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Urocultura Exame laboratorial que detecta e identifica microrganismos presentes na urina. É usada principalmente para diagnosticar infecções do trato urinário (ITUs). No processo, uma amostra de urina é coletada, semeada em meio de cultura e incubada para permitir o crescimento de possíveis bactérias presentes. Qual a informação que o laboratório deve saber? - Sexo do paciente (mulheres tem mais infecção urinaria por conta da anatomia, a uretra é menor e a região anal é próxima) - Idade: crianças e idosos por conta do sistema imune estão mais suscetíveis á infecções - Informações clínicas como gravidez - Uso ou não de antimicrobianos - Se existe cultura anterior - Horário da coleta: por conta de contaminação e comprometimento da amostra além de ser importante ser a primeira urina do dia por conta do volume e por ter ficado mais tempo na bexiga “parada” - Se existe resultado parcial de urina Método de coleta mulheres A não realização da assepsia pode causar interferência no resultado do exame 1- Lave as mãos 2- Afaste os grandes lábios 3- Lave a região vaginal com água e sabão, Enxágüe em abundância 4- Enxugue de frete para trás com papel toalha 5- Comece a urinar no vaso sanitário 6- Sem interromper a micção coloque o copo descartável na frente do jato urinário e colete aproximadamente 2 dedos de urina 7- Despreze o restante da urina no vaso sanitário 8- Feche o frasco leve ao laboratório imediatamente Método de coleta homens 1- Lave as mãos 2- Exponha a glande e mantenha a pele retraída 3- Lave com água e sabão, Enxágüe em abundância 4- Enxugue com papel toalha 5- Comece a urinar no vaso sanitário 6- Sem interromper a micção coloque o copo descartável na frente do jato urinário e colete aproximadamente 2 dedos de urina 7- Despreze o restante da urina no vaso sanitário 8- Feche o frasco leve ao laboratório imediatamente Coleta em crianças não desfraldadas Em crianças que utilizam fraudas é usado o saco coletor com troca de até 2h em 2h horas Transporte Transporte: até 2h em temperatura ambiente ou até 24h sob refrigeração, porém o ideal é coletar e levar para o laboratório imediatamente. Urocultura processo Para realizar uma urocultura, deve-se começar olhando o pedido médico. Em seguida, é necessário homogeneizar a urina sem centrifugar. Realiza-se a bacterioscopia de uma gota de urina não centrifugada utilizando a coloração de Gram. Para a semeadura, mergulha-se uma alça calibrada no pote de urina e transfere-se a amostra para o meio de cultura Ágar Cled ou Ágar sangue/Ágar MacConkey. A amostra deve ser incubada em uma estufa a 35°C por um período de 18 a 24 horas. Caso o resultado seja negativo após 24 horas e a sedimentoscopia indicar a presença de bactérias, a amostra deve ser incubada por mais 24 horas. Etapas em Tópicos: 1. Olhar o pedido médico. 2. Homogeneizar a urina sem centrifugar. 3. Realizar a bacterioscopia de gota de urina não centrifugada (coloração de Gram). 4. Semeadura: o Mergulhar uma alça calibrada no pote de urina. o Transferir a amostra para o meio de cultura Ágar Cled ou Ágar sangue/Ágar MacConkey. 5. Incubar a amostra em estufa a 35°C por 18 a 24 horas. 6. Se o resultado for negativo após 24 horas e a sedimentoscopia indicar a presença de bactérias, incubar por mais 24 horas. OBS: Toda a amostra de urina deve ficar estocada a 4°C até liberação dos resultados Cultura de ponta de cateter A cultura de ponta de cateter é um exame laboratorial utilizado para detectar infecções associadas ao uso de cateteres intravenosos. O procedimento envolve a coleta da ponta do cateter, que é então submetida a métodos de cultura para identificar a presença de microrganismos patogênicos. Transporte O transporte da ponta de cateter deve ser realizado em temperatura ambiente em até 1 hora ou até 12 horas refrigerada a 4 graus. Método de Maki e Cols (Semi-Quantitativo) A técnica de inoculação de cateter venoso é feita utilizando meio de cultura Ágar sangue. Com uma pinça, o cateter é passado pelo meio de cultura, que é então colocado na estufa. A formação de colônias é observada, e considera- se