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Impresso por Karla Queiroz Bessa, E-mail karlaqbessa@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 09/09/2025, 19:37:39 11 bombear o sangue que percorre todo o nosso corpo. Tem uma estrutura complexa que coordena os seus movimentos sistólicos e diastólicos e células altamente especializadas. Está envolvido em dois sistemas de circulação, conhecido como a pequena e a grande circulação, entre pulmão e coração e rede corporal e coração, respectivamente. Por lidar tanto com sangue oxigenado quanto com sangue rico em CO o coração tem um sistema de 2, cavidades (atriais e ventriculares) e válvulas muito bem desenvolvidos. Na metade direita do coração, só circula sangue venoso; na esquerda, arterial. O sangue que circula em uma face não se mistura com o da outra pois são separados pelos septos interventricular e interatrial. FUNCIONAMENTO O sangue pobre em oxigênio chega ao coração chega através das duas veias cavas, superior e inferior, e desembocam no Átrio Direito. Por conseguinte, o sangue desce em direção ao ventrículo direito, que no momento de sua sístole, bombeia o sangue para os pulmões através do Tronco Pulmonar, que ao se bifurcar forma duas artérias pulmonares, uma em destino ao pulmão direito e outra ao esquerdo. Apesar de ser chamada de pulmonar, o sangue que corre por ela é artéria pobre em oxigênio, por isso é representada em azul como as veias. Este sangue vai em direção aos pulmões na intenção de oxigenar-se através da hematose pulmonar. Quando este sangue voltar dos pulmões, rico em oxigênio, entrará para o átrio esquerdo através das Veias Pulmonares esquerda e direita. Do AE, o sangue desce para o Ventrículo Esquerdo, que bombeará sangue para todo o corpo através da . Artéria Aorta A pequena circulação ocorre simultânea à circulação sistêmica (ou grande circulação). Em resumo: CORPO > Veia Cava > AD > VD > Artérias Pulmonares > P ULMÕES > Veias Pulmonares > AE > VE > Artéria Aorta > CORPO. O sangue que é utilizado na circulação coronária, isto é, irrigação sanguínea do coração para fornecer nutrientes e oxigênio aos músculos cardíacos percorre pelas veias e artérias coronárias. Por dentro do coração, mais especificamente no Átrio Direito, podemos observar uma abertura que corresponde ao Seio Coronário. Ali, desemboca o sangue pobre em oxigênio da circulação coronária que se mistura com o sangue pobre em oxigênio da circulação sistêmica. O sangue que alimenta a circulação coronária partem de duas ramificações da Artéria Aorta. É possível observar também que a musculatura presente no Ventrículo Esquerdo é muito mais densa e potente do que a do Direito. Isto ocorre, pois, esta câmara é a responsável por bombear o sangue para todo o corpo, necessitando ser bem mais forte. VÁLVULAS CARDÍACAS São 4 as válvulas envolvidas no fluxo de sangue dentro do coração: ➢ Valva Tricúspide: entre o AD e VD, com a função de impedir o retorno de sangue do Ventrículo para o Átrio, direcionando o fluxo para o Tronco Pulmonar. ➢ Valva Mitral (ou bicúspide): Entre o AE e VE, com a função de impedir o retorno de sangue do Ventrículo para o Átrio, direcionando o fluxo para a Artéria Aorta. ➢ Valva do Tronco Pulmonar Valva e Aórtica: garantem que o fluxo de sangue seja unidirecional. FIBRAS ESPECIALIZADAS Impresso por Karla Queiroz Bessa, E-mail karlaqbessa@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 09/09/2025, 19:37:39 12 ➢ (1) Nodo Sinusal (NSA): É o conjunto de células especializadas de onde partem os impulsos, a cada ciclo, que se distribuem por todo o restante do coração; pode ser considerado o marca-passo natural. Localiza-se na parede lateral do átrio direito, próximo à abertura da veia cava superior. A cada despolarização, forma-se