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Trabalho de Psicologia Comunitaria sobre o CRAS Ayrton Senna

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Sarah Bragato

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO ESPÍRITO SANTO – UNESC 
 
KEMILLY SCHULZ SCHEMELPFENIG 
LEONARDO CAMPOS SIMÕES 
LORIANA MACHADO PEREIRA BRUM 
MENÁLIA SANTOS BORSOI 
PRISCILLA MARA PEREIRA CORADINI 
RAYKA VIEIRA BARBOSA 
SARAH BRAGATO GOLDNER 
 
 
 
 
 
 
 
RELATÓRIO DO PROJETO DE EXTENSÃO DA DISCIPLINA DE 
PSICOLOGIA COMUNITÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COLATINA 
2024 
 1 
KEMILLY SCHULZ SCHEMELPFENIG 
LEONARDO CAMPOS SIMÕES 
LORIANA MACHADO PEREIRA BRUM 
MENÁLIA SANTOS BORSOI 
PRISCILLA MARA PEREIRA CORADINI 
RAYKA VIEIRA BARBOSA 
SARAH BRAGATO GOLDNER 
 
 
 
 
 
 
 
RELATÓRIO DO PROJETO DE EXTENSÃO DA DISCIPLINA DE 
PSICOLOGIA COMUNITÁRIA 
 
Relatório do Projeto de Extensão 
apresentado ao Centro Universitário do 
Espírito Santo – UNESC, no 2º período do 
Curso de Psicologia, sob orientação do 
professor Caio Henrique Damasceno 
Falcão, como requisito parcial para 
aprovação na disciplina de Psicologia 
Comunitária. 
 
 
 
 
 
 
 
 
COLATINA 
2024 
 
 2 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 3 
1 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 4 
2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 9 
2.1 OBJETIVO GERAL .............................................................................................. 9 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................ 9 
3 CARACTERIZAÇÃO DO TERRITÓRIO ............................................................... 10 
4 ENTREVISTA COM PSICÓLOGO ........................................................................ 11 
5 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ......................................................................... 11 
6 RELATO DE EXPERIÊNCIA ................................................................................ 13 
CONCLUSÃO .......................................................................................................... 14 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3 
INTRODUÇÃO 
 
O Brasil, após o seu processo de redemocratização, passou pelo procedimento 
constituinte resultando na criação e promulgação da Constituição da República 
Federativa do Brasil (CRFB) de 1988, também conhecida como a "Constituição 
Cidadã"; tal referência/denominação advém da expansão de garantias e direitos 
sociais, humanos e essenciais ao indivíduo e à sociedade, os quais foram 
conquistados através de mobilização social - grupos de cidadãos, sindicatos, igrejas, 
movimentos comunitários, conselhos de classe, universidades (destacando os 
departamentos de psicologia e a psicologia social brasileira erigida durante o período 
ditatorial), dentre outros. 
A Ordem Social, sendo compreendida como um arcabouço de regramentos 
legais, institucionais e costumeiros que representam a cultura e o costume dos 
indivíduos e da coletividade para a formação da identidade cidadã e bom convívio em 
sociedade, foi alçada a matéria constitucional no Título VIII da Constituição Federal 
de 1988. A Assistência Social é tratada nos artigos 203 e 204 da Constituição Cidadã. 
A Assistência Social apesar de sua previsão na constituição demorou a ser 
estruturada e regulamentada (com lei própria e de âmbito geral), na forma que é hoje, 
nos entes federados. Buscando referência no Sistema Único de Saúde, o Sistema 
Único de Assistência Social (SUAS) é criado em 2005, de acordo com informações do 
site do governo federal, fazendo parte da Política Nacional de Assistência Social. 
Integrando a rede assistencial do SUAS estão os Centros de Referência de 
Assistência Social (CRAS) responsáveis pela execução da proteção social básica - a 
missão é o trabalho de prevenção de episódios que resultem em vulnerabilidade e 
risco nos territórios atendidos. Para o desempenho da missão os CRAS possuem 
equipes multidisciplinares compostas (ou que deveriam ter) de, no mínimo, 
assistentes sociais, assessoria jurídica, educadores sociais e psicólogos. 
A atividade do psicólogo na equipe multidisciplinar e na atuação no CRAS 
(destacando a realidade da unidade do bairro Ayrton Senna/Colatina/ES) é o foco do 
presente trabalho, destacando que o referido profissional deve seguir os preceitos 
contidos na cartilha de Referência Técnica para atuação de psicólogo no CRAS 
publicada pelo CREPOP (Conselho Federal de Psicologia e Conselhos Regionais). 
O Eixo 3 da referida cartilha destaca e orienta a atuação do psicólogo na 
proteção social básica, em especial, nas atividades de acolhimento, serviço de 
 4 
proteção e atendimento integral à família (PAIF), serviços de convivência e 
fortalecimento e vínculos, atuação no domicílio de pessoas deficientes e idosas, , 
ações sócio emergenciais, articulação com outros programas no CRAS, 
encaminhamento a rede socioassistencial e intersetorial, atividades coletivas do PAIF, 
ações comunitárias no território, visitas domiciliares e trabalho em equipe 
multidisciplinar; sendo importante destacar que durante as visitas ao CRAS algumas 
das atividades descritas foram acompanhadas e estarão descritas nos relatos das 
experiências e na entrevista com as psicólogas. 
Considerando as orientações da cartilha de Referência Técnica para atuação de 
psicólogo no CRAS publicada pelo CREPOP (Conselho Federal de Psicologia e 
Conselhos Regionais), utilizada pelos psicólogos e estudada no trabalho, bem como 
as visitas realizadas aos CRAS e entrevistas com os profissionais da instituição (que 
ajudaram a entender a realidade do território) o presente trabalho irá sugerir uma 
proposta de intervenção relacionado ao incremento do acesso da população local ao 
mercado de trabalho, utilizando como referencial as premissas do Programa de 
Promoção do Acesso ao Mundo do Trabalho (Acessuas Trabalho). 
O trabalho pretende, com a proposta de intervenção, facilitar o acesso ao 
mercado de trabalho pelos cidadãos do território e com isso fortalecer a cidadania, 
diminuir a vulnerabilidade social no território e destacar o protagonismo do indivíduo 
na construção de uma vida melhor pra ele e para a sociedade em que está inserido. 
 
