Exame Unificado – 2014.1) Nos termos da Lei nº 11.445/2007 (Lei de Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico), assinale a afirmativa que indica o serviço público que não pode ser considerado como saneamento básico. (A) Esgotamento sanitário. (B) Manejo de águas pluviais urbanas. Gabarito “B” (C) Limpeza urbana. (D) Administração de recursos hídricos. O art. 3º, I, da Lei 11.445/2007 considera serviços de saneamento básico os seguintes: a) abastecimento de água potável; b) esgotamento sanitário; c) limpeza urbana e manejo de recursos sólidos; d) drenagem e manejo de águas pluviais urbanas. Dessa forma, apenas o item “administração de recursos hídricos” não se encontra no conceito de saneamento básico. 20. QUESTÕES SOBRE COVID (QUESTÃO 1) No auge da pandemia do coronavírus, a autoridade pública responsável por criar regras suplementares às leis de segurança em elevadores está na dúvida se deve ou não estabelecer regramento exigindo que apenas uma pessoa de cada vez ingresse nos elevadores. A dúvida se deve ao fato de que há número expressivo de estudos indicando que o coronavírus pode ser transferido pelo ar, mas também há outros que não validam essa afirmação. Caso a autoridade resolva criar essa regra, qual princípio de direito ambiental melhor se aplica para ser usado como fundamento da aplicação dessa medida: (A) princípio da prevenção; (B) princípio do poluidor-pagador; (C) princípio da precaução; (D) princípio da equidade geracional. Gabarito “D” A: incorreta, pois o princípio da prevenção se aplica quando se tem certeza científica de algo, o que não é o caso da questão; B: incorreta, pois esse princípio se aplica ao poluidor e tem por objetivo a reparação integral dos danos causados ao meio ambiente; C: correta, pois esse princípio incide justamente naquelas hipóteses de incerteza científica sobre se dada conduta pode ou não causar um dano ao meio ambiente; ele atuará no sentido de que, na dúvida, deve-se tomar medidas para proteger o meio ambiente (aí incluído o meio ambiente urbano e do trabalho), tomando as medidas adequadas para que o suposto dano de fato não ocorra. A ideia aqui é eliminar a probabilidade do próprio perigo se concretizar; D: incorreta, pois esse princípio não guarda relação com o enunciado da questão; esse princípio pode ser definido como aquele pelo qual as presentes e futuras gerações têm os mesmos direitos quanto ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. (QUESTÃO 2) Para enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente do coronavírus, as autoridades poderão adotar, no âmbito de suas competências, e para fins de proteção do meio ambiente do trabalho as seguintes medidas: (A) isolamento e quarentena; (B) determinação de realização compulsória de exames médicos e testes laboratoriais; (C) uso obrigatório de máscaras de proteção individual; (D) todas as medidas das alternativas anteriores. A alternativa “d” é correta, uma vez que todas essas medidas estão previstas no art. 3º da Lei 13.979/20. Gabarito “C” (QUESTÃO 3) Para a proteção do meio ambiente do trabalho e do meio ambiente urbano uma autoridade municipal emite uma portaria com uma série de definições e regras com vistas a aplicar leis que tratam das medidas cabíveis para combater a emergência decorrente do coronavírus. Os textos abaixo foram tirados dessa portaria. Qual deles está incorreto: (A) “isolamento: separação de pessoas doentes ou contaminadas, ou de bagagens, meios de transporte, mercadorias ou encomendas postais afetadas, de outros, de maneira a evitar a contaminação ou a propagação do coronavírus”; (B) “as medidas previstas nesta portaria somente poderão ser determinadas com base em evidências científicas e em análises sobre as informações estratégicas em saúde e deverão ser limitadas no tempo e no espaço ao mínimo indispensável à promoção e à preservação da saúde pública”; (C) “a obrigação de usar máscara será dispensada no caso de pessoas com transtorno do espectro autista, com deficiência intelectual, com deficiências sensoriais ou com quaisquer outras deficiências que as impeçam de fazer o uso adequado de máscara de proteção facial, conforme declaração médica, que poderá ser obtida por meio digital, bem como no caso de crianças com menos de 3 (três) anos de idade”; (D) “quarentena: restrição de atividades ou separação de pessoas contaminadas, ou de bagagens, contêineres, animais, meios de transporte ou mercadorias suspeitos de contaminação, de maneira a evitar a possível contaminação ou a propagação do coronavírus. Gabarito “D” A: assertiva correta, não devendo ser assinalada; está de acordo com o art. 3º, I, da Lei 13.979/20; repare que o isolamento diz respeito a pessoas já doentes ou contaminadas; B: assertiva correta, não devendo ser assinalada; está de acordo com o art. 3º, § 1º da Lei 13.979/20; C: assertiva correta, não devendo ser assinalada; está de acordo com o art. 3º-A, § 7º, da Lei 13.979/20; D: assertiva incorreta, devendo ser assinalada; a quarentena não se aplica a pessoas contaminadas, mas sim em relação a pessoas “suspeitas de contaminação” que não estejam doentes (art. 3º, I, da Lei 13.979/20). Gabarito “D” Coordenadores e Autores SOBRE OS COORDENADORES SOBRE OS AUTORES COMO USAR O LIVRO? 