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MODIFICAÇÕES NA ESTRUTURAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SEGUNDO AS EXIGÊNCIAS DAS LEIS 11.638/2007 E 11.941/2009 RESUMO Palavras-chave INTRODUÇÃO Keila Dorigan Marilda da Silva Bueno Monalize Cristina Pereira n° n° n° * ** *** O estudo versa sobre modificações na forma de estruturação das demonstrações contábeis, abordando alterações ocorridas na Lei 6.404/1976 e distinguindo alterações surgidas após a aprovação das Leis 11.638/2007 e 11.941/2009, que tornaram uniformes critérios quanto a forma de elaboração e apresentação dos demonstrativos. Explica por meio de pesquisa bibliográfica razões de tais alterações que buscam universalizar procedimentos da contabilidade, destacando alguns que estão impedidos de ser aplicados e outros que passaram a ser exigidos no Brasil. Em seu desenvolvimento, menciona a maneira correta de adequar-se a esta nova realidade do país, sem ferir as exigências fiscais. Em seus propósitos, tem a finalidade contribuir com os profissionais e estudantes da área contábil, reforçando a contribuição desta ciência no planejamento e controle patrimonial das entidades, validando ainda mais seu objetivo que é apurar as variações ocorridas no patrimônio e suas causas. : Contabilidade. Demonstrações contábeis e procedimentos. A contabilidade, Ciência Social Aplicada que dentre seus objetivos tem o propósito de demonstrar as variações ocorridas no * ** *** Acadêmica doCurso deCiênciasContábeis daFAFIMAN.E-mail: keila.dorigan@gmail.com Professora do Departamento de Ciências Contábeis da FAFIMAN, especialista em Contabilidade Gerencial,Auditoria eControladoria. E-mail: marildasbueno@yahoo.com.br Acadêmica doCurso deCiênciasContábeis daFAFIMAN.E-mail:monalize_14@hotmail.com Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 141-159, 2013 141 patrimônio das entidades, precisou na última década, ajustar alguns procedimentos para que pudesse acertar o passo com outros países, considerando que a globalização ampliou a interação entre os mercados mundiais e trouxe consigo a necessidade da existência de um padrão para elaboração dos demonstrativos contábeis, visando torná-los uniformes, de fácil compreensão e possíveis de comparações. Durante trinta anos, o Brasil seguiu a Lei 6.404/1976 e a teve por reguladora das Sociedades por Ações, mas com novas conquistas do mercado a referida Lei se viu ultrapassada e sem condições de acompanhar o cenário mundial, precisando de adaptações. Foi buscando revisar, corrigir impropriedades e erros da Lei 6.404/1976 que a CVM - Comissão de Valores Mobiliários, no ano de 2000, elaborou o Projeto de Lei 3.741/2000, cuja proposta foi adaptar a legislação brasileira para que a contabilidade no Brasil pudesse estar em harmonia com outros países, e ao mesmo tempo, buscar a convergência com as Normas Internacionais. Em dezembro de 2007, já após alguns anos de discussão e tramitação na câmara dos deputados, foi promulgada a Lei 11.638/2007, que alterou e revogou dispositivos da Lei 6.404/1976, exigindo um reestudo quanto apresentações dos demonstrativos contábeis. O processo de acompanhar as evoluções resultantes da globalização continuou e em 2008 foi publicada a Medida Provisória 449/2008 ajustando alguns dispositivos da Lei 11.638/2007, que logo após, resultou na aprovação da Lei 11.941/2009, que passou a ser vigente em maio do mesmo ano, alterando a redação de alguns artigos e incisos da Lei das Sociedades porAções. A literatura contábil apresenta que a contabilidade surgiu quando o homem sentiu o desejo de controlar seus bens, que a partir desse momento buscaram formas de controles, ainda rudimentares. Durante séculos, inúmeros estudiosos trouxeram suas teorias e assim foram se criando métodos que permitissem controlar a riqueza patrimonial. Surgiram escolas de pensamentos contábeis que divulgaram ao mundo, diversas correntes de pensamentos contábeis, primeiramente a Escola n° n° n° n° n° n° n° REFERENCIAL TEÓRICO Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 141-159, 2013 142 Italiana de Contabilidade e depois a Norte Americana. Já no Brasil, teve seu desenvolvimento na Revolução Industrial, período no qual ocorreram grandes transformações sociais, tecnológicas e econômicas, responsáveis, inclusive, por