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2023-1933
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
(CIP) de acordo com ISBD
D673c Dompieri, Eduardo
Como passar OAB – Direito Consumidor, Ambiental e ECA [recurso eletrônico]
/ Eduardo Dompieri, Roberta Densa, Wander Garcia ; coordenado por Wander
Garcia. - 19. ed. - Indaiatuba, SP : Editora Foco, 2023. 
94 p. : ePUB. – (Como Passar)
Inclui índice e bibliografia.
ISBN: 978-65-5515-860-1 (Ebook)
1. Direito. 2. Ordem dos Advogados do Brasil - OAB. 3. Exame de Ordem. I.
Dompieri, Ana Paula. II. Trigueiros, Arthur. III. Vieira, Bruna. IV. Dompieri,
Eduardo. V. Pinheiro, Gabriela R. VI. Nicolau, Gustavo. VII. Subi, Henrique.
VIII. Cramacon, Hermes. IX. Dellore, Luiz. X. Flumian, Renan. XI. Bordalo,
Rodrigo. XII. Densa, Roberta. XIII. Barreirinhas, Robinson. XIV. Melo, Teresa.
XV. Garcia, Wander. XVI. Título.
CDD 340
CDU 340
Elaborado por Vagner Rodolfo da Silva - CRB-8/9410
Índices para Catálogo Sistemático:
1. Direito 340 
2. Direito 34
2023 © Editora Foco
Coordenadores: Wander Garcia
Organizadora e cocoordenadora: Ana Paula Dompieri
Coorganizadora: Eduardo Dompieri, Roberta Densa e Wander Garcia
Diretor Acadêmico: Leonardo Pereira
Editor: Roberta Densa
Revisora Sênior: Georgia Renata Dias
Revisora: Simone Dias
Capa Criação: Leonardo Hermano
Diagramação: Ladislau Lima e Aparecida Lima
Produção ePub: Booknando
DIREITOS AUTORAIS: É proibida a reprodução parcial ou total desta publicação, por
qualquer forma ou meio, sem a prévia autorização da Editora FOCO, com exceção do teor
das questões de concursos públicos que, por serem atos oficiais, não são protegidas como
Direitos Autorais, na forma do Artigo 8º, IV, da Lei 9.610/1998. Referida vedação se
estende às características gráficas da obra e sua editoração. A punição para a violação dos
Direitos Autorais é crime previsto no Artigo 184 do Código Penal e as sanções civis às
violações dos Direitos Autorais estão previstas nos Artigos 101 a 110 da Lei 9.610/1998. Os
comentários das questões são de responsabilidade dos autores.
NOTAS DA EDITORA:
Atualizações e erratas: A presente obra é vendida como está, atualizada até a data do seu
fechamento, informação que consta na página II do livro. Havendo a publicação de
legislação de suma relevância, a editora, de forma discricionária, se empenhará em
disponibilizar atualização futura.
Bônus ou Capítulo On-line: Excepcionalmente, algumas obras da editora trazem
conteúdo no on-line, que é parte integrante do livro, cujo acesso será disponibilizado
durante a vigência da edição da obra.
Erratas: A Editora se compromete a disponibilizar no site www.editorafoco.com.br, na
seção Atualizações, eventuais erratas por razões de erros técnicos ou de conteúdo.
Solicitamos, outrossim, que o leitor faça a gentileza de colaborar com a perfeição da obra,
https://www.editorafoco.com.br/
comunicando eventual erro encontrado por meio de mensagem para
contato@editorafoco.com.br. O acesso será disponibilizado durante a vigência da edição da
obra.
Data de Fechamento (12.2022)
2023
Todos os direitos reservados à 
Editora Foco Jurídico Ltda.
Avenida Itororó, 348 – Sala 05 – Cidade Nova 
CEP 13334-050 – Indaiatuba – SP
E-mail: contato@editorafoco.com.br 
www.editorafoco.com.br
https://www.editorafoco.com.br/
SUMÁRIO
Coordenadores e Autores
SOBRE OS COORDENADORES
SOBRE OS AUTORES
COMO USAR O LIVRO?
1. DIREITO DO CONSUMIDOR
1. Conceito de Consumidor. Relação de Consumo
2. Princípios e Direitos Básicos
3. Responsabilidade do Fornecedor
4. Práticas Comerciais
5. Proteção Contratual
6. Defesa do Consumidor em Juízo
7. Responsabilidade Administrativa
8. SNDC e Convenção Coletiva
2. DIREITO AMBIENTAL
1. Introdução e princípios do Direito Ambiental
2. Direito Ambiental na Constituição Federal
3. Meio Ambiente Cultural
4. Competência em Matéria Ambiental
5. SISNAMA e PNMA
6. Instrumentos de Proteção e Promoção do Meio Ambiente
7. Licenciamento Ambiental e EIA/RIMA
8. Unidades de Conservação
9. Proteção da Flora. Código Florestal. Mata Atlântica
10. proteção da fauna
11. Responsabilidade Civil Ambiental
12. Responsabilidade Administrativa Ambiental
13. Responsabilidade Penal Ambiental
14. Estatuto da Cidade
15. RESÍDUOS SÓLIDOS
16. RECURSOS HÍDRICOS
17. biossegurança
18. Agrário
19. SANEAMENTO BÁSICO
20. QUESTÕES SOBRE COVID
COORDENADORES E AUTORES
SOBRE OS COORDENADORES
Wander Garcia – @wander_garcia
É Doutor, Mestre e Graduado em Direito pela PUC/SP. É
professor universitário e de cursos preparatórios para Concursos
e Exame de Ordem, tendo atuado nos cursos LFG e DAMASIO.
Neste foi Diretor Geral de todos os cursos preparatórios e da
Faculdade de Direito. Foi diretor da Escola Superior de Direito
Público Municipal de São Paulo. É um dos fundadores da Editora
Foco, especializada em livros jurídicos e para concursos e exames.
É autor best seller com mais de 50 livros publicados na qualidade
de autor, coautor ou organizador, nas áreas jurídica e de
preparação para concursos e exame de ordem. Já vendeu mais de
1,5 milhão de livros, dentre os quais se destacam “Como Passar
na OAB”, “Como Passar em Concursos Jurídicos”, “Exame de
Ordem Mapamentalizado” e “Concursos: O Guia Definitivo”. É
também advogado desde o ano de 2000 e foi procurador do
município de São Paulo por mais de 15 anos. É Coach Certificado,
com sólida formação em Coaching pelo IBC e pela International
Association of Coaching.
Ana Paula Dompieri
Procuradora do Estado de São Paulo, Pós-graduada em Direito,
Professora do IEDI, Escrevente do Tribunal de Justiça por mais
de 10 anos e Assistente Jurídico do Tribunal de Justiça. Autora de
diversos livros para OAB e concursos.
SOBRE OS AUTORES
Roberta Densa
Doutora em Direitos Difusos e Coletivos. Professora universitária
e em cursos preparatórios para concursos Públicos e OAB. Autora
da obra “Direito do Consumidor”, 9ª edição publicada pela
Editora Atlas.
COMO USAR O LIVRO?
Para que você consiga um ótimo aproveitamento deste livro,
atente para as seguintes orientações:
1° Tenha em mãos um vademecum ou um computador no qual
você possa acessar os textos de lei citados.
Neste ponto, recomendamos o Vade Mecum de Legislação
FOCO – confira em www.editorafoco.com.br.
2° Se você estiver estudando a teoria (fazendo um curso
preparatório ou lendo resumos, livros ou apostilas), faça as questões
correspondentes deste livro na medida em que for avançando no
estudo da parte teórica.
3° Se você já avançou bem no estudo da teoria, leia cada capítulo
deste livro até o final, e só passe para o novo capítulo quando acabar
o anterior; vai mais uma dica: alterne capítulos de acordo com suas
preferências; leia um capítulo de uma disciplina que você gosta e,
depois, de uma que você não gosta ou não sabe muito, e assim
sucessivamente.
4° Iniciada a resolução das questões, tome o cuidado de ler cada
uma delas sem olhar para o gabarito e para os comentários; se a
curiosidade for muito grande e você não conseguir controlar os
olhos, tampe os comentários e os gabaritos com uma régua ou um
papel; na primeira tentativa, é fundamental que resolva a questão
sozinho; só assim você vai identificar suas deficiências e “pegar o
jeito” de resolver as questões; marque com um lápis a resposta que
entender correta, e só depois olhe o gabarito e os comentários.
5° Leia com muita atenção o enunciado das questões. Ele deve ser
lido, no mínimo, duas vezes. Da segunda leitura em diante, começam
a aparecer os detalhes, os pontos que não percebemos na primeira
leitura.
6° Grife as palavras-chave, as afirmações e a pergunta formulada.
Ao grifar as palavras importantes e as afirmações você fixará mais os
pontos-chave e não se perderá no enunciado como um todo. Tenha
atenção especial com as palavras “correto”, “incorreto”, “certo”,
“errado”, “prescindível” e “imprescindível”.
7° Leia os comentários e leia também cada dispositivo legal neles
mencionados; não tenha preguiça; abra o vademecum e leia os textossem direito
à restituição de eventual diferença de preço, e, se este for de valor
maior, não será devida por Joana qualquer complementação.
A: incorreta, pois, em se tratando de produto essencial para a
destinatária final dele (Dulce), a lei estabelece que não é necessário
aguardar o prazo legal de 30 dias para o concerto, podendo a adquirente
do produto (Joana) ou a usuária do produto (Dulce) requerer a
substituição imediata do produto ou qualquer outra alternativa prevista no
art. 18, § 1º, do CDC, tudo nos termos do art. 18, § 3º, do CDC; B:
incorreta, pois tanto que adquire o produto (Joana), como quem usa o
produto (Dulce) são considerados consumidores (art. 2º, caput, do CDC);
C: correta, pois, em se tratando de produto essencial para a destinatária
final dele (Dulce), a lei estabelece que não é necessário aguardar o
prazo legal de 30 dias para o concerto, podendo a adquirente do produto
(Joana) ou a usuária do produto (Dulce) requerer a substituição imediata
do produto ou qualquer outra alternativa prevista no art. 18, § 1º, do
CDC, tudo nos termos do art. 18, § 3º, do CDC; D: incorreto, pois, não
sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por
outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação
ou restituição de eventual diferença de preço (art. 18, § 4º, do CDC).
(OAB/Exame Unificado – 2015.1) A responsabilidade civil dos fornecedores de
serviços e produtos, estabelecida pelo Código do Consumidor, reconheceu
a relação jurídica qualificada pela presença de uma parte vulnerável,
devendo ser observados os princípios da boa-fé, lealdade contratual,
dignidade da pessoa humana e equidade. A respeito da temática, assinale
a afirmativa correta.
(A) A responsabilidade civil subjetiva dos fabricantes impõe ao
consumidor a comprovação da existência de nexo de causalidade que o
vincule ao fornecedor, mediante comprovação da culpa, invertendo-se o
ônus da prova no que tange ao resultado danoso suportado.
(B) A responsabilidade civil do fabricante é subjetiva e subsidiária
quando o comerciante é identificado e encontrado para responder pelo
vício ou fato do produto, cabendo ao segundo a responsabilidade civil
objetiva.
(C) A responsabilidade civil objetiva do fabricante somente poderá ser
imputada se houver demonstração dos elementos mínimos que
comprovem o nexo de causalidade que justifique a ação proposta, ônus
esse do consumidor.
(D) A inversão do ônus da prova nas relações de consumo é questão de
ordem pública e de imputação imediata, cabendo ao fabricante a carga
Gabarito “C”
probatória frente ao consumidor, em razão da responsabilidade civil
objetiva.
A: incorreta, pois a responsabilidade dos fabricantes não é subjetiva,
mas sim objetiva, não sendo necessário que haja conduto culposa do
fabricante (arts. 12, caput, e 18, caput, ambos do CDC); B: incorreta,
pois a responsabilidade do fabricante é objetiva (e não subjetiva) e direta
(e não subsidiária), podendo o fabricante ser acionado diretamente,
independentemente de o comerciante ser identificado ou encontrado; C:
correta, pois, de fato, a responsabilidade do fabricante é objetiva,
cabendo ao autor da ação, o consumidor, a demonstração dos elementos
mínimos para a configuração dessa responsabilidade, ressalvado, é
claro, os casos em que cabe a inversão do ônus da prova, que, como se
sabe, não é automática; D: incorreta, pois a inversão do ônus da prova
não é automática no regime do CDC, já que depende do preenchimento
de um dos seguintes requisitos pelo consumidor, a critério do juiz:
verossimilhança de sua alegação ou que este seja hipossuficiente (art.
6º, VIII, do CDC).
(OAB/Exame Unificado – 2014.3) Carmen adquiriu veículo zero quilômetro
com dispositivo de segurança denominado airbag do motorista, apenas
para o caso de colisões frontais. Cerca de dois meses após a aquisição do
bem, o veículo de Carmen sofreu colisão traseira, e a motorista teve seu
rosto arremessado contra o volante, causando-lhe escoriações leves. A
consumidora ingressou com medida judicial em face do fabricante,
buscando a reparação pelos danos materiais e morais que sofrera,
alegando ser o produto defeituoso, já que o airbag não foi acionado
quando da ocorrência da colisão. A perícia constatou colisão traseira e em
velocidade inferior à necessária para o acionamento do dispositivo de
segurança. Carmen invocou a inversão do ônus da prova contra o
fabricante, o que foi indeferido pelo juiz.
Gabarito “C”
Analise o caso à luz da Lei nº 8.078/90 e assinale a afirmativa correta.
(A) Cabe inversão do ônus da prova em favor da consumidora, por
expressa determinação legal, não podendo, em qualquer hipótese, o
julgador negar tal pleito.
(B) Falta legitimação, merecendo a extinção do processo sem resolução
do mérito, uma vez que o responsável civil pela reparação é o
comerciante, no caso, a concessionária de veículos.
(C) A responsabilidade civil do fabricante é objetiva e independe de
culpa; por isso, será cabível indenização à vítima consumidora, mesmo
que esta não tenha conseguido comprovar a colisão dianteira.
(D) O produto não poderá ser caracterizado como defeituoso,
inexistindo obrigação do fabricante de indenizar a consumidora, já que,
nos autos, há apenas provas de colisão traseira.
A: incorreta, pois, apesar de caber inversão do ônus da prova no caso,
esta depende do preenchimento de um dos seguintes requisitos pelo
consumidor, a critério do juiz: verossimilhança de sua alegação ou que
este seja hipossuficiente (art. 6º, VIII, do CDC); B: incorreta, pois o
consumidor alega a chamada responsabilidade por fato do produto (ou
por defeito do produto), que é aquela em que se alega efetivo dano à
saúde ou a segurança do consumidor; assim sendo, incide o regime do
art. 12, caput, do CDC, que não permite como regra o acionamento do
comerciante que vendeu o produto, devendo-se acionar o fabricante;
esse regime difere do regime da responsabilidade pelo vício do produto
(quando este simplesmente tem problema de qualidade ou quantidade,
mas que não houve efetivo dano à saúde ou à segurança do
consumidor), quando se pode acionar todos os fornecedores da cadeia,
ou seja, tanto o comerciante, como o fabricante do produto (art. 18,
caput, do CDC); C: incorreta; de fato, a responsabilidade do fabricante é
objetiva e independe de culpa (art. 12, caput, do CDC); porém, essa
responsabilidade depende de se ter um efetivo defeito no produto;
segundo a lei, um produto é considerado defeituoso quando não oferece
a segurança que dele legitimamente se espera (art. 12, § 1º, do CDC); e
o produto em questão era uma airbag apenas para colisões frontais, e
não para colisões traseiras, de modo que não é possível dizer que o
produto não ofereceu a segurança que dele legitimamente se esperava;
D: correta; o veículo só poderia ser considerado defeituoso se não
dispusesse da segurança que legitimamente se espera dele (art. 12, § 1º,
do CDC); e no caso, o produto não fora fabricado para colisões traseiras,
mas sim para colisões frontais, o que afasta o pressuposto básico para a
responsabilidade pelo fato do produto, que é a existência de produto
defeituoso.
(OAB/Exame Unificado – 2014.2) Um homem foi submetido à cirurgia para
remoção de cálculos renais em hospital privado. A intervenção foi
realizada por equipe médica não integrante dos quadros de funcionários
do referido hospital, apesar de ter sido indicada por esse mesmo hospital.
Durante o procedimento, houve perfuração do fígado do paciente,
verificada somente três dias após a cirurgia, motivo pelo qual o homem
teve que se submeter a novo procedimento cirúrgico, que lhe deixou uma
grande cicatriz na região abdominal. O paciente ingressou com ação
judicial em face do hospital, visando a indenização por danos morais e
estéticos. Partindo dessa narrativa, assinale a opção correta.
(A) O hospital responde objetivamente pelos danos morais e estéticos
decorrentes do erro médico, tendo em vista que ele indicou a equipe
médica.
(B) O hospital responderápelos danos, mas de forma alternativa, não
se acumulando os danos morais e estéticos, sob pena de
enriquecimento ilícito do autor.
(C) O hospital não responderá pelos danos, uma vez que se trata de
responsabilidade objetiva da equipe médica, sendo o hospital parte
Gabarito “D”
ilegítima na ação porque apenas prestou serviço de instalações e
hospedagem do paciente.
(D) O hospital não responderá pelos danos, tendo em vista que não se
aplica a norma consumerista à relação entre médico e paciente, mas,
sim, o Código Civil, embora a responsabilidade civil dos profissionais
liberais seja objetiva.
A: correta, pois, uma vez que o médico foi indicado pelo hospital, há
responsabilidade solidária do médico que cometeu o erro e do hospital;
da mesma forma, se o médico também fosse daqueles indicados ou
credenciados por um plano de saúde, este também responderia de forma
solidária com o médico que cometesse o erro (STJ REsp 866.371/RS, j.
27/03/12); quanto ao médico, este responde subjetivamente por ser
profissional liberal (art. 14, § 4º, do CDC), ao passo que o hospital
responde objetivamente nos termos do art. 14, caput, do CDC; B:
incorreta, pois a responsabilidade do hospital, como se viu, não é
alternativa, mas solidária (arts. 7º, parágrafo único, e 25, § 1º, do CDC);
C: incorreta, pois, conforme se viu o hospital indicou o médico e, assim,
responde solidariamente (arts. 7º, parágrafo único, e 25, § 1º, do CDC);
D: incorreta, pois o CDC se aplica sim à relação entre médico e paciente,
lembrando que o médico responde subjetivamente, por ser profissional
liberal (art. 14, § 4º, do CDC), ao passo que o hospital, objetivamente
(art. 14, caput, do CDC).
(OAB/Exame Unificado – 2013.2) O Mercado A comercializa o produto
desinfetante W, fabricado por “W.Industrial”. O proprietário do Mercado
B, que adquiriu tal produto para uso na higienização das partes comuns
das suas instalações, verifica que o volume contido no frasco está em
desacordo com as informações do rótulo do produto. Em razão disso, o
Mercado B propõe ação judicial em face do Mercado A, invocando a Lei n.
8.078/90 (CDC), arguindo vícios decorrentes de tal disparidade. O
Gabarito “A”
Mercado A, em defesa, apontou que se tratava de responsabilidade do
fabricante e requereu a extinção do processo.
A respeito do caso sugerido, assinale a alternativa correta.
(A) O processo merece ser extinto por ilegitimidade passiva.
(B) O caso versa sobre fato do produto, logo a responsabilidade do réu
é subsidiária.
(C) O processo deve ser extinto, pois o autor não se enquadra na
condição de consumidor.
(D) Trata-se de vício do produto, logo o réu e o fabricante são
solidariamente responsáveis.
A: incorreta; no caso temos um vício do produto (do tipo vício de
quantidade – art. 19 do CDC) e não um defeito do produto (art. 12 do
CDC), já que se trata de um problema interno do produto (quantidade
díspar do rótulo) e não de um problema externo do produto (que é aquele
problema que acontece quando se atinge a segurança do consumidor);
nesse sentido, e considerando que o comerciante só está a princípio
liberado de responder no caso de defeito (art. 12 do CDC – só
respondem o fabricante, o produtor, o construtor e importador), mas
responde quando se trata de vício (pois aqui todos os fornecedores
respondem, inclusive o comerciante – art. 19 do CDC), não há que se
falar em ilegitimidade passiva do comerciante (“Mercado A”), que tem o
dever de responder no caso; B: incorreta, pois o caso trata de vício do
produto, e não de fato do produto (= a defeito do produto ou acidente de
consumo), hipótese em que a responsabilidade dos fornecedores é
solidária (art. 19, caput, do CDC) e não subsidiária; C: incorreta, pois o
produto em questão não foi adquirido para revenda ou para servir de
insumo para a produção (casos em que fica afastada a aplicação do
CDC, salvo se se tratar de um adquirente vulnerável), tratando-se de
produto de uso interno, no caso, para higienização do local de trabalho;
D: correta, tratando de vício de quantidade, com responsabilidade
solidária expressamente mencionada na lei (art. 19, caput, do CDC).
(OAB/Exame Unificado – 2013.2) Carla ajuizou ação de indenização por danos
materiais, morais e estéticos em face do dentista Pedro, lastreada em
prova pericial que constatou falha, durante um tratamento de canal, na
prestação do serviço odontológico. O referido laudo comprovou a
inadequação da terapia dentária adotada, o que resultou na necessidade
de extração de três dentes da paciente, sendo que na execução da extração
ocorreu fratura da mandíbula de Carla, o que gerou redução óssea e
sequelas permanentes, que incluíram assimetria facial.
Com base no caso concreto, à luz do Código de Defesa do Consumidor,
assinale a afirmativa correta.
(A) O dentista Pedro responderá objetivamente pelos danos causados à
paciente Carla, em razão do comprovado fato do serviço, no prazo
prescricional de cinco anos.
(B) Haverá responsabilidade de Pedro, independentemente de dolo ou
culpa, diante da constatação do vício do serviço, no prazo decadencial
de noventa dias.
(C) A obrigação de indenizar por parte de Pedro é subjetiva e fica
condicionada à comprovação de dolo ou culpa.
(D) Inexiste relação de consumo no caso em questão, pois é uma
relação privada, que encerra obrigação de meio pelo profissional liberal,
aplicando-se o Código Civil.
A: incorreta, pois, segundo o art. 14, § 4º, do CDC, o profissional liberal
(no caso em questão temos um dentista enquanto profissional liberal,
não havendo menção ao fato de que se tratava de um empresa de
tratamentos dentários, hipótese em que a regra não se aplicaria)
responde subjetivamente (e não objetivamente), ou seja, mediante a
verificação de sua culpa (= culpa em sentido estrito ou dolo); B: incorreta,
pois, como se viu, a responsabilidade no caso é subjetiva (e não
Gabarito “D”
objetiva); ademais, se houvesse responsabilidade o prazo seria
prescricional (relativo a pretensão indenizatória) e de 5 anos (art. 27 do
CDC); C: correta (art. 14, § 4º, do CDC); D: incorreta, pois há fornecedor
(dentista Pedro, que é um prestador de serviço remunerado – art. 3º,
caput e § 2º, do CDC), consumidor (Carla), objeto (prestação de serviço
– art. 3º, § 2º, do CDC)) e elemento finalístico cumprido (Carla é
destinatária final do serviço – art. 2º, caput, do CDC), de modo que há
uma relação de consumo sim, e não relação regida pelo Código Civil.
(OAB/Exame Unificado – 2013.1) Elisabeth e Marcos, desejando passar a lua
de mel em Paris, adquiriram junto à Operadora de Viagens e Turismo “X”
um pacote de viagem, composto de passagens aéreas de ida e volta,
hospedagem por sete noites, e seguro saúde e acidentes pessoais, este
último prestado pela seguradora “Y”. Após chegar à cidade, Elisabeth
sofreu os efeitos de uma gastrite severa e Marcos entrou em contato com a
operadora de viagens a fim de que o seguro fosse acionado, sendo
informado que não havia médico credenciado naquela localidade. O casal
procurou um hospital, que manteve Elisabeth internada por 24 horas, e
retornou ao Brasil no terceiro dia de estada em Paris, tudo às suas
expensas.
Partindo da hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
(A) O casal poderá acionar judicialmente a operadora de turismo,
mesmo que a falha do serviço tenha sido da seguradora, em razão da
responsabilidade solidária aplicável ao caso.
(B) O casal somente poderá acionar judicialmente a seguradora Y, já
que a operadora de turismo responderia por falhas na organização da
viagem, e não pelo seguro porque esse foi realizado por outra empresa.
(C) O casal terá que acionar judicialmente a operadora de turismo e a
seguradora simultaneamente por se tratar da hipótese de litisconsórcio
Gabarito “C”
necessário e unitário, sob pena de insurgir em carência da ação.
(D) O casal não poderá acionar judicialmente a operadora de turismo
já que havia liberdade de contratar o seguro saúde viagem com outra
seguradora e, portanto, não se tratandode venda casada, não há
responsabilidade solidária na hipótese.
A: correta, pois o seguro foi adquirido junto à própria Operadora de
Viagens, de modo que esta responderá solidariamente com a empresa
de seguro de saúde (arts. 7º, parágrafo único, e 25, § 1º, do CDC); B:
incorreta, tendo em vista a solidariedade entre ambas (arts. 7º, parágrafo
único, e 25, § 1º, do CDC); C: incorreta, pois, na solidariedade passiva, a
obrigação pode ser cobrada de qualquer um dos devedores solidários,
individualmente; D: incorreta, pois, conforme mencionado, o seguro foi
adquirido junto à própria Operadora de Viagens, de forma que esta
responderá solidariamente com a empresa de seguro de saúde (arts. 7º,
parágrafo único, e 25, § 1º, do CDC).
(OAB/Exame Unificado – 2012.2) Determinado consumidor, ao mastigar uma
fatia de pão com geleia, encontrou um elemento rígido, o que lhe causou
intenso desconforto e a quebra parcial de um dos dentes. Em razão do
fato, ingressou com medida judicial em face do mercado que vendeu a
geleia, a fim de ser reparado. No curso do processo, a perícia constatou
que o elemento encontrado era uma pequena porção de açúcar
cristalizado, não oferecendo risco à saúde do autor. Diante desta
narrativa, assinale a afirmativa correta.
(A) O fabricante e o fornecedor do serviço devem ser excluídos de
responsabilidade, visto que o material não ofereceu qualquer risco à
integridade física do consumidor, não merecendo reparação.
(B) O elemento rígido não característico do produto, ainda que não o
tornasse impróprio para o consumo, violou padrões de segurança, já
Gabarito “A”
que houve dano comprovado pelo consumidor.
(C) A responsabilidade do fornecedor depende de apuração de culpa e,
portanto, não tendo o comerciante agido de modo a causar
voluntariamente o evento, não deve responder pelo resultado.
(D) O comerciante não deve ser condenado e sequer caberia qualquer
medida contra o fabricante, posto que não há fato ou vício do produto,
motivo pelo qual não deve ser responsabilizado pelo alegado defeito.
A: incorreta, pois, efetivamente, houve um dano à saúde do consumidor,
com nexo de causalidade claro entre a conduta do fornecedor e o dano;
configurou-se, assim, o chamado defeito do produto, também
conhecimento como acidente de consumo (art. 12 do CDC); vale
acrescentar que o produto é considerado defeituoso (requisito essencial
para a configuração da responsabilidade) “quando não oferece a
segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em
consideração as circunstâncias relevantes”, entre as quais “o uso e os
riscos que razoavelmente dele se esperam”; no caso, o elemento rígido
violou o padrão de segurança esperado para um produto dessa natureza,
configurando-se efetivamente o defeito do produto; dessa forma, é
incorreto dizer que o fabricante deve ser excluído de responsabilidade;
B: correta, conforme comentário feito à alternativa “a”; C: incorreta, pois a
responsabilidade pelo fato do produto é objetiva, ou seja,
independentemente de culpa ou dolo, nos termos do art. 12 do CDC; D:
incorreta; de fato, o comerciante não responde em caso de defeito no
produto (art. 12 do CDC), salvo as exceções do art. 13 do CDC; só para
lembrar, o comerciante só responde em caso de vício do produto (arts.
18 a 20); já o fabricante, este sim responde tanto no caso de defeito,
como no de vício; dessa forma, é incorreto dizer que não cabe qualquer
medida contra o fabricante.
Gabarito “B”
(OAB/Exame Unificado – 2011.2) Ao instalar um novo aparelho de televisão
no quarto de seu filho, o consumidor verifica que a tecla de volume do
controle remoto não está funcionando bem. Em contato com a loja onde
adquiriu o produto, é encaminhado à autorizada. O que esse consumidor
pode exigir com base na lei, nesse momento, do comerciante?
(A) A imediata substituição do produto por outro novo.
(B) O conserto do produto no prazo máximo de 30 dias.
(C) Um produto idêntico emprestado enquanto durar o conserto.
(D) O dinheiro de volta.
O caso em tela revela um vício de qualidade no produto. Incide, assim, o
disposto no § 1º do art. 18 do CDC, pelo qual o fornecedor tem o prazo
máximo de 30 dias para sanar o vício. Somente em caso de não
resolução do vício no prazo mencionado é que o consumidor poderá
exigir, alternativamente e à sua escolha, a substituição do produto, a
restituição da quantia paga ou o abatimento proporcional do preço (art.
18, § 1º, do CDC). O consumidor só poderá pular a primeira parte
(pedido para sanar o vício em 30 dias) quando se tratar de produto
essencial ou se a substituição das partes viciadas puder comprometer a
qualidade ou características do produto. No caso, não há que se falar em
produto essencial, nem de comprometimento do produto em caso de seu
conserto. Dessa forma, a alternativa “B” é a única consentânea com o
regime jurídico do vício de qualidade em produto.
4. PRÁTICAS COMERCIAIS
(OAB/Exame XXXIII – 2020.3) A era digital vem revolucionando o Direito,
que busca se adequar aos mais diversos canais de realização da vida
inserida ou tangenciada por elementos virtuais. Nesse cenário,
consagram-se avanços normativos a fim de atender às situações jurídicas
Gabarito “B”
que se apresentam, sendo ponto importante a recorrência dos chamados
youtubers, atividade não rara realizada por crianças e destinada ao
público infantil. Nesse contexto, os youtubers mirins vêm desenvolvendo
atividades que necessitam de intervenção jurídica, notadamente quando
se mostram portadores de prática publicitária.
A esse respeito, instrumentos normativos que visam a salvaguardar
interesses na publicidade infantil estão em vigor e outros previstos em
projetos de lei.
Sobre o fato narrado, de acordo com o CDC, assinale a afirmativa correta.
(A) A comunicação mercadológica realizada por youtubers mirins para
o público infantil não pode ser considerada abusiva em razão da
deficiência de julgamento e experiência das crianças, porque é realizada
igualmente por crianças.
(B) A publicidade que se aproveita da deficiência de julgamento e
experiência da criança ou se prevaleça da sua idade e conhecimento
imaturo para lhe impingir produtos ou serviços é considerada abusiva.
(C) A publicidade não pode ser considerada abusiva ou enganosa se o
público para a qual foi destinado, de forma fácil e imediata, identifica a
mensagem mercadológica como tal.
(D) A publicidade dirigida às crianças, que se aproveite da sua
deficiência de julgamento para lhe impingir produtos ou serviços, é
considerada enganosa.
A: incorreta. Na forma do art. 37 do Código de Defesa do Consumidor, é
considerada abusiva, entre outras, a publicidade “que se aproveite da
deficiência de julgamento e experiência da criança”. No caso da
publicidade destinada ao público infantil, o Código de Ética do CONAR,
no seu art. 37, determina que: “Nos conteúdos segmentados, criados,
produzidos ou programados especificamente para o público infantil,
qualquer que seja o veículo utilizado, a publicidade de produtos e
serviços destinados exclusivamente a esse público estará restrita aos
intervalos e espaços comerciais” (inciso IV) e “para a avaliação da
conformidade das ações de merchandising ou publicidade indireta
contratada ao disposto nesta Seção, levar-se-á em consideração que: a:
o público-alvo a que elas são dirigidas seja adulto; b: o produto ou
serviço não seja anunciado objetivando seu consumo por crianças; c: a
linguagem, imagens, sons e outros artifícios nelas presentes sejam
destituídos da finalidade de despertar a curiosidade ou a atenção das
crianças” (inciso V). B: correta. Vide justificativa anterior. C: incorreta. Em
razão do princípio da identificação publicitária estampado no art. 36 do
Código de Defesa do Consumidor, a publicidade não pode ser indireta,
ou seja, qualquer pessoa que se depare com uma publicidade deve
entendê-la como tal. A alternativa correlaciona apenas ao fato de a
publicidade ser abusiva ou enganosa, não se configurando nem uma
nem a outra. D: incorreta. Como visto, não se tratade publicidade
enganosa. RD
(OAB/Exame Unificado – 2020.1) O médico de João indicou a necessidade de
realizar a cirurgia de gastroplastia (bariátrica) como tratamento de
obesidade mórbida, com a finalidade de reduzir peso. Posteriormente, o
profissional de saúde explicou a necessidade de realizar a cirurgia plástica
pós-gastroplastia, visando à remoção de excesso epitelial que comumente
acomete os pacientes nessas condições, impactando a qualidade de vida
daquele que deixou de ser obeso mórbido.
Nesse caso, nos termos do Código de Defesa do Consumidor e do
entendimento do STJ, o plano de saúde de João
(A) terá que custear ambas as cirurgias, porque configuram
tratamentos, sendo a cirurgia plástica medida reparadora; portanto,
terapêutica.
Gabarito “B”
(B) terá que custear apenas a cirurgia de gastroplastia, e não a plástica,
considerada estética e excluída da cobertura dos planos de saúde.
(C) não terá que custear as cirurgias, exceto mediante previsão
contratual expressa para esses tipos de procedimentos.
(D) não terá que custear qualquer das cirurgias até que passem a
integrar o rol de procedimentos da ANS, competente para a regulação
das coberturas contratuais.
O Superior Tribunal de Justiça já externou entendimento no sentido de
que as despesas com a cirurgia bariátrica devem ser custeadas pelo
plano de saúde (Resoluções CFM 1.766/2005 e 1.942/2010). Apesar de
estarem excluídos da cobertura dos planos de saúde os tratamentos
puramente estéticos (art. 10, II, da Lei 9.656/1998), a cirurgia plástica
para retirada de pele após a cirurgia bariátrica não tem finalidade
estética, tendo característica de cirurgia reparadora e funcional, devendo
ser custeada pelo plano de saúde (Veja, STJ REsp 1.757.938/DF). Vale
notar que o Superior Tribunal de Justiça, através do REsp 1.870.834/RJ
(Tema 1.069), suspendeu todos os casos que versem sobre assunto em
17/10/2020. RD
(OAB/Exame Unificado – 2017.2) Heitor foi surpreendido pelo recebimento de
informação de anotação de seu nome no cadastro restritivo de crédito, em
decorrência de suposta contratação de serviços de telefonia e Internet.
Heitor não havia celebrado tal contrato, sendo o mesmo fruto de fraude, e
busca orientação a respeito de como proceder para rescindir o contrato,
cancelar o débito e ter seu nome fora do cadastro negativo, bem como o
recebimento de reparação por danos extrapatrimoniais, já que nunca
havia tido o seu nome inscrito em tal cadastro.
Com base na hipótese apresentada, na qualidade de advogado(a) de
Heitor, assinale a opção que apresenta o procedimento a ser adotado.
Gabarito “A”
(A) Cabe o pedido de cancelamento do serviço, declaração de
inexistência da dívida e exclusão da anotação indevida, inexistindo
qualquer dever de reparação, já que à operadora não foi atribuído
defeito ou falha do serviço digital, que seria a motivação para tal pleito.
(B) Trata-se de cobrança devida pelo serviço prestado, restando a
Heitor pagar imediatamente e, somente assim, excluir a anotação de
seu nome em cadastro negativo, e, então, ingressar com a medida
judicial, comprovando que não procedeu com a contratação e buscando
a rescisão do contrato irregular com devolução em dobro do valor pago.
(C) Heitor não pode ser considerado consumidor em razão da ausência
de vinculação contratual verídica e válida que consagre a relação
consumerista, afastando-se os elementos principiológicos e fazendo
surgir a responsabilidade civil subjetiva da operadora de telefonia e
Internet.
(D) Heitor é consumidor por equiparação, aplicando-se a teoria do
risco da atividade e devendo a operadora suportar os riscos do contrato
fruto de fraude, caso não consiga comprovar a regularidade da
contratação e a consequente reparação pelos danos extrapatrimoniais
in re ipsa, além da declaração de inexistência da dívida e da exclusão da
anotação indevida.
A: incorreta. Tendo em vista a fraude da qual Heitor foi vítima, com a
inclusão indevida do seu nome no banco de dados e cadastro de
consumidores, é possível o pedido de indenização por danos morais em
razão do abalo da sua honra, além do pedido de cancelamento do
serviço e exclusão da anotação indevida; B: incorreta. A contratação foi
originada de uma fraude e o fornecedor responde pelo fortuito interno,
não podendo alegar exclusão de responsabilidade. É nesse sentido a
súmula 479 do STJ: “As instituições financeiras respondem
objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes
e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias”.
Dessa forma, Heitor não deve pagar a dívida para ter o seu nome
excluído do banco de dados e cadastro negativo; C: incorreta. Heitor é
considerado consumidor por equiparação (veja justificativa da alternativa
“D”); D: correta. Heitor deve ser considerado um consumidor por
equiparação, na forma do art. 2º, parágrafo único, e art. 29 da lei
consumerista, por estar exposto à prática comercial relacionada aos
bancos de dados e cadastros de consumidores (art. 43 do CDC). O
fornecedor responde pelo fortuito interno, devendo reparar os danos
morais em razão da fraude (veja súmula 479 do STJ), sem necessidade
de prova dos danos, sendo apenas necessária a prova dos fatos (in re
ipsa). RD
(OAB/Exame Unificado – 2016.3) A Pizzaria X fez publicidade comparando a
qualidade da sua pizza de mozarela com a da Pizzaria Y, descrevendo a
quantidade de queijo e o crocante das bordas, detalhes que a tornariam
mais saborosa do que a oferecida pela concorrente. Além disso,
disponibiliza para os consumidores o bônus da entrega de pizza pelo
motociclista, em até 30 minutos, ou a dispensa do pagamento pelo
produto.
A respeito do narrado, assinale a afirmativa correta.
(A) A publicidade comparativa é expressamente vedada pelo Código de
Defesa do Consumidor, que, entretanto, nada disciplina a respeito da
entrega do produto por motociclista em período de tempo ou dispensa
do pagamento.
(B) A promessa de dispensa do pagamento pelo consumidor como
forma de estímulo à prática de aumento da velocidade pelo motociclista
é vedada por lei especial, enquanto a publicidade comparativa é
admitida, respeitados os critérios do CDC e as proteções dispostas em
normas especiais que tutelam marca e concorrência.
(C) A dispensa de pagamento, em caso de atraso na entrega do produto
por motociclista, é lícita, mas a publicidade comparativa é
Gabarito “D”
expressamente vedada pelo Código de Defesa do Consumidor e pela
legislação especial.
(D) A publicidade comparativa e a entrega de produto por motociclista
em determinado prazo ou a dispensa de pagamento, por serem em
benefício do consumidor, embora não previstos em lei, são atos lícitos,
conforme entendimento pacífico da jurisprudência.
A: incorreta. A publicidade comparativa não está regulamentada pelo
Código de Defesa do Consumidor, estando prevista apenas pelo Código
Brasileiro de Autorregulação Publicitária. Por outro lado, o CDC de fato
não disciplina a respeito da entrega de produtos por motociclista; B:
correta. A Lei 12.436/2011 proíbe aos fornecedores “prometer dispensa
de pagamento ao consumidor, no caso de fornecimento de produto ou
prestação de serviço fora do prazo ofertado para a sua entrega ou
realização” (art. 1, III). Além disso, a publicidade comparativa, embora
não regulada pelo CDC, não é proibida pela norma, de modo que pode
ser veiculada desde que respeitado o direito de marca e demais regras
sobre a publicidade abusiva e enganosa no CDC (sobre o tema, vide no
STJ o REsp 1.668.550); C: incorreta. Conforme justificativa das
alternativas anteriores; D: incorreta. Conforme justificativa das
alternativas anteriores. RD
(OAB/Exame Unificado – 2016.3) O Banco X enviou um cartão de crédito para
Jeremias, com limite de R$ 10.000,00 (dez mil reais), para uso em
território nacional e no exterior, incluindo seguro de vida e acidentes
pessoais, bem como seguro contra roubo e furto, no importe total de R$
5,00 (cinco reais) na fatura mensal, além da anuidade deR$ 400,00
(quatrocentos reais), parcelada em cinco vezes.
Jeremias recebeu a correspondência contendo um cartão bloqueado, o
contrato e o informativo de benefícios e ônus. Ocorre que Jeremias não é
Gabarito “B”
cliente do Banco X e sequer solicitou o cartão de crédito.
Sobre a conduta da instituição bancária, considerando a situação narrada
e o entendimento do STJ expresso em Súmula, assinale a afirmativa
correta.
(A) Foi abusiva, sujeitando-se à aplicação de multa administrativa, que
não se destina ao consumidor, mas não há ilícito civil indenizável,
tratando-se de mero aborrecimento, sob pena de se permitir o
enriquecimento ilícito de Jeremias.
(B) Foi abusiva, sujeita à advertência e não à multa administrativa,
salvo caso de reincidência, bem como não gera ilícito indenizável, por
não ter havido dano moral in re ipsa na hipótese, salvo se houvesse
extravio do cartão antes de ser entregue a Jeremias.
(C) Foi abusiva e constitui ilícito indenizável em favor de Jeremias,
mesmo sem prejuízo comprovado, em razão da configuração de dano
moral in re ipsa na hipótese, que pode ser cumulada com a aplicação de
multa administrativa, que não será fixada em favor do consumidor.
(D) Não foi abusiva, pois não houve prejuízo ao consumidor a justificar
multa administrativa e nem constitui ilícito indenizável, na medida em
que o destinatário pode desconsiderar a correspondência, não
desbloquear o cartão e não aderir ao contrato.
A: incorreta. O envio de cartão de crédito sem solicitação configura
prática comercial abusiva (art. 39, III, do CDC), sendo possível a
aplicação de sanção administrativa (art. 55 e seguintes do CDC) e, por
ser configurado o ato ilícito, cabe indenização por danos materiais e
morais; B: incorreta. Cabe aplicação de sanção administrativa por
infração em razão da prática comercial abusiva tendo em vista que
qualquer infração às normas de defesa do consumidor fica sujeita às
sanções administrativas previstas no art. 55 do CDC. Da mesma forma, o
envio do cartão de crédito sem solicitação gera indenização por danos
morais em razão do próprio fato (in re ipsa), sem haver necessidade de
extravio do cartão de crédito; C: correta. Conforme justificativa das
alternativas anteriores e súmula 532 do STJ, “Constitui prática comercial
abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e expressa solicitação
do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à
aplicação de multa administrativa”. Vale notar que as sanções
administrativas nunca são fixadas em favor do consumidor, mas
destinadas ao fundo previsto na Lei de Ação Civil Pública, sendo que a
verba deve ser aplicada em prol da defesa do consumidor (art. 57 do
CDC); D: incorreta. Veja justificativa das alternativas anteriores. RD
(OAB/Exame Unificado – 2016.2) Marieta firmou contrato com determinada
sociedade empresária de gêneros alimentícios para o fornecimento de
produtos para a festa de 15 anos de sua filha. O pagamento deveria ter
sido feito por meio de boleto, mas a obrigação foi inadimplida e a
sociedade empresária fornecedora de alimentos, observando todas as
regras positivadas e sumulares cabíveis, procedeu com a anotação
legítima e regular do nome de Marieta no cadastro negativo de crédito.
Passados alguns dias, Marieta tentou adquirir um produto numa loja de
departamentos mediante financiamento, mas o crédito lhe foi negado,
motivo pelo qual a devedora providenciou o imediato pagamento dos
valores devidos à sociedade empresária de gêneros alimentícios. Superada
a condição de inadimplente, Marieta quer saber como deve proceder a fim
de que seu nome seja excluído do cadastro negativo. A respeito do fato
apresentado, assinale a afirmativa correta.
(A) A consumidora deve enviar notificação à sociedade empresária de
gêneros alimentícios informando o pagamento integral do débito e
requerer que a mesma providencie a exclusão da negativação, o que
deve ser feito em até vinte e quatro horas.
(B) A consumidora deve se dirigir diretamente ao órgão de cadastro
negativo, o que pode ser feito por meio de procuração constituindo
Gabarito “C”
advogado, e solicitar a exclusão da negativação, ônus que compete ao
consumidor.
(C) Após a quitação do débito, compete à sociedade empresária de
gêneros alimentícios solicitar a exclusão do nome de Marieta do
cadastro negativo, no prazo de cinco dias a contar do primeiro dia útil
seguinte à disponibilização do valor necessário para a quitação do
débito.
(D) Marieta deverá comunicar a quitação diretamente ao órgão de
cadastro negativo e, caso não seja feita a exclusão imediata, a
consumidora poderá ingressar em juízo pleiteando indenização apenas,
pois a hipótese comporta exclusivamente sanção civil.
A: incorreta, pois o prazo para a exclusão da negativação é de 5 dias
úteis e não de 24 horas (art. 43, § 3º, do CDC); B: incorreta, pois o
consumidor não precisa constituir advogado para tanto, já que não
obrigação legal nesse sentido, bem como pode buscar a exclusão de sua
negativação junto à própria empresa que solicitou a referida negativação,
que terá de informar o fato ao órgão de cadastro negativo, sendo que em
5 dias úteis não poderá haver mais qualquer menção à negativação
efetuada (art. 43, § 3º, do CDC); C: correta, nos termos do art. 43, § 3º,
do CDC, já que o dispositivo também admite que seja buscada
diretamente a empresa que solicitou a negativação do nome do
consumidor, sendo que tanto ela como o órgão de cadastro negativo
mantém dados e cadastro do consumidor nesse tipo de situação. Vide
Súmula 548 do STJ: “Incumbe ao credor a exclusão do registro da dívida
em nome do devedor no cadastro de inadimplentes no prazo de cinco
dias úteis, a partir do integral e efetivo pagamento do débito.”; D:
incorreta, já que o art. 43, § 3º, do CDC também admite que seja
buscada diretamente a empresa que solicitou a negativação do nome do
consumidor, sendo que tanto ela como o órgão de cadastro negativo
mantém dados e cadastro do consumidor nesse tipo de situação;
ademais, o caso não gera apenas sanções civis, já que sanções penais
também podem ser aplicadas no caso, em virtude do tipo penal previsto
no art. 73 do CDC.
(OAB/Exame Unificado – 2015.3) Hugo colidiu com seu veículo e necessitou
de reparos na lataria e na pintura. Para tanto, procurou, por indicação de
um amigo, os serviços da Oficina Mecânica M, oportunidade na qual lhe
foi ofertado orçamento escrito, válido por 15 (quinze) dias, com o valor da
mão de obra e dos materiais a serem utilizados na realização do conserto
do automóvel. Hugo, na certeza da boa indicação, contratou pela primeira
vez com a Oficina. Considerando as regras do Código de Proteção e Defesa
do Consumidor, assinale a afirmativa correta.
(A) Segundo a lei do consumidor, o orçamento tem prazo de validade
obrigatório de 10 (dez) dias, contados do seu recebimento pelo
consumidor Hugo. Logo, no caso, somente durante esse período a
Oficina Mecânica M estará vinculada ao valor orçado.
(B) Uma vez aprovado o orçamento pelo consumidor, os contraentes
estarão vinculados, sendo correto afirmar que Hugo não responderá
por quaisquer ônus ou acréscimos no valor dos materiais orçados;
contudo, ele poderá vir a responder pela necessidade de contratação de
terceiros não previstos no orçamento prévio.
(C) Se o serviço de pintura contratado por Hugo apresentar vícios de
qualidade, é correto afirmar que ele terá tríplice opção, à sua escolha,
de exigir da oficina mecânica: a reexecução do serviço sem custo
adicional; a devolução de eventual quantia já paga, corrigida
monetariamente, ou o abatimento do preço de forma proporcional.
(D) A lei consumerista considera prática abusiva a execução de serviços
sem a prévia elaboração de orçamento, o que pode ser feito por
qualquer meio, oral ou escrito, exigindo-se, para sua validade, o
consentimento expresso ou tácito do consumidor.