1 REFERENCIAL TEÓRICO 
O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é uma unidade 
fundamental dentro da política de Assistência Social no Brasil, oferecendo serviços 
com o propósito de proteção social ao indivíduo vulnerável com o intuito de fortalecer 
os vínculos familiares e comunitários. Foi criado pela Política Nacional de Assistência 
Social (PNAS), no ano de 2004, e operacionalizado pelo Sistema Único de Assistência 
Social (SUAS). 
Nesse sentido, para que haja boas práticas nesses ambientes é preciso que suas 
ações cumpram orientações técnicas e éticas. Deste modo, o presente trabalho tem 
como principal base de referência teórica o Centro de Referência Técnica em 
Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP), no qual entrega diretrizes específicas para 
a atuação dos profissionais de psicologia no CRAS. Estas visam garantir que o 
 5 
atendimento seja pautado pela valorização dos direitos humanos, pela promoção da 
cidadania e pelo respeito às particularidades dos sujeitos atendidos. 
Em referência ao papel da Proteção Social Básica (PSB) e do Centro de 
Referência de Assistência Social (CRAS) tem como função prevenir, proteger e ser 
proativa com o objetivo de promover direitos aos cidadãos, fortalecimento no vínculo 
familiar e enfrentamento de vulnerabilidades. 
Uma atividade exclusiva do CRAS é o Serviço de Proteção e Atendimento 
Integral à Família (PAIF), desenvolvido através da necessidade de cada território a fim 
de garantir acesso às demandas necessárias de cada local. Essa atuaçãopode estar 
também ligada a outras unidades de assistência, como, por exemplo, o Centro de 
Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). 
Todo esse processo é realizado não somente por um profissional e sim por uma 
equipe, na qual a participação de psicólogos tem o propósito maior de contribuir para 
a autonomia e emancipação dos indivíduos, com foco no reconhecimento dos direitos 
das famílias e de suas capacidades de enfrentamento, com apoio das políticas 
públicas. 
Ao aprofundarmos mais sobre o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à 
Família (PAIF), é notório uma equipe multiprofissional do CRAS. Pois, como já 
mencionado, trabalha com ações adaptáveis de acordo com a necessidade da família 
e/ou grupo social, dando voz a problematizações do cotidiano, à cidadania e ao 
vínculo familiar. Esses serviços podem ser acessados por encaminhamento ou de 
forma ativa, onde são feitos atendimentos individuais, em grupos, oficinas e eventos 
comunitários. 
Com o intuito de complementar o trabalho social com as famílias, foi criado uma 
iniciativa pela Proteção Social Básica (PSB): o Serviço de Convivência e 
Fortalecimento de Vínculos (SCFV). Seu intuito é fortalecer os vínculos familiares e 
comunitários. Sendo uma equipe composta por educadores ou orientadores sociais e 
técnicos de nível superior, a fim de oferecer atendimentos em grupos por ciclos de 
vida, sendo vinculado com o PAIF. 
Nesse contexto, o psicólogo tem como função contribuir com o conhecimento 
psicológico e psicossocial, analisando a exclusão e inclusão social, observando 
questões subjetivas e intersubjetivas. Vale destacar que os atendimentos 
mencionados anteriormente podem ser realizados no próprio CRAS ou até mesmo em 
centros de convivência. 
 6 
Em complementação, além do PAIF e do SCFV, existe também o Serviço de 
Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas, como 
previsto no documento Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais. Seu 
objetivo é oferecer serviços para pessoas que possuem dificuldades diversas e que 
não conseguem chegar até os locais de atendimento (CREPOP, 2021). 
O documento, citado acima, tem como principal objetivo a promoção da inclusão 
social e equiparação de oportunidades a fim de que todos tenham acesso aos serviços 
oferecidos, podendo com isso evitar a exclusão e o isolamento social. Sendo a equipe 
do PAIF responsável em desenvolver o serviço, é importante frisar que o psicólogo 
não deve se limitar em um atendimento individual e sim utilizar os atendimentos para 
que haja vínculo com os demais no meio social destes vulneráveis. 
Existem também no CRAS ações emergenciais com o intuito de atender 
indivíduos com riscos familiares ou individuais, por meio de políticas, como as ofertas 
de recursos do SUAS. Situações como catástrofes e calamidades que precisam de 
intervenções rápidas e proteção social são exemplos dessas ações emergenciais. 
Podemos citar dois tipos de benefícios envolvendo a emergência social, sendo 
eles os benefícios eventuais e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). 
Primeiramente, os benefícios eventuais vogam os direitos do cidadão e da proteção 
social. Nesse contexto, os Psicólogos atuam na distribuição desses benefícios, 
oferecendo apoio emocional e orientação para fortalecer coletivos e redes de apoio 
em rompimento com a visão assistencialista, partindo para uma visão mais ampliada. 
Além disso, o CRAS também trabalha com o Benefício de Prestação Continuada 
(BPC), esse no entanto é uma ajuda financeira, em que é oferecido um salário mínimo 
mensal a idosos e pessoas com deficiência. Estas teriam de estar vinculadas no 
Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e no caso de deficiência terem 
passado na avaliação médica e social no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). 
Dessa forma, o CRAS está ali para fornecer orientação, tendo ajuda dos psicólogos e 
podendo participar do acompanhamento dessas famílias, fornecendo informações 
sobre a rede de atendimento e fortalecendo da convivência comunitária. 
Existe também um vínculo do CRAS com outros programas, com o objetivo de 
ampliar sua atuação. Dois exemplos citados no CREPOP foram o Programa Bolsa 
Família (PBF) e o Programa Criança Feliz. A articulação do CRAS com esses 
programas promove uma abordagem interdisciplinar e intersetorial, ampliando o 
 7 
atendimento às famílias e seus membros, e respondendo de forma mais efetiva às 
situações de vulnerabilidade. 
O PBF foi criado em 2004 com o intuito de oferecer benefícios financeiros a 
