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1 Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 1 x x Gestão da Qualidade Felipe Cerchiareto Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 2 x x Introdução Todos exigem qualidade, sejam organizações ou pessoas. Afinal, ninguém quer um produto ou serviço que não tenha qualidade. Assim, produzir com qualidade, oferecer um serviço de qualidade, é condição para que uma organização se mantenha competitiva e se torne perene no mercado. Entretanto, não basta querer. É preciso ter conhecimento. O amplo conjunto de conhecimentos que permite que as organizações melhorem continuamente é chamado de Engenharia e Gestão da Qualidade. Dominar esse conhecimento é fator que diferencia organizações e profissionais. Além disso, o conceito Qualidade evolui ao longo da história, incorporando novas técnicas, novos valores, novas exigências do mercado, das partes interessadas, etc. 1 2 2 Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 3 x x Introdução A ERA DO ARTESÃO • Artesão: responsável por todas as etapas de fabricação de um produto. • Qualidade é associada ao nome de quem fez o produto. Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 4 x x Introdução REVOLUÇÃO INDUSTRIAL • Revoluciona também o que se entendia por qualidade. • A qualidade do produto deixa de ser responsabilidade apenas de um trabalhador. • Surge a fabricação em série: padronização das partes que compõem um produto mais complexo. • Padronização e intercambialidade: permite a reposição apenas de partes danificadas. 3 4 3 Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 5 x x Teorias da administração ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA TEORIA CLÁSSICA EUA – TAYLOR - 1903 FRANÇA – FAYOL - 1916 Eficiência no nível Operacional Eficiência no nível institucional Ênfase nas tarefas (divisão do trabalho) Ênfase na estrutura organizacional Abordagem de baixo para cima (bottom-up) Abordagem de cima para baixo (Top-down) Cargo (ocupante e tarefas) Departamentos Método de trabalho Fisiologia da organização Organização racional do trabalho Estrutura organizacional Eficiência da empresa por meio da eficiência Operacional – baseado em estímulos salariais Eficiência da empresa por meio da forma e disponibilização dos órgãos e de suas interrelações estruturais Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 6 x x Eras da Qualidade Estatístico GQT 5 6 4 Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 7 x x7 Era da Inspeção Conceito muito “primitivo” de qualidade, com foco extremamente direcionado ao produto. A única finalidade era descobrir se o produto estava sendo entregue de acordo com o planejado. Os métodos utilizados pela qualidade eram a inspeção física (manual) do produto em conjunto com a utilização de instrumentos de metrologia. Nessa era, 100% da produção era inspecionada. Porém, é importante ressaltar que por muito tempo, somente o produto acabado era inspecionado. Por isso, os níveis de retrabalho e desperdício (refugo) eram extremamente altos. Podemos dizer que a única preocupação era não deixar que produtos fora do padrão saíssem da fábrica. Era do Controle Estatístico da Qualidade Início da adoção de pontos de verificação intermediários (nas etapas internas do processo), bem como aumento considerável da produção. A inspeção integral da produção começou a tornar-se inviável e falha. Iniciaram-se estudos de inspeção de forma estatística. Assim, na 2ª Era da Qualidade (décadas de 1960 e 1970), apenas parte da produção era inspecionada, substituindo a inspeção por amostragem. O foco não era mais o produto em si, mas sim o processo que o produzia. Essa era foi particularmente importante pois ajudou a entender que há certa estabilidade no processo. Assim, é possível identificar os problemas e agir para evitar que eles ocorram. Eras da Qualidade Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 8 x x8 Era da Garantia da Qualidade Identificação do que causava os problemas nos processos e os defeitos nos produtos. Com isso, percebemos que não só a linha de produção afetava a produção. Todos os processos e aspectos que afetam a qualidade são levados em conta. Fornecedores passam a integrar a “conta da qualidade” e temos uma visão mais ampla, e real, do processo de produção. Surge