uma onda de impulso, que se distribui, a partir deste nodo, por toda a massa muscular que forma o pseudosincício atrial, provocando a contração do mesmo, por aumento da concentração citoplasmática de cálcio. Cerca de 0,04 segundos após a partida do impulso do nodo SA, através de fibras denominadas intermodais, o impulso chega ao NAV. ➢ (2) Nodo Atrio- Ventricular (NAV): Este nodo, localizado em uma região bem baixa do sincício atrial, tem por função principal retardar a passagem do impulso antes que o mesmo atinja o sincício ventricular. Isto é necessário para que o enchimento das câmaras ventriculares ocorra antes da contração das mesmas, pois, no momento em que as câmaras atriais estariam em sístole (contraídas), as ventriculares ainda estariam em diástole (relaxadas). Após a passagem, lenta, através do NAV, o impulso segue em frente e atinge o feixe AV. ➢ (3) Feixe AV: via de propagação do impulso distribuído pelos Nodos. ➢ (4) Ramos Direito e Esquerdo do Feixe de Hiss- Purkinge: Através destes ramos, paralelamente, o impulso segue com grande rapidez em direção ao ápice do coração, acompanhando o septo interventricular. Cada ramo emite uma grande quantidade de ramificações, as fibras de Purkinje, que têm por finalidade otimizar a chegada dos impulsos, através da maior quantidade possível, e no mais curto espaço de tempo possível, por todo o sincício ventricular. Com a chegada dos impulsos no sincício ventricular, rapidamente e com uma grande força, ocorre a contração de todas as suas fibras. Por isso, é necessário que o impulso consiga chegar à toda extensão dos ventrículos: para que o potencial de ação consiga atingir toda a musculatura e a contração ocorra de forma unitária. A contração das câmaras ventriculares reduz acentuadamente o volume das mesmas, o que faz com que um considerável volume de sangue seja ejetado, garantindo o “bombeamento do sangue”. CÉLULA MUSCULAR As células musculares do coração são estriadas como as do músculo esquelético, entretanto possuem algumas especificidades que devem ser observadas: Impresso por Karla Queiroz Bessa, E-mail karlaqbessa@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 09/09/2025, 19:37:39 13 - Na delimitação entre as células é encontrada uma região mais escurecida ao microscópio, os discos intercalares. Se tratam de canais protéicos formados pela proteína . Esta C o nexina proteína tubular se aglomera em um total de 6 para formar um canal, chamado de Conéxon. O conéxon de uma célula se alinha com o de outra formando um canal intercelular. Este, permite uma passagem praticamente livre de íons Na , + Ca++ e K , por isso + funciona como um sincício1, apesar de não ser morfologicamente um. A quantidade de canais intercelulares é muito grande, a ponto de ser vista como uma linha densa ao microscópio ótico. CONTRAÇÃO CARDÍACA O potencial de ação no coração é gerado no Nodo Sinusal (NSA). As células que compõem este nodo têm um Potencial de Repouso próximo à -65 mV e um Limiar de Excitação de -60mV. Entretanto, o valor de potencial de repouso não é estático, mas varia em uma pequena faixa em função do transporte constante e natural de íons pela membrana. Por isso, o Limiar de Excitação nas células no Nodo Sinusal é atingido de forma espontânea, sem o estímulo de neurotransmissores; por esse motivo, entendemos que a musculatura contrátil do coração é “independente” do SNC. Portanto, o canal para Na+ VD nas células do Nodo Sinusal estão sempre inativas, pois o processo de despolarização e repolarização no coração ocorrem em outra escala de tempo, mais lenta, para que o potencial de ação consiga ser propagado para toda extensão do tecido e a contração ocorra de forma unitária. Caso contrário ocorre o que chamamosde fibrilação