Gabarito “C”
A: incorreta, pois, apesar de a lei estipular como prazo de validade do
orçamento o prazo de 10 dias, caso o fornecedorprometa um prazo de
validade maior, como acontece no caso (em que o fornecedor estipulou
em contrário, ao dizer que o orçamento tinha validade de 15 dias), o
último prazo prevalece, nos termos do art. 40, § 1º, do CDC; B: incorreto,
pois o consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos não
previstos no orçamento prévio, inclusive quanto à necessidade de
contratar terceiros não previstos no orçamento (art. 40, § 3º, do CDC); C:
correto, nos termos do disposto no art. 20, caput, do CDC; D: incorreta,
pois para que se configure a prática abusiva é necessário que a
execução do serviço se dê sem prévia elaboração de orçamento e
também sem prévia autorização expressa do consumidor, de modo que o
primeiro erro da alternativa é dar ideia de que basta a falta de prévio
orçamento para a caracterização da prática abusiva; a alternativa
também acrescenta a ideia de consentimento tácito, instituto não previsto
de forma geral no regramento do CDC sobre essa prática abusiva (vide
texto do art. 39, VI, do CDC), havendo em tal regramento uma exceção
para apenas uma das hipóteses de consentimento tácito, que as
chamadas “práticas anteriores entre as partes”.
(OAB/Exame Unificado – 2014.3) Roberto, atraído pela propaganda de
veículos zero quilômetro, compareceu até uma concessionária a fim de
conhecer as condições de financiamento. Verificando que o valor das
prestações cabia no seu orçamento mensal e que as taxas e os custos lhe
pareciam justos, Roberto iniciou junto ao vendedor os procedimentos
para a compra do veículo. Para sua surpresa, entretanto, a financeira
negou-lhe o crédito, ao argumento de que havia negativação do nome de
Roberto nos cadastros de proteção ao crédito. Indignado e buscando
esclarecimentos, Roberto procurou o Banco de Dados e Cadastro que
havia informado à concessionária acerca da suposta existência de
Gabarito “C”
negativação, sendo informado por um dos empregados que as
informações que Roberto buscava somente poderiam ser dadas mediante
ordem judicial.
Sobre o procedimento do empregado do Banco, assinale a afirmativa
correta.
(A) O empregado do Banco de Dados e Cadastros agiu no legítimo
exercício de direito ao negar a prestação das informações, já que o
solicitado pelo consumidor somente deve ser dado pelo fornecedor que
solicitou a negativação, cabendo a Roberto buscar uma ordem judicial
mandamental, autorizando a divulgação dos dados para ele
diretamente.
(B) O procedimento do empregado, ao negar as informações que
constam no Banco de Dados e Cadastros sobre o consumidor, configura
infração penal punível com pena de detenção ou multa, nos termos
tipificados no Código de Defesa do Consumidor.
(C) A negativa no fornecimento das informações foi indevida, mas
configura mera infração administrativa punível com advertência e, em
caso de reincidência, pena de multa a ser aplicada ao órgão, não ao
empregado que negou a prestação de informações.
(D) Cuida-se de infração administrativa e, somente se cometido em
operações que envolvessem alimentos, medicamentos ou serviços
essenciais, configuraria infração penal, para fins de incidência da
norma consumerista em seu aspecto penal.
A: incorreta, pois, segundo o art. 43, caput, do CDC, o consumidor tem
direito de acesso às informações existentes em cadastros, fichas,
registros e dados pessoais e de consumo arquivado sobre ele, e o
serviço de proteção ao crédito não é o único destinatário da norma,
sendo tão destinatário como o fornecedor que mantém a relação
contratual com o consumidor, conforme se verifica da menção a essas
entidades nos parágrafos 4º e 5º do mesmo art. 43; B: correta (art. 72 do
CDC); C: incorreta, pois o fato também é infração penal (art. 72 do CDC)
e, causando dano ao consumidor, também enseja responsabilidade civil
do serviço de proteção ao crédito; D: incorreta, pois o art. 72 do CDC
prevê que o caso importa em infração penal, sem a restrição mencionada
na assertiva (de que é necessário que se esteja diante de operações que
envolvam alimentos, medicamentos ou serviços essenciais).
(OAB/Exame Unificado – 2014.1) Eliane trabalha em determinada empresa
para a qual uma seguradora apresentou proposta de seguro de vida e
acidentes pessoais aos empregados. Eliane preencheu o formulário
entregue pela seguradora e, dias depois, recebeu comunicado escrito
informando, sem motivo justificado, a recusa da seguradora para a
contratação por Eliane. Partindo da situação fática narrada, à luz da
legislação vigente, assinale a afirmativa correta.
(A) Eliane pode exigir o cumprimento forçado da obrigação nos termos
do serviço apresentado, já que a oferta obriga a seguradora e a negativa
constituiu prática abusiva pela recusa infundada de prestação de
serviço.
(B) Trata-se de hipótese de aplicação da legislação consumerista, mas,
a despeito das garantias conferidas ao consumidor, em hipóteses como
a narrada no caso, é facultado à seguradora recusar a contratação antes
da assinatura do contrato.
(C) Por se tratar de contrato bilateral, a seguradora poderia ter se
recusado a ser contratada por Eliane nos termos do Código Civil, norma
aplicável ao caso, que assegura que a proposta não obriga o proponente.
(D) A seguradora não está obrigada a se vincular a Eliane, já que a
proposta de seguro e acidentes pessoais dos empregados não configura
oferta, nos termos do Código do Consumidor.
A: correta, nos termos do art. 35, I, do CDC (direito de exigir o
cumprimento forçado de oferta) e do art. 39, IX, do CDC (prática abusiva
Gabarito “B”
quando se recusa infundadamente a prestação de serviço); B: incorreta,
pois a oferta suficientemente precisa feita por fornecedor vincula este
(art. 30 do CDC); C: incorreta; primeiro porque o diploma de regência no
caso é o CDC, vez que Eliane é destinatária final de um serviço
securitário (art. 2º, caput, e 3º, § 2º, do CDC); segundo porque no Código
Civil a oferta também obriga, como regra, o proponente (art. 427 do CC);
D: incorreta, pois como se presume que se trata de uma oferta suficiente
precisa (com dados sobre o produto e seu preço), que é o que
normalmente se dá na prática, tal oferta vincula (art. 30, caput, do CDC).
(OAB/Exame Unificado – 2014.1) Mauro adquiriu um veículo zero quilômetro
da fabricante brasileira Surreal, na concessionária Possante Ltda.,
revendedora de automóveis que comercializa habitualmente diversas
marcas nacionais e estrangeiras. Na época em que Mauro efetuou a
compra, o modelo adquirido ainda não era produzido com o opcional de
freio ABS, o que só veio a ocorrer seis meses após a aquisição feita por
Mauro. Tal sistema de frenagem (travagem) evita que a roda do veículo
bloqueie quando o pedal do freio é pisado fortemente, impedindo com
isso o descontrole e a derrapagem do veículo. Mauro, inconformado,
aciona a concessionária postulando a substituição do seu veículo, pelo
novo modelo com freio ABS.
Diante do caso narrado e das regras atinentes ao Direito do Consumidor,
assinale a afirmativa correta.
(A) Mauro tem direito à substituição, pois o fato de o novo modelo ter
sido oferecido com o opcional do freio ABS, de melhor qualidade,
configura defeito do modelo anterior por ele adquirido.
(B) Se o veículo adquirido por Mauro apresentar futuro defeito no freio
dentro do prazo de garantia, a concessionária Possante Ltda. é obrigada
Gabarito “A”
a assegurar a oferta de peças de reposição originais enquanto não
cessar a fabricação do veículo.
(C) Somente quando cessada a produção no país do veículo adquirido
por Mauro, a fabricante Surreal ficará exonerada do dever legal de
assegurar o oferecimento de componentes e peças de reposição para o
automóvel.
(D) Havendo necessidade de reposição de peças ou componentes no
veículo de Mauro, a fabricante Surreal deverá, ainda que cessada a
fabricação no país, efetuar o reparo com peças originais por um período
razoável de tempo, fixado por lei. A reposição com peças usadas só é
admitida pelo Código do Consumidor quando houver autorização do
consumidor.A: incorreta, pois, segundo o art. 12, § 2º, do CDC, um produto não pode
ser considerado defeituoso se outro de melhor qualidade tiver sido
colocado no mercado; B e C: incorretas, pois, os fabricantes e
importadores devem assegurar a oferta de peças de reposição não só
enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto, como
também por período razoável após a produção ou importação, nos
termos de lei (art. 32 do CDC); D: correta (art. 32 c/c com art. 21, ambos
do CDC).
(OAB/Exame Unificado – 2013.3) O Banco XYZ, com objetivo de aumentar
sua clientela, enviou proposta de abertura de conta corrente com cartão
de crédito para diversos estudantes universitários. Ocorre que, por
desatenção de um dos encarregados pela instituição financeira da entrega
das propostas, o conteúdo da proposta encaminhada para a estudante
Bruna, de dezoito anos, foi furtado. O cartão de crédito foi utilizado
indevidamente por terceiro, sendo Bruna surpreendida com boletos e
ligações de cobrança por compras que não realizou. O episódio culminou
com posterior inclusão do seu nome em um cadastro negativo de
Gabarito “D”
restrições ao crédito. Bruna nunca solicitou o envio do cartão ou da
proposta de abertura de conta, e sequer celebrou contrato com o Banco
XYZ, mas tem dúvidas acerca de eventual direito à indenização.
Na qualidade de Advogado, diante do caso concreto, assinale a afirmativa
correta.
(A) A conduta adotada pelo Banco XYZ é prática abusiva à luz do
Código do Consumidor, mas como Bruna não é consumidora, haja vista
a ausência de vínculo contratual, deverá se utilizar das regras do Código
Civil para fins de eventual indenização.
(B) A pessoa exposta a uma prática abusiva, como na hipótese do envio
de produto não solicitado, é equiparada a consumidor, logo Bruna pode
postular indenização com base no Código do Consumidor.
(C) A prática bancária em questão é abusiva segundo o Código do
Consumidor, mas o furto sofrido pelo preposto do Banco XYZ configura
culpa exclusiva de terceiro, excludente da obrigação da instituição
financeira de indenizar Bruna.
(D) O envio de produto sem solicitação do consumidor não é
expressamente vedado pela lei consumerista, que apenas considera o
produto como mera amostra grátis, afastando eventual obrigação do
Banco XYZ de indenizar Bruna.
A: incorreta; a conduta do banco é prática abusiva e nesse ponto a
assertiva está correta (art. 39, III, do CDC); porém, é incorreto dizer que
Bruna não é consumidora por não ter assinado contrato algum, pois o
CDC equipara a consumidor aquele que é exposto a práticas comerciais
do fornecedor (art. 29), como é a prática abusiva de enviar cartão de
crédito sem solicitação; B: correta (art. 29 do CDC); C: incorreta; a
conduta do banco é prática abusiva e nesse ponto a assertiva está
correta (art. 39, III, do CDC); porém, é incorreto dizer que o furto exclui a
responsabilidade do banco, vez que o banco assumiu o risco de isso
acontecer ao enviar por correio, lembrando que aquele que pratica um
ato ilícito (o banco, ao enviar o cartão sem solicitação, praticou um ilícito,
nos termos do art. 39, III, do CDC), não pode alegar a própria torpeza
para se eximir de responsabilidade; D: incorreta, pois esse envio é sim
prática abusiva (art. 39, III, do CDC), questão que é independente de se
ter no caso a sanção de considerar o produto ou serviço em questão
amostra grátis (art. 39, parágrafo único, do CDC) .
(OAB/Exame Unificado – 2012.3.A) Academia de ginástica veicula anúncio
assinalando que os seus alunos, quando viajam ao exterior, podem se
utilizar de rede mundial credenciada, presente em 60 países e 230
cidades, sem custo adicional. Um ano após continuamente fazer tal
divulgação, vários alunos reclamam que, em quase todos os países, é
exigida tarifa de uso da unidade conveniada. A academia responde que a
referência ao “sem custo adicional” refere-se à inexistência de acréscimo
cobrado por ela, e não de eventual cobrança, no exterior, de terceiro.
Acerca dessa situação, assinale a afirmativa correta.
(A) A loja veicula publicidade enganosa, que se caracteriza como a que
induz o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a
sua saúde ou segurança.
(B) A loja promove publicidade abusiva, pois anuncia informação
parcialmente falsa, a respeito do preço e qualidade do serviço.
(C) Não há irregularidade, e as informações complementares podem
ser facilmente buscadas na recepção ou com as atendentes, sendo
inviável que o ordenamento exija que detalhes sejam prestados, todos,
no anúncio.
(D) A loja faz publicidade enganosa, que se configura, basicamente,
pela falsidade, total ou parcial, da informação veiculada.
A: incorreta, pois a publicidade que induz o consumidor a se comportar
de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança é abusiva
(art. 37, § 2º, do CDC) e não enganosa (art. 37, § 1º, do CDC); B:
Gabarito “B”
incorreta, pois a publicidade falsa é enganosa (art. 37, § 1º, do CDC) e
não abusiva (art. 37, § 2º, do CDC); C: incorreta, pois o fornecedor é
obrigado a apresentar informações claras, precisas e ostensivas, o que
não aconteceu no caso em tela (art. 31, caput, do CDC); D: correta, pois
a publicidade falsa, total ou parcialmente, é considerada enganosa (art.
37, § 1º, do CDC); vale ressaltar que, ao garantir que não haveria
qualquer custo adicional, a academia de ginástica enganou o
consumidor, apresentando informação falsa, ainda que por omissão, já
que o mínimo que teria de fazer era deixar claro que haveria custo
adicional nas academias dos outros países.
(OAB/Exame Unificado – 2011.3.A) Franco adquiriu um veículo zero
quilômetro em novembro de 2010. Ao sair com o automóvel da
concessionária, percebeu um ruído todas as vezes em que acionava a
embreagem para a troca de marcha. Retornou à loja, e os funcionários
disseram que tal barulho era natural ao veículo, cujo motor era novo. Oito
meses depois, ao retornar para fazer a revisão de dez mil quilômetros, o
consumidor se queixou que o ruído persistia, mas foi novamente
informado de que se tratava de característica do modelo. Cerca de uma
semana depois, o veículo parou de funcionar e foi rebocado até a
concessionária, lá permanecendo por mais de sessenta dias. Franco
acionou o Poder Judiciário alegando vício oculto e pleiteando
ressarcimento pelos danos materiais e indenização por danos morais.
Considerando o que dispõe o Código de Proteção e Defesa do
Consumidor, a respeito do narrado acima, é correto afirmar que, por se
tratar de vício oculto,
(A) o prazo decadencial para reclamar se iniciou com a retirada do
veículo da concessionária, devendo o processo ser extinto.
(B) o direito de reclamar judicialmente se iniciou no momento em que
ficou evidenciado o defeito, e o prazo decadencial é de noventa dias.
Gabarito “D”
(C) o prazo decadencial é de trinta dias contados do momento em que o
veículo parou de funcionar, tornando-se imprestável para o uso.
(D) o consumidor Franco tinha o prazo de sete dias para desistir do
contrato e, tendo deixado de exercê-lo, operou-se a decadência.
A: incorreta, pois, em caso de vício oculto, o prazo decadencial para
reclamar tem início a partir do momento em que o vício restar
evidenciado (art. 26, § 3º, do CDC), o que se deu apenas no momento
em que o veículo parou de funcionar; B: correta, pois o prazo
decadencial para reclamar tem início a partir do momento em que o vício
restar evidenciado (art. 26, § 3º, do CDC) e, no caso, por ser o carro um
bem durável, o prazo para reclamar é de 90 dias (art. 26, II, do CDC); C:
incorreta, pois, sendo o carro um bem durável, o prazo para reclamar é
de 90 dias (art. 26, II, do CDC); D: incorreta, pois o prazo de 7 dias para
a desistência de contratos diz respeito aos contratos feitos fora do
estabelecimento comercial (ex: por telefone ou pela internet), conforme o
art. 49 do CDC.
5. PROTEÇÃO CONTRATUAL
(OAB/Exame XXXV) Pratice Ltda. configura-se como um clube de pontos
que se realiza mediante a aquisição de título.Os pontos são convertidos
em bônus para uso nas redes de restaurantes, hotéis e diversos outros
segmentos de consumo regularmente conveniados. Nas redes sociais, a
empresa destaca que os convênios são precedidos de rigoroso controle e
aferição do padrão de atendimento e de qualidade dos serviços prestados.
Tomás havia aderido à Pratice Ltda. e, nas férias, viajou com sua família
para uma pousada da rede conveniada. Ao chegar ao local, ele verificou
que as acomodações cheiravam a mofo e a limpeza era precária. Sem
Gabarito “B”
poder sair do local em razão do horário avançado, viu-se obrigado a
pernoitar naquele ambiente insalubre e sair somente no dia seguinte.
Aborrecido com a desagradável situação vivenciada e com o prejuízo
financeiro por ter que arcar com outro serviço de hotelaria na cidade,
Tomás procurou você, como advogado(a), para ingressar com a medida
judicial cabível.
Diante disso, assinale a única opção correta.
(A) Pratice Ltda. funciona como mera intermediadora entre os hotéis e
os adquirentes do título do clube de pontos, não respondendo pelo
evento danoso.
(B) Há legitimidade passiva da Pratice Ltda. para responder pela
inadequada prestação de serviço do hotel conveniado que gerou dano
ao consumidor, por integrar a cadeia de consumo referente ao serviço
que introduziu no mercado.
(C) Trata-se de culpa exclusiva de terceiro, não podendo a
intermediária Pratice Ltda. responder pelos danos suportados pelo
portador título do clube de pontos.
(D) Cuida-se de hipótese de responsabilidade subjetiva e subsidiária da
Pratice Ltda. em relação ao hotel conveniado.
O caso insere-se na hipótese do art. 18 do CDC. Trata-se, portanto, de
vício de serviço e, sendo assim, todos os envolvidos na cadeia produtiva
respondem pela reparação dos danos causados aos consumidores. Além
disso, conforme inteligência do art. 25, § 1º, havendo mais de um
responsável pela causação do dano, todos responderão solidariamente
pela sua reparação. Assim, a Pratice Ltda. oferta aos seus consumidores
convênios com serviços de qualidade e deve ser responsabilizada pelo
seu descumprimento junto ao hotel em questão. RD
Gabarito “B”
(OAB/Exame XXXIV) José procurou a instituição financeira Banco Bom com
o objetivo de firmar contrato de penhor. Para tanto, depositou um colar
de pérolas raras, adquirido por seus ascendentes e que passara por
gerações até tornar-se sua pertença através de herança. O negócio deu-se
na modalidade contrato de adesão, contendo cláusulas claras a respeito
das obrigações pactuadas, inclusive com redação em destaque quanto à
limitação do valor da indenização em caso de furto ou roubo, o que foi
compreendido por José.
Posteriormente, José procurou você, como advogado(a), apresentando
dúvidas a respeito de diferentes pontos.
Sobre os temas indagados, de acordo com o Código de Defesa do
Consumidor, assinale a afirmativa correta.
(A) A cláusula que limita o valor da indenização pelo furto ou roubo do
bem empenhado é abusiva e nula, ainda que redigida com redação clara
e compreensível por José e em destaque no texto, pois o que a vicia não
é a compreensão redacional e sim o direito material indevidamente
limitado.
(B) A cláusula que limita os direitos de José em caso de furto ou roubo
é lícita, uma vez que redigida em destaque e com termos
compreensíveis pelo consumidor, impondo-se a responsabilidade
subjetiva da instituição financeira em caso de roubo ou furto por se
tratar de ato praticado por terceiro, revelando fortuito externo.
(C) O negócio realizado não configura relação consumerista devendo
ser afastada a incidência do Código de Defesa do Consumidor e
aplicado o Código Civil em matéria de contratos de mútuo e de
depósito, uma vez que inquestionável o dever de guarda e restituição do
bem mediante pagamento do valor acordado no empréstimo.
(D) A cláusula que limita o valor da indenização pelo furto ou roubo do
bem empenhado é lícita, desde que redigida com redação clara e
compreensível e, em caso de furto ou roubo do colar, isso será
considerado inadimplemento contratual e não falha na prestação do
serviço, incidindo o prazo prescricional de 2 (dois) anos, caso seja
necessário ajuizar eventual pleito indenizatório.
Na forma do art. 51, I, do CDC, são nulas as cláusulas contratuais que
“impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor
por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem
renúncia ou disposição de direitos”. Ademais, conforme entendimento do
STJ externado na Súmula 297, o CDC é aplicável às instituições
financeiras, o que implica em relação consumerista o caso em comento.
No mesmo sentido, a Súmula 638 do STJ reforça a abusividade da
cláusula contratual que restringe a responsabilidade de instituição
financeira pelos danos decorrentes de roubo, furto ou extravio de bem
entregue em garantia no âmbito de contrato de penhor civil. RD
(OAB/Exame XXXVI) Bernardo adquiriu, mediante uso de cartão de crédito,
equipamento de som conhecido como home theater. A compra, por meio
do aplicativo do Magazin Novas Colinas S/A, conhecido como “loja
virtual do Colinas”, foi realizada na sexta-feira e o produto entregue na
terça-feira da semana seguinte.
Na quarta-feira, dia seguinte ao do recebimento, Bernardo entrou em
contato com o serviço de atendimento ao cliente para exercer seu direito
de arrependimento. A atendente lhe comunicou que deveria ser
apresentada uma justificativa para o arrependimento dentre aquelas
elaboradas pelo fornecedor. Essa foi a condição imposta ao consumidor
para a devolução do valor referente à 1ª parcela do preço, já lançado na
fatura do seu cartão de crédito.
Com base nesta narrativa, em conformidade com a legislação
consumerista, assinale a afirmativa correta.
Gabarito “A”
(A) O direito de arrependimento precisa ser motivado diante da
comunicação de cancelamento da compra feita pelo consumidor ao
fornecedor após o decurso de 48 (quarenta e oito) horas da realização
da transação pelo aplicativo.
(B) Embora o direito de arrependimento não precise de motivação por
ser potestativo, o fornecedor pode exigir do consumidor que lhe
apresente uma justificativa, como condição para a realização da
devolução do valor faturado.
(C) Em observância ao princípio da boa-fé objetiva, aplicável tanto ao
fornecedor quanto ao consumidor, aquele não pode se opor ao direito
de arrependimento, mas, em contrapartida, pode exigir do consumidor
a motivação para tal ato.
(D) O direito de arrependimento não precisa ser motivado e foi
exercido tempestivamente, devendo o fornecedor providenciar o
cancelamento da compra e comunicar à administradora do cartão de
crédito para que seja efetivado o estorno do valor.
De acordo com o art. 49 do CDC, o consumidor pode desistir dos
contratos realizados fora do estabelecimento comercial, no prazo de 7
dias, a contar da sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou
serviço, sem que haja qualquer motivação por parte do consumidor.
Nesse sentido, ainda conforme inteligência do parágrafo único do
referido artigo, em caso de desistência, os valores eventualmente pagos,
a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos de
imediato, monetariamente atualizados. Além disso, o art. 54-F, incluído
com a Lei do Superendividamento, determina: “São conexos, coligados
ou interdependentes, entre outros, o contrato principal de fornecimento
de produto ou serviço e os contratos acessórios de crédito que lhe
garantam o financiamento quando o fornecedor de crédito: (...) § 1º O
exercício do direito de arrependimento nas hipóteses previstas neste
Código, no contrato principal ou no contrato de crédito, implica a
resolução de pleno direito do contrato que lhe seja conexo. RD
(OAB/Exame Unificado – 2019.1) João da Silva, idoso, ingressou com ação
judicial para revisão de valores de reajuste do plano de saúde, contratado
na modalidade individual. Alega que houve alteração do valor em
decorrência da mudança de faixa etária,o que entende abusivo. Ao entrar
em contato com a fornecedora, foi informado que o reajuste atendeu ao
disposto pela agência reguladora, que é um órgão governamental, e que o
reajuste seria adequado.
Sobre o reajuste da mensalidade do plano de saúde de João, de acordo
com entendimento do STJ firmado em Tema de Recurso Repetitivo, bem
como à luz do Código do Consumidor, assinale a afirmativa correta.
(A) Somente seria possível se o plano fosse coletivo, mesmo que isso
não estivesse previsto em contrato, mas se encontrasse em acordo com
percentual que não seja desarrazoado ou aleatório, portanto, não sendo
abusivo.
(B) Poderia ser alterado por se tratar de plano individual, mesmo que
em razão da faixa etária, desde que previsto em contrato, observasse as
normas dos órgãos governamentais reguladores e o percentual não
fosse desarrazoado, o que tornaria a prática abusiva.
(C) É possível o reajuste, ainda que em razão da faixa etária, sendo
coletivo ou individual, mesmo que não previsto em contrato e em
percentual que não onere excessivamente o consumidor ou discrimine o
idoso.
(D) Não poderia ter sido realizado em razão de mudança de faixa
etária, mesmo se tratando de plano individual, sendo correto o reajuste
apenas com base na inflação, não havendo interferência do órgão
governamental regulador nesse tema.
A: incorreta. Os planos coletivos podem conter previsão de aumento por
faixa etária, desde que não seja abusivo e que expressamente previsto
Gabarito “D”
em contrato e que esteja em acordo com as regras da ANS. B: correta.
Eis os temos da decisão do STJ em sede de IRDR (tema 952): “o
reajuste de mensalidade de plano de saúde individual ou familiar fundado
na mudança de faixa etária do beneficiário é válido desde que (i) haja
previsão contratual, (ii) sejam observadas as normas expedidas pelos
órgãos governamentais reguladores e (iii) não sejam aplicados
percentuais desarrazoados ou aleatórios que, concretamente e sem base
atuarial idônea, onerem excessivamente o consumidor ou discriminem o
idoso”. C e D: incorretas. Vide justificativa da alternativa “B”. RD
(OAB/Exame Unificado – 2018.3) Dias atrás, Elisa, portadora de doença grave
e sob risco imediato de morte, foi levada para atendimento na emergência
do hospital X, onde necessitou realizar exame de imagem e fazer uso de
medicamentos. Ocorre que o seu plano de saúde, contratado dois meses
antes, negou a cobertura de alguns desses fármacos e do exame de
imagem, pelo fato de o plano de Elisa ainda estar no período de carência,
obrigando a consumidora a custear parcela dos medicamentos e o valor
integral do exame de imagem.
Nesse caso, à luz do Código de Defesa do Consumidor (CDC) e da Lei nº
9.656/98, que dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à
saúde, assinale a afirmativa correta.
(A) As cláusulas que limitam os direitos da consumidora são nulas de
pleno direito, sendo qualquer período de carência imposto por contrato
de adesão reversível pela via judiciária, por caracterizar-se como
cláusula abusiva.
(B) As cláusulas que limitam os direitos da consumidora, como a que
fixou a carência do plano de saúde em relação ao uso de medicamentos
e exame de imagem, são lícitas, e devem ser observadas no caso de
Elisa, em respeito ao equilíbrio da relação contratual.
Gabarito “B”
(C) As cláusulas que preveem o período de carência estão previstas em
norma especial que contradiz o disposto no CDC, uma vez que não
podem excetuar a proteção integral e presunção de vulnerabilidade
existente na relação jurídica de consumo.
(D) O plano de saúde deve cobrir integralmente o atendimento de
Elisa, por se tratar de situação de emergência e por, pelo tempo de
contratação do plano, não poder haver carência para esse tipo de
atendimento, ainda que lícitas as cláusulas que limitem o direito da
consumidora.
A: incorreta. A carência está expressamente prevista no art. 12 da Lei
9.659/98 , e constitui o período previsto em contrato no qual o
consumidor arca com o pagamento das prestações mensais sem ter o
direito de acesso a determinadas coberturas. Para que a carência possa
ser levantada pelo plano de saúde, deve haver cláusula contratual
expressa de forma clara e de modo que o consumidor compreenda as
restrições ali estabelecidas (art. 54 do CDC). B: incorreta. (vide
justificativa da alternativa “D”). C: incorreta. A Lei 9.656/98 é lei especial
que deve ser interpretada em conjunto com o Código de Defesa do
Consumidor e não contradiz as normas principiológicas do CDC. D:
correta. As cláusulas que definem as carências são lícitas e devem ser
observadas pela consumidora. No entanto, a carência para
procedimentos de urgência e emergências somente podem ser limitadas
ao prazo máximo de vinte e quatro horas (art. 12, V, alínea c, da Lei
9.656/98). Nesse caso, após 24 horas da contratação do plano, a
cobertura deve ser integral e absoluta. Demais, disso, já entendeu o STJ
que “é possível que o plano de saúde estabeleça as doenças que terão
cobertura, mas não o tipo de tratamento utilizado, sendo abusiva a
negativa de cobertura do procedimento, tratamento, medicamento ou
material considerado essencial para sua realização de acordo com o
proposto pelo médico (REsp 2019/0070457-2). RD
Gabarito “D”
(OAB/Exame Unificado – 2018.1) Petrônio, servidor público estadual
aposentado, firmou, em um intervalo de seis meses, três contratos de
empréstimo consignado com duas instituições bancárias diferentes,
comprometendo 70% (setenta por cento) do valor de aposentadoria
recebido mensalmente, o que está prejudicando seu sustento, já que não
possui outra fonte de renda. Petrônio procura orientação de um advogado
para saber se há possibilidade de corrigir o que alega ter sido um engano
de contratação de empréstimos sucessivos.
Partindo dessa situação, à luz do entendimento do Superior Tribunal de
Justiça, assinale a afirmativa correta.
(A) Não há abusividade na realização de descontos superiores a 50%
(cinquenta por cento) dos rendimentos do consumidor para fins de
pagamento de prestação dos empréstimos quando se tratar de
contratos firmados com fornecedores diferentes, como no caso narrado.
(B) O consumidor não pode ser submetido à condição de desequilíbrio
na relação jurídica, sendo nulas de pleno direito as cláusulas
contratuais do contrato no momento em que os descontos ultrapassam
metade da aposentadoria do consumidor.
(C) Os descontos a título de crédito consignado, incidentes sobre os
proventos de servidores, como é o caso de Petrônio, devem ser
limitados a 30% (trinta por cento) da remuneração, em razão da sua
natureza alimentar e do mínimo existencial.
(D) Tratando-se de consumidor hipervulnerável pelo fator etário, os
contratos dependem de anuência de familiar, que deve assinar
conjuntamente ao idoso, não podendo comprometer mais do que 20%
(vinte por cento) do valor recebido a título de aposentadoria.
A questão foi analisada pelo Superior Tribunal de Justiça em sede de
Recurso Repetitivo, tendo sido firmada a seguinte tese: “A limitação de
desconto ao empréstimo consignado, em percentual estabelecido pelos
arts. 45 da Lei n. 8.112/1990 e 1º da Lei n. 10.820/2003, não se aplica
aos contratos de mútuo bancário em que o cliente autoriza o débito das
prestações em conta corrente (STJ, REsp 1.586.910-SP, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, por maioria, julgado em 29/08/2017, DJe 03/10/2017).
Vale notar que a Lei 8.112/1990 e Lei 10.820/2003 estabelecem
percentual de 30% para os empréstimos consignados debitados no
salário ou aposentadoria do consumidor, o que deve ser observado pelas
Instituições Financeiras (exceto nos casos de valores debitados em conta
corrente, já que não se configura, nesse caso, empréstimo consignado
na forma da lei).
A: incorreta. O limite é de 30% dos rendimentos do consumidor; B:
incorreta. A cláusula de desconto em salário ou aposentadoria será
abusiva se exceder o percentual estabelecido em lei; C: correta. O
desconto a título de consignado não pode ultrapassaro percentual
assinalado em lei; D: incorreta. A hipervulnerabilidade do idoso não o
torna incapaz de contratar. Já entendeu o STJ que não se deve confundir
vulnerabilidade agravada com falta de capacidade civil, sendo claro que
o idoso tem o direito de contratar e pode adquirir produtos e serviços no
mercado de consumo sem quaisquer restrições. (STJ, REsp
1.358.057/PR, 3ª Turma, Rel. Min. Moura Ribeiro, DJ 22/05/2018, DJe
25/06/2018). RD
(OAB/Exame Unificado – 2017.1) Mário firmou contrato de seguro de vida e
acidentes pessoais, apontando como beneficiários sua esposa e seu filho.
O negócio foi feito via telemarketing, com áudio gravado, recebendo
informações superficiais a respeito da cobertura completa a partir do
momento da contratação, atendido pequeno prazo de carência em caso de
morte ou invalidez parcial e total, além do envio de brindes em caso de
contratação imediata. Mário contratou o serviço na mesma oportunidade
por via telefônica, com posterior envio de contrato escrito para a
residência do segurado. Mário veio a óbito noventa dias após a
Gabarito “C”
contratação. Os beneficiários de Mário, ao entrarem em contato com a
seguradora, foram informados de que não poderiam receber a
indenização securitária contratada, que ainda estaria no período de
carência, ainda que a operadora de telemarketing, que vendeu o seguro
para Mário, garantisse a cobertura. Verificando o contrato, os
beneficiários perceberam o engano de compreensão da informação, já que
estava descrito haver período de carência para o evento morte “nos
termos da lei civil”.
Com base na hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
(A) A informação foi clara por estar escrita, embora mencionada
superficialmente pela operadora de telemarketing, e o período de
carência é lícito, mesmo nas relações de consumo.
(B) A fixação do período de carência é lícita, mesmo nas relações de
consumo. Todavia, a informação prestada quanto ao prazo de carência,
embora descrita no contrato, não foi clara o suficiente, evidenciando,
portanto, a vulnerabilidade do consumidor.
(C) A falta de informação e o equívoco na imposição de prazo de
carência não são admitidas nas relações de consumo, e sim nas relações
genuinamente civilistas.
(D) O dever de informação do consumidor foi respeitado, na medida
em que estava descrito no contrato, sendo o período de carência
instituto ilícito, por se tratar de relação de consumo.
A: incorreta. As informações a respeito do prazo de carência não foram
claras, razão pela qual a oferta não atendeu os requisitos do art. 31 do
CDC. Ademais, tendo sido o contrato enviado posteriormente e não
tendo o consumidor acesso prévio ao seu integral conteúdo, este não
fica obrigada a cumprir as regras impostas pelo fornecedor (art. 46 do
CDC); B: correta. O período de carência pode ser instituído no contrato
de seguro de vida para o caso de morte, nos termos do art. 797 do
Código Civil. Ademais, nas relações jurídicas de consumo, aplica-se
subsidiariamente o Código Civil, desde que não seja incompatível com as
regras e princípios do Código de Defesa do Consumidor. No caso
examinado, em razão da ausência de prévia informação a respeito das
restrições estabelecidas no contrato, o consumidor não fica obrigado a
cumprir os seus termos (art. 46 do CDC); C: incorreta. Direito Civil
também está pautado na boa-fé objetiva, razão pela qual a informação
também deve ser observada nas relações civis; D: incorreta. O dever de
informação não foi respeitado e é lícita a inclusão de período de
carência. RD
(OAB/Exame Unificado – 2017.2) Vera sofreu acidente doméstico e, sentindo
fortes dores nas costas e redução da força dos membros inferiores,
procurou atendimento médico-hospitalar. A equipe médica prescreveu
uma análise neurológica que, a partir dos exames de imagem,
evidenciaram uma lesão na coluna. O plano de saúde, entretanto, negou o
procedimento e o material, aduzindo negativa de cobertura, embora a
moléstia estivesse prevista em contrato.
Vera o(a) procura como advogado(a) a fim de saber se o plano de saúde
poderia negar, sob a justificativa de falta de cobertura contratual, algo que
os médicos informaram ser essencial para a diagnose correta da extensão
da lesão da coluna.
Neste caso, à luz da norma consumerista e do entendimento do STJ,
assinale a afirmativa correta.
(A) O contrato de plano de saúde não é regido pelo Código do
Consumidor e sim, exclusivamente, pelas normas da Agência Nacional
de Saúde, o que impede a interpretação ampliativa, sob pena de
comprometer a higidez econômica dos planos de saúde, respaldada no
princípio da solidariedade.
(B) O plano de saúde pode se negar a cobrir o procedimento médico-
hospitalar, desde que possibilite o reembolso de material indicado pelos
Gabarito “B”
profissionais de medicina, ainda que imponha limitação de valores e o
reembolso se dê de forma parcial.
(C) O contrato de plano de saúde é regido pelo Código do Consumidor
e os planos de saúde apenas podem estabelecer para quais moléstias
oferecerão cobertura, não lhes cabendo limitar o tipo de tratamento que
será prescrito, incumbência essa que pertence ao profissional da
medicina que assiste ao paciente.
(D) O contrato de plano de saúde é regido pelo Código do Consumidor
e, resguardados os direitos básicos do consumidor, os planos de saúde
podem estabelecer para quais moléstias e para que tipo de tratamento
oferecerão cobertura, de acordo com a categoria de cada nível
contratado, sem que isso viole o CDC.
A: incorreta. O Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos planos
de saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão. (Súmula
608 do STJ); B: incorreta. A negativa de procedimento é considerada
abusiva (veja justificativa da alternativa “C”); C: correta. A Lei 9.656/1998
e o Código de Defesa do Consumidor são aplicáveis aos contratos de
plano de saúde (Súmula 608 do STJ). A referida lei especial enumera as
coberturas mínimas que devem ser garantidas aos usuários de planos de
saúde, podendo o fornecedor excluir coberturas para algumas moléstias,
desde que estejam expressamente previstas em contratos. No entanto, é
considerada abusiva a cláusula contratual que limita o tipo de tratamento
que será prescrito pelo profissional da área médica (nesse sentido, veja
REsp 735.750-SP), por força do art. 51, IV, § 1º, do CDC: D: incorreta.
Veja justificativa da alternativa “C”. RD
(OAB/Exame Unificado – 2015.2) Tommy adquiriu determinado veículo junto
a um revendedor de automóveis usados. Para tanto, fez o pagamento de
60% do valor do bem e financiou os 40% restantes com garantia de
alienação fiduciária, junto ao banco com o qual mantém vínculo de conta-
Gabarito “C”
corrente. A negociação transcorreu normalmente e o veículo foi entregue.
Ocorre que Tommy, alguns meses depois, achou que a obrigação
assumida estava lhe sendo excessivamente onerosa. Procurou então você
como advogado(a) a fim de saber se ainda assim seria possível questionar
o negócio jurídico realizado e pedir revisão do contrato que Tommy
sequer possuía. A esse respeito, assinale a afirmativa correta.
(A) A questão versa sobre alienação fiduciária em garantia que
transfere ao credor o domínio resolúvel e a posse indireta do bem
alienado, não havendo aplicabilidade do Código de Defesa do
Consumidor e, portanto, nem o pedido de revisão na hipótese, haja
vista que a questão jurídica está submetida unicamente à leitura da
norma geral civil, sem a inversão do ônus da prova.
(B) A questão comporta aplicação do CDC, mas para propor ação
revisional, a parte deve ingressar com medida cautelar preparatória de
exibição de documentos, sob pena de extinção da medida cognitiva
revisional por falta de interesse de agir.
(C) A questão versa sobre alienação fiduciária em garantia, que
transfere para o devedor a posse direta do bem, tornando-o depositário,
motivo pelo qual a questão jurídica rege-se exclusivamente pelas regras
impostas pelo Decreto-lei nº 911, de 1969, que estabelecede leis citados, tanto os que explicam as alternativas corretas, como
os que explicam o porquê de ser incorreta dada alternativa; você tem
que conhecer bem a letra da lei, já que mais de 90% das respostas
estão nela; mesmo que você já tenha entendido determinada
questão, reforce sua memória e leia o texto legal indicado nos
comentários.
8° Leia também os textos legais que estão em volta do dispositivo;
por exemplo, se aparecer, em Direito Penal, uma questão cujo
comentário remete ao dispositivo que trata de falsidade ideológica,
aproveite para ler também os dispositivos que tratam dos outros
crimes de falsidade; outro exemplo: se aparecer uma questão, em
Direito Constitucional, que trate da composição do Conselho
Nacional de Justiça, leia também as outras regras que regulamentam
esse conselho.
9° Depois de resolver sozinho a questão e de ler cada comentário,
você deve fazer uma anotação ao lado da questão, deixando claro o
motivo de eventual erro que você tenha cometido; conheça os
motivos mais comuns de erros na resolução das questões:
DL – “desconhecimento da lei”; quando a questão puder ser
resolvida apenas com o conhecimento do texto de lei;
DD – “desconhecimento da doutrina”; quando a questão só puder
ser resolvida com o conhecimento da doutrina;
DJ – “desconhecimento da jurisprudência”; quando a questão só
puder ser resolvida com o conhecimento da jurisprudência;
FA – “falta de atenção”; quando você tiver errado a questão por
não ter lido com cuidado o enunciado e as alternativas;
NUT - “não uso das técnicas”; quando você tiver se esquecido de
usar as técnicas de resolução de questões objetivas, tais como as da
repetição de elementos (“quanto mais elementos repetidos existirem,
maior a chance de a alternativa ser correta”), das afirmações
generalizantes (“afirmações generalizantes tendem a ser incorretas” -
reconhece-se afirmações generalizantes pelas palavras sempre,
nunca, qualquer, absolutamente, apenas, só, somente
exclusivamente etc.), dos conceitos compridos (“os conceitos de
maior extensão tendem a ser corretos”), entre outras.
obs: se você tiver interesse em fazer um Curso de “Técnicas de
Resolução de Questões Objetivas”, recomendamos o curso criado a
esse respeito pelo IEDI Cursos On-line: www.iedi.com.br.
10º Confie no bom-senso. Normalmente, a resposta correta é a
que tem mais a ver com o bom-senso e com a ética. Não ache que
todas as perguntas contêm uma pegadinha. Se aparecer um instituto
que você não conhece, repare bem no seu nome e tente imaginar o
seu significado.
11º Faça um levantamento do percentual de acertos de cada
disciplina e dos principais motivos que levaram aos erros cometidos;
de posse da primeira informação, verifique quais disciplinas
merecem um reforço no estudo; e de posse da segunda informação,
fique atento aos erros que você mais comete, para que eles não se
repitam.
12º Uma semana antes da prova, faça uma leitura dinâmica de
todas as anotações que você fez e leia de novo os dispositivos legais
(e seu entorno) das questões em que você marcar “DL”, ou seja,
desconhecimento da lei.
13º Para que você consiga ler o livro inteiro, faça um bom
planejamento. Por exemplo, se você tiver 30 dias para ler a obra,
divida o número de páginas do livro pelo número de dias que você
tem, e cumpra, diariamente, o número de páginas necessárias para
chegar até o fim. Se tiver sono ou preguiça, levante um pouco, beba
água, masque chiclete ou leia em voz alta por algum tempo.
14º Desejo a você, também, muita energia, disposição, foco,
organização, disciplina, perseverança, amor e ética!
Wander Garcia e Ana Paula Dompieri
Coordenadores
1. DIREITO DO CONSUMIDOR
Wander Garcia e Roberta Densa1
1. CONCEITO DE CONSUMIDOR. RELAÇÃO DE CONSUMO
(OAB/Exame Unificado – 2019.2) A concessionária de veículo X adquiriu, da
montadora, trinta unidades de veículo do mesmo modelo e de cores
diversificadas, a fim de guarnecer seu estoque, e direcionou três veículos
desse total para uso da própria pessoa jurídica. Ocorre que cinco veículos
apresentaram problemas mecânicos decorrentes de falha na fabricação,
que comprometiam a segurança dos passageiros. Desses automóveis, um
pertencia à concessionária e os outros quatro, a particulares que
adquiriram o bem na concessionária.
Nesse caso, com base no Código de Defesa do Consumidor (CDC),
assinale a afirmativa correta.
(A) Entre os consumidores particulares e a montadora inexiste relação
jurídica, posto que a aquisição dos veículos se deu na concessionária.
(B) Entre os consumidores particulares e a montadora, por se tratar de
falha na fabricação, há relação jurídica protegida pelo CDC; a relação
jurídica entre a concessionária e a montadora, no que se refere à
unidade adquirida pela pessoa jurídica para uso próprio, é de direito
comum civil.
(C) Existe, entre a concessionária e a montadora, relação jurídica
regida pelo CDC, mesmo que ambas sejam pessoas jurídicas, no que diz
respeito ao veículo adquirido pela concessionária para uso próprio, e
não para venda.
(D) Somente há relação jurídica protegida pelo CDC entre o
consumidor e a concessionária, que deverá ingressar com ação de
regresso contra a montadora, caso seja condenada em ação judicial, não
sendo possível aos consumidores demandarem diretamente contra a
montadora.
A: incorreta. Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor ao
destinatário final de produto ou serviço, nos termos do art. 2º da lei
consumerista (consumidor é pessoa física ou jurídica que adquire ou
utiliza produto ou serviço como destinatário final). Ademais, para o caso
em estudo, a concessionária e a montadora teriam responsabilidade civil
solidária (art. 25 do CDC). Note-se que a jurisprudência do STJ segue no
sentido de que é solidária a responsabilidade do fabricante e da
concessionária por vício do produto, em veículos automotores, podendo
o consumidor acionar qualquer um dos coobrigados. Veja: STJ, 4ª
Turma, Rel. Min. Raul Araújo, REsp 2018/0209842-3, DJe 15/04/2019. B:
incorreta. Vide comentários à alternativa “C”. C: correta. A teoria finalista
mitigada, adotada pelo Superior Tribunal de Justiça, admite a incidência
da lei consumerista quando o destinatário final do produto, ainda que
para com a finalidade de lucro, seja vulnerável. (Veja: REsp 1.599.535-
RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 14/3/2017,
DJe 21/3/2017). Assim, o Código de Defesa do Consumidor é aplicável
ao adquirente final (consumidores particulares) e a concessionária para o
veículo que adquiriu com a finalidade de uso próprio, excluindo os
automóveis por essa revendidos. D: incorreta. Vide nota da alternativa
“A”. RD
(OAB/Exame Unificado – 2017.1) Alvina, condômina de um edifício
residencial, ingressou com ação para reparação de danos, aduzindo falha
na prestação dos serviços de modernização dos elevadores. Narrou ser
moradora do 10º andar e que hospedou parentes durante o período dos
festejos de fim de ano. Alegou que o serviço nos elevadores estava previsto
para ser concluído em duas semanas, mas atrasou mais de seis semanas, o
Gabarito “C”
http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?origemPesquisa=informativo&tipo=num_pro&valor=REsp1599535
que implicou falta de elevadores durante o período em que recebeu seus
hóspedes, fazendo com que seus convidados, todos idosos, tivessem que
utilizar as escadas, o que gerou transtornos e dificuldades, já que os
hóspedes deixaram de fazer passeios e outras atividades turísticas diante
das dificuldades de acesso. Sentindo-se constrangida e tendo que alterar
todo o planejamento de atividades para o período, Alvina afirmou ter
sofrido danos extrapatrimoniais decorrentes da mora do fornecedor de
serviço, que, ainda que regularmente notificado pelo condomínio,
quedou-se inerte e não apresentou qualquer justificativa que impedisse o
cumprimento da obrigação de forma tempestiva.
Diante da situação apresentada, assinale a afirmativa correta.
(A) Existe relação denormas de
processo sobre alienação fiduciária.
(D) A questão comporta aplicação do CDC, e a ação revisional pode ser
proposta independentemente de medida cautelar preparatória de
exibição de documentos, já que o pleito de exibição do contrato poderá
ser formulado incidentalmente e nos próprios autos.
A e C: incorretas, pois o art. 53 do CDC é expresso no sentido de que
também incide sobre os contratos de alienação fiduciária; quando há
possibilidade de revisão contratual o CDC também admite, nos casos em
que fatos supervenientes tornem as prestações excessivamente
onerosas (art. 6º, V, do CDC); B: incorreta, pois a lei não exige, como
requisito para ação de revisão contratual, o ajuizamento prévio da
cautelar mencionada; D: correta, pois o art. 53 do CDC é expresso no
sentido de que também incide sobre os contratos de alienação fiduciária,
podendo a cautelar mencionada ser objeto de pedido incidentalmente
nos mesmos autos da ação principal.
(OAB/Exame Unificado – 2014.2) O fornecimento de serviços e de produtos é
atividade desenvolvida nas mais diversas modalidades, como ocorre nos
serviços de crédito e financiamento, regidos pela norma especial
consumerista, que atribuiu disciplina específica para a temática. A
respeito do crédito ao consumidor, nos estritos termos do Código de
Defesa do Consumidor, assinale a opção correta.
(A) A informação prévia ao consumidor, a respeito de taxa efetiva de
juros, é obrigatória, facultando-se a discriminação dos acréscimos
legais, como os tributos e taxas de expediente.
(B) A liquidação antecipada do débito financiado comporta a
devolução ou a redução proporcional de encargos, mas só terá
cabimento se assim optar o consumidor no momento da contratação do
serviço.
(C) As informações sobre o preço e a apresentação do serviço de crédito
devem ser, obrigatoriamente, apresentadas em moeda corrente
nacional.
