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Carl Auer von Welsbach Dr. Carl Auer von Welsbach foi um notável químico, inventor e empresário austríaco. Destacou-se por sua atuação pioneira na química dos elementos de terras raras e por suas contribuições decisivas à tecnologia da iluminação e ignição. Ao longo de sua carreira, descobriu quatro elementos químicos: neodímio, praseodímio, itérbio (inicialmente chamado por ele de Aldebaranium) e lutécio (Cassiopeium). Foi o criador da lâmp ada incandescente a gás (o glühstrumpf ou “Auerlicht”), da lâmpada de filamento metálico e da liga ferro-cério (Auermetall ou Cereisen), base dos modernos isqueiros com pedra de sílex. Fundou empresas como a Auer-Gesellschaft em Berlim, a Treibacher Industrie AG e esteve na origem da OSRAM, hoje uma das marcas mais tradicionais do setor de iluminação. A lém de sua atividade científica, Carl foi um entusiasta das artes e da técnica. Em 1900, realizou as primeiras gravações sonoras com fonógrafo na Áustria, e em 1908 tornou-se o primeiro fotógrafo a cores do país, produzindo imagens de qualidade surpreendente para a época, muitas em 3D estereoscópico. Faleceu em 4 de agosto de 1929, aos 70 anos, em Mölbling, na Caríntia. Sua memória é celebrada em moedas, cédulas, selos e monumentos — incluindo o impressionante memorial diante do Instituto de Química da Universidade de Viena e o museu em sua homenagem em Althofen. Quem foi? Foto do museu em sua homena- gem e do fonó- grafo. 1882: Conclui o doutorado; 1885: Separa o “didímio” em praseodímio e neodímio; 1890: Desenvolve uma “pasta” para produzir filamentos de metais refratários; 1891: Patenteia um novo manto incandescente, composto por 99% de dióxido de tório e 1% de óxido de cério; 1898: Patenteia a primeira lâmpada de filamento metálico; 1903: Patenteia uma liga pirofórica (Auermetall) para isqueiros; 1905: Publica espectros e pesos atômicos dos dois novos elementos separados do itérbio (Aldebaranium e Cassiopeium, atualmente conhecidos como itérbio e lutécio); 1910–1924: Realiza pesquisas sobre elementos de terras raras e substâncias radioativas. Carl Auer von Welsbach con centrou boa parte de sua carreira na investigação dos elementos de terras raras, um grupo químico notoriamente difícil de separar devido à sua similaridade nas propriedades físicas e químicas. Seu trabalho inovador começou em 1885, quando ele se propôs a desfazer a ideia de que o didímio era um único elemento. Utilizando um método de cristalizações fracionadas – um processo laborioso que envolveu mais de 160 repetições – ele conseguiu separar o didímio em duas frações distintas. Esse procedimento consistia em dissolver o composto contendo o didímio em solução, induzir sua cristalização em condições cuidadosamente controladas e, a partir das pequenas diferenças de solubilidade dos sais formados, coletar e purificar cada fr ação sucessivamente. Dessa forma, a fração que apresentava uma tonalidade verde, posteriormente denominada praseodímio, foi separada da fração com tonalidade rosada, que acabou sendo denominada neodímio. Ao avançar em seus estudos, Welsbach aprofundou a investigação sobre outros elementos do grupo das terras raras, examinando suas propriedades espectroscópicas e químicas. Ele empregou técnicas de emissão de faíscas e observou que os sais desses elementos emitiam luz característica quando expostos a uma chama, o que lhe permitiu explorar a luminescência como uma ferramenta para identificação e purificação. Seus estudos propiciaram a diferenciação de outros elementos, como no caso do érbio, que, futuramente, seria desmembrado em itérbio e lutécio. Além