cardíaca. Uma vez alcançado o limiar de excitação espontaneamente no NSA, o Canal para Cálcio Voltagem-Dependente se abre e dá início ao 1 Massa multinucleada de citoplasma formada pela fusão de células originalmente separadas processo de despolarização, que é lento. Seu canal antagônico, o Canal para Potássio Voltagem-Dependente é ativado pelo mesmo estímulo, mas só se abre após o fechamento do canal para Ca ++VD. Esta despolarização mais lenta provocada pelo Potencial de Ação gerado no NSA se propaga pela região atrial e provoca sua contração, simultaneamente à chegada do estímulo ao Nodo Atrioventricular (NAV). Quando ele começa a distribuir o P.A pela região ventricular, os átrios já começam o processo de repolarização, que resulta em sua diástole. O NAV não gera um novo P.A, mas apenas distribui aquele gerado no NSA. Ca++ K+ Impresso por Karla Queiroz Bessa, E-mail karlaqbessa@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 09/09/2025, 19:37:39 14 Este estímulo distribuído tanto na região atrial quanto na ventricular pelas células excitatórias atinge as células contráteis, que assim como o músculo esquelético, possuem um Potencial de Repouso (PR) de -90mV. Quando recebem o estímulo propagado pelas Fibras de Purkinge, já atingem o seu limiar de excitação, ativando seus Canais para Sódio Voltagem- Dependente. Desta maneira, há um pico de d.d.p, pois este canal é de abertura rápida e permite a entrada de uma grande quantidade de Sódio. Ativados pelo mesmo estímulo, o canal de Potássio VD é aberto rapidamente, gerando uma repolarização temporária, conhecida como Spike. Entretanto, também ativada pela mesma voltagem, abre-se o canal antagônico a este, mas lento: o Canal de Cálcio VD, provocando seu fechamento. Como este é lento em sua abertura, forma-se uma região relativamente plana onde a entrada de cálcio também é lenta, conhecida como . Quando este fecha, o canal de Platô potássio reabre repolarizando a célula. Percebamos que há dois momentos distintos de impulso. Um onde o Potencial de Ação é gerado espontaneamente e propagado por células excitatórias (amarelo) e outro onde as células contráteis recebem este estímulo, atingindo seu Limiar de Excitação e através dele gerando o seu Potencial de Ação pela abertura dos canais de Sódio Voltagem-Dependente. Observando o processo dentro da célula, percebemos algumas diferenças em relação ao processo contrátil do Músculo Estriado Esquelético: - O Túbulo T do M. Cardíaco é muito maior e forma uma com a cisterna terminal Díade (CT+TT) - Há canais de Ca também na parede do Túbulo ++ T, ou seja, há entrada de cálcio também do líquido extracelular, da região do TT, além do Retículo Sarcoplasmático. Quando o Potencial de Ação atinge a região do Túbulo T, ocorre a entrada de Cálcio do líquido extra celu l ar para o sarc op la sma. Entr etant o, a sua quan tidad e não é sufic iente para o processo contrátil, então um Canal para Ca -++ Ca++ Dependente localizado na membrana do retículo Sarcoplasmático se abre, liberando mais Cálcio para o sarcoplasma e disparando o processo contrátil. No processo de relaxamento, o Cálcio volta não só para o RS, mas também para o líquido extracelular. Por todo este processo bem particular do coração, temos, por vezes, sinais diferentes de impulso para diferentes tecidos do órgão. O Pericárdio tem um impulso diferente do Endocárdio, por exemplo, pois são tecidos de extensão diferente e, como vimos, a extensão do tecido está diretamente ligada ao processo de contração unitária. K+ Ca++ KNa+ + Impresso por Karla Queiroz Bessa, E-mail karlaqbessa@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 09/09/2025, 19:37:39 15 7 CICLO CARDÍACO – Os eventos cardíacos que ocorrem no início de cada batimento, até o início