famílias em situação de pobreza e extrema pobreza, condicionados à adesão a 
condicionalidades na área da saúde e educação. Nesse viés, o CRAS auxilia no 
acompanhamento dessas famílias contempladas com o benefício. (Resolução CNAS 
nº 130, de 15 de julho de 2004) 
Já o Programa Criança Feliz - instituído em 2016 - foca no desenvolvimento 
integral da primeira infância, apoiando gestantes e famílias beneficiárias do Bolsa 
Família e do Benefício de Prestação Continuada. O programa é desenvolvido em dois 
eixos: visitas domiciliares e integração das políticas de atenção à primeira infância no 
território. 
Em âmbito prático, após a recepção no CRAS - realizada por profissionais de 
nível médio, para a coleta de informações iniciais - ocorre a acolhida, que é o primeiro 
contato direto da família ou usuário com a equipe multiprofissional de nível superior. 
Essa etapa é essencial para iniciar uma escuta qualificada, compreendendo 
necessidades e demandas de maneira holística, integrando aspectos materiais, 
culturais e psicológicos, para promover o acesso aos serviços socioassistenciais e 
outras políticas públicas. A acolhida visa garantir o respeito à autonomia das famílias 
e combater posturas assistencialistas. 
A escuta qualificada, realizada nesse momento, permite identificar tanto as 
necessidades objetivas quanto subjetivas das famílias, estabelecendo um vínculo 
entre os usuários e o serviço. Isso pode ocorrer de forma individual ou em grupo, 
permitindo compreender, tanto as vulnerabilidades, quanto as potencialidades 
coletivas do território. Técnicas de escuta e dinamização de grupos são utilizadas para 
promover esse processo, mantendo sempre os princípios éticos de sigilo e respeito. 
Ademais, durante a acolhida, os profissionais podem utilizar de vários métodos 
para aprofundar o entendimento das situações vividas pelas famílias, identificando 
suas vulnerabilidades e recursos. Esses procedimentos ajudam a definir se é 
necessário um acompanhamento familiar contínuo ou apenas um atendimento pontual 
no âmbito das ações do PAIF. 
Os encaminhamentos realizados pelo CRAS direcionam as famílias a outros 
serviços socioassistenciais ou a políticas públicas, promovendo acesso a direitos e 
 8 
cidadania. É fundamental que esses encaminhamentos sejam acompanhados pela 
equipe técnica para assegurar a inclusão efetiva das famílias na rede de serviços. 
No CRAS com vínculo ao PAIF são organizados encontros com o objetivo de 
promover reflexões sobre temas de interesse das famílias, identificar vulnerabilidades, 
fortalecer laços comunitários e incentivar a participação social. Utilizando métodos 
baseados na interação e no diálogo, essas oficinas permitem que as famílias 
compreendam melhor suas realidades, percebendo aspectos compartilhados e 
desenvolvendo uma consciência coletiva sobre as potencialidades e desafios do 
território onde vivem. 
Elas podem focar em três princípios que seriam: reflexão, consciência e ação. 
Tais atividades podem ser integradas com ações comunitárias no território, o que 
ajuda a mapear vulnerabilidades e recursos locais, promovendo uma reflexão coletiva 
e mudanças na realidade vivenciada. A articulação entre oficinas, atividades grupais 
e comunitárias contribui para fortalecer a rede de atendimento local em que cada um 
terá suas características particulares.Todavia, vale ressaltar que existem diferenças entre PAIF e SCFV. No PAIF, as 
oficinas são focadas em reflexões sobre as experiências familiares, com um número 
reduzido de participantes e conduzidas por técnicos especializados. Já no SCFV, o 
trabalho é feito em grupos maiores, promovendo a socialização, por meio de 
atividades culturais, esportivas e recreativas. Neste último, a ênfase é em fortalecer o 
sentimento de pertencimento e identidade, além de abordar questões sobre direitos 
sociais, diversidade e inclusão. 
Toda documentação e diretrizes para se fundamentar o que temos hoje de forma 
individual e comunitária foram baseadas em duas metodologias: a pedagogia 
problematizadora, inspirada em Paulo Freire, e a pesquisa-ação. Tais metodologias 
buscam criar um espaço de reflexão sobre situações concretas, promovendo um 
diálogo que possibilite mudanças na forma como as pessoas compreendem suas 
relações e seu mundo, gerando estratégias para transformar sua realidade (PAULO 
FREIRE,1970) 
A pedagogia problematizadora, criada originalmente para a educação anteposto 
com o ensino tradicional, considera o ser humano como um ser social que reflete sobre 
si e sobre o mundo. Em vez de se limitar à memorização de conteúdos baseada em 
um ensino tradicional, ele promove uma aprendizagem crítica por meio de abordagens 
do próprio cotidiano do indivíduo que ali insere. Neste contexto, a assistência social 
 9 
fez menção a essa abordagem a fim de buscar uma reflexão sobre a realidade dos 
usuários, promovendo sua participação ativa nas ações do CRAS e no território, 
utilizando temas significativos. 
A pesquisa-ação, foi baseada nas ciências sociais que visa tanto a pesquisa 
quanto a intervenção. Baseia-se na participação e no diálogo para estimular a 
transformação social, reconhecendo os usuários como protagonistas do processo, 
capazes de compreender sua própria realidade e propor soluções. A equipe técnica, 
portanto, deve praticar uma escuta qualificada e respeitar os saberes populares no 
processo de intervenção, sempre a partir das demandas específicas das famílias e do 
contexto sociocultural em que vivem. 
Para psicólogos que atuam no CRAS, a aplicação dessas metodologias, como 
ocorre na Psicologia Comunitária e na Psicologia Social, é fundamental. A 
interdisciplinaridade é essencial para aprofundar questões metodológicas e ampliar 
os conhecimentos aplicados à assistência social. Diversos autores, como Pichon-
Rivière, Martín-Baró e Maritza Montero, são referências importantes nesse diálogo. A 
psicologia sócio-histórica, baseada em Vygotsky, também contribui para essa prática, 
reforçando a importância de teorias que considerem a relação entre psicologia, 
sociedade e direitos humanos. (CREPOP, 2021) (MARTÍN-BARÓ,2017) 
 
