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Soluções em tempos de crise - Fasciculo1

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INTRODUÇÃO
Vamos criar o sucesso apesar de tudo!
“Os indianos dizem que a vida é desse jeito porque Deus diz somente uma palavra: sim. Porém, Deus não 
diz ‘sim’ a tudo que nós pedimos, pois ele não é um pai super-protetor, que dá tudo que o filho pede. Deus diz 
‘sim’ apenas àquilo EM que acreditamos”.
ecidi escrever esta série de textos 
porque ando preocupado com o 
pessimismo que tem assolado 
nosso país. Infelizmente, muitas 
pessoas vêm se escondendo atrás 
de problemas por estar paralisadas de medo. É 
preciso deixar a acomodação de lado e encarar sua 
vida com determinação. Você poderia me dizer:
D
- Roberto, e a crise?
Ora, nesses mais de 30 anos de trabalho não 
me lembro de ter começado um período sem a 
perspectiva de uma crise no horizonte. Mesmo nos 
anos 70, quando realizamos o chamado “milagre 
brasileiro”, a impressão era de que os problemas 
nunca acabariam.
Aliás, você certamente já percebeu que um 
monte de gente faz dos problemas um drama e, 
por causa do desânimo das outras pessoas, ganha 
dinheiro. Enquanto isso, os desanimados caem em 
depressão, perdem o emprego e até a empresa. 
Esse enredo soa familiar não é?
Mas é preciso entender que nem pessimismo 
nem otimismo são sinônimos de realismo! Diante 
de uma tempestade, você pode:
• Ficar sentado, arquivar seus projetos, 
reduzir os investimentos e perder tempo e 
oportunidades preciosas.
• Ou enfrentar as intempéries sem dramas e 
sair logo da chuva, como qualquer trabalhador 
que precisa cumprir sua jornada diária numa 
fábrica, independentemente das variações do 
tempo. Eles sabem que, se abandonarem suas 
lavouras, o mato vai tomar conta delas. 
Antigamente, as montadoras, os 
supermercados e vários outros setores 
costumavam formar cartéis para fazer acordos. A 
idéia era ficar em casa esperando a tempestade ir 
embora e aguardar o momento do sol voltar a 
brilhar. Então, saíam às ruas de novo.
Esse era um tempo em que a nossa economia 
era superprotegida e os grandes acordos 
transformavam as situações de emergência em 
oportunidades de enormes ganhos. As empresas, 
em vez de baixar preços, diminuíam a produção, 
aumentavam o preço e ganhavam uma margem de 
lucro muito maior.
oje, vacilar pode ser fatal. Você 
lembra quando as feiras-livres 
aumentaram os preços 
astronomicamente no começo do 
Plano Real, em 1994, e os 
supermercados, percebendo a oportunidade, 
criaram seus maravilhosos departamentos de 
hortifrutigranjeiros? Pois bem, as feiras-livres 
nunca mais se recuperaram. Será que as feiras-
livres ou os responsáveis por elas tinham idéia do 
que poderia acontecer se aumentassem o preço? 
H
Apesar de todas as dificuldades, e sei que 
não são pequenas, precisamos levantar todas as 
manhãs dispostos a lutar por nossos sonhos com a 
consciência de que as oportunidades serão 
aproveitadas se estivermos preparados para 
aproveitá-las.
Sei que a vida pode estar 
muito difícil para você, 
mas gostaria de lhe dizer: 
não importa quantas vezes 
alguém cai; importa se 
numa dessas quedas a 
pessoas desiste de se 
levantar. 
Lembre-se de que o desânimo leva muita 
gente a acabar com a dúvida do chefe sobre quem 
deve ser demitido!
Saiba que o pior inimigo e o melhor amigo 
estão dentro de nós. São eles que nos levam ao 
sucesso ou ao fracasso. Por vezes, é preciso tomar 
decisões drásticas, como pedir concordata, antes 
que as dívidas somem mais que o patrimônio; 
demitir funcionários, como parte da reorganização 
da fábrica; ou mudar projetos, por conta da 
entrada de um novo concorrente no mercado. 
Empurrar o problema com a barriga gera uma bola 
de neve de proporções assustadoras e traz 
conseqüências ainda mais graves. Saber tomar as 
decisões desagradáveis deve fazer parte do 
repertório de qualquer líder de verdade.
A economia brasileira ainda precisa de 
muitos ajustes. Falta muito para construirmos o 
país que queremos. Mas não devemos esperar que 
o Brasil se arrume para então realizarmos nossos 
sonhos, porque corremos o risco de encontrar 
todos os espaços ocupados pela concorrência. 
Portanto, acorde! Vá para a rua! O mundo não 
parou porque estamos em meio a mais uma crise!
O número de oportunidades é 
sempre igual ao número de 
problemas!
Tenho percebido que continua grande o 
interesse em investir em nosso país. Os campeões 
estrangeiros sabem que temos espaço para crescer. 
Por isso, estão chegando em número cada vez 
maior, oferecendo oportunidades e pesadelos para 
todos. Os leões brasileiros, por sua vez, continuam 
a criar diferentes rumos para seus negócios e, em 
meio às crises, acordam mais cedo para buscar 
soluções.
Para você, que esta à frente de uma empresa, 
é fundamental sempre estar pensando no 
crescimento da sua organização. Os empresários 
que se acomodarem pagarão um preço muito 
alto.Lembre-se de que diminuir a produção só faz 
sentido quando investimos em marketing, 
estabelecemos uma intensa atividade de pesquisa 
em novos produtos, treinamos funcionários e 
reorganizamos os sistemas de trabalho. Não se 
pode ter a ilusão de que o mundo adormece para 
esperar sua decisão. Por mais incrível que possa 
parecer, o Brasil vai voltar a crescer em breve 
porque, apesar de todos os problemas, os 
verdadeiros brasileiros nunca se entregam. Tem 
sido assim ao longo dos séculos e vai continuar a 
ser dessa maneira. 
or isso, está na hora de parar de 
reclamar, acusar e dar desculpas para 
o fracasso! A crise existe para você e 
para seus concorrentes. Quem não 
tiver competência e garra para 
superar as dificuldades vai arranjar mais um 
problema.
P
Veja o exemplo do cinema nacional, que 
estava praticamente adormecido e, em menos de 
dez anos, reergueu-se a ponto de concorrer ao 
Oscar. Isso mostra nossa força, nossa capacidade 
de realização. E por que isso não pode acontecer 
em outras áreas?
Acreditar em nosso potencial não é ser 
alienado, mas sim realista. Ser alienado é negar a 
existência de chuvas e trovoadas no meio do 
caminho. Tempestades existem aqui, nos Estados 
Unidos, na Europa, na Ásia e, cada vez mais, 
farão parte de nossa paisagem. Temos de conviver 
com as tempestades sabendo que o principal em 
tudo isso é acreditar em sua capacidade de se 
desenvolver, acreditar em seu potencial e acreditar 
que você vai aprender uma maneira para as coisas 
darem certo.
Vitórias são resultado da sua 
capacidade de se aprimorar
As vitórias são conseqüência do 
aprimoramento de nossas competências. Enquanto 
muitos acusam o governo e culpam o mercado, os 
clientes, os concorrentes, o patrão pelos maus 
resultados alcançados, outros se esforçam para 
desenvolver novas habilidades, pois sabem que a 
solução para os problemas está neles mesmos.
Falência e desemprego não são problemas 
somente do Brasil. De acordo com dados de 1999 
do Small Bussines Office (órgão que cuida das 
pequenas empresas nos Estados Unidos), em 
alguns estados americanos a mortalidade das 
novas empresas iguala-se à do Brasil – e a 
economia deles vai de vento em popa! O 
desemprego na Alemanha e na França é maior do 
que o nosso. Essas dificuldades existem em todos 
os países e não adianta desanimar.
