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Conectividade hídrica análise e mapeamento de mudanças sazonais

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
NOME COMPLETO
CONECTIVIDADE HÍDRICA: ANÁLISE E MAPEAMENTO DE MUDANÇAS SAZONAIS DOS LAGOS IGAIOARA E IGAIOARINHA EM FONTE BOA AM
AMAZONAS
2025
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
NOME COMPLETO
CONECTIVIDADE HÍDRICA: ANÁLISE E MAPEAMENTO DE MUDANÇAS SAZONAIS DOS LAGOS IGAIOARA E IGAIOARINHA EM FONTE BOA AM
Projeto para seleção de Mestrado apresentado como requisito parcial à obtenção do título especialista em Mestre em Geografia.
AMAZONAS
2025
INTRODUÇÃO
A bacia amazônica, por sua extensão e diversidade de ecossistemas aquáticos, constitui um espaço singular para compreender a dinâmica da água e os processos de conectividade entre rios, lagos e planícies alagáveis. O regime hidrológico marcado por inundações sazonais regula as interações entre ambientes abertos e áreas de várzea, influenciando a biodiversidade, o transporte de sedimentos, a ciclagem de nutrientes e a provisão de serviços ecossistêmicos. Nessas condições, a conectividade hídrica desempenha papel central, pois determina a intensidade e a duração das trocas entre os corpos d’água e os sistemas adjacentes, impactando tanto os processos ecológicos quanto as comunidades humanas que dependem da variação natural do pulso de inundação (FLEISCHMANN et al., 2023).
Mudanças recentes no regime climático e hidrológico da Amazônia têm alterado de maneira significativa a amplitude e a duração dos eventos de cheia e seca. Estudos de longo prazo apontam aumento expressivo da área inundada e maior conectividade lateral em diversos trechos do rio Amazonas desde a década de 1980, associados a intensificação de chuvas no setor norte da bacia e a alterações nos padrões de circulação atmosférica. Essas transformações ampliam o tempo de permanência da água nos sistemas de várzea, gerando implicações para o equilíbrio ecológico e a dinâmica de lagos e canais (FLEISCHMANN et al., 2023).
Por outro lado, episódios de eventos extremos, como as secas de 2005, 2010 e, mais recentemente, a de 2023/2024, evidenciam a vulnerabilidade desses ambientes. Observações via sensoriamento remoto com dados de radar Sentinel-1 demonstraram reduções sem precedentes na extensão de áreas de água aberta, com diminuição de até 80% em lagos específicos durante os meses de estiagem. Essa retração não apenas compromete a conectividade sazonal entre rios e lagos, mas também repercute em perdas ecológicas e socioeconômicas, especialmente em regiões onde a pesca e a navegação são atividades fundamentais para a subsistência (MACIEL et al., 2024).
A análise comparativa de múltiplos produtos de mapeamento de inundações, combinando sensores ópticos, radar e modelos hidrológicos, evidencia que a conectividade hídrica nos sistemas amazônicos é altamente variável e depende de fatores como geomorfologia, localização e intensidade dos fluxos sazonais. Apesar dos avanços metodológicos, ainda existem incertezas quanto à real extensão das áreas alagadas e às variações interanuais, especialmente em ambientes lacustres interligados aos grandes rios, como os situados no município de Fonte Boa, no médio Solimões (FLEISCHMANN et al., 2022).
Nesse sentido, os lagos Igaioara e Igaioarinha, em Fonte Boa (AM), configuram um recorte estratégico para investigar os efeitos das mudanças sazonais sobre a conectividade hídrica. Situados em área de várzea sujeita às variações do Solimões, esses ambientes refletem, em escala local, processos mais amplos que vêm sendo observados em toda a bacia amazônica. O mapeamento de suas mudanças sazonais, a partir de ferramentas de sensoriamento remoto e de séries temporais recentes, permite compreender não apenas a extensão das áreas de inundação, mas também a resiliência e a vulnerabilidade de sistemas lacustres frente a eventos extremos, fornecendo subsídios para estratégias de conservação e manejo sustentável na região.
PROBLEMATIZAÇÃO/JUSTIFICATIVA