2 OBJETIVOS 
 
2.1 OBJETIVO GERAL 
 
Elaborar uma proposta de intervenção com foco no incremento do acesso da 
população do território ao mercado de trabalho de Colatina/ES e região, utilizando 
como referencial as premissas do Programa de Promoção do Acesso ao Mundo do 
Trabalho (Acessuas Trabalho), Plano Nacional de Assistência Social, cartilha de 
Referência Técnica para atuação de psicólogo no CRAS publicada pelo CREPOP 
(Conselho Federal de Psicologia e Conselhos Regionais) e as visitas realizadas ao 
CRAS Ayrton Senna. 
 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
 10 
Para alcançar o objetivo geral serão necessários o cumprimento dos seguintes 
objetivos específicos: 
 Reunir um grupo de 07 (sete) alunos e programar as tarefas que devem ser 
realizadas; 
 Estudar o Plano Nacional de Assistência Social, cartilha de Referência Técnica 
para atuação de psicólogo no CRAS publicada pelo CREPOP (Conselho 
Federal de Psicologia e Conselhos Regionais), Programa de Promoção do 
Acesso ao Mundo do Trabalho (Acessuas Trabalho) e a doutrina sobre 
psicologia comunitária; 
 Realizar visita de campo no CRAS do bairro Ayrton Senna para acompanhar o 
funcionamento da instituição; 
 Acompanhar atividades coletivas realizadas, pelo citado CRAS, com a 
população do território e conversar com os participantes; 
 Realizar entrevista com as psicólogas do CRAS; 
 Colher dados sobre atendimentos e da população atendida pelo CRAS 
 Analisar os dados colhidos e identificar as principais demandas/necessidades 
do território para a construção da proposta de intervenção; 
 Debater e elaborar a proposta de intervenção; 
 Organizar e redigir o trabalho escrito dentro das normas da ABNT; 
 Preparar a apresentação do trabalho; 
 Apresentar o trabalho para os alunos de psicologia, segundo período, turma B 
do UNESC e para os profissionais do CRAS do bairro Ayrton Senna. 
 
3 CARACTERIZAÇÃO DO TERRITÓRIO 
 
O CRAS Ayrton Senna está localizado no meio do bairro Ayrton Senna. Esse 
barro reflete a diversidade e os desafios enfrentados por sua comunidade, sendo 
considerado, pelos moradores de Colatina, como um bairro carente e ou bairro de 
periferia da cidade. 
Próximo ao CRAS, identificamos casas populares (que foram cedidas pela 
Prefeitura de Colatina para os moradores que viviam em situação de vulnerabilidade 
social, com baixa renda e que tinham em seu meio familiar pessoas com algum tipo 
de deficiência mental e ou física); a presença de grupos ciganos; de casas do projeto 
da Caixa Econômica (Minha Casa Minha Vida); um cemitério; igrejas; poucos metros 
 11 
do CRAS, podemos identificar alguns pontos de comércio (salão de beleza e 
barbearias, padarias, lanchonete, brechós, supermercado, mercearias, farmácias, 
academia, bares, loja de material de construção, etc); escola; creche... 
Nessa mesma localização, se identifica a existência de três “bocas de fumo” que 
são pontos de drogas no bairro. 
O bairro é habitado por uma população que enfrenta desafios relacionados à 
vulnerabilidade social, que dependem de benefícios do governo para sustento (bolsa 
família, auxílio gás, BBC, aposentadoria, cestas básicas, etc). Essa população 
enfrenta o desemprego e informalidade no trabalho, a falta de qualificação e a 
dificuldade de acesso a oportunidades de emprego. Por outro lado, essa mesma 
população é resistente referente aos programas e atividades oferecidos para melhoria 
da comunidade. A alienação familiar é algo visível e faz parte da realidade das famílias 
que moram nessa região. 
 
4 ENTREVISTA COM PSICÓLOGO 
 
5 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO 
 
TEMA: Inserção de Adolescentes de Comunidades Carentes no Mercado de 
Trabalho com Incentivos Fiscais para Empresas. 
 