Neste momento, ser realista significa 
também agir, parar de reclamar, estudar novas 
opções de negócios e buscar formas criativas de 
destruir os obstáculos, mantendo o otimismo. É o 
que estamos propondo nessa série de dez 
fascículos. Vamos falar, por exemplo, de 
felicidade,mas de um tipo diferente de felicidade.
O maior desafio hoje não é 
simplesmente mudar o 
comportamento, mas sim 
mudar a atitude. 
O profissional brasileiro precisa aprender a 
ter uma dimensão diferenciada de seu trabalho. 
Precisa compreender que o funcionário não é 
remunerado para estar na empresa das 8 às 18 
horas, mas sim para garantir resultados. Temos de 
assumir, e entender, que fracassos e sucessos são 
conseqüências diretas do nosso esforço.
Nesses fascículos, você vai conhecer 
histórias de pessoas que souberam transformar 
destinos e terá acesso a idéias de grandes 
pensadores. Serão momentos de prazer. Porém, o 
mais gratificante para mim será ver você colocar 
essas idéias em prática na sua vida e trabalhar 
duro para criar mais sucesso em sua carreira – e 
assim ser mais um exemplo de campeão em um 
país que precisa retomar sua vocação de vencedor.
Como sempre, torço para que seus sonhos se 
transformem em realidade.
Com o carinho de sempre,
Roberto Shinyashiki. 
Além das dificuldades
O estado de ânimo é fundamental para decidir batalhas. Em 1999, assisti à palestra do ex-prisioneiro 
de guerra norte-americano, Gerald Coffee. Ele contou o seguinte sobre seu período de cativeiro:
- Eu nunca duvidei de que sairia vivo daquele inferno; não sabia quando, mas estava seguro de que 
voltaria para casa e encontraria de novo minha família. Tinha certeza de que meu estado de espírito seria 
fundamental para continuar vivo. Porém, mais do que tudo, decidi que, se fosse morrer, alguém teria de me 
matar. Eu não cometeria suicídio e iria dar muito trabalho aos meus inimigos.
Num momento como esse, a capacidade de lutar, apesar de todos os obstáculos, vai diferenciar aqueles 
que fazem a verdadeira opção por ir além das dificuldades da vida.
Culpado ou inocente
Certa vez, no Oriente Médio, um homem foi injustamente acusado pelo assassinato de uma mulher. 
Na verdade, o legítimo culpado era um poderoso político que procurou um bode expiatório para seu erro.
No dia do julgamento, o clima era devastadoramente tenso, pois, em caso de condenação, o castigo 
seria a forca. O juiz, que procurava a condenação do réu, disse:
- Quero lhe dar todas as chances de um julgamento justo e deixarei a decisão em suas mãos. Vou 
escrever num pedaço de papel a palavra culpado e em outro a palavra inocente. A que você pegar será seu 
veredicto.
Mas, sem que ninguém percebesse, o juiz escreveu culpado nos dois papéis. A condenação parecia 
inevitável.
O réu, quando se aproximou para escolher o papel, pressentiu o que estava acontecendo e 
rapidamente pegou um dos papéis e o engoliu. A multidão ficou atônita. O que aconteceu? Será que ele 
ficou maluco?
Tranqüilamente, ele então falou:
- É muito fácil descobrir o resultado da minha escolha, é só olhar o papel que sobrou e vocês saberão 
o que estava escrito no papel que eu engoli.
Imediatamente o rapaz foi libertado.
Quando tudo parecer impossível, mantenha a serenidade e lute para encontrar uma solução. Se você 
analisar com cuidado, vai perceber que as respostas estão à sua disposição. Cada problema traz em si 
mesmo a semente da solução.
Deus sempre diz sim
Já viajei algumas vezes para a Índia para conversar com os mestres daquele país. Os indianos dizem 
que a vida é desse jeito porque Deus somente diz uma palavra: sim. Porém Deus não diz sim a tudo que 
pedimos, pois ele não é um pai super-protetor; que dá tudo que o filho pede. Deus diz sim apenas àquilo em 
que acreditamos. 
Quando um indivíduo pensa “Eu vou ser demitido”, advinha o que o Pai diz? Sim! E Ele ajuda a 
pessoa a conseguir sua demissão. Quando alguém pensa “Minha empresa vai quebrar”, Deus também diz 
sim, e é capaz de arrumar muitas encrencas para esse empresário. Mas quando a pessoa pensa “Vou 
aproveitar este momento para crescer mais ainda”, o Criador diz sim e dá um jeito de facilitar a vida dela.
Viver é a arte de transformar crenças em realidade. Só existe um inimigo a ser combatido: o medo. E 
ele mora dentro de nosso coração.
O pessimismo só satisfaz os perdedores. Enquanto houver uma ponta de esperança, lute. Muita gente 
se pergunta por que os economistas erram tanto. A resposta é simples: porque suas previsões dependem da 
reação das pessoas. São como as previsões dos médicos quanto ao tempo de sobrevivência de um paciente 
com câncer... A possibilidade de acerto depende muito da reação da pessoa. Alguns pais, por exemplo, 
quando descobrem que seus filhos têm síndrome de Down, os abandonam, ao passo que outros lutam pelas 
crianças, transformando as expectativas dos médicos. Alguns empresários, quando percebem uma 
diminuição drástica nas vendas, perdem a força, enquanto outros reorganizam suas empresas e procuram 
novas soluções para seus clientes.
Quando, na Segunda Guerra Mundial, os alemães começaram a bombardear a Inglaterra, os 
analistas militares previram a queda do Império Britânico em poucos meses. Na lógica dos fatos, o 
desfecho era inevitável: A Alemanha tinha melhores aviões, bombas mais poderosas e pilotos mais bem 
treinados. O que mudou o rumo dos fatos foi a perseverança de Winston Churchill, primeiro-ministro inglês 
na época. Ele exortou os pilotos da Força Aérea Britânica a não desistir da luta, fez discursos inflamados 
inspirando o povo inglês e conseguiu virar o resultado da guerra.
Resultado: os pilotos ingleses cresceram na frente de combate. A população apagava as luzes 
deixando os alemães no escuro total. Todos cuidaram de todos e os ingleses fizeram os analistas engolirem 
suas previsões. Uma célebre frase de Churchill resume bem o significado dessa história: “nunca tantos 
deveram tanto a tão poucos”.
As previsões dos economistas são tão importantes como as do tempo para os agricultores e as das 
condições das estradas para os caminhoneiros. Elas devem ser levadas em conta como um mapa, não como 
um empecilho ao trabalho. Imagine se um motorista deixasse de viajar sempre que soubesse que há 
problemas na estrada! Ele morreria de fome!
Não deixe as previsões catastróficas o desanimarem. Porque as influências sobre o que está 
acontecendo são infinitas e a situação muda a cada dia. E também porque seus concorrentes não vão ficar 
esperando o sol sair para buscar novas opções de negócio. Afinal, a tempestade não vai deixar de existir só 
porque você não tem coragem de enfrentá-la. Para aqueles que dormirem num momento como esse, 
acordar poderá ser o início de um pesadelo.
Não basta ler, é preciso praticar
Nesses fascículos, você vai encontrar artigos de professores universitários, empresários e consultores 
com as melhores idéias para enfrentar esta época de caos. Você vai conhecer histórias que vão inspirá-lo a 
dar um passo além, na direção de seus sonhos. Também vamos conversar sobre as transformações que têm 
levado nosso planeta a uma nova era.
No entanto, mais importante do que tudo que apresentaremos aqui é sua participação. É fundamental 
que você reflita sobre as idéias apresentadas: discuta as questões com seus amigos, colegas de empresa, 
irmãos, companheiros, buscando ampliar seus conhecimentos.
Depois de refletir e analisar, coloque seus projetos em prática, porque é somente por intermédio de 
suas ações que seus sonhos vão se concretizar.