A conectividade hídrica entre rios, lagos e planícies de inundação é um dos processos fundamentais para a manutenção da biodiversidade e da dinâmica ecológica da Amazônia. Essa conectividade garante o fluxo de nutrientes, a dispersão de organismos aquáticos e a renovação de habitats, regulando o equilíbrio entre períodos de cheia e seca. Contudo, o aumento da frequência de eventos climáticos extremos, associado às pressões antrópicas, tem colocado em risco a estabilidade desses processos. Estudos recentes indicam que, ao mesmo tempo em que se verificam maiores extensões de inundação em algumas áreas da planície amazônica, também se observam reduções abruptas em outras, sobretudo durante secas intensas, que comprometem a continuidade das conexões hidrológicas (FLEISCHMANN et al., 2023).
A problemática se acentua quando se analisa o impacto direto sobre lagos de médio e pequeno porte, como os Igaioara e Igaioarinha, localizados em Fonte Boa (AM). Esses sistemas lacustres apresentam forte dependência da sazonalidade do rio Solimões, funcionando ora como ambientes isolados, ora como áreas integradas ao fluxo principal. Alterações na intensidade e duração do pulso de inundação podem levar à perda temporária ou permanente dessa conectividade, com consequências para a reprodução de espécies, para a qualidade da água e para o modo de vida das comunidades ribeirinhas que utilizam esses recursos para subsistência e transporte (MACIEL et al., 2024).
A justificativa para a realização de estudos específicos nesses lagos reside na carência de análises locais que traduzam em detalhes os efeitos das variações hidrológicas sazonais sobre ambientes interligados ao Solimões. Enquanto pesquisas de maior escala têm avançado no mapeamento das inundações amazônicas, ainda são escassos os trabalhos que abordam, de forma direcionada, a vulnerabilidade de lagos em municípios como Fonte Boa, onde a conectividade hídrica é determinante para a resiliência socioambiental. Nesse sentido, o uso de séries temporais de sensoriamento remoto, como dados SAR do Sentinel-1, aliados a modelos hidrológicos e informações in situ, representa uma oportunidade para mapear de forma acurada as mudanças sazonais e compreender os riscos que recaem sobre esses ambientes (FLEISCHMANN et al., 2022).
Assim, a problemática central que se coloca é: como as mudanças sazonais de cheia e seca afetam a conectividade hídrica dos lagos Igaioara e Igaioarinha, e quais as implicações dessa dinâmica para os ecossistemas locais e para as comunidades humanas de Fonte Boa (AM)? A resposta a essa questão se justifica não apenas pela relevância científica de compreender a dinâmica hidrológica amazônica em escala local, mas também pela necessidade prática de subsidiar políticas públicas e estratégias de gestão sustentável que garantam a preservação ambiental e a segurança hídrica da região.
OBJETIVOS 
OBJETIVO GERAL
Analisar e mapear as mudanças sazonais da conectividade hídrica dos lagos Igaioara e Igaioarinha, localizados em Fonte Boa (AM), com base em séries temporais de sensoriamento remoto e em dados hidrológicos, a fim de compreender as implicações dessas dinâmicas para os ecossistemas locais e para as comunidades ribeirinhas.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
· Identificar as variações sazonais na extensão da superfície de água dos lagos Igaioara e Igaioarinha a partir de dados de sensoriamento remoto.
· Avaliar os períodos de conectividade e isolamento hídrico desses lagos em relação ao rio Solimões, considerando os ciclos de cheia e seca.
· Mapear as áreas mais vulneráveis à perda de conectividade hídrica, relacionando os impactos potenciais sobre a biodiversidade aquática e as comunidades locais.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa caracteriza-se como uma revisão bibliográfica de caráter qualitativo, fundamentada na análise de produções científicas que abordam a conectividade hídrica, a dinâmica de cheias e secas, bem como o mapeamento de inundações na Amazônia. O foco recai sobre estudos recentes que utilizem ferramentas de sensoriamentoremoto, modelos hidrológicos e análises de séries temporais aplicadas a ecossistemas aquáticos, em especial lagos de várzea conectados ao rio Solimões, a exemplo dos lagos Igaioara e Igaioarinha no município de Fonte Boa (AM).
A coleta do material bibliográfico será realizada por meio de consultas a bases de dados e repositórios científicos reconhecidos, incluindo SciELO, Google Acadêmico e o Portal de Periódicos CAPES, priorizando artigos publicados nos últimos cinco anos, além de trabalhos clássicos considerados referenciais na área. Serão utilizadas combinações de palavras-chave em português e inglês, tais como conectividade hídrica, lagos amazônicos, várzeas, inundação sazonal, hydrological connectivity e Amazon floodplain lakes.