do próximo batimento, são chamados de ciclo cardíaco. Cada ciclo tem início quando é gerado um potencial de ação espontâneo no nodo sinusal. Este potencial de ação se propaga pelo átrio direito, atinge o feixe A-V e se encaminha em seguida para os ventrículos. Esta disposição permite um atraso de cerca de 1/10 s na passagem do impulso dos átrios para os ventrículos, permitindo que os átrios se contraiam antes dos ventrículos, e colaborando com o enchimento ventricular antes da sua contração. O ciclo cardíaco consiste de um período de relaxamento, onde o coração se enche de sangue, período este denominado de diástole, seguido de um período de contração, denominado sístole. - Sístole: Fase de Contracção Isovolumétrica: O ventrículo está cheio de sangue e começa a contrair-se. A pressão ventricular é superior à auricular e as válvulas aurículo-ventriculares fecham-se. No entanto a pressão ventricular é inferior à aórtica (no caso do ventrículo esquerdo) e à pulmonar (ventrículo direito), contraindo-se assim sem alteração de volume no seu interior. Esta fase é caracterizada por um aumento brusco de pressão. A contração isovolúmica ou isovolumétrica, caracteriza-se pela contração do ventrículo sem que haja o seu esvaziamento. Fase de expulsão rápida. A pressão no interior do ventrículo esquerdo é maior que a aórtica (classicamente valores acima dos 80 mmHg) abrindo-se a válvula aórtica de modo a que o sangue saia do ventrículo a grande velocidade e pressão. Fase de expulsão lenta. A aorta é uma artéria muito elástica e tem uma grande capacidade de distensão, esta propriedade permite que o fluxo sanguíneo pelo organismo seja continuo. À medida que o sangue entra na aorta esta se distende para acomodar o volume, aumentando, assim, a pressão no seu interior. Deste modo a diferença de pressões entre ventrículo e aorta são cada vez menores, saindo o sangue do ventrículo a cada vez com menor velocidade. Proto-Diástole. É uma fase virtual que separa a sístole da diástole. Em dado momento a pressão aórtica iguala a ventricular não havendo deste modo qualquer ejeção de sangue, embora ainda haja pouco fluxo devido a inércia. Imediatamente após, o ventrículo começa a distender-se dando-se origem à diástole. - Diástole: Fase de Relaxamento Isovolumétrico. Ocorre quando a pressão ventricular é inferior à pressão aórtica (no caso do ventrículo esquerdo) mas superior à pressão auricular, estando assim ambas válvulas fechadas, não havendo variação no volume de sangue dentro do ventrículo. Fase de enchimento rápido. Quando a pressão ventricular por fim se reduz abaixo da pressão atrial, que nesse momento é máxima (ápice da onda v da curva de pressão atrial) as válvulas AV se abrem deixando passar um grande fluxo rapidamente em direção ao ventrículo. 70% do enchimento ventricular ocorre nessa fase. Fase de enchimento lento. Também chamado de diástase. Com o enchimento do ventrículo e o fim Impresso por Karla Queiroz Bessa, E-mail karlaqbessa@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 09/09/2025, 19:37:39 16 da fase ativa do relaxamento do músculo cardíaco, ocorre uma desaceleração importante do fluxo. A valvas AV tendem a se fechar passivamente. No momento da desaceleração do fluxo rápido para o fluxo lento é que ocorre o 3º ruído cardíaco. O fluxo do átrio para o ventrículo é bastante reduzido, chegando a quase parar. Sístole atrial. Ocorre a contração atrial. As válvulas AV se abrem, momento em que ocorre a onda A da válvula mitral ao ECO unidimensional e o 4º ruído cardíaco. A sístoleatrial pode representar até 20% do volume diastólico final do ventrículo, sendo de grande importância para a manutenção do débito cardíaco nos pacientes que possuam algum tipo de restrição funcional do VE 8 