1. DIREITO DO CONSUMIDOR 1. Conceito de Consumidor. Relação de Consumo 2. Princípios e Direitos Básicos 3. Responsabilidade do Fornecedor 4. Práticas Comerciais 5. Proteção Contratual 6. Defesa do Consumidor em Juízo 7. Responsabilidade Administrativa 8. SNDC e Convenção Coletiva 2. DIREITO AMBIENTAL 1. Introdução e princípios do Direito Ambiental 2. Direito Ambiental na Constituição Federal 3. Meio Ambiente Cultural 4. Competência em Matéria Ambiental 5. SISNAMA e PNMA 6. Instrumentos de Proteção e Promoção do Meio Ambiente 7. Licenciamento Ambiental e EIA/RIMA 8. Unidades de Conservação 9. Proteção da Flora.ré, por sua vez, alegou, em juízo, a ilegitimidade passiva, a prescrição e, subsidiariamente, a decadência. A respeito disso, assinale a afirmativa correta. (A) O fabricante é parte ilegítima, uma vez que o defeito relativo ao vício do produto afasta a responsabilidade do fabricante, sendo do comerciante a responsabilidade para melhor garantir os direitos dos consumidores adquirentes. (B) Ocorreu a prescrição, uma vez que o produto havia sido adquirido há mais de noventa dias e a contagem do prazo se iniciou partir da entrega efetiva do produto, não sendo possível reclamar a devolução do produto e a restituição do valor. (C) Somente José possui relação de consumo com a fornecedora, por ter sido o adquirente do produto, conforme consta na nota fiscal e no contrato de venda, implicando ilegitimidade ativa de Margarida para invocar a proteção da norma consumerista. (D) A decadência alegada deve ser afastada, uma vez que o prazo correspondente se iniciou quando se evidenciou o defeito e, posteriormente, a partir do prazo decadencial de garantia pelo serviço da assistência técnica, e não na data da compra do produto. A: Incorreta. Conforme art. 18 do CDC, todos os fornecedores respondem solidariamente pelo vício do produto inserido no mercado de consumo, incluindo o fabricante e o comerciante. B: Incorreta. O vício em questão é oculto, razão pela qual o prazo decadencial para buscar solução junto ao fornecedor inicia-se quando ficar evidenciado o problema (art. 26, § 3º, do CDC). C: Incorreta. Conforme o art. 2º, caput, do CDC, consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Dessa forma, fica claro que Margarida, destinatária final do produto, é consumidora nos termos da lei e pode demandar seu direito perante o judiciário. D: Correta. Conforme art. 26, § 3º, do CDC. Frize-se que, embora o caso seja relacionado ao vício do produto, a própria lei equivoca-se nos termos e usa a expressão “evidenciou o defeito”. RD (OAB/Exame XXXIV) Eleonora passeava de motocicleta por uma rodovia federal quando foi surpreendida por um buraco na estrada, em um trecho sob exploração por concessionária. Não tendo tempo de desviar, ainda que atenta ao limite de velocidade, passou pelo buraco do asfalto, desequilibrou-se e caiu, vindo a sofrer várias escoriações e danos materiais na moto. Os danos físicos exigiram longo período de internação, diversas cirurgias e revelaram reflexos de ordem estética. Você, como advogado(a), foi procurado(a) por Eleonora para ingressar com a medida judicial cabível diante do evento. À luz do Código de Defesa do Consumidor, você afirmou, corretamente, que (A) compete à Eleonora comprovar o nexo de causalidade entre a má conservação da via e o acidente sofrido, bem como a culpa da concessionária. Gabarito “D” (B) aplica-se a teoria da responsabilidade civil subjetiva à concessionária. (C) há relação de consumo entre Eleonora e a concessionária, cuja responsabilidade é objetiva. (D) pela teoria do risco administrativo, afasta-se a incidência do CDC, aplicando-se a responsabilidade civil da Constituição Federal. A: Incorreta. A responsabilidade civil por defeito nas relações de consumo é objetiva, ou seja, o consumidor deve fazer a comprovação do nexo de causalidade e dos danos. De fato, conforme o art. 14 do CDC, o fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. Assim, Eleonora deve comprovar apenas o nexo de causalidade entre a má conservação da via e o acidente