Os critérios de inclusão considerarão publicações que apresentem relevância temática, rigor metodológico e pertinência direta ao objeto de estudo, contemplando pesquisas aplicadas ao contexto amazônico e trabalhos que utilizem tecnologias de mapeamento, como radar de abertura sintética (SAR), imagens ópticas e séries históricas de monitoramento hidrológico. Serão excluídos materiais de caráter opinativo, com ausência de metodologia clara ou que não dialoguem com a questão central da conectividade hídrica.
Após a seleção, as obras serão organizadas e analisadas de forma crítica, buscando identificar convergências e divergências entre os estudos, as principais metodologias utilizadas e as lacunas ainda existentes na literatura. Essa sistematização permitirá a construção de um quadro teórico capaz de contextualizar as mudanças sazonais observadas nos lagos amazônicos e de fundamentar a discussão sobre os impactos ambientais e socioeconômicos decorrentes da variação de sua conectividade com o rio Solimões.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A hidrogeografia estrutura um quadro que reúne água, território e práticas de uso, o que permite tratar a calha do Solimões e suas várzeas como sistema com trocas entre canal, superfícies alagadas e ocupações humanas, e como campo onde decisões de ordenamento dependem de leituras que conectam fluxos e usos em recortes espaciais definidos. A partir desse quadro, conectividade lateral deixa de ser evento isolado e passa a compor uma relação entre fases sazonais, percursos de água e corredores de ligação que sustentam circulação entre rio e lagos marginais em períodos distintos do ciclo. (BORDALO, 2024). 
A integração de observações orbitais com registros de estações fluviométricas viabiliza calendários de análise que acompanham enchente e vazante na escala de bacia, com produtos que medem extensão de lâmina, duração de permanência e sincronização com séries de nível, e com arranjos institucionais que reúnem dados e serviços para monitoramento. Esse arranjo permite construir séries compatíveis com a escala de mudança sazonal na planície do Solimões e abre espaço para leituras de ligação entre manchas lacustres e o canal principal em janelas mensais. (FASSONI-ANDRADE et al., 2023). 
A experiência de cartografia da cheia de 2021 em Manaus descreve um procedimento que associa registros de cota a ortofotos e verificação em campo, com delimitação de áreas por zonas administrativas e com relato de permanência acima de patamares de referência ao longo de meses, o que exemplifica como conectar nível e alcance espacial da água sobre o território urbano. A estratégia evidencia a utilidade de pontos de controle para validar polígonos de inundação durante o pico do ciclo e para relacionar cotagrama e extensão mapeada. (CPRM, 2021). 
A avaliação estatística do evento de 2021 em Manaus usa a série do Porto para construir quantis empíricos e ajustar uma distribuição GEV não estacionária, com parâmetro de posição dependente do tempo, o que liga o pico medido ao período de retorno de forma condicionada ao ano de ocorrência. Essa formulação diferencia estimativas para o início da série e para anos recentes e cria um eixo para comparar janelas de conexão lateral em anos de cota alta e anos de cota baixa. (ALVES; SANTOS, 2022). 
Em lagoas marginais, o estado de ligação com o rio regula entrada de água e sedimento e condiciona parâmetros na água e no fundo, e campanhas que separam chuva e estiagem mostram variações que acompanham fases do ciclo, com períodos de isolamento ligados a menor aporte e com mudanças associadas a presença de macrófitas e à retenção de compostos. O desenho de amostragem ao longo de três anos oferece base para parear momentos de conexão com valores medidos e para discutir mudanças de fase em sistemas lacustres conectados. (OLIVEIRA; CRUZ; FIGUEIREDO, 2024). 