PARTE 1
Bem-vindo à era do caos 
Este é um tempo que se caracteriza pela dualidade e superposição de estados: num mesmo horizonte é 
possível vislumbrar nuvens de crises e raios de oportunidades. A escolha é sua!
té poucos anos atrás, o mundo 
era muito previsível. Os negócios 
eram administrados de uma única 
maneira e o sucesso era o resultado 
de muito esforço. Em geral, quando 
o indivíduo nascia, sua vida já estavadefinida, 
com começo, meio e fim. Hoje isso mudou. O 
mundo tem a inconstância de um vulcão ativo, o 
que faz profissionais de todas as áreas serem 
desafiados o tempo todo. Garra e determinação já 
não são mais suficientes para enfrentar os 
contínuos desafios. Precisamos de muito mais. 
Estamos em plena era do caos e poucas pessoas se 
dão conta disso.
A
Estabilidade e acomodação são, atualmente, 
palavras proibidas no vocabulário das empresas.
 Todos nós precisamos ter 
a ousadia de um Cristóvão 
Colombo, que saiu para 
desbravar novos 
horizontes sem medo do 
desconhecido.
 
Essa disposição para o novo é exigida de nós, pois 
as transformações são intensas e quem não mudar 
vai ficar para trás.
Pense nos novos empreendimentos que 
surgem todos os anos. E lembre-se de que cada 
um desses negócios, certamente, pretende alcançar 
o sucesso! Isso é muito bom, nos anima e nos faz 
acreditar que, de alguma forma, vamos vencer a 
competição. Mas estes são tempos diferentes. E 
nem tudo é o que parece. Por exemplo, a boa 
notícia de que temos muita gente investindo em 
novos empreendimentos vem acompanhada do 
paradoxo da nova era: nos dois primeiros anos de 
vida, em geral, 80% dos novos empreendimentos 
quebram, desfazem-se ou deixam de existir devido 
a erros de administração. E mais: segundo dados 
de 1999 da Organização Internacional do Trabalho 
(OIT), 30% da população mundial estiveram 
desempregada ou subempregada nos últimos anos. 
Pior: a maioria dessas pessoas perdeu empregos 
ou funções que não existem mais!
É verdade que o desemprego aumentou. Mas 
note: quase sempre é o dinossauro – que ainda 
acredita que o mundo não se modificou – ou o 
avestruz – que anda se escondendo – que mais 
está sofrendo. Se você, por exemplo, colocar um 
anúncio para secretária, vão aparecer 500 
currículos. Mas, no processo de seleção, o 
provável será não encontrar nenhuma com o perfil 
de que sua empresa precisa, mas encontrará 
muitos dinossauros e avestruzes. Se você colocar 
um anúncio de motorista, provavelmente alguns 
ex-gerentes de bancos vão se apresentar.
O agravo do desemprego é apenas um dado 
da realidade, algo que se vincula à dramática falta 
de profissionais competentes. Os headhunters 
(pessoas da área de Recursos Humanos 
especializadas no recrutamento de executivos para 
companhias) jamais ganharam tanto dinheiro em 
suas vidas como agora, porque nunca foi tão 
complicado encontrar profissionais com perfil 
para este novo mundo.
O caos de cada dia
Antigamente, o sonho da maioria das 
pessoas era arrumar um emprego no Banco do 
Brasil e ter tranqüilidade o resto da vida. Quem 
tinha um comércio administrava seu negócio com 
a tranqüilidade de saber que seu trabalho ia ser 
recompensado. A revolução digital, baseada na 
tecnologia da informação, transformou 
radicalmente essas relações de trabalho e tornou 
mais complexo o papel destinado a cada um 
dentro das corporações. A tranqüilidade deu lugar 
à estabilidade. Nosso planeta se transformou num 
sistema caótico e imprevisível.
Você já deve estar se perguntando aonde vamos 
chegar com todas essa regras novas. Pois bem, já 
chegamos. 
Bem vindo à era do caos, 
amigo. Para sua 
informação, saiba que 
você faz parte de uma das 
primeiras gerações que 
está aprendendo a viver 
numa atmosfera de 
agitação e turbulência. 
Antes, o mundo era linear. Depois do 
número um, sempre vinha o número dois, o três, o 
quatro, e assim por diante. Agora não. Tudo 
acontece ao mesmo tempo, e não necessariamente 
numa ordem determinada. Hoje, a realidade é 
muito parecida com os jogos de videogame, com 
milhões de aviões atacando simultaneamente, 
cenários repletos de fantasmas e guerreiros 
destruindo e elaborando magias para colecionar 
novas conquistas. 
Certamente, o fato de sermos uma das 
primeiras gerações a viver nesse cenário 
desconhecido nos cria novas dificuldades e muitos 
mistérios. Pessoas com grande flexibilidade e 
curiosidade vão obter vantagens para si e para 
suas empresas nessa moderna maneira de viver. 
Os mais rígidos e menos abertos vão encontrar 
mais problemas. Mas, depois de algum tempo, 
também vão aprender a atuar nessa nova lógica.
Precisamos ter claro o 
seguinte: o fato de 
vivermos num mundo 
caótico não pode fazer de 
nossa vida um caos – por 
mais que haja forças que 
nos empurrem para a 
turbulência. 
É possível administrar a nossa trajetória, 
assim como faz um adolescente atento, ágil e 
competente, que flutua diante dos inimigos e das 
adversidades presentes nos videogames, com a 
consciência de que a derrota numa fase vai exigir 
aprimoramento e atenção dobrados para a vitória 
na próxima partida. O único jeito de se precaver 
contra essa síndrome da turbulência é conhecê-la, 
identificá-la, saber caminhar por ela. Para isso, 
precisamos ter em mente que não podemos 
simplesmente deixar essa maneira de viver nos 
tornar confuso. O mundo exige uma postura 
inédita, um modo original de olhar. Para ser bem 
claro, precisamos de novos olhos.
O tempo nosso de cada dia
Estamos permanentemente recebendo novas 
informações e sendo pressionados para analisá-las 
e devolvê-las ao mercado com rapidez. Se 
comparado à velocidade do mundo atual, parece 
que o mundo de dez anos atrás acontecia em 
câmara lenta. O dilema de ter de produzir mais em 
menos tempo é o martírio de nossa vida. Temos 
muito mais o que fazer, tomar decisões no meio da 
neblina e muitas vezes ainda temos de mudar de 
rumo radicalmente no meio de um projeto.
O que acaba acontecendo? bem, A maior parte das 
pessoas joga a toalha. Afinal, é mais simples, mais 
cômodo, às vezes até mesmo mais barato desistir 
ante às pressões. 
Mas esses indivíduos se 
esquecem de que, na 
verdade, hoje, estão 
comprando a prazo duros 
tempos no futuro. O 
aparente conforto do 
sossego trazido pelo “deixa 
para depois” tem um custo 
excessivamente alto para 
nossa vida amanhã.
Não é o caso de vivermos alucinados, mas 
não podemos fingir que nada está acontecendo – 
aliás, a tendência, como sempre, é vivermos nos 
extremos: ou varremos a sujeira para debaixo do 
tapete ou nos embrenhamos de qualquer jeito no 
turbilhão da nova era, meio sem saber para onde 
ir, o que fazer com o quê; enfim, inteiramente 
perdidos. 
Como nada mais é absoluto e incontestável, 
precisamos aprender a encontrar o eixo de nossa 
trajetória. 
Para viver esse novo 
tempo, precisamos de um 
novo ser humano, livre das 
amarras do passado, 
revitalizado pelos desafios 
do presente, pronto para o 
sucesso da nova era. 
Do caos está nascendo um novo ser humano, 
pronto para atender às necessidades desse 
momento, disposto a conquistar um novo espaço, 
num ambiente que se movimenta e oscila entre a 
crise e a oportunidade.