trazer novos padrões de comportamento na sociedade. Dentro das ideologias das escolas de pensamento contábil, mais precisamente a Norte Americana que se preocupou com o usuário da informação, o Brasil também passou a se aprimorar quanto à forma de apresentar a contabilidade, quando em 1976 foi aprovada a Lei n° 6.404/76, que durante trinta anos ditou os procedimentos relacionados à contabilização, tanto que, no país, é reconhecida como a Lei das Sociedades porAções. Mas, atento ao novo cenário mundial, o governo, com o intuito de melhor fiscalizar as entidades, buscou, por meio de estudos, definir normas para padronizar a formação dos registros contábeis com os moldes de outros países, permitindo comparabilidade, e, assim, após estudos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aprovou-se as Leis 11.638/2007 e depois a 11.941/2009, ambas com o propósito de universalizar os procedimentos contábeis, embora deva fica claro que os Princípios FundamentaisdeContabilidadesediferemdeumpaísparaoutro. Em 2008 começou a vigorar os dispositivos propostos pela Lei 11.638/2007, cujas alterações visaram padronizar as Normas Contábeis Brasileiras com a do mercado internacional, e para isto, foi preciso que os profissionais da área contábil se atualizassem para que pudessem atender às novas exigências, hajavistaqueseguiamatéentãoaLei aprovadaem1976. Em relação às modificações trazidas pelas Leis estudadas, destaca-se a importância dos Pronunciamentos Técnicos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), que surgiu através da idealização de algumas entidades de grande importância para a contabilidade. Outras entidades também se destacaram nessa questão, são elas: Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA); Conselho Federal de Contabilidade (CFC); Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI) e Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON), dentre outras. O Conselho Federal de Contabilidade esclarece em sua n° n° n° Resolução CFC n° 1.055/05 que: Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 141-159, 2013 143 O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) tem por objetivo o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2005, p. 3). Os Princípios de Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento predominante nos universos científico e profissional de nosso País. Concernem, pois, à contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o patrimônio das entidades (CONSELHO FEDERALDE CONTABILIDADE, 2010, p. 2). Outro ponto importante, é que no Brasil a elaboração da contabilidade precisa atender também aos Princípios Contábeis, que, segundo a Resolução do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) nº 1.282/2010Art. 2º: Percebe-se que antes da aprovação das referidas Leis, houve, por parte do Conselho Federal de Contabilidade, preocupação em preparar Pronunciamentos Técnicos que auxiliassem na uniformização dos procedimentos no Brasil. Sabendo-se que o objetivo das demonstrações contábeis é apresentar as variações ocorridas no patrimônio das entidades, o estudo proposto versa sobre as modificações trazidas pela nova legislação, bem comoseus impactos na estruturação desses demonstrativos, AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS EXIGIDAS PELA NOVA LEGISLAÇÃO Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 141-159, 2013 144 considerando as normas advindas que buscam apresentar maior transparência aos investidores, credores, empregados e tantos outros usuários destas informações. Missagia e Velter e (2009, p. 8) apontam que: Até aprovação das Leis 11.638/2007 e 11.941/2009, as demonstrações contábeis eram elaboradas conforme os dispositivos da Lei 6.404/1976, e as exigidas eram: Após a aprovação das Leis 11.638/2007 e 11.941/2009, como demonstrações obrigatórias ficaram as seguintes: Na Lei 11.638/2007 não existe mais necessidade de elaboração da Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR), demonstrativo que apresentava a variação do capital circulante líquido, mas houve a inclusão da Demonstração do Fluxo de Caixa - DFC, que também é um demonstrativo de ordem financeira. Houve a inclusão da elaboração da Demonstração do Valor Adicionado (DVA), esta apenas pelas companhias de capital aberto. [...] são relatórios, organizados