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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO CAMPUS VOTUPORANGA Karine Nunes Druzian FATURA DE ENERGIA ELÉTRICA E INFORMAÇÕES SUPLEMENTARES ANÁLISE NORMATIVA DO MÓDULO 11 DO PRODIST VOTUPORANGA 2025 Karine Nunes Druzian FATURA DE ENERGIA ELÉTRICA E INFORMAÇÕES SUPLEMENTARES ANÁLISE NORMATIVA DO MÓDULO 11 DO PRODIST Trabalho apresentado ao curso de Engenharia Elétrica, em cumprimento às exigências da disciplina Qualidade de Energia. Professor: Antonio Carlos de Carvalho. Votuporanga 2025 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Exemplo de como devem ser apresentados os respectivos impostos e contribuições incidentes sobre o faturamento ....................................................................... 7 Figura 2 - Exemplo de Fatura ................................................................................................... 8 Figura 3 - Exemplo de como devem ser apresentadas a base de incidência dos tributos, as alíquotas aplicadas e o valor dos tributos na fatura de energia elétrica ..... 10 Figura 4 - fatura com bandeira tarifária em destaque......................................................... 12 Figura 5– Exemplo de apresentação das informações obrigatórias nas faturas de usuários da classe residencial no modelo “Tarifa” .............................................................. 17 Figura 6 - Classe Residencial - Modelo “Preço” ................................................................. 17 Figura 7 - Exemplo de apresentação das informações obrigatórias nas faturas de usuários da classe residencial no modelo “Preço”............................................................. 17 Figura 8 – Exemplo de apresentação das informações obrigatórias nas faturas com benefício tarifário de usuários da classe rural no modelo “Tarifa” ........................................ 18 Figura 9 – Exemplo de apresentação das informações obrigatórias nas faturas com benefício tarifário de usuários de classe rural no modelo “ Preço” .................................. 18 Figura 10 – Exemplo de apresentação das informações obrigatórias nas faturas com benefício tarifário de usuários da subclasse baixa renda no modelo “Tarifa” ................ 19 Figura 11 – Exemplo de apresentação das informações obrigatórias nas faturas com benefício tarifário de usuários da subclasse baixa renda no modelo “Preço” ................ 20 Figura 12 – Exemplo de apresentação das informações obrigatórias nas faturas com benefício tarifário de usuários da subclasse baixa renda no modelo “Preço” para o Estado de São Paulo ............................................................................................................... 20 Figura 13 - Exemplo de apresentação das informações obrigatórias nas faturas com benefício tarifário de usuários da subclasse baixa renda no modelo “Preço” sem incidência de ICMS sobre a parcela subvencionada ......................................................... 21 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 5 2. INFORMAÇÕES OBRIGATÓRIAS NA FATURA .................................................. 6 2.1 IDENTIFICAÇÃO DO USUÁRIO E DA UNIDADE CONSUMIDORA ............... 6 2.2 INFORMAÇÕES PARA PAGAMENTO .......................................................... 7 2.3 QUANTIDADES E VALORES RELATIVOS AO FORNECIMENTO ................ 9 2.4 IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES................................................................... 9 2.5 HISTÓRICO DE FATURAMENTO................................................................ 10 2.6 INFORMAÇÕES DE INTERESSE DO USUÁRIO......................................... 10 2.7 SITUAÇÕES ESPECÍFICAS ........................................................................ 11 2.8 FORMA DE APRESENTAÇÃO .................................................................... 12 3. INFORMAÇÕES SUPLEMENTARES................................................................. 13 3.1 COMPOSIÇÃO DETALHADA DA FATURA ..................................................... 13 3.2 INDICADORES DE CONTINUIDADE E QUALIDADE ...................................... 14 3.3 HISTÓRICO DE CONSUMO E FATURAMENTO ............................................. 14 3.4 CASO ESPECÍFICO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA............................................ 15 3.5 SITUAÇÃO DE PAGAMENTO DAS FATURAS ................................................ 