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AÇÃO MONITÓRIA (art. 700 a 702 do CPC): - Conceito: a ação monitória é um procedimento especial que possibilita ao credor, que possua prova literal escrita sem força executiva de uma obrigação , receba o crédito ou um bem de forma mais célere, sem que precise aguardar todo o trâmite processual mais longo do procedimento comum do processo de conhecimento; Veja o que diz o CPC: Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz: I - o pagamento de quantia em dinheiro; II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel; III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer. Atenção: A legislação brasileira adotou o procedimento monitório documental (diferente do procedimento monitório puro), cuja deflagração, no seu início, depende não apenas da afirmação de o credor ser titular de uma relação jurídica de crédito (obrigacional), mas da apresentação de algum documento que reforce essa afirmação do direito à u ma prestação (dar, fazer ou não fazer). - finalidade: A finalidade do procedimento monitório é abreviar a formação do título executivo judicial. É procedimento mais célere do que comum, no qual a citação é para se defender e não para cumprir eventual obrigação alegada na petição inicial. - objeto: obrigação de dar (dinheiro e qualquer coisa – bem móvel ou imóvel); de não fazer e de fazer; - requisito processual: existência de prova documental da obrigação sem eficácia de título executivo; - Atenção: A prova escrita necessita fornecer ao juiz certo grau de probabilidade acerca do direito alegado em juízo (e não certeza plena do direito) , o que possibilitará a expedição do mandado de cumprimento da obrigação. - E se o autor tiver um título executivo extrajudicial contendo uma obrigação dar, fazer ou não fazer, ele poderá optar pela ação monitória ou é obrigado a utilizar a ação de execução de título extrajudicial? Ele pode sim optar pela ação monitória (que é processo de conhecimento); Quem pode mais, pode o menos; - O que se entende por prova escrita da obrigação: qualquer documento que descreva a prestação (dar, fazer ou não fazer), inclusive eletrônico (e-mail). Exemplo: contrato não assinados por duas testemunhas; cheque prescrito; duplicata sem aceite acompanhada da nota fiscal; recibo; e-mail com a descrição da obrigação; depoimento testemunhal documentado, etc...; Veja o entendimento da jurisprudência do STJ sobre a possibilidade do uso de e-mail como prova escrita da obrigação para embasar ação monitória: Informativo nº 0593. Período: 9 a 24 de novembro de 2016. QUARTA TURMA. Ação Monitória. Prova escrita. Juízo de Probabilida de. Correspondência eletrônica. E-mail. Documento hábil a comprovar a relação contratual e existência de dívi da.O correio eletrônico (e-mail) pode fundamentar a pret ensão monitória, desde que o juízo se convença da verossimilhança das alegações e da idoneidade das declarações. Cingiu-se a controvérsia em definir se a correspondência eletrônica – e-mail – constitui documento hábil a embasar a propositura de ação monitória. Extrai-se do art. 1.102 do CPC/1973 os requisitos para a propositura da ação monitória: comprovação da relação jurídica por meio de prova escrita; ausência de força executiva do título e dívida referente a pagamento de soma em dinheiro ou de entrega de coisa fungível ou bem móvel (vide também o art. 700 e incisos do CPC/2.015). Nesse passo, o legislador não definiu o termo "prova escrita", tratando-se, portanto, de conceito eminentemente doutrinário-jurisprudencial . Com efeito, a prova hábil a instruir a ação monitória (...) não precisa, necessariamente, ter sido emitida pelo devedor ou nela constar sua assinatura ou de um representante. Basta que tenha forma escrita e seja suficiente para, efetivamente, influir na convicção do magistrado acerca do direito alegado. Ademais, para a admissibilidade da ação monitória, não é imprescindível que o autor instrua a ação com prova robusta, estreme de dúvida, podendo ser aparelhada por documento idôneo, ainda que emitido pelo próprio credor, contanto que, por meio do prudente exame do juiz, exsurja juízo de probabilid ade acerca do direito afirmado. Nesse contexto, nota-se que a legislação brasileira (...) não proíbe a utilização de provas oriundas de meio eletrônico. Imbuído desse mesmo espírito da "era digital", o novo Código de Process o Civil, ao tratar sobre as provas admitidas no processo, possibilita expressamente o uso de documentos eletrônicos, condicionando, via de regra, a sua con versão na forma impressa. Especificamente sobre a questão controvertida, o maior questionamento quanto à forç a probante do correio eletrônico está adstrito ao cam po da veracidade e da autenticidade das informações, principalmente sobre a propriedade de determinado endereço de e-mail. Em outras palavras, consiste em saber se uma "conta de e-mail" pertence às partes da dema nda monitória, bem como se o seu conteúdo não foi alter ado durante o tráfego das informações. Entretanto, há mecanismos capazes de garantir a segurança e a confiabilidade da correspondência eletrônica e a identidade do emissor, permitindo a trocas de mensagens criptografadas entre os usuários. É