sinteticamente, onde se resumem as informações contábeis de forma metódica, atendendo cada um a uma finalidade específica, evidenciando os fatos patrimoniais e a situação da empresa, elaborados ao final de um determinado período de tempo. Balanço Patrimonial; Demonstração do Resultado do Exercício; DemonstraçãodeLucrosouPrejuízosAcumulados,ou Demonstraçãodas Mutações doPatrimônioLíquido; Demonstraçãodas Origens eAplicações deRecursos . Balanço Patrimonial; Demonstração do Resultado do Exercício; Demonstração de Lucros ou PrejuízosAcumulados; ouDemonstraçãodasMutaçõesdoPatrimônioLíquido; Demonstração do Fluxo de Caixa. n° n° n° n° Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 141-159, 2013 145 A ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL Uma das mudanças da Lei 11.638/2007 é a estrutura do balanço patrimonial, no entanto, o demonstrativo continuará apresentando, de forma ordenada, o conjunto de bens, direitos e obrigações da entidade, sendo divididos em Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. Na Lei 6.404/1976 art. 178, §1º, no ativo se demonstra os bens e direitos da empresa, sendo apresentadas as contas conforme seu grau de liquidez, este grupo de contas eram classificadas em: Na Lei 11.638/2007 esta estruturação foi modificada, retirando-se o ativo realizável a longo prazo como grupo e alterando a classificação do ativo permanente que ficou dividido em investimento, imobilizado, intangível e diferido. O permanente deixou de existir. Em 2009, com a aprovação Lei 11.941/2009 alterou-se para: ALei 11.941/2009 extinguiu o grupo ativo diferido, no entanto, ao consultar a referida Lei constata-se que ela permitiu que o saldo existente em 31 de dezembro de 2008, e que pela sua natureza, não puder ser alocado a outro grupo de contas, permanecesse no ativo sob essa classificação até sua completa amortização. A mesma Lei criou o subgrupo intangível no ativo não circulante. No passivo, são demonstradas as obrigações da entidade, que segundo a Lei 6.404/1976 a classificação era: n° n° n° n° n° n° ativo circulante; ativo realizável a longo prazo; ativo permanente, dividido em investimentos, ativo imobilizado e ativo diferido. ativo circulante; ativo não circulante: - ativo realizável a longo prazo; - investimentos; - imobilizado; - intangível. passivo circulante; Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 141-159, 2013 146 passivo exigível a longo prazo; resultados de exercícios futuros; patrimônio líquido, dividido em: capital social; reservas de reavaliação; reservas de lucros; lucros ou prejuízos acumulados. passivo circulante; passivo não circulante; patrimônio líquido, dividido em: - capital social; - ajustes de avaliação patrimonial; - reservas de lucros; - ações em tesouraria; - prejuízos acumulados. Com as alterações realizadas pela Lei 11.638/2007, acrescentou-se na estrutura do patrimônio líquido a conta reserva de capital. Já, segundo a Lei 11.941/2009, as contas do passivo ficam classificadas da seguinte maneira: Percebe-se que no patrimônio líquido, a conta de reservas de reavaliação deixou de existir, e este critério se justifica pelo fato de que a Lei 11.638/2007 impediu de se realizar reavaliações de ativo de forma isolada. Pela legislação em vigor, a classificação do balanço ficou definida da seguinte forma: n° n° n° Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 141-159, 2013 147 Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 141-159, 2013 148 Quadro 1 - Estrutura do Balanço Patrimonial ATIVO Ativo Circulante Ativo Não Circulante Realizável a Longo Prazo Investimento Imobilizado Intangível PASSIVO Passivo Circulante Passivo Não Circulante Patrimônio Líquido Capital Social (-) Gastos com emissão de ações Opções Outorgadas Reconhecidas Reserva de Lucros (-) Ações em tesouraria* Ajustes de Avaliação Patrimonial Ajustes Acumulados de Conversão Prejuízos Acumulados * Ações em tesouraria é conta retificadora da reserva utilizada para tal fim. Fonte: Conselho Federal de Contabilidade (2009) Nesta legislação houve um tratamento diferenciado para as SociedadesAnônimas, foi a questão da conta de LucrosAcumulados que não pode permanecer no Patrimônio Líquido, devendo constar o valor correspondente na conta de reservas, ou no Passivo Circulante como Lucros