sofrido. B: Incorreta. Conforme justificativa da alternativa “A”, aplica-se a teoria da responsabilidade objetiva à concessionária, conforme já mencionado art. 14 do CDC. C: Correta. É entendimento pacificado pelo STJ que as concessionárias de serviços rodoviários estão subordinadas ao Código de Defesa do Consumidor, pela própria natureza de seu serviço (vide REsp 467883 RJ). D: Incorreta. Conforme justificativa da alternativa “C”, não é aplicada a teoria do risco administrativo, incidindo o Código de Defesa do Consumidor na sua integralidade. RD (OAB/Exame Unificado – 2020.2) Maria compareceu à loja Bela, que integra rede de franquias de produtos de beleza e cuidados com a pele. A vendedora ofereceu a Maria a possibilidade de experimentar gratuitamente o produto na própria loja, sendo questionada pela cliente se esta poderia fazer uso com quadro de acne em erupção e inflamada, oportunidade em que a funcionária afirmou que sim. Porém, Gabarito “C” imediatamente após a aplicação do produto, Maria sentiu ardência e vermelhidão intensas, não o comprando. Logo após sair da loja, a situação agravou-se, e Maria buscou imediato atendimento médico de emergência, onde se constataram graves lesões na pele. Da leitura do rótulo obtido através do site da loja, evidenciou-se erro da vendedora, que utilizou no rosto da cliente produto contraindicado para o seu caso. Nessa situação, à luz do Código de Defesa do Consumidor e do entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é correto afirmar que (A) é objetiva a responsabilidade civil da vendedora que aplicou o produto em Maria sem observar as contraindicações, afastando- se a responsabilidade da empresa por culpa de terceiro. (B) a responsabilidade civil objetiva recai exclusivamente sobre a franqueadora, a quem faculta-se ingressar com ação de regresso em face da franqueada. (C) se a franqueadora for demandada judicialmente, não poderá invocar denunciação da lide à franqueada, por se tratar de acidente de consumo. (D) não há relação de consumo, uma vez que se tratou de hipótese de amostra grátis, sem que tenha se materializado a relação de consumo, em razão de o produto não ter sido comprado por Maria. A: Incorreta. Tratando-se de fato do produto, a responsabilidade civil objetiva e solidária do fabricante e do franqueador está definida no art. 12 do CDC. De fato, entende o Superior Tribunal de Justiça que “1. Os contratos de franquia caracterizam-se por um vínculo associativo em que empresas distintas acordam quanto à exploração de bens intelectuais do franqueador e têm pertinência estritamente inter partes. 2. Aos olhos do consumidor, trata-se de mera intermediação ou revenda de bens ou serviços do franqueador – fornecedor no mercado de consumo, ainda que de bens imateriais. 3. Extrai-se dos arts. 14 e 18 do CDC a responsabilização solidária de todos que participem da introdução do produto ou serviço no mercado, inclusive daqueles que organizem a cadeia de fornecimento, pelos eventuais defeitos ou vícios apresentados. (REsp 1426578/SP, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em 23/06/2015, DJe 22/09/2015). Assim, as hipóteses de excludentes de responsabilidade definidas no art. 12, § 3º, do CDC, não são aplicáveis ao caso. B: Incorreta. Trata-se de responsabilidade civil objetiva e solidária. C: Correta. O Código de Defesa do Consumidor, no seu art. 88, veda a denunciação da lide, o que é corroborado pela jurisprudência do STJ, que entende que a “denunciação da lide em processos de consumo é vedada porque poderia implicar maior dilação probatória, gerando a produção de provas talvez inúteis para o deslinde da questão principal, de interesse do consumidor”. Vide REsp 917.687; REsp 1.165.279 e Ag 1.333.671. D: Incorreta. Para ser considerado fornecedor basta colocar o produto ou o serviço no mercado de consumo. Nesse caso, a amostra grátis deve ser vista como forma de publicidade do produto, configurando-se a relação de consumo. RD (OAB/Exame Unificado – 2020.1) Adriano, por meio de um site especializado, efetuou reserva de hotel para estada com sua família em praia caribenha. A reserva foi imediatamente confirmada pelo site, um mês antes das suas férias, quando fariam a viagem. Ocorre que, dez dias antes do embarque, o site especializadocomunicou a Adriano que o hotel havia informado o cancelamento da contratação por erro no parcelamento com o cartão de crédito. Adriano, então, buscou nova compra do serviço, mas os valores estavam cerca de 30% mais caros do que na contratação inicial, com o qual anuiu por não ser mais possível alterar a data de suas férias. Ao retornar de viagem, Adriano procurou você, como