(D) A pena moratória decorrente do inadimplemento da obrigação
deve respeitar teto do valor da prestação inadimplida, não se podendo
exigir do consumidor que suporte cumulativamente a incidência dos
juros de mora.
A: incorreta, pois a informação prévia é obrigatória não só em relação à
taxa efetiva de juros, como também em relação aos acréscimos legais
(art. 52, III, do CDC), valendo salientar que também é obrigatória a
informação prévia sobre o preço do produto em moeda nacional, o
Gabarito “D”
número e periodicidade de prestações e também a soma total a pagar,
com e sem financiamento (art. 52, I, IV e V, do CDC); B: incorreta, pois o
CDC garante a liquidação antecipada do débito como direito do
consumidor, sem exigir que este tenha optado por isso já no momento
em que celebra o contrato; C: correta (art. 52, I, do CDC); D: incorreta,
pois, conforme o art. 52, § 1º, do CDC, a multa máxima é de 2% da
prestação (e não de 100% da prestação, que seria o equivalente ao
“teto” dela, diferentemente do Código Civil, em que a multa máxima é de
100% da prestação, conforme o art. 412 do CC, lembrando que no
Código Civil a multa pode ser diminuída pelo juiz de acordo o caso
concreto e nos termos do seu art. 413).
(OAB/Exame Unificado – 2012.3.B) Sobre a proteção contratual e a validade
de regras contratuais no mercado de consumo, assinale a afirmativa
correta.
(A) Nas relações de consumo, a indenização pode ser contratualmente
limitada, mas apenas em situações previstas em negrito, no contrato.
(B) Apenas é possível ao contrato estipular a inversão do ônus da
prova, em favor da fornecedora, se direitos equivalentes, em termos
processuais, forem concedidos aos consumidores.
(C) É perfeitamente possível e vinculante a cláusula de arbitragem
prevista em contrato de adesão.
(D) Não vale a cláusula que estipula, de antemão, representante para
concluir outro contrato pelo consumidor.
A: incorreta, pois a única hipótese em que cabe limitação de indenização
é na relação entre fornecedor e um consumidor pessoa jurídica
(circunstância não mencionada no enunciado) e, mesmo assim, desde
que em situações justificáveis (circunstância que também não foi
mencionada no enunciado); B: incorreta, pois são nulas quaisquer
Gabarito “C”
cláusulas contratuais que estabeleçam inversão do ônus da prova em
prejuízo do consumidor (art. 51, VI, do CDC), de maneira que a
afirmação trazida na alternativa não faz sentido; C: incorreta, pois é nula
a cláusula contratual que estabeleça a utilização compulsória de
arbitragem (art. 51, VII, do CDC); D: correta (art. 51, VIII, do CDC).
(OAB/Exame Unificado – 2012.2) João celebrou contrato de seguro de vida e
invalidez, aderindo a plano oferecido por conhecida rede particular. O
contrato de adesão, válido por cinco anos, prevê a possibilidade de
cancelamento, em favor da seguradora, antes de ocorrer o sinistro, por
alegação de desequilíbrio econômico-financeiro. A esse respeito, assinale
a afirmativa correta.
(A) Os contratos de seguro ofertados no mercado de consumo, apesar
de serem de adesão, são regidos pelo Código Civil, e a eles se aplica o
Código de Defesa do Consumidor apenas subsidiariamente e em casos
estritos.
(B) A cláusula prevista, que estipula a possibilidade de cancelamento
unilateral do contrato em caso de desequilíbrio econômico, seria viável
desde que exercida na primeira metade do contrato.
(C) O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar demanda contra
a seguradora, buscando ser declarada a nulidade da cláusula contratual
celebrada com os consumidores, e que seja proibido à seguradora
continuar a ofertá-la no mercado de consumo.
(D) A cláusula prevista no contrato celebrado por João não é abusiva,
pois o seguro deve atentar para a equação financeira atuarial,
necessária ao equilíbrio econômico da avença e à própria higidez e
continuidade do contrato.
A: incorreta, pois o CDC se aplica aos serviços securitários, ou seja, aos
seguros, conforme disposição expressa no art. 3º, § 2º, desse Diploma;
Gabarito “D”
havendo uma relação de consumo, como é o caso, aplica-se o CDC
diretamente, e, quanto ao Código Civil, este se aplica subsidiariamente
apenas; B: incorreta, pois o contrato de seguro é, por natureza, aleatório,
ou seja, de risco; uma vez contratado o seguro, a seguradora tem, como
regra, de cumprir suas obrigações até o final do contrato; no Código Civil
(não aplicável ao caso) há até uma regra que permite que a seguradora
resolva o contrato, caso o faça em até 15 dias da ciência da agravação
do risco, sendo que essa resolução só será eficaz 30 (trinta) dias após a
notificação do segurado, devendo ser restituída pelo segurador a
diferença do prêmio (art. 769 do CC); porém, o CDC, que trata o
consumidor de maneira diferenciada, tendo em vista a presunção
absoluta de sua vulnerabilidade no mercado de consumo (art. 4º, I, do
CDC), não traz disposição nesse sentido; aliás, em se tratando de
contrato de adesão, a cláusula resolutória deve ser sempre alternativa,
cabendo a escolha quanto à manutenção ou não do contrato, ao
consumidor, e não ao fornecedor (art. 54, § 2º, do CDC); C: correta (art.
51, § 4º, do CDC); D: incorreta, nos termos do fundamento apresentado
para a alternativa “b”.
(OAB/Exame Unificado – 2012.1) Martins celebrou negócio jurídico com a
empresa Zoop Z para o fornecimento de dez volumes de determinada
mercadoria para entretenimento infantil. No contrato restava
estabelecido que Martins vistoriara toda mercadoria antes da aquisição e
que o consumidor retiraria os produtos no depósito da empresa.
Considerando tal situação fictícia, assinale a alternativa correta à luz do
disposto na Lei nº. 8.078/90, de acordo com cada hipótese abaixo
apresentada:
(A) A garantia legal do produto independe de termo expresso no
contrato, bem como é lícito ao fornecedor estipular que se exime de
Gabarito “C”
responsabilidade na hipótese de vício de qualidade por inadequação do
produto, desde que fundada em ignorância sobre o vício.
(B) É nula de pleno direito a cláusula contratual que exonere a
contratada de qualquer obrigação de indenizar por víciodo produto em
razão de ter sido a mercadoria vistoriada previamente pelo consumidor.
(C) O contrato poderia prever a impossibilidade de reembolso da
quantia por Martins, bem como ter transferido previamente a
responsabilidade por eventual vício do produto, com exclusividade, ao
fabricante.
(D) A Zoop Z tem liberdade para estabelecer compulsoriamente a
utilização de arbitragem, bem como exigir o ressarcimento dos custos
de cobrança da obrigação de Martins, sem que o mesmo seja conferido
contra o fornecedor.
A: incorreta; de fato, a garantia legal independe de termo expresso (art.
24 do CDC); porém, NÃO é lícito ao fornecedor estipular que se exime de
responsabilidade em caso de vício de qualquer natureza, sob o
argumento de que desconhece o vício (art. 23 do CDC); B: correta (arts.
24, 25 e 51, I, do CDC); C: incorreta, pois, segundo o art. 51 do CDC são
nulas as cláusulas que subtraiam ao consumidor a opção de reembolso
da quantia paga (inciso II) e que transfiram responsabilidades a terceiros
(inciso III); D: incorreta, pois as duas cláusulas citadas são nulas de
pleno direito (art. 51, VII e XII, respectivamente, do CDC).
(OAB/Exame Unificado – 2012.1) A telespectadora Maria, após assistir ao
anúncio de certa máquina fotográfica, ligou e comprou o produto via
telefone. No dia 19 de março, a câmera chegou ao seu endereço. Acerca
dessa situação, assinale a alternativa correta.
(A) A contar do recebimento do produto, a consumidora pode exercer o
direito de arrependimento no prazo prescricional de quinze dias.
Gabarito “B”
(B) Mesmo que o produto não tenha defeito, se Maria se arrepender da
aquisição e desistir do contrato no dia 25 de março do mesmo ano, os
valores eventualmente pagos, a qualquer título, deverão ser devolvidos,
monetariamente atualizados.
(C) Se, no dia 26 de março do mesmo ano, a consumidora pretender
desistir do contrato, não poderá fazê-lo, pois, além de o prazo
decadencial já ter fluído, os contratos são regidos pelo brocardo pacta
sunt servanda.
(D) Após o prazo de desistência, que é decadencial, Maria não poderá
reclamar de vícios do produto ou de desconformidades entre a oferta
apresentada e as características do bem adquirido, a não ser que exista
garantia contratual.
A: incorreta, pois o prazo para exercer o direito de arrependimento é
decadencial e de 7 dias (art. 49 do CDC); B: correta, pois o dia 25 de
março está dentro do prazo de 7 dias para a desistência, com
ressarcimento integral dos valores pagos, monetariamente atualizados
(art. 49, caput e parágrafo único, do CDC); C: incorreta, pois o dia 25 de
março está dentro do prazo de 7 dias em que a lei autoriza a desistência
(art. 49, caput e parágrafo único, do CDC); D: incorreta, pois um direito é
independente do outro; desde que o faça dentro do prazo decadencial
para reclamar dos vícios, prazo esse estabelecido no art. 26 do CDC,
sem prejuízo de tal prazo se somar ao prazo de garantia contratual (art.
50 do CDC), Maria tem direito de reclamar de problemas no produto.
(OAB/Exame Unificado – 2011.3.B) Josefa celebrou contrato de prestação de
serviço com a transportadora X, cujo teor do documento assinado seguia
o formato “de adesão”. Considerando tal instrumento de negócio jurídico
nas relações de consumo, é correto afirmar que
Gabarito “B”
(A) tal modalidade contratual, por ter sido deliberada de forma
unilateral, é considerada prática abusiva, devendo ser imposta pena
pecuniária ao fornecedor do serviço.
(B) Josefa poderá inserir cláusulas no formulário apresentado pela
Transportadora X, o que desfigurará a natureza de adesão do referido
contrato.
(C) o contrato de adesão é permitido nos termos da norma
consumerista, mas desde que não disponha de cláusula resolutória,
expressamente inadmitida.
(D) serão redigidos com caracteres ostensivos, cujo tamanho da fonte
não seja inferior ao corpo doze, e as cláusulas que limitem direito do
consumidor deverão ser redigidas com destaque.
A: incorreta, pois o CDC não só admite, como também regulamenta os
contratos de adesão (art. 54 do CDC); B: incorreta, pois a simples
inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão
do contrato (art. 54, § 1º, do CDC); o contrato só deixa de ser de adesão
(passando a se chamar contrato paritário) quando o consumidor
consegue discutir substancialmente o teor das cláusulas contratuais; C:
incorreta, pois se admite cláusula resolutória nos contratos de adesão, ou
seja, aquela cláusula que permite a resolução do contrato caso a outra
parte não cumpra com suas obrigações; porém, o CDC estabelece um
direito interessante para o consumidor quando há cláusula resolutória
num contrato de adesão, qual seja, o direito de o consumidor optar se
aceita a resolução do contrato ou se irá purgar a mora (pagar o que
estiver devendo), mantendo, assim, o contrato; é por isso que o CDC
dispõe que a cláusula resolutória num contrato de adesão é uma
alternativa a benefício do consumidor (art. 54, § 2º, do CDC); D: correta
(art. 54, §§ 3º e 4º, do CDC).
Gabarito “D”
(OAB/Exame Unificado – 2011.2) Quando a contratação ocorre por site da
internet, o consumidor pode desistir da compra?
(A) Não. O direito de arrependimento só existe para as compras feitas
na própria loja, e não pela internet.
(B) Sim. Quando a compra é feita fora do estabelecimento comercial, o
consumidor pode desistir do contrato no prazo de sete dias, mesmo
sem apresentar seus motivos para a desistência.
(C) Sim. Quando a compra é feita pela internet, o consumidor pode
desistir da compra em até 30 dias depois que recebe o produto.
(D) Não. Quando a compra é feita pela internet, o consumidor é
obrigado a ficar com o produto, a menos que ele apresente vício. Só
nessa hipótese o consumidor pode desistir.
Segundo o art. 49 do CDC, o consumidor pode desistir de contrato,
independentemente de motivação, nas compras feitas fora do
estabelecimento comercial (por telefone, internet etc.), desde que o faça
no prazo máximo de 7 dias da assinatura do contrato ou do ato do
recebimento do produto ou serviço.
(OAB/Exame Unificado – 2010.1) Acerca da disciplina jurídica da proteção
contratual do consumidor, assinale a opção correta.
(A) A lei confere ao consumidor a possibilidade de desistir do contrato,
no prazo máximo de quinze dias a contar do recebimento do produto,
no caso de contratação de fornecimento de produtos ocorrida fora do
estabelecimento empresarial.
(B) Reputam-se nulas de pleno direito as cláusulas contratuais
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que infrinjam normas
ambientais ou possibilitem a violação dessas normas.
(C) A garantia contratual exclui a garantia legal, desde que conferida
mediante termo escrito que discipline, de maneira adequada, a
Gabarito “B”
constituição daquela garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar
para o seu exercício.
(D) A lei limita a 10% do valor da prestação as multas de mora
decorrentes do inadimplemento de obrigações no seu termo, no caso de
fornecimento de produtos que envolva concessão de financiamento ao
consumidor.
A: incorreta. De acordo com o art. 49 do CDC, “O consumidor pode
desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do
ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de
fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento
comercial, especialmente por telefone ou a domicílio”; B: correta. De
acordo com o art. 51, “São nulas de pleno direito, entre outras, as
cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços
que: (...) XIV – infrinjam ou possibilitem a violação de normas
ambientais;”; C: incorreta. De acordo com o art. 50, “A garantia contratual
é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito.
Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser
padronizado e esclarecer, de maneira adequada, em que consiste a
mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser
exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lheentregue,
devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento,
acompanhado de manual de instrução, de instalação e uso do produto
em linguagem didática, com ilustrações”; D: incorreta. De acordo com o
art. 52, “No fornecimento de produtos ou serviços que envolva outorga
de crédito ou concessão de financiamento ao consumidor, o fornecedor
deverá, entre outros requisitos, informá-lo prévia e adequadamente
sobre: (...) § 1º As multas de mora decorrentes do inadimplemento de
obrigações no seu termo não poderão ser superiores a dois por cento do
valor da prestação”.
Gabarito “B”
(Defensor Público/AM – 2013 – FCC) Em relação às cláusulas abusivas,
previstas no Código de Defesa do Consumidor, é correto afirmar:
(A) A nulidade de uma cláusula contratual abusiva invalida o contrato.
(B) São nulas cláusulas que estabeleçam inversão do ônus da prova em
prejuízo do consumidor e prevejam a utilização de arbitragem.
(C) Nos contratos do sistema de consórcio de produtos duráveis, é
considerada abusiva a cláusula que estabelece a compensação ou a
restituição das parcelas quitadas com desconto da vantagem econômica
auferida com a fruição e os prejuízos que o desistente ou inadimplente
causar ao grupo.
(D) Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante
pagamento em prestações, bem como nas alienações fiduciárias em
garantia, consideram-se nulas de pleno direito as cláusulas que
estabeleçam a perda parcial das prestações pagas em benefício do
credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do
contrato e a retomada do produto alienado.
(E) São aquelas que estabeleçam obrigações consideradas iníquas,
abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou
sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade.
A: incorreta, pois a nulidade de uma cláusula não invalida, como regra, o
contrato inteiro; isso só acontecerá se, apesar dos esforços de
integração, a ausência da cláusula impor ônus excessivo a qualquer das
partes (art. 51, § 2º, do CDC); B: incorreta, pois o que não pode é a
cláusula prever a utilização compulsória da arbitragem (art. 51, VII, do
CDC), não impedindo que se preveja a utilização facultativa da
arbitragem, a critério do consumidor, no momento em que surgir uma
controvérsia; C: incorreta, pois tal cláusula é possível (art. 53, § 2º, do
CDC); D: incorreta, pois é nula a cláusula que estabeleça “perda total” (e
não “perda parcial) das parcelas (art. 53, caput, do CDC); E: correta (art.
51, IV, do CDC).
Gabarito “E”
(Defensor Público/PR – 2012 – FCC) De acordo com a nova realidade
contratual prevista no Código de Defesa do Consumidor,
(A) não se exige a imprevisibilidade do fato superveniente para a
revisão de cláusulas contratuais.
(B) o pacta sunt servanda tem preponderância sobre os outros
princípios.
(C) as cláusulas contratuais devem ser interpretadas de forma
extensiva.
(D) as cláusulas contratuais gerais têm controle administrativo
abstrato e preventivo.
(E) a forma de redação dos instrumentos contratuais assume
relevância relativa.
A: correta, pois basta que haja um fato superveniente (imprevisto ou não)
que torne as prestações excessivamente onerosas (art. 6º, V, do CDC),
diferentemente do Código Civil, que requer um fato extraordinário e
imprevisível (art. 478); B: incorreta, pois o CDC é uma norma de ordem
pública (art. 1º), de modo que mesmo que o consumidor assine um
contrato aceitando o descumprimento de normas do CDC, esse contrato
não fará lei entre as partes, ou seja, o fornecedor não poderá alegar a
“pacta sunt servanda”; C: incorreta, pois devem ser interpretadas de
maneira mais favorável ao consumidor (art. 47 do CDC); D: incorreta; a
expressão “cláusulas contratuais gerais” deve estar no sentido de
cláusulas previstas para um número indeterminado de pessoas, como
são as de um plano de saúde, por exemplo; nesse sentido, o controle
administrativo de uma cláusula dessa pode ser tanto preventivo (antes de
alguém ter assinado um contrato desses), como repressivo, sempre por
meio da sanções administrativas (art. 56 do CDC); da mesma forma, o
controle judicial também pode ser preventivo ou repressivo; E: incorreta,
pois quando um instrumento contratual for redigido de modo a dificultar a
compreensão de seu sentido e alcance o contrato sequer irá obrigar o
consumidor (art. 46 do CDC); o CDC, em se tratando de contrato de
adesão, traz, ainda, uma série de regras a serem cumpridas na redação
do contrato (art. 54, §§ 3º, 4º, do CDC).
6. DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO
(OAB/Exame XXXIII – 2020.3) Godofredo procurou a Seguradora X para
contratar seguro residencial, mas a venda direta foi-lhe negada, ao
argumento de que o proponente possuía restrição financeira junto aos
órgãos de proteção ao crédito. Godofredo explicou que pagaria o seguro à
vista, mas, ainda assim, a Seguradora negou a contratação. Indignado,
Godofredo registrou sua reclamação no Ministério Público, que verificou
significativo número de pessoas na mesma situação, merecendo melhor
análise quanto ao cabimento ou não de medida para a defesa de interesses
e direitos de consumidores a título coletivo.
Sobre a hipótese apresentada, à luz do Código de Defesa do Consumidor,
assinale a afirmativa correta.
(A) A questão versa sobre interesses heterogêneos, não cabendo ação
coletiva, bem como casos de restrição creditícia possibilitam a recusa de
contratação do seguro mesmo quando o pagamento do prêmio for à
vista.
(B) A matéria consagra hipótese de direito individual homogêneo,
podendo ser objeto de ação coletiva para a defesa dos interesses e
direitos dos consumidores, e a recusa à contratação somente pode ser
posta se o pagamento do prêmio for parcelado.
(C) A Seguradora não pode recusar a proposta nem mesmo após
análise de risco, quando a contratação se der mediante pronto
pagamento do prêmio, conforme expressamente disposto na norma
consumerista e cuida-se da hipótese de direito difuso, justificando a
ação coletiva.
Gabarito “A”
(D) A Seguradora pode recusar a contratação, mesmo mediante pronto
pagamento, sob a justificativa de que o proponente possui anotação de
restrição financeira junto aos órgãos de proteção ao crédito; quanto à
defesa coletiva essa é incabível pela natureza da demanda, sendo
possível apenas a formação de litisconsórcio ativo.
A: incorreta. A questão versa sobre direitos metaindividuais, e a recusa
da contratação de seguros na hipótese configura prática comercial
abusiva (vide justificativa da alternativa “B”). B: correta. O Superior
Tribunal de Justiça já entendeu que a seguradora não pode recusar
contratação por pessoa com restrição de crédito disposta a pagar o
seguro à vista, sob pena de configurar prática comercial abusiva, nos
termos do art. 39, IX, do CDC. (Vide REsp 1.594.024). Ademais, trata-se
de direito metaindividual, nos termos o art. 81 do Código de Defesa do
Consumidor. No caso, trata-se de direito individual homogêneo (art. 81,
parágrafo único, III, do CDC: tendo em vista ser possível identificar o
sujeito de direitos, ser suscetível de apropriação, ter origem comum e ser
acidentalmente coletivo. C: incorreta. O interesse/direito difuso é
caracterizado pela impossibilidade de identificar o sujeito de direitos, não
é suscetível de apropriação, tem origem em circunstância de fato e é
essencialmente coletivo. Tendo em vista a possiblidade de identificar os
indivíduos que tiveram a recusa pela seguradora, não pode ser
caracterizado o direito difuso no caso. D: incorreta. Vide justificativa da
alternativa “B”. RD
(OAB/Exame Unificado – 2019.3) O Ministério Público ajuizou ação coletiva
em face de Vaquinha Laticínios, em função do descumprimento de
normas para o transporte de alimentos lácteos.
A sentença condenou a ré ao pagamento de indenização a ser revertida em
favor de um fundo específico, bem como a indenizar os consumidores
Gabarito “B”
genericamente considerados, além de determinar a publicação da parte
dispositiva da sentença em jornais de grande circulação, a fim deque os
consumidores tomassem ciência do ato judicial.
João, leitor de um dos jornais, procurou você como advogado(a) para
saber de seus direitos, uma vez que era consumidor daqueles produtos.
Nesse caso, à luz do Código do Consumidor, trata-se de hipótese
(A) de interesse difuso; por esse motivo, as indenizações pelos
prejuízos individuais de João perderão preferência no concurso de
crédito frente às condenações decorrentes das ações civis públicas
derivadas do mesmo evento danoso.
(B) de interesses individuais homogêneos; nesses casos, tem-se, por
inviável, a liquidação e execução individual, devendo João aguardar que
o Ministério Público, autor da ação, receba a verba indenizatória
genérica para, então, habilitar-se como interessado junto ao referido
órgão.
(C) de interesses coletivos; em razão disso, João poderá liquidar e
executar a sentença individualmente, mas o mesmo direito não poderia
ser exercido por seus sucessores, sendo inviável a sucessão processual
na hipótese.
(D) de interesses individuais homogêneos; João pode, em legitimidade
originária ou por seus sucessores, por meio de processo de liquidação,
provar a existência do seu dano pessoal e do nexo causal, a fim de
quantificá-lo e promover a execução.
São interesses ou direitos difusos “os transindividuais, de natureza
indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por
circunstâncias de fato” (art. 81, parágrafo único, I, do CDC). São direitos
ou interesses coletivos “os transindividuais, de natureza indivisível de
que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou
com a parte contrária por uma relação jurídica base” (art. 81, parágrafo
único, II, do CDC). São direitos ou interesses individuais homogêneos,
assim entendidos os decorrentes de origem comum (art. 81, III, parágrafo
único, do CDC).
A: incorreta. Há um pedido difuso que corresponde ao valor de
indenização a ser convertido em favor de um fundo específico, no
entanto, há também pedido individual homogêneo que beneficia o
consumidor que foi atingido pelo evento danoso. B: incorreta. Tendo em
vista o pedido individual homogêneo formulado pelo Ministério Público
em ação coletiva, pode o consumidor fazer o pedido de liquidação e a
execução da sentença, nos termos o art. 97 do CDC. Por outro lado,
pode a execução ser coletiva, promovida pelos legitimados da ação
coletiva, nos termos do art. 98 do CDC. C: incorreta. Não se trata de
direito ou interesse coletivo, posto que entre os interessados, não há
uma “relação jurídica base”. D: correta. Nos termos do art. 97 do CDC.
RD
(OAB/Exame Unificado – 2019.2) Em virtude do rompimento de uma represa,
o Ministério Público do Estado do Acre ajuizou ação em face da empresa
responsável pela sua construção, buscando a condenação pelos danos
materiais e morais sofridos pelos habitantes da região atingida pelo
incidente. O pedido foi julgado procedente, tendo sido fixada a
responsabilidade da ré pelos danos causados, mas sem a especificação dos
valores indenizatórios. Em virtude dos fatos narrados, Ana Clara teve sua
casa destruída, de modo que possui interesse em buscar a indenização
pelos prejuízos sofridos. Na qualidade de advogado(a) de Ana Clara,
assinale a orientação correta a ser dada à sua cliente.
(A) Considerando que Ana Clara não constou do polo ativo da ação
indenizatória, não poderá se valer de seus efeitos.
(B) Ana Clara e seus sucessores poderão promover a liquidação e a
execução da sentença condenatória.
Gabarito “D”
(C) A sentença padece de nulidade, pois o Ministério Público não
detém legitimidade para ajuizar ação no lugar das vítimas.
(D) A prolatação de condenação genérica, sem especificar vítimas ou
valores, contraria disposição legal.
A: incorreta. A legitimidade da ação coletiva é defina pelo art. 5º da
LACP e pelo art. 82 do CDC. Trata-se de legitimação extraordinária, em
que a parte postula em nome próprio, direito alheio. B: correta. Trata-se
de Ação Civil Pública que defende Direito Individual Homogêneo (art. 81,
parágrafo único, III, do CDC), que se caracteriza por ser um direito
transindividual, divisível, em que pode ser identificado o sujeito de direito
e que tem como origem uma circunstância de fato. Nesse caso, nos
termos do art. 95 da lei consumerista, tendo ocorrido a procedência do
pedido, a condenação deverá ser genérica, fixando a responsabilidade
dos réus e determinando, no seu art. 97, que a liquidação e execução de
sentença podem ser promovidas pela vítima e seus sucessores, bem
como pelos legitimados da ação coletiva. C: incorreta. A legitimidade do
Ministério Público para as ações coletivas está definida pelo art. 5º da
LACP e pelo art. 82 do CDC. D: incorreta. O art. 95 do CDC determina,
expressamente, que a condenação deve ser genérica, fixando a
responsabilidade dos réus. RD
(OAB/Exame Unificado – 2018.3) O posto de gasolina X foi demandado pelo
Ministério Público devido à venda de óleo diesel com adulterações em sua
fórmula, em desacordo com as especificações da Agência Nacional de
Petróleo (ANP). Trata-se de relação de consumo e de dano coletivo, que
gerou sentença condenatória.
Você foi procurado(a), como advogado(a), por um consumidor que
adquiriu óleo diesel adulterado no posto de gasolina X, para orientá-lo.
Gabarito “B”
Assinale a opção que contém a correta orientação a ser prestada ao
cliente.
(A) Cuida-se de interesse individual homogêneo, bastando que, diante
da sentença condenatória genérica, o consumidor liquide e execute
individualmente, ou, ainda, habilite-se em execução coletiva, para
definir o quantum debeatur.
(B) Deverá o consumidor se habilitar no processo de conhecimento
nessa qualidade, sendo esse requisito indispensável para fazer jus ao
recebimento de indenização, de caráter condenatória a decisão judicial.
(C) Cuida-se de interesse difuso, afastando a possibilidade de o
consumidor ter atuado como litisconsorte e sendo permitida apenas a
execução coletiva.
(D) Deverão os consumidores individuais ingressar com medidas
autônomas, distribuídas por conexão à ação civil pública originária, na
medida em que o montante indenizatório da sentença condenatória da
ação coletiva será integralmente revertido em favor do Fundo de
Reconstituição de Bens Lesados.
A: correta. Trata-se de Ação Civil Pública que defende Direito Individual
Homogêneo (art. 81, parágrafo único, III, do CDC), que se caracteriza por
ser um direito transindividual, divisível, em que pode ser identificado o
sujeito de direito e que tem como origem uma circunstância de fato.
Nesse caso, nos termos do art. 95 da lei consumerista, tendo ocorrido a
procedência do pedido, a condenação deverá ser genérica, fixando a
responsabilidade dos réus e determinando, no seu art. 97, que a
liquidação e execução de sentença podem ser promovidas pela vítima e
seus sucessores, bem como pelos legitimados da ação coletiva. B:
incorreta. O consumidor poderá executar individualmente os valores a
dele devidos. C: incorreta. O interesse difuso é o direito transindividual,
indivisível, em que não se pode identificar o sujeito de direito, sendo que
os titulares estão ligados por uma circunstância de fato (art.81, parágrafo
único, I, do CDC). Nesse caso, tendo em vista a possibilidade de
identificar os prejudicados pelos distribuidores de petróleo para a
indenização, trata-se de direito individual homogêneo. D: incorreta. Veja
justificativa da alternativa “A”. RD
(OAB/Exame Unificado – 2018.2) A Construtora X instalou um estande de
vendas em um shopping center da cidade, apresentando folder de
empreendimento imobiliário de dez edifícios residenciais com área
comum que incluía churrasqueira, espaço gourmet, salão de festas,
parquinho infantil, academia e piscina. A proposta fez tanto sucesso que,
em apenas um mês, foram firmados contratos de compra e venda da
integralidade das unidades.
A Construtora X somente realizou a entrega dois anos após o prazo
originário de entrega dos imóveis e sem pagamento de qualquerverba
pela mora, visto que o contrato previa exclusão de cláusula penal, e
também deixou de entregar a área comum de lazer que constava do
folder.
Nesse caso, à luz do Código de Defesa do Consumidor, cabe
(A) ação individual ou coletiva, em razão da propaganda enganosa
evidenciada pela ausência da entrega da parte comum indicada no
folder de venda.
(B) ação individual ou coletiva, em busca de ressarcimento decorrente
da demora na entrega; contudo, não se configura, na hipótese,
propaganda enganosa, mas apenas inadimplemento contratual, sendo
viável a exclusão da cláusula penal.
(C) ação coletiva, somente, haja vista que cada adquirente,
individualmente, não possui interesse processual decorrente da
propaganda enganosa.
(D) ação individual ou coletiva, a fim de buscar tutela declaratória de
nulidade do contrato, inválido de pleno direito por conter cláusula
Gabarito “A”
abusiva que fixou impedimento de qualquer cláusula penal.
Trata-se de descumprimento de oferta e publicidade enganosa,
respectivamente nos termos do art. 30 e 37, § 1º, do Código de Defesa do
Consumidor.
A: correta. A publicidade enganosa justifica a tutela coletiva, por
configurar um direito difuso (art. 1º da LACP). Vale dizer: a publicidade
enganosa atingiu a coletividade de pessoas, sendo impossível identificar
os sujeitos de direito (art. 81, I, do CDC). Da mesma forma,
perfeitamente cabível a ação individual, nos termos do art. 6º, VII, do
CDC; B: incorreta. Trata-se de publicidade enganosa; C: incorreta. Vide
justificativa da alternativa A; D: incorreta. É cabível, nesse caso, o
ressarcimento de danos e pedido de nulidade de cláusula, nos termos do
art. 51 do CDC. A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não
invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços
de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes (art. 51, §
2º, do CDC). RD
(OAB/Exame Unificado – 2013.1) Aurora contratou com determinada empresa
de telefonia fixa um pacote de serviços de valor preestabelecido que
incluía ligações locais de até 100 minutos e isenção total dos valores pelo
período de três meses, exceto os minutos que ultrapassassem os
contratados, ligações interurbanas e para telefone móvel. Para sua
surpresa, logo no primeiro mês recebeu cobrança pelo pacote de serviços
no importe três vezes superior ao contratado, mesmo que tivesse utilizado
apenas 32 minutos em ligações locais.
A consumidora fez diversos contatos com a fornecedora do serviço para
reclamar o ocorrido, mas não obteve solução. De posse dos números dos
protocolos de reclamações, ingressou com medida judicial, obtendo
liminar favorável para abstenção de cobrança e de negativação do nome.
Gabarito “A”
Considerando o caso acima descrito, assinale a afirmativa correta.
(A) A conversão da obrigação em perdas e danos faz-se
independentemente de eventual aplicação de multa.
(B) A multa diária ao réu pode ser fixada na sentença, mas desde que o
autor tenha requerido expressamente.
(C) A conversão da obrigação em perdas e danos independe de pedido
do autor, em qualquer hipótese.
(D) A tutela liminar será concedida, desde que não implique em ordem
de busca e apreensão, que requer medida cautelar própria e justificação
prévia.
A: correta, pois a aplicação de multa pelo descumprimento da liminar
(art. 84, § 4º, do CDC) é independente da conversão da obrigação em
perdas danos, que pode ser pedida pelo autor da ação (art. 84, § 1º, do
CDC); B: incorreta, pois a fixação de multa diária independe de pedido
do autor (art. 84, § 4º, do CDC); C: incorreta, pois conversão da
obrigação em perdas e danos depende de opção do autor (art. 84, § 1º,
do CDC); D: incorreta, pois a tutela liminar pode, sim, implicar em busca
e apreensão (art. 84, § 5º, do CDC).
(OAB/Exame Unificado – 2012.3.B) Determinada associação, legalmente
constituída há três anos, ingressa com medida judicial buscando a defesa
coletiva dos interesses de seus associados no tocante à infração na relação
de consumo pelo fornecedor T, pessoa jurídica de direito privado.
A partir do fato narrado acima, assinale a afirmativa correta.
(A) A associação somente teria legitimidade para propor a ação coletiva
se houvesse sido constituída há mais de cinco anos.
(B) A associação necessita de autorização assemblear para ajuizar a
demanda, mesmo que inclua entre seus fins institucionais a defesa dos
Gabarito “A”
interesses e direitos do consumidor.
(C) A propositura da ação coletiva não impede a que qualquer
interessado ingresse com nova ação judicial apontando o mesmo réu,
causa de pedir e pedido.
(D) As ações individuais apontando o mesmo réu, causa de pedir e
pedido, ajuizadas depois da demanda coletiva, importarão em
litispendência merecendo os processos ser extintos.
A: incorreta, pois basta que tenha sido constituída há 1 ano (art. 82, IV,
do CDC); B: incorreta, pois a lei dispensa a autorização assemblear (art.
82, IV, do CDC); C: correta (art. 103, § 3º, do CDC); D: incorreta, pois a
lei é expressa ao dizer que não há litispendência no caso (art. 104 do
CDC).
(OAB/Exame Unificado – 2010.2) Nas ações coletivas, o efeito da coisa julgada
material será:
(A) tratando-se de direitos individuais homogêneos, efeito erga omnes,
se procedente, mas só aproveita aquele que se habilitou até o trânsito
em julgado.
(B) tratando-se de direitos individuais homogêneos, julgados
improcedentes, o consumidor, que não tiver conhecimento da ação, não
poderá intentar ação individual.
(C) tratando-se de direitos difusos, no caso de improcedência por
insuficiência de provas, não faz coisa julgada material, podendo,
qualquer prejudicado, intentar nova ação com os mesmos
fundamentos, valendo-se de novas provas.
(D) Tratando-se de direitos coletivos, no caso de improcedência do
pedido de nulidade de cláusula contratual, o efeito é ultra partes e
impede a propositura de ação individual.
Gabarito “C”
A: incorreta, pois a sentença fará coisa julgada erga omnes para
beneficiar todas as vítimas e seus sucessores (art. 103, III, do CDC),
independentemente de habilitação no processo até o trânsito em julgado;
assim, caso uma associação ingresse com ação civil pública para fixar
uma condenação genérica de uma empresa aérea, em virtude de
acidente aéreo, mesmo que as vítimas ou seus familiares não participem
dessa demanda coletiva, receberão os benefícios da coisa julgada desta;
a questão não entra no pormenor do que deve ser feito quando há, ao
mesmo tempo, uma ação coletiva (a da associação) e uma ação
individual (a da vítima); mas vale a pena escrever um pouco sobre isso,
pois o tema pode ser perguntado em outra prova; nesse caso, o CDC
estabelece que não há litispendência, podendo as duas ações prosseguir
normalmente; porém caso o consumidor, na ação individual, seja
cientificado da ação coletiva, este terá o prazo de 30 dias para fazer uma
escolha; ou continua com a sua ação individual, mas não recebe os
benefícios da ação coletiva, caso esta seja procedente, ficando na
dependência da ação individual dar certo; ou pede a suspensão da ação
individual, no aguardo da decisão na ação coletiva; nesse caso, na
hipótese de a ação coletiva ser procedente, ótimo, bastando que o
consumidor peça a extinção da ação individual que promoveu; já se a
ação coletiva não der certo, o consumidor pode dar continuidade à sua
ação individual, tendo uma nova chance de ver reconhecido o seu direito
(art. 104 do CDC); B: incorreta, pois a coisa julgada, quando o pedido é
para defender interesses individuais homogêneos, somente se faz erga
omnes na hipótese de procedência do pedido, ou seja, para beneficiar
todas as vítimas e seus sucessores (art. 103, III, do CDC); assim, o
consumidor, individualmente, continua podendo ingressar com ação
(individual) para fazer valer seus direitos; C: correta, pois o art. 103, I, do
CDC estabelece que a sentença, no caso da defesa de interesses
difusos, fará coisa julgada erga omnes, “exceto se o pedido for julgado
improcedente por insuficiênciade provas, hipótese em que qualquer
legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-
se de nova prova”; D: incorreta, pois quando a ação é promovida para
defender interesses coletivos, o art. 103 do CDC traz três soluções, quais
sejam, I em caso de procedência ou improcedência, a coisa julgada é
erga omnes, mas limitadamente ao grupo; II) em caso de improcedência
por falta de provas, qualquer legitimado continuará podendo ingressar
com ação valendo-se de prova nova; III) e, em qualquer caso, interesses
individuais continuam podendo ser exercidos em ações individuais. Para
efeito de fixação da matéria, segue abaixo dois quadros, um sobre as
características dos interesses difusos, coletivos e individuais
homogêneos e outro com a questão da coisa julgada nesse tema.
Interesses Grupo Objeto Origem Disposição Exemp
Difusos indeterminável indivisível situação
de fato
indisponível inter
das p
na
despo
de um
Coletivos determinável indivisível relação
jurídica
disponível
apenas pelo
grupo
inter
dos
cond
de ed
na tro
um
eleva
com
probl
Gabarito “C”
Interesses Grupo Objeto Origem Disposição Exemp
Individ.
Homog.
determinável divisível origem
comum
disponível
individualmente
inter
vítim
acide
rodov
em re
inden
Procedência Improcedência Improcedência
por falta de
provas
Observação
Difusos erga
omnes
erga omnes sem eficácia
erga omnes
Interesses
individuais
não ficam
prejudicados
pela
improcedência
Coletivos ultra
partes,
limitada ao
grupo
categoria
ou classe
ultra partes sem eficácia
ultra partes
Interesses
individuais
não ficam
prejudicados
pela
improcedência
Procedência Improcedência Improcedência
por falta de
provas
Observação
Individuais
homogêneos
erga
omnes,
para
beneficiar
vítimas e
sucessores,
salvo se a
vítima,
ciente da
ação
coletiva,
preferiu
continuar
com a ação
individual
sem eficácia
erga omnes
sem eficácia
erga omnes
Interesses
individuais
não ficam
prejudicados
pela
improcedência
(OAB/Exame Unificado – 2010.1) Assinale a opção correta a respeito da
disciplina normativa da defesa, em juízo, do consumidor. (A) É lícita às
associações legalmente constituídas há mais de um ano a propositura de ação
coletiva para a defesa dos direitos de seus associados, desde que haja prévia
autorização em assembleia. (B) Na hipótese de ação coletiva para a defesa de
interesses individuais homogêneos, é exclusivamente competente para a
execução coletiva o juízo da liquidação da sentença ou o da ação condenatória.
(C) Tratando-se de ações coletivas para a defesa de direitos individuais
homogêneos, a sentença fará coisa julgada erga omnes, no caso de procedência
ou improcedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas. (D) De acordo
com o Código de Defesa do Consumidor, as ações coletivas para a defesa de
interesses ou de direitos coletivos não induzem litispendência para as ações
individuais. A: incorreta. De acordo com o art. 81 do CDC, “A defesa dos
interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo
individualmente, ou a título coletivo. Parágrafo único. A defesa coletiva será
exercida quando se tratar de: I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos,
para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que
sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; II –
interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os
transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou
classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação
jurídica base; III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim
entendidos os decorrentes de origem comum”. De acordo com
7. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA
(Defensor Público/SE – 2012 – CESPE) Assinale a opção correta com relação às
sanções administrativas previstas no CDC bem como aos critérios para
sua aplicação.
(A) As sanções administrativas de apreensão e de inutilização de
produtos podem ser aplicadas, em razão de seu caráter urgente,
mediante auto de infração, dispensada a instauração de procedimento
administrativo.
(B) É possível a aplicação cumulativa das sanções administrativas
previstas no CDC, inclusive por medida cautelar, antecedente ou
incidente ao procedimento administrativo.
(C) Considera-se reincidente, para os fins de aplicação das sanções
administrativas previstas no CDC, o fornecedor que ostente registro de
auto de infração lavrado anteriormente ao cometimento da nova
infração, ainda que pendente ação judicial em que se discuta a
imposição de penalidade.
(D) A imposição de contrapropaganda deve ser cominada ao
fornecedor que incorra na prática de qualquer infração administrativa
ou penal.
(E) Os critérios previstos no CDC para a aplicação da sanção
administrativa de multa coincidem com os mencionados no CP.
A: incorreta, pois é necessário processo administrativo com ampla
defesa (art. 58 do CDC); B: correta (art. 56, parágrafo único, do CDC); C:
incorreta, pois no caso não haverá reincidência até o trânsito em julgado
da sentença (art. 59, § 3º, do CDC); D: incorreta, pois será cominada
Gabarito “D”
quando o fornecedor incorrer na prática de publicidade enganosa ou
abusiva, nos termos do art. 36 e seus parágrafos, sempre às expensas
do infrator (art. 60, caput, do CDC); E: incorreta, pois há critério próprio
para aplicação de multa, nos termos do art. 57, parágrafo único, do CDC.
8. SNDC E CONVENÇÃO COLETIVA
(OAB/Exame Unificado – 2015.1) As negociações mercantis adotaram uma
nova ordem quando o Código de Defesa do Consumidor foi implementado
no sistema jurídico nacional. A norma visa a proteger a parte mais frágil
econômica e tecnicamente de práticas abusivas, conferindo-lhe a tutela do
Art. 42, I, do CDC, que consagra a presunção de vulnerabilidade absoluta
geral inerente a todos os consumidores. Essa nova ordem ainda conferiu
especial atenção à Convenção Coletiva adotada em outros ramos do
Direito, passando também a constituir forma de equacionamento de
conflitos nas relações de consumo antes mesmo da judicialização das
questões, ou mesmo se antecipando à instalação dos litígios. A respeito da
Convenção Coletiva de Consumo, prevista no microssistema do Código de
Defesa do Consumidor, assinale a afirmativa correta.
(A) A Convenção regularmente constituída torna-se obrigatória a partir
da assinatura dos legitimados, dispensando-se o registro do
instrumento em cartório de títulos e documentos.
(B) A Convenção não poderá regulamentar as relações de consumo no
que diz respeito ao preço e às garantias de produtos e serviços,
atribuições do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor.
(C) A Convenção regularmente constituída vincula os signatários, mas,
caso o fornecedor se desligue da entidade celebrante à qual estava
vinculado, eximir-se-á do cumprimento do estabelecido.
Gabarito “B”
(D) A Convenção firmada por entidades civis de consumidores e
associações de fornecedores somente obrigará os filiados às entidades
signatárias.
A: incorreta, pois a convenção só passa a ser obrigatória a partir do
registro do instrumento no cartório de títulos e documentos (art. 107, §
1º, do CDC); B: incorreta, pois a convenção pode sim tratar de preços e
garantias de produtos o serviços (podendo também tratar da qualidade,
quantidade e características desses itens), nos termos do art. 107, caput,
do CDC; C: incorreta, pois, de acordo com o § 3º do art. 107 do CDC,
“não se exime de cumprir a convenção o fornecedor que se desligar da
entidade em data posterior ao registro do instrumento”; D: correta (art.
107, § 2º, do CDC).
1. RD questões comentadas por:Roberta Densa. 
Wander Garcia comentou as demais questões.↩
Gabarito “D”
2. DIREITO AMBIENTAL
Wander Garcia
1. INTRODUÇÃO E PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL
Segue um resumo sobre Princípios do Direito Ambiental:
1. Princípio do desenvolvimento sustentável é aquele que
determina a harmonização entre o desenvolvimento econômico e
social e agarantia da perenidade dos recursos ambientais. Tem
raízes na Carta de Estocolmo (1972) e foi consagrado na ECO-92.
2. Princípio do poluidor-pagador: é aquele que impõe ao poluidor
tanto o dever de prevenir a ocorrência de danos ambientais, como
o de reparar integralmente eventuais danos que causar com sua
conduta. O princípio não permite a poluição, conduta
absolutamente vedada e passível de diversas e severas sanções.
Ele apenas reafirma o dever de prevenção e de reparação integral
por parte de quem pratica atividade que possa poluir. Esse
princípio também impõe ao empreendedor a internalização das
externalidades ambientais negativas das atividades
potencialmente poluidoras, buscando evitar a socialização dos
ônus (ou seja, que a sociedade pague pelos danos causados pelo
empreendedor) e a privatização dos bônus (ou seja, que somente
o empreendedor ganhe os bônus de gastar o meio ambiente).
3. Princípio da obrigatoriedade da intervenção estatal: é aquele
que impõe ao Estado o dever de garantir o meio ambiente
ecologicamente equilibrado. O princípio impõe ao poder público
a utilização de diversos instrumentos para proteger o meio
ambiente, que serão vistos em capítulo próprio.
4. Princípio da participação coletiva ou da cooperação de todos: é
aquele que impõe à coletividade (além do Estado) o dever de
garantir e participar da proteção do meio ambiente. O princípio
cria deveres (preservar o meio ambiente) e direitos (participar de
órgãos colegiados e audiências públicas, p. ex.) às pessoas em
geral.
5. Princípio da responsabilidade objetiva e da reparação integral:
é aquele que impõe o dever de qualquer pessoa responder
integralmente pelos danos que causar ao meio ambiente,
independentemente de prova de culpa ou dolo. Perceba que a
proteção é dupla. Em primeiro lugar, fixa-se que a
responsabilidade é objetiva, o que impede que o causador do
dano deixe de ter a obrigação de repará-lo sob o argumento de
que não agiu com culpa ou dolo. Em segundo lugar, a obrigação
de reparar o dano não se limita a pagar uma indenização, mas
impõe que a reparação seja específica, isto é, deve-se buscar a
restauração ou recuperação do bem ambiental lesado,
procurando, assim, retornar à situação anterior.
6. Princípio da prevenção: é aquele que impõe à coletividade e ao
poder público a tomada de medidas prévias para garantir o meio
ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras
gerações. A doutrina faz uma distinção entre este princípio e o da
precaução. O princípio da prevenção incide naquelas hipóteses
em que se tem certeza de que dada conduta causará um dano
ambiental. O princípio da prevenção atuará de forma a evitar que
o dano seja causado, impondo licenciamentos, estudos de
impacto ambiental, reformulações de projeto, sanções
administrativas etc. A ideia aqui é eliminar os perigos já
comprovados. Já o princípio da precaução incide naquelas
hipóteses de incerteza científica sobre se dada conduta pode ou
não causar um dano ao meio ambiente. O princípio da precaução
atuará no sentido de que, na dúvida, deve-se ficar com o meio
ambiente, tomando as medidas adequadas para que o suposto
dano de fato não ocorra. A ideia aqui é eliminar que o próprio
perigo possa se concretizar.
7. Princípio da educação ambiental: é aquele que impõe ao poder
público o dever de promover a educação ambiental em todos os
níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do
meio ambiente. Perceba que a educação ambiental deve estar
presente em todos os níveis de ensino e, que, além do ensino, a
educação ambiental deve acontecer em programas de
conscientização pública.
8. Princípio do direito humano fundamental: é aquele pelo qual
os seres humanos têm direito a uma vida saudável e produtiva,
em harmonia com o meio ambiente. De acordo com o princípio,
as pessoas têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado.
9. Princípio da ubiquidade: é aquele pelo qual as questões
ambientais devem ser consideradas em todas as atividades
humanas. Ubiquidade quer dizer existência concomitantemente
em todos os lugares. De fato, o meio ambiente está em todos os
lugares, de modo que qualquer atividade deve ser feita com
respeito à sua proteção e promoção.