Os procedimentos adotados incluem sonda multiparamétrica, pontos fixos e análises laboratoriais que cobrem variáveis de água e sedimento, com referência a normas e a séries de apoio, e com registro de influência do uso da terra em montante e de barreiras naturais como mata ciliar e bancos de macrófitas. Permitindo assim, comparar estados de ligação e isolamento e associar resultados a rotas de entrada do canal durante a fase de enchente e aos efeitos do confinamento na vazante. (OLIVEIRA; CRUZ; FIGUEIREDO, 2024). 
Registros de sedimento mostram predomínio de frações finas e ocorrência de mercúrio em concentrações baixas em uma campanha, com explicações ligadas a transporte na coluna e retenção no fundo, e com menção a processos de absorção por macrófitas e à função de solos com ferro elevado na imobilização de metais. Isso ajuda a separar trechos com circulação reduzida de trechos com renovação e a localizar gargalos e corredores em setores lacustres conectados ao sistema principal. (OLIVEIRA; CRUZ; FIGUEIREDO, 2024). 
Séries com Sentinel-1 para a Amazônia Central montam cubos temporais com 59 cenas em VV e VH, com correções de órbita, calibração radiométrica, correção de terreno, filtragem de speckle e conversão para decibéis, o que permite derivar máscaras de água comparáveis no tempo e no espaço. A relação dessas máscaras com um eixo hidrológico de referência baseado em régua fornece um mecanismo para vincular datas e áreas a cotas e para inferir momentos de conexão entre manchas e canal. (MAGALHÃES et al., 2022). 
Ainda para Magalhaes et al (2022), a mesma série documenta a variação da largura da várzea entre seca e cheia e quantifica amplitudes laterais em margens opostas do rio, com valores que expressam expansão e retração ao longo do ano hidrológico, e com mapas que situam lagos vizinhos em relação ao espelho de água do canal, sugerindo assim, métricas para existência de passagem e para duração de ligação, com recorte mensal alinhado às datas de aquisição. 
O uso de aprendizagem de máquina com dados Sentinel-1 no trecho Urucará-Parintins aplica ANN-MLP e KNN com pré-processamento padronizado e amostras geradas a partir de Sentinel-2, com estimativas de área alagada por ano e avaliação com Kappa, o que habilita comparação entre produtos e seleção de saídas para séries temporais. A presença de sombra no SAR surge como fonte de erro de comissão, o que demanda filtros e validação cruzada. (MAGALHÃES; CARVALHO JUNIOR; SANO, 2023). 
As estatísticas de desempenho mostram Kappa entre 0,77 e 0,91 e áreas máximas em 2019 no recorte analisado, com menores valores em 2018, e a comparação entre classificadores revela diferenças pequenas na área final, o que permite conduzir testes de sensibilidade sobre limiares e pós-processamento. A constatação orienta a montagem de séries mensais de água com controle de qualidade para leituras de conexão lateral. (MAGALHÃES; CARVALHO JUNIOR; SANO, 2023). 
O teste de McNemar é empregado para comparar classificadores sobre o mesmo conjunto de validação, com nível de significância definido, e a partir daí escolher o produto que alimenta a série que servirá a métricas de ligação e isolamento na planície, e que depois pode ser cruzada com níveis observados. A aplicação desse teste reduz arbitrariedades na escolha do mapa final por data. (MAGALHÃES; CARVALHO JUNIOR; SANO, 2023). 
A infraestrutura de dados e serviços descrita para a região soma portais, sériesabertas e iniciativas de cooperação que conectam imagens, níveis e previsões, com capacidade para cobrir sub-bacias com distribuição irregular de estações, e com uso para suportar rotinas de alerta e de gestão. Esse contexto dá suporte a análises que combinam curvas de nível com cartografia de inundação para leitura de conectividade. (FASSONI-ANDRADE et al., 2023). 
O relatório técnico de 2021 detalha aquisição de ortofotos no auge da cota, registro por drone e vistoria embarcada ao longo da orla, com o objetivo de consolidar polígonos e conferir limites com precisão de posicionamento e com referência a curvas de nível municipais, e com apresentação de área total e distribuição por zonas (CPRM, 2021). 
Máscaras de água convertidas em vetores e associadas a um eixo hidrológico permitem medir duração de ligação, frequência anual de conexão, primeira e última data de contato e largura mínima de corredor, e com isso construir séries que comparam dois lagos de uma mesma várzea com posições distintas em relação ao canal (MAGALHÃES et al., 2022). Esse procedimento atende ao recorte de Fonte Boa e pode ser aplicado a Igaioara e Igaioarinha mediante seleção de polígonos e teste de contiguidade por data. (OLIVEIRA; CRUZ; FIGUEIREDO, 2024). 