HEMODINÂMICA – Definida como o conjunto de fatores físicos que governam o fluxo sanguíneo. O fluxo sanguíneo, como o fluxo de qualquer líquido, é governado pela lei de Ohm aplicada aos fluidos e pela equação de Bernoulli. A hemodinâmica está interessada em forças geradas pelo coração e o movimento de fluidos através do sistema circulatório. Para analisar o movimento do sangue nas artérias e veias precisamos aplicar o conceito de pressão de um fluido. Alguns conceitos básicos: - Liquido ideal: é o liquido cujo atrito é igual a zero. Se esse liquido é colocado em movimento ele permanecerá em movimento constante. - Liquido real: apresenta atrito maior que zero. - Linha de corrente: é a trajetória das partículas em determinado liquido. - Veia liquida: conjunto de linhas de corrente. Alguns fatores exercem influência na hemodinâmica. São eles: - Velocidade (v) No liquido ideal todas as partículas terão a mesma velocidade (por conta disso não se observa o perfil parabólico), já no liquido real, como há atrito entre as partículas, as linhas de corrente possuem velocidades diferentes, as mais próximas da parede possuem maior atrito, logo, tem uma velocidade menor, mas o fato da diferença de velocidade existir não significa que há a perda da , hom eostase isto é, equilíbrio entre as velocidades, uma vez que as velocidades são constantes. - Fluxo (F ou Q) É definido como sendo a razão do volume sobre o tempo. O fluxo sanguíneo em condições normais apresenta um regime estacionário, isso é, um regime constante. Um fator a ser ponderado aqui é a área de secção, expressa pela seguinte equação: F = v (velocidade) x S (área de secção) Quando a área de secção aumenta a velocidade diminui, no entanto, o fluxo permanece constante. Por exemplo, ao regar plantas com uma mangueira, quando se diminui a secção (tapa a saída de agua da mangueira) a velocidade da agua aumenta, mas o fluxo permanece o mesmo, esse fluxo só tem mudança quando se mexe na torneira a qual a mangueira esta acoplada. Numa vasodilatação, o fluxo sanguíneo permanece o mesmo, mas a velocidade do mesmo diminui ao passar na área vaso dilatada. Podemos observar dois tipos de fluxo: ➢ Fluxo laminar: as moléculas do sangue formam lâminas, fluindo de forma paralela. É um fluxo silencioso e com perfil parabólico ➢ Fluxo turbulento: as moléculas fluem de forma desorganizada, geralmente ocorre quando tem obstáculos no vaso, sem perfil parabólico e com ruídos. Se houver aumento de velocidade que o sangue flui no vaso pode haver passagem de um fluxo para outro, principalmente onde tem-se bifurcações, pois as moléculas se chocam e perdem organização. Quando ocorre a troca de fluxo laminar para um Impresso por Karla Queiroz Bessa, E-mail karlaqbessa@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 09/09/2025, 19:37:39 17 turbulento, diz-se que ocorreu um sopro circulatório, podendo acontecer com intenso exercício físico ou em casos patológicos como os casos de aneurisma. - Mecânica (E) - Teorema de Bernouli Descreve o comportamento de um fluido movendo-se ao longo de uma linha de corrente e traduz para os fluidos o princípio da conservação da energia. O princípio da conservação da energia mecânica diz que a energia mecânica de um sistema é a soma da energia cinética e da energia potencial. Em = w + Ec + Ep O esq uem a repr esenta o comportamento de um fluido em determinado recipiente, onde, por se tratar de um fluido real, ocorrendo assim atrito, tem sua distribuição dessa maneira. Se hipoteticamente no lugar de um fluido real fosse um fluido ideal, a disposição se daria de forma em que todos os cânulos em vertical estariam cheios de fluido na mesma medida. É como acontece, por exemplo, no sistema de tratamento de água Guandu, para que a agua não