10. Princípio do usuário-pagador: é aquele pelo qual as pessoas
que usam recursos naturais devem pagar por tal utilização. Esse
princípio difere do princípio do poluidor-pagador, pois o segundo
diz respeito a condutas ilícitas ambientalmente, ao passo que o
primeiro a condutas lícitas ambientalmente. Assim, aquele que
polui (conduta ilícita), deve reparar o dano, pelo princípio do
poluidor-pagador. Já aquele que usa água (conduta lícita) deve
pagar pelo seu uso, pelo princípio do usuário-pagador. A ideia é
que o usuário pague com o objetivo de incentivar o uso racional
dos recursos naturais, além de fazer justiça, pois há pessoas que
usam mais e pessoas que usam menos dados recursos naturais.
11. Princípio da informação e da transparência das informações e
atos: é aquele pelo qual as pessoas têm direito de receber todas as
informações relativas à proteção, preventiva e repressiva, do meio
ambiente. Assim, pelo princípio, as pessoas têm direito de
consultar os documentos de um licenciamento ambiental, assim
como têm direito de participar de consultas e de audiências
públicas em matéria de meio ambiente.
12. Princípio da função socioambiental da propriedade: é aquele
pelo qual a propriedade deve ser utilizada de modo sustentável,
com vistas não só ao bem-estar do proprietário, mas também da
coletividade como um todo.
13. Princípio da equidade geracional: é aquele pelo qual as
presentes e futuras gerações têm os mesmos direitos quanto ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado. Assim, a utilização de
recursos naturais para a satisfação das necessidades atuais não
deverá comprometer a possibilidade das gerações futuras
satisfazerem suas necessidades. O princípio impõe, também,
equidade na distribuição de benefícios e custos entre gerações,
quanto à preservação ambiental.
(OAB/Exame XXXIII – 2020.3) Determinado empreendedor requereu ao
órgão ambiental competente licença ambiental para indústria
geradora de significativa poluição atmosférica, que seria instalada
em zona industrial que, contudo, já está saturada. Após a análise
técnica necessária, feita com base nos riscos e impactos já de
antemão conhecidos em razão de certeza científica, concluiu-se que
os impactos negativos decorrentes da atividade não poderiam sequer
ser mitigados a contento, diante da sinergia e cumulatividades com
as atividades das demais fábricas já existentes na localidade. Assim,
o órgão ambiental indeferiu o pedido de licença, com objetivo de
impedir a ocorrência de danos ambientais, já que sabidamente a
atividade comprometeria a capacidade de suporte dos ecossistemas
locais. Assinale a opção que indica o princípio de Direito Ambiental
em que a decisão de indeferimento do pedido de licença está fundada
específica e diretamente.
(A) Princípio da precaução, eis que a operação do
empreendimento pretendido causa riscos hipotéticos que devem
ser evitados.
(B) Princípio da prevenção, eis que a operação do
empreendimento pretendido causa perigo certo, com riscos
previamente conhecidos.
(C) Princípio do poluidor-pagador, eis que a operação do
empreendimento pretendido está condicionada à adoção das
cautelas ambientais cabíveis para mitigar e reparar os danos
ambientais.
(D) Princípio da responsabilidade ambiental objetiva, eis que a
operação do empreendimento pretendido está condicionada ao
prévio depósito de caução para garantir o pagamento de eventuais
danos ambientais.
A: incorreta, pois o princípio da precaução incide em caso de dúvida
científica sobre o perigo de lesão ao meio ambiente, que não é o
caso, já que o enunciado fala em “certeza científica” do dano
ambiental; B: correta, pois em havendo certeza científica dos riscos
ambientais (expressão que consta doenunciado da questão), o
princípio aplicável é o da prevenção; C: incorreta, pois o caso é de
indeferimento da licença, e não de deferimento dela mediante
adoção de medidas mitigadoras; D: incorreta, pois esse princípio
incide quando se está diante de um dano ambiental já configurado,
impondo a responsabilização civil com vistas à reparação desse
dano; no caso em tela, o empreendedor ainda não causou dano
algum, já que ainda está numa fase preliminar, na qual pede uma
licença ambiental para iniciar a sua atividade.
(OAB/Exame Unificado – 2013.1) Na perspectiva da tutela do direito
difuso ao meio ambiente, o ordenamento constitucional exigiu o
estudo de impacto ambiental para instalação e desenvolvimento de
certas atividades. Nessa perspectiva, o estudo prévio de impacto
ambiental está concretizado no princípio
(A) da precaução.
(B) da prevenção.
(C) da vedação ao retrocesso.
(D) do poluidor-pagador.
O art. 225, § 1º, IV, da CF, ao impor a realização de estudo prévio de
impacto ambiental para atividades potencialmente causadora de
significativa degradação ambiental, acabou por acolher o princípio
da precaução, pelo qual há de se tomar medidas com vistas à
Gabarito “B”
proteção do meio ambiente mesmo quando haja dúvida científica de
que determinada atividade pode causar dano ambiental. O fato de a
Constituição Federal ter usado o termo “potencialmente” revela que
mesmo não havendo certeza de dano (mas mera potencialidade
deste), de rigor a tomada de medidas para o fim mencionado.
2. DIREITO AMBIENTAL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
(OAB/Exame XXXIV) A Constituição da República dispõe que são
reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas,
crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que
tradicionalmente ocupam.
Do ponto de vista histórico e cultural, percebe-se que a comunidade
indígena está intimamente ligada ao meio ambiente, inclusive
colaborando em sua defesa e preservação.
Nesse contexto, de acordo com o texto constitucional, a pesquisa e a
lavra das riquezas minerais em terras indígenas
(A) só podem ser efetivadas com autorização de todos os órgãos
que integram o SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente),
na forma da lei.
(B) só podem ser efetivadas com autorização do Congresso
Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes
assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei.
(C) não podem ser efetivadas em qualquer hipótese, eis que são
terras inalienáveis e indisponíveis, e devem ser exploradas nos
limites de atividades de subsistência para os índios.
Gabarito “B”
(D) não podem ser efetivadas em qualquer hipótese, diante de
expressa vedação constitucional, para não descaracterizar a área
de relevante interesse social.
A: incorreta, pois depende de autorização do Congresso Nacional,
ouvidas as comunidades afetadas (art. 231, p. 3º, da CF); B:
correta, nos exatos termos do art. 231, p. 3º, da CF (“O
aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais
energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras
indígenas só podem ser efetivados com autorização do Congresso
Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes
assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei”);
C e D: incorretas, pois a Constituição autoriza essa pesquisa e lavra
mediante a autorização do Congresso Nacional, ouvidas as
comunidades afetadas, não havendo essa restrição acerca da
subsistência dos índios, que, ressalte-se, terão direito a uma
participação no resultado da lavra (art. 231, p. 3º, da CF).
(OAB/Exame Unificado – 2013.3) Com relação aos ecossistemas Floresta
Amazônica, Mata Atlântica, Serra do Mar, Pantanal Mato-grossense
e Zona Costeira, assinale a afirmativa correta.
(A) Tais ecossistemas são considerados pela CRFB/1988
patrimônio difuso, logo todos os empreendimentos nessas áreas
devem ser precedidos de licenciamento e estudo prévio de impacto
ambiental.
(B) Tais ecossistemas são considerados patrimônio nacional,
devendo a lei infraconstitucional disciplinar as condições de
Gabarito “B”
utilização e de uso dos recursos naturais, de modo a garantir a
preservação do meio ambiente.
(C) Tais ecossistemas são considerados bens públicos,
pertencentes à União, devendo a lei infraconstitucional disciplinar
suas condições de utilização, o uso dos recursos naturais e as
formas de preservação.
(D) Tais ecossistemas possuem terras devolutas que são, a partir
da edição da Lei n. 9.985/2000, consideradas unidades de
conservação de uso sustentável, devendo a lei especificar as regras
de ocupação humana nessas áreas.
A: incorreta, pois são considerados patrimônio nacional e não
patrimônio difuso, nos termos do art. 225, § 4º, da CF; B: correta
(art. 225, § 4º, da CF); C: incorreta, pois o fato de a Constituição ter
rotulado os ecossistemas em questão como patrimônio nacional não
significa que os considerou bens públicos, mas apenas que a
utilização desses bens deverá, na forma da lei, dar-se dentro de
condições que assegurem a preservação do meio ambiente,
inclusive quanto ao uso dos recursos naturais; D: incorreta, pois não
há qualquer previsão nesse sentido na Lei 9.985/1999.
(OAB/Exame Unificado – 2011.3.B) Imagine que três municípios,
localizados em diferentes estados membros da federação brasileira,
estejam interessados em abrigar a instalação de uma usina de
energia que opera com reatores nucleares. A respeito do tema, é
correto afirmar que
(A) o Congresso Nacional irá definir, mediante a edição de lei,
qual município receberá a usina nuclear.
Gabarito “B”
(B) após a escolha do local para a instalação da usina nuclear, o
município que a receber deverá criar a legislação que disciplinará
seu funcionamento, bem como o plano de evacuação da população
em caso de acidentes, por ser assunto de relevante interesse local.
(C) em razão do princípio da predominância do interesse, a União
deverá legislar sobre o tema, após ouvir e sabatinar
obrigatoriamente o Ministro de Minas e Energia no Congresso
Nacional, versando sobre os riscos ambientais que a usina pode
trazer ao meio ambiente e à população de cada município
postulante.
(D) a CRFB não estabelece expressamente qual ente da federação
deverá legislar sobre o tema energia nuclear. Mas, em razão do
acidente nuclear de Chernobyl, a doutrina defende que apenas a
União deverá criar normas sobre regras de segurança de usinas
nucleares.
A: correta, conforme arts. 21, XXIII, a, 49, XIV, e 225, § 6º, da CF;
B: incorreta, pois compete privativamente à União legislar sobre
atividades nucleares de qualquer natureza (art. 22, XXVI, da CF); C:
incorreta, pois não há previsão da oitiva e sabatina do Ministro de
Minas e Energia, como providência prévia à aprovação de lei sobre
o tema; D: incorreta, pois, conforme se viu, a competência
legislativa da União para legislar sobre energia nuclear está prevista
no art. 22, XXVI, da CF.
(OAB/Exame Unificado – 2011.1) (adaptada) O inciso VII do § 1º do art.
225 da Constituição da República prevê a proteção da fauna e da
flora, vedadas as práticas que coloquem em risco sua função
ecológica, enquanto que o § 1º do art. 231 do referido texto
Gabarito “A”
constitucional estabelece que são terras indígenas as habitadas por
eles em caráter permanente e que podem ser utilizadas por esses
povos, desde que necessárias ao seu bem-estar e à sua reprodução
física e cultural. A esse respeito, assinale a alternativa correta.
(A) Os indígenas têm o usufruto exclusivo das riquezas do solo,
dos rios e dos lagos nas terras ocupadas em caráter permanente
por eles e, portanto, podem explorá-las, sem necessidade de
licenciamento ambiental.
(B) Os indígenas são proprietários das terras que ocupam em
caráter permanente, mas devem explorá-las segundo as normas
ambientais estabelecidas na Lei da Política Nacional do Meio
Ambiente e do Código Florestal.
(C) Os indígenas podem suprimir vegetação de mata atlântica sem
autorização do órgão ambiental competente porque são
usufrutuáriosdas terras que habitam
(D) É proibido o uso de fogo na vegetação, exceto, dentre outros
casos, as práticas de prevenção e combate aos incêndios e as de
agricultura de subsistência exercidas pelas populações tradicionais
e indígenas.
A e C: incorretas, pois, apesar de os índios terem o direito de
usufruto mencionado (art. 231, § 2º, da CF), eles não têm imunidade
ao cumprimento das leis, não podendo se furtar ao licenciamento
ambiental, quando este for necessário; B: incorreta, pois a
propriedade das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios é da
União (art. 20, XI, da CF); D: correta. É o que prevê o art. 38, § 2º,
da Lei 12.651/2012 – Código Florestal.
Gabarito “D”
(FGV – 2014) O art. 225, caput, da Constituição da República
Federativa do Brasil dispõe que “Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial
à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para a presente e as
futuras gerações.”
Em relação aos conceitos e princípios contidos no dispositivo
constitucional acima, analise as afirmativas a seguir.
I. O uso do pronome indefinido “todos” particulariza quem tem
direito ao meio ambiente.
II. O poder público e a coletividade deverão defender e preservar
o meio ambiente desejado pela Constituição da República
Federativa do Brasil e não a qualquer meio ambiente.
III. Ao poder público e à coletividade é imposto o dever de
defender e preservar o meio ambiente para a presente e as futuras
gerações, o que se refere, expressamente, à solidariedade
intergeracional e traduz o chamado desenvolvimento sustentado.
Assinale:
(A) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(B) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
(C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(D) se somente a afirmativa III estiver correta.
(E) se somente a afirmativa II estiver correta.
I: incorreta, pois a expressão “todos” não particulariza, não
individualiza, mas sim traz um conceito bastante amplo e geral; II:
correta, pois a ideia é buscar a defesa e a preservação do meio
ambiente ecologicamente equilibrado, e não de qualquer meio
ambiente; III: correta, pois o princípio da solidariedade
intergeracional é aquele pelo qual as presentes e futuras gerações
têm os mesmos direitos quanto ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado. Assim, a utilização de recursos naturais para a
satisfação das necessidades atuais não deverá comprometer a
possibilidade das gerações futuras satisfazerem suas necessidades,
daí a necessidade de se buscar sempre o desenvolvimento
sustentável.
3. MEIO AMBIENTE CULTURAL
(OAB/Exame Unificado – 2016.1) Pedro, em visita a determinado
Município do interior do Estado do Rio de Janeiro, decide pichar e
deteriorar a fachada de uma Igreja local tombada, por seu valor
histórico e cultural, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico-
Cultural – INEPAC, autarquia estadual. Considerando o caso em
tela, assinale a afirmativa correta.
(A) Pedro será responsabilizado apenas administrativamente, com
pena de multa, uma vez que os bens integrantes do patrimônio
cultural brasileiro não se sujeitam, para fins de tutela, ao regime
de responsabilidade civil ambiental, que trata somente do meio
ambiente natural.
(B) Pedro será responsabilizado administrativa e penalmente, não
podendo ser responsabilizado civilmente, pois o dano, além de não
poder ser considerado de natureza ambiental, não pode ser objeto
de simultânea recuperação e indenização.
Gabarito “B”
(C) Pedro, por ter causado danos ao meio ambiente cultural,
poderá ser responsabilizado administrativa, penal e civilmente,
sendo admissível o manejo de ação civil pública pelo Ministério
Público, demandando a condenação em dinheiro e o cumprimento
de obrigação de fazer.
(D) Pedro, além de responder administrativa e penalmente, será
solidariamente responsável com o INEPAC pela recuperação e
indenização do dano, sendo certo que ambos responderão de
forma subjetiva, havendo necessidade de inequívoca demonstração
de dolo ou culpa por parte de Pedro e dos servidores públicos
responsáveis.
A: incorreta, pois o meio ambiente é um interesse difuso protegido
administrativa, civil e penalmente em suas várias facetas, aí incluído
o meio ambiente cultural; B: incorreta, pois no plano civil se busca a
reparação do meio ambiente lesado, o que deve se dar de forma
específica, ou seja, buscando o retorno do bem ao estado anterior,
cabendo, quando for o caso, outros tipos de reparação, como a
compensação ambiental e a indenização; C: correta, pois o meio
ambiente é um interesse difuso protegido administrativa, civil e
penalmente em suas várias facetas, aí incluído o meio ambiente
cultural; no plano civil há de se buscar primariamente o retorno do
bem ao estado anterior, cabendo condenação em obrigação de
fazer, conforme mencionado na alternativa, e também em dinheiro,
quando for o caso (art. 3º da Lei 7.347/1985); D: incorreta, pois o
causador do dano ambiental (no caso, Pedro) responde modo
objetivo (art. 14, § 1º, da Lei 6.938/1981), sendo que a
responsabilidade subjetiva em matéria ambiental somente é
discutida quando se trata de omissão estatal do dever de
fiscalização.
(FGV – 2014) A respeito do conceito de meio ambiente e seu aspecto
cultural, inserido no texto constitucional brasileiro de 1988, analise
as afirmativas a seguir.
I. Os princípios da prevenção e da precaução não incidem no
meio ambiente cultural, porquanto a recuperação de bens
culturais não padece dos mesmos problemas que afetam os bens
naturais.
II. Ao reconhecer o meio ambiente ecologicamente equilibrado,
essencial à sadia qualidade de vida, o constituinte de 1988 não
deixou de inserir, neste direito fundamental, a dimensão cultural.
III. Os princípios da prevenção e da precaução incidem no meio
ambiente cultural, porquanto a recuperação de bens culturais
padece dos mesmos problemas que afetam os bens naturais.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente a afirmativa II estiver correta.
(C) se somente a afirmativa III estiver correta.
(D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
I: incorreta, pois a proteção do meio ambiente cultural deve ser tão
ampla como a das demais modalidades de meio ambiente; II:
correta, pois o constituinte trouxe regras bem protetivas acerca do
meio ambiente cultural (art. 216 da CF); III: correta, pois a proteção
do meio ambiente cultural deve ser tão ampla como a das demais
modalidades de meio ambiente por conta justamente da informação
Gabarito “C”
trazida na assertiva, de que os bens culturais padecem dos mesmos
problemas que afetam os bens naturais.
4. COMPETÊNCIA EM MATÉRIA AMBIENTAL
(OAB/Exame Unificado – 2020.2) O Estado Z promulga lei autorizando a
supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente para
pequenas construções. A área máxima para supressão, segundo a lei,
é de 100 metros quadrados quando utilizados para lazer e de 500
metros quadrados quando utilizados para fins comerciais.
Sobre a referida lei, assinale a afirmativa correta.
(A) A lei é válida, uma vez que é competência privativa dos
Estados legislar sobre as Áreas de Preservação Permanente
inseridas em seu território.
(B) A lei é válida apenas com relação à utilização com finalidade
de lazer, uma vez que é vedada a exploração comercial em Área de
Preservação Permanente.
(C) A lei é inconstitucional, uma vez que compete aos Municípios
legislar sobre impactos ambientais de âmbito local.
(D) A lei é inconstitucional, uma vez que é competência da União
dispor sobre normas gerais sobre proteção do meio ambiente.
A: incorreta, pois a competência para legislar sobre meio ambiente
é concorrente da União, dos Estados e do DF (art. 26, VI, da CF), e
não privativa dos Estados; B e C: incorretas, pois, no âmbito da
competência concorrente da União, dos Estados e do DF(art. 26,
VI, da CF), compete à União dispor sobre normas gerais de
Gabarito “E”
proteção do meio ambiente (art. 24, § 1º, da CF), e o tema em
questão (permissão de supressão para obras de pequeno porte) é
um tema de norma geral e não de norma local estadual ou
municipal; D: correta, pois, de fato, compete à União dispor sobre
normas gerais de proteção do meio ambiente (art. 24, § 1º, da CF),
e o tema em questão (permissão de supressão para obras de
pequeno porte) é um tema de norma geral (ou seja, que deve estar
unificado em todo o país), e não de norma local estadual ou
municipal.
(OAB/Exame Unificado – 2015.2) O Município Z deseja implementar
política pública ambiental, no sentido de combater a poluição das
vias públicas. Sobre as competências ambientais distribuídas pela
Constituição, assinale a afirmativa correta.
(A) União, Estados, Distrito Federal e Municípios têm
competência material ambiental comum, devendo leis
complementares fixar normas de cooperação entre os entes.
(B) Em relação à competência material ambiental, em não sendo
exercida pela União e nem pelo Estado,o Município pode exercê-la
plenamente.
(C) O Município só pode exercer sua competência material
ambiental nos limites das normas estaduais sobre o tema.
(D) O Município não tem competência material em direito
ambiental, por falta de previsão constitucional, podendo, porém,
praticar atos por delegação da União ou do Estado.
A: correta (art. 23, caput, VI e parágrafo único, da CF); B: incorreta,
pois essa disposição diz respeito à competência concorrente (e não
Gabarito “D”
à competência comum), e se refere aos Estados-membro (e não aos
Municípios), conforme o art. 24, caput e § 3º, da CF; C e D:
incorretas, pois os municípios poderão exercer sua competência
material na proteção do meio ambiente, nos limites determinados na
lei complementar de que trata o parágrafo único do art. 23 da CF
(LC 140/2011) e nos assuntos de interesse local e de
suplementação da legislação federal e estadual no que couber, a
título de aplicar suas leis que tratam dessas questões (art. 30, I, da
CF).
(OAB/Exame Unificado – 2013.3) O estado Y pretende melhorar a
qualidade do ar e da água em certa região que compõe o seu
território, a qual é abrangida por quatro municípios. Considerando o
caso, assinale a alternativa que indica a medida que o estado Y deve
adotar.
(A) Instituir Região Metropolitana por meio de lei ordinária, a
qual retiraria as competências dos referidos municípios para
disciplinar as matérias.
(B) Por iniciativa da Assembleia Estadual, editar lei definindo a
região composta pelos municípios como área de preservação
permanente, estabelecendo padrões ambientais mínimos, de
acordo com o plano de manejo.
(C) Editar lei complementar, de iniciativa do Governador do
estado, a qual imporá níveis de qualidade a serem obedecidos
pelos municípios, sob controle e fiscalização do órgão ambiental
estadual.
(D) Incentivar os municípios que atingirem as metas ambientais
estipuladas em lei estadual, por meio de distribuição de parte do
Gabarito “A”
ICMS arrecadado, nos limites constitucionalmente autorizados.
A: incorreta, pois apenas por lei complementar é que se pode
instituir região metropolitana; além disso, a criação dessas regiões
não tem por objetivo retirar competências dos municípios, mas
integrar a organização, o planejamento e a execução de funções
públicas de interesse comum (art. 25, § 3º, da CF); B: incorreta, pois
a criação de áreas de preservação permanente até colaboram na
preservação dos recursos hídricos (“água”), mas não tem o mesmo
efeito quanto à proteção do “ar” referida no enunciado da questão
(vide art. 3º, II, da Lei 12.651/2012); vale lembrar, ainda, que há
áreas de preservação permanente já definidas em lei (art. 4º da Lei
12.651/2012), sendo que outras podem ser criadas, nas hipóteses
previstas no art. 6º da Lei 12.651/2012, mas por meio decreto do
Chefe do Executivo, não sendo necessária lei aprovada pela
assembleia estadual; C: incorreta, pois medida dessa natureza fere
a autonomia municipal e quebra o pacto federativo, vez que um
Estado-membro não pode criar, sem previsão constitucional, norma
a ser obedecida pelos municípios; D: correta, pois aqui se tem uma
medida de mero incentivo e não a criação de uma obrigação
estadual imposta a um município, fora das previsões constitucionais.
(OAB/Exame Unificado – 2013.2) Em determinado Estado da federação é
proposta emenda à Constituição, no sentido de submeter todos os
Relatórios de Impacto Ambiental à comissão permanente da
Assembleia Legislativa.
Com relação ao caso proposto, assinale a afirmativa correta.
Gabarito “D”
(A) Os Relatórios e os Estudos de Impacto Ambiental são
realizados exclusivamente pela União, de modo que a Assembleia
Legislativa não é competente para analisar os Relatórios.
(B) A análise e a aprovação de atividade potencialmente
causadora de risco ambiental são consubstanciadas no poder de
polícia, não sendo possível a análise do Relatório de Impacto
Ambiental pelo Poder Legislativo.
(C) A emenda é constitucional, desde que de iniciativa
parlamentar, uma vez que incumbe ao Poder Legislativo a direção
superior da Administração Pública, incluindo a análise e a
aprovação de atividades potencialmente poluidoras.
(D) A emenda é constitucional, desde que seja de iniciativa do
Governador do Estado, que detém competência privativa para
iniciativa de emendas sobre organização administrativa, judiciária,
tributária e ambiental do Estado.
A, C e D: incorretas; os relatórios de impacto ambiental,
instrumentos essenciais para licenciamentos ambientais e estudos
de impacto ambiental são típica atividade administrativa (poder de
polícia), de competência própria do Poder Executivo, podendo ser
realizados não só no âmbito da União (por meio do IBAMA), como
também dos Estados, DF e Municípios, de acordo com a
competência para o exercício do licenciamento ambiental
respectivo; assim, a afirmativa “a” está incorreta por dizer que
somente a União pode realizar tais estudos; não bastasse, a
Assembleia Legislativa, órgão legislativo, não pode querer fazer
típica atividade administrativa, apreciando relatórios de impacto
ambiental, sob pena de violação ao princípio da independência dos
poderes, o que torna incorretas também as alternativas “C” e “D”,
pouco importando se a emenda em questão teve como órgão de
iniciativa o parlamento ou a Chefia do Executivo; B: correta, pois,
como se viu do comentário às alternativas anteriores, a competência
para apreciar esses relatório é do Executivo, não podendo o
legislativo querer promover típica atividade administrativa de poder
de polícia.
(OAB/Exame Unificado – 2010.2) Considerando a repartição de
competências ambientais estabelecida na Constituição Federal,
assinale a alternativa correta.
(A) Deverá ser editada lei ordinária com as normas para a
cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios para o exercício da competência comum de defesa do
meio ambiente.
(B) A exigência de apresentação, no processo de licenciamento
ambiental, de certidão da Prefeitura Municipal sobre a
conformidade do empreendimento com a legislação de uso e
ocupação do solo decorre da competência do Município para o
planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do
solo urbano.
(C) Legislar sobre proteção do meio ambiente e controle da
poluição é de competência concorrente da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, com fundamento no artigo 24
da Constituição Federal.
(D) A competência executiva em matéria ambiental não alcança a
aplicação de sanções administrativas por infração à legislação de
meio ambiente.
A: incorreta; de acordo com o art. 23, VI, da Constituição, a
competência material (ou administrativa ou executiva), como, por
Gabarito “B”
exemplo, a competência para a fiscalização do meio ambiente, é, de
fato, comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios; porém, o parágrafo únicoconsumo apenas entre o condomínio e o
fornecedor de serviço, não tendo Alvina legitimidade para ingressar
com ação indenizatória, por estar excluída da cadeia da relação
consumerista.
(B) Inexiste relação consumerista na hipótese, e sim relação contratual
regida pelo Código Civil, tendo a multa contratual pelo atraso na
execução do serviço cunho indenizatório, que deve servir a todos os
condôminos e não a Alvina, individualmente.
(C) Existe relação de consumo, mas não cabe ação individual, e sim a
perpetrada por todos os condôminos, em litisconsórcio, tendo como
objeto apenas a cobrança de multa contratual e indenização coletiva.
(D) Existe relação de consumo entre a condômina e o fornecedor, com
base da teoria finalista, podendo Alvina ingressar individualmente com
a ação indenizatória, já que é destinatária final e quem sofreu os danos
narrados.
A: incorreta. A hipótese apresentada é de aplicação do CDC (vide
alternativa “D”), razão pela qual Alvina tem legitimidade para ingressar
com ação requerendo indenização por danos materiais e morais; B:
incorreta. A hipótese é de aplicação do CDC (vide justificativa da
alternativa “D”); C: incorreta. Tendo em vista que Alvina é consumidora,
por ser quem utiliza o serviço como destinatária final, cabe ação
individual para reclamar indenização; D: correta. Embora a contratação
tenha ocorrido por meio do condomínio Alvina é considerada
consumidora por utilizar o serviço como destinatária final (art. 2º, caput,
do CDC). Por outro lado, a empresa de elevadores é fornecedora nos
termos do art. 3º do CDC, estando configurada a relação jurídica de
consumo e a integral aplicação do CDC. Nos termos do art. 6º, VI, do
Código de Defesa do Consumidor, a consumidora pode requerer
reparação dos danos materiais e morais sofridos em razão da ausência
de cumprimento do contrato. RD
(OAB/Exame Unificado – 2016.1) Amadeu, aposentado, aderiu ao plano de
saúde coletivo ofertado pelo sindicato ao qual esteve vinculado por força
de sua atividade laborativa por mais de 30 anos. Ao completar 60 anos, o
valor da mensalidade sofreu aumento significativo (cerca de 400%), o que
foi questionado por Amadeu, a quem os funcionários do sindicato
explicaram que o aumento decorreu da mudança de faixa etária do
aposentado. A respeito do tema, assinale a afirmativa correta.
(A) O aumento do preço é abusivo e a norma consumerista deve ser
aplicada ao caso, mesmo em se tratando de plano de saúde coletivo e,
principalmente, que envolva interessado com amparo legal no Estatuto
do Idoso.
(B) O aumento do preço é legítimo, tendo em vista que o idoso faz
maior uso dos serviços cobertos e o equilíbrio contratual exige que não
haja onerosidade excessiva para qualquer das partes, não se aplicando o
CDC à hipótese, por se tratar de contrato de plano de saúde coletivo
envolvendo pessoas idosas.
(C) O aumento do valor da mensalidade é legítimo, uma vez que a
majoração de preço é natural e periodicamente aplicada aos contratos
Gabarito “D”
de trato continuado, motivo pelo qual o CDC autoriza que o critério
faixa etária sirva como parâmetro para os reajustes econômicos.
(D) O aumento do preço é abusivo, mas o microssistema consumerista
não deve ser utilizado na hipótese, sob pena de incorrer em colisão de
normas, uma vez que o Estatuto do Idoso estabelece a disciplina
aplicável às relações jurídicas que envolvam pessoa idosa.
A: correta, pois o CDC também se aplica às relações securitárias (vide o
art. 3º, § 2º, do CDC), impedindo cláusulas abusivas como essa (art. 51,
XV e § 1º, III, do CDC); ademais esse tipo de aumento é expressamente
proibido pelo Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003), que no seu art. 15, §
3º, estabelece ser “vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde
pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade”; B, C e D:
incorretas, pois o CDC também se aplica às relações securitárias (vide o
art. 3º, § 2º, do CDC), impedindo cláusulas abusivas como essa (art. 51,
XV e § 1º, III, do CDC); ademais esse tipo de aumento é expressamente
proibido pelo Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003), que no seu art. 15, §
3º, estabelece ser “vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde
pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade”.
(OAB/Exame Unificado – 2015.2) Saulo e Bianca são casados há quinze anos
e, há dez, decidiram ingressar no ramo das festas de casamento,
produzindo os chamados “bem-casados”, deliciosos doces recheados
oferecidos aos convidados ao final da festa. Saulo e Bianca não possuem
registro da atividade empresarial desenvolvida, sendo essa a fonte única
de renda da família. No mês passado, os noivos Carla e Jair
encomendaram ao casal uma centena de “bem-casados” no sabor doce de
leite. A encomenda foi entregue conforme contratado, no dia do
casamento. Contudo, diversos convidados que ingeriram os quitutes
sofreram infecção gastrointestinal, já que o produto estava estragado. A
Gabarito “A”
impropriedade do produto para o consumo foi comprovada por perícia
técnica. Com base no caso narrado, assinale a alternativa correta.
(A) O casal Saulo e Bianca se enquadra no conceito de fornecedor do
Código do Consumidor, pois fornecem produtos com habitualidade e
onerosidade, sendo que apenas Carla e Jair, na qualidade de
consumidores indiretos, poderão pleitear indenização.
(B) Embora a empresa do casal Saulo e Bianca não esteja devidamente
registrada na Junta Comercial, pode ser considerada fornecedora à luz
do Código do Consumidor, e os convidados do casamento, na qualidade
de consumidores por equiparação, poderão pedir indenização
diretamente àqueles.
(C) O Código de Defesa do Consumidor é aplicável ao caso, sendo certo
que tanto Carla e Jair quanto seus convidados intoxicados são
consumidores por equiparação e poderão pedir indenização, porém a
inversão do ônus da prova só se aplica em favor de Carla e Jair,
contratantes diretos.
(D) A atividade desenvolvida pelo casal Saulo e Bianca não está
oficialmente registrada na Junta Comercial e, portanto, por ser ente
despersonalizado, não se enquadra no conceito legal de fornecedor da
lei do consumidor, aplicando-se ao caso as regras atinentes aos vícios
redibitórios do Código Civil.
De acordo com o art. 3º, caput, do CDC os entes despersonalizados (que
é o caso de uma sociedade que não está devidamente constituída)
também são considerados fornecedores, para efeito de aplicação desse
diploma. Assim, Saulo e Bianca respondem nos termos do CDC, ficando
afastada a alternativas “D”. Os noivos Carla e Jair são consumidor típicos
(diretos), por terem adquirido esse produto (art. 2º, caput, do CDC), de
modo que ficam afastadas as alternativas “a” e “c”, já que a primeira
assegura que os noivos são meros consumidores indiretos e a segunda
os trata como meros consumidores equiparados. Quanto aos convidados
da festa são consumidores também, seja porque utilizaram o produto
(art. 2º, caput, do CDC), seja por equiparação, já que interviram na
relação de consumo (art. 2º, parágrafo único, do CDC). A alternativa “B”,
portanto, está correta.
2. PRINCÍPIOS E DIREITOS BÁSICOS
(OAB/Exame Unificado – 2019.2) Antônio é deficiente visual e precisa do
auxílio de amigos ou familiares para compreender diversas questões da
vida cotidiana, como as contas de despesas da casa e outras questões de
rotina. Pensando nessa dificuldade, Antônio procura você, como
advogado(a), para orientá-lo a respeito dos direitos dos deficientes visuais
nas relações de consumo.
Nesse sentido, assinale a afirmativa correta.
(A) O consumidor poderá solicitar às fornecedoras de serviços, em
razão de sua deficiência visual, o envio das faturas das contas
detalhadas em Braille.
(B) As informações sobre os riscos que o produto apresenta, por sua
própria natureza, devem ser prestadas em formatos acessíveis somente
às pessoas que apresentem deficiência visual.
(C) A impossibilidade operacional impede que a informação de
serviços seja ofertada em formatos acessíveis, considerandodo art. 23 estabelece que “leis
complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o
equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional”
(g.n.); ou seja, não basta lei ordinária, sendo necessária lei
complementar para fixar a cooperação entre os entes políticos
nessa matéria; B: correta, pois é de competência do Município o
planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do
solo (art. 30, VIII, da CF); C: incorreta, pois as matérias “proteção do
meio ambiente e controle da poluição” estão previstas no art. 23, VI,
da CF como matérias da competência material e comum da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e não da
competência legislativa e concorrente da União, dos Estados e do
Distrito Federal, sendo certo que o art. 24, VII e VIII, da CF traz
redação diferente daquela prevista no enunciado da questão
(“proteção do meio ambiente e controle da poluição”); bom, o fato é
que para resolver a questão o examinando tinha que conhecer as
palavras exatas dos dispositivos constitucionais citados; D:
incorreta, pois a competência executiva (também chamada de
competência material ou administrativa) é justamente aquela que
tem por objeto executar a lei (ao contrário da competência
legislativa, que é a de fazer a lei); assim, considerando que fiscalizar
o meio ambiente importa em executar a lei, a competência executiva
inclui, sim, a competência para aplicar sanções administrativas por
infração à legislação.
Gabarito “B”
5. SISNAMA E PNMA
(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Assinale a alternativa correta quanto ao
licenciamento ambiental e ao acesso aos dados e informações
existentes nos órgãos e entidades integrantes do Sisnama.
(A) A exigência de Estudo Prévio de Impacto Ambiental para
aterros sanitários depende de decisão discricionária do órgão
ambiental, que avaliará no caso concreto o potencial ofensivo da
obra.
(B) Uma pessoa jurídica com sede na França poderá solicitar, aos
órgãos integrantes do Sisnama, mediante requerimento escrito,
mesmo sem comprovação de interesse específico, informações
sobre resultados de monitoramento e auditoria nos sistemas de
controle de poluição e de atividades potencialmente poluidoras das
empresas brasileiras.
(C) Um cidadão brasileiro pode solicitar informações sobre a
qualidade do meio ambiente em um município aos órgãos
integrantes do Sisnama, mediante a apresentação de título de
eleitor e comprovação de domicílio eleitoral no local.
(D) Caso a área que sofrerá o impacto ambiental seja considerada
estratégica para o zoneamento industrial nacional de petróleo e
gás e em áreas do pré-sal, o órgão ambiental poderá elaborar
estudo prévio de impacto ambiental sigiloso.
A: incorreta, pois o EIA/RIMA no caso de aterro sanitário é
obrigatório (art. 2º, X, da Resolução CONAMA n. 1/1986); B:
assertiva considerada correta, muito provavelmente pela
interpretação bem extensiva do princípio da informação, que
permeia o Direito Ambiental; todavia, a Lei 10.650/2003, que trata
especificamente sobre o assunto, estabelece que apenas o
“indivíduo” terá direito às informações de que trata o enunciado da
questão; a “pessoa jurídica estrangeira”, portanto, não teria
legitimidade para fazer a solicitação mencionada, de modo que a
questão em tela é, no mínimo, polêmica; C: incorreta, pois a Lei
10.650/2003 (art. 2º, § 1º) estabelece que qualquer indivíduo tem
legitimidade para esse requerimento, não sendo necessário que se
trate de um cidadão, ou seja, aquele que está com os direitos
políticos em dia; D: incorreta, pois o EIA/RIMA é feito pelo
empreendedor, e não por órgão público; ademais, a regra é ser o
EIA/RIMA público, e não sigiloso; o sigilo só é admitido em caso de
sigilo industrial, sendo necessária a devida justificativa (art. 11 da
Resolução CONAMA n. 1/1986).
(FGV – 2014) A Lei n. 6.938/1981 trouxe importantes inovações no
que diz respeito à legislação ambiental.
Com relação ao tema acima, analise as afirmativas a seguir.
I. O conceito de poluição contido no art. 3º, inciso III, afirma que
o dano ambiental não se limita ao dano ecológico puro, tendo
objeto mais amplo, que inclui os aspectos naturais, culturais e
individuais.
II. Em matéria de dano ambiental, a Lei em comento adota o
regime da responsabilidade objetiva, sendo imprescindível o nexo
causal entre a fonte poluidora e o dano advindo dela.
III. São os únicos Instrumentos da Política Nacional do Meio
Ambiente: o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental,
o zoneamento ambiental, a avaliação de impactos ambientais, o
Gabarito “B”
licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente a afirmativa III estiver correta.
(C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.
I: correta, dada a abrangência do conteúdo das alíneas do art. 3º da
Lei 6.938/1981; II: correta (art. 14, § 1º, da Lei 6.938/1981); III:
incorreta, pois também são instrumentos da Política Nacional do
Meio Ambiente os incentivos à produção e instalação de
equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para
a melhoria da qualidade ambiental; a criação de espaços territoriais
especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e
municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante
interesse ecológico e reservas extrativistas; o sistema nacional de
informações sobre o meio ambiente; o Cadastro Técnico Federal de
Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental; as penalidades
disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas
necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental; a
instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser
divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA; a garantia da prestação de
informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder
Público a produzi-las, quando inexistentes; o Cadastro Técnico
Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras
dos recursos ambientais; instrumentos econômicos, como
concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros
(art. 9º, V a XIII, da Lei 6.938/81).
6. INSTRUMENTOS DE PROTEÇÃO E PROMOÇÃO DO
MEIO AMBIENTE
(OAB/Exame Unificado – 2019.3) Pedro, proprietário de fazenda com
grande diversidade florestal, decide preservar os recursos ambientais
nela existentes, limitando, de forma perpétua, o uso de parcela de
sua propriedade por parte de outros possuidores a qualquer título, o
que realiza por meio de instrumento particular, averbado na
matrícula do imóvel no registro de imóveis competente. Assinale a
opção que indica o instrumento jurídico a que se refere o caso
descrito.
(A) Zoneamento Ambiental.
(B) Servidão Ambiental.
(C) Área Ambiental Restrita.
(D) Área de Relevante Interesse Ecológico.
A: incorreta, pois o zoneamento ambiental diz respeito a um
regramento geral que recai para todas as propriedades que estejam
numa dada zona, e o caso em questão diz respeito a uma restrição
numa propriedade específica; B: correta; a Lei 6.938/81, em seu
artigo 9º-A, regula o instituto da servidão ambiental; o caso trazido
no enunciado se enquadra perfeitamente nesse instituto, uma vez
que fala de um proprietário privado de um imóvel, de um
instrumento particular criador da servidão, da averbação deste no
Registro de Imóvel e de uma restrição de forma perpétua do uso da
Gabarito “C”
propriedade, todos itens previstos na regulamentação citada; ; C:
incorreta, pois o instituto da “Área de Relevante Interesse Ecológico”
é uma unidade de conservação, e, como tal, deve ser criada pelo
Poder Público (art. 22, caput, da Lei 9.985/00), e não pelo particular
como trazido pelo enunciado da questão.
(OAB/Exame Unificado – 2018.3) Tendo em vista a elevação da
temperatura domeio ambiente urbano, bem como a elevação do
nível dos oceanos, a União deverá implementar e estruturar um
mercado de carbono, em que serão negociados títulos mobiliários
representativos de emissões de gases de efeito estufa evitadas. Sobre
o caso, assinale a afirmativa correta.
(A) É possível a criação de mercado de carbono, tendo como
atores, exclusivamente, a União, os Estados, os Municípios e o
Distrito Federal.
(B) Não é constitucional a criação de mercado de carbono no
Brasil, tendo em vista a natureza indisponível e inalienável de bens
ambientais.
(C) A criação de mercado de carbono é válida, inclusive sendo
operacionalizado em bolsa de valores aberta a atores privados.
(D) A implementação de mercado de carbono pela União é
cogente, tendo o Brasil a obrigação de reduzir a emissão de gases
de efeito estufa, estabelecida em compromissos internacionais.
A: incorreta; há dois tipos de mercado de carbono, o regulamentado
e o voluntário; o voluntário independe de regulamentação estatal e
de uma entidade chancelada em tratados internacionais, e é
baseado em certificações internacionais confiáveis; B: incorreta; a
Gabarito “B”
criação desse mercado é constitucional, pois o objetivo aqui é
reduzir as emissões de gases de efeito estufa, algo que certamente
atende aos ditames constitucionais; C: correta; de fato, há dois
mercados hoje, o regulamentado e voluntário; no Brasil ainda não
há um marco regulatório desse mercado, mas os atores privados já
vêm comercializando créditos de carbono há muito tempo; D:
incorreta; os países desenvolvidos aderentes dos pactos respectivos
têm metas de redução da emissão desses gases e são grandes
clientes das empresas e entidades brasileiras que geram economia
desses gases e, assim, recebem créditos de carbono para vender
para atores desses países que precisam reduzir a emissão ou
aumentar seus créditos para tanto.
(OAB/Exame Unificado – 2010.1) Assinale opção correta de acordo com
as normas constitucionais sobre zoneamento ambiental.
(A) Os Estados podem, por lei complementar, instituir regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, com a
finalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução
de funções públicas de interesse comum. Para isso, precisam da
concordância dos Municípios envolvidos, os quais devem aprovar
leis municipais com o mesmo teor e conteúdo da lei estadual.
(B) Compete à União elaborar planos nacionais e regionais de
ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social.
(C) As zonas de uso predominantemente industrial destinam-se,
preferencialmente, à localização de estabelecimentos industriais
cujos resíduos sólidos, líquidos e gasosos, ruídos, vibrações e
radiações possam causar danos à saúde, ao bem-estar e à
Gabarito “C”
segurança das populações, mesmo depois da aplicação de métodos
adequados de combate e tratamento de efluentes.
(D) É da competência dos Estados a promoção, no que couber, do
adequado ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano.
A: Opção incorreta. O art. 25, § 3.º, da CF preceitua que “os
Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas
por agrupamentos de Municípios limítrofes, para integrar a
organização, o planejamento e a execução de funções públicas de
interesse comum”. Não há, na legislação, qualquer referência à
concordância dos Municípios ou à aprovação de leis municipais; B:
Opção correta. De acordo com o art. 21, IX, da CF, compete à União
“elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do
território e de desenvolvimento econômico e social”; C: Opção
incorreta. Segundo o art. 2.º da Lei n. 6.803/1980, as zonas com
essas características são as zonas de uso estritamente industrial.
As zonas de uso predominantemente industrial, nos termos do art.
3.º da mencionada lei, têm destinação diversa; D: Opção incorreta.
Nos termos do que determina o art. 30, VIII, da CF, compete aos
municípios “promover, no que couber, adequado ordenamento
territorial, mediante planejamento e controle do uso, do
parcelamento e da ocupação do solo urbano”.
7. LICENCIAMENTO AMBIENTAL E EIA/RIMA
Para resolver as questões sobre Licenciamento Ambiental e
EIA/RIMA, segue um resumo da matéria:
Gabarito “B”
O licenciamento ambiental pode ser conceituado como o
procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou
empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou
potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de
causar degradação ambiental (art. 2º, I, da Lei Complementar
140/2011). Assim, toda vez que uma determinada atividade puder
causar degradação ambiental, além das licenças administrativas
pertinentes, o responsável pela atividade deve buscar a necessária
licença ambiental também.
A regulamentação do licenciamento ambiental compete ao
CONAMA, que expede normas e critérios para o licenciamento. A
Resolução n. 237/1997 do órgão traz as normas gerais de
licenciamento ambiental. Há também sobre o tema o Decreto
99.274/1990 e a Lei Complementar 140/2011, que trata da
cooperação dos entes políticos para o exercício da competência
comum em matéria ambiental, e consagrou a maior parte das
disposições da Resolução CONAMA 237/1997, colocando ponto final
sobre qualquer dúvida que existisse sobre a competência do
Município para o exercício do licenciamento ambiental em casos de
impacto ambiental local.
Já a competência para executar o licenciamento ambiental é assim
dividida:
a) impacto nacional e regional: é do IBAMA, com a colaboração
de Estados e Municípios. O IBAMA poderá delegar sua competência
aos Estados, se o dano for regional, por convênio ou lei. Assim, a
competência para o licenciamento ambiental de uma obra do porte
da transposição do Rio São Francisco é do IBAMA.
b) impacto em dois ou mais municípios (impacto
microrregional): é dos estados-membros. Por exemplo, uma
estrada que liga 6 municípios de um mesmo estado-membro.
c) impacto local: é do Município. Por exemplo, o licenciamento
para a construção de um prédio de apartamentos. A Lei
Complementar 140/2011, em seu art. 9º, XIV, estabelece que o
Município promoverá o licenciamento ambiental das atividades ou
empreendimentos localizados em suas unidades de conservação e
também das demais atividades e empreendimentos que causem ou
possam causar impacto ambiental local, conforme tipologia definida
pelos respectivos Conselhos Estaduais do Meio Ambiente,
considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da
atividade. A Resolução n. 237/1997 permite que, por convênio ou lei,
os Municípios recebam delegação dos estados para determinados
licenciamentos, desde que tenha estrutura para tanto.
Há três espécies de licenciamento ambiental (art. 19 do Decreto
99.274/1990):
a) Licença Prévia (LP): é o ato que aprova a localização, a
concepção do empreendimento e estabelece os requisitos básicos a
serem atendidos nas próximas fases; trata-se de licença ligada à fase
preliminar de planejamento da atividade, já que traça diretrizes
relacionadas à localização e instalação do empreendimento. Por
exemplo, em se tratando do projeto de construir um
empreendimento imobiliário na beira de uma praia, esta licença
disporá se é possível o empreendimento no local e, em sendo, quais
os limites e quais as medidas que deverão ser tomadas, como
construção de estradas, instalação de tratamento de esgoto próprio
etc. Essa licença tem validade de até 5 anos.
b) Licença de Instalação (LI): é o ato que autoriza a
implantação do empreendimento, de acordo com o projeto
executivo aprovado. Depende da demonstração de possibilidade de
efetivação do empreendimento, analisando o projeto executivo e
eventual estudo de impacto ambiental. Essa licença autoriza as
intervenções no local. Permite que as obras se desenvolvam. Sua
validade é de até 6 anos.
c) Licença de Operação (LO): éo ato que autoriza o início da
atividade e o funcionamento de seus equipamentos de controle de
poluição, nos termos das licenças anteriores. Aqui, o
empreendimento já está pronto e pode funcionar. A licença de
operação só é concedida se for constado o respeito às licenças
anteriores, bem como se não houver perigo de dano ambiental,
independentemente das licenças anteriores. Sua validade é de 4 a 10
anos.
É importante ressaltar que a licença ambiental, diferentemente da
licença administrativa (por ex., licença para construir uma casa),
apesar de normalmente envolver competência vinculada, tem prazo
de validade definida e não gera direito adquirido para seu
beneficiário. Assim, de tempos em tempos, a licença ambiental deve
ser renovada. Além disso, mesmo que o empreendedor tenha
cumprido os requisitos da licença, caso, ainda assim, tenha sido
causado dano ao meio ambiente, a existência de licença em seu favor
não o exime de reparar o dano e de tomar as medidas adequadas à
recuperação do meio ambiente.
