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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO ESPÍRITO SANTO – UNESC KEMILLY SCHULZ SCHEMELPFENIG LEONARDO CAMPOS SIMÕES LORIANA MACHADO PEREIRA BRUM MENÁLIA SANTOS BORSOI PRISCILLA MARA PEREIRA CORADINI RAYKA VIEIRA BARBOSA SARAH BRAGATO GOLDNER RELATÓRIO DO PROJETO DE EXTENSÃO DA DISCIPLINA DE PSICOLOGIA COMUNITÁRIA COLATINA 2024 1 KEMILLY SCHULZ SCHEMELPFENIG LEONARDO CAMPOS SIMÕES LORIANA MACHADO PEREIRA BRUM MENÁLIA SANTOS BORSOI PRISCILLA MARA PEREIRA CORADINI RAYKA VIEIRA BARBOSA SARAH BRAGATO GOLDNER RELATÓRIO DO PROJETO DE EXTENSÃO DA DISCIPLINA DE PSICOLOGIA COMUNITÁRIA Relatório do Projeto de Extensão apresentado ao Centro Universitário do Espírito Santo – UNESC, no 2º período do Curso de Psicologia, sob orientação do professor Caio Henrique Damasceno Falcão, como requisito parcial para aprovação na disciplina de Psicologia Comunitária. COLATINA 2024 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 3 1 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 4 2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 9 2.1 OBJETIVO GERAL .............................................................................................. 9 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................ 9 3 CARACTERIZAÇÃO DO TERRITÓRIO ............................................................... 10 4 ENTREVISTA COM PSICÓLOGO ........................................................................ 11 5 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ......................................................................... 11 6 RELATO DE EXPERIÊNCIA ................................................................................ 13 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 14 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 14 3 INTRODUÇÃO O Brasil, após o seu processo de redemocratização, passou pelo procedimento constituinte resultando na criação e promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) de 1988, também conhecida como a "Constituição Cidadã"; tal referência/denominação advém da expansão de garantias e direitos sociais, humanos e essenciais ao indivíduo e à sociedade, os quais foram conquistados através de mobilização social - grupos de cidadãos, sindicatos, igrejas, movimentos comunitários, conselhos de classe, universidades (destacando os departamentos de psicologia e a psicologia social brasileira erigida durante o período ditatorial), dentre outros. A Ordem Social, sendo compreendida como um arcabouço de regramentos legais, institucionais e costumeiros que representam a cultura e o costume dos indivíduos e da coletividade para a formação da identidade cidadã e bom convívio em sociedade, foi alçada a matéria constitucional no Título VIII da Constituição Federal de 1988. A Assistência Social é tratada nos artigos 203 e 204 da Constituição Cidadã. A Assistência Social apesar de sua previsão na constituição demorou a ser estruturada e regulamentada (com lei própria e de âmbito geral), na forma que é hoje, nos entes federados. Buscando referência no Sistema Único de Saúde, o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) é criado em 2005, de acordo com informações do site do governo federal, fazendo parte da Política Nacional de Assistência Social. Integrando a rede assistencial do SUAS estão os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) responsáveis pela execução da proteção social básica - a missão é o trabalho de prevenção de episódios que resultem em vulnerabilidade e risco nos territórios atendidos. Para o desempenho da missão os CRAS possuem equipes multidisciplinares compostas (ou que deveriam ter) de, no mínimo, assistentes sociais, assessoria jurídica, educadores sociais e psicólogos. A atividade do psicólogo na equipe multidisciplinar e na atuação no CRAS (destacando a realidade da unidade do bairro Ayrton Senna/Colatina/ES) é o foco do presente trabalho, destacando que o referido profissional deve seguir os preceitos contidos na cartilha de Referência Técnica para atuação de psicólogo no CRAS publicada pelo CREPOP (Conselho Federal de Psicologia e Conselhos Regionais). O Eixo 3 da referida cartilha destaca e orienta a atuação do psicólogo na proteção social básica, em especial, nas atividades de acolhimento, serviço de 4 proteção e atendimento integral à família (PAIF), serviços de convivência e fortalecimento e vínculos, atuação no domicílio de pessoas deficientes e idosas, , ações sócio emergenciais, articulação com outros programas no CRAS, encaminhamento a rede socioassistencial e intersetorial, atividades coletivas do PAIF, ações comunitárias no território, visitas domiciliares e trabalho em equipe multidisciplinar; sendo importante destacar que durante as visitas ao CRAS algumas das atividades descritas foram acompanhadas e estarão descritas nos relatos das experiências e na entrevista com as psicólogas. Considerando as orientações da cartilha de Referência Técnica para atuação de psicólogo no CRAS publicada pelo CREPOP (Conselho Federal de Psicologia e Conselhos Regionais), utilizada pelos psicólogos e estudada no trabalho, bem como as visitas realizadas aos CRAS e entrevistas com os profissionais da instituição (que ajudaram a entender a realidade do território) o presente trabalho irá sugerir uma proposta de intervenção relacionado ao incremento do acesso da população local ao mercado de trabalho, utilizando como referencial as premissas do Programa de Promoção do Acesso ao Mundo do Trabalho (Acessuas Trabalho). O trabalho pretende, com a proposta de intervenção, facilitar o acesso ao mercado de trabalho pelos cidadãos do território e com isso fortalecer a cidadania, diminuir a vulnerabilidade social no território e destacar o protagonismo do indivíduo na construção de uma vida melhor pra ele e para a sociedade em que está inserido. 