Esta é uma época diferente. Aqueles que 
ainda não sabem como realizar seus sonhos vêem 
na mudança uma ameaça que torna este mundo 
cada vez pior e agressivo. Daqui alguns anos, 
porém, vamos evoluir e poder acompanhar essas 
transformações com tranqüilidade, entendendo 
esta época como um período de muito 
aprendizado. Quem aprender mais rapidamente 
poderá desfrutar mais cedo das vitórias. Quem 
demorar a se adequar vai viver mais tempo 
angustiado. Mas no final todos aprenderemos a 
evoluir com a vida. Tem sido assim desde o 
começo dos tempos, e vai ser assim eternamente.
Tudo está fora da ordem
Na mitologia grega, Caos era o deus da nova ordem. Era quem transformava a desordem num novo 
sistema,mais coerente, até que acontecesse o próximo ataque à ordem. Do encontro entre Caos e Afrodite, 
deusa do Amor e da Fertilidade, nasceu Eros, o deus do Amor.
Assim como na mitologia, esse movimento transformador gerado pelo Caos traz em seu âmago uma 
nova ordem que se impõe. Afrodite veio preencher o vazio do Caos e, junto com ele, formar numa nova 
ordem. Dessa união nasceu o Amor.
Do mesmo modo, podemos compreender que todo momento caótico traz em si o nascimento da 
criatividade. Por outro lado, se o Caos é recusado, perde-se Eros e toda a energia do nascimento.
Continuando a história, Eros casa-se com Psiquê e gera uma filha: Volúpia, também chamada de 
Prazer, que representa o desfrute de toda a mudança que se engendrou.
O que podemos aprender com esse pequeno relato da mitologia grega? Ora, quando criarmos a 
competência de desfrutar uma nova ordem, de receber positivamente o caos, somos capazes de construir 
uma nova possibilidade de viver em plenitude e de amar.
PARTE 2 
Campeões, dinossauros e avestruzes 
Em qual categoria você se classifica? Leia o texto abaixo e procure elementos que possam caracterizar sua 
trajetória.
m minhas viagens tenho percebido 
que o mundo hoje se divide em 
campeões, dinossauros e avestruzes. 
Os campeões correspondem a 20% 
dos profissionais. Os outros 80% 
podem ser classificados em dinossauros ou 
avestruzes. Sinceramente, não sei qual é o pior.
E
Os dinossauros são pessoas pesadas, 
acomodadas, lentas. Estão em toda parte. Apesar 
do grande extermínio ocorrido na pré-história, o 
gene jurássico fossilizou-se em alguns membros 
do gênero humano. Foi o jeito que encontraram 
para sobreviver... 
Já os avestruzes são pessoas ágeis, porém 
usam sua inteligência para impedir que as 
transformações aconteçam. Coisas da espécie. 
Pessoas que se identificam com elas são 
facilmente encontradas em banheiros durante 
conversações de empresas. E não é raro ouvi-las 
dizer: 
- Esses caras não sabem mais o que fazer, só 
vivem criando moda. Estamos cheios de trabalho e 
eles querem inventar a roda!
São indivíduos que usam a habilidade mental 
para sabotar as propostas de mudanças. E o pior é 
que acabam contaminando muitos companheiros. 
Qualquer coisa que soe diferente do universo 
dessas pessoas é tachada de inútil. Se você sabe 
mais que esses seres, logo é visto como esnobe, 
alguém que tem por hábito puxar o tapete do 
colega.
Outro dia me contaram que tem gente que 
cobra hora extra para fazer treinamento fora do 
expediente. É possível? Pois existem pessoas 
assim neste mundo. Os avestruzes criam 
joguinhos, fazem comentários, tudo para preservar 
seu lugarzinho no time.
 claro que isso é um mecanismo de 
defesa. E a explicação é simples: a pessoa 
tem medo de não ser capaz de 
acompanhar as mudanças. E o melhor 
meio de fugir das ameaças imaginárias é 
desqualificar as novas propostas. Pensando dessa 
forma, age como um avestruz: enfia a cabeça na 
areia. Os pensamentos desses indivíduos funcionam 
É
como areia movediça. A pessoa está o tempo todo 
se afundando em suas próprias verdades. E isso, 
estranhamente, lhe traz a sensação de superioridade.
Os dinossauros não são tão cáusticos como 
seus colegas avestruzes. Muitos chegam a ser 
verdadeiramente ingênuos: negam toda mudança, 
evolução e transformação em nome do passado. A 
tradição, para esses bichinhos, tem peso absoluto, 
e qualquer tentativa de transformá-la soa como um 
desastre.
É difícil saber o que é pior... Normalmente, o 
avestruz é mais resistente à mudança, mas quando 
se envolve já tem a flexibilidade da ação. Seu 
desafio é ter a humildade para aceitar orientações 
dos outros e ter a generosidade de se comprometer 
em um projeto que não foi concebido por ele. Os 
dinossauros têm de vencer a inércia, fazer bastante 
aeróbica intelectual e treinar muito para remover a 
obesidade cerebral.
A outra espécie atuante neste planeta são os 
campeões. Eles mantiveram intacta toda sua força 
de ser humano. Em geral, estabelecem seu sucesso 
a partir de sua própria vocação e valores. E têm, 
além disso, um forte sentido de direção, porque 
criam sua trajetória particular, aproveitando o que 
existe de melhor no ambiente em que atuam. Se 
não sabem algo, logo buscam aprender. E melhor: 
ensinam o que aprendem, compartilhando o que 
sabem.
Seu poder está em desenvolver a força de 
seus companheiros, e não em deter o controle 
sobre os outros. Seus olhos estão atentos para cada 
oportunidade da vida e têm o brilho dos olhos de 
uma criança antes de a sociedade domesticá-la.
O campeão soube 
preservar sua beleza 
interior. Realiza suas 
metas com a força e a 
certeza da conquista. 
Quando sofre ameaças, 
sente medo porque 
manteve seu coração pleno 
de sentimentos e não se 
deixou robotizar. Mas isso 
não o impede de avançar 
sempre na direção de suas 
metas. 
 Certamente, dentro de cada avestruz ou 
dinossauro existe a alma (adormercida) de um 
campeão. O maior desafio deles é resgatar sua 
verdadeira alma de gente, e voltar a brilhar para 
construir a vida com plenitude.
A retomada do poder criador está 
relacionada principalmente à consciência das 
nossas possibilidades, à humildade em procurar 
um novo caminho e, principalmente, ao 
comprometimento com a mudança. Note que, 
quando uma pessoa se torna escrava da 
acomodação, ela age de forma repetitiva e 
totalmente previsível. Mas o ser humano que está 
em sintonia com o movimento da vida não tem 
limites. São pessoas que sabem perfeitamente 
quais são seus sonhos e voam além do universo 
para realizá-los.
PARTE 3
O caminho para as estrelas!
“Caminhante, não existe caminho. O caminho se faz ao caminhar.” É o que diz um lúcido poema do espanhol 
Antonio Machado. Mais do que nunca, a felicidade está em criar o sucesso à sua própria maneira.
lcançar a glória no final de um 
caminho é sempre mais estimulante 
que o percurso que nos leva a ela. 
Isso porque é infinitamente mais 
simples imaginar campeões prontos, 
acabados, cheios de sucesso e energia, que se 
firmaram de uma hora para outra. Quando essa 
imagem vem à mente, a maioria das pessoas não se 
lembra de como foi feito o caminho que levou esses 
campeões a serem o que são hoje.
A
Na verdade, essa é a explicação para o ditado 
que diz que “por trás de todo o prazer há 
superdoses de sacrifícios, perseverança, 
abstinência, e muita, muita disciplina”. Afinal, se 
existem estrelas, é possível imaginar que haja uma 
estrada para chegar até elas – numa vez que as 
estrelas brilham para todos que se permitem olhá-
las. Mas qual é o caminho, por onde ele passa? 