então o conceito de “cadeia de valor” e a 3ª era da Qualidade: foco no sistema de gestão, visando fazer com que ele garantisse a conformidade do produto. Era da Gestão da Qualidade Total Com o aumento das fábricas e com o mercado cada vez mais exigente, entra em cena, após a década de 80, o mais importante dos elementos: o cliente! Na 4ª Era da Qualidade, o SGQ deixa de ser uma preocupação do “chão de fábrica” e adentra a estratégia das empresas! A partir daqui a Qualidade ocupa papel de destaque nas empresas, mas não é o foco delas, pois o foco passa a ser o cliente e as necessidades e expectativas dele! Não basta garantir a conformidade do produto com o planejado. É preciso garantir a conformidade de acordo com o que o cliente almeja. Por isso, a Qualidade torna-se estratégica, levando as organizações em direção aos clientes. Eras da Qualidade 7 8 5 Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 9 x x9 Com o avanço da Indústria 4.0, a Qualidade 4.0 também já é uma realidade. Com a integração de sistemas de gerenciamento mais eficazes e com a utilização de IAs na análise de dados, passaremos a atuar preventivamente. Conseguiremos prever quando e como as falhas irão acontecer e, ao invés de lidar com as consequências, evitar que os problemas aconteçam. Estratégia: o papel da Qualidade na próxima Era Cada vez mais a Qualidade se aproximará da estratégia da empresa. Perguntas como “Quais”: •ações serão necessárias para mudar os resultados dos indicadores? •mercados nossa empresa precisará participar? •mudanças os produtos e processos precisam para atender melhor às necessidades dos clientes? •fatores internos ou externos estão influenciando no processo e nos resultados das empresas? Com o altíssimo nível de automação e da integração das informações que serão coletadas, o conhecimento e a capacidade de tomar boas decisões tende a ser o Futuro da gestão da Qualidade - o caminho para 5ª Era da Qualidade. O profissional da qualidade será um evangelizador “todo profissional da qualidade é (ou deveria ser) um evangelizador” - prega a Qualidade na empresa, sendo o engajamento das pessoas responsabilidade de quem trabalha com Qualidade! Porém, com a automação de atividades que não agregam valor, o gestor da qualidade será cada vez mais um dos líderes da cultura organizacional, responsável por garantir que todos entendam: • o que é Qualidade para a empresa; • seus papéis no SGQ são fundamentais; • a importância se apaixonar por entregar um produto voltado aos clientes; • todos são responsáveis por fazer acontecer! Eras da Qualidade – 5ª Era da Qualidade Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 10 x x Eras da Qualidade Características Básicas Interesse Principal Visão da Qualidade Ênfase Métodos Papel dos profissionais da qualidade Quem é o responsável pela qualidade Inspeção Verificação Problema a ser resolvido Uniformidade do produto Instrumentos de medição Inspeção, classificação, contagem, avaliação e reparo O departamento de inspeção Controle Estatístico do Processo Controle Problema a ser resolvido Uniformidade do produto com menos inspeção Ferramentas e técnicas estatísticas Solução de problemas e a aplicação de métodos estatísticos Os departamentos de fabricação e engenharia (o controle de qualidade). Garantia da Qualidade Coordenação Problema a ser resolvido, mas enfrentado proativamente Toda cadeia de fabricação, desde o projeto até o mercado, e a contribuição de todos os grupos funcionais para impedir falhas de qualidade Programas e sistemas Planejamento, medição da qualidade e desenvolvimento de programas Todosos departamentos, com a alta administração se envolvendo superficialmente no planejamento e na execução das diretrizes da qualidade Gestão Total da Qualidade Impacto Estratégico Oportunidade de diferenciação da concorrência As necessidade de mercado e do cliente Planejamento estratégico, estabelecimento de objetivos e a mobilização da organização Estabelecimento de metas, educação e treinamento, consultoria a outros departamentos e desenvolvimento de programas Todos na empresa, com a alta administração exercendo forte liderança. 