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ANÁLISE DO ARTIGO “QUANDO TOMBA O GUARDIÃO” Víctor André Dorneles Equipe da UFRJ sobre a deformação de uma proteína que protege o DNA e leva as células a se multiplicarem sem controle no câncer. O câncer é fruto de diversas doenças, sendo algumas demorando mais tempo a surgir. Todas com algo em comum: a proliferação desenfreada de células, causadas por proteínas deformadas. De acordo com pesquisas internacionais, alguns casos de câncer são desencadeados pelo mesmo mecanismo molecular que está por trás da doença de Creutzfeldt-Jakob, a doença causa a morte celular precoce do cérebro. Um artigo publicado revela que, em ambas as 2 doenças, a origem do problema é a mesma, sendo essa o enovelamento anormal de uma proteína. A estrutura tridimensional dessas moléculas são fundamentais para definir a estrutura e funcionamento das células, determinando o papel de desempenho. Quando ocorre um enovelamento errado, as proteínas deixam de funcionar em seus padrões, e começam a desempenhar em outras coisas. A única diferença citada entre a doença de Creutzfeldt-Jakob e o câncer, são as proteínas afetadas. a pesquisa da UFRJ revela que, tanto no câncer quanto na doença de Creutzfeldt-Jakob, a deformação de proteínas chave (p53 no câncer e o príon celular na doença de Creutzfeldt-Jakob) leva a um comportamento similar ao de agentes infecciosos. Essa deformação permite que essas proteínas se auto propaguem e afetem outras células, contribuindo para a progressão das doenças. Stanley Prusiner, ao investigar doenças neurodegenerativas como a doença de Creutzfeldt-Jakob e o mal da vaca louca, Prusiner descobriu que uma proteína defeituosa, o príon, era o agente causador, e propôs que o contato de príons deformados com proteínas saudáveis induzia a deformação destas, em uma reação em cadeia. Essa teoria, que rendeu a Prusiner um Prêmio Nobel, explica como proteínas deformadas podem se autopropagar e formar fibras tóxicas, causando danos neurológicos. Estudos recentes internacionais sugerem que algumas versões deformadas da p53 (Proteína supressora de tumores, além de preservar a integridade do DNA e dentre outras diversas funções) poderiam passar de uma célula a outra. Um bioquímico explica: Essas proteínas seriam transmissíveis, de célula para célula, porém não infecciosas. Ele coordena o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Biologia Estrutural e Biomagem, além de ser um diretor científico. Há evidências de que, versões defeituosas da p53 podem atuar como príon, pesquisadores dizem que ela tem uma ação prionoide, fazendo com que possa haver remodelagem de proteínas saudáveis, o que extermina sua função original. Um grupo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, analisou algumas amostras de tumores de mama em 88 mulheres, e chegaram à conclusão de que na maioria das amostras analisadas, havia agregados formados por moléculas defeituosas da p53. Essas fibras ou agregados também aparecem em outras enfermidades. pequenas alterações no gene TP53 podem levar à produção de proteínas p53 defeituosas, que por sua vez podem corromper as proteínas p53 saudáveis, prejudicando o funcionamento das células. Proteínas p53 defeituosas, causadas por mutações genéticas, podem corromper proteínas saudáveis, formando agregados tóxicos. Esse processo, chamado de "semeadura", é mais rápido em proteínas p53 deformadas e ocorre em condições semelhantes às do corpo humano, contribuindo para a proliferação descontrolada de células cancerígenas. A formação de aglomerados de p53 não se restringe ao câncer de mama, sendo encontrada em outros tumores como carcinoma basocelular e glioblastoma. Mutações no gene TP53, além da R248Q, podem levar à agregação da proteína, afetando também outras proteínas da família p53 (p63 e p73). Estudos mostram que a p53 defeituosa pode infectar células saudáveis, induzindo a formação de fibras. A hipótese de ação priônica da p53 ainda é debatida, com necessidade de mais evidências, como a indução de tumores em modelos animais. No entanto, essa teoria pode explicar a origem de tumores espontâneos, especialmente em casos de dominância negativa. A identificação de fibras de p53 pode servir como marcador de gravidade do câncer, e futuramente, pode-se buscar formas de bloquear o processo de agregação. FONTE: ZORZETTO, Ricardo. Quando tomba o Guardião. REVISTA PESQUISA - FAPESP, Nº 211, págs.: 44-47, SP, setembro de 2013. * Estudante da disciplina de Biologia da 1ª série do Curso Técnico em Química – Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha – Novo Hamburgo, RS, Brasil. Ano de 2025.