Objetivo Geral: 
 
Facilitar a inserção de adolescentes de comunidades carentes no mercado de 
trabalho, oferecendo incentivos fiscais para as empresas que contratarem esses 
jovens conforme o ACESSUAS, (Programa Nacional de Promoção do Acesso ao 
Mundo do Trabalho), que é uma iniciativa do governo brasileiro, vinculada ao SUAS 
(Sistema Único de Assistência Social), que surgiu com o intuito de promover o acesso 
de pessoas em situação de vulnerabilidade social ao mercado de trabalho por meio 
de ações de capacitação, orientação e articulação dando oportunidade de emprego. 
 
Objetivos Específicos: 
 Criar um programa de incentivo fiscal que permita às empresas deduzirem 
parte dos salários pagos a adolescentes de suas obrigações tributárias. 
 12 
 Estabelecer parcerias entre o CRAS, empresas locais e instituições de ensino 
para promover a contratação de adolescentes. 
 Oferecer capacitação profissional e orientação para os adolescentes, 
preparando-os para o mercado de trabalho. 
 Promover a conscientização das empresas sobre a importância da inclusão 
social e os benefícios de contratar jovens. 
 
Estratégias de Intervenção: 
Desenvolvimento de Programa de Incentivo Fiscal: 
 Propor a criação de uma legislação que permita às empresas deduzirem uma 
porcentagem dos salários pagos a adolescentes de suas contribuições fiscais. 
 Trabalhar em conjunto com órgãos governamentaispara regulamentar e 
divulgar o programa de incentivos. 
Parcerias com Empresas: 
 Identificar empresas dispostas a participar do programa e oferecer benefícios 
fiscais em troca da contratação de adolescentes. 
 Organizar eventos de networking entre empresas e adolescentes para facilitar 
a conexão e a oferta de vagas. 
Capacitação e Formação Profissional: 
 Oferecer oficinas de desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como 
comunicação e trabalho em equipe, para preparar os jovens para o ambiente 
de trabalho. 
Campanha de Conscientização: 
 Criar uma campanha de sensibilização para as empresas sobre os benefícios 
sociais e econômicos de contratar adolescentes, destacando histórias de 
sucesso. 
 Utilizar mídias sociais e eventos comunitários para divulgar o programa e 
incentivar a participação das empresas. 
Acompanhamento e Suporte: 
 Estabelecer um sistema de acompanhamento dos adolescentes contratados, 
oferecendo suporte e orientação durante o período de adaptação ao trabalho. 
 Realizar reuniões periódicas com as empresas para avaliar o impacto do 
programa e coletar feedback sobre a experiência de contratação. 
Avaliação da Intervenção: 
 13 
 Monitorar o número de adolescentes contratados e o impacto do programa de 
incentivos fiscais nas empresas participantes. 
 Realizar entrevistas com adolescentes e empregadores para coletar feedback 
sobre a experiência de trabalho e a eficácia do programa. 
 Avaliar a satisfação dos adolescentes com a capacitação recebida e seu 
desempenho no trabalho. 
 
Conclusão: 
 A proposta de intervenção visa não apenas aumentar as oportunidades de 
emprego para adolescentes de comunidades carentes, mas também promover uma 
mudança cultural nas empresas, incentivando a responsabilidade social e a inclusão. 
Através de incentivos fiscais e ações de capacitação, espera-se criar um ambiente 
mais favorável à inserção desses jovens no mercado de trabalho, contribuindo para o 
desenvolvimento social e econômico da comunidade. 
Baseado no projeto do ACESSUAS, que tem seus quatro eixos fundamentados 
em identificação e sensibilização dos usuários, desenvolvimento de habilidades e 
orientação para o mundo do trabalho, acesso e oportunidade, monitoramento do 
percurso dos usuários, a iniciativa do projeto de extensão visa não somente inserir, 
mas acompanhar cada resultado positivo que o usuário participante está obtendo. 
 
6 RELATO DE EXPERIÊNCIA 
 
Eu, Leonardo Campos Simões, gostei do trabalho proposto (elaborar proposta 
de intervenção no CRAS), uma vez que permitiu realizar visita ao Centro de 
Referência e entender a realidade e as necessidades da população do local. Participar 
da entrevista com as psicólogas foi enriquecedor visto que elas apresentaram como é 
a atuação do psicólogo aplicando os conhecimentos de psicologia social e comunitária 
no CRAS. O trabalho permitiu compreender que a psicologia pode atuar no sentido de 
fortalecer o indivíduo, criar consciência do seu papel e direitos enquanto cidadão e 
este poderá proporcionar melhoria para a coletividade e para si próprio. 
Eu, Priscila, percebi essa experiência de visita ao CRAS como uma 
oportunidade, que faz parte dos processos da minha caminhada acadêmica, e isso 
tem muito valor para mim. A entrevista com as psicólogas do CRAS me chamou 
atenção, perceber a disposição, prestatividade, vontade das psicólogas em nos 
 14 
atender foi maravilhoso. Muitos relatos que ouvi em sala de aula pude perceber nas 
falas das psicólogas. Isso me mostra que a realidade do profissional de psicologia 
comunitária em campo é dura e que exige muito mais do que boas intenções. Exige 
preparo intelectual para lidar, principalmente, com as demandas espontâneas; exige 
uma “certa vocação” para se trabalhar com a comunidade, que é bem diferente do 
trabalho clínico. 
Eu, Rayka, gostei muito de visitar o CRAS, a equipe foi muito simpática e nos 
acolheu muito bem, essa visita nos permitiu ter contato com diferentes tipos de 
realidades, e ver como funciona o trabalho do psicólogo dentro desse sistema, como 
as demandas chegam até lá e como esse trabalho é importante na vida de tantas 
pessoas que são atendidas, e com isso conseguem mudar o rumo de suas vidas. 
 
CONCLUSÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 15 
Benefício de Prestação Continuada (BPC). Ministério do Desenvolvimento e 
Assistência Social, Família e Combate à Fome. Disponível em: 
. 
Acesso em: 15 nov. 2024. 
 