a Distribuir, podendo permanecer apenas “Prejuízos Acumulados”, de maneira que no final do exercício não haverá saldo positivo nesta conta, somente o saldo negativo, se for o caso. No entanto, as demais entidades podem dispor os valores de lucros acumulados no balanço patrimonial, segundo as Resoluções do Conselho Federal de Contabilidade, Resolução CFC nº 1.159/09, conforme previsto nos itens 46 a 50 do Comunicado Técnico - CTG 2000 do Conselho Federal de Contabilidade em 2009. Também a Resolução CFC nº 1.152/09, de acordo os itens 42 e 43 da NBC TG 13, a Resolução CFC nº 1.157/09, através dos itens 115 e 116 do CTG 02. Portanto, para as entidades que não sejam sociedades por ações, inclusive micros e pequenas empresas, nada mudou com relação à destinação do resultado final do exercício, ou seja, podem continuar contabilizando saldos em Lucros Acumulados, vigorando o disposto no CTG 2000, aprovado pela Resolução CFC nº 1.159/09. Outra modificação foi o grupo de contas Resultados de Exercícios Futuros, este desapareceu como grupamento de contas do Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 141-159, 2013 149 balanço patrimonial por força da Medida Provisória 449/2008, sendo que seus saldos, se efetivamente classificáveis de forma correta conforme a legislação contábil anterior, vão para o passivo não circulante, devidamente destacadas as receitas e as despesas correspondentes. As mudanças trazidas com a reforma da legislação trouxeram alterações que afetaram a elaboração das demonstrações contábeis, por exemplo, o art. 183 da Lei das Sociedades por Ações, que sofreu alterações com a vigência da Lei 11.638/2007. Alguns incisos deste artigo tiveram sua redação alterada e outros foram revogados. Caldarelli e Dias (2008, p.16) explicam que, Por buscar convergência com as normas internacionais, a respeito da avaliação de ativos, houve uma mudança significativa para as Sociedades Anônimas, é o que explica Azevedo (2008, p. 151), quando aborda a questão da contabilização: Azevedo (2008, p.151) também traz que os derivativos “representam os mercados futuros, a termo, de opções e de swaps, pois têm seus preços derivados do mercado à vista”. Quanto à questão de valor de mercado, aLein°11.638/2007 incluiuno§1ºdoart. 183aalínea “d”: REGRAS PARAAVALIAÇÃO DEATIVOS n° [...] de um modo geral, a nova legislação trouxe às empresas brasileiras maior facilidade deinserção em mercados internacionais e aumenta, de forma geral, o grau de transparência das demonstrações financeiras. Além disso, promove a convergência às normas internacionais e propõe alterações significativas que aumentam a confiabilidade dos dados das empresas. serão registrados não mais pelos seus custos de aquisição, mas, pelos valores a eles atribuídos pelo mercado, o que garante mais realismo na análise das condições de solvência das companhias. Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 141-159, 2013 150 D) dos instrumentos financeiros, o valor que pode se obter em um mercado ativo, decorrente de transação não compulsória real izada entre partes independentes; e, na ausência de um mercado ativo para um determinado instrumento financeiro: 1) o valor que se pode obter em um mercado ativo com a negociação de outro instrumento financeiro de natureza, prazo e risco similares; 2) o valor presente líquido dos fluxos de caixa futuros para instrumentos financeiros de natureza, prazo e risco similares; ou 3) o valor obtido por meio de modelos matemático- estatísticosdeprecificaçãodeinstrumentosfinanceiros. [...] a figura da 'influência significativa' introduzida pela nova redação do art. 248 da Lei nº 6.404/1976, é As alterações da legislação abarcam também a Avaliação do Investimento em Sociedades Coligadas e Controladas. A Lei 6.404/1976 foi alterada pela 11.638/2007, no que diz respeito à relevância dos investimentos em coligadas ou controladas, para serem avaliados pelo MEP- Método de Equivalência Patrimonial. De acordo com a Lei 6.404/1976, em seu Art. 242, § 1º “são coligadas as sociedades quando uma participa, com 10% (dez por cento) ou mais, do capital da outra, sem controlá-la”. No entanto, a nova redação dada pela Lei 11.941/2009 afirma que são consideradas coligadas as sociedades em que existe influência significativa da investidora sobre a investida. No