uma cultura positiva se houver mais de 15 colônias. Esse resultado é identificado como positivo (CSQ+ - Cultura Semi-Quantitativa) pelo método de Maki. Se a ponta de cateter for positiva, mas a hemocultura for negativa, isso significa que a infecção não chegou à corrente sanguínea; se chegou, trata-se de uma bacteremia contínua. No entanto, esse método não é 100% eficaz, pois não detecta as bactérias no interior do cateter. Resultados: CSQ+ e hemocultura - (Infecção local relacionada ao cateter) CSQ+ e hemocultura + para o mesmo MO (microorganismo) – Septicemia relacionada ao cateter Cultura Quantitativa de Cateter (Método de Sonicação) O método de sonicação envolve a imersão do cateter em NaCl a 0,9% estéril, seguido de um banho ultrassônico por 10 minutos. As ondas emitidas sacodem o cateter, liberando as bactérias presas na parte interna do cateter para o soro estéril, permitindo o isolamento de agentes em ambas as faces do cateter. Após isso, o soro é semeado na placa de Ágar sangue e incubado a 37 graus, com leitura após 24-48 horas. Considera-se positivo quando há mais de 1000 unidades formadoras de colônia. Líquor Coleta de LCR A coleta do líquor cerebro-raquidiano (LCR) é realizada por um médico, normalmente entre a terceira e quarta vértebra ou entre a quarta e quinta vértebra. O líquor também pode ser colhido da região suboccipital e ventricular. Antes da punção, é feita uma antissepsia rigorosa da pele para evitar contaminações. Transferência e Transporte Após a coleta, 1 mL de LCR deve ser transferido para um frasco estéril contendo meio de transporte (MT). Esse procedimento ajuda a conservar a amostra em boas condições para análise posterior. A amostra deve ser enviada imediatamente ao laboratório em um tubo de ensaio esterilizado para a realização da bacterioscopia. Caso tenha sido coletado 2 mL de líquor, deve-se dividir a amostra em 1 mL em frasco vazio e 1 mL em meio de transporte (MT). Processamento - Bacterioscopia No laboratório, o processamento das amostras inclui a bacterioscopia pelo método de Gram do sedimento centrifugado, que fornece um informe preliminar sobre a presença de bactérias. Em seguida, o sedimento é semeado em Ágar-sangue ou Ágar chocolate e incubado a 35°C-37°C por 24-48 horas, em atmosfera comum (AS) e tensão de CO2 no caso do Ágar chocolate (AC). Processamento - Prova do Látex A pesquisa de antígenos das bactérias pode ser realizada através da prova do látex ou contraimunoeletroforese, dependendo da quantidade de antígeno presente na amostra. Embora não substitua a cultura, é um método rápido e de fácil execução. A prova do látex, apesar de não ser altamente sensível, oferece rapidez ao identificar infecções bacterianas significativas através da reação de antígeno e anticorpo, similar ao que ocorre na tipagem sanguínea. Transporte Para garantir a integridade das amostras, o transporte deve ser feito em temperatura ambiente e de forma rápida para o laboratório. Outros líquidos Cavitários: Os líquidos cavitários, como líquido pleural, líquido ascítico, líquido pericárdico, líquido sinovial ou articular e líquido amniótico, passam por um processo de análise que inclui centrifugação, bacterioscopia e semeadura. O processo começa com a coleta do líquido, seguida pelo transporte da amostra para o laboratório. A amostra deve ser encaminhada imediatamente para o laboratório em temperatura ambiente, sem refrigeração. Uma vez no laboratório, a amostra é centrifugada por 15 minutos a 3000 rpm para separar os componentes. O sedimento resultante da centrifugaçãoé então submetido a uma bacterioscopia pelo método de Gram. Em seguida, o sedimento é semeado em meio de cultura Ágar-sangue ou Ágar chocolate e incubado a 35°C por 48 horas em uma estufa. 