BENEVES, P. S.; SIEBRA, A. J. O entrecruzamento psicologia-saúde via políticas 
públicas: uma análise discursiva a partir das cartilhas do CREPOP. Revista 
Psicologia e Saúde, v. 13, n. 1, p. 97-111, 2021. DOI: 
. 
 
CIPOLLA, B.; BARRETO, L. S.; MENNA, S.; AFECHE, S. A formação social da 
mente: Vygotski, L. S. 153.65-V631 psicologia e pedagogia - o desenvolvimento dos 
processos psicológicos superiores. Psicologia, v. 153, 1998. 
 
COM.BR. Pedagogia do oprimido. Disponível em: . Acesso em: 15 
nov. 2024. 
 
FREIRE, P. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do 
oprimido. Terra, 2014. 
 
GOV.BR. Orientações técnicas para o CRAS. Disponível em: 
. Acesso em: 15 nov. 2024. 
 
GOV.BR. Política Nacional de Assistência Social (PNAS) 2004. Disponível em: 
. Acesso em: 15 nov. 2024. 
 
Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) - Lei n.º 8.742, de 7 de dezembro de 
1993. Disponível em: 
. Acesso em: 15 nov. 2024. 
 
MARTÍN-BARÓ, I. Crítica e libertação na psicologia: estudos psicossociais. 
2017. 
 
PEREIRA, V. T.; GUARESCHI, P. A. A psicologia no CRAS: um estudo de 
representações sociais. Psicologia & Sociedade, v. 29, n. esp., 2017. DOI: 
. 
 
Resolução CNAS n.º 130, de 15 de julho de 2004. Política Nacional de Assistência 
Social (PNAS). 
 
SILVA, J. V. da; CORGOZINHO, J. P. Atuação do psicólogo, SUAS/CRAS e 
psicologia social comunitária: possíveis articulações. Psicologia & Sociedade, v.23, 
n. esp., p. 12-21, 2011. DOI: . 
 
 16 
Sistema Único de Assistência Social (SUAS) - Decreto n.º 5.909, de 27 de setembro 
de 2006. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO A – ENTREVISTA COMPLETA COM AS PSICÓLOGAS DO CRAS 
AYRTON SENNA 
 
Entrevistadas: Aline e Shen 
 17 
 
1. Em relação à formação acadêmica de vocês, em qual ano vocês se formaram, 
se tem alguma pós graduação? 
Shen: Formou em 2010, pós-graduada em Psicologia Hospitalar, e está concluindo 
uma pós em Psicologia Social. 
Aline: Formou em 2008, pós-graduada em Trabalho Social em Família na 
Comunidade. 
 
2. Em relação ao CRAS, a quanto tempo vocês atuam nesse setor? 
Shen: 3 anos – Vinculo: Processo seletivo 
Aline: 9 anos - efetivo 
 
3. O que motiva vocês a atuação como psicóloga no CRAS? 
Shen: Sua maior atuação é na área clínica e foi oportunizada a estar atuando no 
CRAS, então aconteceu. 
Aline: Desde os estágios começou a trabalhar no CRAS e desde então sua atuação é 
toda na assistência. 
 
4. Trabalhar no meio social sempre foi a primeira opção de vocês? 
Shen: Não 
Aline: Sempre foi. 
 
5. Como vocês vieram a trabalhar na assistência social? 
Shen: Aconteceu (tendo 3 anos na assistência). 
Aline: De início foi pelos estágios realizadosno CRAS. 
 
6. Como é a rotina de vocês no CRAS? 
A rotina segue um planejamento que é flexível às demandas espontâneas: 
Atendimentos particularizados, visitas, trabalho em grupos e as capacitações que são 
designadas pela Secretaria de assistência. Elas também têm a organização dos 
relatórios, estudo de caso, pelo menos uma vez por semana. 
 
7. Vocês tinham conhecimento sobre a área que atuam antes de entrar no Cras? 
Suas expectativas foram atendidas? 
 18 
Sim, minha faculdade era focada no atendimento do profissional de psicologia 
no clínico, e por mais que a gente tenha informações sobre a área de psicologia, acaba 
sendo muito superficial. Quando passamos a atender, temos a noção de como de fato 
funciona. Todos os dias estou aprendendo coisas novas e me permito aprender. A 
teoria é algo perfeito, mas é na prática que percebemos que a perfeição da teoria 
demorou anos para acontecer, com desafios. Os casos que chegam até nós, nos 
desafiam, e temos que estudar de forma constante para vencer com esses desafios e 
trabalhar o indivíduo dentro do social, dentro dos grupos. 
 
8. Quais são os principais desafios da psicologia no ambiente de trabalho? 
No início, nós não sabíamos ao certo qual era o papel do psicólogo no CRAS, o 
psicólogo estava bem deslocado, acabávamos fazendo atendimento clínico, 
atendendo as demandas que chegavam das escolas (queixa escolar, dificuldade de 
aprendizagem) por falta de conhecimento sobre o papel do psicólogo no CRAS. Hoje, 
alguns profissionais não sabem qual é a nossa atribuição no CRAS, e isso é um 
desafio pois não trabalhamos sozinhos, precisamos de outros profissionais da saúde, 
da educação... O trabalho em rede é o maior desafio, de cada um entender qual é a 
sua contribuição dentro da questão que a família trás, o respeito a vontade da família 
sem impor à família algo que seria bom para aquele tipo de organização. 
As diversidades de situações é um desafio, nunca se segue um padrão, sempre 
se tem casos e demandas novas, e isso é um desafio porque quando pensamos saber 
de algo, não sabemos de nada. 
A falha na distribuição das demandas dificulta o nosso trabalho, somos poucas 
pessoas e uma má distribuição das demandas, por falta de um trabalho que funcione 
bem em rede, nos geram sobrecarga e desgaste. Se esse trabalho em rede, ligado a 
outros profissionais, não funciona corretamente, dificulta o nosso trabalho. 
Não se tem oferta de serviço para todos como deveriam ter, atendemos pessoas 
no Cras que necessitam de atendimento clínico, direcionamos essas pessoas para os 
órgãos competentes e infelizmente os órgãos competentes não têm condições de 
atender as pessoas que nós direcionamos, e quando há possibilidade de atendimento, 
são marcados 1 atendimento por ano (a longo prazo). Então, esses são os nossos 
desafios, informar para as pessoas que elas têm direito, mas que não tem aquele 
serviço para atender. Deveriam ter mais contratação de profissionais. 
 