Vamos, agora, traçar um breve panorama do que 
significa esse percurso para as estrelas.
A primeira coisa a se lembrar é que esse 
trajeto não está pronto. Significa que cada um terá 
de construí-lo, segundo sua característica, perfil, 
desejo e disposição. O segundo ponto fundamental 
é o seguinte: vá além da sua zona de acomodação 
e ande com suas próprias pernas para o sucesso. 
No trajeto, enfrente os dragões da inércia, lute 
contra os fantasmas do desconhecido e tome as 
rédeas de sua carreira em suas próprias mãos.
Feito isso, considere o seguinte: a vida é a 
busca por uma constante expansão de fronteiras, 
uma eterna superação de limites. Isso sempre foi 
válido, mas nos dias de hoje assumir essa postura 
é essencial para o sucesso. Esse já é um bom 
argumento para tirá-lo da zona de acomodação.
Só a percepção da necessidade de mudança 
irá impulsioná-lo em direção a um mundo melhor. 
E issovale para todos, especialmente para aqueles 
que se julgam estar seguros nas estrelas que 
construíram. 
Se você for uma pessoa 
bem-sucedida, terá um 
grave problema pela 
frente: as características 
que a levaram a ocupar a 
posição em que se 
encontra hoje não serão 
suficientes para levá-la 
onde você precisa estar 
amanhã.
Pense em alguém bem-sucedido, mas 
autocrático, que controla cada detalhe de seu 
negócio. Imagine agora que esse indivíduo, vendo 
o sucesso de seu empreendimento, resolva 
expandi-lo e comece, então, a abrir uma série de 
filiais no país. De uma hora para outra, ele vai 
perceber que se encontra numa situação caótica, 
pois não confia em seus funcionários, suas equipes 
não funcionam integradas, os gerentes não sabem 
o quanto e quando podem decidir etc. É o início 
das adversidades. Esse empreendedor 
provavelmente vai procurar, nesse caso, se 
multiplicar e trabalhar mais ainda, até que, um dia, 
vêm a estafa, o estresse, o desgaste total. E, a 
partir daí, ele pode começar a contar: é uma 
questão de dias o fechamento da empresa.
Parte da caminhada para as estrelas consiste, 
portanto, em perceber que profissionais 
experientes têm de ficar atentos para analisar se a 
experiência deles é válida para este mundo 
moderno, pois é um ambiente completamente 
diferente daquele que nossos pais viveram. Por 
exemplo, pense numa cozinha contemporânea. 
Quantos aparelhos novos existem? Vejamos: 
forno de microondas, multiprocessadores, 
triturador de lixo, máquina de lavar pratos, 
cafeteiras elétricas, isso sem falar nos fantásticos 
condimentos – hoje ao alcance de qualquer mortal 
-, tais como picantes molhos e temperos, comida 
congelada saborosa, enfim, tantas novidades, mas 
que, certamente, vão ficar obsoletas em pouco 
tempo. Isso para ficar num só aspecto da vida 
moderna. Pense no comércio, em que a 
concorrência se torna cada vez mais feroz: 
pequenos estabelecimentos têm de enfrentar as 
grandes redes de supermercados, farmácias, 
magazines, megastores – as quais, por seu lado, 
possuem um custo fixo tão elevado que, se não 
tiverem um imenso volume de vendas e um 
controle férreo de seus gastos, vão entrar direto no 
vermelho. Afinal de contas, não é um mundo fácil 
para ninguém.
Ir além do conhecido
Agora pense em que espécie de revolução 
estamos vivendo: a Revolução Digital, que está 
provocando um impacto similar ao que a 
Revolução Industrial provocou no século passado.
Basta você analisar o 
contexto: antes, as 
mudanças aconteciam a 
partir da adoção de uma 
nova linha de montagem. 
Atualmente, verifica-se o 
contrário: é uma espécie de 
linha de desmontagem que 
está em curso. O 
trabalhador braçal é hoje 
contratado para apertar 
botões. Só que isso requer 
que ele saiba o momento 
exato de acionar o botão. 
Noutro instante preciso, um outro 
trabalhador irá acionar um sensor de verificação 
de falhas. E assim por diante. Perde-se o controle 
absoluto que havia antes, em que todo o processo 
era facilmente monitorado.
A Revolução Digital aconteceu por causa de 
uma transformação na maneira que lidamos com 
as informações e as processamos. Na maior parte 
das vezes, atualmente, trabalhamos em um 
ambiente virtual, que é a tela do computador. Isso 
implica mudança de paradigmas. Ou seja, não dá 
mais para raciocinar em termos de lápis e papel. É 
preciso trabalhar com o que já está pronto e, a 
partir daí, construir e criar coisas novas. Essas 
informações anteriores são estratégicas para o 
caminho que se está construindo.
A empresa moderna está no âmago da 
Revolução Digital. Ela simplesmente não existe se 
não estiver conectada com o mundo. 
O grande drama, como 
dizem no Japão, é que “na 
garupa do sucesso vem 
sempre o fracasso.” As 
pessoas que são bem-
sucedidas hoje, em geral, 
acreditam que esse 
esquema vai continuar 
dando certo. E não vai. O 
tempo todo é preciso estar 
consciente disso.
Tudo isso nos leva a um pensamento: temos 
de assumir a responsabilidade pela nossa carreira. 
Eis a essência do percurso. Seria ótimo que o 
governo ajudasse o trabalhador a se aprimorar. 
Mas não é o que acontece. O trabalhador japonês, 
por exemplo, tem dezessete anos, em média, de 
estudos.
Os trabalhadores dos Estados Unidos e dos 
Tigres Asiáticos têm de doze a treze anos de 
estudos, e o trabalhador brasileiro apenas cinco 
anos e meio – segundo pesquisa do IBGE de 1999. 
É uma grande defasagem. Quando se entra numa 
fábrica para debater essas questões, percebe-se o 
quanto é complicado mudar. Para que haja 
fábricas de alta tecnologia – e o Brasil necessita 
muito disso –, é necessário gente com capacidade 
de operação.
As instituições que deveriam cuidar disso no 
Brasil estão fazendo muito pouco para ajudar o 
profissional a se desenvolver. O governo não está 
comprometido com a evolução do profissional na 
intensidade necessária, assim como não está a 
maioria dos sindicatos e empresas. Muitos 
empresários ainda vêem o treinamento de seus 
funcionários como desperdício de dinheiro. Já que 
as empresas, o governo e os sindicatos estão 
ausentes, o trabalhador tem de assumir a 
responsabilidade por sua empregabilidade. Ou 
seja, por sua capacidade de continuar a atuar no 
mercado.
Resumindo: mais do que nunca, seu sucesso 
depende de você. Talvez,. agora, você tenha 
vontade de me perguntar: 
- Mas Roberto, eu já tenho tanta coisa para 
fazer e ainda por cima vou ter de cuidar da minha 
carreira?
Sim! A responsabilidade de evoluir 
profissionalmente é toda sua. Procure entender 
melhor a situação e ser mais próativo em relação a 
sua carreira. 
Até quando adiar o controle da sua 
carreira?
O mundo atual não permite acomodação. O 
mesmo raciocínio usado numa relação afetiva 
deve ser aplicado quando se fala em 
empregabilidade. Antigamente, as pessoas se 
casavam para sempre. Hoje não. As relações são 
tumultuadas. Noventa por cento dos 
relacionamentos amorosos (namoros, casos, 
amizades coloridas, casamentos etc.) terminam em 
um ano. Ou seja, não existe estabilidade nem 
mesmo nos afetos. Como seres humanos que 
somos, precisamos manter acesa e ativa nossa 
capacidade de sedução. Por quanto tempo? 
Enquanto estivermos vivos. 
O mesmo ocorre no trabalho. O emprego 
vitalício acabou e, portanto, nada mais é estável. 
