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TEMA 3 Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o seguinte tema: "Desafios para o combate à transfobia no Brasil" EIXO TEMÁTICO - PRECONCEITO E EXCLUSÃO TEXTO 1 Seus pais não entendem o porquê de você querer ser chamada por um determinado nome. Digamos, Maria: o nome com o qual você mais se identifica e que mostra que você é, sim, uma mulher. Na escola, ninguém quer conversar com você, e acha estranho que você queira ser chamada de Maria, imagine só. Você recebe apelidos maldosos, o grandalhão da sala convoca os amigos para persegui-la e grita outro nome em alto e bom som, mesmo que esse não seja bem o seu nome. A família toda acha que você merece um castigo, e um dos membros chega a bater em você, com a aprovação de todo mundo. A vizinhança encara com um desprezo semelhante tudo o que você faz. Daí você é expulsa de casa e não tem nem coragem de voltar à escola, porque nem ali as pessoas têm algum respeito. Essa é a realidade enfrentada pela maioria esmagadora das pessoas transexuais e travestis, aquelas que não se identificam com o gênero que foi atribuído a elas quando nasceram. É assim: uma pessoa que nasceu com um pênis não necessariamente se identifica como homem (ou vice-versa, no caso dos homens trans), e por isso precisa ser reconhecida pelo que é, uma mulher. A Maria, nossa personagem fictícia, já disse que se identifica como mulher, já apontou como deve ser tratada e qual é sua identidade de gênero. E as discriminações enfrentadas pela Maria – em maior ou menor grau, em cada detalhezinho do dia a dia – são o que define a transfobia, um tipo de violência que atinge a letra “T” da sigla LGBT. Em seu aspecto mais extremo, ela culmina no assassinato. E o Brasil, em matéria de transfobia, tem muito a lamentar. Somos os líderes nesse ranking de assassinatos, segundo dados da organização Transgender Europe. https://super.abril.com.br/comportamento/o-recorde-que-nao-queremos-ter-somos-o-pais-que-mais-mata-transexuais/ De acordo com o balanço anual realizado pelo Trans Murder Monitoring, 350 pessoas trans foram assassinadas entre 1º de outubro de 2019 e 30 de setembro de 2020. Na primeira posição, com 152 casos reportados, aparece o Brasil. México (com 57 homicídios), Estados Unidos (com 28), Colômbia (com 21) e Argentina (12) fecham as cinco primeiras posições. Produzido em conjunto pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra) e pelo Instituto Brasileiro Trans de Educação (IBTE), o Dossiê: Assassinatos e Violência Contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2020 confirma essa tendência. Segundo os dados nele compilados, em todo o ano de 2020 foram 175 assassinatos de pessoas trans. Foi o segundo maior número de toda a série histórica, pouco abaixo dos 179 registrados em 2017. "Toda essa violência a que travestis e mulheres trans estão submetidas no Brasil deve-se à nossa herança colonial, que coloca o homem como centro de referência de tudo, gerando uma sociedade patriarcal, baseada no machismo e na violência de gênero. Então, essa violência é uma violência de gênero, tanto mais quando rompemos com a expectativa da binaridade de gênero", argumenta a geógrafa Sayonara Nogueira, diretora do IBTE. Segundo ela, essas pessoas acabam ocupando "o lugar do não humano", "de uma cidadania de segunda categoria". "Vivemos uma morte social diariamente. Nossa morte começa antes do tiro, devido ao processo de exclusão social que nossa comunidade sofre", acrescenta. https://www.dw.com/pt-br/o-que-faz-o-brasil-ser-l%C3%ADder-em-viol%C3%AAncia-contra-pessoas-trans/a-58122500 TEXTO 2 TEXTO 3 Em um de seus livros, a escritora Amara Moira descreveu a prostituição para travestis como a trincheira no meio de uma guerra. Ela explicou a comparação: “A prostituição era uma forma da gente viabilizar nossa existência. Quando todos nos queriam mortas, a prostituição foi permitindo que a gente vivesse mais um dia. Se eu estou aqui hoje sendo ouvida, é porque gerações de travestis pagaram esse preço.” A coordenadora de projetos da Casa Neon Cunha, Simmy Larrat, explica que as pessoas trans se prostituem por falta de opção. “É uma condição que começa com a exclusão da família. Você precisa sobreviver e sai de casa, da escola. Não tendo uma formação, você não consegue emprego e recorre à prostituição”, afirmou. https://cultura.uol.com.br/noticias/46255_a-prostituicao-e-uma-forma-de-viabilizar-a-nossa-existencia-afirma-mulher-trans.html) TEXTO 4 64 A T E L I Ê D A R E D A Ç Ã O A P O S T I L A 2 0 2 3