15 4. EXEMPLOS DE FORMAS DE APRESENTAÇÃO ............................................. 16 4.1 FATURAS SEM BENEFÍCIO TARIFÁRIO ........................................................ 17 4.2 FATURAS COM BENEFÍCIO TARIFÁRIO – CLASSE RURAL ......................... 18 4.3 FATURAS COM BENEFÍCIO TARIFÁRIO – SUBCLASSE RESIDENCIAL BAIXA RENDA ....................................................................................................... 19 5. FATURA ELETRÔNICA ........................................................................................ 21 5.1 FORMAS DE DISPONIBILIZAÇÃO .................................................................. 21 5.2 BENEFÍCIOS DA FATURA ELETRÔNICA ....................................................... 22 5.3 VALIDADE FISCAL E REGULATÓRIA ............................................................ 22 6. RESUMO DE FATURA ......................................................................................... 23 6.1 CONTEÚDO MÍNIMO DO RESUMO ................................................................ 23 6.2 FUNÇÕES E VANTAGENS DO RESUMO DE FATURA .................................. 23 6.3 LIMITAÇÕES DO RESUMO DE FATURA ........................................................ 24 7. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 24 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 25 5 1. INTRODUÇÃO A fatura de energia elétrica é um instrumento fundamental na relação entre consumidores e distribuidoras, pois reúne informações financeiras, técnicas e regulatórias que garantem transparência e possibilitam o acompanhamento detalhado do serviço prestado. No Brasil, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), por meio dos Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional (PRODIST), estabelece normas específicas que padronizam a emissão e a apresentação dessas faturas, assegurando direitos aos usuários e promovendo a uniformidade das práticas adotadas pelas concessionárias e permissionárias. O conjunto normativo denominado “Fatura de Energia Elétrica e Informações Suplementares”, instituído pelo Anexo XI da Resolução Normativa ANEEL nº 956/2021, detalha os procedimentos que devem ser observados pelas distribuidoras em todo o território nacional. De acordo com o texto oficial, seu objetivo é “estabelecer os procedimentos que devem ser observados na emissão e na apresentação das faturas de energia elétrica, detalhando e exemplificando o estabelecido nas regras de prestação do serviço público de distribuição de energia elétrica” (ANEEL, 2021, p. 1). A regulamentação está organizada em cinco partes principais. A primeira aborda as informações obrigatórias na fatura, como identificação do usuário, dados da unidade consumidora, valores cobrados, tributos e histórico de consumo. A segunda trata das informações suplementares, que devem ser disponibilizadas por canais adicionais, como aplicativos ou relatórios impressos. A terceira apresenta exemplos de formas de apresentação, trazendo modelos de faturas aplicáveis ao Grupo B. A quarta discute a fatura eletrônica,com suas condições de adesão e envio, enquanto a quinta detalha o resumo de fatura, alternativa simplificada que pode ser oferecida aos usuários. Dessa forma, a norma em questão consolida diretrizes que têm como finalidade padronizar a forma de apresentação das faturas, garantir clareza no processo de cobrança e fortalecer a comunicação entre distribuidoras e consumidores. Sua aplicabilidade estende-se a todas as concessionárias e permissionárias do serviço público de distribuição de energia elétrica, o que reforça seu caráter 6 nacional e a relevância de seu cumprimento para a regulação eficiente do setor. 2. INFORMAÇÕES OBRIGATÓRIAS NA FATURA A fatura de energia elétrica é um documento essencial na relação entre usuários e distribuidoras, desempenhando funções comercial, informativa e fiscal. Ela deve conter todos os elementos que permitam ao consumidor compreender a origem do valor cobrado e reproduzir os cálculos realizados pela empresa. Essa característica, chamada de autocontenção, reforça a transparência e a credibilidade do serviço público regulado (ANEEL, 2021). A regulamentação estabelece que os dados obrigatórios sejam organizados em diferentes categorias: identificação do usuário, identificação da unidade consumidora, informações para pagamento, quantidades e valores relativos ao fornecimento, tributos, histórico de faturamento, além de mensagens de interesse dos consumidores. Em situações específicas, também devem aparecer bandeiras tarifárias, multas, parcelamentos ou compensações por descumprimento de indicadores de qualidade. 