Se isso está acontecendo, você tem de estar 
preparado para novas conquistas. O indivíduo que 
se acomoda acaba identificando-se, na verdade, 
com os limites do cargo que ocupa.
Outra questão que favorece a acomodação no 
percurso proposto é a nossa maneira de enxergar a 
política em nosso país. Perceba que O assunto 
favorito da imprensa brasileira é política. E não é 
à toa. O tempo todo ficamos olhando para 
Brasília, esperando soluções mágicas, ordens que 
nos digam o que fazer. Precisamos aprender que a 
saída para nossos problemas não está em Brasília, 
mas no mercado, e ele não se restringe apenas a 
São Paulo e Rio. O mundo todo tem clientes 
carentes de opções. 
Em muitos momentos, nos identificamos 
com o “País do Vamos Esperar”. Esperamos por 
Brasília, esperamos para ver o que vai acontecer, 
esperamos o carnaval passar, a Semana Santa, o 
próximo feriado, o pacote fiscal, a ordem na casa. 
E as coisa não acontecem.
É tempo de mudar, porque é tempo de 
mudanças. Usar a cabeça e tomar a carreira pelas 
mãos é o início da conversa. Deixe Brasília de 
lado e vá atrás dos seus sonhos. O desemprego 
existe na França,na Alemanha e até no Japão, que 
era considerado o país dos empregos vitalícios. 
quebras de empresas são comuns mesmo numa 
economia crescente como a dos Estados Unidos.
Por isso, é hora de caminhar com suas 
próprias pernas, conhecer melhor o mercado, 
identificar as demandas, necessidades e anseios de 
seus clientes atuais e futuros, posicionando-se em 
acordo com sua vocação. Não esqueça 
simplesmente o passado, mas dê a ele um 
propósito mais adequado, pensando nos novos 
tempos que estamos vivendo. Reveja sua 
estratégia, repense sua formação e esteja pronto 
para se aliar ao time dos campeões. Quando todas 
as peças se encaixarem, você terá um caminho 
pronto, somente seu, feito durante seu caminhar.
Mas atenção: não se esqueça de desfrutar a 
viagem. Construir o sucesso é um passeio cheio de 
mistérios, surpresas e aprendizagem, que nos 
proporciona muita felicidade. Quase tanto quanto 
chegar ao destino. Se isso acontecer, você será 
feliz, inevitavelmente.
PARTE 4
A felicidade e a competência 
Um novo conceito está no ar: para ser feliz é preciso ser competente. Você sabe o que isso significa? É a 
essência da nova ordem, em que o ser humano complementa o trabalho com seu lazer, e vice-versa.
 preciso entender que a felicidade não é 
algo que só acontece quando saímos de 
férias, vamos a uma festa ou recebemos o 
pagamento no fim do mês. Temos que dar 
um jeito de sermos felizes todos os dias. 
Para isso, precisamos entender o significado da 
felicidade.
É
Normalmente, as pessoas acham que só rico 
é infeliz. Nos roteiros das novelas que passam na 
televisão, somente as pessoas que querem 
ascender economicamente é que sofrem. É como 
se quem não se preocupa com dinheiro não 
precisasse sofrer. Parece até que a pobreza é uma 
vacina contra os problemas!
Na verdade, a infelicidade não escolhe classe 
social. Assim como o empresário que perde seu 
negócio não consegue ser feliz, o sujeito que não 
tem dinheiro para pagar a escola do filho também 
não é, e muito menos a pessoa que sonha 
permanentemente com o fantasma da demissão. 
Todos são infelizes, simplesmente porque não 
conseguem materializar seus sonhos. E a base da 
felicidade é exatamente esta: sentir-se realizado 
todos os dias. 
Mesmo que você ainda não tenha alcançado 
todos os seus objetivos, o fato de estar construindo 
seu próprio castelo já é suficiente para lhe trazer a 
tranqüilidade e a alegria de viver. 
Assim, é fácil compreender que o conceito 
de felicidade está intimamente relacionado ao 
conceito de competência. Para ser feliz, é preciso 
desenvolver a competência de realizar suas metas. 
Por exemplo: para ter filhos, você precisa ser um 
pai competente, senão as crianças apenas vão lhe 
dar trabalho e criar problemas. Na empresa, o 
raciocínio é o mesmo: Sem competência, montar 
um negócio pode ser um passaporte para o 
inferno.
Quando você sabe 
gerenciar bem seu 
trabalho, ele se transforma 
numa fonte de realização. 
Infelizmente, a maior parte 
das pessoas vê o trabalho 
somente como uma fonte 
de sobrevivência, em vez 
de percebê-lo como uma 
possível fonte de prazer. A 
felicidade acontece quando 
você relaciona trabalho 
com diversão.
É triste ver tanta gente lutando para 
sobreviver – e não estou falando apenas daqueles 
que ganham salário mínimo, mas, principalmente, 
de executivos que vivem angustiados, empresários 
que fogem dos cobradores, pessoas assustadas 
com suas vidas. É muito pouco para essa bênção 
que recebemos chamada vida. São pessoas que 
não vivem. Apenas sobrevivem, como se 
estivessem numa crise asmática permanente: 
aquela eterna falta de ar e, de vez em quando, 
aquele alívio rápido e passageiro. Para logo 
depois, o sufoco de novo.
Como identificar se você está apenas sendo 
um sobrevivente da vida em vez de um 
protagonista de verdade? Bem, uma pessoa está 
apenas sobrevivendo quando:
• Sai com alguém que não ama somente 
para aplacar a solidão;
• Tem relações sexuais só para manter o 
casamento;
• Está fazendo joguinhos de poder para 
manter o emprego;
• Não consegue desgrudar os olhos da TV, 
com medo de escutar a voz da consciência.
Chega de migalhas de vida!
Chega de viver como um fugitivo olhando 
para os lados, com medo de tudo e de todos! O ser 
humano merece mais do que simplesmente 
completar seus dias passando pela terra. Ele 
merece a plenitude da vida.
E a melhor maneira de fazer a felicidade se 
tornar parte de nossa vida é não encará-la como 
um prêmio de consolação. Mas como resultado da 
nossa capacidade de realizar nossos objetivos. E 
vale lembrar mais uma vez: as competências que 
nos levaram a chegar aonde estamos hoje não 
serão suficientes para nos levar aonde queremos 
chegar.
Eu fico muito feliz quando vejo que, 
atualmente, o lucro obtido é, cada vez mais, fruto 
da capacidade das empresas em satisfazer os 
clientes. Pois agora, cliente e fornecedor têm de 
lucrar juntos. Aquele tempo de se aproveitar do 
cliente já passou. Quem não conseguir satisfazer 
seus cliente vai amargar sérios prejuízos.
Veja que conceito interessante: para 
satisfazermos o cliente, precisamos, na maior 
parte das vezes, surpreendê-lo. Ou seja, o sucesso 
nos dias de hoje ocorre como resultado do esforço 
de surpreendermos o cliente. Agora, para que eu 
possa fazer um cliente se sentir especial, eu tenho 
de ser especial também. Não posso ser apenas 
mais um. Por isso, são campeões aqueles que se 
antecipam às necessidades do cliente.
Se você tem projetos ambiciosos de vida, é 
importante pegar a onda quando ela ainda está se 
formando. Como um bom surfista, você deve se 
colocar no lugar em que a onda vai aparecer. Isso 
é tão importante quanto ser capaz de manejar bem 
sua prancha.
Hoje, temos de trabalhar administrando bem 
o presente, mas, principalmente, criando o futuro. 