 19 
9. Por mês, qual é a quantidade de atendimentos? 
Em média, baseado em um mês, 293 atendimentos particularizados somente em 
Outubro de 2024 
 
10. Quais são as demandas mais frequentes da população? 
Benefício eventual (cesta básica, kit natalidade) e transferência de renda (bolsa 
família e BBC). 
 
11. Em relação às questões culturais, há alguma influência que afete a demanda 
profissional? 
As dificuldades são as resistências das famílias em participar dos cursos, dos 
serviços de grupos que oferecemos. São muitos inscritos, mas poucos matriculados. 
Mesmo sendo cursos que a comunidade vai receber um valor por realizar aquele tipo 
de curso, eles não aderem. Não sabemos se é por conta da rivalidade do tráfico, 
porque tem grupos que não podem se aproximar da região do CRAS, mas sabemos 
que há uma alienação que impede a comunidade de entender que eles podem fazer 
parte de um meio, uma dificuldade de lidar com as informações recebidas, de entender 
que não é só esperar que o governo faça algo por eles, mas entender que há uma via 
de mão dupla para que as coisas aconteçam. Então, é um conjunto de fatores que 
dificultam, muito mais para a comunidade do que para nós. 
 
12. Em relação aos atendimentos e acompanhamentos que vocês fazem às 
famílias, vocês percebem algum progresso nas atividades de curto, médio e 
longo prazo? Como vocês percebem esse processo ao decorrer? Se não há 
esse progresso de curto, médio e longo prazo, o que vocês acham que 
interferem nesses progressos? 
Em algumas situações tem progresso. Vários fatores interferem nos progressos 
dos trabalhos realizados, um deles são o trabalho de rede; 
Às vezes precisamos encaminhar o indivíduo para a unidade e não tem o 
profissional para aquele tipo de atendimento; 
Às vezes as famílias têm dificuldades de aderir às orientações e caminhar, e 
temos que estar sempre repetindo e repetindo e a família não sai daquela determinada 
situação, porque envolve o que a família acha certo para ela; 
 20 
A comunidade não tem visão de futuro, sabem que por serem daquele 
determinado bairro serão barrados nos estágios, na contratação de pessoas porque 
as empresas não aceitam empregar adolescentes e adultos que moram naquela 
região. A sociedade não entende que abrindo as portas para uma pessoa de 
comunidade carente vão impedir que a criminalidade cresça. Fechando as portas, se 
diminui as possibilidades, e as portas do crime sempre estarão abertas para esses 
adolescentes, depois a sociedade faz aquele discurso bonito e fala que a culpa é 
daquela pessoa marginalizada, porque as pessoas têm escolhas. Será que têm 
mesmo? 
 
13. Em relação às atividades executadas a médio e longo prazo, eles estão mais 
voltados para os serviços já citados? 
Trabalhamos a convivência familiar, identificamos as barreiras que impedem 
essas famílias de acessar a saúde, se precisam de direção e encaminhamento, 
trabalhamos com o acesso a informações de direitos e onde essas famílias podem ir 
para acessar esses direitos. 
 
14. Como funcionam os encaminhamentos e acessos dessas famílias que 
chegam até o CRAS? 
Acolhemos as pessoas, direcionamos as demandas que não são do Cras, e nos 
primeiros atendimento marcamos um grupo e fazemos uma palestra de acolhida para 
explicar o que é o Cras e quais demandas podemos ajudar as pessoas a superar. São 
demandas espontâneas e por encaminhamentos de outras unidades. À medida que 
as pessoas são ouvidas, são identificadas as demandas e tomadas as devidas 
providências. 
 
15. Quais são as parcerias ou redes de apoio mais importantes para o trabalho 
aqui (ex: saúde, educação, assistência jurídica)? 
Aline: Saúde, educação, conselho tutelar, território da paz (devido ser uma 
extensão do serviço de convivência). 
Observação: 
 Possuem bom relacionamento com as outras redes para auxiliar na resolução 
de casos; 
 Difícil adesão da comunidade a programas e cursos promovidos pelo CRAS; 
 21 
 Grande notoriedade de pessoas que não possuem visão do futuro para 
“investir” em suas profissões, e com isso se agarram no bolsa família; 
 Creches em tempo integral ajudariam no desenvolvimento profissional dos 
pais; 
 Difícil quebra do estigma associado a pessoas residentes do bairro. 
 
