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1 Língua Brasileira de Sinais Profª Ma. Marina Savordelli Versolato 2 AULA 4 O Surdo e a sua Cultura Surdez X Deficiência Auditiva 3 O que é Perda Auditiva? ❖ → Pela OMS, deficiente auditivo: – O indivíduo que possui perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1000Hz, 2000Hz e 3000Hz. – Na criança, a deficiência auditiva configura-se como uma perda auditiva a partir de 15 dB nas frequências de 500, 1000 e 2000 Hz e pode ser tanto com uma perda uni quanto bilateral • → Segundo a Feneis (Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos): • O termo deficiência auditiva é usado apenas para aquelas pessoas com perda auditiva até o grau severo. • Aqueles indivíduos que possuem perda auditiva profunda são denominados surdos. Surdez X Deficiência Auditiva 4 Surdez X Deficiência Auditiva • Do ponto de vista clínico, o que difere surdez de deficiência auditiva é a profundidade da perda auditiva. • As pessoas que têm perda profunda, e não escutam nada, são surdas. Já as que sofreram uma perda leve ou moderada, e têm parte da audição, são consideradas deficientes auditivas. • Porém, levar em conta só a perspectiva clínica não é suficiente, já que a diferença na nomenclatura também tem um componente cultural importante: a Língua Brasileira de Sinais. Surdez X Deficiência Auditiva • A Libras é uma língua (e não uma linguagem) reconhecida por lei no Brasil e possui estrutura e gramática próprias; • Por ser uma língua visuoespacial, ela é um muito mais fácil de ser aprendida pelos surdos e por isso é o primeiro idioma da comunidade surda no país. E é aí que entra o aspecto cultural na diferenciação entre surdos e deficientes auditivos. • As pessoas que fazem parte da comunidade se identificam como surdas, enquanto as que não pertencem a ela são chamadas de deficientes auditivas. • Sob essa perspectiva, a profundidade da perda auditiva passa a não ter importância, já que a identidade surda é o que define a questão. • Para os surdos, a surdez não é uma deficiência – é uma outra forma de experimentar o mundo. 5 Língua De ordem epifenomenal: envolve fenômenos de ordem política, social,emocional , etc Linguagem De ordem abstrato que se refere a capacidade humana de comunicação A linguagem é a capacidade que os seres humanos têm para produzir, desenvolver e compreender a língua e outras manifestações, como a pintura, a música e a dança. LIBRAS É UMA LÍNGUA!!!! CULTURA SURDA: • A cultura surda engloba possibilidades e elementos próprios da vida dos sujeitos que se reconhecem como surdos, abrangendo não apenas aspectos mais corriqueiros da vida de cada um, mas também o grupo social que constituem. • A privação do sentido da audição não inviabiliza a interação linguística, a participação social ou a produção cultural das pessoas surdas. Abre possibilidades alternativas para a sua atuação nessas áreas. • Ao nos aproximarmos mais da realidade surda, pela vivência e pelo estudo, descobrimos que ela comporta um rico, complexo e instigante conjunto de elementos culturais caracterizados pelas formas alternativas de produção e interação dessas pessoas, alimentados e enriquecidos nas comunidades surdas e, infelizmente, ainda pouco conhecidos entre os ouvintes. 6 CULTURA SURDA: • E no contato com a história cultural notamos a importância da participação dos povos surdos para sua construção; • Durante muito tempo o surdo foi muito marginalizado socialmente e por isso acabou sendo prejudicado em diversos contextos sociais; • Com o passar do tempo houve um crescimento da comunidade surda e foram necessárias mudanças na sociedade, que antes exigia que o surdo simplesmente se adaptasse a cultura ouvinte; • O desafio é construir uma nova história cultural, registrando as lutas pela identidade surda, pela construção da identidade cultural, pelo reconhecimento da língua de sinais, pela emancipação dos sujeitos surdos de todas as formas de opressão e seu livre e espontâneo desenvolvimento. Fonte: https://www.facebook.com/simposiodecultu rasurda/ CULTURA SURDA: • Imensa variedade e amplitude das sociedades humanas; • Olhar qualitativo para as culturas e não quantitativo; • Cultura diferente e não inferior; • Um passado imerso na obrigação de serem ouvintes e, em função disto, aceitar que os outros fizessem a sua história, os dominassem (...); • Lutas de significação quais sejam: a busca por educação bilíngue, por políticas para a língua de sinais no Brasil, pela abertura das portas das universidades, por posições de igualdade, por ter intérpretes de língua de sinais e por serem válidos os nossos direitos. 7 Cultura surda é o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim de torná-lo acessível e habitável, ajustando-o com as suas percepções visuais, que contribuem para a definição das identidades surdas e das “almas” das comunidades surdas. Isto significa que abrange a língua, as ideias, as crenças, os costumes e os hábitos do povo surdo. ( STROBEL, K, 2008, p.22) “ “ • A cultura surda é o padrão de comportamento compartilhado por sujeitos surdos na experiência trocada com os seus semelhantes quer seja na escola, nas associações de surdos ou encontros informais; • Isto origina a identificação de pertencer a um povo distinto, caracterizado por compartilhar língua de sinais, valores culturais , hábitos e modos de socialização; • Para o sujeito surdo ter acesso a informações e conhecimentos e para estabelecer sua identidade é essencial criar uma ligação com o povo surdo o qual usa a sua língua em comum: a língua de sinais. • Na comunidade surda não há “perda auditiva”, mas sim um “ganho surdo”. CULTURA SURDA: 8 • O lema teve origem no início do século XX nos Estados Unidos e depois se espalhou pelo mundo inteiro para representar o movimento das pessoas com deficiência e também de outras minorias sociais; • O lema comunica a ideia de que nenhuma política deveria ser decidida por nenhum representante sem a plena e direta participação dos membros do grupo atingido por essa política. • Os SURDOS devem ser protagonistas da própria história • Querem levantar as bandeiras de suas reivindicações, lutar por seus direitos e contra o preconceito, evitando interesses alheios à sua causa. • Isso continua sendo um grande desafio e os surdos seguem lutando, sem abrir mão do apoio de simpatizantes da sua causa. Mas a última palavra tem que ser do surdo! • É o surdo que sabe dizer qual é a melhor forma de superar as barreiras que dificultam sua efetiva participação na sociedade. LIBRAS: 9 Referências Bibliográficas BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 25 abr. 2002. PERLIN, G.; STROBEL, K. História cultural dos surdos: desafio contemporâneo. Educar em Revista, Curitiba, Brasil, Edição Especial, Editora UFPR n. 2/2014, p. 17-31. SASSAKI, Romeu Kazumi. Nada sobre nós, sem nós: Da integração à inclusão – Parte 2. Revista Nacional de Reabilitação, ano X, n. 58, set./out. 2007, p.20-30 STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: Editora da UFSC, 2008;