O licenciamento ambiental, como se viu, é obrigatório para todas as
atividades que utilizam recursos ambientais, em que há possibilidade
de se causar dano ao meio ambiente. Em processos de licenciamento
ambiental é comum se proceder a Avaliações de Impacto Ambiental
(AIA). Há, contudo, atividades que, potencialmente, podem causar
danos significativos ao meio ambiente, ocasião em que, além do
licenciamento, deve-se proceder a uma AIA mais rigorosa e
detalhada, denominada Estudo de Impacto Ambiental (EIA), que
será consubstanciado no Relatório de Impacto Ambiental (RIMA).
O EIA pode ser conceituado como o estudo prévio das prováveis
consequências ambientais de obra ou atividade, que deve ser exigido
pelo Poder Público, quando estas forem potencialmente causadoras
de significativa degradação do meio ambiente (art. 225, § 1º, IV, CF).
Destina-se a averiguar as alterações nas propriedades do local e de
que forma tais alterações podem afetar as pessoas e o meio ambiente,
o que permitirá ter uma ideia acerca da viabilidade da obra ou
atividade que se deseja realizar.
O Decreto 99.274/1990 conferiu ao CONAMA atribuição para traçar
as regras de tal estudo. A Resolução 1/1986, desse órgão, traça tais
diretrizes, estabelecendo, por exemplo, um rol exemplificativo de
atividades que devem passar por um EIA, apontando-se, dentre
outras, a implantação de estradas com duas ou mais faixas de
rolamento, de ferrovias, de portos, de aterros sanitários, de usina de
geração de eletricidade, de distritos industriais etc.
O EIA trará conclusões quanto à fauna, à flora, às comunidades
locais, dentre outros aspectos, devendo ser realizado por equipe
multidisciplinar, que, ao final, deverá redigir um relatório de
impacto ambiental (RIMA), o qual trará os levantamentos e
conclusões feitos, devendo o órgão público licenciador receber o
relatório para análise das condições do empreendimento.
O empreendedor é quem escolhe os componentes da equipe e é quem
arca com os custos respectivos. Os profissionais que farão o trabalho
terão todo interesse em agir com correção, pois fazem seus relatórios
sob as penas da lei. Como regra, o estudo de impacto ambiental e seu
relatório são públicos, podendo o interessado solicitar sigilo
industrial, fundamentando o pedido.
O EIA normalmente é exigido antes da licença prévia, mas é cabível
sua exigência mesmo para empreendimentos já licenciados.
(OAB/Exame XXXV) Após regular processo administrativo de
licenciamento ambiental, o Estado Alfa, por meio de seu órgão
ambiental competente, deferiu licença de operação para a sociedade
empresária Gama realizar atividade de frigorífico e abatedouro de
bovinos.
Durante o prazo de validade da licença, no entanto, a sociedade
empresária Gama descumpriu algumas condicionantes da licença
relacionadas ao tratamento dos efluentes industriais, praticando
infração ambiental. Diante da inércia fiscalizatória do órgão
licenciador, o município onde o empreendimento está instalado, por
meio de seu órgão ambiental competente, exerceu o poder de polícia
e lavrou auto de infração em desfavor da sociedade empresária
Gama.
No caso em tela, a conduta do município é
(A) lícita, pois, apesar de competir, em regra, ao órgão estadual
lavrar auto de infração ambiental, o município pode lavrar o auto
e, caso o órgão estadual também o lavre, prevalecerá o que foi
lavrado primeiro.
(B) lícita, pois, apesar de competir, em regra, ao órgão estadual
licenciador lavrar auto de infração ambiental, o município atuou
legitimamente, diante da inércia do órgão estadual.
(C) ilícita, pois compete privativamente ao órgão estadual
responsável pelo licenciamento da atividade lavrar auto de
infração ambiental, vedada a atuação do município.
(D) ilícita, pois, apesar de competir, em regra, ao órgão estadual
licenciador lavrar auto de infração ambiental, em caso de sua
inércia, apenas a União poderia suplementar a atividade de
fiscalização ambiental.
A: incorreta, pois, de acordo com o disposto no art. 17, p. 3º, da Lei
Complementar 140/11, numa situação dessas prevalecerá o auto de
infração ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de
licenciamento ou autorização, no caso o lavrado pelo Estado,
mesmo que tenha sido feito após o auto lavrado pelo município; B:
correta; a princípio compete ao órgão ambiental responsável pelo
licenciamento ou autorização lavrar o auto de infração ambiental
correspondente (art. 17, caput, da Lei Complementar 140/11);
porém, essa mesma lei admite que os demais entes federativos têm
atribuição comum de fiscalização da conformidade de
empreendimentos e atividades com a legislação ambiental em vigor,
de maneira que o Município poderia atuar no caso em caso de
inércia do Estado (art. 17, p. 3º, da Lei Complementar 140/11); de
qualquer maneira, vale ressaltar que nesse caso prevalecerá o auto
de infração ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de
licenciamento ou autorização; C e D: incorretas; pois, em caso de
inércia do Estado, os demais entes federativos têm atribuição
comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e
atividades com a legislação ambiental em vigor, de maneira que não
só a União, mas também o Município poderiam atuar no caso em
caso de inércia do Estado (art. 17, p. 3º, da Lei Complementar
140/11).
(OAB/Exame Unificado – 2020.2) A sociedade empresária Alfa opera,
com regular licença ambiental expedida pelo órgão federal
competente, empreendimento da área de refino de petróleo que está
instalado nos limites do território do Estado da Federação Beta e
localizado no interior de unidade de conservação instituída pela
União. Durante o prazo de validade da licença de operação, o órgão
federal competente, com a aquiescência do órgão estadual
competente do Estado Beta, deseja delegar a execução de ações
administrativas a ele atribuídas, consistente na fiscalização do
cumprimento de condicionantes da licença ambiental para o Estado
Beta.
Sobre a delegação pretendida pelo órgão federal, consoante dispõe a
Lei Complementar nº 140/2011, assinale a afirmativa correta.
(A) É possível, desde que o Estado Beta disponha de órgão
ambiental capacitado a executar as ações administrativas a serem
delegadas e de conselho de meio ambiente.
(B) É possível, desde que haja prévia manifestação dos conselhos
nacional e estadual do meio ambiente, do Ministério Público e
homologação judicial.
(C) Não é possível, eis que a competência para licenciamento
ambiental é definida por critérios objetivos estabelecidos na
legislação, sendo vedada a delegação de competência do poder de
polícia ambiental.
(D) Não é possível, eis que a delegação de ações administrativas
somente é permitida quando realizada do Município para Estado
ou União, ou de Estado para União, vedada a delegação de
atribuição ambiental federal.
Gabarito “B”
A: correta, pois, de acordo com o art. 5º da Lei Complementar
140/2011, “O ente federativo poderá delegar, medianteconvênio, a
execução de ações administrativas a ele atribuídas nesta Lei
Complementar, desde que o ente destinatário da delegação
disponha de órgão ambiental capacitado a executar as ações
administrativas a serem delegadas e de conselho de meio
ambiente”; no caso em questão a alternativa deixa claro que esses
dois órgãos existem (órgão local capacitado + conselho local de
meio ambiente), então é possível a delegação; B: incorreta, pois a
Lei Complementar não exige nada disso, mas sim um convênio
entre os entes e a presença no órgão delegatário de órgãos técnicos
preparados para essa atividade e de um conselho de meio ambiente
(art. 5º da LC 140/11); C: incorreta, pois o art. 5º da LC 140/11
admite a delegação nesse caso; D: incorreta, pois a LC 140/11 não
traz faz essa restrição quando dispõe sobre essa delegação (art. 5º
da LC, 140/11).
(OAB/Exame Unificado – 2020.1) Efeito Estufa Ltda., sociedade
empresária que atua no processamento de alimentos, pretende
instalar nova unidade produtiva na área urbana do Município de Ar
Puro, inserida no Estado Y. Para esse fim, verificou que a autoridade
competente para realizar o licenciamento ambiental será a do
próprio Município de Ar Puro. Sobre o caso, assinale a opção que
indica quem deve realizar o estudo de impacto ambiental.
(A) O Município de Ar Puro.
(B) O Estado Y.
(C) O IBAMA.
Gabarito “A”
(D) Profissionais legalmente habilitados, às expensas do
empreendedor.
De acordo com a Resolução CONAMA 01/86, os estudos de
impacto ambiental serão feitos por “equipe multidisciplinar
habilitada!” (art. 7º) e “correrão por conta do proponente do projeto
todas as despesas e custos referentes à realização do estudo de
impacto ambiental” (art. 8º). Ou seja, o estudo não é feito pelo Poder
Público, mas por profissionais habilitados, e o responsável pelo
pagamento é o empreendedor. Assim, a alternativa “d” é a correta.
(OAB/Exame Unificado – 2019.1) A sociedade empresária Foice Ltda., dá
início à construção de galpão de armazenamento de ferro-velho. Com
isso, dá início a Estudo de Impacto Ambiental – EIA. No curso do
EIA, verificou-se que a construção atingiria área verde da
Comunidade de Flores, de modo que 60 (sessenta) cidadãos da
referida Comunidade solicitaram à autoridade competente que fosse
realizada, no âmbito do EIA, audiência pública. Sobre a situação,
assinale a afirmativa correta.
(A) A audiência pública não é necessária, uma vez que apenas
deve ser instalada quando houver solicitação do Ministério
Público.
(B) A audiência pública não é necessária, uma vez que apenas
deve ser instalada quando houver solicitação de associação civil
legalmente constituída há pelo menos 1 (um) ano.
(C) A audiência pública é necessária, e, caso não realizada, a
eventual licença ambiental concedida não terá validade.
Gabarito “D”
(D) A audiência pública é necessária, salvo quando celebrado
Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público.
A e B: incorretas, pois se 50 ou mais cidadãos (ou uma entidade
civil ou o Ministério Público) solicitarem a audiência, ela deve ser
realizada, nos termos do art. 2o da Resolução Conama 09/87; C:
correta, nos termos dos art. 2º, caput e § 2º, da Resolução Conama
09/87, que trata da legitimidade do cidadão para requerer a
audiência (caso 50 ou mais cidadãos a solicitem) e da invalidade da
licença concedida caso esta seja outorgada sem que haja audiência
pública, nos casos em que esta tiver sido devidamente requerida ou
se tratar de imposição legal; D: incorreta, pois o fato de haver termo
de ajustamento de conduta com o Ministério Público não tira a
legitimidade do cidadão e de outras entidades de solicitar audiência
pública no caso.
(OAB/Exame Unificado – 2017.1) A sociedade empresária Asfalto Joia
S/A, vencedora de licitação realizada pela União, irá construir uma
rodovia com quatro pistas de rolamento, ligando cinco estados da
Federação. Sobre o licenciamento ambiental e o estudo de impacto
ambiental dessa obra, assinale a afirmativa correta.
(A) Em caso de instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, é exigível
a realização de Estudo prévio de Impacto Ambiental (EIA), sem o
qual não é possível se licenciar nesta hipótese.
(B) O licenciamento ambiental dessa obra é facultativo, podendo
ser realizado com outros estudos ambientais diferentes do Estudo
Gabarito “C”
prévio de Impacto Ambiental (EIA), visto que ela se realiza em
mais de uma unidade da Federação.
(C) O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), gerado no âmbito
do Estudo prévio de Impacto Ambiental (EIA), deve ser
apresentado com rigor científico e linguagem técnica, a fim de
permitir, quando da sua divulgação, a informação adequada para o
público externo.
(D) Qualquer atividade ou obra, para ser instalada, dependerá da
realização de Estudo prévio de Impacto Ambiental (EIA), ainda
que não seja potencialmente causadora de significativa degradação
ambiental.
A: correta (art. 225, § 1º, IV, da CF); B: incorreta, pois uma rodovia
com quatro pistas de rolamento e que liga cinco estados da
Federação certamente é obra que causa significativo impacto
ambiental, impondo assim EIA, na forma do art. 225, § 1º, IV, da CF;
nesse sentido, a Resolução CONAMA 1/1986 estabelece a
obrigatoriedade do EIA/RIMA para estradas de rodagem com duas
ou mais faixas de rolamento (art. 2º, I); C: incorreta. O relatório deve
ser apresentado de forma acessível e adequada a sua
compreensão, com informações em linguagem acessível (art. 9ø,
parágrafo único, da Resolução CONAMA 1/1986); D: incorreta, pois
a CF só exige EIA para obra ou atividades que possam causar
significativa degradação ambiental (art. 225, § 1º, IV, da CF). WG
(OAB/Exame Unificado – 2016.3) A sociedade empresária Xique-Xique
S.A. pretende instalar uma unidade industrial metalúrgica de grande
porte em uma determinada cidade. Ela possui outras unidades
industriais do mesmo porte em outras localidades. Sobre o
Gabarito “A”
licenciamento ambiental dessa iniciativa, assinale a afirmativa
correta.
(A) Como a sociedade empresária já possui outras unidades
industriais do mesmo porte e da mesma natureza, não será
necessário outro licenciamento ambiental para a nova atividade
utilizadora de recursos ambientais, se efetiva ou potencialmente
poluidora.
(B) Para uma nova atividade industrial utilizadora de recursos
ambientais, se efetiva ou potencialmente poluidora, é necessária a
obtenção da licença ambiental, por meio do procedimento
administrativo denominado licenciamento ambiental.
(C) Se a sociedade empresária já possui outras unidades
industriais do mesmo porte, poderá ser exigido outro
licenciamento ambiental para a nova atividade utilizadora de
recursos ambientais, se efetiva ou potencialmente poluidora, mas
será dispensada a realização de qualquer estudo ambiental,
inclusive o de impacto ambiental, no processo de licenciamento.
(D) A sociedade empresária só necessitará do alvará da prefeitura
municipal autorizando seu funcionamento, sendo incabível a
exigência de licenciamento ambiental para atividades de
metalurgia.
A: incorreta, pois cada nova atividade que possa causar dano
ambiental depende de prévio licenciamento ambiental (art. 2º,
“caput”, da Resolução CONAMA 237/1997); B: correta (art. 2º,
“caput”, da Resolução CONAMA 237/1997); C: incorreta, pois cada
nova atividade que possa causar significativo impacto ambiental
depende de prévio EIA/RIMA (art. 225, § 1º, IV, da CF); D: incorreta,
pois, em sendo uma unidade industrial metalúrgica capaz de causa
impacto ambiental, de rigor o licenciamento ambiental (art. 2º,
“caput”, da Resolução CONAMA 237/1997). WG
(OAB/Exame Unificado – 2015.3) Determinada sociedade empresária
consulta seu advogado para obter informações sobre as exigências
ambientais que possam incidir em seus projetos, especialmente no
que tange à apresentação e aprovação de Estudo Prévio de Impacto
Ambiental e seu respectivo Relatório (EIA/RIMA). Considerando a
disciplinado EIA/RIMA pelo ordenamento jurídico, assinale a
afirmativa correta.
(A) O EIA/RIMA é um estudo simplificado, integrante do
licenciamento ambiental, destinado a avaliar os impactos ao meio
ambiente natural, não abordando impactos aos meios artificial e
cultural, pois esses componentes, segundo pacífico entendimento
doutrinário e jurisprudencial, não integram o conceito de “meio
ambiente”.
(B) O EIA/RIMA é exigido em todas as atividades e
empreendimentos que possam causar impactos ambientais,
devendo ser aprovado previamente à concessão da denominada
Licença Ambiental Prévia.
(C) O EIA/RIMA, além de ser aprovado entre as Licenças
Ambientais Prévia e de Instalação, tem a sua metodologia e o seu
conteúdo regrados exclusivamente por Resoluções do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), podendo a entidade / o
órgão ambiental licenciador dispensá-lo segundo critérios
discricionários e independentemente de fundamentação, ainda
que a atividade esteja prevista em Resolução CONAMA como
passível de EIA/RIMA.
Gabarito “B”
(D) O EIA-RIMA é um instrumento de avaliação de impactos
ambientais, de natureza preventiva, exigido para
atividades/empreendimentos não só efetiva como potencialmente
capazes de causar significativa degradação, sendo certo que a sua
publicidade é uma imposição Constitucional (CRFB/1988).
A: incorreta, pois o EIA/RIMA é um estudo complexo, é prévio ao
licenciamento e abrange todos as facetas do meio ambiente,
inclusive a relativa aos meios ambientes artificial e cultural; B:
incorreta, pois o EIA/RIMA só é exigido em atividades e
empreendimentos que possam causar significativo impacto
ambiental (art. 225, IV, da CF); C: incorreta, pois se trata de um
estudo prévio ao licenciamento (art. 225, IV, da CF), previsto não só
em resoluções do CONAMA, como também na CF, em leis e em
decretos, sendo que é um procedimento obrigatório, e não
discricionário, caso esteja previsto como tal em resolução do
CONAMA; D: correta, nos termos do art. 225, IV, da CF.
(OAB/Exame Unificado – 2015.1) Miguel, empreendedor particular, tem
interesse em dar início à construção de edifício comercial em área
urbana de uma grande metrópole. Nesse sentido, consulta seu
advogado e indaga sobre quais são as exigências legais para o
empreendimento.
Sobre a situação apresentada, assinale a afirmativa correta.
(A) Não é necessária a realização de estudo de impacto ambiental,
por ser área urbana, ou estudo de impacto de vizinhança, uma vez
que não foi editada até hoje lei complementar exigida pela
Constituição para disciplinar a matéria.
Gabarito “D”
(B) É necessário o estudo prévio de impacto ambiental, anterior
ao licenciamento ambiental, a ser efetivado pelo município, em
razão de o potencial impacto ser de âmbito local.
(C) É necessária a realização de estudo de impacto de vizinhança,
desde que o empreendimento esteja compreendido no rol de
atividades estabelecidas em lei municipal.
(D) É necessária a realização de estudo de impacto ambiental, o
qual não será precedido necessariamente por licenciamento
ambiental, uma vez que a atividade não é potencialmente
causadora de impacto ambiental.
A: incorreta, pois já foi editada a lei complementar em questão (LC
140/2011); B e D: incorretas, pois o estudo de impacto ambiente
(EIA/RIMA) só é necessário em caso de significativo impacto
ambiental, não havendo elementos no enunciado da questão para
dizer que o caso é dessa natureza, tudo levando a crer, inclusive, de
que não seja, por ser um mero edifício comercial; vale lembrar que o
licenciamento ambiental é procedimento obrigatório toda vez que o
empreendimento puder causar impacto ambiental (não sendo
necessário que se trate impacto significativo, como é o caso do
EIA/RIMA), de modo que o licenciamento ambiental sempre existe
quando se tem necessidade de EIA/RIMA, mas o contrário não é
verdade e, quando é, o EIA/RIMA é sempre anterior ao
licenciamento ambiental; C: correta (art. 36 do Estatuto da Cidade –
Lei 10.257/2001).
(OAB/Exame Unificado – 2014.3) Antes de dar início à instalação de
unidade industrial de produção de roupas no Município X, Julio
Cesar consulta seu advogado acerca dos procedimentos prévios ao
Gabarito “C”
começo da construção e produção. Considerando a hipótese, assinale
a afirmativa correta.
(A) Caso a unidade industrial esteja localizada em terras
indígenas, ela não poderá ser instalada.
(B) Caso a unidade industrial esteja localizada e desenvolvida em
dois estados da federação, ambos terão competência para o
licenciamento ambiental.
(C) Caso inserida em qualquer Unidade de Conservação, a
competência para o licenciamento será do IBAMA.
(D) Caso o impacto seja de âmbito local, a competência para o
licenciamento ambiental será do Município.
A: incorreta, pois admite-se a instalação em terra indígena, desde
que devidamente licenciada pela União (art. 7º, XIV, “c”, da LC
140/2011); B: incorreta, pois nesse tipo de caso a competência é da
União (art. 7º, XIV, “e”, da LC 140/2011); C: incorreta, pois a
competência será da União quando o empreendimento ou atividade
estiver localizado em unidades de conservação instituídas pela
União (art. 7º, XIV, “d”, da LC 140/2011), será dos Estados quando
localizados em unidades instituídas pelos Estados (art. 8º, XV, da
LC 140/2011) e será dos Municípios quando localizados em
unidades instituídas pelos Municípios (art. 9º, XIV, “b”, da LC
140/11); D: correta (art. 9º, XIV, “a”, da LC 140/2011).
(OAB/Exame Unificado – 2014.2) Kellen, empreendedora individual,
obtém, junto ao órgão municipal, licença de instalação de uma
fábrica de calçados. A respeito da hipótese formulada, assinale a
afirmativa correta.
Gabarito “D”
(A) A licença não é válida, uma vez que os municípios têm
competência para a análise de estudos de impacto ambiental, mas
não para a concessão de licença ambiental.
(B) Com a licença de instalação obtida, a fábrica de calçados
poderá iniciar suas atividades de produção, gerando direito
adquirido pelo prazo mencionado na licença expedida pelo
município.
(C) A licença é válida, porém não há impedimento que um Estado
e a União expeçam licenças relativas ao mesmo empreendimento,
caso entendam que haja impacto de âmbito regional e nacional,
respectivamente.
(D) Para o início da produção de calçados, é imprescindível a
obtenção de licença de operação, sendo concedida após a
verificação do cumprimento dos requisitos previstos nas licenças
anteriores.
A: incorreta, pois os municípios têm competência para a concessão
de licença ambiental nos casos de atividades que causam impacto
ambiental local (art. 9º, XIV, “a”, da LC 140/2011), desde que
tenham conselho municipal do meio ambiente e órgão capacitado a
executar as atividades (art. 15, II, da LC 140/2011); B: incorreta,
pois somente a licença de operação é que permite o início das
atividades de produção (art. 19, III, do Decreto Federal
99.274/1990); C: incorreta, pois o art. 13, caput, da Lei
Complementar 140/11 consagra o princípio da unicidade, pelo qual
os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados,
ambientalmente, por um único ente federativo. Os demais entes
interessados podem se manifestar junto ao órgão responsável pela
licença ou autorização, de maneira não vinculante, respeitados os
prazos e procedimentos do licenciamento ambiental; D: correta (art.
19, III, do Decreto Federal 99.274/1990).
(OAB/Exame Unificado – 2012.3.A) A Lei Complementar n. 140 de 2011
fixou normas para a cooperação entre os entes da federação nas
ações administrativas decorrentes do exercício da competência
comum relativas ao meio ambiente. Sobre esse tema, assinale a
afirmativa correta.
(A) Compete à União aprovar o manejo e a supressão de
vegetação, de florestas e formações sucessoras em reas de
Preservação Ambientais – APAs.
(B) Compete aos Estados e ao Distrito Federal controlar a
introdução no País de espécies exóticas potencialmente invasoras
que possam ameaçar os ecossistemas, habitats e espécies nativas.(C) Compete aos municípios gerir o patrimônio genético e o
acesso ao conhecimento tradicional associado, respeitadas as
atribuições setoriais.
(D) Compete à União aprovar a liberação de exemplares de
espécie exótica da fauna e da flora em ecossistemas naturais
frágeis ou protegidos.
A: incorreta, pois a definição do ente federativo responsável pelo
licenciamento ambiental e também pela autorização para aprovar o
manejo e a supressão de vegetação varia de acordo com os
critérios previstos na Lei Complementar 140/2011, podendo ser da
União, dos Estados ou dos Municípios (art. 12, parágrafo único, da
LC 140/2011), não sendo, assim, da alçada exclusiva da União; B:
incorreta, pois compete à União (art. 7º, XVII, da LC 140/2011); C:
incorreta, pois compete à União (art. 7º, XXIII, da LC 140/2011); D:
correta (art. 7º, XVIII, da LC 140/2011).
Gabarito “D”
(OAB/Exame Unificado – 2012.3.B) A respeito dos princípios aplicáveis
ao Licenciamento e ao Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA),
assinale a afirmativa correta.
(A) O licenciamento ambiental é norteado pelos princípios da
informação e da participação popular. Logo, a audiência pública é
uma etapa fixa do processo de avaliação ambiental, não podendo
ser dispensada pelo órgão ambiental competente.
(B) O licenciamento ambiental e o estudo prévio de impacto
ambiental devem preceder toda obra em área pública, em razão do
princípio da função socioambiental da propriedade.
(C) O licenciamento ambiental pode ocorrer sem que haja
audiência pública. Porém, havendo EIA, esta pode ser realizada de
ofício pelo órgão ambiental ao julgar necessária ou requerida por,
no mínimo, 50 cidadãos, por entidade civil ou pelo Ministério
Público, em razão dos princípios da informação e da participação
popular.
(D) O licenciamento ambiental se baseia no princípio da
prevenção de danos. Logo, só atividades em que haja certeza
científica e inconteste de degradação ambiental estão sujeitas ao
estudo prévio de impacto ambiental.
A: incorreta, pois a audiência pública não é etapa fixa do processo
de avaliação ambiental; até mesmo em EIA/RIMA, estudo muito
mais abrangente do que uma avaliação ambiental simples, não há
essa obrigatoriedade absoluta, já que a norma estabelece que
“sempre que julgar necessário, ou quando for solicitado por entidade
civil, pelo Ministério Público, ou por 50 (cinquenta) ou mais
cidadãos, o órgão de Meio Ambiente promoverá a realização de
Gabarito “D”
audiência pública” (art. 2º, caput, da Resolução CONAMA n.
9/1987); B: incorreta, pois, seja obra pública, seja obra privada, o
licenciamento ambiental é necessário apenas quando uma atividade
puder causar degradação ambiental e o estudo de impacto
ambiental é necessário toda vez que uma atividade puder causar
significativa degradação ambiental; C: correta (art. 2º, caput, da
Resolução CONAMA n. 9/1987); D: incorreta, pois, pelo princípio da
precaução, em casos de incerteza científica de degradação
ambiental, também será necessário licenciamento ambiental.
(OAB/Exame Unificado – 2013.2) Técnicos do IBAMA, autarquia federal,
verificaram que determinada unidade industrial, licenciada pelo
Estado no qual está localizada, está causando degradação ambiental
significativa, vindo a lavrar auto de infração pelos danos cometidos.
Sobre o caso apresentado e aplicando as regras de licenciamento e
fiscalização ambiental previstas na Lei Complementar n. 140/2011,
assinale a afirmativa correta.
(A) Há irregularidade no licenciamento ambiental, uma vez que
em se tratando de atividade que cause degradação ambiental
significativa, o mesmo deveria ser realizado pela União.
(B) É ilegal a fiscalização realizada pelo IBAMA, que só pode
exercer poder de polícia de atividades licenciadas pela União, em
sendo a atividade regularmente licenciada pelo Estado.
(C) É possível a fiscalização do IBAMA o qual pode, inclusive,
lavrar auto de infração, que, porém, não prevalecerá caso o órgão
estadual de fiscalização também lavre auto de infração.
Gabarito “C”
(D) Cabe somente à União, no exercício da competência de
fiscalização, adotar medidas para evitar danos ambientais
iminentes, comunicando imediatamente ao órgão competente, em
sendo a atividade licenciada pelo Estado.
A: incorreta, pois compete à União fazer o licenciamento ambiental
nos casos previstos no art. 7º, XIV, da Lei Complementar 140/2011 e
o simples fato de uma degradação ambiental ser significativa não
está previsto no dispositivo em questão como hipótese de
competência federal; vale lembrar que, em caso de impacto local
(conforme definido em resoluções dos Conselhos Estaduais do Meio
Ambiente), a competência é do Município (art. 9º, XIV, da LC
140/2011), nos casos previstos no art. 7º, XIV, da LC 140/2011, da
União e, nos demais casos, a competência para o licenciamento
ambiental é dos Estados (art. 8º, XIV, da LC 140/2011); B: incorreta;
normalmente o ente que tiver promovido o licenciamento ambiental
é quem vai fazer a fiscalização, o poder de polícia, para apurar as
infrações à legislação ambiental no local (art. 17, caput, da LC
140/2011); porém, tal regra “não impede o exercício pelos entes
federativos da atribuição comum de fiscalização da conformidade de
empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente poluidores
ou utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental em
vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão
que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização” para o
caso (art. 17, § 3º, da LC 140/2011); C: correta (art. 17, § 3º, da LC
140/2011), lembrando que o IBAMA é autarquia criada pela União
para atuar nesse segmento; D: incorreta, pois nesse tipo de caso
(iminência de dano ambiental), o próprio ente federativo que tiver
conhecimento do fato (no caso, a União) deverá determinar as
providências para evitá-la, cessá-la ou mitigá-la, comunicando
imediatamente ao órgão competente para as providências cabíveis
(art. 17, § 2º, da LC 140/2011).
(OAB/Exame Unificado – 2012.1) Um shopping center, que possui cerca
de 250 lojas e estacionamento para dois mil veículos, foi construído
há doze anos sobre um antigo aterro sanitário e, desde sua
inauguração, sofre com a decomposição de material orgânico do
subsolo, havendo emissão diária de gás metano, em níveis
considerados perigosos à saúde humana, podendo causar explosões.
Em razão do caso exposto, assinale a alternativa correta:
(A) Como o shopping foi construído há mais de cinco anos, a
obrigação de elaborar estudo prévio de impacto ambiental e de se
submeter a licenciamento já prescreveu. Assim, o
empreendimento poderá continuar funcionando.
(B) A licença de operação ambiental tem prazo de validade de dez
anos. Logo, o shopping já cumpriu com suas obrigações referentes
ao licenciamento e ao estudo prévio de impacto ambiental, e
poderá continuar com suas atividades regularmente.
(C) A decomposição de material orgânico continua ocorrendo, e é
considerada perigosa à saúde humana e ao meio ambiente. Logo, o
shopping center em questão poderá ser obrigado pelo órgão
ambiental competente a adotar medidas para promover a
dispersão do gás metano, de forma a minimizar ou anular os riscos
ambientais, mesmo que já possua licença de operação válida.
(D) Caso o shopping center possua licença de operação válida, não
poderá ser obrigado pelo órgão ambiental competente, no caso
exposto, a adotar novas medidas para a dispersão do gás metano.
Gabarito “C”
Apenas no momento da renovação de sua licença de operação
poderá ser obrigado a adquirir novo equipamento para tal fim.
A: incorreta, pois as obrigações mencionadas são permanentes em
matéria ambiental, não prescrevendo; prova disso são os fatos de
que a pretensão de reparação civil ambiental é imprescritível e de
que as licenças ambientais são sempre temporárias, o que, neste
caso, impõe que os empreendedores estejam sempre tendo que
pedir ou renovar a licença ambiental; B: incorreta; primeiro porque o
shopping já tem 12 anos e, caso tenha sidoexigida a licença de
operação, esta, se fosse de 10 anos, já estaria vencida; segundo
porque a licença de operação nem sempre tem prazo de validade de
10 anos; o art. 18, III, da Resolução CONAMA n. 237/1997
estabelece que o prazo da licença de operação variará de 04
(quatro) a 10 (dez) anos; C: correta, considerando os argumentos
apresentados na resposta à alternativa “A”; D: incorreta, pois,
mesmo diante de uma licença de operação ainda em validade, “o
órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá
modificar os condicionantes e as medidas de controle e adequação,
suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer”, por
exemplo, “superveniência de graves riscos ambientais e de saúde”
(art. 19, III, da Resolução CONAMA n. 237/1997).
(OAB/Exame Unificado – 2011.3.B) Uma empresa de telefonia celular
deseja instalar uma antena próxima a uma floresta localizada no
município de Cantinho Feliz. A antena produzirá uma quantidade
significativa de energia eletromagnética. Com base no exposto,
assinale a alternativa correta.
Gabarito “C”
(A) Como a energia é incolor e inodora, e é praticamente
imperceptível a olho nu, não pode ser considerada potencialmente
poluente. Logo, o Poder Público não pode exigir licenciamento e
estudo prévio de impacto ambiental à empresa de telefonia,
porque não há como comprovar o risco de impacto ambiental.
(B) Como não há certeza científica sobre a existência de riscos
ambientais causados pela poluição eletromagnética, o princípio da
prevenção deve ser invocado, e a empresa de telefonia deverá
solicitar ao Município de Cantinho Feliz que faça o licenciamento e
que elabore o estudo prévio de impacto ambiental.
(C) O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é visto
pelos tribunais superiores como um direito fundamental e possui
viés antropocêntrico. Logo, se a área não for habitada por seres
humanos, o Poder Público não poderá exigir licenciamento e
estudo prévio de impacto ambiental.
(D) Caso haja licenciamento e estudo prévio de impacto ambiental
para avaliar a possível instalação da antena, o órgão competente
não estará necessariamente obrigado a marcar a audiência pública.
Entretanto, ela pode ser requerida por abaixo-assinado subscrito
por, no mínimo, 50 cidadãos, por entidade civil ou pelo Ministério
Público.
A: incorreta; o fato de a energia eletromagnética ser incolor e
inodora não quer dizer que ela não possa causar dano ao meio
ambiente; B: incorreta, pois quando há incerteza científica sobre a
existência de riscos ambientais, o princípio invocável é o da
precaução, e não o da prevenção; C: incorreta, pois, mais do que
nunca, tem sido reconhecido que o meio ambiente tem um valor
intrínseco, devendo ser protegido independentemente da presença
humana; ainda que assim não fosse, a ausência de presença
humana não significa que um dano ambiental não vá, no futuro,
afetar o ser humano; D: correta (art. 2º da Resolução CONAMA n.
9/1987).
(FGV – 2014) Com relação à Lei Complementar n. 140/2011, que fixou
normas para a cooperação entre os entes da federação nas ações
administrativas decorrentes do exercício da competência comum
relativas ao meio ambiente, analise as afirmativas a seguir.
I. O ente federativo poderá delegar a execução de ações
administrativas de sua competência, desde que o ente delegatário
disponha de órgão ambiental capacitado e de conselho de meio
ambiente.
II. Na atuação supletiva há substituição do ente federativo
originariamente detentor da competência, conforme hipóteses
legais, enquanto na atuação subsidiária cuida-se de auxiliar no
desempenho de atribuições decorrentes das competências
comuns.
III. A LC n. 140/11 adota o posicionamento de que o
licenciamento ambiental deve ser conduzido por um único ente
federativo.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente a afirmativa II estiver correta.
(C) se somente a afirmativa III estiver correta.
(D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.
Gabarito “D”
I: correta (art. 5º, caput, da LC 140/2011); II: correta (art. 2º, II e III,
da LC140/2011); III: correta, tratando-se do princípio da unicidade
(art. 13, caput, da LC 140/2011).
8. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
(OAB/Exame XXXVI) A sociedade empresária Gama requereu licença
ambiental para empreendimento da área de petróleo e gás natural,
com significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão
ambiental competente, com fundamento no estudo de impacto
ambiental e respectivo relatório – EIA/RIMA, apresentados pelo
próprio empreendedor no curso do processo de licenciamento.
Preenchidos os requisitos legais, o órgão ambiental concedeu a
licença ambiental com uma série de condicionantes, entre elas, a
obrigação do empreendedor de apoiar a implantação e a manutenção
de determinada unidade de conservação do grupo de proteção
integral. Para tanto, observado o grau de impacto ambiental causado
pelo empreendimento licenciado e, de acordo com critérios técnicos,
legais e jurisprudenciais, foi regularmente arbitrado pelo órgão
licenciador o montante de dez milhões de reais a ser destinado pelo
empreendedor para tal finalidade.
No caso em tela, de acordo com a Lei nº 9.985/00, a condicionante
descrita é uma obrigação que visa à
(A) mitigação ambiental.
(B) compensação ambiental.
(C) punição por dano ambiental.
Gabarito “E”
(D) inibição por dano ambiental.
A, C e D: incorretas, pois as condicionantes mencionadas no
enunciado da questão estão regulamentadas no art. 36 da Lei
9.985/00, sendo que o p. 3º deste dispositivo estabelece que a
natureza dessas medidas é de uma “compensação” ambiental; B:
correta, pois as condicionantes mencionadas no enunciado da
questão estão regulamentadas no art. 36 da Lei 9.985/00, sendo
que o p. 3º deste dispositivo estabelece que a natureza dessas
medidas é de uma “compensação” ambiental.
(OAB/Exame XXXIII – 2020.3) Há grande interesse das sociedades
empresárias do setor petrolífero na exploração de áreas localizadas
no mar. Nessas áreas, segundo grupos ambientalistas, foi constatada
a presença de rara e sensível formação de recifes costeiros. Sobre a
hipótese, assinale a opção que indica a medida adequada que o Poder
Público deve tomar para manter a área preservada.
(A) Criar uma Reserva Legal.
(B) Criar um Parque Nacional Marinho.
(C) Autorizar a criação de uma Zona de Amortecimento.
(D) Estabelecer uma Área de Indisponibilidade da Zona Costeira.
A: incorreta, pois vários motivos; primeiro porque a reserva legal é
uma reserva que não é propriamente criada, mas sim imposta
diretamente pela lei (art. 12, caput, da Lei 12.651/12); segundo
porque a reserva legal é um instrumento voltado aos imóveis rurais
em geral, e não exatamente à formação vegetal marítima; e terceiro
porque a reserva legal protege apenas uma fração da propriedade
Gabarito “B”
(por exemplo, 20% dela – art. 12, II, da Lei 12.651/12), o que não
traria a proteção esperada no caso em análise; B: correta; há
previsão legal expressa para a criação de um Parque Nacional para
a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância
ecológica e beleza cênica (art. 11, caput, da Lei 9.985/00), como
parece ser o caso; outro ponto importante é que o mar é
considerado uma área pública, e o Parque Nacional é um tipo de
unidade de conservação específica voltada para as áreas públicas
(art. 11, § 1º, da Lei 9.985/00); C: incorreta, pois a zona de
amortecimento é uma zona criada no entorno de uma unidade de
conservação, com o objetivo de restringir atividades humanas (art.
2º, XVIII, da Lei 9.985/00) para minimizar os impactos negativos
sobre a unidade, e, no caso em tela, a ideia é preservar por inteiro
essas formações, daí porque é necessário criar uma específica
unidade de conservação para tanto, sem prejuízo de uma zona de
amortecimento adicional à unidade criada; e; D: incorreta, pois não
existe uma tipo de unidade de conservação com esse nome
destinada a protegeras formações mencionadas no enunciado da
questão.
(OAB/Exame Unificado – 2019.1) O Ministro do Meio Ambiente
recomenda ao Presidente da República a criação de uma Unidade de
Conservação em área que possui relevante ecossistema aquático e
grande diversidade biológica. Porém, em razão da grave crise
financeira, o Presidente pretende que a União não seja compelida a
pagar indenização aos proprietários dos imóveis inseridos na área da
Unidade de Conservação a ser criada. Considerando o caso, assinale
a opção que indica a Unidade de Conservação que deverá ser criada.
Gabarito “B”
(A) Estação Ecológica.
(B) Reserva Biológica.
(C) Parque Nacional.
(D) Área de Proteção Ambiental.
A: incorreta, pois a Estação Ecológica depende de desapropriação
de áreas e, portanto, de pagamento de indenização aos
proprietários dos imóveis (art. 9º, § 1º, da Lei 9.985/00); B: incorreta,
pois a Reserva Biológica depende de desapropriação de áreas e,
portanto, de pagamento de indenização aos proprietários dos
imóveis (art. 10, § 1º, da Lei 9.985/00); C: incorreta, pois o Parque
Nacional depende de desapropriação de áreas e, portanto, de
pagamento de indenização aos proprietários dos imóveis (art. 11, §
1º, da Lei 9.985/00); D: correta, pois uma Área de Proteção
Ambiental, por ser uma mera limitação administrativa que pode ser
instituída em área particular, não importa, em regra, em pagamento
de indenização aos proprietários dos imóveis, por não inviabilizar o
uso da propriedade nos limites legais (art. 15 da Lei 9.985/00).
(OAB/Exame Unificado – 2016.1) Paulo é proprietário de um grande
terreno no qual pretende instalar um loteamento, já devidamente
aprovado pelo Poder Público. Contudo, antes que Paulo iniciasse a
instalação do projeto, sua propriedade foi integralmente incluída nos
limites de um Parque Nacional. Considerando as normas que regem
o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, é correto
afirmar que
(A) Paulo deverá aguardar a elaboração do plano de manejo do
parque para verificar a viabilidade de seu empreendimento.
Gabarito “D”
(B) Paulo poderá ajuizar ação com o objetivo de ser indenizado
pelo lucro cessante decorrente da inviabilidade do
empreendimento.
(C) Caso seu terreno não seja desapropriado, Paulo poderá ajuizar
ação de desapropriação indireta em face da União.
(D) Paulo não poderá implementar seu loteamento, mas poderá
explorar o ecoturismo na área com cobrança de visitação.
A: incorreta, pois o Parque Nacional é um tipo de Unidade de
Proteção Integral, unidade essa que só admite o uso indireto do
imóvel, ressalvadas as poucas exceções legais (art. 7º, § 1º, da Lei
9.985/2000), exceções essas que, por sinal, não se aplicam ao
Parque Nacional; dessa forma, de nada vai adiantar Paulo aguardar
o plano de manejo, pois este não deverá autorizar o uso do bem; B:
incorreta, pois, caso o Poder Público não ingresse com ação
desapropriação do imóvel, Paulo deverá ajuizar ação de
desapropriação indireta, cujo foco é a indenização pela perda da
propriedade; C: correta, já que esse tipo de unidade de conservação
impõe a desapropriação do imóvel (art. 11, § 1º, da Lei 9.985/2000);
D: incorreta, esse tipo de unidade de conservação impõe a
desapropriação do imóvel pelo Poder Público, de modo que Paulo
não poderá explorar qualquer tipo de negócio no local, aí incluído o
ecoturismo (art. 11, § 1º, da Lei 9.985/2000).
(OAB/Exame Unificado – 2015.2) Determinado Município, por
intermédio de lei que contemplou questões como potencial
construtivo, zoneamento de bairros e complexos esportivos, reduziu
os limites de uma determinada Unidade de Conservação.
Gabarito “C”
Considerando o caso hipotético em tela, assinale a opção que se
harmoniza com a legislação ambiental.
(A) A lei municipal em questão será considerada válida e eficaz,
pois a redução dos limites de uma Unidade de Conservação pode
ser feita até mesmo por Decreto.
(B) A redução de limites, assim como a desafetação de uma
Unidade de Conservação, não demanda lei específica, exigindo
apenas a necessária e prévia aprovação de Estudo de Impacto
Ambiental e respectivo relatório (EIA-RIMA).
(C) A redução operada pela lei, para produzir efeitos, dependerá
da aprovação do Conselho Gestor da Unidade de Conservação
impactada, garantindo-se a participação pública direta no referido
procedimento de deliberação e aprovação.
(D) A redução dos limites da Unidade de Conservação, conquanto
possa evidenciar os efeitos concretos da lei, somente pode ser feita
mediante lei específica, regra esta que também se aplica à
desafetação.
A e B: incorretas, pois a redução dos limites de uma unidade de
conservação (e a desafetação desta também) só pode ser feita
mediante lei específica (art. 22, § 7º, da Lei 9.985/2000, não
podendo, portanto, ser feita por decreto ou atos de outra natureza;
C: incorreta, pois não há essa exigência na legislação, até porque a
lei específica teria primazia em relação a atos de hierarquia inferior;
D: correta (art. 22, § 7º, da Lei 9.985/2000).
(OAB/Exame Unificado – 2014.1) Bruno é proprietário de pousada que
está em regular funcionamento há seis anos e explora o ecoturismo.
Gabarito “D”
Na área em que a pousada está localizada, o estado da federação
pretende instituir estação ecológica com o objetivo de promover a
proteção da flora e da fauna locais. A partir do caso apresentado,
assinale a afirmativa correta.
(A) Não é possível o estado instituir a estação ecológica, pois fere
o princípio da segurança jurídica, tendo em vista que a pousada
funcionava regularmente há mais de cinco anos.
(B) É possível a instituição da estação ecológica pelo estado da
federação, não impedindo o funcionamento da pousada, visto que
Bruno tem direito adquirido ao exercício da atividade econômica.
(C) É possível a instituição da estação ecológica com a cessação da
atividade econômica da pousada, desde que o Poder Público
Estadual indenize Bruno pelos prejuízos que a instituição da
unidade de conservação causar à sua atividade.
(D) É possível a instituição da estação ecológica com a cessação da
atividade econômica da pousada, não cabendo ao Poder Público
qualquer forma de indenização, tendo em vista a supremacia do
interesse coletivo sobre os interesses individualmente
considerados.
A, B e D: incorretas, pois a lei prevê, para o caso, que o imóvel seja
desapropriado (art. 9º, § 1º, da Lei 9.985/2000), prevalecendo o
interesse público em instituir a unidade de conservação versus o
interesse privado em manter a pousada no local, valendo lembrar
que a desapropriação, nos termos da própria Constituição Federal,
impõe a devida indenização, que deve ser prévia, justa e em
dinheiro (art. 5º, XXIV); C: correta (art. 9º, § 1º, da Lei 9.985/2000).
Gabarito “C”
(OAB/Exame Unificado – 2012.3.B) Com relação ao Sistema Nacional de
Unidades de Conservação, assinale a afirmativa correta.
(A) As unidades de conservação devem ser criadas por lei,
exigindo-se para tal prévia consulta pública e elaboração de estudo
prévio de impacto ambiental.
(B) São unidades de conservação do grupo de proteção integral a
floresta nacional, o parque nacional, a área de proteção ambiental
e a reserva de fauna.
(C) As unidades de conservação do grupo de proteção integral
podem ter seus limites reduzidos, através de lei específica.
(D) São unidades de conservação do grupo de uso sustentável a
estação ecológica, a reserva extrativista e a reserva particular do
patrimônio natural.
A: incorreta, pois a criação de unidades de conservação pode se
dar por ato do Poder Público (não sendo necessário que se trate de
uma lei – art. 22, caput, da Lei 9.985/2000); ademais, apesar de a
criação dessas unidades reclamar prévia consulta pública (e
estudos técnicos também), não é necessária a elaboração de
estudo prévio de impacto ambiental (art. 22, caput e § 2º, da Lei
9.985/2000); B: incorreta, pois a floresta nacional, a área de
proteção ambiental e a reserva de fauna não são unidades de
proteção integral (art. 8º da Lei 9.985/2000),mas unidades de uso
sustentável (art. 14, I, III e V, da Lei 9.985/2000); C: correta (art. 22,
§ 7º, da Lei 9.985/2000); D: incorreta, pois a estação ecológica não
é unidade de uso sustentável (art. 14 da Lei 9.985/2000), mas
unidade de proteção integral (art. 8º, I, da Lei 9.985/2000).
Gabarito “C”
(OAB/Exame Unificado – 2012.2) Sobre a Reserva Particular do
Patrimônio Natural (RPPN), assinale a afirmativa correta.
(A) As RPPN’s são unidades de conservação criadas em áreas de
posse e domínios privados, gravadas com perpetuidade, e deverão
ser averbadas, por intermédio de Termo de Compromisso, no
Registro Público de Imóveis
(B) As RPPN’s são unidades de conservação criadas em áreas de
posse pública e domínio privado, e deverão ser averbadas, por
intermédio de Termo de Compromisso, no Registro Público de
Imóveis
(C) As RPPN’s são unidades de conservação criadas em áreas de
posse e domínios privados, deverão ser averbadas, por intermédio
de Termo de Compromisso, no Registro Público de Imóveis.
Porém não serão perpétuas, em razão do direito fundamental à
propriedade privada.
(D) As RPPN’s são unidades de conservação criadas em áreas de
posse pública e domínio privado. Em razão do princípio da defesa
do meio ambiente são instituídas automaticamente, sem
necessidade de avaliação do órgão ambiental, bastando o interesse
do proprietário privado e a averbação, por intermédio de Termo de
Compromisso, no Registro Público de Imóveis.
A: correta, conforme o disposto no art. 21, caput, e § 1º, da Lei
9.985/2000; B: incorreta, pois as RPPN’s são unidades de
conservação criadas em áreas de posse e domínios privados, e não
em áreas de posse pública (art. 21, caput, da Lei 9.985/2000); C:
incorreta, pois as RPPN’s são gravadas com perpetuidade; D:
incorreta, pois as RPPN’s são unidades de conservação criadas em
áreas de posse e domínios privados, e não em áreas de posse
pública (art. 21, caput, da Lei 9.985/2000); ademais, as RPPN’s não
são instituídas automaticamente, sendo necessária aprovação
perante o órgão ambiental, que verificará a existência de interesse
público (art. 21, § 1º, da Lei 9.985/2000).