2.1 IDENTIFICAÇÃO DO USUÁRIO E DA UNIDADE CONSUMIDORA A primeira obrigação das distribuidoras é garantir a identificação inequívoca do titular e da unidade consumidora. A presença do nome completo do usuário na fatura confere segurança jurídica ao documento, evitando dúvidas quanto à responsabilidade pelo pagamento. O CPF ou CNPJ pode ser incluído, sendo opcional em situações comuns, mas obrigatório quando a fatura acumula também a função de Nota Fiscal/Conta de Energia Elétrica, assumindo caráter híbrido de documento fiscal e comercial. No que se refere à unidade consumidora, diversos dados técnicos precisam ser destacados, como: Código único de identificação da unidade; Endereço completo; Identificação dos medidores instalados; Grupo e subgrupo de tensão; 7 Classe e subclasse tarifária; Tipo de fornecimento (monofásico, bifásico ou trifásico); Modalidade tarifária vigente. Essas informações asseguram a rastreabilidade do ponto de consumo e permitem verificar se as tarifas aplicadas são compatíveis com a classe e a modalidade contratada. Por exemplo, um consumidor residencial não pode ser tarifado com valores de consumo industrial, e vice-versa. Assim, a correta identificação é essencial tanto para a conformidade regulatória quanto para a proteção do usuário. Figura 1 - Exemplo de como devem ser apresentados os respectivos impostos e contribuições incidentes sobre o faturamento 2.2 INFORMAÇÕES PARA PAGAMENTO A seção de pagamento reúne os dados financeiros que viabilizam a quitação da fatura. São obrigatórios: Mês de referência; Data de emissão; Data de vencimento; Valor total a pagar; Código de barras e linha digitável. 8 Adicionalmente, a distribuidora pode disponibilizar códigos de pagamento alternativos, como QR Code, endereços digitais ou links de pagamento, desde que gratuitos e previamente aceitos pelo consumidor. Em casos de débito automático, deve constar mensagem informativa substituindo a linha digitável. Esse detalhe é fundamental para evitar que o consumidor realize o pagamento manual sem necessidade, gerando duplicidade. A presença destacada dessas informações reflete a preocupação da ANEEL em garantir clareza e reduzir erros de cobrança. Figura 2 - Exemplo de Fatura 9 2.3 QUANTIDADES E VALORES RELATIVOS AO FORNECIMENTO A fatura deve detalhar todos os aspectos do consumo de energia, permitindo ao usuário verificar se a cobrança está correta. Entre os itens obrigatórios estão: Leitura anterior e leitura atual dos medidores; Período de faturamento em dias; Previsão da próxima leitura; Indicação de leitura não realizada, quando aplicável, com explicação sobre o cálculo estimado. Essas informações, assim como outras, podem ser encontradas na figura 2. Além disso, cada serviço ou produto precisa discriminar a quantidade faturada e o valor unitário aplicado, em conformidade com as tarifas homologadas pela ANEEL. Essa obrigatoriedade reforça a função educativa da fatura, permitindo que o consumidor entenda a lógica por trás do cálculo. No caso da modalidade tarifária monômia, é admitida a apresentação consolidada da TUSD (Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição) e da TE (Tarifa de Energia). Isso simplifica a fatura, mas não dispensa a necessidade de indicar claramente os valores praticados e sua base legal. 2.4 IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES Um dos pontos mais sensíveis da fatura é a cobrança de tributos, que frequentemente representa parcela significativa do valor final. Por essa razão, a ANEEL exige que sejam discriminados: A base de cálculo do tributo; A alíquota aplicada; O valor final. Os principais tributos incidentes são: ICMS, PIS/Pasep, Cofins e COSIP. A norma determina que, sempre que possível, eles sejam apresentados em itens 10 separados da fatura, permitindo ao consumidor compreender quanto está sendo destinado a impostos e quanto corresponde ao consumo efetivo de energia. Além disso, as distribuidoras devem manter em seus sites informações atualizadas sobre as alíquotas aplicáveis por estado e classe de consumo, assegurando acesso público e transparência tributária. Figura 3 - Exemplo de como devem ser apresentadas a base de incidência dos tributos, as alíquotas aplicadas e o valor dos tributos na fatura de energia elétrica 2.5 HISTÓRICO DE FATURAMENTO O histórico é um recurso de acompanhamento, obrigatório por norma, que deve apresentar o consumo do mês atual e dos 12 meses anteriores, totalizando 13 períodos. Esse histórico deve ser exibido preferencialmente em formato gráfico, facilitando a análise comparativa pelo consumidor. Essa exigência possui caráter educativo e de controle, pois possibilita que o usuário identifique variações sazonais, aumentos inesperados ou reduções no consumo. Em termos práticos, esse recurso também contribui para políticas de uso racional da energia elétrica, incentivando hábitos de economia. 