o caso do e- mail assinado digitalmente, com o uso de certificaç ão digital. Nesse caminho, esse exame sobre a validade , ou não, da correspondência eletrônica deverá ser aferi da no caso concreto, juntamente com os demais elementos d e prova trazidos pela parte autora. De fato, se a leg islação brasileira não veda a utilização de documentos elet rônicos como meio de prova, soaria irrazoável dizer que uma relação negocial não possa ser comprovada por troca s de mensagens via e-mail. (STJ, REsp 1.381.603-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 6/10/2016, DJe 11/11/2016). Mais recentemente o Poder Judiciário aceitou a prova escrita eletrônica obtida pelo uso do whatsaap: Um credor em Cachoeira do Sul (RS) formulou pedido de ação monitória com base em prova escrita sem eficácia de título executivo obtida através de conversa via aplicativo WhatsApp, onde decorreu toda a negociação entre ele e o devedor e a confessada dívida deste para com aquele. A prova escrita na plataforma virtual do aplicativo veio fortalecida com a Nota Fiscal de Produtor Rural lavrada quando da realização do negócio inadimplido, o que comprovou a efetiva entrega da mercadoria. A juíza da 2ª Vara Cível da Comarca de Cachoeira do Sul acolheu o pedido monitório, considerando que o documento acostado na petição inicial configura prova escrita sem eficácia de título executivo e que a prova documental produzida evidencia o direito afirmado pelo credor, estando presentes os requisitos legais, deferindo a expediç ão de mandado de pagamento nos moldes do artigo 701 do CPC (Processo 0008055-33.2018.8.21.0006). Informação divulgada no seguinte link https://www.conjur.com.br/2019-jan- 25/eugenio-dias-acao-monitoria-baseada-prova-escrita- whatsapp - Procedimento: - Petição inicial instruída com prova escrita idônea da obrigação (dar dinheiro ou coisa, fazer ou não fazer); - Sendo evidente (juízo de probabilidade) o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação de f azer ou de não fazer . (decisão fundamentada) - O réu será citado para o cumprimento da obrigação, no prazo de 15 dias. Em caso de cumprimento, o réu ficará is ento das custas e deverá pagar os honorários advocatícios reduzidos para cinco por cento do valor atribuído à causa (valor da obrigação). -Atenção: o legislador isenta o réu do pagamento das custas processuais e reduz os honorários advocatícios para 5% do valor da causa no intuito de incentivar o cumprimento da obrigação.- O réu citado poderá, no prazo de 15 dias , assumir uma das seguintes posturas: a) cumprir a obrigação – processo será extinto; b) não pagar nem se defender – consequência automática é a constituição de pleno direito do título executivo judicial, independentemente de qualquer formalidade; Atenção: Mantendo-se inerte o devedor, é como se ele concordasse com a formação do título executivo contra ele; Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça, se o devedor se manteve inerte quando foi citado, a conv ersão do mandado monitório em título executivo judicial s e opera automaticamente, ou seja, por força de lei (ope leg is). c) defender-se – a defesa tem o nome de “embargos à monitória ” – procedimento converte-se em comum; - embargos à ação monitória : defesa apresentada nos próprios autos da ação monitoria; suspendem automaticamente o mandado de cumprimento da obrigação; abrange qualquer matéria de defesa em favor do devedor (possuem na essência as mesmas características da contestação ) OBS: é possível a utilização da reconvenção (contra-ataque pelo réu junto dos embargos à monitória); - procedimento converte-se no comum com possibilidade de ampla produção de provas para a confirmação ou não da existência da obrigação; - julgamento na 1ª instância; Teste seu conhecimento: A ação monitória é proposta por aquele que afirma, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz o pagamento de quantia em dinheiro, a entrega de coisa ou de bem, ou o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer. Nesse sentido, conforme dispõe o CPC/15, analise as assertivas a seguir e assinale a alternativa INCORRETA sobre a ação monitória: a) Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de cinco por cento do valor atribuído à causa. b) O réu será isento do pagamento de custas processuais se cumprir o mandado no prazo. c) Na ação monitória, admite-se a reconvenção, sendo vedado o oferecimento de reconvenção à reconvenção; d) O juiz condenará o autor de ação monitória proposta indevidamente e de má-fé ao pagamento, em favor do réu, de multa de até dez por cento sobre o valor da causa. e) Não cabe ação monitória em face da Fazenda Pública. Acerca da ação monitória, segundo preceitua o Código de Processo Civil, assinale a alternativa CORRETA: a) A ação monitória somente pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova escrita com eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz o pagamento de quantia em dinheiro. b) Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de cinco por cento do valor atribuído à causa. c) Somente mediante prévia segurança do juízo, o réu poderá opor, nos próprios autos, embargos à ação monitória. d) Na ação monitória não se admite a reconvenção do réu.