advogado(a), a fim de saber se seria possível a restituição dessa diferença de valores. Gabarito “C” Neste caso, é correto afirmar que o ressarcimento da diferença arcada pelo consumidor (A) poderá ser buscado em face exclusivamente do hotel, fornecedor que cancelou a contratação. (B) poderá ser buscado em face do site de viagens e do hotel, que respondem solidariamente, por comporem a cadeia de fornecimento do serviço. (C) não poderá ser revisto, porque o consumidor tinha o dever de confirmar a compra em sua fatura de cartão de crédito. (D) poderá ser revisto, sendo a responsabilidade exclusiva do site de viagens, com base na teoria da aparência, respondendo o hotel apenas subsidiariamente. Trata-se de vício de serviço previsto no art. 20 do Código de Defesa do Consumidor. Há, na doutrina, quem defenda a ideia de tratar-se de defeito de serviço, nos termos do art. 14 do CDC. No entanto, tendo em vista que a saúde e segurança dos consumidores (art. 14) não foram colocadas em risco, melhor entendimento é aquele que enquadra a situação exposta como sendo vício de serviço (art. 20). De um modo ou de outro, trata-se de responsabilidade solidária do site que vendeu as reservas e do hotel, com fundamento no caput do art. 20, no art. 7º e no art. 25 do Código de Defesa do Consumidor. RD (OAB/Exame Unificado – 2019.3) Durante período de intenso calor, o Condomínio do Edifício X, por seu representante, adquiriu, junto à sociedade empresária Equipamentos Aquáticos, peças plásticas recreativas próprias para uso em piscinas, produzidas com material atóxico. Na primeira semana de uso, os produtos soltaram gradualmente sua tinta na vestimenta dos usuários, o que gerou apenas problema Gabarito “B” estético, na medida em que a pigmentação era atóxica e podia ser removida facilmente das roupas dos usuários por meio de uso de sabão. O Condomínio do Edifício X, por seu representante, procurou você, como advogado(a), buscando orientação para receber de volta o valor pago e ser indenizado pelos danos morais suportados. Nesse caso, cuida-se de (A) fato do produto, sendo excluída a responsabilidade civil da sociedade empresária, respondendo pelo evento o fabricante das peças; não cabe indenização por danos extrapatrimoniais, por ser o Condomínio pessoa jurídica, que não sofre essa modalidade de dano. (B) inaplicabilidade do CDC, haja vista a natureza da relação jurídica estabelecida entre o Condomínio e a sociedade empresária, cabendo a responsabilização civil com base nas regras gerais de Direito Civil, e incabível pleitear indenização por danos morais, por ter o Condomínio a qualidade de pessoa jurídica. (C) aplicabilidade do CDC somente por meio de medida de defesa coletiva dos condôminos, cuja legitimidade será exercida pelo Condomínio, na defesa dos interesses a título coletivo. (D) vício do produto, sendo solidária a responsabilidade da sociedade empresária e do fabricante das peças; o Condomínio do Edifício X é parte legítima para ingressar individualmente com a medida judicial por ser consumidor, segundo a teoria finalista mitigada. A: incorreta. O caso não pode ser tratado como fato do produto (ou acidente de consumo) tendo em vista que não colocou em risco a saúde e a segurança dos consumidores. O caso deve ser estudado como sendo vício de produto, nos termos do art. 18 do CDC. Por outro lado, o Superior Tribunal de Justiça já emitiu a súmula 227, que garante indenização à pessoa jurídica: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”. B: incorreta. Trata-se de relação jurídica de consumo, sendo o condomínio considerado um consumidor final nos termos do art. 2º do CDC. Ademais, os condôminos também são considerados consumidores por serem os usuários finais do produto. C: incorreta. Não é cabível, na espécie, a aplicação da defesa dos direitos difusos e coletivos nos termos do art. 81 do CDC. Para que haja direitos transindividuais, deveria ter a configuração de um direito difuso, coletivo ou individual homogêneo, o que não se configura na espécie. D: correta. Trata-se de vício de produto nos termos do art. 18 do CDC, trazendo responsabilidade civil solidária entre todos os envolvidos na cadeia produtiva (vide também o art. 7º e o art. 25 do CDC). Ademais, a teoria finalista mitigada, adotada pelo STJ, entende que consumidor é a pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final, para uso próprio ou fins profissionais, desde que haja vulnerabilidade. No caso em estudo, o condomínio adquiriu produto para utilização dos seus condôminos, sendo considerado destinatário final do produto. RD (OAB/Exame Unificado – 2019.1) Mara adquiriu, diretamente pelo site da fabricante, o