Isso parece simples, mas não é, porque essa idéia 
caminha em sentido contrário ao da nossa 
tendência. Em geral, as pessoas procuram a 
segurança de fazer o que todos estão fazendo, 
supondo que isso vai dar certo. É como um salão 
de beleza em Apucarana, uma loja de sapatos em 
Cuiabá e uma farmácia em Santos. Toda esquina 
tem uma, e a maioria dos proprietários desses 
negócios simplesmente ganha dinheiro para pagar 
as contas no final do mês. Eles, portanto, 
sobrevivem.
Agora, atenção! Cuidado com as modas. É 
como investir em ações em época de alta da bolsa. 
Quando todo mundo está ganhando dinheiro com 
ações, geralmente é época de mudar de 
investimento, pois os lucros que tinham que ser 
obtidos já foram alcançados, não há mais espaço 
para crescer. 
Por isso, lembre-se: as modas sempre 
passam. Nessa altura do campeonato, nas grandes 
cidades, investir em restaurante por quilo ou em 
pizza para viagem é um caminho para quem quer 
viver sobrevivendo. A não ser que você tenha uma 
idéia inovadora para esses negócios. Do contrário, 
vai viver no sufoco e, de vez em quando, ganhar 
de presente uma golfada de ar...
A felicidade hoje tem novas cores.
Felicidade em criar empresas campeãs.
Felicidade em realizar seus sonhos. 
Felicidade em ser competente.
CASO
A luta de um campeão
Do sertão nordestino até São Paulo, o Deputado Federal e ex-presidente da CUT, 
Vicentinho, traz em sua trajetória o exemplo de um guerreiro.
u gosto de pessoas especiais. Para 
mim, são aquelas que continuam a 
lutar quando a maioria já desistiu. São 
as que se alimentam de desafios, por 
ter a consciência de que, para algo 
diferente acontecer no mundo,têm de participar. 
São pessoas que não conseguem ficar paradas, pois 
há sempre um sonho para alimentar no coração.
E
Você já percebeu como é freqüente um time 
tomar gol na prorrogação? E sabe por quê? Porque 
gente normal luta para manter o resultado, mas 
quando o jogo está terminado cai na tentação de 
relaxar. Gente especial, não. Só aceita o resultado 
quando o juiz apita o final da partida.
Quando olho as pessoas, principalmente na 
televisão, costumo analisá-las – até por conta da 
minha experiência como psiquiatra. Algumas 
poucas eu admiro; outras me dão raiva pelo olhar 
de abutre que trazem, pronto para se aproveitar da 
situação. Felizmente, a maioria me desperta o 
desejo de ajudá-las a descobrir quantos tesouros 
têm escondidos no coração. Todos à espera de 
serem revelados.
As pessoas que eu admiro não me obrigam a 
aceitá-las em tudo o que fazem. Porém, a maneira 
como lutam por seus ideais, com ética (algo que 
continua fundamental!), força, determinação, 
sempre me deixa curioso para saber qual o 
próximo passo que elas darão, porque sei que não 
sossegam.
Vicentinho é uma dessas pessoas que gosto 
de ver. Uma de suas façanhas que mais me 
causaram admiração foi sua decisão de entrar na 
faculdade. Aos 42 anos de idade, Vicente Paulo da 
Silva foi estudar direito e avançou mais um passo. 
Poderia ter se transformado num homem amargo 
por tantas dificuldades que passou, mas manteve o 
mesmo jeito de menino que o caracterizou: está 
sempre pronto para aprender.
Criança pobre, lutou para sobreviver à 
paisagem árida do sertão nordestino. O menino 
castigado pela falta d’água transcendeu, 
definitivamente, as quase intransponíveis 
limitações impostas pela seca, tornando-se uma 
personalidade conhecida e admirada por milhões 
de brasileiros.
Com muito esforço e determinação, 
Vicentinho conquistou o passe para a universidade 
em dezembro de 1998, graças à conclusão do 
segundo grau, feito pela televisão, através das 
aulas do Telecurso 2000. Poderia ter se 
acomodado, com a justificativa de quem já tem 
muito o que fazer, e colocar a culpa na pobreza do 
passado por não seguir estudando. Poderia 
também ter adiado os estudos para amanhã, 
porque hoje está cansado. Mas Vicentinho decidiu 
continuar seu caminho, passando por cima dos 
obstáculos. 
Seu carisma extrapola em muito as doutrinas 
políticas e partidárias que defende. Vicentinho, 
como ficou conhecido em todo país, conseguiu a 
proeza de se reunir com ministros, presidentes e 
representantes dos governos, aos quais ele 
constantemente fez oposição declarada. Sua 
história é um épico, como a maioria das histórias 
da brava gente nordestina.
Ele nasceu no Sítio Maravilha, município de 
Santa Cruz, no Rio Grande do Norte. Como quase 
todos seus conterrâneos, abandonou seus estudos 
cedo para trabalhar no serviço de emergência, na 
construção de estradas e açudes. O ano era 1970, e 
a seca, como sempre, imperdoável. Foi também 
por esta época vendedor de pão. O caçula de uma 
família de agricultores que sempre ajudou o pai na 
árdua rotina das roças de terra rachada devido à 
carência de chuvas. 
Vicentinho migrou para São Paulo em 1976, 
quando começou a trabalhar numa metalúrgica. 
Em 1977 filiou-se ao Sindicado dos Metalúrgicos 
de São Bernardo do Campo e Diadema. Em 1978, 
entrou na Mercedes Benz, onde permaneceu até 
2002.
Sempre com o pensamento no futuro, 
reiniciou seus estudos em 1979, concluindo o 1º 
grau no ano seguinte. De lá para cá, sua trajetória 
de lutas e conquistas tem nos mostrado sua alma 
guerreira: Vicentinho se tornou um dos maiores 
defensores dos direitos dos trabalhadores.
A cronologia da década de 70, ainda 
manchada pela ditadura, não deixa dúvidas sobre 
o caráter do nosso protagonista. Em 1981, foi 
eleito vice-presidente do Sindicato dos 
Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e 
Diadema.
A presidência do Sindicato dos Metalúrgicos 
de São Bernardo do Campo e Diadema veio em 
1987 e, após o fim do primeiro mandato, foi 
reeleito. Em 1994, Vicentinho foi eleito presidente 
da CUT nacional, sendo reeleito em 1997. 
Toda essa vasta experiência em negociações 
e no intercâmbio entre os trabalhadores do Brasil e 
do resto do mundo lhe proporcionou fundamento 
para participar de vários eventos nacionais e 
internacionais, inclusive em palestras realizadas 
em faculdades, comunidades e outras instituições. 
De quebra, em 2002, foi eleito Deputado Federal 
pelo PT de São Paulo.
A fertilidade de suas idéias e a determinação 
em suas lutas estenderam-se também para o 
aspecto familiar. Vicentinho é pai de sete filhos: 
Hudson, Hugo, Robson e Roberto, do primeiro 
casamento; Luana, de outro relacionamento; e 
Lucas e Pedro, de sua atual esposa, Roseli.
E algumas pessoas vivem reclamando por 
não ter tempo de estudar... E outras dizem que já 
estão velhas para recomeçar. E muitas ainda 
afirmam que os trabalhadores são todos 
vagabundos.
Pois é, somos treinados para encontrar 
justificativas para não superar nossos problemas. 
Mas há pessoas que fazem como Vicente Paulo da 
Silva e se tornam especiais porque perseguem 
seus sonhos incansavelmente, independentemente 
das chuvas e tempestades encontradas no 
caminho.
Os bons ídolos são aqueles que nos mostram 
os caminhos para realizarmos nossos sonhos. Para 
mim, Vicentinho é um desses.
Pense nisso.
ARTIGO
Aprendendo a mudar, aprendendo a aprender 
Velhos chavões ou novas competências? Pode ser uma difícil resposta, mas é 
uma verdade que precisamos descobrir. Acompanhe, neste trabalho, a importância da 
aprendizagem organizacional no processo de desenvolvimento das pessoas.
Por Maria Tereza Fleury*
omar a carreira com as próprias 
mãos. Não é tudo, mas é o essencial. 