2.6 INFORMAÇÕES DE INTERESSE DO USUÁRIO A fatura também funciona como canal de comunicação institucional. Por isso, deve conter: Aviso sobre a disponibilidade de informações complementares; Número de telefone da central de atendimento; Número de telefone da ouvidoria da distribuidora; Número da ouvidoria da agência estadual conveniada (quando houver); Número da ouvidoria da ANEEL. 11 A ordem de apresentação deve respeitar a hierarquia regulatória, garantindo que o usuário saiba a quem recorrer em primeiro lugar. Essa parte da fatura reforça a ideia de que o consumidor não está sozinho diante da distribuidora, mas amparado por instâncias fiscalizadoras e de defesa. 2.7 SITUAÇÕES ESPECÍFICAS Determinadas circunstâncias exigem a inclusão de informações adicionais na fatura, como: Valores adicionais de bandeira tarifária; Multas por atraso; Encargos moratórios; Detalhamento de parcelamentos (valor, número da parcela e total de parcelas); Compensações por descumprimento de indicadores de continuidade (DIC, FIC, DMIC e DICRI) e de tensão; Reajustes tarifários, com percentual e ato homologatório da ANEEL; Declaração de quitação anual de débitos; Identificação da Tarifa Social de Energia Elétrica. Essas informações tornam a fatura um documentodinâmico, capaz de refletir não apenas o consumo de energia, mas também as condições regulatórias e contratuais específicas de cada período. 12 Figura 4 - fatura com bandeira tarifária em destaque 2.8 FORMA DE APRESENTAÇÃO A ANEEL permite flexibilidade na organização da fatura, mas impõe que, para consumidores do Grupo B, ela apresente obrigatoriamente três áreas na parte frontal: 1. Principais informações – mês de referência, vencimento e valor total. 2. Itens de fatura – detalhamento do consumo, tributos e serviços. 3. Mensagens – comunicados regulatórios, legais ou de interesse do consumidor. Além disso, há dois modelos possíveis de exibição: Modelo “Tarifa”, em que os tributos aparecem em campo separado; Modelo “Preço”, em que os tributos já estão embutidos no valor final por unidade de consumo. Essa diferenciação é fundamental para a compreensão do consumidor, pois afeta diretamente a leitura da composição tarifária. 13 3. INFORMAÇÕES SUPLEMENTARES As informações suplementares representam um conjunto de dados adicionais que não precisam, necessariamente, constar no corpo da fatura, mas que são obrigatoriamente disponibilizados pelas distribuidoras aos consumidores por meios complementares. Essa medida busca ampliar a transparência do setor elétrico, garantindo ao usuário acesso a elementos técnicos, tarifários e de qualidade do fornecimento. Assim, a fatura deixa de ser apenas um documento de cobrança e passa a integrar um sistema mais amplo de comunicação com o consumidor. A regulamentação determina que as distribuidoras ofereçam essas informações em diferentes canais de acesso: Área de acesso restrito no site da distribuidora; Aplicativos para dispositivos móveis; Relatórios impressos, mediante solicitação. O acesso digital exige que o usuário realize um cadastramento prévio de senha ou informação privada, reforçando a segurança e a proteção de dados pessoais. No caso dos relatórios impressos, o primeiro fornecimento é gratuito a cada 12 meses; pedidos adicionais podem ser cobrados como uma segunda via de fatura. 3.1 COMPOSIÇÃO DETALHADA DA FATURA As informações suplementares devem apresentar a decomposição dos valores cobrados em pelo menos 13 faturas consecutivas, discriminando em valores absolutos e percentuais: Consumo de energia; Serviço de distribuição; Serviço de transmissão; Encargos setoriais; Perdas do sistema; 14 Tributos; Demais itens, quando aplicáveis. Esse detalhamento segue os Procedimentos de Regulação Tarifária (PRORET), garantindo padronização nacional. A função pedagógica dessa medida é evidente: possibilitar que o consumidor compreenda como o valor final da fatura é formado e qual a representatividade de cada componente no preço da energia. 