9 10 6 Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 11 x x Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 12 x x Conceito de Qualidade • Crosby (1986) define qualidade como a conformidade do produto às suas especificações. As necessidades devem ser especificadas e a qualidade surge quando tais especificações são atendidas sem a ocorrência de defeitos. • Feigenbaum (1991) afirma que qualidade pode ser definida como a composição das características de marketing, engenharia, produção e manutenção, por meio das quais o produto ou serviço utilizado atinge as expectativas do cliente. • Juran (1998): Qualidade significa aquelas características dos produtos que satisfazem as necessidades dos clientes e, assim proporcionam sua satisfação. Neste sentido, o significado de qualidade é a adequação ao uso, e também orientada à receita. 11 12 7 Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 13 x x Conceito de Qualidade • Deming (2002): o consumidor é a parte mais importante da linha de produção, devendo a qualidade ser focada para as suas necessidades, sejam presentes ou futuras. Para o autor, qualidade é tudo aquilo que melhora o produto segundo o ponto de vista do cliente. • Campos (2004): “um produto ou serviço de qualidade é aquele que atende perfeitamente, de forma confiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo certo às necessidades do cliente.” • ISO 9000:2015: “Qualidade é o grau em que um conjunto de “propriedades diferenciadoras” inerentes de um “item” satisfaz “a necessidade ou expectativa que é declarada, geralmente de forma implícita ou obrigatória”. Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 14 x x Gurus da Qualidade Walter Shewhart (1931): Entende que o operário deveria ser capaz de compreender, observar e controlar a produção. Pai do Controle Estatístico da Qualidade; Ciclo de melhoria contínua – Planejar, executar, examinar e ajustar; Cartas de controle (CEP). 13 14 8 Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 15 x x Gurus da Qualidade J. M. Juran: abordagem dos custos da qualidade (falhas, prevenção e avaliação) e criador da trilogia da qualidade – Trilogia de Juran – baseada no ciclo “Plan – Control – Improve”. Tambpem foi responsável por dar notoriedade ao diagrama de Pareto como ferramenta para tratativa gerencial; Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 16 x x Gurus da Qualidade • Edward Deming: Responsável pela difusão dos conceitos de controle estatístico de processos no Japão, por meio das práticas de Shewhart; Abordava o conceito de envolvimento da liderança na qualidade; Reforçava a importância do consumidor o foco da produção; Estabelece os 14 princípios da qualidade: 1. Criar uma constância de propósitos para a melhoria de produtos e serviços. 2. Adotar a nova filosofia, pois esta é uma nova era econômica. Não se pode mais conviver com níveis comumente aceitos de atrasos, erros, materiais defeituosos e defeitos de fabricação. 3. Cessar a dependência da inspeção em massa como forma de se atingir a qualidade. Exigir comprovação estatística de que a qualidade está embutida no produto, eliminando assim a necessidade de inspeção. 15 16 9 Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 17 x x Gurus da Qualidade 4. Abandonar a prática de comprar apenas com base no preço. Basear na qualidade, eliminando fornecedores que não tenham qualidade e buscando um fornecedor preferencial. 5. Melhorar continuamente o sistema de planejamento, projeto, suprimentos, produção, serviços, manutenção, treinamento, etc., sempre considerando que as pessoas fazem parte desse sistema. Uma melhor qualidade reduz custos e aumenta a produtividade. 6. Instituir o treinamento on the job. 7. Fomentar a liderança em todos os níveis. Seu objetivo deve ser ajudar as pessoas e máquinas a fazer um trabalho melhor. A responsabilidade dos supervisores deve ser mudada de números absolutos por indicadores da qualidade. 8. Eliminar a sensação de medo na organização. Evitar um estilo autoritário de gestão. Assim, todos poderão trabalhar efetivamente. Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 18 x x Gurus da Qualidade 9. Quebrar as barreiras entre departamentos. As pessoas de todas as áreas devem trabalhar como uma equipe para resolver problemas que possam ser encontrados no produto e no serviço, dando preferência à ação preventiva 10. Eliminar metas numéricas, cartazes e slogans para os trabalhadores, que exigem novos níveis de produtividade sem que seja fornecido o suporte necessário – treinar e empoderar. 