chegue com muita pressão na estação de tratamento, o local de “coleta” de agua esta cerca de 2km de distancia da estação, com diversos cânulos como esses nesse percurso afim de realizar uma perda de carga na agua que chegará na estação. Em nosso sistema, apesar da perda de carga por conta do atrito, a mecânica é constante, pois o coração bombeia sangue constantemente, compensando assim essa perda de carga. - Equação de Poiseuille Dentre os fatores ponderados pela equação, o único que não oferece resistência ao fluxo é a VARIAÇÃO DE PRESSÃO, uma vez que o fluxo sanguíneo é anterógrado, isto é, não tem retorno por onde veio pois essa variação é menor que 0. Se ela oferecesse resistência, o fluxo seria retrógrado e isso só acontece com acídias, um representante dos protocordados. Os demais fatores oferecem resistência ao fluxo sanguíneo, são eles: RAIO Como se espera, a taxa de fluxo aumenta com aumento do raio do tubo, logo, se houver interferências no raio de uma veia ou artéria, haverá interferência no fluxo sanguíneo. COMPRIMENTO Quanto maior o comprimento do vaso, maior é o atrito que as partículas terão, logo, menor será o fluxo. São inversamente proporcionais. VISCOSIDADE Se é aumentada a viscosidade o fluxo tende a diminuir. Uma pode reter insuficiência renal muito liquido, logo, a viscosidade diminui, o fluxo então fica mais intenso, no entanto, ocorrem patologias como a onde policitemia, aumenta-se o número de hemácias por volume de sangue, que por consequência aumenta a viscosidade e dificulta o fluxo sanguíneo. Para o diagnóstico é necessário realizar um exame chamado hematócrito. 9- BIOFÍSICA DA RESPIRAÇÃO – MECÂNICA RESPIRATÓRIA ANATOMIA PULMONAR O Pulmão é um dos principais órgãos do sistema respiratório. Dentro dele encontram-se os alvéolos, estruturas saculiformes que realizam a hematose pulmonar, entretanto, o mecanismo pelo qual o ar atmosférico entra e sai do corpo independe do pulmão, mas sim da Mecânica Respiratória, protagonizada por algumas musculaturas do tórax. Impresso por Karla Queiroz Bessa, E-mail karlaqbessa@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 09/09/2025, 19:37:39 18 Entre o pulmão e a porção interna do tórax temos um tecido de membrana dupla aderida a cada uma destas estruturas. A pleura que recobre os pulmões chamamos de Pleura Visceral e a caixa torácica, Pleura Parietal. Entre elas, temos a Cavidade Pleural, preenchida parcialmente por um liquido interpleural, oriundo do sistema linfático, para onde é constantemente reabsorvido. Este líquido possui a função de reduzir o atrito entre pulmão e víscera, que ocorre durante o processo respiratório. Também possui uma propriedade importante, que é sobre a constante pressão negativa que existe principalmente pelo espaço só possuir um ponto de contato com o meio externo através de vaso linfático, isto é, é totalmente vedado. Além disso, a pressão negativa é reforçada pela constante retirada de liquido intrapleural pelo sistema linfático. Por isso, a pressão intrapleural é SEMPRE negativa. A Respiração se divide em dois processos: Inspiração e Expiração. ● INSPIRAÇÃO Os eventos de mecânica respiratória que envolvem a inspiração provocam a expansão da caixa torácica: ➢ Contração dos músculos intercostais externos ➢ Contração do diafragma Os eventos que seguem são consequências da mecânica respiratória. Com a expansão da caixa torácica as pleuras se afastam, isto é, a pressão interpleural que já era negativa fica ainda menor, realizando a força para que o pulmão se expanda em conjuntocom o tórax. A pressão alveolar se torna, portanto, menor que a pressão atmosférica e o ar tende a entrar no pulmão, pois os fluidos se movem do local de maior pressão para o local de menor pressão. Observando a fórmula