3.2 INDICADORES DE CONTINUIDADE E QUALIDADE Outro eixo das informações suplementares refere-se à divulgação dos indicadores de continuidade e qualidade do fornecimento de energia elétrica. Os consumidores do Grupo B devem ter acesso, no mínimo, aos últimos 13 meses de apuração referentes a: DIC (Duração de Interrupção Individual por Unidade Consumidora); FIC (Frequência de Interrupção Individual por Unidade Consumidora); DMIC (Duração Máxima de Interrupção Contínua por Unidade Consumidora); DICRI (Duração de Interrupção Individual Ocorrida em Dia Crítico). Além disso, devem ser informados: o conjunto ao qual a unidade estava vinculada, os limites mensais regulatórios, os valores apurados, eventuais compensações financeiras, bem como o período em que tais compensações foram creditadas ou pagas. Essa medida fortalece a responsabilização das distribuidoras, pois os indicadores estão diretamente ligados a direitos do consumidor: sempre que os limites são ultrapassados, a distribuidora deve realizar compensações automáticas. 3.3 HISTÓRICO DE CONSUMO E FATURAMENTO 15 Além do histórico simplificado que aparece na fatura, a distribuidora deve disponibilizar aos usuários um histórico detalhado de consumo e faturamento referente aos últimos 13 meses, incluindo: Valores de consumo (kWh); Grandezas técnicas associadas; Informações sobre faturamento por média ou por custo de disponibilidade; Média de consumo da unidade em cada ciclo. Esse detalhamento deve ser preferencialmente apresentado de forma gráfica, permitindo a análise visual da evolução do consumo. Essa exigência é fundamental para incentivar o uso racional de energia e auxiliar consumidores que desejam comparar custos e planejar medidas de eficiência energética. 3.4 CASO ESPECÍFICO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA Para unidades consumidoras que agregam pontos de iluminação pública faturados por estimativa, as distribuidoras devem encaminhar mensalmente ao poder público municipal ou distrital um relatório técnico detalhado com a memória de cálculo do consumo. Esse relatório deve conter, no mínimo: Potência unitária das lâmpadas, reatores e relés fotoelétricos; Perdas adicionais em equipamentos auxiliares; Quantidade de lâmpadas por tipo; Potência total instalada; Número de dias e horas considerados; Consumo estimado em kWh. Esse relatório é fundamental para que os entes públicos acompanhem a cobrança da Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública (COSIP), assegurando que a arrecadação esteja em conformidade com a legislação tributária e permitindo a fiscalização da sociedade sobre a correta utilização dos recursos. 3.5 SITUAÇÃO DE PAGAMENTO DAS FATURAS 16 Por fim, as informações suplementares devem disponibilizar aos consumidores o histórico das últimas 13 faturas emitidas, indicando a situação de pagamento de cada uma, com a data efetiva da quitação, quando já realizada. Essa medida amplia a segurança do consumidor, que pode acompanhar débitos em aberto, organizar sua vida financeira e evitar inadimplências. 4. EXEMPLOS DE FORMAS DE APRESENTAÇÃO A padronização da fatura de energia elétrica não se limita apenas ao conteúdo, mas também à sua forma de apresentação. A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), por meio do Módulo 11 do PRODIST, apresenta modelos de referência que demonstram como as distribuidoras devem organizar as informações, garantindo clareza, transparência e acessibilidade aos consumidores. Esses exemplos são especialmente relevantes para o Grupo B, que concentra consumidores residenciais, rurais e de pequeno porte, pois são usuários que, em geral, não possuem formação técnica para interpretar elementos complexos de tarifação. Assim, a estrutura visual e informativa da fatura torna-se ferramenta fundamental para a compreensão e para o exercício da cidadania energética. A fatura deve ser dividida em três áreas principais: 1. Principais informações – valores de referência como mês de faturamento, data de vencimento e valor total a pagar. 2. Itens de fatura – detalhamento de consumo, tarifas aplicadas, tributos, encargos e demais itens cobrados. 