11. Eliminar padrões de trabalho que prescrevem cotas numéricas. 12. Remover as barreiras que se interpõem entre os trabalhadores e seu direito de ter orgulho por seu trabalho. Não ordenar os trabalhadores em um ranking pelo desempenho alcançado. 13. Instituir um amplo programa de educação e autodesenvolvimento. 14. Incentivar todos da organização a trabalhar pela transformação. A alta direção deve liderar a transformação. 17 18 10 Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 19 x x Gurus da Qualidade • Kaoru Ishikawa: consolidou as ferramentas da qualidade e foi um dos principais estimuladores dos Círculos de Controle da Qualidade (CCQ) - times que se reúnem voluntariamente para estudar, analisar e resolver problemas de qualidade. Criador do “fishbone diagram” ou “Gráfico de espinha de peixe”. Síntese de sua filosofia: 1. A qualidade começa e termina na educação. 2. O primeiro passo na qualidade é conhecer as especificações do cliente. 3. O estado ideal do controle da qualidade é quando a inspeção não é mais necessária. 4. Remover a causa-raiz e não os sintomas. Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 20 x x Gurus da Qualidade 5. O controle da qualidade é responsabilidade de todos 6. Não confundir os meios com os objetivos. 7. Coloque a qualidade em primeiro lugar e estabeleça suas perspectivas a longo prazo. 8. O marketing é a entrada e a saída da qualidade. 9. A alta gerência não deve mostrar reações negativas quando os fatos forem apresentados por seus subordinados. 10. 95% dos problemas podem ser resolvidos pelas sete ferramentas do controle da qualidade. 11. Dados sem a informação de sua dispersão são dados pouco confiáveis. 19 20 11 Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 21 x x Gurus da Qualidade • Shigeo Shingo: Elaborada inicialmente por Taiichi Ohno e, consolidada por Shigeo Shingo, o SMED (Single Minute Exchange of Die – Troca rápida de ferramentas) é uma ferramenta ou conjunto de técnicas para a rápida reconfiguração de processos, com foco especial na redução do tempo de setup. Os processos devem ser: Mais fáceis; Melhores; Mais rápidos; Mais baratos. Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 22 x x Gurus da Qualidade • Genichi Taguchi: Desenvolvedor do Método Taguchi: melhorar a qualidade e reduzir custos. Melhoria de projetos utilizando componentes menos críticos sem perda de qualidade. Técnicas de projeto robusto – tornar o processo pouco influenciado por fatores externos. Conceitos de Qualidade: 1 – Qualidade incorporada no produto desde o início e não através das inspeções. Melhoramentos implantados na fase de desenho ou processo do produto e produção; 2 - Desenho robusto do produto, com especificações de parâmetros críticos (valores), assegurando que a produção atenda as metascom o mínimo desvio. 3 - Não basear qualidade no desempenho ou características do produto. Isso faz variar o seu preço e/ou mercado, mas não a qualidade. Desempenho é medida de capacidade do produto. 4 - Os custos da qualidade devem ser medidos em função dos desvios do desempenho do produto. Isto inclui custos do retrabalho, inspeção, garantias, devoluções e substituições. 21 22 12 Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 23 x x Gurus da Qualidade • Armand Feigenbaum: Entende que a qualidade deve ser projetada no produto, não somente com a eliminação de falhas ou com inspeções. Estabeleceu os conceitos de controle da qualidade total (TQC) e seus respectivos 10 princípios: 1. Qualidade é um processo que envolve a tudo e a todos na organização. Entretanto, sem liderança e sem organização, pode se transformar em uma tarefa de ninguém. 2. Qualidade é aquilo que o cliente diz que é – foco do cliente! 3. Qualidade e custos são parceiros e não adversários. Melhor qualidade representa um custo mais baixo. 4. Qualidade requer constante empenho individual e da equipe. 5. Qualidade é uma forma de gestão que exige liderança continuada. Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 24 x x Gurus da Qualidade 6. Qualidade e inovação trabalham juntas no desenvolvimento de produtos. 7. Qualidade é ética e representa uma busca pela excelência. Sem defeitos, sem problemas, em direção a processos perfeitos. 8. Qualidade requer melhoria contínua. 