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TERMOTERAPIA DE BAIXA FREQUÊNCIA PARAFINA Prof. Dr. Rubens dos Santos Rosa PARAFINA Definição É uma forma de calor (aquecimento) superficial, por condução em que utiliza-se parafina especial misturada com o óleo mineral, como meio de condução de calor. Usa-se a parafina misturada ao óleo mineral que reduz o ponto de fusão da parafina de 54°C para aproximadamente 48°C, produzindo desta forma um calor mais agradável Antigamente, era comum a utilização da parafina ou cera na fisioterapia; porém, esse recurso encontra-se cada vez mais em desuso, uma vez que necessita de muitos cuidados diferenciais, além de apresentar riscos ao paciente. Equipamento O equipamento necessário para a realização do banho de parafina é composto por um tanque de aço inoxidável, cheio de água, que pode ser aquecida através de um resistor de níquel-cádmio. Dentro deste tanque contendo água, vamos ter uma outra caixa metálica de dimensões menores contendo a parafina, que será derretida pelo aquecimento da água presente no tanque (banho-maria). Preparação da parafina A parafina em estado sólido é colocada dentro da caixa metálica com óleo mineral líquido. Proporção de: Colocar em banho maria 1 parte de óleo mineral (vidro – frasco) 4 partes de parafina. Observar a mistura, para que não fique muito compactada, nem muito diluída Liga-se o interruptor de força e coloca-se o termostato em 70°C a 80°C. O ponto de fusão da parafina gira em torno de 54°C. Depois de completamente fundida, baixa-se a temperatura do tanque em torno de 51°C. Capacidade de transferência de calor A capacidade de ceder calor da parafina é 2,72 KJ/Kg/°C. A capacidade de ceder calor da água é 4,2 KJ/Kg/°C. Sendo a parafina mais tolerável que a água, mesmo que esteja em uma temperatura mais elevada. Portanto, ela libera menor quantidade de energia, ao se esfriar, enquanto que a água libera maior energia Preparação do paciente É fundamental a assepsia da parte a ser tratada para evitar contaminação, portanto peça ao paciente para lavar muito bem a região com água e sabão, e escovar as unhas. Mantenha o tanque de parafina fechado quando não estiver em uso, para evitar a deposição de microrganismos. Esterilização e limpeza da parafina Limpe a parafina com frequência, e nunca reponha parafina que já foi utilizada, antes que ela passe por um processo de limpeza. Procedimentos Ferver e peneirar Depois, deixar esfriar e decantar Cortar e retirar a parte sólida depositada Efeitos fisiológicos Calor superficial Analgesia Umidificante Hidratante Flexibilizante Aumento do fluxo sanguíneo Aumento do metabolismo local Melhora o retorno venoso Aumento do aporte de O2 Descontraturante Hiperemico Nutrição tecidual Relaxante muscular Vasodilatador periférico Diminui a rigidez articular (aumenta a extensibilidade do colágeno) Substâncias metabolizadas Aumento do cálcio extra celular normalização de pH Aumento das trocas celulares (bomba de sódio e potássio) Diminuição do glicogênio Dosagem Em aparelhos dotados de termostato e termômetro, a temperatura deverá ser programada para 50°C. Caso contrário, após a fusão da parafina, devemos assoprá-la e observarmos a formação de uma nata ou película, quando a temperatura estará ideal para tratamento, sendo necessário fazer o auto teste para checá-la Tempo e aplicação Tempo de exposição ao calor é de 20 a 30 minutos. Potência Utiliza-se energia elétrica de rede urbana 110/220 volts. Penetração termogênica Atinge profundidade de até 4 milímetros. Técnicas de aplicação 1) Imersão contínua: coloca-se a área a ser tratada diretamente na cuba de parafina. Este método é pouco utilizado, pois o segmento permanece na parafina durante 30 minutos. É pouco tolerado pela maioria dos pacientes, pois a temperatura esta em torno de 51°C – 52°C. 2) Imersão repetida: coloca-se o segmento a ser tratado na cuba de parafina, se for a mão preferencialmente com os dedos estendidos e abduzidos e logo em seguida retire-o e aguarde de 3 a 5 segundos repetindo o processo durante 5 a 7 vezes até formar uma “luva de parafina”. Esta técnica é a mais utilizada. O tratamento dura 30 minutos. 3) Pincelamento: com a ajuda de um pincel, formar uma camada espessa de parafina na área a ser tratada. Depois cobrir com um plástico e colocar uma toalha felpuda afim de manter a temperatura. Esta técnica também esta caindo em desuso e o tratamento dura 30 minutos. Esta técnica é a menos utilizada. 4) Enfaixamento: passar a parafina com o auxílio de um pincel na área a ser tratada. Enfaixar uma vez a região com atadura; colocar outra camada de parafina por cima da atadura e enfaixar novamente, realizando o processo sucessivamente por 7 a 8 vezes/faixas. O paciente permanece com a faixa durante 25 a 30 minutos. Observações Ligar o parelho com antecedência Colocar o termostato mais ou menos a 55°C Examinar a área a ser tratada antes e depois da utilização do banho de parafina Testar a sensibilidade térmica, tátil e dolorosa do paciente (antes do banho). Limpar a área com álcool ou sabão (antes e depois do banho) Examinar a área, para verificar a existência de ferimentos, infecções, dermatites, úlceras ou outras anomalias que podem comprometer a aplicação da parafina Escolher o método segundo o local ao ser tratado. Observar a temperatura Avisar ao paciente sobre o desconforto do calor (aquecimento) no inicio do tratamento. Manter o segmento imóvel para que não haja rachaduras e a consequente perda de calor Evitar que o paciente encoste na cuba metálica Podemos colocar o termostato a uma temperatura mais elevada para acelerar o tempo de fusão. Depois colocamos a uma temperatura que varia de 52 a 55°C. Verificar a temperatura da parafina, observar a presença de uma película na superfície da parafina, que serve como ponto de referência ideal para o tratamento. Introduzir, preferencialmente o dedo, posteriormente mergulhar a mão com dedos abduzidos e estendidos sem movimentação dentro da parafina, por 5 segundos de espera. Indicações Artrites (fase sub-aguda e crônica) Artroses Bursites Entorses de dedos Fibrose pós gesso; Limitação álgica de movimentos de punho e mão Pós fraturas de dedos, punho e mão Retrações pós cirúrgicas Tendinites Tenossinovites de punho e mãos. Contra indicações Déficit de sensibilidade Hipersensibilidade ao calor Doenças dermatológicas (escabiose, dermatite, herpes) Lesões de pele (úlceras, ferimentos, bolhas) Processos inflamatórios agudos Edemas fase aguda Febre Enxertos de pele recente Observação Com advento de novos equipamentos fisioterápicos e novas técnicas terapêuticas não se justifica mais o uso de parafina. A parafina com o uso continuado, passa a ser um depósito de fungos e bactérias, agregados à camada córnea da pele descamada, vindo a atacar a pele e unhas do paciente