que diz respeito à avaliação pelo Método da Equivalência Patrimonial - MEP, foi dada uma nova redação para o Art. 248 da Lei 6.404/76, a Lei 11.638/2007, retirou o termo “relevante” para que a participação societária fique sujeita ao Método de Equivalência Patrimonial. Outro detalhe, é que a nova redação proposta pela Lei 11.638/2007 incluiu o termo “significativa”, quando se refere à influência que os investimentos em coligadas devem possuir sobre a sua administração. Conforme,Azevedo (2008, p. 241), n° n° n° n° n° n° Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 141-159, 2013 151 entendida pelas normas internacionais de contabilidade como o poder de participar nas decisões das políticas financeira e operacional da investida, sem,contudo, exercerocontrole sobre tais políticas. Também é importante deixar claro que estas orientações são critérios a ser observados pelas empresas que possuem investimentos em outras Companhias, ficando as demais isentas destas particularidades. O Ajuste ao Valor Presente é um critério utilizado para as Sociedades de Capital Aberto, Capital Fechado e Sociedades de Grande Porte (Ltda). Seu objetivo é tornar homogêneas as operações, permitindo comparabilidade entre as empresas, uma vez que proporcionará reflexos nosAtivos Financeiros e no Passivo. É necessário salientar que a Lei n° 11.638/2007 destaca que o ajuste a valor presente veio para corrigir os juros embutidos em transações de venda e compra a prazo, uma vez que as entidades não estavam destacando estes valores nas despesas e receitas, mas lançando-os como valores à vista. Quanto aos investimentos temporários, eles são valores que figuram no Ativo Circulante. Contabilmente, existem duas possibilidades de avaliá-los, que são os investimentos destinados à negociação imediata e aqueles investimentos que são mantidos até o vencimento, referem-se àqueles que empresa tem intenção e capacidade financeira de manter até seu vencimento. Azevedo (2008) explica que nesses casos, a utilização da conta Ajuste de Avaliação Patrimonial deverá ser feita para o lançamento do valor justo dos investimentos temporários. De acordo com a redação da Lei 6.404/1976, o ativo Imobilizado compreende “os direitos que tenham por objetos bens destinados à manutenção das atividades da companhia e da empresa, ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de propriedade industrial e AJUSTE A VALOR PRESENTE E OS INVESTIMENTOS TEMPORÁRIOS ATIVO IMOBILIZADO EATIVO INTANGÍVEL n° Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 141-159, 2013 152 comercial”. A Lei 11.638/2007 já amplia este conceito, ela preceitua que o grupo tangível compreende bens corpóreos que são aqueles “decorrentes de operações que transferem à entidade os benefícios, os riscos e o controle dos bens”. Nesse entendimento, de acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis Pronunciamento técnico CPC 27 (2009 p. 4 ), “ o custo de um item de ativo imobilizado deve ser reconhecido como ativo se, e apenas se: a) for provável que futuros benefícios econômicos associados ao item fluirão para a entidade; e b) o custo do item puder ser mensurado confiavelmente”. Outra modificação, que é pertinente destacar, é a questão das depreciações, pois, a nova legislação traz que elas deverão ser apuradas com base na vida útil dos ativos, e não mais com base nas taxas fiscais, porém, a aplicação desses critérios exige avaliações detalhadas, algo que está sendo discutido no meio contábil. Entretanto, avaliação a valor justo somente se aplica a ativos destinados à venda, enquanto a reavaliação somente se aplica a ativos destinados a serem utilizados futuramente pela empresa, porém, a partir de 2008 estão vedadas para todas as sociedades brasileiras novas reavaliações espontâneas de ativos. A Lei 11.638/2007 determinou outra regra contábil, que é a criação da conta Intangível no grupo de contas do Ativo. Segundo o Comitê de Pronunciamentos Contábeis - Pronunciamento técnico CPC 04 (2008, p. 5) “ativo intangível é um ativo não monetário identificável sem substância física”. Conforme Caldarelli e Dias (2008, p. 14), no ativo intangível “serão registrados os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia inclusive o fundo de comércio adquirido”. O Comitê de Pronunciamentos Contábeis