1 REFERENCIAL TEÓRICO O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é uma unidade fundamental dentro da política de Assistência Social no Brasil, oferecendo serviços com o propósito de proteção social ao indivíduo vulnerável com o intuito de fortalecer os vínculos familiares e comunitários. Foi criado pela Política Nacional de Assistência Social (PNAS), no ano de 2004, e operacionalizado pelo Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Nesse sentido, para que haja boas práticas nesses ambientes é preciso que suas ações cumpram orientações técnicas e éticas. Deste modo, o presente trabalho tem como principal base de referência teórica o Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP), no qual entrega diretrizes específicas para a atuação dos profissionais de psicologia no CRAS. Estas visam garantir que o 5 atendimento seja pautado pela valorização dos direitos humanos, pela promoção da cidadania e pelo respeito às particularidades dos sujeitos atendidos. Em referência ao papel da Proteção Social Básica (PSB) e do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) tem como função prevenir, proteger e ser proativa com o objetivo de promover direitos aos cidadãos, fortalecimento no vínculo familiar e enfrentamento de vulnerabilidades. Uma atividade exclusiva do CRAS é o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), desenvolvido através da necessidade de cada território a fim de garantir acesso às demandas necessárias de cada local. Essa atuaçãopode estar também ligada a outras unidades de assistência, como, por exemplo, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). Todo esse processo é realizado não somente por um profissional e sim por uma equipe, na qual a participação de psicólogos tem o propósito maior de contribuir para a autonomia e emancipação dos indivíduos, com foco no reconhecimento dos direitos das famílias e de suas capacidades de enfrentamento, com apoio das políticas públicas. Ao aprofundarmos mais sobre o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), é notório uma equipe multiprofissional do CRAS. Pois, como já mencionado, trabalha com ações adaptáveis de acordo com a necessidade da família e/ou grupo social, dando voz a problematizações do cotidiano, à cidadania e ao vínculo familiar. Esses serviços podem ser acessados por encaminhamento ou de forma ativa, onde são feitos atendimentos individuais, em grupos, oficinas e eventos comunitários. Com o intuito de complementar o trabalho social com as famílias, foi criado uma iniciativa pela Proteção Social Básica (PSB): o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV). Seu intuito é fortalecer os vínculos familiares e comunitários. Sendo uma equipe composta por educadores ou orientadores sociais e técnicos de nível superior, a fim de oferecer atendimentos em grupos por ciclos de vida, sendo vinculado com o PAIF. Nesse contexto, o psicólogo tem como função contribuir com o conhecimento psicológico e psicossocial, analisando a exclusão e inclusão social, observando questões subjetivas e intersubjetivas. Vale destacar que os atendimentos mencionados anteriormente podem ser realizados no próprio CRAS ou até mesmo em centros de convivência. 6 Em complementação, além do PAIF e do SCFV, existe também o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas, como previsto no documento Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais. Seu objetivo é oferecer serviços para pessoas que possuem dificuldades diversas e que não conseguem chegar até os locais de atendimento (CREPOP, 2021). O documento, citado acima, tem como principal objetivo a promoção da inclusão social e equiparação de oportunidades a fim de que todos tenham acesso aos serviços oferecidos, podendo com isso evitar a exclusão e o isolamento social. Sendo a equipe do PAIF responsável em desenvolver o serviço, é importante frisar que o psicólogo não deve se limitar em um atendimento individual e sim utilizar os atendimentos para que haja vínculo com os demais no meio social destes vulneráveis. Existem também no CRAS ações emergenciais com o intuito de atender indivíduos com riscos familiares ou individuais, por meio de políticas, como as ofertas de recursos do SUAS. Situações como catástrofes e calamidades que precisam de intervenções rápidas e proteção social são exemplos dessas ações emergenciais. Podemos citar dois tipos de benefícios envolvendo a emergência social, sendo eles os benefícios eventuais e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Primeiramente, os benefícios eventuais vogam os direitos do cidadão e da proteção social. Nesse contexto, os Psicólogos atuam na distribuição desses benefícios, oferecendo apoio emocional e orientação para fortalecer coletivos e redes de apoio