que relaciona pressão com área (P = F/A) percebemos que são grandezas indiretamente proporcionais, isto é, quanto maior a área, menor a pressão. ● EXPIRAÇ ÃO Os eventos de mecânica respiratória que envolvem a expiração provocam a contração da caixa torácica, isto é, redução da sua área: ➢ Contração dos músculos intercostais internos ➢ Relaxamento do diafragma Com isso, o processo inverso ao anterior ocorre: as pleuras se aproximam, pressão intrapleurar aumenta (mas permanece negativa) e os pulmões diminuem de tamanho pois a pressão alveolar fia positiva e ocorre a saída de ar. - PNEUMOTÓRAX É uma sit uaçã o de risco causada pela presença de ar na cavidade pleural e gera um pulmão colapsado. Pode afetar um ou ambos pulmões e causar dificuldade para respirar (dispneia). O Pneumotórax não tem alteração sob a mecânica respiratória, mas tem impacto negativo sob a ventilação. Isto por que a mecânica respiratória é um evento coordenado m uscular pelo cérebro e apenas dependente do diafragma e dos intercostais. O pneumotórax causado por uma lesão no tecido permite que haja um outro ponto de contato entre o espaço intrapleural e, portanto, iguala a pressão desta região com a atmosférica, impedindo que o Impresso por Karla Queiroz Bessa, E-mail karlaqbessa@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 09/09/2025, 19:37:39 19 pulmão acompanhe a expansão e contração das musculaturas da respiração. - RELAÇÃO VELTILAÇÃO/PERFUSÃO E ESPAÇOS MORTOS (SHUNT) Do volume de ar que é inspirado a cada ciclo respiratório, ou seja, o volume corrente, apenas uma parte chega aos alvéolos. A porção final deste volume inspirado vai preencher as vias aéreas. Nas vias aéreas não vai ocorrer hem atose , logo o ar que preenche estes espaços onde não há hematose, é dito pertencer a um espaço morto anatômico. Porém, existe um espaço morto associado aos alvéolos, que compreende o ar que chega até aos alvéolos, mas que não sofre hematose. Este processo pode ocorrer em decorrência de um fenômeno patológico ou a partir de um fenômeno fisiológico. Como um fenômeno fisiológico, pode ser destacado a relação ventilação/perfusão no ápice pulmonar, onde ocorre uma ventilação maior do que a capacidade de perfusão daquela região. Sendo assim, parte do ar que chega aos alvéolos apicais excede a capacidade de hematose, pois não há uma perfusão correspondente. Desta forma, parte do ar desta região pode ser considerada um ar de , sendo esta espaço morto uma condição fisiológica, e não patológica. Uma situação patológica pode ser observada na em bolia, onde um trombo impede a perfusão sanguínea de uma determinada região do pulmão, impedindo a hematose nos alvéolos afetados. Neste exemplo há um espaço morto alveolar patológico . De maneira oposta ao ápice, a base do pulmão que é mais perfundida que ventilada em termos relativos. Sendo assim, parte do sangue que passa pelos alvéolos que compõem a base do pulmão não sofre hematose, proporcionando uma região de , que, neste caso, é shunt considerado um . shunt f isiológico 10 BIOFÍSICA DA RESPIRAÇÃO – – TRANSPORTE DE O2 E CO2 Enquanto pequenos seres pluricelulares conseguiam difundir o oxigênio célula a célula, o desenvolvimento de seres maiores e mais complexos impossibilitou este mecanismo. Foram surgindo formas evolutivamente sofisticadas de captar e passar moléculas de gases indispensáveis à vida e uma das mais especializadas encontramos no acoplamento de um sistema respiratório altamente eficaz com um sistema circulatório totalmente difuso. O ar atmosférico é composto majoritariamente por Nitrogênio (78%), Oxigênio (21%) e CO além de outros gases. Por 2, isso, podemos caracterizá-lo como uma mistura de gases que obedece à lei de Dalton das pressões parciais, que enuncia: “numa mistura gases cada elemento exerce uma pressão de modo que a soma destas será igual à pressão da mistura”. - Lei de Henry Vd = Vi x P x f Sendo, Vd = Volume Dissolvido, Vi = Volume Inicial, P = Pressão e f = Fator de solubilidade. Para entende-la, vamos imaginar a seguinte situação. fCO2 fO 2 A B 1L de H O 1L de H O 2 2 100ml de CO 100ml de O 2 2 P 3atm P 3atm Sob a mesma pressão encontramos o mesmo volume inicial destes gases na mesma quantidade de água. Entretanto, sabemos que o fator de solubilidade do CO chega a ser 20x 2 superior ao do O . 