1- Coleta 2- Transporte 3- Centrifugação 4- Semeadura/bacterioscopia gram 5- Estufa Feridas, abcessos e exsudato Quando há uma ferida, abscesso ou exsudato, a integridade da pele pode estar comprometida. Se a pele estiver aberta, a área pode ser rica em contaminantes, ou seja, microrganismos que não fazem parte da infecção, mas estão presentes devido à exposição ao ambiente. Coleta e Cultura Ao coletar amostras para análise, deve-se evitar culturas mistas que contenham mais de três tipos diferentes de patógenos, pois isso sugere que a amostra está contaminada e não é adequada para diagnóstico. Por isso, é preferível coletar a amostra utilizando seringa e agulha, em vez de swab (cotonete), porque o swab tende a coletar mais contaminantes e microrganismos que colonizam a pele, mas que não são responsáveis pela infecção. Identificação de Patógenos É essencial identificar corretamente os patógenos presentes na amostra. Na bacterioscopia, a amostra é semeada em um meio de cultura e incubada a uma temperatura de 35°C-37°C por 24 a 48 horas em atmosfera normal. Durante este processo, possíveis contaminantes da pele, como Bacillus sp e estreptococos (que são bactérias comuns na pele), assim como poucos ou nenhum PMN (neutrófilos polimorfonucleares, que são células do sistema imunológico), são descritos no resultado. Identificação Definitiva A identificação definitiva dos patógenos é feita para qualquer quantidade das bactérias S. aureus, S. pyogenes e P. aeruginosa, bem como para todos os patógenos que causam infecções hospitalares. Essas bactérias são consideradas patógenos verdadeiros e são clinicamente relevantes para o diagnóstico e tratamento das infecções. Outras amostras clínicas Escarro; Lavado brônquico; Aspirado traqueal; Escovado brônquico Escarro O escarro é uma secreção produzida pelos pulmões e vias respiratórias, expelida pela tosse. A análise do escarro é crucial para diagnosticar infecções respiratórias e outras doenças pulmonares. A técnica de bacterioscopia envolve a coleta de amostras de escarro que são coradas e examinadas ao microscópio para identificar a presença de bactérias. Um exemplo é a coloração de Gram, que ajuda a identificar diferentes tipos de bactérias, como estafilococos e Streptococcus pneumoniae. Escarro para Tuberculose Se houver uma hipótese diagnostica de tuberculose, não se realiza a coloração de Gram, pois a bactéria causadora da tuberculose é classificada como um BAAR – Bacilo Álcool- Ácido Resistente. Devido ao ácido micólico presente em sua estrutura, os corantes utilizados na coloração de Gram são ineficazes. A coloração utilizada para a bactéria da tuberculose é a coloração de Ziehl-Neelsen, que ao final do processo, cora as bactérias em tons de rosa e vermelho. A bactéria da tuberculose apresenta crescimento lento, portanto, o meio de cultura não é a primeira escolha para o diagnóstico. A tuberculose miliar pode ocorrer em outras partes do corpo além dos pulmões, como ossos, rins e pele. É a mesma bactéria, mas em pacientes com alterações imunológicas, como câncer ou HIV, que afetam o sistema imunológico, a bactéria pode infectar outros sítios. Nesse caso, utiliza-se a cultura. Realiza-se uma biópsia da pele caso haja alterações no tecido cutâneo, e com a amostra, procede-se com a cultura, que apresenta crescimento lento. A incubação ocorre a 35°C-37°C por 24-48 horas, mas geralmente demora mais de 48 horas. A cultura da tuberculose pode levar de 10 a 15 dias para crescer. Bacterioscopia e Coloração de Gram A bacterioscopia é um exame microscópico que visa observar diretamente os microrganismos presentes em uma amostra clínica, como sangue, urina, secreções, entre outros. No laboratório, a amostra é preparada em uma lâmina de microscópio e corada para facilitar a visualização dos microrganismos. O objetivo é identificar a presença de bactérias e outras características celulares que possam indicar infecção ou doença. Uma das técnicas mais comuns de coloração utilizadas na bacterioscopia é a coloração de Gram. Desenvolvida pelo bacteriologista dinamarquês Hans Christian Gram, essa técnica diferencia as bactérias em dois grandes grupos com base nas características de suas paredes celulares: Gram-positivas (que aparecem roxas) e Gram-negativas (que aparecem rosa e vermelhas). Isso é realizado através de uma série de etapas de coloração e lavagem, que incluem o uso de cristal violeta, iodo, álcool/acetona e safranina. CASO CLÍNICO II Um paciente, Homem, JF, 62 anos, após a assepsia da região, coletou