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Script Jurídico: Extinção de Contratos
�. Extinção Normal do Contrato e Resolução
A extinção de um contrato representa o fim de sua existência jurídica, cessando os
efeitos e as obrigações que dele decorrem. A forma mais comum e desejada de
extinção contratual é a extinção normal, que ocorre pelo cumprimento integral das
obrigações pactuadas pelas partes. Este é o cenário ideal, onde ambas as partes
satisfazem suas prestações, e o contrato atinge sua finalidade econômica e jurídica.
Por exemplo, em um contrato de compra e venda, a extinção normal se dá com a
entrega do bem pelo vendedor e o pagamento integral do preço pelo comprador.
Em contraste, a resolução é uma forma anormal de extinção do contrato, geralmente
decorrente de um descumprimento ou de um evento superveniente que torna a
execução contratual inviável ou excessivamente onerosa. A resolução visa restabelecer
o equilíbrio contratual ou indenizar a parte prejudicada, desfazendo o vínculo
contratual com efeitos retroativos (ex tunc), na medida do possível. O Código Civil
brasileiro aborda a extinção dos contratos nos artigos ��� a ���, tratando de diversas
modalidades, incluindo a resolução por inadimplemento ou por onerosidade
excessiva.
Resolução por Inexecução Voluntária
A resolução por inexecução voluntária ocorre quando uma das partes, por sua
própria culpa, deixa de cumprir com as obrigações assumidas no contrato. Este tipo de
resolução é uma consequência direta do inadimplemento culposo, gerando para a
parte inadimplente a obrigação de indenizar a outra pelos prejuízos sofridos. O Art.
��� do Código Civil [�] estabelece que:
Art. ���. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais
juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos,
e honorários de advogado.
Nesse cenário, a parte lesada pode optar por exigir o cumprimento forçado da
obrigação, se ainda for possível e de seu interesse, ou pedir a resolução do contrato,
cumulada com o pedido de perdas e danos. A inexecução voluntária é, portanto, um
descumprimento imputável à vontade ou negligência do devedor, que justifica o
desfazimento do vínculo contratual e a reparação dos danos causados.
�. Nulidade: Absoluta e Relativa
A validade de um negócio jurídico, incluindo os contratos, é um pilar fundamental do
direito civil. Quando um contrato não atende aos requisitos legais de validade, ele
pode ser considerado nulo ou anulável, o que leva à sua extinção por invalidade. O
Código Civil brasileiro distingue entre nulidade absoluta e nulidade relativa
(anulabilidade), com diferentes causas e consequências jurídicas.
Nulidade Absoluta
A nulidade absoluta representa um vício grave, que atinge a ordem pública e o
interesse social, tornando o negócio jurídico inválido desde a sua origem (ex tunc). Um
contrato nulo não produz efeitos jurídicos e não pode ser convalidado. A nulidade
absoluta pode ser declarada de ofício pelo juiz, a qualquer tempo, e por qualquer
interessado. Os casos de nulidade absoluta estão previstos no Art. ��� do Código
Civil [�]:
Art. ���. É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente
incapaz; II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; III - o motivo
determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; IV - não revestir a forma
prescrita em lei; V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial
para a sua validade; VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; VII - a lei
taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
Além disso, o Art. ��� do Código Civil [�] trata da nulidade em caso de simulação:
Art. ���. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se
válido for na substância e na forma. § �º Haverá simulação nos negócios jurídicos
quando: I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas
às quais realmente se conferem, ou transmitem; II - contiverem declaração,
confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III - os instrumentos particulares
forem antedatados, ou pós-datados. § �º Ressalvam-se os direitos de terceiros de
boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado.
Nulidade Relativa (Anulabilidade)
A nulidade relativa, ou anulabilidade, ocorre quando o vício é menos grave,
protegendo interesses privados das partes. O contrato anulável produz efeitos
jurídicos até que seja anulado por decisão judicial, e a anulação deve ser pleiteada
pela parte interessada dentro de um prazo decadencial. Diferentemente da nulidade
absoluta, a anulabilidade pode ser convalidada. Os casos de anulabilidade estão
dispostos no Art. ��� do Código Civil [�]:
Art. ���. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio
jurídico: I - por incapacidade relativa do agente; II - por vício resultante de erro,
dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
�. Onerosidade Excessiva
A onerosidade excessiva é um instituto jurídico que permite a resolução ou a revisão
de contratos de execução continuada ou diferida quando, por eventos extraordinários
e imprevisíveis, a prestação de uma das partes se torna excessivamente onerosa, com
extrema vantagem para a outra. Este princípio visa manter o equilíbrio contratual e a
boa-fé nas relações jurídicas. A base legal para a onerosidade excessiva encontra-se no
Art. ��� do Código Civil [�]:
Art. ���. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma
das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra,
em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor
pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à
data da citação.