em rompimento com a visão assistencialista, partindo para uma visão mais ampliada. Além disso, o CRAS também trabalha com o Benefício de Prestação Continuada (BPC), esse no entanto é uma ajuda financeira, em que é oferecido um salário mínimo mensal a idosos e pessoas com deficiência. Estas teriam de estar vinculadas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e no caso de deficiência terem passado na avaliação médica e social no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Dessa forma, o CRAS está ali para fornecer orientação, tendo ajuda dos psicólogos e podendo participar do acompanhamento dessas famílias, fornecendo informações sobre a rede de atendimento e fortalecendo da convivência comunitária. Existe também um vínculo do CRAS com outros programas, com o objetivo de ampliar sua atuação. Dois exemplos citados no CREPOP foram o Programa Bolsa Família (PBF) e o Programa Criança Feliz. A articulação do CRAS com esses programas promove uma abordagem interdisciplinar e intersetorial, ampliando o 7 atendimento às famílias e seus membros, e respondendo de forma mais efetiva às situações de vulnerabilidade. O PBF foi criado em 2004 com o intuito de oferecer benefícios financeiros a famílias em situação de pobreza e extrema pobreza, condicionados à adesão a condicionalidades na área da saúde e educação. Nesse viés, o CRAS auxilia no acompanhamento dessas famílias contempladas com o benefício. (Resolução CNAS nº 130, de 15 de julho de 2004) Já o Programa Criança Feliz - instituído em 2016 - foca no desenvolvimento integral da primeira infância, apoiando gestantes e famílias beneficiárias do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada. O programa é desenvolvido em dois eixos: visitas domiciliares e integração das políticas de atenção à primeira infância no território. Em âmbito prático, após a recepção no CRAS - realizada por profissionais de nível médio, para a coleta de informações iniciais - ocorre a acolhida, que é o primeiro contato direto da família ou usuário com a equipe multiprofissional de nível superior. Essa etapa é essencial para iniciar uma escuta qualificada, compreendendo necessidades e demandas de maneira holística, integrando aspectos materiais, culturais e psicológicos, para promover o acesso aos serviços socioassistenciais e outras políticas públicas. A acolhida visa garantir o respeito à autonomia das famílias e combater posturas assistencialistas. A escuta qualificada, realizada nesse momento, permite identificar tanto as necessidades objetivas quanto subjetivas das famílias, estabelecendo um vínculo entre os usuários e o serviço. Isso pode ocorrer de forma individual ou em grupo, permitindo compreender, tanto as vulnerabilidades, quanto as potencialidades coletivas do território. Técnicas de escuta e dinamização de grupos são utilizadas para promover esse processo, mantendo sempre os princípios éticos de sigilo e respeito. Ademais, durante a acolhida, os profissionais podem utilizar de vários métodos para aprofundar o entendimento das situações vividas pelas famílias, identificando suas vulnerabilidades e recursos. Esses procedimentos ajudam a definir se é necessário um acompanhamento familiar contínuo ou apenas um atendimento pontual no âmbito das ações do PAIF. Os encaminhamentos realizados pelo CRAS direcionam as famílias a outros serviços socioassistenciais ou a políticas públicas, promovendo acesso a direitos e 8 cidadania. É fundamental que esses encaminhamentos sejam acompanhados pela equipe técnica para assegurar a inclusão efetiva das famílias na rede de serviços. No CRAS com vínculo ao PAIF são organizados encontros com o objetivo de promover reflexões sobre temas de interesse das famílias, identificar vulnerabilidades, fortalecer laços comunitários e incentivar a participação social. Utilizando métodos baseados na interação e no diálogo, essas oficinas permitem que as famílias compreendam melhor suas realidades, percebendo aspectos compartilhados e desenvolvendo uma consciência coletiva sobre as potencialidades e desafios do território onde vivem. Elas podem focar em três princípios que seriam: reflexão, consciência e ação. Tais atividades podem ser integradas com ações comunitárias no território, o que ajuda a mapear vulnerabilidades e recursos locais, promovendo uma reflexão coletiva e mudanças na realidade vivenciada. A articulação entre oficinas, atividades grupais e comunitárias contribui para fortalecer a rede de atendimento local em que cada um terá suas características particulares.Todavia, vale ressaltar que existem diferenças entre PAIF e SCFV. No PAIF, as oficinas são focadas em reflexões sobre as experiências familiares, com um número reduzido de participantes e conduzidas por técnicos especializados. Já no SCFV, o trabalho é feito em grupos maiores, promovendo a socialização, por meio de atividades culturais, esportivas e recreativas. Neste último, a ênfase é em fortalecer o sentimento de pertencimento e identidade, além de abordar questões sobre direitos sociais, diversidade e inclusão. Toda documentação e diretrizes para se fundamentar o que temos hoje de forma individual e comunitária foram baseadas em duas metodologias: a pedagogia problematizadora, inspirada em Paulo Freire, e a pesquisa-ação. Tais metodologias buscam criar um espaço de reflexão sobre