uma amostragem de urina para a realização do EAS e Urocultura. JF então levou sua amostra de urina ao laboratório acondicionada no gelo. Porém, devido a um acidente na estrada, JF demorou 4 horas para chegar ao laboratório. Diante do drama de JF, a recepcionista resolveu admitir a amostra de urina do mesmo. O resultado do EAS mostrou flora moderada mista , mas com ausência de leucocitose. A urocultura mostrou a presença de 15.000 UFC/mL. Disserte sobre os resultados da Urocultura e EAS. Valores de referência da Urocultura >10.000 UFC/mL – contaminação (menor que 10.000) Entre 10.000 UFC/mL - 100.000 UFC/mL – inconclusiva > 100.000 UFC/mL – infecção RESPOSTA: Devido a um acidente na estrada, houve um atraso de 4 horas para a amostra de urina chegar ao laboratório, embora estivesse acondicionada no gelo. A amostra só pode ficar até 2 horas em temperatura ambiente, e não sabemos se o transporte foi feito de maneira regular. O resultado do EAS mostrou flora moderada mista e ausência de leucocitose. A flora moderada mista indica uma variedade de microrganismos, possivelmente devido à contaminação durante o transporte. A ausência de leucocitose sugere que não há um aumento significativo de leucócitos na urina, indicando ausência de resposta imunológica a uma infecção. A urocultura mostrou 15.000 UFC/mL (Unidades Formadoras de Colônia por mililitro). Resultados entre 10.000 e 100.000 UFC/mL são considerados inconclusivos e podem indicar contaminação da amostra, especialmente considerando o atraso no transporte e a presença de flora mista. A flora moderada mista e a contagem de 15.000 UFC/mL sugerem contaminação, especialmente se a coleta não foi realizada em condições estéreis rigorosas e o transporte não foi feito dentro do prazo. A ausência de leucócitos elevados indica que não há uma infecção urinária significativa. Dado que os resultados estão na faixa inconclusiva e a análise do EAS mostra uma flora mista com ausência de leucocitose, é possível que a amostra tenha sido contaminada. O atraso de 4 horas para chegar ao laboratório pode ter contribuído para a proliferação de contaminantes. Para uma avaliação mais precisa, é recomendável repetir a coleta da amostra de urina, assegurando condições estéreis e transporte imediato ao laboratório. CASO CLÍNICO III Um paciente, YTR, 42 anos, hipertenso e diabético foi internado com um quadro de pneumonia comunitária. Na internação, foi puncionado um acesso venoso profundo para implantação de um catéter venoso para infusão medicamentosa. Após dois dias de terapia, o paciente começou a apresentar febre e hipotensão. Diante deste cenário foram coletadas duas amostras: sangue para hemocultura e um fragmento do catéter endovenoso para cultura. Duas técnicas foram implantadas para a cultura de ponta de cateter: semi quantitativa (resultado negativo) e quantitativa – sonicação (resultado positivo). A) Cite um motivo que possa ter levado a diferença nos resultados da cultura de ponta de cateter. Justifique sua reposta Um motivo que podeter levado à diferença nos resultados da cultura de ponta de catéter é que as bactérias estavam localizadas no interior do catéter. A técnica semi-quantitativa não conseguiu detectar essas bactérias, resultando em um teste negativo. Em contraste, a técnica quantitativa, que utiliza o processo de sonicação, foi capaz de isolar os agentes presentes em ambas as faces do catéter, incluindo as bactérias no interior, resultando em um teste positivo. B) Resultado da cultura de ponta de cateter – Método de sonicação - Staphylococcus aureus Resultado da hemocultura (8 amostras) – Método automatizado - Staphylococcus aureus Como podemos interpretar tal resultado Os resultados da cultura de ponta de catéter pelo método de sonicação revelaram a presença de Staphylococcus aureus. Além disso, as oito amostras de hemocultura, utilizando um método automatizado, também mostraram a presença de Staphylococcus aureus. Isso indica que a infecção chegou à corrente sanguínea do paciente, caracterizando uma bacteremia contínua. Esse quadro sugere que a infecção se originou no catéter e se disseminou pelo sangue.