É importante notar que a onerosidade excessiva não se confunde com o mero
desequilíbrio econômico, exigindo a ocorrência de eventos supervenientes,
extraordinários e imprevisíveis que alterem substancialmente as bases do contrato. O
Art. ��� do Código Civil [�] oferece uma alternativa à resolução:
Art. ���. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar
equitativamente as condições do contrato.
E o Art. ��� do Código Civil [�] trata dos contratos unilaterais:
Art. ���. Se no contrato unilateral a prestação de uma das partes se tornar
excessivamente onerosa, poderá ela pleitear que se reduza, ou altere o modo de
executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.
�. Cláusula Resolutiva
A cláusula resolutiva é uma estipulação contratual que prevê a extinção do contrato
caso uma condição específica seja satisfeita ou um evento determinado ocorra. Ela
pode ser expressa ou tácita, e sua presença impacta diretamente a forma como o
contrato será extinto em caso de inadimplemento ou ocorrência de um evento futuro.
Cláusula Resolutiva Expressa
A cláusula resolutiva expressa é aquela que as partes inserem explicitamente no
contrato, estabelecendo que o descumprimento de uma obrigação ou a ocorrência de
um evento específico resultará na resolução automática do contrato. Conforme o Art.
��� do Código Civil [�]:
Art. ���. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de
interpelação judicial.
Isso significa que, uma vez configurada a condição ou o inadimplemento previsto na
cláusula expressa, o contrato se resolve automaticamente, sem a necessidade de uma
ação judicial prévia para declarar a resolução. No entanto, em algumas situações, a
jurisprudência exige a notificação da parte para constituí-la em mora, mesmo havendo
cláusula resolutiva expressa, como é o caso dos contratos de arrendamento mercantil
(leasing), conforme a Súmula ��� do STJ [�].
Cláusula Resolutiva Tácita
A cláusula resolutiva tácita é inerente a todos os contratos bilaterais, mesmo que
não esteja expressamente prevista. Ela implica que, se uma das partes não cumprir
sua obrigação, a outra parte pode pedir a resolução do contrato. Contudo,
diferentemente da expressa, a cláusula resolutiva tácita exige uma interpelação
judicial para que a resoluçãoseja efetivada, ou seja, a parte prejudicada precisa
recorrer ao judiciário para que a resolução seja declarada.
�. Caso Fortuito e Força Maior
Caso fortuito e força maior são conceitos fundamentais no direito contratual, pois
representam eventos que podem eximir o devedor de responsabilidade pelo
inadimplemento de uma obrigação. Embora frequentemente usados de forma
intercambiável, há distinções doutrinárias entre eles, mas para fins legais, o Código
Civil os trata de maneira similar.
O Art. ��� do Código Civil [�] estabelece a regra geral:
Art. ���. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou
força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo
único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos
não era possível evitar ou impedir.
Ambos os conceitos referem-se a eventos necessários, cujos efeitos não era possível
evitar ou impedir. São acontecimentos imprevisíveis e inevitáveis que tornam a
execução da obrigação impossível. A principal consequência da ocorrência de caso
fortuito ou força maior é a exclusão da responsabilidade do devedor pelos prejuízos
decorrentes do inadimplemento, a menos que ele tenha se responsabilizado
expressamente por tais eventos no contrato.
Caso Fortuito é geralmente associado a um evento interno, ligado à atividade do
devedor, mas que foge ao seu controle (ex: um defeito inesperado em uma máquina).
Já a Força Maior é associada a um evento externo, alheio à vontade das partes e à
atividade do devedor (ex: desastres naturais, guerras, greves gerais).
Em ambos os casos, a impossibilidade de cumprimento da obrigação deve ser total e
definitiva para que a excludente de responsabilidade seja aplicada, levando à
inexecução involuntária do contrato e, consequentemente, à sua resolução sem
perdas e danos para o devedor, salvo estipulação em contrário.
Referências
[�] Código Civil - Lei �����/�� [�] Art. ��� do Código Civil - Lei �����/�� [�] Art. ��� do
Código Civil - Lei �����/��
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10701658/artigo-478-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10701658/artigo-478-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10706117/artigo-393-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10706117/artigo-393-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002

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