9. Qualidade é o caminho mais barato para se obter produtividade. 10. Qualidade requer o envolvimento de clientes e fornecedores. 23 24 13 Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 25 x x Abordagens da Qualidade • Dr. David Garvin (2002): Pesquisou e identificou as cinco principais abordagens da qualidade, que categorizam as definições dos conceitos de qualidade anteriormente citados: ABORDAGENS Transcendental Baseada no Produto Baseada no valor Baseada na Produção Baseada no usuário Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 26 x x Qualidade vai além das definições racionais e científicas, qualidade é uma percepção intuitiva, não se sabe porque algo possui qualidade, mas se sente e se sabe que esse algo é de qualidade. Seu conhecimento acontece pela experiência e pela prática. Exemplo: Uma geladeira de “qualidade” é uma Brastemp. Abordagem Transcendental 25 26 14 Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 27 x x A qualidade é vista como um conjunto mensurável de características, especificações requeridas, que garantem e certificam o produto/serviço em busca da satisfação do consumidor. Exemplo: Um automóvel com diversas características: ar condicionado, direção hidráulica, vidros elétricos, trava elétrica, banco de couro. Abordagem baseada no produto Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 28 x x Esta abordagem defende que qualidade seja percebida em relação a excelência e valor, destacando os trade-off qualidade x preço. Esta abordagem dá ênfase à Engenharia/Análise de Valor - EAV. Exemplo: Um passageiro estaria disposta a fazer uma conexão no aeroporto de São Paulo (trecho – Natal), se o preço da passagem for um pouco menor do que o valor do trecho Rio-Natal direto. Neste caso, ele poderia estar aceitando algumas condições: hora de espera, assentos menos confortáveis, refeições mais simples, etc. Abordagem baseada no valor 27 28 15 Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 29 x x Preocupa-se em fazer produtos ou prestar serviços que estão livres de erros e que correspondem precisamente a especificação do projeto. Exemplo: Uma lavadora mais barata (e possivelmente mais simples) do que um modelo “Brastemp”, embora não seja o “melhor” disponível, é definida como um produto de qualidade desde que tenha sido fabricada exatamente de acordo com as especificações do seu projeto. Abordagem baseada na produção Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 30 x x Assegura que o produto ou serviço está adequado ao seu propósito. Demonstra preocupação não só com a conformidade às suas especificações mas também com a adequação das especificações ao consumidor. Prestará um serviço “adequado ao seu propósito”. Exemplo: Um salão de beleza que possui: Cosméticos de qualidade Profissionais experientes Serviço de agendamento e preços acessíveis Abordagem baseada no usuário 29 30 16 Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 31 x x Entretanto, se o profissional não souber (ou não quiser) atender as especificações ou necessidades do consumidor quanto ao tipo de corte, a tonalidade do tingimento, ao tempo de serviço, etc., o serviço provavelmente será considerado “não adequado ao seu propósito”. Abordagem baseada no usuário Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 32 x x Abordagens da Qualidade ABORDAGEM DEFINIÇÃO Transcendental Qualidade é sinônimo de excelência inata. É absoluta e universalmente reconhecível. Dificuldade: pouca orientação prática. Baseada no Produto Qualidade é uma variável precisa e mensurável, oriunda dos atributos do produto. Corolários: melhor qualidade só com maior custo. Dificuldade: nem sempre existe uma correspondência nítida entre os atributos do produto e a qualidade. Baseada no Usuário Qualidade é uma variável subjetiva. Produtos de melhor qualidade atendem melhor aos desejos do consumidor. Dificuldade: agregar preferências e distinguir atributos que maximizem a satisfação. Baseada na Produção Qualidade é uma variável precisa e mensurável, oriunda do grau de conformidade do planejado com o executado. Esta abordagem dá ênfase às ferramentas estatísticas (controle do processo). Baseada no Valor Abordagem de difícil aplicação, pois mistura dois conceitos distintos: excelência e valor, destacando os trade-off qualidade