2 fCO2 >>> fO 2 A B 1L de H O 1L de H O 2 2 100ml de CO 100ml de O 2 2 P 3atm P 3atm Portanto, analisando pela Lei de Henry podemos inferir que o volume dissolvido de CO será 2 muito superior em relação ao de O (A>B). 2 Impresso por Karla Queiroz Bessa, E-mail karlaqbessa@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 09/09/2025, 19:37:39 20 Caso quiséssemos igualar os volumes dissolvidos dos dois gases teríamos que mexer em alguma outra variável, aumentando a pressão sob o oxigênio ou o volume inicial dos gases. TROCAS HEMATOAOVEOLARES O ar atmosférico que respiramos, como já vimos, é uma mistura de gases, onde cada um possui uma pressão parcial particular. A pressão parcial do Gás Oxigênio (pO ), nas CNTP 2 atmosféricos é 160mmHg, já a de CO2 é 0,3mmHg. A pressão desses gases no alvéolo já é diferente: pO2 = 100mmHg e pCO = 40mmHg. A 2 diferença de pressão do oxigênio se dá principalmente pois no momento da inalação uma parte do gás se solubiliza no líquido presente na mucosa interna de todo o tubo respiratório, diminuindo sua pressão parcial enquanto gás. A diferença da concentração de CO 2 (EXPLICAR) Pois bem, mesmo que as pressões parciais sejam diferentes das condições atmosféricas elas ainda são significativamente diferentes das concentrações no sangue proveniente da artéria pulmonar. Nela, o sangue chega com pO2 = 40mmHg e pCO = 47mmHg. Como são 2 moléculas com facilidade de difundirem-se na membrana biológica, a troca ocorre nos capilares alveolares diretamente por diferença de pressão. Deste modo, o oxigênio sai e o gás carbônico entra, transformando o sangue venoso em arterial, agora com pO = 100mmHg e pCO2 2 = 40mmHg. Podemos perceber, então, pelo gráfico abaixo que ΔpO = 60 e ΔpCO2 2 = 7. Entretanto, isso não significa que há maior troca de O do que de 2 CO2, mas apenas que como o oxigênio é muito menos solúvel que o gás carbônico, ele precisa estar em maior pressão para garantir a hematose. - HEBOGLOBINA A Hemoglobina é uma hemeproteína e isso significa dizer que elas possuem o grupo prostético Heme. Cada subunidade contém um grupo heme, portanto uma molécula protéica de hemoglobina pode carregar até 4 moléculas de O2. A heme da hemoglobina é, na verdade, uma molécula de , que Ferro-protoporfirina IX consiste em quatro anéis pirrólicos, grupamentos laterais substituintes e um anel central, unidos por um átomo central de Ferro, no seu estado ferroso (Fe +2). O Ferro II neste estado pode compartilhar 6 elétrons, interage com quatro anéis pirrólicos, com um resíduo de histidina da subunidade da hemoglobina que ele está e ainda fica disponível para mais uma ligação, que geralmente é com o Oxigênio. Quando o Ferro se liga ao Oxigênio, sempre de forma reversível, ele se alinha com o anel porfirínico, saindo do plano inferior que costumava estar. Quando ele se desloca, acaba por deslocarconsigo o resíduo de histidina ao qual está ligado e consequentemente alterando toda a estrutura quaternária da hemoglobina. Este resíduo de histidina é capaz de se ligar a um CO mediante liberação do íon hidrogênio. 2 É importante observar que a ligação do Ferro com o Oxigênio modula negativamente a ligação da histidina com o CO . 2 - TROCAS GASOSAS