creme depilatório Belle et Belle, da empresa Bela Cosméticos Ltda. Antes de iniciar o uso, Mara leu atentamente o rótulo e as instruções, essas unicamente voltadas para a forma de aplicação do produto. Assim que iniciou a aplicação, Mara sentiu queimação na pele e removeu imediatamente o produto, mas, ainda assim, sofreu lesões nos locais de aplicação. A adquirente entrou em contato com a central de atendimento da fornecedora, que lhe explicou ter sido a reação alérgica provocada por uma característica do organismo da consumidora, o que poderia acontecer pela própria natureza química do produto. Não se dando por satisfeita, Mara procurou você, como advogado(a), a fim de saber se é possível buscar a compensação pelos danos sofridos. Gabarito “D” Nesse caso de clara relação de consumo, assinale a opção que apresenta a orientação a ser dada a Mara. (A) Poderá ser afastada a responsabilidade civil da fabricante, se esta comprovar que o dano decorreu exclusivamente de reação alérgica da consumidora, fator característico daquela destinatária final, não havendo, assim, qualquer ilícito praticado pela ré. (B) Existe a hipótese de culpa exclusiva da vítima, na medida em que o CDC descreve que os produtos não colocarão em risco a saúde e a segurança do consumidor, excetuando aqueles de cuja natureza e fruição sejam extraídas a previsibilidade e a possibilidade de riscos perceptíveis pelo homem médio. (C) O fornecedor está obrigado, necessariamente, a retirá-lo de circulação, por estar presente defeito no produto, sob pena de prática de crime contra o consumidor. (D) Cuida-se da hipótese de violação ao dever de oferecer informações claras ao consumidor, na medida em que a periculosidade do uso de produto químico, quando composto por substâncias com potenciais alergênicos, deve ser apresentada em destaque ao consumidor. A: incorreta. Trata-se de defeito de produto, nos termos do art. 12 do Código de Defesa do Consumidor, em razão da falta de informação na rotulagem sobre eventuais reações alérgicas dos consumidores. B: incorreta. A culpa exclusiva do consumidor pode ser alegada nas relações de consumo (art. 12, § 3º, III), no entanto, a falta de informação tornou o produto defeituoso e obriga o fornecedor a indenizar. C: incorreta. O recall de produtos está definido no art. 10, § 1º, do CDC. Mencionado dispositivo legal obriga aos fornecedores de produtos e serviços a comunicar o defeito do produto caso seja descoberto depois da colocação do produto no mercado. Nesse caso, o fornecedor deveria fazer o recall avisando aos consumidores sobre os riscos do produto. Sendo assim, não seria o caso de, necessariamente, retirar o produto do mercado de consumo. D: correta. Trata-se de periculosidade inerente (ou latente do produto) nos termos do art. 9º do CDC. Deveria o fornecedor avisar sobre os riscos que os consumidores estão expostos pelo uso do produto, sobpena de incorrer nas penas do art. 63 do mesmo diploma legal. Ademais, art. 12 do CDC define o defeito de produto como sendo o problema por ele apresentado que coloque em risco a saúde e a segurança do consumidor, incluindo as hipóteses de informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. Sendo assim, a falta de informação torna do produto defeituoso e obriga o fornecedor a indenizar pelos danos causados aos consumidores. RD (OAB/Exame Unificado – 2018.2) Dora levou seu cavalo de raça para banho, escovação e cuidados específicos nos cascos, a ser realizado pelos profissionais da Hípica X. Algumas horas depois de o animal ter sido deixado no local, a fornecedora do serviço entrou em contato com Dora para informar-lhe que, durante o tratamento, o cavalo apresentou sinais de doença cardíaca. Já era sabido por Dora que os equipamentos utilizados poderiam causar estresse no animal. Foi chamado o médico veterinário da própria Hípica X, mas o cavalo faleceu no dia seguinte. Dora, que conhecia a pré-existência da doença do animal, ingressou com ação judicial em face da Hípica X pleiteando reparação pelos danos morais suportados, em decorrência do ocorrido durante o tratamento de higiene. Nesse caso, à luz do Código de Defesa do Consumidor (CDC), é correto afirmar que a Hípica X (A) não poderá ser responsabilizada se provar que a conduta no procedimento de higiene foi adequada, seguindo padrões fixados pelos órgãos competentes, e que a doença do animal que o levou a óbito era pré-existente ao procedimento de higienização do animal. Gabarito “D” (B) poderá ser responsabilizada em razão de o evento deflagrador da identificação da doença do animal ter ocorrido durante a sua higienização, ainda que se comprove ser pré-existente a