Parâmetros observados durante o evento de 2021, como a cota de 30,02 m e o período de permanência acima de limiares de inundação, oferecem marcos para compor um conjunto de datas de referência contra o qual séries orbitais podem ser testadas, e permitem selecionar janelas para observar transições rápidas entre ligação e isolamento em áreas lacustres ligadas ao Solimões (ALVES; SANTOS, 2022). A presença de séries contínuas em portais públicos facilita essa seleção e a comparação entre produtos. (FASSONI-ANDRADE et al., 2023).
A formulação do mapeamento sazonal parte de um quadro que integra água, território e práticas de uso, com leitura de redes que conectam canal, lagos e superfícies alagadas, e com organização de variáveis que descrevem passagem, permanência e interrupções do fluxo ao longo do ciclo. Esse quadro orienta a seleção de métricas e de fontes de dados para a várzea do Solimões e estabelece critérios para interpretar vínculos laterais entre o rio e os lagos Igaioara e Igaioarinha, com ênfase em recortes que distinguem setores e corredores de ligação. (BORDALO, 2024).
A combinação entre séries de satélite e registros hidrométricos estrutura um calendário de observação que acompanha enchente e vazante, com datas de aquisição compatíveis com mudanças do nível e com repetitividade suficiente para capturar a sequência de ligação e isolamento. Essa combinação fornece a base para extrair máscaras mensais de água, vincular área a cota e construir séries que traduzem estados de conexão entre lago e canal em janelas regulares, com parâmetros que servem a análise comparativa entre anos. (FASSONI-ANDRADE et al., 2023).
O uso do radar de abertura sintética permite contornar cobertura de nuvem e registrar variação de retroespalhamento em superfícies aquáticas e não aquáticas, com construção de cubos temporais que descrevem expansão e retração da lâmina. A derivação de máscaras binárias a partir de limiares sobre VV e VH cria uma sequência coerente de mapas mensais, com alinhamento a eixos hidrológicos locais e com potencial para medir continuidade entre manchas de água em cada data. (MAGALHÃES et al., 2022).
A montagem do pré-processamento para Sentinel-1 envolve aplicação de órbitas precisas, calibração radiométrica, correção de terreno, filtragem de speckle e conversão para decibéis, com padronização que sustenta a comparação entre cenas e entre anos. A partir desse pipeline, cada cena se transforma em camada com valores comparáveis e pronta para limiarização, com registro de meta-informações que amparam auditoria e replicação do procedimento. (MAGALHÃES et al., 2022).
A classificação por limiar enfrenta desafios de sombra e heterogeneidade de fundo, com risco de comissão em trechos marginais e em zonas com vegetação ereta, e com necessidade de pós-processamento para reduzir ruído. A integração com rotinas de filtragem morfológica e a checagem pontual com janelas ópticas criam salvaguardas para estabilizar a máscara mensal, com impacto direto sobre a estimativa de corredores entre lago e canal. (MAGALHÃES; CARVALHO JUNIOR; SANO, 2023).
Abordagens com aprendizado de máquina empregam amostras provenientes de imagens ópticas como referência, com treinamento de classificadores e avaliação por matrizes de confusão e coeficiente Kappa dentro de um mesmo recorte. O teste de McNemar compara mapas produzidos por métodos distintos sobre o mesmo conjunto de validação, com decisão apoiada em evidência estatística e com escolha de saídas mais estáveis para formar as séries mensais. (MAGALHÃES; CARVALHO JUNIOR; SANO, 2023).
As séries de nível de estações fluviométricas oferecem um eixo temporal para vincular área de água e cota, com identificação de patamares de transição entre estados de ligação e isolamento, e com possibilidade de aferir atrasos ou adiantamentos entre subida do rio e resposta dos lagos. O cruzamento entre cota e máscara mensal permite situar datas de início e de término do contato lateral, com derivação de duração e frequência em cada ano. (FASSONI-ANDRADE et al., 2023).