(OAB/Exame Unificado – 2012.1) O Prefeito do Município de Belas
Veredas, após estudos técnicos e realização de audiência pública,
decide pela criação de um parque, em uma área onde podem ser
encontrados exemplares exuberantes de Mata Atlântica. Assim, edita
decreto que fixa os limites do novo parque municipal. Passados dois
anos, recebe pedidos para que o parque seja reavaliado e
transformado em uma Área de Relevante Interesse Ecológico, com
uma pequena redução de seus limites. Tendo em vista a situação
descrita, assinale a alternativa correta.
(A) Em razão do princípio da simetria das formas no direito
ambiental, a Unidade de Conservação criada por ato do Poder
Executivo poderá ser reavaliada e ter seus limites reduzidos
também por decreto.
(B) Como a Mata Atlântica é considerada patrimônio nacional,
por força do art. 225, § 4º, da CRFB, apenas a União possui
competência para a criação de unidades de conservação que
incluam tal bioma em seus limites.
(C) A criação do parque é constitucional e legal, mas, como a área
está definida como Unidade de Conservação de Proteção Integral,
a alteração para Área de Relevante Interesse Ecológico, que é de
Unidade de Conservação de Uso Sustentável, com redução de
limites, só pode ser feita por lei.
(D) A reavaliação poderá ser feita por decreto, uma vez que a Área
de Relevante Interesse Ecológico também é uma Unidade de
Gabarito “A”
Conservação do grupo de proteção integral.
A: incorreta, pois quando o objetivo for a redução dos limites de
uma unidade de conversão somente por lei específica é possível tal
transformação (art. 22, § 7º, da Lei 9.985/2000); caso o objetivo
fosse a ampliação da unidade de conservação, aí sim poder-se-ia
usar do mesmo instrumento utilizado para a criação da unidade, no
caso, um decreto (art. 22, § 6º, da Lei 9.985/2000); B: incorreta, pois
as unidades de conservação são criadas por ato do Poder Público
(art. 22 da Lei 9.985/2000), seja ele de qual esfera federativa for;
ademais, a própria Lei da Mata Atlântica (Lei 11.428/2006) não traz
disposição no sentido do texto da alternativa; C: correta (art. 22, §
7º, da Lei 9.9985/2000); D: incorreta, pois a Área de Relevante
Interesse Ecológico é unidade de conservação de uso sustentável
(art. 14, II, da Lei 9.985/2000), e não de proteção integral (art. 8º da
Lei 9.985/2000.
(OAB/Exame Unificado – 2011.3.A) Com relação ao sistema nacional de
unidades de conservação, assinale a alternativa correta.
(A) As unidades de conservação do grupo de proteção integral são
incompatíveis com as atividades humanas; logo, não se admite seu
uso econômico direto ou indireto, não podendo o Poder Público
cobrar ingressos para a sua visitação.
(B) A ampliação dos limites de uma unidade de conservação, sem
modificação dos seus limites originais, exceto pelo acréscimo
proposto, pode ser feita por instrumento normativo do mesmo
nível hierárquico do que criou a unidade. O Poder Público está
dispensado de promover consulta pública e estudos técnicos
Gabarito “C”
novos, bastando a reanálise dos documentos que fundamentaram
a criação da unidade de conservação.
(C) O parque nacional é uma unidade de conservação do grupo de
proteção integral, de posse e domínios públicos. É destinado à
preservação ambiental e ao lazer e à educação ambiental da
população; logo, não se admite seu uso econômico direto ou
indireto, não podendo o Poder Público cobrar ingressos para a sua
visitação.
(D) As unidades de conservação do grupo de Uso Sustentável
podem ser transformadas total ou parcialmente em unidades do
grupo de Proteção Integral, por instrumento normativo do mesmo
nível hierárquico do que criou a unidade, desde que respeitados os
procedimentos de consulta pública e estudos técnicos.
A: incorreta, pois, nas unidades de proteção integral, não se admite
o uso direto, mas se admite o uso indireto dos seus recursos
naturais (art. 7º, § 1º, da Lei 9.985/2000); ademais, admite-se a
cobrança de ingressos para a sua visitação (art. 35 da Lei
9.985/2000); B: incorreta, pois será necessário, sim, promover
novos estudos técnicos e consulta pública (art. 22, § 6º, da Lei
9.985/2000); C: incorreta, pois o parque nacional é destinado à
preservação de ecossistemas naturais de grande relevância
ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas
científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e
interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e
de turismo ecológico (art. 11, caput, da Lei 9.985/2000); tratando-se
de unidade de conservação de proteção integral (art. 8º, caput e III,
da Lei 9.985/2000) é admitido sim o USO INDIRETO dos seus
recursos naturais (art. 7º, § 1º, da Lei 9.985/2000); ademais, admite-
se a cobrança de ingressos para a sua visitação (art. 35 da Lei
9.985/2000); D: correta (art. 22, § 6º, da Lei 9.985/2000).
(OAB/Exame Unificado – 2011.3.A) A Lei 9.985/2000 instituiu a
compensação ambiental, posteriormente julgada pelo Supremo
Tribunal Federal. A respeito do tema, é correto afirmar que
(A) a compensação ambiental será concretizada, pelo
empreendedor, pelo plantio de mudas de espécies nativas no
entorno de unidades de conservação, visando reduzir os impactos
ambientais dos empreendimentos potencialmente poluidores,
especialmente aqueles que emitem gases causadores do efeito
estufa.
(B) a compensação ambiental é exigida nos processos de
licenciamento ambiental de empreendimentos potencialmente
causadores de impactos significativos no meio ambiente, e será
exigida em espécie, apurando-se o seu valor de acordo o grau de
impacto causado, sendo os recursos destinados a uma unidade de
conservação do grupo de proteção integral.
(C) a compensação ambiental é exigida nos processos de
licenciamento ambiental de empreendimentos potencialmente
causadores de impactos significativos no meio ambiente, e seráexigida em espécie, apurando-se o seu valor de acordo com o grau
de impacto causado, sendo os recursos destinados a uma unidade
de conservação à escolha do empreendedor, em razão do princípio
da livre-iniciativa.
(D) a compensação ambiental foi considerada inconstitucional,
por violar frontalmente o princípio do poluidor-pagador, uma vez
que permitia ao empreendedor compensar os possíveis danos
ambientais de seu empreendimento por meio de um pagamento,
em espécie, destinado a uma unidade de conservação do grupo de
Gabarito “D”
proteção integral. Logo, não pode mais ser exigida ou mesmo
oferecida pelo órgão ambiental competente.
Vide o art. 36 da Lei 9.985/2000 e a ementa do entendimento
jurisprudencial mencionado, cujo teor é o seguinte: “EMENTA:
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 36 E SEUS
§§ 1º, 2º E 3º DA LEI Nº 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000.
CONSTITUCIONALIDADE DA COMPENSAÇÃO DEVIDA PELA
IMPLANTAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS DE SIGNIFICATIVO
IMPACTO AMBIENTAL. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO
§ 1º DO ART. 36. 1. O compartilhamento-compensação ambiental
de que trata o art. 36 da Lei n. 9.985/2000 não ofende o princípio da
legalidade, dado haver sido a própria lei que previu o modo de
financiamento dos gastos com as unidades de conservação da
natureza. De igual forma, não há violação ao princípio da separação
dos Poderes, por não se tratar de delegação do Poder Legislativo
para o Executivo impor deveres aos administrados. 2. Compete ao
órgão licenciador fixar o quantum da compensação, de acordo com
a compostura do impacto ambiental a ser dimensionado no relatório
– EIA/RIMA. 3. O art. 36 da Lei n. 9.985/2000 densifica o princípio
usuário-pagador, este a significar um mecanismo de assunção
partilhada da responsabilidade social pelos custos ambientais
derivados da atividade econômica. 4. Inexistente desrespeito ao
postulado da razoabilidade. Compensação ambiental que se revela
como instrumento adequado à defesa e preservação do meio
ambiente para as presentes e futuras gerações, não havendo outro
meio eficaz para atingir essa finalidade constitucional. Medida
amplamente compensada pelos benefícios que sempre resultam de
um meio ambiente ecologicamente garantido em sua higidez. 5.
Inconstitucionalidade da expressão “não pode ser inferior a meio por
cento dos custos totais previstos para a implantação do
empreendimento”, no § 1º do art. 36 da Lei n. 9.985/2000. O valor
da compensação-compartilhamento é de ser fixado
proporcionalmente ao impacto ambiental, após estudo em que se
assegurem o contraditório e a ampla defesa. Prescindibilidade da
fixação de percentual sobre os custos do empreendimento. 6. Ação
parcialmente procedente” (DJ 20.06.2008). Assim, a alternativa “A”
está incorreta, pois a compensação será feita em dinheiro. A
alternativa “B” está correta. A alternativa “C” está incorreta, pois
compete ao órgão licenciador (e não ao empreendedor) definir as
unidades de conservação a serem beneficiadas (art. 36, § 2º, da Lei
9.985/2000). E a alternativa “D” está incorreta, pois, como se viu da
ementa citada, a compensação ambiental em si não foi considerada
inconstitucional.
(OAB/Exame Unificado – 2010.3) A Lei 9.985/2000, que instituiu o
Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, previu que
as unidades de conservação devem dispor de uma zona de
amortecimento definida no plano de manejo. A esse respeito,
assinale a alternativa correta.
(A) As Áreas de Proteção Ambiental – APAs não precisam
demarcar sua zona de amortecimento.
(B) As Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPN são
obrigadas a elaborar plano de manejo delimitando suas zonas de
amortecimento, por conta própria e orientação técnica particular.
(C) Tanto as unidades de conservação de proteção integral como
as de uso sustentado devem elaborar plano de manejo,
delimitando suas zonas de amortecimento.
Gabarito “B”
(D) Os parques, como unidades de conservação de uso sustentado,
não têm zona de amortecimento.
De acordo com o art. 25, caput, da Lei 9.985/2000: “As unidades de
conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva
Particular do Patrimônio Natural, devem possuir uma zona de
amortecimento e, quando conveniente, corredores ecológicos”.
(FGV – 2014) A Lei n. 9.985/2000 instituiu o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação. Nos termos deste diploma legal, assinale a
afirmativa incorreta.
(A) As unidades de conservação integrantes do SNUC dividem-se
em Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável.
(B) As Unidades de Uso Sustentável tem como objetivo básico
compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de
parcela dos seus recursos naturais.
(C) O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto de
unidades de conservação nas categorias de Estação Ecológica,
Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural e
Refúgio de Vida Silvestre.
(D) A Estação Ecológica tem como objetivo a preservação integral
da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites,
sem interferência humana direta ou modificações ambientais.
(E) O Monumento Natural tem como objetivo básico preservar
sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica, sendo
constituído por áreas particulares, desde que seja possível
compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e
dos recursos naturais do local pelos proprietários.
Gabarito “A”
A: correta (art. 7º, I e II, da Lei 9.985/2000); B: assertiva correta (art.
7º, § 2º, da Lei 9.985/00); C: correta (art. 8º, I a V, da Lei
9.985/2000); D: incorreta, devendo ser assinalada, pois a alternativa
trouxe o objetivo da reserva biológica e não da estação ecológica
(art. 10, caput, da Lei 9.985/2000); E: correta (art. 12, caput e § 1º,
da Lei 9.985/2000).
(FGV – 2010) Assinale a afirmativa que indica a área de proteção
integral, que tem como objetivo básico preservar sítios naturais
raros, singulares ou de grande beleza cênica.
(A) Estação Ecológica.
(B) Monumento Natural.
(C) Parque Nacional.
(D) Refúgio da Vida Silvestre.
(E) Reserva Biológica.
Assim dispõe o art. 12, caput, da Lei 9.985/2000: “O Monumento
Natural tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros,
singulares ou de grande beleza cênica.”.
(FGV – 2010) A área de uso sustentável, em geral extensa, com um
certo grau de ocupação humana, dotadas de atributos abióticos,
bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a
qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas. Tem como
objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o
Gabarito “D”
Gabarito “B”
processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos
recursos naturais.
O texto acima refere-se à:
(A) Área de Proteção Ambiental.
(B) Área de Relevante Interesse Ecológico.
(C) Floresta Nacional.
(D) Reserva de Fauna.
(E) Reserva Extrativista.
O texto acima descreveu a previsão contida no art. 15, caput, da Lei
9.985/2000, que define Área de Proteção Ambiental.
9. PROTEÇÃO DA FLORA. CÓDIGO FLORESTAL. MATA
ATLÂNTICA
(OAB/Exame Unificado – 2019.3) Renato, proprietário de terra rural
inserida no Município X, pretende promover a queimada da
vegetação existente para o cultivo de cana-de-açúcar. Assim, consulta
seu advogado, indagando sobre a possibilidade da realização da
queimada. Sobre o caso narrado, assinale a afirmativa correta.
(A) A queimada poderá ser autorizada pelo órgão estadual
ambiental competente do SISNAMA, caso as peculiaridades dos
locais justifiquem o emprego do fogo em práticas agropastoris ou
florestais.
(B) A queimada poderá ser autorizada pelo órgão municipal
ambiental competente, após audiência pública realizada pelo
Município X no âmbito do SISNAMA.
Gabarito “A”
(C) A queimada não pode ser realizada, constituindo, ainda, ato
tipificado como crime ambiental caso a área esteja inserida em
Unidade de Conservação.
(D) A queimada não dependerá de autorização, caso Renato
comprove a manutenção da área mínima de cobertura de
vegetação nativa, a títuloa
diversidade de deficiências, o que justifica a dispensa de tal
obrigatoriedade por expressa determinação legal.
(D) O consumidor poderá solicitar as faturas em Braille, mas bastará
ser indicado o preço, dispensando-se outras informações, por expressa
disposição legal.
A: correta. O Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015)
incluiu ao Código de Defesa do Consumidor, parágrafo único do art. 6º,
Gabarito “B”
que garante às pessoas com deficiência o direito básico à informação. B:
incorreta. Na forma do art. 6º, inciso III, do CDC, todo consumidor tem o
direito básico “a informação adequada e clara sobre os diferentes
produtos e serviços, com especificação correta de quantidade,
características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem
como sobre os riscos que apresentem”. C e D: incorretas. Ver justificativa
da alternativa “A”. RD
(OAB/Exame Unificado – 2013.3) Maria e Manoel, casados, pais dos gêmeos
Gabriel e Thiago que têm apenas três meses de vida, residem há seis
meses no Condomínio Vila Feliz. O fornecimento do serviço de energia
elétrica na cidade onde moram é prestado por uma única concessionária,
a Companhia de Eletricidade Luz S.A. Há uma semana, o casal vem
sofrendo com as contínuas e injustificadas interrupções na prestação do
serviço pela concessionária, o que já acarretou a queima do aparelho de
televisão e da geladeira, com a perda de todos os alimentos nela contidos.
O casal pretende ser indenizado. Nesse caso, à luz do princípio da
vulnerabilidade previsto no Código de Proteção e Defesa do Consumidor,
assinale a afirmativa correta.
(A) Prevalece o entendimento jurisprudencial no sentido de que a
vulnerabilidade no Código do Consumidor é sempre presumida, tanto
para o consumidor pessoa física, Maria e Manoel, quanto para a pessoa
jurídica, no caso, o Condomínio Vila Feliz, tendo ambos direitos básicos
à indenização e à inversão judicial automática do ônus da prova.
(B) A doutrina consumerista dominante considera a vulnerabilidade
um conceito jurídico indeterminado, plurissignificativo, sendo correto
afirmar que, no caso em questão, está configurada a vulnerabilidade
fática do casal diante da concessionária, havendo direito básico à
indenização pela interrupção imotivada do serviço público essencial.
Gabarito “A”
(C) É dominante o entendimento no sentido de que a vulnerabilidade
nas relações de consumo é sinônimo exato de hipossuficiência
econômica do consumidor. Logo, basta ao casal Maria e Manoel
demonstrá-la para receber a integral proteção das normas
consumeristas e o consequente direito básico à inversão automática do
ônus da prova e a ampla indenização pelos danos sofridos.
(D) A vulnerabilidade nas relações de consumo se divide em apenas
duas espécies: a jurídica ou científica e a técnica. Aquela representa a
falta de conhecimentos jurídicos ou outros pertinentes à contabilidade
e à economia, e esta, à ausência de conhecimentos específicos sobre o
serviço oferecido, sendo que sua verificação é requisito legal para
inversão do ônus da prova a favor do casal e do consequente direito à
indenização.
A e C: incorretas; de fato, a vulnerabilidade do consumidor (ligada ao
direito material) é presumida no CDC; já a hipossuficiência (ligada ao
direito processual), que é causa da inversão do ônus da prova, não;
dessa forma, é incorreto dizer que o CDC prevê inversão automática do
ônus da prova, sendo necessário que o juiz verifique se é o caso, o que
depende de haver ou hipossuficiência do consumidor ou verossimilhança
da alegação (art. 6º, VIII, do CDC); B: correta, pois o consumidor é
presumidamente vulnerável (art. 4º, I, do CDC) e a situação narrada no
enunciado narra, ainda, um consumidor ainda mais desamparado dada
as características do serviço que lhe é prestado, face à total
impossibilidade de se defender do consumidor, o que provavelmente fará
com que o juiz também o considere hipossuficiente e inverta o ônus da
prova em seu favor; D: incorreta, pois onde consta da alternativa a
palavra “vulnerabilidade” deveria constar “hipossuficiência”, sendo que
essa sim é que deve ser analisada se existe no caso concreto (já que a
vulnerabilidade já é presumida), e, se existir no caso concreto, aí sim é
que o juiz inverterá o ônus da prova.
Gabarito “B”
(OAB/Exame Unificado – 2012.3.A) A sociedade empresária XYZ Ltda. oferta e
celebra, com vários estudantes universitários, contratos individuais de
fornecimento de material didático, nos quais garante a entrega, com 25%
de desconto sobre o valor indicado pela editora, dos livros didáticos
escolhidos pelos contratantes (de lista de editoras de antemão definidas).
Os contratos têm duração de 24 meses, e cada estudante compromete-se a
pagar valor mensal, que fica como crédito, a ser abatido do valor dos
livros escolhidos. Posteriormente, a capacidade de entrega da sociedade
diminuiu, devido a dívidas e problemas judiciais. Em razão disso, ela
pretende rever judicialmente os contratos, para obter aumento do valor
mensal, ou então liberar-se do vínculo.
Acerca dessa situação, assinale a afirmativa correta.
(A) A empresa não pode se valer do Código de Defesa do Consumidor e
não há base, à luz do indicado, para rever os contratos.
(B) Aplica-se o CDC, já que os estudantes são destinatários finais do
serviço, mas o aumento só será concedido se provada a dificuldade
financeira e que, ademais, ainda assim o contrato seja proveitoso para
os compradores.
(C) Aplica-se o CDC, mas a pretendida revisão da cláusula contratual
só poderá ser efetuada se provado que os problemas citados têm
natureza imprevisível, característica indispensável, no sistema do
consumidor, para autorizar a revisão.
(D) A revisão é cabível, assentada na teoria da imprevisão, pois existe o
contrato de execução diferida, a superveniência de onerosidade
excessiva da prestação, a extrema vantagem para a outra parte, e a
ocorrência de acontecimento extraordinário e imprevisível.
A: correta, pois o pedido de revisão contratual requer a existência de um
fato superveniente relacionado à prestação (ex: um contrato atrelado ao
dólar pode ser objeto de revisão se a cotação do dólar aumentar de
forma muito forte), não sendo possível que o devedor (no caso, a
sociedade XYZ) alegue problema de sua responsabilidade e alheio à
prestação que tem de cumprir (crise na empresa) para conseguir uma
revisão contratual; vale lembrar que o direito de revisão contratual está
no inciso V, do art. 6º, do CDC, que traz “direitos básicos do consumidor”
e não “direitos básicos do fornecedor”; B: incorreta, pelas mesmas
razões mencionadas no comentário à alternativa anterior; C e D:
incorretas; em primeiro lugar, não é cabível a revisão, conforme se viu
dos comentários às demais alternativas; ademais, a revisão contratual no
caso é regida pelo CDC e este, como se sabe, traz como requisito à
revisão apenas a existência de um fato novo que leve à uma excessiva
onerosidade das prestações (art. 6º, V, do CDC), não sendo necessário
“imprevisibilidade” (alternativa “c”) ou “extrema vantagem para a outra
parte, e a ocorrência de acontecimento extraordinário e imprevisível
(alternativa “d”).
(OAB/Exame Unificado – 2011.3.B) O ônus da prova incumbe a quem alega a
existência do fato constitutivo de seu direito e impeditivo, modificativo ou
extintivo do direito daquele que demanda. O Código de Proteção e Defesa
do Consumidor, entretanto, prevê a possibilidade de inversão do onus
probandi e, a respeito de tal tema, é correto afirmar que
(A) ocorrerá em casos excepcionais em que o juiz verifique ser
verossímil a alegação do consumidor ou quando for ele hipossuficiente.
(B) é regra e basta ao consumidor alegar os fatos, pois caberá ao réu
produzir provas que os desconstituam, já que o autor é hipossuficiente
nas relações de consumo.
(C) será deferido em casos excepcionais, exceto se a inversão em
prejuízo do consumidor houver sido previamente ajustada por meio de
cláusula contratual.
(D) ocorrerá em todo processode reserva legal.
A: correta, nos termos do art. 38, I, da Lei 12.651/12 (Código
Florestal); B: incorreta, pois o órgão competente para essa
autorização é o estadual e o uso do fogo é a princípio proibido (não
bastando fazer uma audiência pública), ressalvadas as poucas
situações previstas no art. 38 da Lei 12.651/12; C: incorreta;
geralmente, a queimada é proibida, mas há exceções na lei e uma
delas é justamente a trazida na alternativa “a” da questão (art. 38 da
Lei 12.651/12); D: incorreta, pois a regra é a proibição do uso do
fogo em vegetações, salvo nas exceções trazidas no art. 38 da Lei
12.651/12, não havendo como exceção uma regra que permite o
fogo diretamente desde que se mantenha o mínimo de cobertura
vegetal a título de reserva legal.
(OAB/Exame Unificado – 2019.2) Em 2017, Maria adquire de Eduarda
um terreno inserido em área de Unidade de Conservação de Proteção
Integral. Em 2018, Maria descobre, por meio de documentos e fotos
antigas, que Eduarda promoveu desmatamento irregular no imóvel.
Sobre a responsabilidade civil ambiental, assinale a afirmativa
correta.
(A) Maria responde civilmente pela recomposição ambiental,
ainda que tenha agido de boa-fé ao adquirir o terreno.
Gabarito “A”
(B) Maria não pode responder pela aplicação de multa ambiental,
tendo em vista o princípio da intranscendência da pena.
(C) Eduarda não pode responder pela recomposição ambiental,
mas apenas pela multa ambiental, tendo em vista a propriedade
ter sido transmitida.
(D) Maria responde nas esferas administrativa, civil e penal
solidariamente com Eduarda, tendo em vista o princípio da
reparação integral do dano ambiental.
A: correta, pois a responsabilidade no caso é propter rem, aderindo
àquele que adquiriu a coisa sobre a qual houve o dano ambiental;
ou seja, essa obrigação “tem natureza real e é transmitida ao
sucessor no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel
rural” (art. 7º, § 2º, da Lei 12.651/12), daí porque Maria responde
civilmente; vale salientar que o STJ editou a Súmula 623 no mesmo
sentido, qual seja, a de “as obrigações ambientais possuem
natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário ou
possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor”; B e C:
incorretas, pois a obrigação de recomposição em questão é de
natureza real e atinge novos proprietários, como é o caso de Maria
(art. 7o, § 2º, da Lei 12.651/12); se Maria não atender ao dever de
recomposição, que já nasce para ela no momento em que se torna
proprietária do imóvel, imediatamente já estará sujeita às multas
correspondentes; D: incorreta, pois o princípio da reparação integral
do dano ambiental diz respeito à esfera civil, e não à esfera penal ou
administrativas, ainda que nessas duas esferas se possa discutir a
reparação ambiental; na esfera penal Maria só responderá se
também praticar um crime ambiental, valendo salientar que não há
que se falar em responsabilidade solidária em matéria de
responsabilidade penal, pois não é possível acionar um só dos
“devedores penais” solidários, sendo de rigor acionar todos os que
cometerem o crime ambiental.
(OAB/Exame Unificado – 2018.2) Gabriela, pequena produtora rural que
desenvolve atividade pecuária, é avisada por seu vizinho sobre
necessidade de registrar seu imóvel rural no Cadastro Ambiental
Rural (CAR), sob pena de perder a propriedade do bem. Sobre a
hipótese, assinale a afirmativa correta.
(A) Gabriela não tem a obrigação de registrar o imóvel no CAR por
ser pequena produtora rural.
(B) Gabriela tem a obrigação de registrar o imóvel no CAR, sob
pena de perder a propriedade do bem, que apenas poderá ser
reavida por ação judicial.
(C) Gabriela tem a obrigação de registrar o imóvel no CAR; o
registro não será considerado título para fins de reconhecimento
do direito de propriedade ou posse.
(D) Gabriela tem a obrigação de registrar o imóvel no CAR; o
registro autoriza procedimento simplificado para concessão de
licença ambiental.
A: incorreta, pois o Código Florestal prevê que todas as
propriedades rurais devem ser objeto de inscrição no Cadastro
Ambiental Rural (art. 29, caput, da Lei 12.651/2012); B: incorreta,
pois a lei não prevê a perda do imóvel como sanção pelo não
cadastramento do imóvel no CAR (vide arts. 29 e 30 da Lei
12.651/2012); C: correta, nos termos da obrigação prevista para
todos os imóveis rurais no art. 29, caput, da Lei 12.651/2012, bem
como nos termos do § 2o do art. 29 da Lei 12.651/2012, que
Gabarito “A”
estabelece que o registro não será considerado título para fins do
reconhecimento do direito de propriedade ou posse; D: incorreta. De
fato, Gabriela tem a obrigação de registrar o imóvel no CAR (art. 29,
caput, da Lei 12.651/2012), porém, o registro não autoriza
procedimento simplificado para concessão de licença ambiental,
mas, ao contrário, acaba por se tornar um requisito para a
concessão de licença ambiental, como no caso previsto no art. 4o, §
6o, IV, da Lei 12.651/2012.
(OAB/Exame Unificado – 2016.3) O Governo Federal, tendo em vista a
grande dificuldade em conter o desmatamento irregular em florestas
públicas, iniciou procedimento de concessão florestal para que
particulares possam explorar produtos e serviços florestais. Sobre o
caso, assinale a afirmativa correta.
(A) Essa concessão é antijurídica, uma vez que o dever de tutela
do meio ambiente ecologicamente equilibrado é intransferível a
inalienável.
(B) Essa concessão, que tem como objeto o manejo florestal
sustentável, deve ser precedida de licitação na modalidade de
concorrência.
(C) Essa concessão somente é possível para fins de exploração de
recursos minerais pelo concessionário.
(D) Essa concessão somente incide sobre florestas públicas
estaduais e, por isso, a competência para sua delegação é exclusiva
dos Estados, o que torna ilegal sua implementação pelo IBAMA.
A: incorreta, pois a Lei 11.284/2006 estabelece que a concessão
florestal também tem por objetivo a melhoria e recuperação
Gabarito “C”
ambiental na área de concessão e seu entorno (art. 30, VII, da Lei
11.284/2006); B: correta (art. 3, VII, c/c art. 13, § 1º, da Lei
11.284/2006); C: incorreta, pois essa concessão tem em mira, na
verdade, “o direito de praticar manejo florestal sustentável para
exploração de produtos e serviços numa unidade de manejo” (art.
3º, VII, da Lei 11.284/2006), sendo que é inclusive vedada a outorga
da exploração de recursos minerais no âmbito da concessão
florestal (art. 16, § 1º, IV, da Lei 11.284/2006); D: incorreta, pois a
Lei 11.284/2006 trata das florestas públicas em geral, incluindo as
federais, estaduais e municipais, sendo que cada esfera cuidará da
respectiva concessão. WG
(OAB/Exame Unificado – 2015.3) João acaba de adquirir dois imóveis,
sendo um localizado em área urbana e outro, em área rural. Por
ocasião da aquisição de ambos os imóveis, João foi alertado pelos
alienantes de que os imóveis contemplavam Áreas de Preservação
Permanente (APP) e de que, por tal razão, ele deveria buscar uma
orientação mais especializada, caso desejasse nelas intervir.
Considerando a disciplina legal das Áreas de Preservação
Permanente (APP), bem como as possíveis preocupações gerais de
João, assinale a afirmativa correta.
(A) As APPs não são passíveis de intervenção e utilização, salvo
decisão administrativa em sentido contrário de órgão estadual
integrante do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA,
uma vez que não há preceitos legais abstratamente prevendo
exceções à sua preservação absoluta e integral.
(B) As hipóteses legais de APP, com o advento do denominado
“Novo Código Florestal” – Lei nº 12.651/2012 –, foram abolidas
Gabarito “B”
em âmbito federal, subsistindo apenas nos casos em que os
Estados e Municípios assim as exijam legalmente.
(C) As APPs são espaços territoriais especialmente protegidos,
comportando exceções legais para fins de intervenção, sendo certo
que os Estados e os Municípios podem prever outras hipóteses de
APP além daquelas dispostas em normas gerais, inclusiveem suas
Constituições Estaduais e Leis Orgânicas, sendo que a supressão
irregular da vegetação nela situada gera a obrigação do
proprietário, possuidor ou ocupante a qualquer título de promover
a sua recomposição, obrigação esta de natureza propter rem.
(D) As APPs, assim como as reservas legais, não se aplicam às
áreas urbanas, sendo certo que a Lei Federal nº 12.651/2012
(“Novo Código Florestal”), apesar de ter trazido significativas
mudanças no seu regime, garantiu as APPs para os imóveis rurais
com mais de 100 hectares.
A: incorreta, pois há sim preceito legal abstrato já prevendo
exceções à preservação absoluta e integral do caracterizado como
APP, como é o previsto no art. 8º, § 3º, da Lei 12.651/2012, pelo
qual “É dispensada a autorização do órgão ambiental competente
para a execução, em caráter de urgência, de atividades de
segurança nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas
à prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas”; B:
incorreta, pois o atual Código Florestal também prevê hipóteses de
APP (art. 4º da Lei 12.651/2012); C: correta, pois de fato são áreas
especialmente protegidas (art. 3º, II, da Lei 12.651/2012); Estados e
Municípios podem prever outras hipóteses além das já dispostas no
Código Florestal (art. 6º da Lei 12.651/2012); e a obrigação de
proteger essa área se impõe também ao sucessor do imóvel, ou
seja, é propter rem (art. 7º, § 2º, da Lei 12.651/2012); vale salientar
que o STJ editou a Súmula 623 no mesmo sentido, qual seja, a de
“as obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo
admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos
anteriores, à escolha do credor”; D: incorreta, pois as APPs se
aplicam às áreas urbanas (art. 4º, caput, da Lei 12.651/2012).
(OAB/Exame Unificado – 2015.1) Hugo, proprietário de imóvel rural, tem
instituída Reserva Legal em parte de seu imóvel. Sobre a hipótese,
considerando o instituto da Reserva Legal, de acordo com a
disciplina do Novo Código Florestal (Lei nº 12.651/2012), assinale a
afirmativa correta.
(A) As áreas de Reserva Legal são excluídas da base tributável do
Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR),
compreendendo esta uma função extrafiscal do tributo.
(B) Caso Hugo transmita onerosamente a propriedade, o
adquirente não tem o dever de recompor a área de Reserva Legal,
mesmo que averbada, tendo em vista o caráter personalíssimo da
obrigação.
(C) Hugo não pode explorar economicamente a área de Reserva
Legal, conduta tipificada como crime pelo Novo Código Florestal
(Lei n2 12.651/2012).
(D) A área compreendida pela Reserva Legal é considerada
Unidade de Conservação de Uso Sustentável, admitindo
exploração somente se inserida no plano de manejo instituído pelo
Poder Público.
A: correta (art. 41, II, “c”, da Lei 12.651/2012); B: incorreta, pois,
segundo o art. 2º, § 2º, da Lei 12.651/2012, as obrigações previstas
no Código Florestal têm natureza real e são transmitidas ao
Gabarito “C”
sucessor, no caso, o adquirente do imóvel; C: incorreta, pois é
admitida a exploração econômica da Reserva Legal, desde que
mediante manejo sustentável, previamente aprovado pelo órgão
competente do SISNAMA (art. 17, § 1º, da Lei 12.651/2012); D:
incorreta, pois o manejo é aprovado e não instituído pelo Poder
Público.
(OAB/Exame Unificado – 2014.2) A definição dos espaços territoriais
especialmente protegidos é fundamental para a manutenção dos
processos ecológicos. Sobre o instituto da Reserva Legal, de acordo
com o Novo Código Florestal (Lei n. 12.651/2012), assinale a
afirmativa correta.
(A) Pode ser instituído em área rural ou urbana, desde que
necessário à reabilitação dos processos ecológicos.
(B) Incide apenas sobre imóveis rurais, e sua área deve ser
mantida sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de
Preservação Permanente.
(C) Foi restringida, de acordo com a Lei n. 12.651/2012, às
propriedades abrangidas por Unidades de Conservação.
(D) Incide apenas sobre imóveis públicos, consistindo em área
protegida para a preservação da estabilidade geológica e da
biodiversidade.
A: incorreta, pois a reserva legal incide apenas sobre áreas rurais
(arts. 3º, III, e 12, caput, da Lei 12.651/2012); B: correta (art. 12,
caput, da Lei 12.651/2012); C: incorreta, pois se aplica a todo imóvel
rural, independentemente de ser unidade de conservação (art. 12,
caput, da Lei 12.651/2012); D: incorreta, pois incide sobre imóvel
Gabarito “A”
público ou privado e seu objetivo é “assegurar o uso econômico de
modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a
conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover
a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção
de fauna silvestre e da flora nativa”.
(OAB/Exame Unificado – 2013.1) João, militante ambientalista, adquire
chácara em área rural já degradada, com o objetivo de cultivar
alimentos orgânicos para consumo próprio. Alguns meses depois, ele
é notificado pela autoridade ambiental local de que a área é de
preservação permanente.
Sobre o caso, assinale a afirmativa correta.
(A) João é responsável pela regeneração da área, mesmo não
tendo sido responsável por sua degradação, uma vez que se trata
de obrigação propter rem.
(B) João somente teria a obrigação de regenerar a área caso
soubesse do dano ambiental cometido pelo antigo proprietário, em
homenagem ao princípio da boa-fé.
(C) O único responsável pelo dano é o antigo proprietário,
causador do dano, uma vez que João não pode ser
responsabilizado por ato ilícito que não cometeu.
(D) Não há responsabilidade do antigo proprietário ou de João,
mas da Administração Pública, em razão da omissão na
fiscalização ambiental quando da transmissão da propriedade.
A: correta, pois a obrigação de manter a vegetação situada em área
de preservação permanente é real e transmitida ao sucessor do
proprietário no caso de alienação do bem ou transferência da posse
Gabarito “B”
deste, tratando-se, assim, de obrigação propter rem (art. 7º, § 2º, da
Lei 12.651/2012); vale salientar que o STJ editou a Súmula 623 no
mesmo sentido, qual seja, a de “as obrigações ambientais possuem
natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário ou
possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor”; B a D:
incorretas, pois, como se viu, a obrigação é propter rem, ou seja,
decorrente simplesmente do fato de João ser o novo proprietário da
coisa (art. 7º, § 2º, da Lei 12.651/2012), não sendo necessário
comprovar culpa ou dolo de João; quanto à Administração Pública,
ela até poderá responder junto com os proprietários antigos e novos,
mas desde que se demonstre que se omitiu culposamente na
fiscalização ambiental do bem.
(OAB/Exame Unificado – 2011.2) João adquiriu em maio de 2000 um
imóvel em área rural, banhado pelo Rio Formoso. Em 2010, foi
citado para responder a uma ação civil pública proposta pelo
Município de Belas Veredas, que o responsabiliza civilmente por ter
cometido corte raso na mata ciliar da propriedade. João alega que o
desmatamento foi cometido pelo antigo proprietário da fazenda, que
já praticava o plantio de milho no local. Em razão do exposto, é
correto afirmar que
(A) a manutenção de área de mata ciliar é obrigação propter rem;
sendo obrigação de conservação, é automaticamente transferida
do alienante ao adquirente. Logo, João terá que reparar a área.
(B) João será obrigado a recuperar a área, mas, como não poderá
mais utilizá-la para o plantio do milho, terá direito a indenização, a
ser paga pelo Poder Público, por força do princípio do protetor-
recebedor.
Gabarito “A”
(C) a responsabilidade por dano ambiental é objetiva, mas, como
não há nexo de causalidade entre a ação do novo proprietário e o
corte raso na área, verifica-se a excludente de responsabilidade, e
João não será obrigado a reparar o dano.
(D) a responsabilidade civil por dano ambiental difuso prescreve
em cinco anos por força da Lei 9.873/1999. Logo, João não será
obrigado a reparar o dano.O STJ já vinha decidindo, à época da questão, que é dispensável a
prova do nexo de causalidade na responsabilidade de adquirente de
imóvel já danificado, por se tratar de obrigação propter rem (Resp.
1.056.540). Não bastasse, o atual Código Florestal (Lei
12.651/2012), é claro no sentido de que “as obrigações previstas
nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao sucessor, de
qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou posse do
imóvel rural” (art. 2º, § 2º). Por fim, vale salientar que o STJ acabou
por editar a Súmula 623 no mesmo sentido, qual seja, a de “as
obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo
admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos
anteriores, à escolha do credor”. Assim, a alternativa “A” está
correta.
(OAB/Exame Unificado – 2010.3) A supressão de vegetação primária e
secundária no estágio avançado de regeneração somente poderá ser
autorizada em caso de utilidade pública, sendo que a vegetação
secundária em estágio médio de regeneração poderá ser suprimida
nos casos de utilidade pública e interesse social, em todos os casos
devidamente caracterizados e motivados em procedimento
administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e
Gabarito “A”
locacional ao empreendimento proposto, conforme o disposto no art.
14 da Lei 11.428/2006, que dispõe sobre a utilização e proteção da
vegetação nativa do bioma Mata Atlântica. A esse respeito, assinale a
alternativa correta.
(A) Desde que obtida a autorização de supressão de vegetação de
Mata Atlântica, com base na Lei 11.428/2006, não é aplicável a
legislação que exige a licença ambiental, de acordo com a
CRFB/1988, a Lei 6.938/1981 e o Decreto 99.274/1990.
(B) Um advogado de proprietário de terreno urbano afirma ser
possível a obtenção de licença ambiental para edificação de
condomínio residencial com supressão de Mata Atlântica com base
em utilidade pública.
(C) A licença ambiental de empreendimento de relevante e
significativo impacto ambiental localizado em terreno recoberto de
Mata Atlântica não pode ser concedida em hipótese alguma.
(D) Um produtor de pequena propriedade ou posse rural entende
que é possível a obtenção de licença ambiental para atividade
agroflorestal sustentável, tendo como motivo o interesse social.
A: incorreta, pois a autorização de supressão de vegetação da Mata
Atlântica é um requisito a mais que o empreendedor deve cumprir, e
não uma providência que dispensa a realização do licenciamento
previsto nas leis mencionadas na alternativa; B: incorreta, pois os
casos de utilidade pública estão previstos no art. 3º, VII, da Lei
11.428/2006, e não contemplam a hipótese mencionada na
alternativa; C: incorreta, pois a lei em tela regulamenta justamente
os casos em que é cabível a utilização desse tipo de bem; D:
correta (art. 3º, VIII, b, da Lei 11.428/2006).
Gabarito “D”
(FGV – 2014) Com relação à Área de Preservação Permanente, nos
termos da Lei Federal n. 12.651/2012, que dispõe sobre a proteção da
vegetação nativa e dá outras providências, analise as afirmativas a
seguir.
I. É considerada área de preservação permanente as florestas e
demais formas de vegetação natural, situadas ao longo dos rios,
em faixa marginal, cuja largura mínima será de cinco metros para
os rios de menos de dez metros de largura.
II. É considerada área de preservação permanente, em zonas
rurais ou urbanas, as faixas marginais de qualquer curso d’água
natural, perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a
borda da calha do leito regular, em largura mínima de trinta
metros, para os cursos d’água de menos de dez metros de largura.
III. É considerada área de preservação permanente, as florestas e
demais formas de vegetação natural situadas no topo de morros,
montanha e serras, com altura mínima de oitenta metros e
inclinação média maior que 25º em relação à base.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente a afirmativa II estiver correta.
(C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.
I: incorreta, pois a largura mínima é de 30 metros e não de 5 metros
(art. 4º, I, “a”, da Lei 12.651/2012); II: correta (art. 4º, I, “a”, da Lei
12.651/2012); III: incorreta, pois a altura mínima é de 100 metros e
não de 80 metros, nos termos do art. 4º, IX, da Lei 12.651/2012.
10. PROTEÇÃO DA FAUNA
(Magistratura/MT – 2009 – VUNESP) Diante da preocupação com a
extinção de espécies, pode-se afirmar que o Código de Caça brasileiro
(Lei n. 5.197/1967) prevê que
(A) apenas espécies de peixes exóticos poderão ser introduzidas
no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida na
forma da Lei.
(B) é permitido o exercício da caça profissional para exportação de
peles e couros em bruto para o Exterior.
(C) as licenças de caçadores serão concedidas, mediante
pagamento de uma taxa anual equivalente a um décimo do salário-
mínimo mensal.
(D) somente é permitida a exportação de peles e couros de
anfíbios e répteis, em bruto.
(E) o pagamento das licenças, registros e taxas, previstos nesta
Lei, será recolhido à Caixa Econômica Federal, em conta especial,
a crédito do Fundo Federal Agropecuário, sob o título “Recursos
da Fauna”.
A: incorreta, pois “nenhuma espécie poderá ser introduzida no País,
sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida na forma da
Lei” (art. 4º da Lei 5.197/1967); B: incorreta, pois é proibido o
exercício de caça profissional (art. 2º da Lei 5.197/1967); C: correta
(art. 20 da Lei 5.197/1967); D: incorreta, pois é “proibida a
exportação para o exterior, de peles e couros de anfíbios e répteis,
Gabarito “B”
em bruto” (art. 18 da Lei 5.197/1967); E: incorreta, pois o
recolhimento será no Banco do Brasil (art. 24 da Lei 5.197/1967).
11. RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL
Segue um resumo sobre a Responsabilidade Civil Ambiental:
1. Responsabilidade objetiva.
A responsabilidade objetiva pode ser conceituada como o dever de
responder por danos ocasionados ao meio ambiente,
independentemente de culpa ou dolo do agente responsável pelo
evento danoso. Essa responsabilidade está prevista no § 3º do art.
225 da CF, bem como no § 1º do art. 14 da Lei 6.938/1981 e ainda no
art. 3º da Lei 9.605/1998.
Quanto a seus requisitos, diferentemente do que ocorre com a
responsabilidade objetiva no Direito Civil, onde são apontados três
requisitos para a configuração da responsabilidade (conduta, dano e
nexo de causalidade), no Direito Ambiental são necessários apenas
dois.
A doutrina aponta a necessidade de existir um dano (evento danoso),
mais o nexo de causalidade, que o liga ao poluidor.
Aqui não se destaca muito a conduta como requisito para a
responsabilidade ambiental, apesar de diversos autores entenderem
haver três requisitos para sua configuração (conduta, dano e nexo de
causalidade). Isso porque é comum o dano ambiental ocorrer sem
que se consiga identificar uma conduta específica e determinada
causadora do evento.
Gabarito “C”
Quanto ao sujeito responsável pela reparação do dano, é o poluidor,
que pode ser tanto pessoa física como jurídica, pública ou privada.
Quando o Poder Público não é o responsável pelo empreendimento,
ou seja, não é o poluidor, sua responsabilidade é subjetiva, ou seja,
depende de comprovação de culpa ou dolo do serviço de fiscalização,
para se configurar. Assim, o Poder Público pode responder pelo dano
ambiental por omissão no dever de fiscalizar. Nesse caso, haverá
responsabilidade solidária do poluidor e do Poder Público. Mas
lembre-se: se o Poder Público é quem promove o empreendimento,
sua responsabilidade é objetiva.
Em se tratando de pessoa jurídica, a Lei 9.605/1998 estabelece que
esta será responsável nos casos em que a infração for cometida por
decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão
colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Essa
responsabilidade dapessoa jurídica não exclui a das pessoas físicas,
autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato.
A Lei 9.605/1998 também estabelece uma cláusula geral que permite
a desconsideração da personalidade jurídica da pessoa jurídica, em
qualquer caso, desde que destinada ao ressarcimento dos prejuízos
causados à qualidade do meio ambiente. Segundo o seu art. 4º,
poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua
personalidade for obstáculo ao ressarcimento dos prejuízos causados
à qualidade do meio ambiente. Adotou-se, como isso, a chamada
teoria menor da desconsideração, para a qual basta a insolvência da
pessoa jurídica, para que se possa atingir o patrimônio de seus
membros. No direito civil, ao contrário, adotou-se a teoria maior da
desconsideração, teoria que exige maiores requisitos, no caso, a
existência de um desvio de finalidade ou de uma confusão
patrimonial para que haja desconsideração.
Outro ponto importante diz respeito ao ônus da prova em matéria de
responsabilidade civil ambiental. O STJ editou Súmula 618 no
sentido de que “a inversão do ônus da prova aplica-se às ações de
degradação ambiental.”
O STJ também editou mais duas súmulas relevantes em matéria
ambiental. Confira:
Súmula 623 – As obrigações ambientais possuem natureza propter
rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual
e/ou dos anteriores, à escolha do credor.
Súmula 629 – Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação
do réu à obrigação de fazer ou à de não fazer cumulada com a de
indenizar.
2. Reparação integral dos danos.
A obrigação de reparar o dano não se limita a pagar uma
indenização; ela vai além: a reparação deve ser específica, isto é, ela
deve buscar a restauração ou recuperação do bem ambiental lesado,
ou seja, o seu retorno à situação anterior. Assim, a responsabilidade
pode envolver as seguintes obrigações:
a) de reparação natural ou in specie: é a reconstituição ou
recuperação do meio ambiente agredido, cessando a atividade lesiva
e revertendo-se a degradação ambiental. É a primeira providência
que deve ser tentada, ainda que mais onerosa que outras formas de
reparação;
b) de indenização em dinheiro: consiste no ressarcimento pelos
danos causados e não passíveis de retorno à situação anterior. Essa
solução só será adotada quando não for viável fática ou
tecnicamente a reconstituição. Trata-se de forma indireta de sanar
a lesão.
c) compensação ambiental: consiste em forma alternativa à
reparação específica do dano ambiental, e importa na adoção de
uma medida de equivalente importância ecológica, mediante a
observância de critérios técnicos especificados por órgãos públicos
e aprovação prévia do órgão ambiental competente, admissível
desde que seja impossível a reparação específica. Por exemplo, caso
alguém tenha derrubado uma árvore, pode-se determinar que essa
pessoa, como forma de compensação ambiental, replante duas
árvores da mesma espécie.
3. Dano ambiental.
Não é qualquer alteração adversa no meio ambiente causada pelo
homem que pode ser considerada dano ambiental. Por exemplo, o
simples fato de alguém inspirar oxigênio e expirar gás carbônico não
é dano ambiental. O art. 3º da Lei 6.938/1981 nos ajuda a desvendar
quando se tem dano ambiental, ao dispor que a poluição é a
degradação ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b)
criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c)
afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas
ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em
desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.
Quanto aos atingidos pelo dano ambiental, este pode atingir pessoas
indetermináveis e ligadas por circunstâncias de fato (ocasião em que
será difuso), grupos de pessoas ligadas por relação jurídica base
(ocasião em que será coletivo), vítimas de dano oriundo de conduta
comum (ocasião em que será individual homogêneo) e vítima do
dano (ocasião em que será individual puro).
De acordo com o pedido formulado na ação reparatório é que se
saberá que tipo de interesse (difuso, coletivo, individual homogêneo
ou individual) está sendo protegido naquela demanda.
Quanto à extensão do dano ambiental, a doutrina reconhece que este
pode ser material (patrimonial) ou moral (extrapatrimonial). Será da
segunda ordem quando afetar o bem-estar de pessoas, causando
sofrimento e dor. Há de se considerar que há decisão do STJ no
sentido que não se pode falar em dano moral difuso, já que o dano
deve estar relacionado a pessoas vítimas de sofrimento, e não a uma
coletividade de pessoas. De acordo com essa decisão, pode haver
dano moral ambiental a pessoa determinada, mas não pode haver
dano moral ambiental a pessoas indetermináveis.