doença e que tenham sido seguidos os padrões fixados por órgãos competentes para o procedimento de higienização, pois o nexo causal resta presumido na hipótese. (C) não poderá ser responsabilizada somente se provar que prestou os primeiros socorros, pois a pré-existência da doença não inibiria a responsabilidade civil objetiva dos fornecedores do serviço; somente a conduta de chamar atendimento médico foi capaz de desconstruir o nexo causal entre o procedimento de higiene e o evento do óbito. (D) poderá ser responsabilizada em solidariedade com o profissional veterinário, pois os serviços foram prestados por ambos os fornecedores, em responsabilidade objetiva, mesmo que Dora comprove que o procedimento de higienização do cavalo tenha potencializado o evento que levou ao óbito do animal, ainda que seguidos os padrões estipulados pelos órgãos competentes. O examinador entendeu haver responsabilidade civil pelo fato do serviço, embora tenha colocado a saúde do animal em risco, não a saúde do próprio consumidor. Para que haja a caracterização do defeito de serviço deve ocorrer o chamado acidente de consumo nos termos do art. 14 do CDC “o serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I – o modo de seu fornecimento; II – o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III – a época em que foi fornecido”. Entendemos que nesse caso houve vício de serviço, o que não altera o gabarito oficial, mas o fundamento estaria no art. 20 do Código de Defesa do Consumidor. No entanto, nossos comentários serão feitos com fundamento no art. 14, já que esse parece ter sido o entendimento da banca examinadora. A: correta. Trata-se de excludente de responsabilidade. Nos termos do art. 14, § 3º, o fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Tendo em vista que a consumidora não avisou sobre a doença do animal, o fornecedor não responde pelos danos, havendo quebra de nexo de causalidade; B: incorreta. O nexo de causalidade é o elo entre a conduta praticada e o resultado da ação. Houve culpa exclusiva da consumidora por ter deixado de avisar sobre os riscos, não havendo, portanto, responsabilidade do fornecedor; C: incorreta. Vide resposta da alternativa anterior. A desconstituição do nexo de causalidade ocorreu por culpa exclusiva do consumidor. Ademais, a responsabilidade civil do profissional liberal (médico veterinário) é subjetiva, nos termos do art. 14, § 4º, do CDC; D: incorreta. Vide resposta da alternativa anterior. RD (OAB/Exame Unificado – 2018.1) Eloá procurou o renomado Estúdio Max para tratamento de restauração dos fios do cabelo, que entendia muito danificados pelo uso de químicas capilares. A proposta do profissional empregado do estabelecimento foi a aplicação de determinado produto que acabara de chegar ao mercado, da marca mundialmente conhecida OPS, que promovia uma amostragem inaugural do produto em questão no próprio Estúdio Max. Eloá ficou satisfeita com o resultado da aplicação pelo profissional no estabelecimento, mas, nos dias que se seguiram, observou a queda e a quebra de muitos fios de cabelo, o que foi aumentando progressivamente. Retornando ao Estúdio, o funcionário que a havia atendido informou-lhe que poderia ter ocorrido reação química com outro produto utilizado por Eloá anteriormente ao tratamento, levando aos efeitos descritos pela consumidora, embora o produto da marca OPS não apontasse contraindicações. Gabarito “A” Eloá procurou você como advogado(a), narrando essa situação. Neste caso, assinale a opção que apresenta sua orientação. (A) Há evidente fato do serviço executado pelo profissional, cabendo ao Estúdio Max e ao fabricante do produto da marca OPS, em responsabilidade solidária, responderem pelos danos suportados pela consumidora. (B) Há evidente fato do produto; por esse motivo, a ação judicial poderá ser proposta apenas em face da fabricante do produto da marca OPS, não havendo responsabilidade solidária do comerciante Estúdio Max. (C) Há evidente fato do serviço, o que vincula a responsabilidade civil subjetiva exclusiva do profissional que sugeriu e aplicou o produto, com base na teoria do risco da atividade, excluindo-se a responsabilidade do Estúdio Max. (D) Há evidente vício do produto, sendo a responsabilidade objetiva decorrente do acidente de consumo atribuída ao fabricante do produto da marca OPS e, em caráter subsidiário, ao Estúdio Max e ao profissional, e não do profissional que aplicou o produto. A: correta. O Estúdio Max reponde pelos danos causados à consumidora por ter utilizado o produto que sabia poder causar reação química se em interação com outro produto, colocando em risco a saúde e a segurança da