Produtos cartográficos de eventos de cheia consolidam procedimentos de verificação em campo, ortofotos e curvas de nível municipais, com delimitação espacial detalhada da mancha e com listas de datas e permanências acima de patamares. Esses produtos servem como controle independente para ajustar contornos e checar coerência em datas de pico, o que fortalece a interpretação das máscaras derivadas do radar para segmentos urbanos e ribeirinhos da calha. (CPRM, 2021).
Modelagens de frequência com séries longas de nível permitem estimar quantis condicionados ao tempo e avaliar mudanças no período de retorno de picos recentes, com implicações para o planejamento de janelas de análise durante anos com cotas extremas. O acoplamento entre quantis estimados e estados de conexão fornece cenários para medir impacto de cheias atípicas sobre a duração e a largura dos corredores de ligação em lagos de várzea. (ALVES; SANTOS, 2022).
A operacionalização para Igaioara e Igaioarinha parte da vetorização precisa dos contornos dos lagos, com revisão sobre composições ópticas e sobre cenas do radar, e com atenção a barras, furos e canais que funcionam como passagens. Com os polígonos validados, cada máscara mensal é recortada e convertida em grafo baseado em vizinhança, com teste de caminho entre lago e canal para cada data, e com registro de existência de conexão e de largura mínima do corredor. (MAGALHÃES et al., 2022).
Ainda segundo Magalhães et al (2022), A construção do grafo admite oito direções de vizinhança e associa a cada pixel de água nós e arestas que representam contiguidade, com busca de caminhos que iniciam no contorno do lago e alcançam o espelho do canal. O resultado transforma uma imagem binária em uma medida topológica de conectividade, com cálculo da menor largura do estrangulamento e com contagem de meses conectados e meses isolados no ano. 
Um conjunto de indicadores acompanha a série ao longo do período de observação: duração anual da conexão, primeira data de ligação, última data de ligação, frequência de conexão e largura mínima do corredor em cada mês, com distribuição ao longo do ciclo. Esses indicadores permitem comparar os dois lagos sob o mesmo regime de cota, com atenção a diferenças de posição e de geometria na planície do Solimões e com leitura de respostas distintas a variações do nível. (FASSONI-ANDRADE et al., 2023).
Rotinas de sensibilidade testam limiares no retroespalhamento, parâmetros de filtragem e critérios de contiguidade, com avaliação do impacto sobre área mapeada e sobre indicadores de conectividade, e com registro de valores que produzem mudanças relevantes. Mapas de calor de frequência de água em cada pixel e perfis ao longo dos corredores ajudam a localizar gargalos persistentes,com implicações para o comportamento sazonal de cada lago. (MAGALHÃES; CARVALHO JUNIOR; SANO, 2023).
Séries de qualidade da água e do sedimento em lagoas marginais introduzem variáveis que sinalizam alterações durante fases de ligação e de isolamento, com parâmetros que respondem ao tempo de residência e ao aporte do canal, e com tabelas que permitem cotejar estados hidrológicos e composição. Essa camada amplia a interpretação das métricas de conectividade e apoia inferências sobre circulação e retenção em setores com passagens estreitas. (OLIVEIRA; CRUZ; FIGUEIREDO, 2024).
Conforme Oliveira, Cruz e Figueredo (2024), a presença de macrófitas, a granulometria do sedimento e o uso da terra no entorno afetam a detecção de água e a dinâmica de retenção, com registros de frações finas e de elementos traço em níveis baixos que variam com a intensidade de entrada do rio. A integração dessas informações com as máscaras do radar orienta ajustes de classificação em trechos com vegetação e informa a leitura de corredores onde o sinal sofre interferências.
A gestão de dados exige trilhas de processamento rastreáveis, com armazenamento de metadados, versões de máscaras e parâmetros de classificação, e com publicação de insumos que permitam replicação, validação e extensão do método. Portais e iniciativas que reúnem imagens, níveis e previsões oferecem infraestrutura para sustentar esse fluxo de trabalho e para dar suporte a análises em diferentes escalas. (FASSONI-ANDRADE et al., 2023).
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
	Atividade
	Mês 1
	Mês 2
	Mês 3
	Mês 4
	Mês 5
	Mês 6
	Mês 7
	Planejamento do TCC e definição do escopo
	X
	