situações concretas, promovendo um diálogo que possibilite mudanças na forma como as pessoas compreendem suas relações e seu mundo, gerando estratégias para transformar sua realidade (PAULO FREIRE,1970) A pedagogia problematizadora, criada originalmente para a educação anteposto com o ensino tradicional, considera o ser humano como um ser social que reflete sobre si e sobre o mundo. Em vez de se limitar à memorização de conteúdos baseada em um ensino tradicional, ele promove uma aprendizagem crítica por meio de abordagens do próprio cotidiano do indivíduo que ali insere. Neste contexto, a assistência social 9 fez menção a essa abordagem a fim de buscar uma reflexão sobre a realidade dos usuários, promovendo sua participação ativa nas ações do CRAS e no território, utilizando temas significativos. A pesquisa-ação, foi baseada nas ciências sociais que visa tanto a pesquisa quanto a intervenção. Baseia-se na participação e no diálogo para estimular a transformação social, reconhecendo os usuários como protagonistas do processo, capazes de compreender sua própria realidade e propor soluções. A equipe técnica, portanto, deve praticar uma escuta qualificada e respeitar os saberes populares no processo de intervenção, sempre a partir das demandas específicas das famílias e do contexto sociocultural em que vivem. Para psicólogos que atuam no CRAS, a aplicação dessas metodologias, como ocorre na Psicologia Comunitária e na Psicologia Social, é fundamental. A interdisciplinaridade é essencial para aprofundar questões metodológicas e ampliar os conhecimentos aplicados à assistência social. Diversos autores, como Pichon- Rivière, Martín-Baró e Maritza Montero, são referências importantes nesse diálogo. A psicologia sócio-histórica, baseada em Vygotsky, também contribui para essa prática, reforçando a importância de teorias que considerem a relação entre psicologia, sociedade e direitos humanos. (CREPOP, 2021) (MARTÍN-BARÓ,2017) 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Elaborar uma proposta de intervenção com foco no incremento do acesso da população do território ao mercado de trabalho de Colatina/ES e região, utilizando como referencial as premissas do Programa de Promoção do Acesso ao Mundo do Trabalho (Acessuas Trabalho), Plano Nacional de Assistência Social, cartilha de Referência Técnica para atuação de psicólogo no CRAS publicada pelo CREPOP (Conselho Federal de Psicologia e Conselhos Regionais) e as visitas realizadas ao CRAS Ayrton Senna. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 10 Para alcançar o objetivo geral serão necessários o cumprimento dos seguintes objetivos específicos: Reunir um grupo de 07 (sete) alunos e programar as tarefas que devem ser realizadas; Estudar o Plano Nacional de Assistência Social, cartilha de Referência Técnica para atuação de psicólogo no CRAS publicada pelo CREPOP (Conselho Federal de Psicologia e Conselhos Regionais), Programa de Promoção do Acesso ao Mundo do Trabalho (Acessuas Trabalho) e a doutrina sobre psicologia comunitária; Realizar visita de campo no CRAS do bairro Ayrton Senna para acompanhar o funcionamento da instituição; Acompanhar atividades coletivas realizadas, pelo citado CRAS, com a população do território e conversar com os participantes; Realizar entrevista com as psicólogas do CRAS; Colher dados sobre atendimentos e da população atendida pelo CRAS Analisar os dados colhidos e identificar as principais demandas/necessidades do território para a construção da proposta de intervenção; Debater e elaborar a proposta de intervenção; Organizar e redigir o trabalho escrito dentro das normas da ABNT; Preparar a apresentação do trabalho; Apresentar o trabalho para os alunos de psicologia, segundo período, turma B do UNESC e para os profissionais do CRAS do bairro Ayrton Senna. 3 CARACTERIZAÇÃO DO TERRITÓRIO O CRAS Ayrton Senna está localizado no meio do bairro Ayrton Senna. Esse barro reflete a diversidade e os desafios enfrentados por sua comunidade, sendo considerado, pelos moradores de Colatina, como um bairro carente e ou bairro de periferia da cidade. Próximo ao CRAS, identificamos casas populares (que foram cedidas pela Prefeitura de Colatina para os moradores que viviam em situação de vulnerabilidade social, com baixa renda e que tinham em seu meio familiar pessoas com algum tipo de deficiência mental e ou física); a presença de grupos ciganos; de casas do projeto da Caixa Econômica (Minha Casa Minha Vida); um cemitério; igrejas; poucos metros 11 do CRAS, podemos identificar alguns pontos de comércio (salão de beleza e barbearias, padarias, lanchonete, brechós, supermercado, mercearias, farmácias, academia, bares, loja de material de construção, etc); escola; creche... Nessa mesma localização, se identifica a existência de três “bocas de fumo” que são pontos de drogas no bairro. O bairro é habitado por uma população que enfrenta desafios relacionados à vulnerabilidade social, que dependem de benefícios do governo para sustento (bolsa família, auxílio gás, BBC, aposentadoria, cestas básicas, etc). Essa população enfrenta o desemprego e informalidade no trabalho, a falta de qualificação e a dificuldade de acesso a oportunidades de emprego. Por outro lado, essa mesma população é resistente referente aos programas e atividades oferecidos para melhoria da comunidade. A alienação familiar é algo visível e faz parte da realidade das famílias que moram nessa região. 