Pronunciamento técnico CPC 04 (2008, p. 8) esclarece que, “um ativo intangível deve ser reconhecido apenas se: a) for provável que os benefícios econômicos futuros esperados atribuíveis ao ativo serão gerados em favor da entidade; e b) o custo do ativo possa ser mensurado com segurança”. Embora elaboradas por inúmeras empresas, após a aprovação das Leis 11.638/2007 e 11.941/2009, essas demonstrações tornaram- n° n° n° - AELABORAÇÃO DADFC E DVA - Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 141-159, 2013 153 se obrigatórias para algumas. A DFC, por exemplo, passou a substituir a Demonstração das Origens eAplicações de Recursos (DOAR)ADVAse tornou obrigatória para as sociedades de capital aberto. Devido a suas praticidades e objetividade, a DFC é um demonstrativo contábil de ordem financeira que agrega, orienta e direciona os rumos que a empresa deverá seguir quando se tratam de questões de pagamentos e de recebimentos. É uma demonstração que evidencia as variações ocorridas no caixa da empresa. Embora denominada Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC), ela engloba todas as disponibilidades: Caixas, Bancos e Aplicações de Liquidez Imediata, que, de acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis - Pronunciamento técnico CPC 03 (2008, p.3) Trata-se de uma demonstração que possibilita aos usuários contábeis avaliar os ativos líquidos da entidade e sua agilidade diante de mudanças inesperadas, proporcionando condições para que a empresa converta seus investimentos em dinheiro, sem perdas significativas em seus valores. Para Marion (2002, p. 215), essas comparações ajudamna interpretação dos resultados dos negócios da empresa. Fica mais fácil explicar porque uma empresa que dá lucro não consegue pagar suas contas, se estiver com um caixa ruim. Zdanowicz (2004, p.127), também esclarece: DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA(DFC) são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são prontamente conversíveis em caixa e que estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor. [...] Outro papel importante, que desempenha o fluxo de caixa, é a responsabilidade de evitar a programação de desembolsos vultosos para períodos em que os ingressos orçados sejam baixos Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 141-159, 2013 154 por questões de mercado, por exemplo. O planejamento do fluxo de caixa permite ao administrador financeiro verificar se poderá realizar aplicações em curto prazo com base na liquidez, na rentabilidade e nos prazos de resgate. [...] O método direto explicita as entradas e saídas brutas de dinheiro dos principais componentes das atividades operacionais, como os recebimentos pelas vendas de produtos e serviços e os pagamentos a fornecedores e empregados. [...] Do ponto de vista da Ciência Contábil, poder-se- ia afirmar que a medição ou apuração da riqueza Quanto à elaboração da DFC, ela pode ser estruturada por dois métodos: o direto e o indireto. O direto, de acordo o Comitê de Pronunciamentos Contábeis - Pronunciamento técnico CPC 03 (2008), é aquele “segundo o qual as principais classes de recebimentos brutos e desembolsos brutos são divulgados” e o método indireto é aquele “segundo o qual o lucro líquido ou prejuízo é ajustado pelos efeitos”. Segundo a FIPECAFI (2010, p. 573), A estruturação da DFC é feita em três divisões: atividades operacionais que englobam as movimentações derivadas das principais atividades geradoras de receita da entidade; atividades de Investimento que contém os resultados das compras ou vendas de ativos de longo prazo; atividades de financiamento, que são as captações de empréstimo e outros recursos referentes aos proprietários, sendo subtraído do grupo a amortização de empréstimo e a distribuição de dividendos. A Demonstração do Valor Adicionado tem por objetivo evidenciar a contribuição da empresa para o desenvolvimento econômico-social da região onde está instalada, ela discrimina o que a empresa agrega de riqueza à economia local e, em seguida, a forma como distribui tal riqueza. Para Santos (2003, p. 25), DEMONSTRAÇÃO DO VALORADICIONADO (DVA) Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 141-159, 2013 155 criada pode ser calculada através da diferença aritmética entre o valor das vendas e os insumos