	
	
	
	
	
	Protocolo da revisão (palavras-chave, bases, critérios)
	X
	X
	
	
	
	
	
	Busca bibliográfica nas bases (SciELO, Google Acadêmico, CAPES)
	X
	X
	
	
	
	
	
	Triagem título-resumo e deduplicação
	
	X
	
	
	
	
	
	Leitura na íntegra e fichamento I
	
	X
	X
	
	
	
	
	Leitura na íntegra e fichamento II
	
	
	X
	
	
	
	
	Matriz de evidências e síntese temática
	
	
	X
	
	
	
	
	Redação: Introdução e Problematização
	
	
	X
	X
	
	
	
	Redação: Metodologia da revisão
	
	
	
	X
	
	
	
	Redação: Fundamentação Teórica — Capítulo 1
	
	
	
	X
	
	
	
	Redação: Fundamentação Teórica — Capítulo 2
	
	
	
	
	X
	
	
	Integração do texto e Resultados esperados
	
	
	
	
	X
	
	
	Normalização ABNT e checagem de referências
	
	
	
	
	
	X
	
	Revisão com orientador(a) e ajustes
	
	
	
	
	
	X
	
	Versão final e submissão
	
	
	
	
	
	X
	
	Preparação da apresentação (slides e roteiro)
	
	
	
	
	
	
	X
	Defesa/apresentação
	
	
	
	
	
	
	