4. A proteção do meio ambiente em juízo.
A reparação do dano ambiental pode ser buscada extrajudicialmente,
quando, por exemplo, é celebrado termo de compromisso de
ajustamento de conduta com o Ministério Público, ou judicialmente,
pela propositura da ação competente.
Há duas ações vocacionadas à defesa do meio ambiente. São elas: a
ação civil pública (art. 129, III, da CF e Lei 7.347/1985) e a ação
popular (art. 5º, LXXIII, CF e Lei 4.717/1965). A primeira pode ser
promovida pelo Ministério Público, por entes da Administração
Pública ou por associações constituídas há pelo menos um ano, que
tenham por objetivo a defesa do meio ambiente. Já a segunda é
promovida pelo cidadão.
Também são cabíveis em matéria ambiental o mandado de
segurança (art. 5º, LXIX e LXX, da CF e Lei 12.016/2009), individual
ou coletivo, preenchidos os requisitos para tanto, tais como prova
pré-constituída, e ato de autoridade ou de agente delegado de serviço
público; o mandado de injunção (art. 5º, LXXI, da CF), quando a
falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos
direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania; as ações de
inconstitucionalidade (arts. 102 e 103 da CF e Leis 9.868/1999 e
9.882/1999); e a ação civil de responsabilidade por ato de
improbidade administrativa em matéria ambiental (art. 37, § 4º,
da CF, Lei 8.429/1992 e art. 52 da Lei 10.257/2001).
(OAB/Exame XXXV) A sociedade empresária Beta atua no ramo de
produção de produtos agrotóxicos, com regular licença ambiental, e
vem cumprindo satisfatoriamente todas as condicionantes da
licença. Ocorre que, por um acidente causado pela queda de um raio
em uma das caldeiras de produção, houve vazamento de material
tóxico, que causou grave contaminação do solo, subsolo e lençol
freático.
Não obstante a sociedade empresária tenha adotado, de plano,
algumas medidas iniciais para mitigar e remediar parte dos
impactos, fato é que ainda subsiste considerável passivo ambiental a
ser remediado.
Tendo em vista que a sociedade empresária Beta parou de atender às
determinações administrativas do órgão ambiental competente, o
Ministério Público ajuizou ação civil pública visando à remediação
ambiental da área.
Na qualidade de advogado(a) da sociedade empresária Beta, para
que seu cliente decida se irá ou não celebrar acordo judicial com o
MP, você lhe informou que, no caso em tela, a responsabilidade civil
por danos ambiental é
(A) afastada, haja vista que a atividade desenvolvida pelo
empreendedor era lícita e estava devidamente licenciada.
(B) afastada, pois se rompeu o nexo de causalidade, diante da
ocorrência de força maior.
(C) subjetiva e, por isso, diante da ausência de dolo ou culpa por
prepostos da sociedade empresária, não há que se falar em
obrigação de reparar o dano.
(D) objetiva e está fundada na teoria do risco integral, de maneira
que não se aplicam as excludentes do dever de reparar o dano do
caso fortuito e força maior.
A e C: incorretas, pois a responsabilidade civil por danos ambientais
é objetiva, não importando portanto se a conduta da empresa era
lícita ounão, ou se era culposa ou não; B: incorreta, pois a
responsabilidade civil ambiental é objetiva e, por se adotar a teoria
do risco integral, não há que se falar em excludente de
responsabilidade, tal como a força maior; D: correta, pois a
responsabilidade civil ambiental é objetiva e, pelo fato de o STF ter
adotado a teoria do risco integral, não há que se falar em excludente
de responsabilidade, tal como a força maior ou o caso fortuito;
confira: “A responsabilidade por dano ambiental é objetiva,
informada pela teoria do risco integral, sendo o nexo de causalidade
o fator aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do
ato, sendo descabida a invocação, pela empresa responsável pelo
dano ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para
afastar sua obrigação de indenizar” (Tese julgada sob o rito do art.
543-C do CPC/1973, TEMA 681 e 707, letra a).
(OAB/Exame Unificado – 2019.2) Em decorrência de grave dano
ambiental em uma Unidade de Conservação, devido ao rompimento
de barragem de contenção de sedimentos minerais, a Defensoria
Pública estadual ingressa com Ação Civil Pública em face do
causador do dano. Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta.
(A) A Ação Civil Pública não deve prosseguir, uma vez que a
Defensoria Pública não é legitimada a propor a referida ação
judicial.
(B) A Defensoria Pública pode pedir a recomposição do meio
ambiente cumulativamente ao pedido de indenizar, sem que isso
configure bis in idem.
(C) Tendo em vista que a conduta configura crime ambiental, a
ação penal deve anteceder a Ação Civil Pública, vinculando o
resultado desta.
(D) A Ação Civil Pública não deve prosseguir, uma vez que apenas
o IBAMA possui competência para propor Ação Civil Pública
quando o dano ambiental é causado em Unidade de Conservação.
A: incorreta, pois a Defensoria Pública é legitimada para essa ação
civil pública, nos termos do art. 5º, II, da Lei 7.347/85; B: correta;
segundo o STJ, “A cumulação de obrigação de fazer, não fazer e
pagar não configura bis in idem, porquanto a indenização, em vez
de considerar lesão específica já ecologicamente restaurada ou a
ser restaurada, põe o foco em parcela do dano que, embora
causada pelo mesmo comportamento pretérito do agente, apresenta
Gabarito “D”
efeitos deletérios de cunho futuro, irreparável ou intangível” (RE
1.198.727-MG); C: incorreta, pois as instâncias civil e penal são
independentes entre si, sem contar que os critérios de
responsabilização de uma são diferentes dos da outra; D: incorreta,
pois a legitimidade para ação civil pública ambiental é ampla e
legitimados como a Defensoria e Ministério Público, por exemplo,
são universais.
(OAB/Exame Unificado – 2018.1) Configurada a violação aos dispositivos
da Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação,
especificamente sobre a restauração e recuperação de ecossistema
degradado, o Estado Z promove ação civil pública em face de
Josemar, causador do dano. Em sua defesa judicial, Josemar não
nega a degradação, mas alega o direito subjetivo de celebração de
Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), com a possibilidade de
transacionar sobre o conteúdo das normas sobre restauração e
recuperação. Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta.
(A) Josemar não possui direito subjetivo à celebração do TAC,
que, caso celebrado, não pode dispor sobre o conteúdo da norma
violada, mas sobre a forma de seu cumprimento.
(B) O TAC não pode ser celebrado, uma vez que a ação civil
pública foi proposta pelo Estado, e não pelo Ministério Público.
(C) Josemar possui direito subjetivo a celebrar o TAC, sob pena de
violação ao princípio da isonomia, mas sem que haja possibilidade
de flexibilizar o conteúdo das normas violadas.
(D) Josemar possui direito subjetivo a celebrar o TAC nos termos
pretendidos, valendo o termo como título executivo extrajudicial,
apto a extinguir a ação civil pública por perda de objeto.
Gabarito “B”
A: correta; de acordo o art. 79-A, caput, da Lei 9.605/1998, os
órgãos do SISNAMA ficam autorizados (e não “obrigados”) a
celebrar um TAC com as pessoas responsáveis pela degradação
ambiental; ademais, o TAC, de fato, não pode transacionar sobre o
conteúdo da norma violada, mas apenas permitir que o causador do
dano possa promover as necessárias correções de suas atividades,
para o atendimento das exigências impostas pelas autoridades
ambientais competentes (art. 79-A, § 1o, da Lei 9.605/1998); B:
incorreta, pois o Estado, como órgão integrante do SISNAMA (art.
6o, caput, da Lei 6.938/1981), pode celebrar TAC (art. 79-A, caput,
da Lei 9.605/1998); C e D: incorretas, pois de acordo o art. 79-A,
caput, da Lei 9.605/1998, os órgãos do SISNAMA ficam autorizados
(e não “obrigados”) a celebrar um TAC com as pessoas
responsáveis pela degradação ambiental, de modo que Josemar
não tem direito subjetivo ao acordo, mas mera expectativa de direito
em fazê-lo.
(OAB/Exame Unificado – 2017.1) Tendo em vista a infestação de
percevejo-castanho-da-raiz, praga que causa imensos danos à sua
lavoura de soja, Nelson, produtor rural, desenvolveu e produziu de
forma artesanal, em sua fazenda, agrotóxico que combate a aludida
praga. Mesmo sem registro formal, Nelson continuou a usar o
produto por meses, o que ocasionou grave intoxicação em Beto,
lavrador da fazenda, que trabalhava sem qualquer equipamento de
proteção. Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta.
(A) Não há qualquer responsabilidade de Nelson, que não
produziu o agrotóxico de forma comercial, mas para uso próprio.
Gabarito “A”
(B) Nelson somente responde civilmente pelos danos causados,
pelo não fornecimento de equipamentos de proteção a Beto.
(C) Nelson responde civil e criminalmente pelos danos causados,
ainda que não tenha produzido o agrotóxico com finalidade
comercial.
(D) Nelson somente responde administrativamente perante o
Poder Público pela utilização de agrotóxico sem registro formal.
A: incorreta, pois se aplica ao caso a responsabilidade civil pela
teoria do risco proveito, mais especificamente a responsabilidade
objetiva prevista no art. 927, parágrafo único, do Código Civil; B:
incorreta, pois no caso tem-se responsabilidade objetiva de Nelson
por desenvolver atividade de risco que lhe causa proveito, sendo
que mesmo que tivesse fornecido equipamentos de proteção
responderia da mesma forma, nos termos do art. 927, parágrafo
único, do Código Civil; C: correta, pois se aplica ao caso a
responsabilidade civil pela teoria do risco proveito, mais
especificamente a responsabilidade objetiva prevista no art. 927,
parágrafo único, do Código Civil; a responsabilidade penal, mesmo
que no caso concreto dependa da existência do elementos subjetivo
culposo, também se aplicará porque houve conduta culposa de
Nelson ao não fornecer equipamentos de segurança para Beto; D:
incorreta, pois a responsabilidade civil objetiva está configurada na
forma do art. 927, parágrafo único, do CC e a responsabilidade
penal pela lesão causada em Beto em atitude no mínimo culposa de
Nelson ao não fornecer equipamento de segurança. WG
(OAB/Exame Unificado – 2016.2) No curso de obra pública de construção
de represa para fins de geração de energia hidrelétrica em rio que
Gabarito “C”
corta dois estados da Federação, a associação privada Sorrio propõe
ação civil pública buscando a reconstituição do ambiente ao status
quo anterior ao do início da construção, por supostos danos ao meio
ambiente. Considerando a hipótese, assinale a afirmativa correta.
(A) Caso a associação Sorrio abandone a ação, o Ministério
Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa.
(B) Caso haja inquérito civil público em curso, proposto pelo
Ministério Público, a ação civil pública será suspensa pelo prazo de
até 1 (um) ano.
(C) Como o bem público objeto da tutela judicial está localizado
em mais de um estado da federação, a legitimidade ativa exclusiva
para propositura da ação civil pública é do Ministério Público
Federal.
(D) Caso o pedido seja julgado improcedente por insuficiênciade
provas, não será possível a propositura de nova demanda com o
mesmo pedido.
A: correta (art. 5º, § 3º, da Lei 7.347/1985); B: incorreta, pois a
existência de inquérito civil em curso não é causa prevista em lei
para impedir ou suspender uma ação civil pública promovida por um
outro legitimado ativo para esse tipo de ação; C: incorreta, pois não
há essa exclusividade, podendo outros legitimados ativos previstos
em lei (como associações) e até mesmo os ministérios públicos dos
estados respectivos promoverem a ação, sem prejuízo de, no último
caso, o Ministério Público Federal ser chamado a se manifestar na
ação respectiva e até mesmo ter interesse em assumir o polo ativo
da demanda; D: incorreta, pois nesse específico caso
(improcedência por falta de provas) não se forma a coisa julgada
material, mas apenas a formal, sendo possível o ajuizamento de
ação no futuro, desde que embasada em nova prova (art. 16 da Lei
7.347/1985).
(OAB/Exame Unificado – 2014.3) No curso de obra pública, a
Administração Pública causa dano em local compreendido por área
de preservação permanente.
Sobre o caso apresentado, assinale a opção que indica de quem é a
responsabilidade ambiental.
(A) Em se tratando de área de preservação permanente, que
legalmente é de domínio público, o ente só responde pelos danos
ambientais nos casos de atuação com dolo ou culpa grave.
(B) Em se tratando de área de preservação permanente, a
Administração Pública responderá de forma objetiva pelos danos
causados ao meio ambiente, independentemente das
responsabilidades administrativa e penal.
(C) Em se tratando de dano ambiental cometido dentro de área de
preservação permanente, a Administração Pública não tem
responsabilidade, sob pena de confusão, recaindo sobre o agente
público causador do dano, independentemente das
responsabilidades administrativa e penal.
(D) Trata-se de caso de responsabilidade subjetiva solidária de
todos aqueles que contribuíram para a prática do dano, inclusive
do agente público que determinou a prática do ato.
A: incorreta, pois, em sendo a área do próprio Poder Público, a
responsabilidade deste é objetiva, como de resto é a
responsabilidade civil do Estado e a responsabilidade ambiental; B:
correta, pois o Poder Púbico responde objetivamente quando ele é o
Gabarito “A”
próprio empreendedor, prevalecendo a responsabilidade objetiva do
Estado prevista no art. 37, § 6º, da CF; C e D: incorretas, pois, em
sendo a obra pública, o Estado é empreendedor e, como tal,
responde objetivamente, ficando o agente público responsável, por
meio de ação de regresso, em caso de culpa ou dolo deste; ou seja,
o Estado responde sim (ficando afastada a alternativa “c”, além de
que a responsabilidade é objetiva (e não subjetiva) e não se dá
diretamente em relação ao agente público (que só responde
regressivamente e se for comprovada a culpa ou o dolo dele),
ficando afastada a alternativa “D”.
(FGV – 2014) A fábrica de sabonetes Cheiro Bom Ltda. foi construída
há 10 anos sobre um terreno onde funcionou, por 30 anos, um posto
de gasolina, cuja atividade contaminou o solo da área e seu entorno,
de forma perigosa à saúde. Em razão do caso exemplificado, assinale
a afirmativa correta.
(A) A fábrica de sabonetes não tem qualquer obrigação de
remediar a área contaminada, porque a degradação ambiental, no
momento da transferência dominial, não é automaticamente
repassada ao adquirente do bem imóvel.
(B) A fábrica de sabonetes estará desobrigada a remediar o solo da
área contaminada e seu entorno pois, no curso do licenciamento
ambiental, celebrou Termo de Ajustamento de Conduta, com base
na Lei Estadual n. 3.467/2000, visando à adoção de medidas
compensatórias relacionadas aos danos ambientais oriundos da
contaminação.
(C) A fábrica de sabonetes, ainda que já possua licença ambiental
válida, será obrigada pelo órgão ambiental competente a adotar
Gabarito “B”
medidas que promovam a remediação de toda a área contaminada,
de forma a minimizar ou anular os riscos ambientais.
(D) A fábrica de sabonetes, construída há 10 anos, poderá
continuar funcionando, já que a obrigação de elaborar um EIA-
RIMA e de se submeter a licenciamento prescreveu.
(E) A fábrica de sabonetes possui licença de operação válida e, por
isso, o órgão ambiental competente só poderá obrigá-la a adotar
medidas de remediação da área contaminada no momento da
renovação de sua licença.
A: incorreta, pois em direito ambiental vem-se reconhecendo que a
obrigação de reparar o dano é de natureza real (propter rem), que é
transmitida inclusive para o sucessor da área, conforme previsão
legal expressa, por exemplo, no art. 7º, caput, e § 2º, da Lei
12.651/12; B: incorreta, pois a responsabilidade ambiental deve se
dar prioritariamente pela reparação in specie, ficando a
compensação ambiental prejudicada quando possível fazer a
reparação específica do meio ambiente; C: correta, considerando a
responsabilidade que tem, na forma do mencionado no comentário à
alternativa “A”; D: incorreta, pois a licença ambiental, diferentemente
da licença administrativa (por exemplo, licença para construir uma
casa), apesar de normalmente envolver competência vinculada, tem
prazo de validade definido e não gera direito adquirido para seu
beneficiário; dessa forma, mesmo que o empreendedor tenha
cumprido os requisitos da licença, caso, ainda assim, tenha sido
causado dano ao meio ambiente, a existência de licença em seu
favor não o exime de reparar o dano e de tomar as medidas
adequadas à recuperação do meio ambiente.
Gabarito “C”
(FGV – 2014) Um representante do Ministério Público Federal
promoveu uma Ação Civil Pública em face do Estado do Ceará e de
seu órgão ambiental com o objetivo de anular a licença de instalação
expedida pelo órgão ambiental estadual que autorizava a construção
de um porto, sob o argumento de que a mencionada licença fora
concedida sem prévia avaliação de viabilidade. Em reunião entre as
partes foi celebrado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC),
que levou a efeito a demanda judicial mediante compensação
ambiental. Após o cumprimento do TAC, uma Associação de
Pescadores local promoveu nova Ação Civil Pública, de objeto e
pedidos idênticos aos da demanda promovida pelo parquet federal.
A partir do caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
(A) A tutela antecipada do pedido foi deferida pelo juízo, com
fundamento no Princípio da Prevenção e com o objetivo de suprir
a omissão da transação.
(B) A tutela antecipada do pedido foi indeferida pelo juízo, já que
a Associação não possui legitimidade para promover a demanda.
(C) A tutela antecipada do pedido foi indeferida pelo juízo, já que
o cumprimento do TAC faz coisa julgada.
(D) A tutela antecipada do pedido foi indeferida pelo juízo, já que
a insuficiência do estudo de viabilidade ambiental não denota
dano ao meio ambiente.
(E) A tutela antecipada do pedido foi deferida pelo juízo, já que o
parquet federal não possui legitimidade para celebrar o TAC com o
Estado e seu órgão ambiental.
A: correta, pois, havendo omissão na transação, não há que se falar
em coisa julgada; B: incorreta, pois associações têm legitimidade
para propor ação civil pública (art. 1º, I, c.c art. 5º, V, da Lei
7.347/1985); C: incorreta, pois, havendo omissão na transação, não
há que se falar em coisa julgada no ponto omisso; D: incorreta, pois
não há essa restrição na lei (art. 5º, § 6º, da Lei 7.347/1985).
12. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AMBIENTAL
(OAB/Exame Unificado – 2012.3.A) A respeito da responsabilidade
administrativa federal por danos ambientais, regulamentada pelo
Decreto n. 6.514/2008 e alterado pelo Decreto 6.686/2008, assinale
a afirmativa correta.
(A) A demolição de obras só poderá ser aplicada em edificações
não residenciais e sua execução deverá ocorrer às custas do
infrator.
(B) A demolição de obra é medida excepcional e só poderá ser
aplicada em situações de flagrante ilegalidade e em edificações
com menos de dez anos.
(C) A demoliçãode obra, em respeito ao direito fundamental à
moradia, só poderá ser aplicada em construções residenciais
erguidas em unidades de conservação e outros espaços
ambientalmente protegidos e as custas para a sua realização
correrão por conta do infrator.
(D) A demolição de obra ou construção com fins residenciais ou
comerciais, em razão do princípio da defesa do meio ambiente,
dar-se-á nos casos em que a ausência da demolição importa em
iminente risco de agravamento do dano ambiental e as custas para
sua realização correrão por conta do infrator.
A: correta (art. 19, § 2º, do Decreto 6.514/2008); B a D: incorretas,
pois tal sanção pode ser aplicada quando “verificada a construção
Gabarito “A”
de obra em área ambientalmente protegida em desacordo com a
legislação ambiental ou quando a obra ou construção realizada não
atenda às condicionantes da legislação ambiental e não seja
passível de regularização” (art. 19 do Decreto 6.514/2008), ou seja,
não há na norma a exigência de “flagrante ilegalidade” ou de
“edificação com menos de 10 anos” (alternativa “b”), bem como de
que, em se tratando de construções residenciais, estas tenham sido
“erguidas em unidades de conservação e outros espaços
ambientalmente protegidos” (alternativa “c”) e, em imóveis
residenciais ou comerciais, que “a ausência da demolição importe
em iminente risco de agravamento do dano ambiental” (alternativa
“d”).
13. RESPONSABILIDADE PENAL AMBIENTAL
(OAB/Exame XXXVI) Pedro, proprietário de imóvel localizado em área
rural, com vontade livre e consciente, executou extração de recursos
minerais, consistentes em saibro, sem a competente autorização,
permissão, concessão ou licença e vendeu o material para uma
fábrica de cerâmica.
O Ministério Público, por meio de seu órgão de execução com
atribuição em tutela coletiva, visando à reparação dos danos
ambientais causados, ajuizou ação civil pública em face de Pedro, no
bojo da qual foi realizada perícia ambiental. Posteriormente, em
razão da mesma extração mineral ilegal, o Ministério Público
ofereceu denúncia criminal, deflagrando novo processo, agora em
ação penal, e pretende aproveitar, como prova emprestada no
Gabarito “A”
processo penal, a perícia produzida no âmbito da ação civil pública.
No caso em tela, de acordo com a Lei nº 9.605/98, a perícia
produzida no juízo cível
(A) poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o
contraditório.
(B) não poderá ser utilizada, em razão da independência das
instâncias criminal, cível e administrativa.
(C) não poderá ser aproveitada no processo criminal, eis que é
imprescindível um laudo pericial produzido pela Polícia Federal,
para fins de configuração da existência material do delito.
(D) poderá ser aproveitada na ação penal, mas apenas pode
subsistir uma condenação judicial final, para evitar o bis in idem.
A: correta, nos exatos termos do art. 19, p. ún., da Lei 9.605/98 (“A
perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser
aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório”); B e
C: incorretas, pois o art. 19, p. ún., da Lei 9.605/98 admite que a
perícia produzida no juízo cível seja aproveitada no processo
criminal, estabelecendo como único requisito a instauração de
contraditório (“A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível
poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o
contraditório”); D: incorreta, pois a autorização dada no art. 19, p.
ún, da Lei 9.605/98 não traz essa restrição, sem contar que as
instâncias civil, administrativa e penal são independentes entre si.
(OAB/Exame Unificado – 2020.1) Seguindo plano de expansão de seu
parque industrial para a produção de bebidas, o conselho de
administração da sociedade empresária Frescor S/A autoriza a
Gabarito “A”
destruição de parte de floresta inserida em Área de Preservação
Permanente, medida que se consuma na implantação de nova
fábrica. Sobre responsabilidade ambiental, tendo como referência a
hipótese narrada, assinale a afirmativa correta.
(A) Frescor S/A responde civil e administrativamente, sendo
excluída a responsabilidade penal por ter a decisão sido tomada
por órgão colegiado da sociedade.
(B) Frescor S/A responde civil e administrativamente, uma vez
que não há tipificação criminal para casos de destruição de Área de
Preservação Permanente, mas apenas de Unidades de
Conservação.
(C) Frescor S/A responde civil, administrativa e penalmente,
sendo a ação penal pública, condicionada à prévia apuração pela
autoridade ambiental competente.
(D) Frescor S/A responde civil, administrativa e penalmente,
sendo agravante da pena a intenção de obtenção de vantagem
pecuniária.
A: incorreta, pois, de acordo com o art. 3º, caput, da Lei 9.605/98,
em matéria de Direito Ambiental “As pessoas jurídicas serão
responsabilizadas administrativa, civil e penalmente”; ou seja, a
responsabilização da pessoa jurídica é possível nas três áreas
citadas; o mesmo dispositivo estabelece como requisito para a
responsabilização da pessoa jurídica por uma infração que esta
“seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual,
ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua
entidade”; no caso em tela, a infração foi cometida por decisão do
conselho de administração da sociedade (ou seja, por um órgão
colegiado da pessoa jurídica) e em benefício desta (já que se deu
para a expansão de seu parque industrial), portanto, cabe a
responsabilidade penal no caso e a alternativa está incorreta; B:
incorreta, pois o art. 38 da Lei 9.605/98 tipifica criminalmente sim a
destruição de áreas de preservação permanente; C: incorreta, pois,
de acordo com o art. 26 da Lei 9.605/98, “Nas infrações penais
previstas nesta Lei, a ação penal é pública incondicionada”; D:
correta, nos termos do art. 3º, caput (responsabilidade penal da
pessoa jurídica por decisão do conselho de administração)
cumulado com o artigo 38 (tipificação criminal da destruição de área
de preservação permanente) cumulado com o art. 15, II, “a”
(agravante pela intenção de obtenção de vantagem pecuniária),
todos da Lei 9.605/98.
(OAB/Exame Unificado – 2012.2) Luísa, residente e domiciliada na
cidade de Recife, após visitar a Austrália, traz consigo para a sua casa
um filhote de coala, animal típico daquele país e inexistente no
Brasil. Tendo em vista tal situação, assinale a afirmativa correta.
(A) Ao trazer o animal, Luísa não cometeu qualquer ilícito
ambiental já que a propriedade de animais domésticos é livre no
Brasil.
(B) Ao trazer o animal, Luísa, em princípio, não cometeu qualquer
ilícito ambiental, pois o crime contra o meio ambiente só se
configuraria caso Luísa abandonasse ou praticasse ações de
crueldade contra o animal por ela adotado.
(C) Ao trazer o animal, Luísa cometeu crime ambiental, pois o
introduziu no Brasil sem prévio licenciamento ambiental, sendo a
Justiça estadual de Pernambuco competente para julgar a eventual
ação.
Gabarito “D”
(D) Ao trazer o animal, Luísa cometeu crime ambiental, pois o
introduziu no Brasil sem licença e sem parecer técnico oficial
favorável, sendo a Justiça Federal competente para julgar a
eventual ação.
Segundo o art. 31 da Lei 9.605/1998, é crime punível com detenção
e multa a introdução de espécime animal no País, sem parecer
técnico favorável e licença expedida por autoridade competente.
Assim, Luísa cometeu sim ilícito ambiental. Ficam afastadas,
portanto, as alternativas “A” e “B”. Quanto à alternativa “C”, também
está incorreta, pois o ilícito penal se dá em face de competência de
autarquia federal; com efeito, compete ao IBAMA a autorização de
ingresso de espécime nova no País, o que faz com que, nos termos
do art. 109 da CF, a competência seja da Justiça Federal, e não da
Justiça Estadual, por haver interesse de autarquia federal em jogo
(STJ, CC 96.853/RS, DJ 17.10.2008). Não bastasse, a introdução
de animais exóticos no País concerne diretamente com o exercício
da soberania deste e a tutela que dispensa a sua própria fauna
globalmenteconsiderada, em consequência dos imprevisíveis
efeitos que tais animais podem causar no meio ambiente (TRF 3ª
Região, RSE 4.528, DJ 19.06.2007), envolvendo, assim, interesse
da União, a atrair a competência da Justiça Federal. Já a alternativa
“D” está correta, nos termos do art. 31 da Lei 9.605/1998, bem como
da competência do IBAMA, autarquia federal, para a autorização
que Luísa deveria ter pedido, atraindo, definitivamente, a
competência da Justiça Federal.
(OAB/Exame Unificado – 2011.2) A Lei 9.605/1998, regulamentada pelo
Decreto 6.514/2008, que dispõe sobre sanções penais e
Gabarito “D”
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio
ambiente, trouxe novidades nas normas ambientais. Entre elas está a
(A) possibilidade de assinatura de termos de ajustamento de
conduta, que somente é possível pelo cometimento de ilícito
ambiental.
(B) desconsideração da pessoa jurídica, que foi estabelecida para
responsabilizar a pessoa física sempre que sua personalidade for
obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do
meio ambiente.
(C) substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de
direito quando tratar-se de crime doloso.
(D) responsabilidade penal objetiva pelo cometimento de crimes
ambientais.
A: incorreta, pois o termo de ajustamento de conduta já estava
previsto na Lei 7.347/1985; ademais, não é só ato ilícito (ato danoso
culposo ou doloso) que enseja a celebração de TAC; qualquer ato
que venha causando dano ao meio ambiente, mesmo ato em que
não há culpa ou dolo, também é passível de TAC; B: correta (art. 4º
da Lei 9.605/1998), valendo ressaltar que a lei ambiental adotou a
Teoria Menor da Desconsideração da Personalidade Jurídica,
havendo menos requisitos para que o juiz aplique o instituto; C:
incorreta, pois tal substituição depende de que se trate de crime
culposo (art. 7º, I, da Lei 9.605/1998); D: incorreta, pois não existe
responsabilidade penal objetiva.
(OAB/Exame Unificado – 2010.2) Diante das disposições estabelecidas
pela Lei n. 9.605/1998 sobre as sanções penais e administrativas
Gabarito “B”
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente,
assinale a alternativa correta.
(A) A desconsideração da pessoa jurídica somente será admitida
se a pena restritiva de direitos se revelar inócua para os fins a que
se destina.
(B) A pena restritiva de direitos da pessoa jurídica, no que tange a
proibição de contratar com o poder público, terá duração
equivalente ao tempo de permanência dos efeitos negativos da
conduta delituosa sobre o meio ambiente.
(C) Constitui inovação da lei de crimes ambientais a excludente de
antijuridicidade relativamente ao comércio não autorizado de
animais da fauna silvestre voltado exclusivamente à subsistência
da entidade familiar.
(D) Os tipos penais ambientais, em regra, descrevem crimes de
perigo abstrato, que se consumam com a própria criação do risco,
efetivo ou presumido, independentemente de qualquer resultado
danoso.
A: incorreta, pois a Lei 9.605/1998 adotou a Teoria Menor da
Desconsideração, ou seja, exige “menos” requisitos para a
desconsideração da personalidade; no caso, exige-se apenas que a
personalidade seja obstáculo ao ressarcimento de prejuízo
causados à qualidade do meio ambiente (art. 4º), de modo que não
há outros requisitos para a desconsideração da personalidade, em
matéria de responsabilidade civil ambiental; B: incorreta, pois tal
pena não poderá exceder o prazo de 10 anos (art. 22, § 3º, da Lei
9.605/1998); C: incorreta, pois não existe essa excludente no art.
29, § 1º, III, da Lei 9.605/1998; a excludente nesse sentido diz
respeito ao desmatamento e à degradação de floresta (art. 50-A, §
1º, da Lei 9.605/1998); D: correta, pois grande parte dos crimes
previstos na Lei 9.605/1998 se consuma com a simples criação do
risco, independentemente do resultado danoso; por exemplo, repare
o crime do art. 29 da lei; basta perseguir um espécime da fauna
silvestre, sem a devida permissão, para que esse crime contra a
fauna se configure.
(OAB/Exame Unificado – 2010.1) Relativamente à tutela penal do meio
ambiente, assinale a opção correta.
(A) Não constitui crime o abate de animal quando realizado, entre
outras hipóteses, em estado de necessidade, para saciar a fome do
agente ou de sua família.
(B) Constitui crime matar, perseguir, caçar, apanhar ou utilizar
espécimes da fauna silvestre sem a devida permissão, licença ou
autorização da autoridade competente. Tal proibição não alcança,
entretanto, os espécimes em rota migratória que não sejam
nativos.
(C) Comprovada a responsabilidade de pessoa jurídica na prática
de crime ambiental, ficará automaticamente excluída a
responsabilidade das pessoas físicas, autoras, coautoras ou
partícipes do mesmo fato.
(D) Os animais ilegalmente caçados que forem apreendidos
deverão ser libertados em seu habitat, não podendo ser entregues
a jardins zoológicos ou a entidades similares.
A: Opção correta. Conforme o art. 37, I, da Lei n. 9.605/1998, não é
crime o abate de animal quando realizado em estado de
necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família; B:
Opção incorreta. Nos termos do art. 29 da Lei n. 9.605/1998,
Gabarito “D”
constitui crime ambiental matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar
espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a
devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente,
ou em desacordo com a obtida; C: Opção incorreta. Segundo o
parágrafo único do art. 3.º da Lei n. 9.605/1998, a responsabilidade
das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras,
coautoras ou partícipes do mesmo fato; D: Opção incorreta. O art.
25, § 1.º, da Lei n. 9.605/1998 estabelece que os animais serão
libertados em seu habitat ou entregues a jardins zoológicos,
fundações ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a
responsabilidade de técnicos habilitados.
14. ESTATUTO DA CIDADE
(OAB/Exame Unificado – 2017.2) A Lei Federal nº 123, de iniciativa
parlamentar, estabelece regras gerais acerca do parcelamento do solo
urbano. Em seguida, a Lei Municipal nº 147 fixa área que será objeto
do parcelamento, em função da subutilização de imóveis.
Inconformado com a nova regra, que atinge seu imóvel, Carlos
procura seu advogado para que o oriente sobre uma possível
irregularidade nas novas regras. Considerando a hipótese, acerca da
Lei Federal nº 123, assinale a afirmativa correta.
(A) É formalmente inconstitucional, uma vez que é competência
dos municípios legislar sobre política urbana.
(B) É formalmente inconstitucional, uma vez que a competência
para iniciativa de leis sobre política urbana é privativa do
Presidente da República.
Gabarito “A”
(C) Não possui vício de competência, já que a Lei Municipal nº
147 é inconstitucional, sendo da competência exclusiva da União
legislar sobre política urbana.
(D) Não possui vício de competência, assim como a Lei Municipal
nº 147, sendo ainda de competência dos municípios a execução da
política urbana.
A: incorreta, pois o art. 182, § 1º, I, da CF prevê que essa exigência
municipal de parcelamento do solo tem que ser “nos termos de lei
federal”, de modo que a Lei Federal 123 não é formalmente
inconstitucional; B: incorreta, pois nem o art. 182, § 1º, I, da CF,
nem qualquer outro artigo da CF estabelecem que iniciativa de lei
federal que trate do parcelamento do solo no caso é privativa do
Presidente da República, aplicando-se, assim, a regra de iniciativa
concorrente de leis federais prevista no art. 61, “caput”, da CF; C:
incorreta, pois a Lei Municipal 123, que fixa as áreas que podem ser
objeto de parcelamento, foi criada de acordo com a CF, que
estabelece que “é facultado ao Poder Público Municipal” estabelecer
as áreas incluídas no plano diretor que estarão sujeitas a esse
parcelamento regulado em lei federal; D: correta, pois o art. 182, §
1º, I, da CF prevê que essa exigência municipal de parcelamento do
solo tem que ser “nos termos de lei federal”, e também estabelece
que“é facultado ao Poder Público Municipal” estabelecer as áreas
incluídas no plano diretor que estarão sujeitas a esse parcelamento
regulado em lei federal. WG
(OAB/Exame Unificado – 2016.2) O prefeito do Município Alfa, que conta
hoje com 30 (trinta) mil habitantes e tem mais de 30% de sua área
constituída por cobertura vegetal, consulta o Procurador Geral do
Gabarito “D”
Município para verificar a necessidade de edição de Plano Diretor,
em atendimento às disposições constitucionais e ao Estatuto da
Cidade (Lei nº 10.257/01). Sobre o caso, assinale a afirmativa
correta.
(A) O Plano Diretor não é necessário, tendo em vista a área de
cobertura vegetal existente no Município Alfa, devendo este ser
substituído por Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA).
(B) O Plano Diretor não será necessário, tendo em vista que todos
os municípios com mais de 20 (vinte) mil habitantes estão
automaticamente inseridos em “aglomerações urbanas”, que, por
previsão legal, são excluídas da necessidade de elaboração de
Plano Diretor.
(C) Será necessária a edição de Plano Diretor, aprovado por lei
municipal, que abrangerá todo o território do Município Alfa, em
razão do seu número de habitantes.
(D) O Plano Diretor será necessário na abrangência da região
urbana do município, regendo, no que tange à área de cobertura
vegetal, as normas da Política Nacional do Meio Ambiente.
A e B: incorretas, pois o plano diretor é obrigatório para cidades
com mais de 20 mil habitantes (art. 182, § 1º, da CF; art. 41, I, da
Lei 10.257/2001); C: correta, pois o plano diretor é obrigatório para
cidades com mais de 20 mil habitantes (art. 182, § 1º, da CF; art. 41,
I, da Lei 10.257/2001); D: incorreta, pois o plano diretor deverá
englobar a área do Município com um todo e não só a área urbana
(art. 40, § 2º, da Lei 10.257/2001).
Gabarito “C”
(OAB/Exame Unificado – 2010.3) O Estudo de Impacto de Vizinhança –
EIV é uma espécie do gênero Avaliação de Impacto Ambiental e está
disciplinado no Estatuto da Cidade, que estabelece e enumera os
instrumentos da política de desenvolvimento urbano, de acordo com
seus arts. 4º e 36 a 38. A esse respeito, assinale a alternativa correta.
(A) A elaboração de estudo de impacto de vizinhança não substitui
a elaboração de estudo prévio de impacto ambiental, requerida nos
termos da legislação ambiental.
(B) As atividades de relevante e significativo impacto ambiental
que atingem mais de um Município são precedidas de estudo de
impacto de vizinhança.
(C) A Avaliação de Impacto Ambiental é exigida para analisar o
adensamento populacional e a geração de tráfego e demanda por
transporte público advindos da edificação de um prédio.
(D) O estudo de impacto de vizinhança só pode ser exigido em
área rural pelo órgão ambiental municipal.
A: correta (art. 38 da Lei 10.257/2001); B: incorreta, pois o impacto
de vizinhança tem caráter local; no caso, como há mais de um
Município, há de se fazer outro tipo de estudo de impacto ambiental;
C: incorreta, pois esse caso impõe Estudo de Impacto de
Vizinhança, e não Avaliação de Impacto Ambiental (art. 37, I e V, da
Lei 10.527/2001); D: incorreta, pois tal estudo se dá em área urbana
(art. 36 da Lei 10.527/2001), e não rural.
15. RESÍDUOS SÓLIDOS
Gabarito “A”
(OAB/Exame Unificado – 2018.1) Os Municípios ABC e XYZ
estabeleceram uma solução consorciada intermunicipal para a gestão
de resíduos sólidos. Nesse sentido, celebraram um consórcio para
estabelecer as obrigações e os procedimentos operacionais relativos
aos resíduos sólidos de serviços de saúde, gerados por ambos os
municípios. Sobre a validade do plano intermunicipal de resíduos
sólidos, assinale a afirmativa correta.
(A) Não é válido, uma vez que os resíduos de serviços de saúde
não fazem parte da Política Nacional de Resíduos Sólidos, sendo
disciplinados por lei específica.
(B) É válido, sendo que os Municípios ABC e XYZ terão prioridade
em financiamentos de entidades federais de crédito para o manejo
dos resíduos sólidos.
(C) É válido, devendo o consórcio ser formalizado por meio de
sociedade de propósito específico com a forma de sociedade
anônima.
(D) É válido, tendo como conteúdo mínimo a aplicação de 1% (um
por cento) da receita corrente líquida de cada município
consorciado.
A: incorreta, pois os resíduos de serviços de saúde estão sim
contemplados na Política Nacional de Resíduos Sólidos, nos termos
do art. 13, I, “g”, da Lei 12.305/2010; B: correta, nos termos do art.
45 da Lei 12.305/2010; C: incorreta; nos termos do art. 45 da Lei
12.305/2010, os consórcios em questão devem ser constituídos
segundo o disposto na Lei de Consórcios Públicos (Lei
11.107/2005), que prevê a adoção da figura jurídica do consórcio
público e não de sociedade de propósito específico; D: incorreta,
pois não há previsão desta obrigação na Lei da Política Nacional de
Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010).
(OAB/Exame Unificado – 2017.3) Bolão Ltda., sociedade empresária,
pretende iniciar atividade de distribuição de pneus no mercado
brasileiro. Para isso, contrata uma consultoria para, dentre outros
elementos, avaliar sua responsabilidade pela destinação final dos
pneus que pretende comercializar. Sobre o caso, assinale a afirmativa
correta.
(A) A destinação final dos pneus será de responsabilidade do
consumidor final, no âmbito do serviço de regular limpeza urbana.
(B) A sociedade empresária será responsável pelo retorno dos
produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do
serviço público de limpeza urbana.
(C) A destinação final dos pneus, de responsabilidade solidária do
distribuidor e do consumidor final, se dará no âmbito do serviço
público de limpeza urbana.
(D) Previamente à distribuição de pneus, a sociedade empresária
deve celebrar convênio com o produtor, para estabelecer,
proporcionalmente, as responsabilidades na destinação final dos
pneus.
A, C e D: incorretas, pois a Lei 12.305/2010 estabelece que são
obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa,
mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de
forma independente do serviço público de limpeza urbana e de
manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes de pneu (art. 33, I, da Lei
12.305/2010); B: correta, nos termos da obrigação prevista no art.
33, I, da Lei 12.305/2010.
Gabarito “B”
(OAB/Exame Unificado – 2017.2) O Município de Fernandópolis, que já
possui aterro sanitário, passa por uma grave crise econômica. Diante
disso, o prefeito solicita auxílio financeiro do Governo Federal para
implantar a coleta seletiva de resíduos sólidos, que contará com a
participação de associação de catadores de materiais recicláveis.
Sobre o auxílio financeiro tratado, assinale a afirmativa correta.
(A) Não será possível o auxílio financeiro, sob pena de violação ao
princípio da isonomia com relação aos demais entes da Federação.
(B) Não será possível o auxílio financeiro, uma vez que a coleta
seletiva de resíduos sólidos do Município de Fernandópolis está
sendo realizada parcialmente por associação privada.
(C) O auxílio financeiro é possível, desde que o Município possua
até 20 mil habitantes ou seja integrante de área de especial
interesse turístico.
(D) O auxílio financeiro é possível, desde que o Município elabore
plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos.
A: incorreta, pois o art. 18, “caput”, da Lei 12.305/2010 prevê a
possibilidade de ajuda financeira aos Municípios que cumprirem os
requisitos legais; B: incorreta, pois o art. 18, § 1º, II, da Lei
12.305/2010, estabelece que serão priorizados no acesso aos
recursos da União os Municípios que implantarem a coleta seletiva
com a participação de cooperativas ou de outras formas de
associação de catadores de materiais recicláveis; C: incorreta, pois
o art. 18 da Lei 12.305/2010 não estabelece esse dois requisitos
para que haja o auxílio financeiro da União; D: correta, pois o art.
18, “caput”, da Lei 12.305/2010 exige que os Municípios(e do DF)
Gabarito “B”
elaborem plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos
para terem acesso a recursos da União. WG
(Juiz de Direito/PE – 2013 – FCC) Considere as afirmações abaixo acerca
da Política Nacional de Resíduos Sólidos, tal como instituída pela Lei
nº
 
12.305/2010.
I. No gerenciamento de resíduos sólidos, a não geração e a
redução de resíduos são objetivos preferíveis à reciclagem e ao
seu tratamento adequado.
II. Os fabricantes de produtos em geral têm o dever de
implementar sistemas de logística reversa.
III. Os consumidores têm responsabilidade compartilhada pelo
ciclo de vida de quaisquer produtos adquiridos.
Está correto o que se afirma em
(A) II e III, apenas.
(B) I e II, apenas.
(C) I, apenas.
(D) I, II e III.
(E) I e III, apenas.
I: correta; pela ordem, a gestão e o gerenciamento de resíduos
sólidos devem buscar o seguinte – não geração, redução,
reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos e disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos (art. 9º, “caput”, da Lei
12.305/2010); II: incorreta, pois fabricantes (além de importadores,
distribuidores e comerciantes) devem providenciar o retorno dos
Gabarito “D”
produtos após o uso pelo consumidor (logística reversa), apenas
quanto aos produtos mencionados no art. 33 da Lei 12.305/2010,
tais como pilhas, baterias, pneus, dentre outros; III: correta (arts. 3º,
I e XVII, 6º, VII, 7º, XII, 8º, III, 17, VIII, 21, VII, e 30 a 36, todos da
Lei 12.305/2010).
(Defensor Público/AM – 2013 – FCC) Uma organização não
governamental (ONG) está trazendo para o Estado do Amazonas
resíduos sólidos perigosos, provenientes dos Estados Unidos da
América, cujas características causam dano ao meio ambiente e à
saúde pública, para tratamento e posterior reutilização em benefício
de população de baixa renda. Tal conduta, segundo a Política
Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal nº 12.305/2010),
(A) depende de autorização discricionária do Presidente da
República por envolver os Ministérios do Meio Ambiente e da
Saúde.
(B) é permitida, diante da destinação social do resíduo sólido.
(C) é proibida, ainda que haja tratamento e posterior reutilização
do resíduo sólido.
(D) é permitida, desde que exame prévio do material, realizado no
país de origem, comprove a possibilidade de adequado tratamento
do resíduo sólido.
(E) é permitida, desde que exame prévio do material, realizado no
Brasil, comprove a possibilidade de adequado tratamento do
resíduo sólido.
A, B, D e E: incorretas, pois é absolutamente proibida a importação
de resíduos sólidos perigosos e rejeitos que possam causar danos
Gabarito “E”
ao meio ambiente, à saúde pública e animal e à sanidade vegetal,
mesmo que para tratamento, reforma, reúso, reutilização ou
recuperação, nos termos do que dispõe o art. 49 da Lei
12.305/2010; C: correta, nos termos do referido art. 49 da Lei
12.305/2010.
16. RECURSOS HÍDRICOS
(OAB/Exame Unificado – 2018.3) A União edita o Decreto nº 123, que
fixa as regras pelas quais serão outorgados direitos de uso dos
recursos hídricos existentes em seu território, garantindo que seja
assegurado o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água.
Determinada sociedade empresária, especializada nos serviços de
saneamento básico, interessada na outorga dos recursos hídricos,
consulta seu advogado para analisar a possibilidade de assumir a
prestação do serviço. Desse modo, de acordo com a Lei da Política
Nacional de Recursos Hídricos, assinale a opção que indica o uso de
recursos hídricos que pode ser objeto da referida outorga pela União.
(A) O lançamento de esgotos em corpo de água que separe dois
Estados da Federação, com o fim de sua diluição.
(B) A captação da água de um lago localizado em terreno
municipal.
(C) A extração da água de um rio que banhe apenas um Estado.
(D) O uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades
de pequenos núcleos populacionais, distribuídos pelo meio rural.
A: correta; considerando que, nesse caso, está-se diante de bem
pertencente à União, já que o corpo d’água passa por dois Estados
Gabarito “C”
da Federação, ela é a competente para a outorga, nos termos do
art. 14 da Lei 9.433/97; B: incorreta, pois nesse caso se tem um
bem municipal, cabendo ao Município a outorga, nos termos do art.
14 Lei 9.433/97; C: incorreta, pois nesse caso se tem um bem
estadual, cabendo ao Estado correspondente a outorga, nos termos
do art. 14 Lei 9.433/97; D: incorreta, pois nesse caso não será
necessário o ato de outorga, em função do baixo impacto do uso,
nos termos do art. 12, § 1º, I, da Lei 9.433/97.
(Defensor Público/AM – 2013 – FCC) Sobre a Política Nacional de
Recursos Hídricos, analise as afirmações abaixo.
I. A água é um bem de domínio público.
II. A água é um recurso natural ilimitado.
III. A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o
uso múltiplo das águas.
IV. A gestão dos recursos hídricos deve ser centralizada e contar
com a participação do Poder Público, dos usuários e das
comunidades.
É correto o que se afirma APENAS em
(A) I.
(B) II e IV.
(C) II e III.
(D) II.
(E) I e III.
Gabarito “A”
I: correta (art. 1.º, I, da Lei 9.433/1997 – Lei que instituiu a Política
Nacional de Recursos Hídricos); II: incorreta, pois é um recurso
reconhecido como limitado (art. 1.º, II, da Lei 9.433/1997); III: correta
(art. 1.º, IV, da Lei 9.433/1997); IV: incorreta, pois a gestão deve ser
descentralizada (art. 1.º, VI, da Lei 9.433/1997).
17. BIOSSEGURANÇA
(Magistratura/MT – 2006 – VUNESP) Com relação à Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança, pode-se afirmar que
I. é integrante do Ministério do Meio Ambiente;
II. é instância colegiada multidisciplinar, tanto de caráter
deliberativo como consultivo;
III. seu objetivo é aumentar sua capacitação somente para o meio
ambiente.
De acordo com as assertivas dadas, assinale a alternativa correta.
(A) Somente II está correta.
(B) Somente III está correta.
(C) Somente I está correta.
(D) Somente I e II estão corretas.
I: incorreta, pois a CTNBio é integrante do Ministério da Ciência e da
Tecnologia (art. 10, caput, da Lei 11.105/2005); II: correta (art. 10,
caput, da Lei 11.105/2005); III: incorreta, pois “a CTNBio deverá
acompanhar o desenvolvimento e o progresso técnico e científico
nas áreas de biossegurança, biotecnologia, bioética e afins, com o
Gabarito “E”
objetivo de aumentar sua capacitação para a proteção da saúde
humana, dos animais e das plantas e do meio ambiente” (art. 10,
parágrafo único, da Lei 11.105/2005).