16. Você tem uma abordagem psicológica específica? Qual? Você a utiliza nas 
atividades do CRAS? Acha que há uma abordagem mais adequada para o 
atendimento no CRAS? 
Shen: Utiliza Psicanálise em seus atendimentos na clínica. Acredita que as 
intervenções psicanalíticas em atendimento no CRAS são capazes de “abrir feridas” 
que talvez não terão apoio para lidar, então é necessária muita cautela em como 
seguir. Suas intervenções são feitas de modo que o indivíduo tenha condições de 
compreender o que precisa buscar em outro lugar. Não acredita ter abordagem 
específica. 
Aline: Sua abordagem é a terapia cognitivo comportamental – TCC, acredita ser 
mais social do que terapia. Acreditaque talvez no grupo PAIF alguma abordagem da 
psicoterapia se adequaria mais para essa questão social. Não acredita ter abordagem 
específica, pois todas contribuem de algum modo. 
 
17. Como você avalia o impacto do seu trabalho na vida dos usuários e na 
comunidade como um todo? 
Shen: Acredita que o trabalho psicológico tem contribuído bastante, muitas 
pessoas ainda não possuem conhecimento sobre a atuação do CRAS, e mesmo com 
o recurso financeiro limitado nota que as pessoas que utilizam desse recurso 
demonstram estarem melhorando. 
Aline: Reconhece que o CRAS leva o acesso à informação, conscientização, 
formação de vínculos, empoderamento das famílias, direitos que os cidadãos 
possuem e isso agrega bastante em suas vidas, percebe famílias onde os filhos 
conseguem romper com o bolsa família/benefícios e se inserem em mercado de 
trabalho, notando que a sua atuação profissional no CRAS auxiliou no processo de 
mudança dessas realidades. 
 
 22 
18. Quais são suas expectativas para o futuro da assistência social e psicológica 
no CRAS? 
Shen: Tem expectativa com o aumento da atuação dos psicólogos no CRAS, 
para que o trabalho feito possa evoluir ainda mais. 
Aline: Não alimenta expectativas em relação ao CRAS, mas tem expectativa 
que a graduação de Psicologia foque mais na área social e não só clínica. 
 
19. Há alguma história ou experiência que marcou você 
positivamente/negativamente ao longo da sua atuação no CRAS? 
Shen: Relata se sentir abalada com alguns casos que chegam até o CRAS, e 
com isso se questionar como essas pessoas conseguem viver, reconhece que há 
muitas pessoas em situação de insegurança alimentar, nota que muitas crises de 
ansiedade das pessoas se dão em relação a essa condição, e fica difícil o tratamento 
diante dessa realidade. 
Aline: NEGATIVAMENTE: Alguns casos já marcaram crises de choro após os 
atendimentos. Relata um caso, onde uma família com 3 crianças pequenas pediu por 
cesta básica urgentemente, pois as crianças não tinham o que comer, uma delas 
chorava por tanta fome, a cesta básica foi fornecida, mas abalou bastante o seu 
psicológico. Fora do CRAS, trabalhou em um abrigo, na área da assistência, onde 
recebeu uma criança de 2 anos, toda machucada, com queimaduras de cigarro, 
marcas e hematomas nos olhos de agressão. Relata pensar em formas de ajudar além 
da atenção primária que é fornecida. 
POSITIVAMENTE: Casos onde conseguiram que o adolescente fosse inserido 
em algum programa/projeto, fornecimento de alguma documentação que a família 
precisava e através do trabalho feito no CRAS conseguiram uma oportunidade no 
mercado de trabalho. 
 
20. O que você julga que pode ser melhorado na política de assistência social 
que contribuirá em um atendimento mais eficaz na psicologia? 
Shen: Nota que um aumento nos funcionários atuantes no CRAS seria 
fundamental para um melhor fornecimento de serviços devido a alta demanda. Nota 
que o fornecimento de outros serviços além do CRAS, como a creche em período 
integral ajudaria bastante a realidade da população atendida. Relata que os casos de 
racismo/preconceito estão muito presentes na vida das pessoas da comunidade, que 
 23 
infelizmente lidam com isso diariamente em suas vidas devido a morarem em periferia 
e serem pretas. 
Aline: Acredita que na política de assistência seria necessário a reavaliação de 
programas como transferência de renda e forma de permanência nesses programas. 
Relata que se sente “entregando o peixe, e não ensinando como pescar”, sente falta 
de algo que de base a isso na política de assistência, cursos por exemplo não estão 
inseridos nessa política, é previsto apenas oficinas dentro do serviço de convivência, 
onde essas não são profissionalizantes. 
 
RELATO DA OBSERVAÇÃO DA ATIVIDADE DE CAPOEIRA DESENVOLVIDA 
NO DIA 05/11/2024 
 
A atividade de Capoeira fornecida pelo CRAS é caracterizada por crianças de 7 
a 12 anos (No dia estava presente apenas uma com aproximadamente 5 anos), elas 
escutavam atentamente as instruções fornecidas pelo orientador e as executavam, 
demonstraram grande interesse e felicidade ao participar da atividade, foi notado um 
ambiente acolhedor, promovendo a socialização, risadas, brincadeiras, descontração, 
habilidades de coordenação motora, saúde mental. Reconhecemos o grande impacto 
positivo que é fornecido na vida das crianças participantes. 
 
RELATO DA OBSERVAÇÃO DA RODA DE CONVERSA DOS IDOSOS 
DESENVOLVIDA NO DIA 08/11/2024 
 
Essa atividade fornecida pelo CRAS é caracterizada por um grupo de 30+, 
participam homens e mulheres, alguns temas abordados foram: inclusão, direitos, 
formação de vínculos, criação de laços, empatia, estar aberto à criação de novas 
amizades, gentileza e reconhecimento de limites pessoais. Com muita animação, a 
educadora social explicou a diferença entre desigualdade, igualdade, equidade e 
justiça. Notamos que o ambiente promove grande socialização e descontração, 
gerando grande importância na saúde mental dos participantes, pois se trata de um 
ambiente acolhedor e amigável, com muito carinho e parceria entre os integrantes. 
 
 
 
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