consumidora. Por ter sido utilizado sem os cuidados necessários pelo salão de beleza estamos diante de um defeito de serviço (art. 14 do CDC). Por outro lado, a fabricante OPS responde solidariamente pelos danos causados, pela falta de informações em relação ao uso do produto (art. 12 o CDC); B: incorreta. Trata-se de responsabilidade solidária pelo defeito de produto e defeito de serviço; C: incorreta. A responsabilidade civil prevista no CDC é objetiva, exceto para os profissionais liberais, para quem a responsabilidade civil é subjetiva; D: incorreta. Trata-se de defeito de produto e serviço, uma vez que colocou em risco a saúde e a segurança da consumidora. RD (OAB/Exame Unificado – 2017.3) Os arquitetos Everton e Joana adquiriram pacote de viagens para passar a lua de mel na Europa, primeira viagem internacional do casal. Ocorre que o trajeto do voo previa conexão em um país que exigia visto de trânsito, tendo havido impedimento do embarque dos noivos, ainda no Brasil, por não terem o visto exigido. O casal questionou a agência de turismo por não ter dado qualquer explicação prévia nesse sentido, e a fornecedora informou que não se responsabilizava pela informação de necessidade de visto para a realização da viagem. Diante do caso apresentado, assinale a afirmativa correta. (A) Cabe ação de reparação por danos extrapatrimoniais, em razãoda insuficiência de informação clara e precisa, que deveria ter sido prestada pela agência de turismo, no tocante à necessidade de visto de trânsito para a conexão internacional prevista no trajeto. (B) Não houve danos materiais a serem ressarcidos, já que os consumidores sequer embarcaram, situação muito diferente de terem de retornar, às próprias expensas, diretamente do país de conexão, interrompendo a viagem durante o percurso. (C) Não ocorreram danos extrapatrimoniais por se tratar de pessoas que tinham capacidade de leitura e compreensão do contrato, sendo culpa exclusiva das próprias vítimas a interrupção da viagem por desconhecerem a necessidade de visto de trânsito para realizarem a conexão internacional. (D) Houve culpa exclusiva da empresa aérea que emitiu os bilhetes de viagem, não podendo a agência de viagem ser culpabilizada, por ser o comerciante responsável subsidiariamente e não responder diretamente pelo fato do serviço. Gabarito “A” A: correta. Trata-se de vício de serviço (art. 20 do CDC) e a agência de turismo (fornecedora) responde pelos danos morais e materiais causados em relação aos vícios na prestação de serviços em razão da falta de informação (art. 6, VIII, do CDC); B: incorreta. Evidentes os danos materiais causados pela falta de informação uma vez que os consumidores não conseguiram embarcar, perdendo o valor relativo às passagens aéreas pagas; C: incorreta. Vide justificativa da alternativa A. Além disso, estão presentes as vulnerabilidades técnica, informacional e jurídica dos consumidores; D: incorreta. Sendo um vício de serviço, a agência de turismo (comerciante), é solidariamente responsável pelos danos causados aos consumidores. RD (OAB/Exame Unificado – 2017.3) Osvaldo adquiriu um veículo zero quilômetro e, ao chegar a casa, verificou que, no painel do veículo, foi acionada a indicação de problema no nível de óleo. Ao abrir o capô, constatou sujeira de óleo em toda a área. Osvaldo voltou imediatamente à concessionária, que realizou uma rigorosa avaliação do veículo e constatou que havia uma rachadura na estrutura do motor, que, por isso, deveria ser trocado. Oswaldo solicitou um novo veículo, aduzindo que optou pela aquisição de um zero quilômetro por buscar um carro que tivesse toda a sua estrutura “de fábrica”. A concessionária se negou a efetuar a troca ou devolver o dinheiro, alegando que isso não descaracterizaria o veículo como novo e que o custo financeiro de faturamento e outras medidas administrativas eram altas, não justificando, por aquele motivo, o desfazimento do negócio. No mesmo dia, Osvaldo procura você, como advogado, para orientá-lo. Assinale a opção que apresenta a orientação dada. (A) Cuida-se de vício do produto, e a concessionária dispõe de até trinta dias para providenciar o reparo, fase que, ordinariamente, deve Gabarito “A” preceder o direito do consumidor de pleitear a troca do veículo. (B) Trata-se de fato do produto, e o consumidor sempre pode exigir a imediata restituição da quantia paga, sem prejuízo de pleitear perdas e danos em juízo. (C) Há evidente vício do produto, sendo subsidiária a responsabilidade da concessionária, devendo o consumidor ajuizar a ação de indenização por danos materiais em face do fabricante. (D) Trata-se de fato do produto, e o consumidor