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO (ANA). Última atualização do Monitor de Secas indica presença do fenômeno na parte baixa da bacia Amazônica mesmo com elevação dos níveis dos rios da região. Brasília: ANA, 4 jun. 2025.
ALVES, Luna Gripp Simões; SANTOS, Marcus Suassuna. Análise de frequência da cheia de 2021 em Manaus-AM: por que o maior evento dos últimos 120 anos tem um período de retorno de apenas 55 anos. In: III Encontro Nacional de Desastres. [S. l.: s. n.], 2022.
BARTHEM, R.; GOULDING, M.; VENTICINQUE, E. Atlas do estuário amazônico. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), 2024.
BORDALO, Carlos Alexandre Leão. Reconhecendo a geografia das águas e/ou a hidrogeografia na produção acadêmica e científica da geografia brasileira. Geopauta, Vitória da Conquista, v. 8, e15621, 2024.
CENSIPAM – CENTRO GESTOR E OPERACIONAL DO SISTEMA DE PROTEÇÃO DA AMAZÔNIA. Boletim Climático da Amazônia: Prognóstico setembro, outubro e novembro/2023. Ano 20, n. 226, ago. 2023. Brasília: CENSIPAM, 2023. 
CPRM – SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL; SEMA-AM. Nota explicativa da delimitação da mancha de inundação do Rio Negro na zona urbana de Manaus (AM). Manaus: CPRM; SEMA-AM, 2021.
FASSONI-ANDRADE, A. et al. Hidrologia da Amazônia vista do espaço: avanços científicos e desafios futuros. [S.l.: s.n.], 2023. 226 p. Tradução para o português do artigo “Amazon Hydrology from Space: Scientific Advances and Future Challenges”. 
FASSONI-ANDRADE, Alice et al. (org.). Hidrologia da Amazônia vista do espaço: avanços científicos e desafios futuros. Porto Alegre: ABRHidro, 2023. e-book. ISBN 978-85-88686-48-9.
FLEISCHMANN, Ayan S.; PAPA, Fabrice; FASSONI-ANDRADE, Alice; MELACK, John M.; WONGCHUIG, Sly; PAIVA, Rodrigo C. D.; HAMILTON, Stephen K.; FLUET-CHOUINARD, Étienne; e col. Increased floodplain inundation in the Amazon since 1980. Environmental Research Letters, v. 18, p. 034024, 2023.
FLEISCHMANN, Ayan S.; PAPA, Fabrice; FASSONI-ANDRADE, Alice; MELACK, John M.; WONGCHUIG, Sly; PAIVA, Rodrigo C. D.; HAMILTON, Stephen K.; FLUET-CHOUINARD, Étienne; e col. How much inundation occurs in the Amazon River basin? Remote Sensing of Environment, v. 278, art. 113099, 2022.
MACIEL, Daniel A.; LOUSADA, Fellipe; FASSONI-ANDRADE, Alice; QUEVEDO, Renata P.; BARBOSA, Claudio C. F.; BONNET, Marie; NOVO, Evlyn M. L. de M. Sentinel-1 data reveals unprecedented reduction of open water extent due to 2023–2024 drought in the central Amazon basin. Environmental Research Letters, v. 19, 124034, 2024.
MAGALHÃES, Ivo Augusto Lopes; CARVALHO JUNIOR, Osmar Abílio de; SANO, Edson Eyji. Delimitation of flooded areas based on Sentinel-1 SAR data processed through machine learning: a study case from Central Amazon, Brazil. Finisterra, Lisboa, v. LVIII, n. 123, p. 87-109, 2023.
MAGALHÃES, Ivo Augusto Lopes; GUIMARÃES, Renato Fontes; GOMES, Roberto Arnaldo Trancoso; CARVALHO JUNIOR, Osmar Abílio de. Análise da série temporal Sentinel-1 de inundações na Amazônia Central. Mercator, Fortaleza, v. 21, e21019, 2022.
OLIVEIRA, Franciele Fernanda de; CRUZ, Rúbia Fantin da; FIGUEIREDO, Daniela Maimoni de. Qualidade da água e do sedimento de lagoas marginais no sul da Amazônia: influências da conectividade fluvial e dos usos da terra. Revista Presença Geográfica, Porto Velho, v. 11, n. 2, 2024.
 
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