18. AGRÁRIO
(FGV – 2009) Nos termos da Emenda Constitucional n. 45/2004, para
dirimir conflitos fundiários é correto afirmar que:
(A) o Tribunal de Justiça designará juízes de entrância especial,
com competência para questões agrárias.
(B) o juiz natural da causa que verse sobre questão agrária deverá
sempre se manter afastado do local do litígio, para eficiência e
imparcialidade da prestação jurisdicional.
(C) o Tribunal de Justiça proporá a criação de varas
especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias.
(D) o Superior Tribunal de Justiça criará turmas especializadas
para julgar recursos sobre questões agrárias.
(E) a lei estadual de organização judiciária determinará as varas
de fazenda públicas e, na falta destas no local do litígio, as varas
cíveis, sendo vedada a criação de vara ou entrância com
competência exclusiva para questão agrária.
Consoante determina o art. 126 da CF: “Para dirimir conflitos
fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de varas
especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias”.
Gabarito “A”
Gabarito “C”
(FGV – 2009) No que diz respeito à usucapião especial rural, ou pro
labore, é correto afirmar que:
(A) pode recair sobre imóvel público rural.
(B) dispensa tanto o justo título como a posse de boa-fé.
(C) exige área não superior a 25 (vinte e cinco) hectares.
(D) aplica-se à posse de terreno urbano sem construção.
(E) admite interrupção do prazo de aquisição.civil que tenha por objeto as relações
consumeristas, não se admitindo exceções, sendo declarada abusiva
qualquer cláusula que disponha de modo contrário.
Gabarito “A”
A: correta, nos estritos termos do disposto no art. 6º, VIII, do CDC; B:
incorreta, pois o CDC presume o consumidor vulnerável (conceito de
direito material – art. 4º, I, do CDC) e não hipossuficiente (conceito de
direito processual); assim, a inversão do ônus da prova não é
automática; o juiz, para decidir pela inversão do ônus da prova, deve
verificar se está presente um dos requisitos autorizadores, ou seja, se há
HIPOSSUFICIÊNCIA ou VEROSSIMILHANÇA DA ALEGAÇÃO (art. 6º,
VIII, do CDC); C: incorreta, pois é nula de pleno direito qualquer cláusula
que determine a inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor
(art. 51, VI, do CDC); D: incorreta, pois, como se viu, a inversão do ônus
da prova não é automática, devendo o juiz determiná-la, caso preenchido
o requisito legal.
(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Analisando o artigo 6º, V, do Código de
Defesa do Consumidor, que prescreve: “São direitos básicos do
consumidor: V – a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam
prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas”, assinale a
alternativa correta.
(A) Exige a imprevisibilidade do fato superveniente.
(B) Não traduz a relativização do princípio contratual da autonomia da
vontade das partes.
(C) Almeja, em análise sistemática, precipuamente, a resolução do
contrato firmado entre consumidor e fornecedor.
(D) Admite a incidência da cláusula rebus sic stantibus.
A: incorreta, pois o art. 6º, V, do CDC não exige que o fato superveniente
que torne a obrigação excessivamente onerosa seja imprevisível, para
que se tenha direito à revisão contratual; assim, diferentemente do
Código Civil (art. 478), o CDC não adotou a Teoria da Imprevisão, mas
Gabarito “A”
sim a Teoria da Onerosidade Excessiva; B: incorreta, pois a possibilidade
de modificação contratual (quanto a prestações que já nascem
desproporcionais) e de revisão contratual (quanto a prestações que se
tornem excessivamente onerosas por fatos supervenientes) faz com que
o princípio da autonomia da vontade seja relativizado, já que o juiz
interfere na autonomia da vontade das partes quando promove a
modificação ou revisão contratual; C: incorreta, pois o princípio da
conservação dos contratos exige que o contrato seja mantido, salvo se
não houver possibilidade alguma nesse sentido; a ideia da lei é modificar
ou revisar os contratos nas situações mencionadas no art. 6º, V, do CDC,
e não resolver (extinguir) o contrato; D: correta, pois tal cláusula
determina que as estipulações contratuais sejam mantidas enquanto as
condições permanecerem inalteradas; assim, caso ocorra um fato novo,
que altere as condições existentes quando da realização do contrato, é
cabível a revisão contratual; no caso, basta que esse fato novo torne a
prestação de uma das partes excessivamente onerosa, para que se
tenha direito à revisão contratual.
(OAB/Exame Unificado – 2011.1) No âmbito do Código de Defesa do
Consumidor, em relação ao princípio da boa-fé objetiva, é correto afirmar
que
(A) importa em reconhecimento de um direito a cumprir em favor do
titular passivo da obrigação.
(B) não se aplica à fase pré-contratual.
(C) para a caracterização de sua violação imprescindível se faz a análise
do caráter volitivo das partes.
(D) sua aplicação se restringe aos contratos de consumo.
A: assertiva considerada correta pela examinadora; no entanto, a
questão deveria ser anulada, pois essa alternativa também está
Gabarito “D”
incorreta; primeiro porque o princípio da boa-fé se aplica a ambos os
contratantes, mesmo que um deles tenha mais obrigações que o outro,
pois esse princípio tem por efeito criar deveres anexos a ambos os
contratantes (Enunciado JDC/CJF nº 24); assim, não é só a favor do
“titular passivo da obrigação” que se deve reconhecer direitos pela
aplicação do princípio; segundo porque, mesmo que assim o fosse, o
certo era que constasse a expressão “titular ativo da obrigação”, pois
titular passivo é quem tem a obrigação, e não quem se favorece dela;
terceiro porque está errado, tecnicamente, dizer que alguém tem um
“direito a cumprir em favor” de outrem, sendo correto dizer que alguém
tem um “dever a cumprir em favor” de outrem; enfim, a questão tem
graves equívocos conceituais, que justificam a sua anulação; B:
incorreta, pois o princípio da boa-fé se aplica a todas as fases que
envolve o contrato (tratativas, celebração, execução, extinção e pós-
extinção do contrato); C: incorreta, pois o princípio é da boa-fé objetiva,
que é aquela extraída do contexto social; assim, pouco importa qual é o
pensamento ou a intenção das partes, ficando caracterizada a violação
ao princípio com a simples conduta que o juiz entender que viola os
deveres de lealdade extraídos da ética social; D: incorreta, pois o Código
Civil também estabelece o princípio da boa-fé objetiva (art. 422 do CC).
3. RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR
(OAB/Exame XXXVI) A sociedade empresária Cimento Montanha Ltda.
integra, com outras cinco sociedades empresárias, um consórcio que atua
na realização de obras de construção civil.
Estruturas e Fundações Pinheiro Ltda., uma das sociedades
consorciadas, foi responsabilizada em ação de responsabilidade civil por
danos causados aos consumidores em razão de falhas estruturais em
Gabarito “A”
imóveis construídos no âmbito das atividades do consórcio, que
apresentaram rachaduras, um dos quais desabou.
Considerando as normas sobre a responsabilidade de sociedades
integrantes de grupo econômico perante o consumidor, segundo o Código
de Defesa do Consumidor, assinale a afirmativa correta.
(A) Apenas a sociedade Estruturas e Fundações Pinheiro Ltda. poderá
ser responsabilizada pelos danos aos consumidores, pois as demais
consorciadas somente se obrigam nas condições previstas no respectivo
contrato, respondendo cada uma por suas obrigações, sem
solidariedade entre si.
(B) As sociedades integrantes do consórcio são solidariamente
responsáveis pelas obrigações da sociedade Estruturas e Fundações
Pinheiro Ltda., porém a responsabilidade delas perante o consumidor é
sempre em caráter subsidiário.
(C) As sociedades integrantes do consórcio são solidariamente
responsáveis, sem benefício de ordem entre elas, pelas obrigações da
sociedade Estruturas e Fundações Pinheiro Ltda. perante os
consumidores prejudicados, haja ou não previsão diversa no contrato
respectivo.
(D) Apenas a sociedade Estruturas e Fundações Pinheiro Ltda. poderá
ser responsabilizada pelos danos aos consumidores, pois as demais
consorciadas só responderão solidariamente com a primeira se ficar
comprovado a culpa de cada uma delas.
De acordo com o § 3º do art. 28 do CDC, as sociedades consorciadas
são solidariamente responsáveis pelas obrigações estabelecidas pelo
Código de Defesa do Consumidor. Dessa forma, como bem enunciado
pela alternativa C, todas as empresas envolvidas no consórcio
respondem, solidariamente, pelos danos causados pela Estruturas e
Fundações Pinheiro Ltda. RD
Gabarito “C”
(OAB/Exame XXXV) José havia comprado um notebook para sua filha, mas
ficou desempregado, não tendo como arcar com o pagamento das parcelas
do financiamento. Foi então que vendeu para a amiga Margarida o
notebook ainda na caixa lacrada, acompanhado de nota fiscal e contrato
de venda, que indicavam a compra realizada cinco dias antes.
Cerca de dez meses depois, o produto apresentou problemas de
funcionamento. Ao receber o bem da assistência técnica que havia sido
procurada imediatamente, Margarida foi informada do conserto referente
à “placa-mãe”.
Na semana seguinte, houve recorrência de mau funcionamento da
máquina. Indignada, Margarida ajuizou ação em face da fabricante,
buscando a devolução do produto e a restituição do valor desembolsado
para a compra, além de reparação por danos extrapatrimoniais.
A entãoDe acordo com o art. 191 da CF: “Aquele que, não sendo
proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco
anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não
superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho
ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a
propriedade”.
19. SANEAMENTO BÁSICO
(OAB/Exame Unificado – 2018.2) Ao estabelecer a estrutura de
remuneração e de cobrança de tarifas relativas à prestação de serviço
de limpeza urbana, a autoridade considera contraprestações variadas
para os bairros X e Y, tendo em vista o nível de renda da população
da área atendida. Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta,
considerando a Lei da Política Nacional de Saneamento Básico.
(A) A estrutura de remuneração está correta, sendo obrigatória a
concessão de isenção de tarifa aos moradores que recebem até um
salário mínimo.
Gabarito “B”
(B) A estrutura de remuneração, com base em subsídios para
atender usuários e localidades de baixa renda, pode ser
estabelecida.
(C) A política de remuneração proposta não é válida, uma vez que
qualquer distinção tarifária deve ter relação direta com o peso ou o
volume médio coletado.
(D) A política de remuneração não é válida, sendo certo que
somente é possível estabelecer diferenciação tarifária
considerando o caráter urbano ou rural da área de limpeza.
A: incorreta, pois a lei permite a adoção de subsídios tarifários para
usuários que não tenham capacidade de pagamento (art. 29, § 2º,
da Lei 11.445/2007), não havendo previsão de isenção de tarifa para
esse caso; B: correta, pois, de acordo com o § 2º do art. 29 da Lei
11.445/2007), “poderão ser adotados subsídios tarifários e não
tarifários para os usuários e localidades que não tenham capacidade
de pagamento ou escala econômica suficiente para cobrir o custo
integral dos serviços”; C e D: incorretas, pois na estrutura legal de
remuneração e de cobrança de tarifas de saneamento básico há
previsão de outros critérios, como o da capacidade de pagamento
dos consumidores (vide o art. 30 da Lei 11.445/2007).
(OAB/Exame Unificado – 2014.1) Nos termos da Lei nº 11.445/2007 (Lei
de Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico), assinale a
afirmativa que indica o serviço público que não pode ser considerado
como saneamento básico.
(A) Esgotamento sanitário.
(B) Manejo de águas pluviais urbanas.
Gabarito “B”
(C) Limpeza urbana.
(D) Administração de recursos hídricos.
O art. 3º, I, da Lei 11.445/2007 considera serviços de saneamento
básico os seguintes: a) abastecimento de água potável; b)
esgotamento sanitário; c) limpeza urbana e manejo de recursos
sólidos; d) drenagem e manejo de águas pluviais urbanas. Dessa
forma, apenas o item “administração de recursos hídricos” não se
encontra no conceito de saneamento básico.
20. QUESTÕES SOBRE COVID
(QUESTÃO 1) No auge da pandemia do coronavírus, a autoridade
pública responsável por criar regras suplementares às leis de
segurança em elevadores está na dúvida se deve ou não estabelecer
regramento exigindo que apenas uma pessoa de cada vez ingresse
nos elevadores. A dúvida se deve ao fato de que há número
expressivo de estudos indicando que o coronavírus pode ser
transferido pelo ar, mas também há outros que não validam essa
afirmação. Caso a autoridade resolva criar essa regra, qual princípio
de direito ambiental melhor se aplica para ser usado como
fundamento da aplicação dessa medida:
(A) princípio da prevenção;
(B) princípio do poluidor-pagador;
(C) princípio da precaução;
(D) princípio da equidade geracional.
Gabarito “D”
A: incorreta, pois o princípio da prevenção se aplica quando se tem
certeza científica de algo, o que não é o caso da questão; B:
incorreta, pois esse princípio se aplica ao poluidor e tem por objetivo
a reparação integral dos danos causados ao meio ambiente; C:
correta, pois esse princípio incide justamente naquelas hipóteses de
incerteza científica sobre se dada conduta pode ou não causar um
dano ao meio ambiente; ele atuará no sentido de que, na dúvida,
deve-se tomar medidas para proteger o meio ambiente (aí incluído o
meio ambiente urbano e do trabalho), tomando as medidas
adequadas para que o suposto dano de fato não ocorra. A ideia aqui
é eliminar a probabilidade do próprio perigo se concretizar; D:
incorreta, pois esse princípio não guarda relação com o enunciado
da questão; esse princípio pode ser definido como aquele pelo qual
as presentes e futuras gerações têm os mesmos direitos quanto ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado.
(QUESTÃO 2) Para enfrentamento da emergência de saúde pública
decorrente do coronavírus, as autoridades poderão adotar, no âmbito
de suas competências, e para fins de proteção do meio ambiente do
trabalho as seguintes medidas:
(A) isolamento e quarentena;
(B) determinação de realização compulsória de exames médicos e
testes laboratoriais;
(C) uso obrigatório de máscaras de proteção individual;
(D) todas as medidas das alternativas anteriores.
A alternativa “d” é correta, uma vez que todas essas medidas estão
previstas no art. 3º da Lei 13.979/20.
Gabarito “C”
(QUESTÃO 3) Para a proteção do meio ambiente do trabalho e do meio
ambiente urbano uma autoridade municipal emite uma portaria com
uma série de definições e regras com vistas a aplicar leis que tratam
das medidas cabíveis para combater a emergência decorrente do
coronavírus. Os textos abaixo foram tirados dessa portaria. Qual
deles está incorreto:
(A) “isolamento: separação de pessoas doentes ou contaminadas,
ou de bagagens, meios de transporte, mercadorias ou encomendas
postais afetadas, de outros, de maneira a evitar a contaminação ou
a propagação do coronavírus”;
(B) “as medidas previstas nesta portaria somente poderão ser
determinadas com base em evidências científicas e em análises
sobre as informações estratégicas em saúde e deverão ser limitadas
no tempo e no espaço ao mínimo indispensável à promoção e à
preservação da saúde pública”;
(C) “a obrigação de usar máscara será dispensada no caso de
pessoas com transtorno do espectro autista, com deficiência
intelectual, com deficiências sensoriais ou com quaisquer outras
deficiências que as impeçam de fazer o uso adequado de máscara
de proteção facial, conforme declaração médica, que poderá ser
obtida por meio digital, bem como no caso de crianças com menos
de 3 (três) anos de idade”;
(D) “quarentena: restrição de atividades ou separação de pessoas
contaminadas, ou de bagagens, contêineres, animais, meios de
transporte ou mercadorias suspeitos de contaminação, de maneira
a evitar a possível contaminação ou a propagação do coronavírus.
Gabarito “D”
A: assertiva correta, não devendo ser assinalada; está de acordo
com o art. 3º, I, da Lei 13.979/20; repare que o isolamento diz
respeito a pessoas já doentes ou contaminadas; B: assertiva
correta, não devendo ser assinalada; está de acordo com o art. 3º, §
1º da Lei 13.979/20; C: assertiva correta, não devendo ser
assinalada; está de acordo com o art. 3º-A, § 7º, da Lei 13.979/20;
D: assertiva incorreta, devendo ser assinalada; a quarentena não se
aplica a pessoas contaminadas, mas sim em relação a pessoas
“suspeitas de contaminação” que não estejam doentes (art. 3º, I, da
Lei 13.979/20).
Gabarito “D”
	Coordenadores e Autores
	SOBRE OS COORDENADORES
	SOBRE OS AUTORES
	COMO USAR O LIVRO?
	1. DIREITO DO CONSUMIDOR
	1. Conceito de Consumidor. Relação de Consumo
	2. Princípios e Direitos Básicos
	3. Responsabilidade do Fornecedor
	4. Práticas Comerciais
	5. Proteção Contratual
	6. Defesa do Consumidor em Juízo
	7. Responsabilidade Administrativa
	8. SNDC e Convenção Coletiva
	2. DIREITO AMBIENTAL
	1. Introdução e princípios do Direito Ambiental
	2. Direito Ambiental na Constituição Federal
	3. Meio Ambiente Cultural
	4. Competência em Matéria Ambiental
	5. SISNAMA e PNMA
	6. Instrumentos de Proteção e Promoção do Meio Ambiente
	7. Licenciamento Ambiental e EIA/RIMA
	8. Unidades de Conservação
	9. Proteção da Flora.ré, por sua vez, alegou, em juízo, a ilegitimidade passiva, a
prescrição e, subsidiariamente, a decadência.
A respeito disso, assinale a afirmativa correta.
(A) O fabricante é parte ilegítima, uma vez que o defeito relativo ao
vício do produto afasta a responsabilidade do fabricante, sendo do
comerciante a responsabilidade para melhor garantir os direitos dos
consumidores adquirentes.
(B) Ocorreu a prescrição, uma vez que o produto havia sido adquirido
há mais de noventa dias e a contagem do prazo se iniciou partir da
entrega efetiva do produto, não sendo possível reclamar a devolução do
produto e a restituição do valor.
(C) Somente José possui relação de consumo com a fornecedora, por
ter sido o adquirente do produto, conforme consta na nota fiscal e no
contrato de venda, implicando ilegitimidade ativa de Margarida para
invocar a proteção da norma consumerista.
(D) A decadência alegada deve ser afastada, uma vez que o prazo
correspondente se iniciou quando se evidenciou o defeito e,
posteriormente, a partir do prazo decadencial de garantia pelo serviço
da assistência técnica, e não na data da compra do produto.
A: Incorreta. Conforme art. 18 do CDC, todos os fornecedores
respondem solidariamente pelo vício do produto inserido no mercado de
consumo, incluindo o fabricante e o comerciante. B: Incorreta. O vício em
questão é oculto, razão pela qual o prazo decadencial para buscar
solução junto ao fornecedor inicia-se quando ficar evidenciado o
problema (art. 26, § 3º, do CDC). C: Incorreta. Conforme o art. 2º, caput,
do CDC, consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou
utiliza produto ou serviço como destinatário final. Dessa forma, fica claro
que Margarida, destinatária final do produto, é consumidora nos termos
da lei e pode demandar seu direito perante o judiciário. D: Correta.
Conforme art. 26, § 3º, do CDC. Frize-se que, embora o caso seja
relacionado ao vício do produto, a própria lei equivoca-se nos termos e
usa a expressão “evidenciou o defeito”. RD
(OAB/Exame XXXIV) Eleonora passeava de motocicleta por uma rodovia
federal quando foi surpreendida por um buraco na estrada, em um trecho
sob exploração por concessionária. Não tendo tempo de desviar, ainda
que atenta ao limite de velocidade, passou pelo buraco do asfalto,
desequilibrou-se e caiu, vindo a sofrer várias escoriações e danos
materiais na moto. Os danos físicos exigiram longo período de internação,
diversas cirurgias e revelaram reflexos de ordem estética.
Você, como advogado(a), foi procurado(a) por Eleonora para ingressar
com a medida judicial cabível diante do evento. À luz do Código de Defesa
do Consumidor, você afirmou, corretamente, que
(A) compete à Eleonora comprovar o nexo de causalidade entre a má
conservação da via e o acidente sofrido, bem como a culpa da
concessionária.
Gabarito “D”
(B) aplica-se a teoria da responsabilidade civil subjetiva à
concessionária.
(C) há relação de consumo entre Eleonora e a concessionária, cuja
responsabilidade é objetiva.
(D) pela teoria do risco administrativo, afasta-se a incidência do CDC,
aplicando-se a responsabilidade civil da Constituição Federal.
A: Incorreta. A responsabilidade civil por defeito nas relações de
consumo é objetiva, ou seja, o consumidor deve fazer a comprovação do
nexo de causalidade e dos danos. De fato, conforme o art. 14 do CDC, o
fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de
culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. Assim, Eleonora
deve comprovar apenas o nexo de causalidade entre a má conservação
da via e o acidente sofrido. B: Incorreta. Conforme justificativa da
alternativa “A”, aplica-se a teoria da responsabilidade objetiva à
concessionária, conforme já mencionado art. 14 do CDC. C: Correta. É
entendimento pacificado pelo STJ que as concessionárias de serviços
rodoviários estão subordinadas ao Código de Defesa do Consumidor,
pela própria natureza de seu serviço (vide REsp 467883 RJ). D:
Incorreta. Conforme justificativa da alternativa “C”, não é aplicada a teoria
do risco administrativo, incidindo o Código de Defesa do Consumidor na
sua integralidade. RD
(OAB/Exame Unificado – 2020.2) Maria compareceu à loja Bela, que integra
rede de franquias de produtos de beleza e cuidados com a pele. A
vendedora ofereceu a Maria a possibilidade de experimentar
gratuitamente o produto na própria loja, sendo questionada pela cliente
se esta poderia fazer uso com quadro de acne em erupção e inflamada,
oportunidade em que a funcionária afirmou que sim. Porém,
Gabarito “C”
imediatamente após a aplicação do produto, Maria sentiu ardência e
vermelhidão intensas, não o comprando. Logo após sair da loja, a situação
agravou-se, e Maria buscou imediato atendimento médico de emergência,
onde se constataram graves lesões na pele. Da leitura do rótulo obtido
através do site da loja, evidenciou-se erro da vendedora, que utilizou no
rosto da cliente produto contraindicado para o seu caso.
Nessa situação, à luz do Código de Defesa do Consumidor e do
entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é correto afirmar que
(A) é objetiva a responsabilidade civil da vendedora que aplicou o
produto em Maria sem observar as contraindicações, afastando- se a
responsabilidade da empresa por culpa de terceiro.
(B) a responsabilidade civil objetiva recai exclusivamente sobre a
franqueadora, a quem faculta-se ingressar com ação de regresso em
face da franqueada.
(C) se a franqueadora for demandada judicialmente, não poderá
invocar denunciação da lide à franqueada, por se tratar de acidente de
consumo.
(D) não há relação de consumo, uma vez que se tratou de hipótese de
amostra grátis, sem que tenha se materializado a relação de consumo,
em razão de o produto não ter sido comprado por Maria.
A: Incorreta. Tratando-se de fato do produto, a responsabilidade civil
objetiva e solidária do fabricante e do franqueador está definida no art.
12 do CDC. De fato, entende o Superior Tribunal de Justiça que “1. Os
contratos de franquia caracterizam-se por um vínculo associativo em que
empresas distintas acordam quanto à exploração de bens intelectuais do
franqueador e têm pertinência estritamente inter partes. 2. Aos olhos do
consumidor, trata-se de mera intermediação ou revenda de bens ou
serviços do franqueador – fornecedor no mercado de consumo, ainda
que de bens imateriais. 3. Extrai-se dos arts. 14 e 18 do CDC a
responsabilização solidária de todos que participem da introdução do
produto ou serviço no mercado, inclusive daqueles que organizem a
cadeia de fornecimento, pelos eventuais defeitos ou vícios apresentados.
(REsp 1426578/SP, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma,
julgado em 23/06/2015, DJe 22/09/2015). Assim, as hipóteses de
excludentes de responsabilidade definidas no art. 12, § 3º, do CDC, não
são aplicáveis ao caso. B: Incorreta. Trata-se de responsabilidade civil
objetiva e solidária. C: Correta. O Código de Defesa do Consumidor, no
seu art. 88, veda a denunciação da lide, o que é corroborado pela
jurisprudência do STJ, que entende que a “denunciação da lide em
processos de consumo é vedada porque poderia implicar maior dilação
probatória, gerando a produção de provas talvez inúteis para o deslinde
da questão principal, de interesse do consumidor”. Vide REsp 917.687;
REsp 1.165.279 e Ag 1.333.671. D: Incorreta. Para ser considerado
fornecedor basta colocar o produto ou o serviço no mercado de
consumo. Nesse caso, a amostra grátis deve ser vista como forma de
publicidade do produto, configurando-se a relação de consumo. RD
(OAB/Exame Unificado – 2020.1) Adriano, por meio de um site especializado,
efetuou reserva de hotel para estada com sua família em praia caribenha.
A reserva foi imediatamente confirmada pelo site, um mês antes das suas
férias, quando fariam a viagem.
Ocorre que, dez dias antes do embarque, o site especializadocomunicou a
Adriano que o hotel havia informado o cancelamento da contratação por
erro no parcelamento com o cartão de crédito. Adriano, então, buscou
nova compra do serviço, mas os valores estavam cerca de 30% mais caros
do que na contratação inicial, com o qual anuiu por não ser mais possível
alterar a data de suas férias.
Ao retornar de viagem, Adriano procurou você, como advogado(a), a fim
de saber se seria possível a restituição dessa diferença de valores.
Gabarito “C”
Neste caso, é correto afirmar que o ressarcimento da diferença arcada
pelo consumidor
(A) poderá ser buscado em face exclusivamente do hotel, fornecedor
que cancelou a contratação.
(B) poderá ser buscado em face do site de viagens e do hotel, que
respondem solidariamente, por comporem a cadeia de fornecimento do
serviço.
(C) não poderá ser revisto, porque o consumidor tinha o dever de
confirmar a compra em sua fatura de cartão de crédito.
(D) poderá ser revisto, sendo a responsabilidade exclusiva do site de
viagens, com base na teoria da aparência, respondendo o hotel apenas
subsidiariamente.
Trata-se de vício de serviço previsto no art. 20 do Código de Defesa do
Consumidor. Há, na doutrina, quem defenda a ideia de tratar-se de
defeito de serviço, nos termos do art. 14 do CDC. No entanto, tendo em
vista que a saúde e segurança dos consumidores (art. 14) não foram
colocadas em risco, melhor entendimento é aquele que enquadra a
situação exposta como sendo vício de serviço (art. 20). De um modo ou
de outro, trata-se de responsabilidade solidária do site que vendeu as
reservas e do hotel, com fundamento no caput do art. 20, no art. 7º e no
art. 25 do Código de Defesa do Consumidor. RD
(OAB/Exame Unificado – 2019.3) Durante período de intenso calor, o
Condomínio do Edifício X, por seu representante, adquiriu, junto à
sociedade empresária Equipamentos Aquáticos, peças plásticas
recreativas próprias para uso em piscinas, produzidas com material
atóxico. Na primeira semana de uso, os produtos soltaram gradualmente
sua tinta na vestimenta dos usuários, o que gerou apenas problema
Gabarito “B”
estético, na medida em que a pigmentação era atóxica e podia ser
removida facilmente das roupas dos usuários por meio de uso de sabão.
O Condomínio do Edifício X, por seu representante, procurou você, como
advogado(a), buscando orientação para receber de volta o valor pago e ser
indenizado pelos danos morais suportados.
Nesse caso, cuida-se de
(A) fato do produto, sendo excluída a responsabilidade civil da
sociedade empresária, respondendo pelo evento o fabricante das peças;
não cabe indenização por danos extrapatrimoniais, por ser o
Condomínio pessoa jurídica, que não sofre essa modalidade de dano.
(B) inaplicabilidade do CDC, haja vista a natureza da relação jurídica
estabelecida entre o Condomínio e a sociedade empresária, cabendo a
responsabilização civil com base nas regras gerais de Direito Civil, e
incabível pleitear indenização por danos morais, por ter o Condomínio
a qualidade de pessoa jurídica.
(C) aplicabilidade do CDC somente por meio de medida de defesa
coletiva dos condôminos, cuja legitimidade será exercida pelo
Condomínio, na defesa dos interesses a título coletivo.
(D) vício do produto, sendo solidária a responsabilidade da sociedade
empresária e do fabricante das peças; o Condomínio do Edifício X é
parte legítima para ingressar individualmente com a medida judicial
por ser consumidor, segundo a teoria finalista mitigada.
A: incorreta. O caso não pode ser tratado como fato do produto (ou
acidente de consumo) tendo em vista que não colocou em risco a saúde
e a segurança dos consumidores. O caso deve ser estudado como
sendo vício de produto, nos termos do art. 18 do CDC. Por outro lado, o
Superior Tribunal de Justiça já emitiu a súmula 227, que garante
indenização à pessoa jurídica: “A pessoa jurídica pode sofrer dano
moral”. B: incorreta. Trata-se de relação jurídica de consumo, sendo o
condomínio considerado um consumidor final nos termos do art. 2º do
CDC. Ademais, os condôminos também são considerados consumidores
por serem os usuários finais do produto. C: incorreta. Não é cabível, na
espécie, a aplicação da defesa dos direitos difusos e coletivos nos
termos do art. 81 do CDC. Para que haja direitos transindividuais, deveria
ter a configuração de um direito difuso, coletivo ou individual homogêneo,
o que não se configura na espécie. D: correta. Trata-se de vício de
produto nos termos do art. 18 do CDC, trazendo responsabilidade civil
solidária entre todos os envolvidos na cadeia produtiva (vide também o
art. 7º e o art. 25 do CDC). Ademais, a teoria finalista mitigada, adotada
pelo STJ, entende que consumidor é a pessoa física ou jurídica que
adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final, para uso
próprio ou fins profissionais, desde que haja vulnerabilidade. No caso em
estudo, o condomínio adquiriu produto para utilização dos seus
condôminos, sendo considerado destinatário final do produto. RD
(OAB/Exame Unificado – 2019.1) Mara adquiriu, diretamente pelo site da
fabricante, o creme depilatório Belle et Belle, da empresa Bela Cosméticos
Ltda. Antes de iniciar o uso, Mara leu atentamente o rótulo e as
instruções, essas unicamente voltadas para a forma de aplicação do
produto.
Assim que iniciou a aplicação, Mara sentiu queimação na pele e removeu
imediatamente o produto, mas, ainda assim, sofreu lesões nos locais de
aplicação. A adquirente entrou em contato com a central de atendimento
da fornecedora, que lhe explicou ter sido a reação alérgica provocada por
uma característica do organismo da consumidora, o que poderia
acontecer pela própria natureza química do produto.
Não se dando por satisfeita, Mara procurou você, como advogado(a), a
fim de saber se é possível buscar a compensação pelos danos sofridos.
Gabarito “D”
Nesse caso de clara relação de consumo, assinale a opção que apresenta a
orientação a ser dada a Mara.
(A) Poderá ser afastada a responsabilidade civil da fabricante, se esta
comprovar que o dano decorreu exclusivamente de reação alérgica da
consumidora, fator característico daquela destinatária final, não
havendo, assim, qualquer ilícito praticado pela ré.
(B) Existe a hipótese de culpa exclusiva da vítima, na medida em que o
CDC descreve que os produtos não colocarão em risco a saúde e a
segurança do consumidor, excetuando aqueles de cuja natureza e
fruição sejam extraídas a previsibilidade e a possibilidade de riscos
perceptíveis pelo homem médio.
(C) O fornecedor está obrigado, necessariamente, a retirá-lo de
circulação, por estar presente defeito no produto, sob pena de prática
de crime contra o consumidor.
(D) Cuida-se da hipótese de violação ao dever de oferecer informações
claras ao consumidor, na medida em que a periculosidade do uso de
produto químico, quando composto por substâncias com potenciais
alergênicos, deve ser apresentada em destaque ao consumidor.
A: incorreta. Trata-se de defeito de produto, nos termos do art. 12 do
Código de Defesa do Consumidor, em razão da falta de informação na
rotulagem sobre eventuais reações alérgicas dos consumidores. B:
incorreta. A culpa exclusiva do consumidor pode ser alegada nas
relações de consumo (art. 12, § 3º, III), no entanto, a falta de informação
tornou o produto defeituoso e obriga o fornecedor a indenizar. C:
incorreta. O recall de produtos está definido no art. 10, § 1º, do CDC.
Mencionado dispositivo legal obriga aos fornecedores de produtos e
serviços a comunicar o defeito do produto caso seja descoberto depois
da colocação do produto no mercado. Nesse caso, o fornecedor deveria
fazer o recall avisando aos consumidores sobre os riscos do produto.
Sendo assim, não seria o caso de, necessariamente, retirar o produto do
mercado de consumo. D: correta. Trata-se de periculosidade inerente (ou
latente do produto) nos termos do art. 9º do CDC. Deveria o fornecedor
avisar sobre os riscos que os consumidores estão expostos pelo uso do
produto, sobpena de incorrer nas penas do art. 63 do mesmo diploma
legal. Ademais, art. 12 do CDC define o defeito de produto como sendo o
problema por ele apresentado que coloque em risco a saúde e a
segurança do consumidor, incluindo as hipóteses de informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. Sendo assim,
a falta de informação torna do produto defeituoso e obriga o fornecedor a
indenizar pelos danos causados aos consumidores. RD
(OAB/Exame Unificado – 2018.2) Dora levou seu cavalo de raça para banho,
escovação e cuidados específicos nos cascos, a ser realizado pelos
profissionais da Hípica X. Algumas horas depois de o animal ter sido
deixado no local, a fornecedora do serviço entrou em contato com Dora
para informar-lhe que, durante o tratamento, o cavalo apresentou sinais
de doença cardíaca. Já era sabido por Dora que os equipamentos
utilizados poderiam causar estresse no animal. Foi chamado o médico
veterinário da própria Hípica X, mas o cavalo faleceu no dia seguinte.
Dora, que conhecia a pré-existência da doença do animal, ingressou com
ação judicial em face da Hípica X pleiteando reparação pelos danos
morais suportados, em decorrência do ocorrido durante o tratamento de
higiene.
Nesse caso, à luz do Código de Defesa do Consumidor (CDC), é correto
afirmar que a Hípica X
(A) não poderá ser responsabilizada se provar que a conduta no
procedimento de higiene foi adequada, seguindo padrões fixados pelos
órgãos competentes, e que a doença do animal que o levou a óbito era
pré-existente ao procedimento de higienização do animal.
Gabarito “D”
(B) poderá ser responsabilizada em razão de o evento deflagrador da
identificação da doença do animal ter ocorrido durante a sua
higienização, ainda que se comprove ser pré-existente a doença e que
tenham sido seguidos os padrões fixados por órgãos competentes para
o procedimento de higienização, pois o nexo causal resta presumido na
hipótese.
(C) não poderá ser responsabilizada somente se provar que prestou os
primeiros socorros, pois a pré-existência da doença não inibiria a
responsabilidade civil objetiva dos fornecedores do serviço; somente a
conduta de chamar atendimento médico foi capaz de desconstruir o
nexo causal entre o procedimento de higiene e o evento do óbito.
(D) poderá ser responsabilizada em solidariedade com o profissional
veterinário, pois os serviços foram prestados por ambos os
fornecedores, em responsabilidade objetiva, mesmo que Dora
comprove que o procedimento de higienização do cavalo tenha
potencializado o evento que levou ao óbito do animal, ainda que
seguidos os padrões estipulados pelos órgãos competentes.
O examinador entendeu haver responsabilidade civil pelo fato do serviço,
embora tenha colocado a saúde do animal em risco, não a saúde do
próprio consumidor. Para que haja a caracterização do defeito de serviço
deve ocorrer o chamado acidente de consumo nos termos do art. 14 do
CDC “o serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o
consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as
circunstâncias relevantes, entre as quais: I – o modo de seu
fornecimento; II – o resultado e os riscos que razoavelmente dele se
esperam; III – a época em que foi fornecido”. Entendemos que nesse
caso houve vício de serviço, o que não altera o gabarito oficial, mas o
fundamento estaria no art. 20 do Código de Defesa do Consumidor. No
entanto, nossos comentários serão feitos com fundamento no art. 14, já
que esse parece ter sido o entendimento da banca examinadora.
A: correta. Trata-se de excludente de responsabilidade. Nos termos do
art. 14, § 3º, o fornecedor de serviços só não será responsabilizado
quando provar a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Tendo em
vista que a consumidora não avisou sobre a doença do animal, o
fornecedor não responde pelos danos, havendo quebra de nexo de
causalidade; B: incorreta. O nexo de causalidade é o elo entre a conduta
praticada e o resultado da ação. Houve culpa exclusiva da consumidora
por ter deixado de avisar sobre os riscos, não havendo, portanto,
responsabilidade do fornecedor; C: incorreta. Vide resposta da
alternativa anterior. A desconstituição do nexo de causalidade ocorreu
por culpa exclusiva do consumidor. Ademais, a responsabilidade civil do
profissional liberal (médico veterinário) é subjetiva, nos termos do art. 14,
§ 4º, do CDC; D: incorreta. Vide resposta da alternativa anterior. RD
(OAB/Exame Unificado – 2018.1) Eloá procurou o renomado Estúdio Max
para tratamento de restauração dos fios do cabelo, que entendia muito
danificados pelo uso de químicas capilares. A proposta do profissional
empregado do estabelecimento foi a aplicação de determinado produto
que acabara de chegar ao mercado, da marca mundialmente conhecida
OPS, que promovia uma amostragem inaugural do produto em questão
no próprio Estúdio Max.
Eloá ficou satisfeita com o resultado da aplicação pelo profissional no
estabelecimento, mas, nos dias que se seguiram, observou a queda e a
quebra de muitos fios de cabelo, o que foi aumentando progressivamente.
Retornando ao Estúdio, o funcionário que a havia atendido informou-lhe
que poderia ter ocorrido reação química com outro produto utilizado por
Eloá anteriormente ao tratamento, levando aos efeitos descritos pela
consumidora, embora o produto da marca OPS não apontasse
contraindicações.
Gabarito “A”
Eloá procurou você como advogado(a), narrando essa situação.
Neste caso, assinale a opção que apresenta sua orientação.
(A) Há evidente fato do serviço executado pelo profissional, cabendo ao
Estúdio Max e ao fabricante do produto da marca OPS, em
responsabilidade solidária, responderem pelos danos suportados pela
consumidora.
(B) Há evidente fato do produto; por esse motivo, a ação judicial
poderá ser proposta apenas em face da fabricante do produto da marca
OPS, não havendo responsabilidade solidária do comerciante Estúdio
Max.
(C) Há evidente fato do serviço, o que vincula a responsabilidade civil
subjetiva exclusiva do profissional que sugeriu e aplicou o produto, com
base na teoria do risco da atividade, excluindo-se a responsabilidade do
Estúdio Max.
(D) Há evidente vício do produto, sendo a responsabilidade objetiva
decorrente do acidente de consumo atribuída ao fabricante do produto
da marca OPS e, em caráter subsidiário, ao Estúdio Max e ao
profissional, e não do profissional que aplicou o produto.
A: correta. O Estúdio Max reponde pelos danos causados à consumidora
por ter utilizado o produto que sabia poder causar reação química se em
interação com outro produto, colocando em risco a saúde e a segurança
da consumidora. Por ter sido utilizado sem os cuidados necessários pelo
salão de beleza estamos diante de um defeito de serviço (art. 14 do
CDC). Por outro lado, a fabricante OPS responde solidariamente pelos
danos causados, pela falta de informações em relação ao uso do produto
(art. 12 o CDC); B: incorreta. Trata-se de responsabilidade solidária pelo
defeito de produto e defeito de serviço; C: incorreta. A responsabilidade
civil prevista no CDC é objetiva, exceto para os profissionais liberais,
para quem a responsabilidade civil é subjetiva; D: incorreta. Trata-se de
defeito de produto e serviço, uma vez que colocou em risco a saúde e a
segurança da consumidora. RD
(OAB/Exame Unificado – 2017.3) Os arquitetos Everton e Joana adquiriram
pacote de viagens para passar a lua de mel na Europa, primeira viagem
internacional do casal. Ocorre que o trajeto do voo previa conexão em um
país que exigia visto de trânsito, tendo havido impedimento do embarque
dos noivos, ainda no Brasil, por não terem o visto exigido. O casal
questionou a agência de turismo por não ter dado qualquer explicação
prévia nesse sentido, e a fornecedora informou que não se
responsabilizava pela informação de necessidade de visto para a
realização da viagem.
Diante do caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
(A) Cabe ação de reparação por danos extrapatrimoniais, em razãoda
insuficiência de informação clara e precisa, que deveria ter sido
prestada pela agência de turismo, no tocante à necessidade de visto de
trânsito para a conexão internacional prevista no trajeto.
(B) Não houve danos materiais a serem ressarcidos, já que os
consumidores sequer embarcaram, situação muito diferente de terem
de retornar, às próprias expensas, diretamente do país de conexão,
interrompendo a viagem durante o percurso.
(C) Não ocorreram danos extrapatrimoniais por se tratar de pessoas
que tinham capacidade de leitura e compreensão do contrato, sendo
culpa exclusiva das próprias vítimas a interrupção da viagem por
desconhecerem a necessidade de visto de trânsito para realizarem a
conexão internacional.
(D) Houve culpa exclusiva da empresa aérea que emitiu os bilhetes de
viagem, não podendo a agência de viagem ser culpabilizada, por ser o
comerciante responsável subsidiariamente e não responder
diretamente pelo fato do serviço.
Gabarito “A”
A: correta. Trata-se de vício de serviço (art. 20 do CDC) e a agência de
turismo (fornecedora) responde pelos danos morais e materiais causados
em relação aos vícios na prestação de serviços em razão da falta de
informação (art. 6, VIII, do CDC); B: incorreta. Evidentes os danos
materiais causados pela falta de informação uma vez que os
consumidores não conseguiram embarcar, perdendo o valor relativo às
passagens aéreas pagas; C: incorreta. Vide justificativa da alternativa A.
Além disso, estão presentes as vulnerabilidades técnica, informacional e
jurídica dos consumidores; D: incorreta. Sendo um vício de serviço, a
agência de turismo (comerciante), é solidariamente responsável pelos
danos causados aos consumidores. RD
(OAB/Exame Unificado – 2017.3) Osvaldo adquiriu um veículo zero
quilômetro e, ao chegar a casa, verificou que, no painel do veículo, foi
acionada a indicação de problema no nível de óleo. Ao abrir o capô,
constatou sujeira de óleo em toda a área. Osvaldo voltou imediatamente à
concessionária, que realizou uma rigorosa avaliação do veículo e
constatou que havia uma rachadura na estrutura do motor, que, por isso,
deveria ser trocado. Oswaldo solicitou um novo veículo, aduzindo que
optou pela aquisição de um zero quilômetro por buscar um carro que
tivesse toda a sua estrutura “de fábrica”.
A concessionária se negou a efetuar a troca ou devolver o dinheiro,
alegando que isso não descaracterizaria o veículo como novo e que o custo
financeiro de faturamento e outras medidas administrativas eram altas,
não justificando, por aquele motivo, o desfazimento do negócio.
No mesmo dia, Osvaldo procura você, como advogado, para orientá-lo.
Assinale a opção que apresenta a orientação dada.
(A) Cuida-se de vício do produto, e a concessionária dispõe de até
trinta dias para providenciar o reparo, fase que, ordinariamente, deve
Gabarito “A”
preceder o direito do consumidor de pleitear a troca do veículo.
(B) Trata-se de fato do produto, e o consumidor sempre pode exigir a
imediata restituição da quantia paga, sem prejuízo de pleitear perdas e
danos em juízo.
(C) Há evidente vício do produto, sendo subsidiária a responsabilidade
da concessionária, devendo o consumidor ajuizar a ação de indenização
por danos materiais em face do fabricante.
(D) Trata-se de fato do produto, e o consumidor não tem interesse de
agir, pois está no curso do prazo para o fornecedor sanar o defeito.
A: correta. Trata-se de vício de produto e, nos termos do art. 18 do
Código de Defesa do Consumidor, o fornecedor tem o direito de
consertar do produto em até trinta dias. Se não consertar dentro desse
prazo, poderá o consumidor optar pela troca do produto, devolução dos
valores ou abatimento proporcional do preço; B: incorreta. A
caracterização de fato do produto exige o acidente de consumo, ou seja,
que o produto coloque em risco a vida e a saúde do consumidor, o que
não foi mencionado pelo problema; C: incorreta. Trata-se de vício do
produto sendo, portanto, solidária (não subsidiária) a responsabilidade do
fornecedor; D: incorreta. O defeito do produto, tratado no art. 12 do CDC,
não permite que o fornecedor conserte o produto, devendo ser o
consumidor imediatamente indenizado. RD
(OAB/Exame Unificado – 2016.1) Antônio desenvolve há mais de 40 anos
atividade de comércio no ramo de hortifrúti. Seus clientes chegam cedo
para adquirir verduras frescas entregues pelos produtores rurais da
região. Antônio também vende no varejo, com pesagem na hora, grãos e
cereais adquiridos em sacas de 30 quilos, de uma marca muito conhecida
e respeitada no mercado. Determinado dia, a cliente Maria desconfiou da
pesagem e fez a conferência na sua balança caseira, que apontou suposta
divergência de peso. Procedeu com a imediata denúncia junto ao Órgão
Gabarito “A”
Oficial de Fiscalização, que confirmou que o instrumento de medição do
comerciante estava com problemas de calibragem e que não estava
aferido segundo padrões oficiais, gerando prejuízo aos consumidores. A
cliente denunciante buscou ser ressarcida pelo vício de quantidade dos
produtos. Com base na hipótese sugerida, assinale a afirmativa correta.
(A) Trata-se de responsabilidade civil solidária, podendo Maria acionar
tanto o comerciante quanto os produtores.
(B) Trata-se de responsabilidade civil subsidiária, pois o comerciante
só responde se os demais fornecedores não forem identificados.
(C) Trata-se de responsabilidade civil exclusiva do comerciante, na
qualidade de fornecedor imediato.
(D) Trata-se de responsabilidade civil objetiva, motivo pelo qual
inexistem excludentes de responsabilidade.
A e B: incorretas, pois, no caso do fornecimento de produto mediante
pesagem ou mediação no momento da compra, responderá perante o
consumidor apenas o fornecedor imediato, nos termos do art. 19, § 2º, do
CDC; C: correta, pois, de fato, no caso do fornecimento de produto
mediante pesagem ou mediação no momento da compra, responderá
perante o consumidor apenas o fornecedor imediato, nos termos do art.
19, § 2º, do CDC; D: incorreta, pois o CDC reconhece a existência de
excludentes de responsabilidade, como a culpa exclusiva da vítima ou de
terceiro; no caso em tela dificilmente será reconhecida uma excludente;
porém, não é possível dizer que a alternativa traz informação correta.
(OAB/Exame Unificado – 2015.3) Dulce, cinquenta e oito anos de idade,
fumante há três décadas, foi diagnosticada como portadora de enfisema
pulmonar. Trata-se de uma doença pulmonar obstrutiva crônica
caracterizada pela dilatação excessiva dos alvéolos pulmonares, que causa
a perda da capacidade respiratória e uma consequente oxigenação
Gabarito “C”
insuficiente. Em razão do avançado estágio da doença, foi prescrito como
essencial o tratamento de suplementação de oxigênio. Para tanto, Joana,
filha de Dulce, adquiriu para sua mãe um aparelho respiratório na loja
Saúde e Bem-Estar. Porém, com uma semana de uso, o produto parou de
funcionar. Joana procurou imediatamente a loja para substituição do
aparelho, oportunidade na qual foi informada pela gerente que deveria
aguardar o prazo legal de trinta dias para conserto do produto pelo
fabricante. Com base no caso narrado, em relação ao Código de Proteção e
Defesa do Consumidor, assinale a afirmativa correta.
(A) Está correta a orientação da vendedora. Joana deverá aguardar o
prazo legal de trinta dias para conserto e, caso não seja sanado o vício,
exigir a substituição do produto, a devolução do dinheiro corrigido
monetariamente ou o abatimento proporcional do preço.
(B) Joana não é consumidora destinatária final do produto, logo tem
apenas direito ao conserto do produto durável no prazo de noventa
dias, mas não à devolução da quantia paga.
(C) Joana não precisa aguardar o prazo legal de trinta dias para
conserto, pois tem direito de exigir a substituição imediata do produto,
em razão de sua essencialidade.
(D) Na impossibilidade de substituição do produto por outro da
mesma espécie, Joana poderá optar por um modelo diverso,

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