3. Mensagens – espaço reservado para informações regulatórias, comunicados obrigatórios e mensagens de interesse do consumidor. Além disso, a norma admite dois modelos distintos de apresentação: Modelo “Tarifa”, no qual os valores de consumo aparecem sem os tributos incorporados, que são exibidos separadamente; 17 Modelo “Preço”, em que os tributos já estão incorporados ao valor final por kWh. 4.1 FATURAS SEM BENEFÍCIO TARIFÁRIO As faturas sem benefícios tarifários representam o modelo básico de cobrança, aplicável a consumidores que não recebem descontos ou subsídios. No modelo “Tarifa”, os tributos são discriminados em campo próprio. No modelo “Preço”, o valor final já contém os impostos incluídos. Figura 5– Exemplo de apresentação das informações obrigatórias nas faturas de usuários da classe residencial no modelo “Tarifa” Figura 6 - ClasseResidencial - Modelo “Preço” Figura 7 - Exemplo de apresentação das informações obrigatórias nas faturas de usuários da classe residencial no modelo “Preço” 18 4.2 FATURAS COM BENEFÍCIO TARIFÁRIO – CLASSE RURAL Os consumidores da classe rural podem ter direito a descontos regulatórios. Nesse caso, a fatura deve evidenciar: O valor total sem desconto; O percentual de benefício aplicado; O valor líquido final a ser pago. Figura 8 – Exemplo de apresentação das informações obrigatórias nas faturas com benefício tarifário de usuários da classe rural no modelo “Tarifa” Figura 9 – Exemplo de apresentação das informações obrigatórias nas faturas com benefício tarifário de usuários de classe rural no modelo “ Preço” 19 4.3 FATURAS COM BENEFÍCIO TARIFÁRIO – SUBCLASSE RESIDENCIAL BAIXA RENDA A Tarifa Social de Energia Elétrica é destinada às famílias de baixa renda e deve ser claramente destacada na fatura. Os exemplos normativos mostram como esse subsídio deve aparecer em diferentes condições: Modelo “Tarifa” – apresenta a parcela subsidiada separadamente, com destaque para o desconto aplicado; Modelo “Preço” – mostra o valor já com o desconto incorporado; Modelos estaduais específicos, como no caso de São Paulo, onde há particularidades na incidência do ICMS; Modelo “Preço” sem incidência de ICMS sobre a parcela subsidiada, quando a legislação estadual assim determina. Figura 10 – Exemplo de apresentação das informações obrigatórias nas faturas com benefício tarifário de usuários da subclasse baixa renda no modelo “Tarifa” 20 Figura 11 – Exemplo de apresentação das informações obrigatórias nas faturas com benefício tarifário de usuários da subclasse baixa renda no modelo “Preço” Figura 12 – Exemplo de apresentação das informações obrigatórias nas faturas com benefício tarifário de usuários da subclasse baixa renda no modelo “Preço” para o Estado de São Paulo 21 Figura 13 - Exemplo de apresentação das informações obrigatórias nas faturas com benefício tarifário de usuários da subclasse baixa renda no modelo “Preço” sem incidência de ICMS sobre a parcela subvencionada 5. FATURA ELETRÔNICA A evolução tecnológica no setor elétrico trouxe consigo novas formas de interação entre concessionárias e consumidores, sendo a fatura eletrônica uma das principais inovações nesse processo. Trata-se de uma modalidade em que o documento, tradicionalmente impresso, é disponibilizado em formato digital, por meio de canais eletrônicos. Essa alternativa segue tendência mundial de modernização dos serviços públicos, alinhando-se aos princípios de eficiência administrativa, sustentabilidade ambiental e acessibilidade digital. Segundo a regulamentação da ANEEL, a fatura eletrônica deve conter exatamente as mesmas informações obrigatórias e suplementares exigidas para a versão impressa, de modo a preservar a integridade jurídica e fiscal do documento. A adesão é opcional e gratuita, cabendo exclusivamente ao consumidor a decisão de optar ou não pelo recebimento eletrônico. 5.1 FORMAS DE DISPONIBILIZAÇÃO 22 A distribuidora pode disponibilizar a fatura eletrônica por meio de diferentes canais, tais como: Correio eletrônico (e-mail), permitindo que o consumidor receba o documento diretamente em sua caixa de entrada; Aplicativos móveis, que concentram funcionalidades adicionais, como histórico de consumo, segunda via e notificações automáticas; Área de acesso restrito no site da distribuidora, acessada mediante login e senha previamente cadastrados; Integração com sistemas de pagamento, como internet banking, carteiras digitais e aplicativos de bancos, ampliando a conveniência no ato da quitação. 5.2 BENEFÍCIOS DA FATURA ELETRÔNICA A implantação desse modelo traz múltiplos benefícios: Sustentabilidade ambiental – redução do uso de papel e insumos gráficos; Agilidade no acesso – eliminação de atrasos decorrentes de logística de entrega física; Segurança – menor risco de extravio de correspondência; Redução de custos operacionais – economia para as distribuidoras, com potencial reflexo tarifário; Integração tecnológica – possibilidade de associar a fatura a serviços digitais e automações de pagamento. 