x preço. Esta abordagem dá ênfase à Engenharia/Análise de Valor – EAV. 31 32 17 Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 33 x x Elementos da Qualidade do Produto Garvin (1984) identificou, ainda, oito dimensões com vistas a estabelecer os elementos básicos de um produto de qualidade: 1. Desempenho (Performance): todo produto deve ter bom desempenho quanto à característica principal. Ex.: um relógio deve marcar hora corretamente, e uma TV deve ter boa definição de imagem e som; 2. Características secundárias (Features): atributos complementares ao produto que o tornam mais atrativo ou facilitam sua utilização. Ex.: controle remoto em um conjunto de som ou o timer em uma TV; 3. Confiabilidade (Reability): a probabilidade de o produto não apresentar falhas dentro de determinado período de tempo; 4. Conformidade (Conformance): adequação às normas e às especificações utilizadas para a elaboração do produto; Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 34 x x Elementos da Qualidade do Produto Garvin (1984) identificou, ainda, oito dimensões com vistas a estabelecer os elementos básicos de um produto de qualidade: 5. Durabilidade (Durability): medida pelo tempo de duração de um produto até sua deterioração física; 6. Atendimento ao cliente (Service ability): a maneira com que é tratado o cliente e o produto no momento do pós-venda e/ou de um reparo; 7. Estética/Imagem (Aesthetics): dedica atenção especial ao design do produto; 8. Qualidade Percebida (Perceived Quality): o produto que parece ser bom, é bom. 33 34 18 Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 35 x x Focos regionais da qualidade A partir dos anos 80, três abordagens distintas a respeito da gestão da qualidade evoluíram e se consolidaram no mundo: JAPÃO: ênfase à formação do homem, à organização do local de trabalho (5S), ao trabalho em equipe e à criação de um ambiente de fidelidade mútua entre a empresa e o profissional, marcado pela estabilidade no emprego e pela resistência à sindicalização, com o objetivo de alcançar elevado grau de competitividade do seu produto no mercado. Curso de Engenharia de Produção– Prof. Carlos Eduardo 36 x x Focos regionais da qualidade EUA: Indústrias bélica e nuclear fomentadoras da qualidade, influenciadas pelas exigências de segurança. O estudo das falhas de segurança levou à conclusão de problemas de natureza sistêmica. Visão centrada em assegurar que o sistema da qualidade fosse consistente e confiável, garantindo que o produto final atendesse às especificações estabelecidas - Garantia da Qualidade. EUROPA: Ênfase na relação fornecedor-cliente por meio da certificação dos fornecedores, devido à necessidade de unificação do mercado comum europeu. Ao invés de cada cliente certificar cada fornecedor, o fornecedor seria auditada uma única vez, por auditores independentes qualificados, dentro de critérios padronizados descritos nas normas ISO- 9000, sendo esta aceita em todos os países da CEE, sendo um requisito para acesso a esses mercados. 35 36 19 Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 37 x x E no Brasil??? Não houve uma tendência predominante. - As empresas do setor automobilístico e de autopeças adotaram preponderantemente o modelo norte-americano. - O setor siderúrgico implantou projetos de orientação japonesa. - Seguindo a Europa, a certificação ISO-9000 tornou-se relevante nos anos 90 para empresas do setor eletroeletrônico, de informática e de serviços. - A ampliação da certificação de fornecedores conforme critérios da ISO-9000 generalizou, originando normas específicas para indústrias (Ex: Automotiva conforme QS-9000 / Oléo e Gás conformeAPI); - Houve ampliação de conceitos de preservação ambiental (ISO 14000) e a responsabilidade ética e de cidadania à prática da qualidade: além do foco na satisfação do cliente e lucratividade, é preciso minimizar as externalidades decorrentes da produção (tratar dejetos e resíduos) bem como oferecer condições salariais e de vida adequadas ao trabalhador e apoio a comunidade. Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 39 x x 1992 37 39 20 Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 40 x x Trago verdades! Curso de Engenharia de Produção – Prof. Carlos Eduardo 41 x x41 Obrigado! Felipe Cerchiareto felipecerchi@gmail.com 40 41