4 ENTREVISTA COM PSICÓLOGO 5 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO TEMA: Inserção de Adolescentes de Comunidades Carentes no Mercado de Trabalho com Incentivos Fiscais para Empresas. Objetivo Geral: Facilitar a inserção de adolescentes de comunidades carentes no mercado de trabalho, oferecendo incentivos fiscais para as empresas que contratarem esses jovens conforme o ACESSUAS, (Programa Nacional de Promoção do Acesso ao Mundo do Trabalho), que é uma iniciativa do governo brasileiro, vinculada ao SUAS (Sistema Único de Assistência Social), que surgiu com o intuito de promover o acesso de pessoas em situação de vulnerabilidade social ao mercado de trabalho por meio de ações de capacitação, orientação e articulação dando oportunidade de emprego. Objetivos Específicos: Criar um programa de incentivo fiscal que permita às empresas deduzirem parte dos salários pagos a adolescentes de suas obrigações tributárias. 12 Estabelecer parcerias entre o CRAS, empresas locais e instituições de ensino para promover a contratação de adolescentes. Oferecer capacitação profissional e orientação para os adolescentes, preparando-os para o mercado de trabalho. Promover a conscientização das empresas sobre a importância da inclusão social e os benefícios de contratar jovens. Estratégias de Intervenção: Desenvolvimento de Programa de Incentivo Fiscal: Propor a criação de uma legislação que permita às empresas deduzirem uma porcentagem dos salários pagos a adolescentes de suas contribuições fiscais. Trabalhar em conjunto com órgãos governamentaispara regulamentar e divulgar o programa de incentivos. Parcerias com Empresas: Identificar empresas dispostas a participar do programa e oferecer benefícios fiscais em troca da contratação de adolescentes. Organizar eventos de networking entre empresas e adolescentes para facilitar a conexão e a oferta de vagas. Capacitação e Formação Profissional: Oferecer oficinas de desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como comunicação e trabalho em equipe, para preparar os jovens para o ambiente de trabalho. Campanha de Conscientização: Criar uma campanha de sensibilização para as empresas sobre os benefícios sociais e econômicos de contratar adolescentes, destacando histórias de sucesso. Utilizar mídias sociais e eventos comunitários para divulgar o programa e incentivar a participação das empresas. Acompanhamento e Suporte: Estabelecer um sistema de acompanhamento dos adolescentes contratados, oferecendo suporte e orientação durante o período de adaptação ao trabalho. Realizar reuniões periódicas com as empresas para avaliar o impacto do programa e coletar feedback sobre a experiência de contratação. Avaliação da Intervenção: 13 Monitorar o número de adolescentes contratados e o impacto do programa de incentivos fiscais nas empresas participantes. Realizar entrevistas com adolescentes e empregadores para coletar feedback sobre a experiência de trabalho e a eficácia do programa. Avaliar a satisfação dos adolescentes com a capacitação recebida e seu desempenho no trabalho. Conclusão: A proposta de intervenção visa não apenas aumentar as oportunidades de emprego para adolescentes de comunidades carentes, mas também promover uma mudança cultural nas empresas, incentivando a responsabilidade social e a inclusão. Através de incentivos fiscais e ações de capacitação, espera-se criar um ambiente mais favorável à inserção desses jovens no mercado de trabalho, contribuindo para o desenvolvimento social e econômico da comunidade. Baseado no projeto do ACESSUAS, que tem seus quatro eixos fundamentados em identificação e sensibilização dos usuários, desenvolvimento de habilidades e orientação para o mundo do trabalho, acesso e oportunidade, monitoramento do percurso dos usuários, a iniciativa do projeto de extensão visa não somente inserir, mas acompanhar cada resultado positivo que o usuário participante está obtendo. 6 RELATO DE EXPERIÊNCIA Eu, Leonardo Campos Simões, gostei do trabalho proposto (elaborar proposta de intervenção no CRAS), uma vez que permitiu realizar visita ao Centro de Referência e entender a realidade e as necessidades da população do local. Participar da entrevista com as psicólogas foi enriquecedor visto que elas apresentaram como é a atuação do psicólogo aplicando os conhecimentos de psicologia social e comunitária no CRAS. O trabalho permitiu compreender que a psicologia pode atuar no sentido de fortalecer o indivíduo, criar consciência do seu papel e direitos enquanto cidadão e este poderá proporcionar melhoria para a coletividade e para si próprio. Eu, Priscila, percebi essa experiência de visita ao CRAS como uma oportunidade, que faz parte dos processos da minha caminhada acadêmica, e isso tem muito valor para mim. A entrevista com as psicólogas do CRAS me chamou atenção, perceber a disposição, prestatividade, vontade das psicólogas em nos 14 atender foi maravilhoso. Muitos relatos que ouvi em sala de aula pude perceber nas falas das psicólogas. Isso me mostra que a realidade do profissional de psicologia comunitária em campo é dura e que exige muito mais do que boas intenções. Exige preparo intelectual para lidar, principalmente, com as demandas espontâneas; exige uma “certa vocação” para se trabalhar com a comunidade, que é bem diferente do trabalho clínico. Eu, Rayka, gostei muito de visitar o CRAS, a equipe foi muito simpática e nos acolheu muito bem, essa visita nos permitiu ter contato com diferentes tipos de realidades, e ver como funciona o trabalho do psicólogo dentro desse sistema, como as demandas chegam até lá e como esse trabalho é importante na vida de tantas pessoas que são atendidas, e com isso conseguem mudar o rumo de suas vidas. CONCLUSÃO REFERÊNCIAS 15 Benefício de Prestação Continuada (BPC). Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. Disponível em: . Acesso em: 15 nov. 2024. BENEVES, P. S.; SIEBRA, A. J. O entrecruzamento psicologia-saúde via políticas públicas: uma análise discursiva a partir das cartilhas do CREPOP. Revista Psicologia e Saúde, v. 13, n. 1, p. 97-111, 2021. DOI: . CIPOLLA, B.; BARRETO, L. S.; MENNA, S.; AFECHE, S. A formação social da mente: Vygotski, L. S. 153.65-V631 psicologia e pedagogia - o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. Psicologia, v. 153, 1998. COM.BR. Pedagogia do oprimido. Disponível em: . Acesso em: 15 nov. 2024. FREIRE, P. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Terra, 2014. GOV.BR. Orientações técnicas para o CRAS. Disponível em: . Acesso em: 15 nov. 2024. GOV.BR. Política Nacional de Assistência Social (PNAS) 2004. Disponível em: . Acesso em: 15 nov. 2024. Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) - Lei n.º 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Disponível em: . Acesso em: 15 nov. 2024. MARTÍN-BARÓ, I. Crítica e libertação na psicologia: estudos psicossociais. 2017. PEREIRA, V. T.; GUARESCHI, P. A. A psicologia no CRAS: um estudo de representações sociais. Psicologia & Sociedade, v. 29, n. esp., 2017. DOI: . Resolução CNAS n.º 130, de 15 de julho de 2004. Política Nacional de Assistência Social (PNAS). SILVA, J. V. da; CORGOZINHO, J. P. Atuação do psicólogo, SUAS/CRAS e psicologia social comunitária: possíveis articulações. Psicologia & Sociedade, v.23, n. esp., p. 12-21, 2011. DOI: . 16 Sistema Único de Assistência Social (SUAS) - Decreto n.º 5.909, de 27 de setembro de 2006. ANEXO A – ENTREVISTA COMPLETA COM AS PSICÓLOGAS DO CRAS AYRTON SENNA Entrevistadas: Aline e Shen 17 1. Em relação à formação acadêmica de vocês, em qual ano vocês se formaram, se tem alguma pós graduação? Shen: Formou em 2010, pós-graduada em Psicologia Hospitalar, e está concluindo uma pós em Psicologia Social. Aline: Formou em 2008, pós-graduada em Trabalho Social em Família na Comunidade. 2. Em relação ao CRAS, a quanto tempo vocês atuam nesse setor? Shen: 3 anos – Vinculo: Processo seletivo Aline: 9 anos - efetivo 3. O que motiva vocês a atuação como psicóloga no CRAS? Shen: Sua maior atuação é na área clínica e foi oportunizada a estar atuando no CRAS, então aconteceu. Aline: Desde os estágios começou a trabalhar no CRAS e desde então sua atuação é toda na assistência. 4. Trabalhar no meio social sempre foi a primeira opção de vocês? Shen: Não Aline: Sempre foi. 5. Como vocês vieram a trabalhar na assistência social? Shen: Aconteceu (tendo 3 anos na assistência). Aline: De início foi pelos estágios realizadosno CRAS. 6. Como é a rotina de vocês no CRAS? A rotina segue um planejamento que é flexível às demandas espontâneas: Atendimentos particularizados, visitas, trabalho em grupos e as capacitações que são designadas pela Secretaria de assistência. Elas também têm a organização dos relatórios, estudo de caso, pelo menos uma vez por semana. 7. Vocês tinham conhecimento sobre a área que atuam antes de entrar no Cras? Suas expectativas foram atendidas? 18 Sim, minha faculdade era focada no atendimento do profissional de psicologia no clínico, e por mais que a gente tenha informações sobre a área de psicologia, acaba sendo muito superficial. Quando passamos a atender, temos a noção de como de fato funciona. Todos os dias estou aprendendo coisas novas e me permito aprender. A teoria é algo perfeito, mas é na prática que percebemos que a perfeição da teoria demorou anos para acontecer, com desafios. Os casos que chegam até nós, nos desafiam, e temos que estudar de forma constante para vencer com esses desafios e trabalhar o indivíduo dentro do social, dentro dos grupos. 8. Quais são os principais desafios da psicologia no ambiente de trabalho? No início, nós não sabíamos ao certo qual era o papel do psicólogo no CRAS, o psicólogo estava bem deslocado, acabávamos fazendo atendimento clínico, atendendo as demandas que chegavam das escolas (queixa escolar, dificuldade de aprendizagem) por falta de conhecimento sobre o papel do psicólogo no CRAS. Hoje, alguns profissionais não sabem qual é a nossa atribuição no CRAS, e isso é um desafio pois não trabalhamos sozinhos, precisamos de outros profissionais da saúde, da educação... O trabalho em rede é o maior desafio, de cada um entender qual é a sua contribuição dentro da questão que a família trás, o respeito a vontade da família sem impor à família algo que seria bom para aquele tipo de organização. As diversidades de situações é um desafio, nunca se segue um padrão, sempre se tem casos e demandas novas, e isso é um desafio porque quando pensamos saber de algo, não sabemos de nada. A falha na distribuição das demandas dificulta o nosso