das descobertas relativas à separação e caracterização dos elementos, Welsbach aplicou seus conhecimentos na criação de dispositivos práticos, como o manto incandescente (popularmente conhecido como “Auerlicht”), que utilizava uma mistura otimizada de óxidos – inicialmente derivados de componentes como óxido de lantânio e ítrio, aperfeiçoados posteriormente com dióxido de tório e óxido de cério – para transformar a energia da chama de gás em luz branca intensa. Esta inovação revolucionou a iluminação urbana, proporcionando eficiência energética e melhor desempenho que os métodos tradicionais. Atualmente, o Praseodímio (Pr, 59) é utilizado na produção de ligas metálicas para motores de aeronaves, em vidros ópticos e, principalmente, na fabricação de ímãs permanentes de alto desempenho. Já o Neodímio (Nd, 60) é essencial na fabricação de ímãs superpotentes (NdFeB), amplamente usados em motores de veículos elétricos, turbinas eólicas, fones de ouvido, discos rígidos e aparelhos de ressônancia magnética. O Itérbio (Yb, 70) , por sua vez, é empregado em relógios atômicos extremamente precisos, usados em sistemas GPS e telecomunicações, além de servir como dopante em fibras ópticas e lasers. Por fim, o Lutécio (Lu, 71) é utilizado como catalisador em reações químicas na indústria petroquímica e em detectores médicos, como os usados em exames de tomografia por emissão de pósitrons (PET). Também aparece em componentes de LED e em detectores de radiação. Descobertas: Um de seus maiores feitos foi o desenvolvimento do manto incandescente, conhecido como “Auerlicht”. Este dispositivo consistia em um tecido impregnado com compostos de óxidos metálic os, inicialmente formulado com óxido de lantânio e ítrio, mas posteriormente aperfeiçoado com uma mistura de dióxido de tório e óxido de cério. Quando aquecido pela chama de gás, o manto gerava uma luz branca intensa e econômica, superando as lâmpadas a gás convencionais e permitindo uma iluminação mais eficiente em ambientes urbanos e residenciais. Welsbach foi pioneiro ao substituir o filamento de carbono das lâmpadas por um filamento metálico. Em 1898, ele desenvolveu uma lâmpada com filamento de ósmio, que oferecia maior durabilidade e eficiência energética em comparação com as lâmpadas anteriores. Além disso, Carl desenvolveu a liga pirofórica conhecida como ferrocerium, ou Auermetall, composta por aproximadamente 70% de cério e 30% de ferro. Essa liga, ao ser raspada, produz faíscas intensas, sendo a base dos modernos isqueiros. Em 1903, ele patenteou essa invenção, que permanece em uso até hoje em dispositivos de ignição. Como já mencionado anteriormente, além de suas contribuições para a iluminação, Welsbach aplicou seu profundo conhecimento em química para inovar em áreas emergentes da época. Em 1900, ele realizou as primeiras gravações sonoras na Áustria utilizando um fonógrafo, registrando vozes e sons que hoje são valiosos documentos históricos. Em 1908, destacou-se ainda como o primeiro fotógrafo a cores do país, desenvolvendo técnicas fotográficas que combinavam sua expertise química com métodos experimentais, resultando em imagens de alta qualidade e até em registros estereoscópicos em 3D. Atualmente, suas invenções continuam presentes, embora com adaptações modernas. O manto incandescente ainda é utilizado em algumas lanternas e equipamentos de camping, especialmente em regiões sem acesso à eletricidade. A liga ferro-cério, ou Auermetall, segue amplamente empregada como pedra de faísca em isqueiros descartáveis, acendedores de fogão e dispositivos de emergência. Já a lâmpada de filamento metálico, hoje em dia, tem o