pagos a terceiros, mais as depreciações. [...] através da DVA pode-se visualizar o quanto a entidade tem na formação do Produto Interno Bruto (PIB), com algumas diferenças de valores, pois a ciência econômica calcula o PIB pela produção, enquanto a ciência contábil calcula pela realização da receita baseada pela competência. A DVA é utilizada para evidenciar as informações sobre as riquezas criadas pela entidade e a forma como esta as distribui. Segundo o Comitê de Pronunciamentos Contábeis - Pronunciamento técnico CPC 09 (2008, p. 4), É um demonstrativo que permite conhecer a riqueza gerada pela empresa e como está distribuída. Sua elaboração torna evidente a parcela da riqueza que será repassada àqueles que colaboraram para a sua geração, como os financiadores da atividade da empresa, acionistas, empregados, governo e outros, ou seja, evidencia as riquezas pertencentes a toda a sociedade. O estudo a respeito da estruturação das Demonstrações Contábeis, segundo as exigências das Leis 11.638/2007 e 11.941/2009, trouxe uma realidade diferenciada para o país, permitiu saber que toda modificação, por mais difícil que ela seja, traz consigo algo de especial, de novo, neste caso, a mudança na legislação permitiu ao Brasil acompanhar outros países, trazendo condições de comparabilidade para as demonstrações contábeis, e isto a tornou mais forte, embora existam pensamentos contrários. Sabe-se que a chegada de tais procedimentos exigiu do Conselho Federal de Contabilidade um novo compromisso, foi necessário estudar a publicação de novos pronunciamentos que esclarecessem os procedimentos técnicos e a forma de atuação dos profissionais contabilistas. Os Comitês de Pronunciamentos Contábeis também CONSIDERAÇÕES FINAIS n° Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 141-159, 2013 156 tiveram que atuar firmemente, era preciso retomar diversas questões e dar o encaminhamento correto. Enfim, é preciso registrar que toda mudança gera insegurança, mas provoca uma nova postura e abre novos horizontes, isto aconteceu no país, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foi atuante e deu seguimento aos seus estudos durante mais de cinco anos, e hoje estamos caminhando com a nova legislação, bibliografias já estão sendo atualizadas e republicadas, e assim, profissionais e estudantes vão aos poucos conquistando seus espaços dentro da área contábil, com conhecimentos mais atualizados e com condições de analisar por meio das demonstrações contábeis, toda variação patrimonial da entidades, independentemente se no Brasil ou fora dele, é preciso estar atentos! The study deals with changes in the form of structuring of the accounting statements, approaching changes happened on the Law 6,404/1976 and distinguishing changes after the approval of the Laws 11.638/2007 and 11.941/2009, which turned uniform criteria regarding the form of preparation and presentation of the demonstratives. It explains through bibliographical research reasons of such amendments that seek to universalize procedures of the accounting, highlighting some that are impeded of being applied and others that became demanded in Brazil. In its development, it mentions the correct way to adapt to this new reality of the country, withoutdoing any harm to fiscal demands. In its purposes, aims to contribute with the professionals and students of the accounting area, reinforcing the contribution of this science in planning and patrimonial control of the entities, still validating more its goal which is to search the variations happened in the patrimony and its causes. :Accounting.Accounting Statements and Procedures. CHANGES IN STRUCTURING OF THE ACCOUNTING STATEMENTS ACCORDING TO THE DEMANDS OF THE LAWS 11,638/2007AND 11,941/2009 ABSTRACT Keywords n° n° n° Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 141-159, 2013 157 REFERÊNCIAS Comentários às novas regras contábeis brasileiras Diário Oficial da União Diário Oficial da União Diário Oficial da União Diário Oficial da União Lei 11.638 Pronunciamento técnico CPC 04 AZEVEDO, O. R. . 2. ed. São Paulo: IOB, 2008. BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. , Brasília, DF, 17 dez. 1976. Suplemento. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/>. 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