trabalho, somos poucas pessoas e uma má distribuição das demandas, por falta de um trabalho que funcione bem em rede, nos geram sobrecarga e desgaste. Se esse trabalho em rede, ligado a outros profissionais, não funciona corretamente, dificulta o nosso trabalho. Não se tem oferta de serviço para todos como deveriam ter, atendemos pessoas no Cras que necessitam de atendimento clínico, direcionamos essas pessoas para os órgãos competentes e infelizmente os órgãos competentes não têm condições de atender as pessoas que nós direcionamos, e quando há possibilidade de atendimento, são marcados 1 atendimento por ano (a longo prazo). Então, esses são os nossos desafios, informar para as pessoas que elas têm direito, mas que não tem aquele serviço para atender. Deveriam ter mais contratação de profissionais. 19 9. Por mês, qual é a quantidade de atendimentos? Em média, baseado em um mês, 293 atendimentos particularizados somente em Outubro de 2024 10. Quais são as demandas mais frequentes da população? Benefício eventual (cesta básica, kit natalidade) e transferência de renda (bolsa família e BBC). 11. Em relação às questões culturais, há alguma influência que afete a demanda profissional? As dificuldades são as resistências das famílias em participar dos cursos, dos serviços de grupos que oferecemos. São muitos inscritos, mas poucos matriculados. Mesmo sendo cursos que a comunidade vai receber um valor por realizar aquele tipo de curso, eles não aderem. Não sabemos se é por conta da rivalidade do tráfico, porque tem grupos que não podem se aproximar da região do CRAS, mas sabemos que há uma alienação que impede a comunidade de entender que eles podem fazer parte de um meio, uma dificuldade de lidar com as informações recebidas, de entender que não é só esperar que o governo faça algo por eles, mas entender que há uma via de mão dupla para que as coisas aconteçam. Então, é um conjunto de fatores que dificultam, muito mais para a comunidade do que para nós. 12. Em relação aos atendimentos e acompanhamentos que vocês fazem às famílias, vocês percebem algum progresso nas atividades de curto, médio e longo prazo? Como vocês percebem esse processo ao decorrer? Se não há esse progresso de curto, médio e longo prazo, o que vocês acham que interferem nesses progressos? Em algumas situações tem progresso. Vários fatores interferem nos progressos dos trabalhos realizados, um deles são o trabalho de rede; Às vezes precisamos encaminhar o indivíduo para a unidade e não tem o profissional para aquele tipo de atendimento; Às vezes as famílias têm dificuldades de aderir às orientações e caminhar, e temos que estar sempre repetindo e repetindo e a família não sai daquela determinada situação, porque envolve o que a família acha certo para ela; 20 A comunidade não tem visão de futuro, sabem que por serem daquele determinado bairro serão barrados nos estágios, na contratação de pessoas porque as empresas não aceitam empregar adolescentes e adultos que moram naquela região. A sociedade não entende que abrindo as portas para uma pessoa de comunidade carente vão impedir que a criminalidade cresça. Fechando as portas, se diminui as possibilidades, e as portas do crime sempre estarão abertas para esses adolescentes, depois a sociedade faz aquele discurso bonito e fala que a culpa é daquela pessoa marginalizada, porque as pessoas têm escolhas. Será que têm mesmo? 13. Em relação às atividades executadas a médio e longo prazo, eles estão mais voltados para os serviços já citados? Trabalhamos a convivência familiar, identificamos as barreiras que impedem essas famílias de acessar a saúde, se precisam de direção e encaminhamento, trabalhamos com o acesso a informações de direitos e onde essas famílias podem ir para acessar esses direitos. 14. Como funcionam os encaminhamentos e acessos dessas famílias que chegam até o CRAS? Acolhemos as pessoas, direcionamos as demandas que não são do Cras, e nos primeiros atendimento marcamos um grupo e fazemos uma palestra de acolhida para explicar o que é o Cras e quais demandas podemos ajudar as pessoas a superar. São demandas espontâneas e por encaminhamentos de outras unidades. À medida que as pessoas são ouvidas, são identificadas as demandas e tomadas as devidas providências. 15. Quais são as parcerias ou redes de apoio mais importantes para o trabalho aqui (ex: saúde, educação, assistência jurídica)? Aline: Saúde, educação, conselho tutelar, território da paz (devido ser uma extensão do serviço de convivência). Observação: Possuem bom relacionamento com as outras redes para auxiliar na resolução de casos; Difícil adesão da comunidade a programas e cursos promovidos pelo CRAS; 21 Grande notoriedade de pessoas que não possuem visão do futuro para “investir” em suas profissões, e com isso se agarram no bolsa família; Creches em tempo integral ajudariam no desenvolvimento profissional dos pais; Difícil quebra do estigma associado a pessoas residentes do bairro. 