não tem interesse de agir, pois está no curso do prazo para o fornecedor sanar o defeito. A: correta. Trata-se de vício de produto e, nos termos do art. 18 do Código de Defesa do Consumidor, o fornecedor tem o direito de consertar do produto em até trinta dias. Se não consertar dentro desse prazo, poderá o consumidor optar pela troca do produto, devolução dos valores ou abatimento proporcional do preço; B: incorreta. A caracterização de fato do produto exige o acidente de consumo, ou seja, que o produto coloque em risco a vida e a saúde do consumidor, o que não foi mencionado pelo problema; C: incorreta. Trata-se de vício do produto sendo, portanto, solidária (não subsidiária) a responsabilidade do fornecedor; D: incorreta. O defeito do produto, tratado no art. 12 do CDC, não permite que o fornecedor conserte o produto, devendo ser o consumidor imediatamente indenizado. RD (OAB/Exame Unificado – 2016.1) Antônio desenvolve há mais de 40 anos atividade de comércio no ramo de hortifrúti. Seus clientes chegam cedo para adquirir verduras frescas entregues pelos produtores rurais da região. Antônio também vende no varejo, com pesagem na hora, grãos e cereais adquiridos em sacas de 30 quilos, de uma marca muito conhecida e respeitada no mercado. Determinado dia, a cliente Maria desconfiou da pesagem e fez a conferência na sua balança caseira, que apontou suposta divergência de peso. Procedeu com a imediata denúncia junto ao Órgão Gabarito “A” Oficial de Fiscalização, que confirmou que o instrumento de medição do comerciante estava com problemas de calibragem e que não estava aferido segundo padrões oficiais, gerando prejuízo aos consumidores. A cliente denunciante buscou ser ressarcida pelo vício de quantidade dos produtos. Com base na hipótese sugerida, assinale a afirmativa correta. (A) Trata-se de responsabilidade civil solidária, podendo Maria acionar tanto o comerciante quanto os produtores. (B) Trata-se de responsabilidade civil subsidiária, pois o comerciante só responde se os demais fornecedores não forem identificados. (C) Trata-se de responsabilidade civil exclusiva do comerciante, na qualidade de fornecedor imediato. (D) Trata-se de responsabilidade civil objetiva, motivo pelo qual inexistem excludentes de responsabilidade. A e B: incorretas, pois, no caso do fornecimento de produto mediante pesagem ou mediação no momento da compra, responderá perante o consumidor apenas o fornecedor imediato, nos termos do art. 19, § 2º, do CDC; C: correta, pois, de fato, no caso do fornecimento de produto mediante pesagem ou mediação no momento da compra, responderá perante o consumidor apenas o fornecedor imediato, nos termos do art. 19, § 2º, do CDC; D: incorreta, pois o CDC reconhece a existência de excludentes de responsabilidade, como a culpa exclusiva da vítima ou de terceiro; no caso em tela dificilmente será reconhecida uma excludente; porém, não é possível dizer que a alternativa traz informação correta. (OAB/Exame Unificado – 2015.3) Dulce, cinquenta e oito anos de idade, fumante há três décadas, foi diagnosticada como portadora de enfisema pulmonar. Trata-se de uma doença pulmonar obstrutiva crônica caracterizada pela dilatação excessiva dos alvéolos pulmonares, que causa a perda da capacidade respiratória e uma consequente oxigenação Gabarito “C” insuficiente. Em razão do avançado estágio da doença, foi prescrito como essencial o tratamento de suplementação de oxigênio. Para tanto, Joana, filha de Dulce, adquiriu para sua mãe um aparelho respiratório na loja Saúde e Bem-Estar. Porém, com uma semana de uso, o produto parou de funcionar. Joana procurou imediatamente a loja para substituição do aparelho, oportunidade na qual foi informada pela gerente que deveria aguardar o prazo legal de trinta dias para conserto do produto pelo fabricante. Com base no caso narrado, em relação ao Código de Proteção e Defesa do Consumidor, assinale a afirmativa correta. (A) Está correta a orientação da vendedora. Joana deverá aguardar o prazo legal de trinta dias para conserto e, caso não seja sanado o vício, exigir a substituição do produto, a devolução do dinheiro corrigido monetariamente ou o abatimento proporcional do preço. (B) Joana não é consumidora destinatária final do produto, logo tem apenas direito ao conserto do produto durável no prazo de noventa dias, mas não à devolução da quantia paga. (C) Joana não precisa aguardar o prazo legal de trinta dias para conserto, pois tem direito de exigir a substituição imediata do produto, em razão de sua essencialidade. (D) Na impossibilidade de substituição do produto por outro da mesma espécie, Joana poderá optar por um modelo diverso,