5.3 VALIDADE FISCAL E REGULATÓRIA Tal como a versão impressa, a fatura eletrônica pode acumular a função de Nota Fiscal/Conta de Energia Elétrica, devendo atender às exigências das autoridades fazendárias federais, estaduais e municipais. Isso reforça seu caráter oficial, permitindo que seja utilizada em auditorias, comprovação de despesas e processos de contabilidade. 23 6. RESUMO DE FATURA O resumo de fatura é um modelo simplificado de documento, que pode ser disponibilizado pelas distribuidoras como alternativa à fatura completa. Ele se destina principalmente a consumidores que desejam praticidade e objetividade, exibindo apenas os elementos essenciais da cobrança. Diferentemente da fatura eletrônica, o resumo não substitui integralmente o documento completo, mas pode ser utilizado como meio auxiliar, desde que a distribuidora mantenha acessível a versão detalhada em seus canais oficiais. 6.1 CONTEÚDO MÍNIMO DO RESUMO O resumo deve conter, obrigatoriamente: Identificação do consumidor e da unidade consumidora (nome, código, endereço simplificado); Valor total a pagar; Data de vencimento; Código de barras ou QR Code para pagamento. Embora seja mais enxuto, esse modelo ainda deve preservar a clareza e a confiabilidade das informações apresentadas. 6.2 FUNÇÕES E VANTAGENS DO RESUMO DE FATURA O resumo de fatura tem função essencialmente operacional e informativa, oferecendo ao consumidor rapidez na consulta dos valores principais sem a necessidade de percorrer todos os itens tarifários. Entre suas principais vantagens estão: Praticidade – o consumidor localiza rapidamente os valores devidos e prazos de vencimento; Adequação a perfis diversos – atende a usuários que não desejam lidar com informações técnicas detalhadas; 24 Compatibilidade com canais digitais – sua forma simplificada favorece a adaptação a SMS, notificações em aplicativos ou mensagens eletrônicas; Redução de custos – otimiza o envio em massa de informações pela distribuidora, sobretudo em meios digitais. 6.3 LIMITAÇÕES DO RESUMO DE FATURA Apesar das vantagens, o resumo não substitui a fatura completa, que continua sendo o documento oficial de referência. O consumidor que necessitar analisar a composição da tarifa, verificar impostos, consultar o histórico ou avaliar compensações deve recorrer à versão detalhada, acessível por outros meios. Dessa forma, o resumo se posiciona como um documento auxiliar, sem caráter substitutivo pleno. 7. CONCLUSÃO O estudo do Módulo 11 do PRODIST permitiu compreender que a fatura de energia elétrica é muito mais do que um documento de cobrança: trata-se de um instrumento regulatório essencial para assegurar a transparência, a padronização e a qualidade na prestação do serviço público de distribuição. Ao estabelecer de forma clara as informações obrigatórias e suplementares, os modelos de apresentação, bem como alternativas modernas como a fatura eletrônica e o resumo de fatura, a ANEEL garante que o consumidor tenha acesso às informações necessárias para compreender, acompanhar e fiscalizar aquilo que lhe é cobrado. Esse conjunto normativo fortalece a relação entre distribuidoras e usuários, ao mesmo tempo em que promove educação energética, eficiência administrativa e proteção do consumidor. Ao ampliar a clareza dos processos e permitir maior controle social, o Módulo 11 contribui diretamente para o exercício da cidadania, transformando a fatura em um documento de confiança, acessibilidade e legitimidade. 25 Conclui-se, portanto, que o papel da fatura vai além dafunção financeira: ela se consolida como um elo estratégico entre sociedade e setor elétrico, capaz de unir aspectos técnicos, legais e sociais em um único instrumento. Ao normatizar sua estrutura, a ANEEL reforça os princípios de transparência, responsabilidade e eficiência, indispensáveis para o fortalecimento da regulação e para a construção de um serviço público de energia cada vez mais justo e confiável. REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL). Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST: Módulo 11 – Apresentação da Fatura. Resolução Normativa nº 956, de 11 de outubro de 2021. Brasília: ANEEL, 2021. Disponível em: https://www.aneel.gov.br/prodist. Acesso em: 7 set. 2025. https://www.aneel.gov.br/prodist.