16. Você tem uma abordagem psicológica específica? Qual? Você a utiliza nas atividades do CRAS? Acha que há uma abordagem mais adequada para o atendimento no CRAS? Shen: Utiliza Psicanálise em seus atendimentos na clínica. Acredita que as intervenções psicanalíticas em atendimento no CRAS são capazes de “abrir feridas” que talvez não terão apoio para lidar, então é necessária muita cautela em como seguir. Suas intervenções são feitas de modo que o indivíduo tenha condições de compreender o que precisa buscar em outro lugar. Não acredita ter abordagem específica. Aline: Sua abordagem é a terapia cognitivo comportamental – TCC, acredita ser mais social do que terapia. Acreditaque talvez no grupo PAIF alguma abordagem da psicoterapia se adequaria mais para essa questão social. Não acredita ter abordagem específica, pois todas contribuem de algum modo. 17. Como você avalia o impacto do seu trabalho na vida dos usuários e na comunidade como um todo? Shen: Acredita que o trabalho psicológico tem contribuído bastante, muitas pessoas ainda não possuem conhecimento sobre a atuação do CRAS, e mesmo com o recurso financeiro limitado nota que as pessoas que utilizam desse recurso demonstram estarem melhorando. Aline: Reconhece que o CRAS leva o acesso à informação, conscientização, formação de vínculos, empoderamento das famílias, direitos que os cidadãos possuem e isso agrega bastante em suas vidas, percebe famílias onde os filhos conseguem romper com o bolsa família/benefícios e se inserem em mercado de trabalho, notando que a sua atuação profissional no CRAS auxiliou no processo de mudança dessas realidades. 22 18. Quais são suas expectativas para o futuro da assistência social e psicológica no CRAS? Shen: Tem expectativa com o aumento da atuação dos psicólogos no CRAS, para que o trabalho feito possa evoluir ainda mais. Aline: Não alimenta expectativas em relação ao CRAS, mas tem expectativa que a graduação de Psicologia foque mais na área social e não só clínica. 19. Há alguma história ou experiência que marcou você positivamente/negativamente ao longo da sua atuação no CRAS? Shen: Relata se sentir abalada com alguns casos que chegam até o CRAS, e com isso se questionar como essas pessoas conseguem viver, reconhece que há muitas pessoas em situação de insegurança alimentar, nota que muitas crises de ansiedade das pessoas se dão em relação a essa condição, e fica difícil o tratamento diante dessa realidade. Aline: NEGATIVAMENTE: Alguns casos já marcaram crises de choro após os atendimentos. Relata um caso, onde uma família com 3 crianças pequenas pediu por cesta básica urgentemente, pois as crianças não tinham o que comer, uma delas chorava por tanta fome, a cesta básica foi fornecida, mas abalou bastante o seu psicológico. Fora do CRAS, trabalhou em um abrigo, na área da assistência, onde recebeu uma criança de 2 anos, toda machucada, com queimaduras de cigarro, marcas e hematomas nos olhos de agressão. Relata pensar em formas de ajudar além da atenção primária que é fornecida. POSITIVAMENTE: Casos onde conseguiram que o adolescente fosse inserido em algum programa/projeto, fornecimento de alguma documentação que a família precisava e através do trabalho feito no CRAS conseguiram uma oportunidade no mercado de trabalho. 20. O que você julga que pode ser melhorado na política de assistência social que contribuirá em um atendimento mais eficaz na psicologia? Shen: Nota que um aumento nos funcionários atuantes no CRAS seria fundamental para um melhor fornecimento de serviços devido a alta demanda. Nota que o fornecimento de outros serviços além do CRAS, como a creche em período integral ajudaria bastante a realidade da população atendida. Relata que os casos de racismo/preconceito estão muito presentes na vida das pessoas da comunidade, que 23 infelizmente lidam com isso diariamente em suas vidas devido a morarem em periferia e serem pretas. Aline: Acredita que na política de assistência seria necessário a reavaliação de programas como transferência de renda e forma de permanência nesses programas. Relata que se sente “entregando o peixe, e não ensinando como pescar”, sente falta de algo que de base a isso na política de assistência, cursos por exemplo não estão inseridos nessa política, é previsto apenas oficinas dentro do serviço de convivência, onde essas não são profissionalizantes. RELATO DA OBSERVAÇÃO DA ATIVIDADE DE CAPOEIRA DESENVOLVIDA NO DIA 05/11/2024 A atividade de Capoeira fornecida pelo CRAS é caracterizada por crianças de 7 a 12 anos (No dia estava presente apenas uma com aproximadamente 5 anos), elas escutavam atentamente as instruções fornecidas pelo orientador e as executavam, demonstraram grande interesse e felicidade ao participar da atividade, foi notado um ambiente acolhedor, promovendo a socialização, risadas, brincadeiras, descontração, habilidades de coordenação motora, saúde mental. Reconhecemos o grande impacto positivo que é fornecido na vida das crianças participantes. RELATO DA OBSERVAÇÃO DA RODA DE CONVERSA DOS IDOSOS DESENVOLVIDA NO DIA 08/11/2024 Essa atividade fornecida pelo CRAS é caracterizada por um grupo de 30+, participam homens e mulheres, alguns temas abordados foram: inclusão, direitos, formação de vínculos, criação de laços, empatia, estar aberto à criação de novas amizades, gentileza e reconhecimento de limites pessoais. Com muita animação, a educadora social explicou a diferença entre desigualdade, igualdade, equidade e justiça. Notamos que o ambiente promove grande socialização e descontração, gerando grande importância na saúde mental dos participantes, pois se trata de um ambiente acolhedor e amigável, com muito carinho e parceria entre os integrantes. 24