menor uso dentre as três invenções. Em sua maioria, foi substituída por tecnologias mais eficientes como LEDs. Invenções: Propagandas de suas lâmpadas incandescentes e foto tirada por Carl de sua filha. Carl Auer von Welsbach nasceu em 1º de setembro de 1858, em Viena, no Império Austríaco. Filho de Alois Auer, diretor da Imprensa Imperial e inventor de técnicas tipográficas, e de Therese Neuditschka, Carl cresceu em um ambiente que valorizava o conhecimento e a inovação. Em 1860, seu pai foi elevado à nobreza, adotando o título "von Welsbach", que Carl também utilizaria posteriormente. Após concluir o ensino secundário na Realschule Josefstadt em 1877, Carl serviu voluntariamente no exército austro-húngaro, alcançando o posto de segundo-tenente.Em 1878, iniciou seus estudos na Universidade de Viena, focando em matemática, química geral, física de engenharia e termodinâmica. Dois anos depois, transferiu-se para a Universidade de Heidelberg, onde estudou espectroscopia sob a orientação de Robert Bunsen, renomado por suas contribuições à química analítica. Em 1882, obteve seu doutorado e retornou a Viena para trabalhar como assistente não remunerado no laboratório de Adolf Lieben, aprofundando suas pesquisas em elementos de terras raras. Em sua vida pessoal, Carl casou-se com Marie Anna Nimpfer em 31 de dezembro de 1898, na ilha de Helgoland. O casal teve quatro filhos: Karl Maria, os gêmeos Herbert Karl Maria e Hermann Karl Maria, e Hildegard Maria Karola. Em 1893, adquiriu a propriedade de Rastenfeld, na Caríntia, onde construiu o Castelo Welsbach, que se tornou sua residência permanente. Lá, viveu até sua morte em 4 de agosto de 1929, sendo sepultado no Cemitério Hietzinger, em Viena. Vida pessoal: Carl Auer von Welsbach. Sua sepultura. Sua esposa. Seus filhos, foto à esquer- da e seu pai, foto à direita. AUER VON WELSBACH MUSEUM. Carl Auer von Welsbach Museum. Disponível em: https://www.auer-von-welsbach-museum.at/en/ . Acesso em: 14 abr. 2025. BATTAGLIA, Francesco Paolo de Ceglia. Carl Auer von Welsbach: Chemist, Inventor, Industrialist. Substantia – An International Journal of the History of Chemistry, v. 4, n. 1, 2020. Disponível em: https://riviste.fupress.net/index.php/subs/article/view/404 . Acesso em: 14 abr. 2025. WIKIPÉDIA. Carl Auer von Welsbach. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Carl_Auer_von_Welsbach . Acesso em: 14 abr. 2025. GESCHICHTE WIKI – STADT WIEN. Carl Auer-Welsbach. 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A imagem da capa foi feita por inteligência artificial. https://www.auer-von-welsbach-museum.at/en/ https://riviste.fupress.net/index.php/subs/article/view/404 https://en.wikipedia.org/wiki/Carl_Auer_von_Welsbach https://www.geschichtewiki.wien.gv.at/Carl_Auer-Welsbach https://www-iricon-at.translate.goog/die-auer-story/?_x_tr_sl=auto&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt https://www-iricon-at.translate.goog/die-auer-story/?_x_tr_sl=auto&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt https://chemie.univie.ac.at/wissensaustausch/bildung-gesellschaft/im-museum/dr-carl-auer-von-welsbach/ https://chemie.univie.ac.at/wissensaustausch/bildung-gesellschaft/im-museum/dr-carl-auer-von-welsbach/ https://chemie.univie.ac.at/wissensaustausch/ https://feuerzeug.fandom.com/de/wiki/Carl_Auer_von_Welsbach http://ndl.ethernet.edu.et/bitstream/123456789/74824/1/2018_Book_CarlAuerVonWelsbachChemistInve.pdf http://ndl.ethernet.edu.et/bitstream/123456789/74824/1/2018_Book_CarlAuerVonWelsbachChemistInve.pdf https://www.auer-von-welsbach-museum.at/en/impressions https://www.auer-von-welsbach-museum.at/en/impressions