Ter controle e entendimento sobre o 
que se quer ajuda muito. E é 
fundamental se queremos ir além de 
onde nossos olhos alcançam. O consultor Wagner 
Pandolfo costuma dizer que a maior parte das 
pessoas utiliza muito pouco do potencial de seus 
cérebros. E ele está certo. O uso que fazemos de 
nossas faculdades mentais não ultrapassa a casa dos 
10%. E isso significa que a maior parte da nossa 
mente vive sob trevas, é ociosa, está adormecida. 
Agora pense: se com apenas 10% nós pudemos nos 
comunicar, trocar informações - incluída aí toda a 
gama de aprendizado que essas atividades exigem -, 
o que não seríamos capazes de fazer se nos 
esforçássemos um pouquinho mais, usando, quem 
sabe, uns 15% de nossa capacidade? Será assim tão 
difícil? Certamente que não. Basta nos darmos 
conta dessa possibilidade.
T Vida é evolução. Viver é mudar permanentemente em direção a novas realizações. É simples, óbvio, e, talvez por isso mesmo, muito pouca gente leve em consideração a importância desse sentido da vida. Chega a beirar o absurdo a 
idéia de alguém viver sem essa conexão crucial 
com o significado da vida. No entanto, mais e 
mais pessoas e organismos de toda a espécie 
parecem totalmente alienados dessa dimensão.
Há um interessante dito popular que ilustra 
com precisão a dicotomia da mudança sonhada 
nestes tempos: a escolha de qualquer caminho 
para seguir é tão perigosa quanto não escolher um 
caminho. Isso quer dizer o seguinte: a mudança 
em si, desconectada de sentido, não significa nada. 
É o famoso seis por meia dúzia.
É preciso, portanto, encontrar conexões com 
a existência, a qual só faz sentido quando 
profundamente imbricada com o conceito de 
aprendizagem. A aprendizagem que se interliga ao 
sentido da mudança assumenovos contornos e 
ganha proeminência, ultrapassando os muros da 
academia e penetrando nas fronteiras das 
organizações.
Nas empresas são explícitas as 
potencialidades de novos aprendizados. É o local 
mais adequado para o exercício e a difusão do 
saber humano. Quanto mais esse saber puder se 
expressar, mais aprendiz se tornará a organização, 
o que significa maior competitividade, agilidade, 
criatividade e ousadia.
A recíproca é verdadeira: quanto menor o 
espaço de expressão e exercício dos saberes 
humanos, maior o grau de infelicidade geral, 
descontentamento e, no limite, queda de 
produtividade, qualidade e competitividade. Ao 
darmos por certo essas duas possibilidades, torna-
se imprescindível estudarmos e entendermos os 
mecanismos que dão o tom da lógica 
organizacional.
Em busca de um conceito de 
aprendizagem organizacional
A aprendizagem organizacional tem suas 
raízes teóricas na psicologia da aprendizagem. As 
organizações podem não ter cérebro, mas possuem 
sistemas cognitivos e memória, e desenvolvem 
rotinas, ou seja, procedimentos relativamente 
padronizados para lidar com os problemas 
externos e internos. Essas rotinas vão sendo 
incorporadas de forma explícita ou inconsciente 
na memória organizacional.
Um conceito bastante simples de 
organizações que aprendem foi proposto por 
David Garvin (1993): 
"Organizações que 
aprendem são aquelas 
capacitadas a criar, a 
adquirir e a transferir 
conhecimentos, e ainda 
modificar seus 
comportamentos para 
refletir esses novos 
conhecimentos e insights". 
Se o conceito é simples, a dificuldade se 
encontra na operacionalização dessa proposta no 
cotidiano da empresa. Portanto, como uma 
organização pode desenvolver uma dinâmica 
permanente de aprendizagem e mudança?
O ser humano vem ao mundo motivado para 
aprender, explorar e experimentar. Infelizmente, a 
maioria das instituições da nossa sociedade é 
orientada mais para controlar do que para 
aprender, recompensando o desempenho das 
pessoas em função da sua obediência a padrões 
estabelecidos, e não por seu desejo de aprender.
As definições mais comuns de organizações 
que aprendem enfatizam sua capacidade de 
adaptação às aceleradas mudanças que ocorrem no 
mundo atualmente. Entretanto, a adaptabilidade 
crescente constitui apenas o primeiro passo do 
processo de aprendizagem. O desejo de aprender 
vai mais adiante: é criativo e produtivo.
Os funcionários de organizações voltadas 
para o processo de aprendizagem permanente são 
diferentes? Sim, pois, em primeiro lugar, 
conhecem a si próprios e a organização em que 
trabalham, seus objetivos e projetos. Sentem que 
há compatibilidade entre seus objetivos pessoais e 
os da empresa.
Assim, as pessoas aprendem a trabalhar em 
equipe e, em especial, a respeitar a sinergia do 
grupo. Para isso, elas não precisam ser iguais entre 
si, desde que aprendam a trabalhar, não apenas 
seus modelos mentais, mas também outros 
modelos e modos de pensar. A comunicação é 
fundamental em organizações voltadas para a 
aprendizagem. Ela pode fluir entre pessoas, áreas, 
com vistas à formação de diferentes competências. 
Para tanto, as metas organizacionais devem ser 
explicitadas e partilhadas, de modo que se possa 
buscar um alto grau de consistência entre os 
objetivos individuais e os organizacionais.
Disso nasce o comprometimento das pessoas 
com a organização, o que poderá gerar entre os 
grupos a importância do desenvolvimento de uma 
visão sistêmica do fenômeno organizacional (não 
é à toa que Peter Senge, um dos gurus da 
Learning Organization, diz que a Quinta 
Disciplina de uma organização que aprende é um 
empreendimento à visão sistêmica).
As formas organizacionais que 
enfatizam a aprendizagem e a 
inovação
O desenvolvimento de formas 
organizacionais que privilegiam a inovação é 
relativamente novo. Na prática, vemos duas 
estratégias estruturalmente diferentes. No 
Ocidente, e mais especialmente nos países 
europeus, novas formas organizacionais foram por 
diversos motivos desenvolvidas por empresas 
isoladas. Nos países asiáticos – no Japão 
principalmente –, o desenvolvimento ocorreu de 
maneira mais sistêmica. Com a globalização e as 
crises recentes nos mercados emergentes, alguns 
desses modelos mostraram, de um lado, suas 
falhas e, de outro, suas potencialidades.
No caso dos países europeus, um dos 
exemplos mais conhecidos é o da Volvo sueca, 
indústria pioneira no projeto de novas fábricas a 
partir do conceito de grupos semi-autônomos. 
Esses grupos compreendem pessoas envolvidas 
em sistemas de trabalho, com espaço para 
negociação e decisão, o que tende a aumentar à 
medida que se desenvolve a capacidade do grupo 
para a solução de problemas e a absorção de 
outras funções produtivas. Grupos semi-
autônomos constituem-se em sistemas de 
aprendizagem capazes de adquirir conhecimento e 
evoluir.
Ocorre, no entanto, que, no início dos anos 
90, a Volvo passou por uma profunda crise 
mercado lógica decorrente de problemas 
estratégicos. Seu produto era considerado pouco 
atraente num mercado cada vez mais competitivo. 
Ou seja, a questão da aprendizagem restringiu-se 
às fábricas e ao sistema de produção, não se 
configurando em um processo de aprendizagem 
sistêmico da organização. Em fevereiro de 1999, a 
divisão de automóveis da Volvo foi absorvida pela 
Ford.
Do lado oriental, a indústria japonesa 
procurou desenvolver um modelo de 
aprendizagem e de inovação de forma integrada e 
sistêmica entre as instituições formuladoras de 
políticas (nível macro), empresas produtoras de 
bens e serviços (nível micro) e instituições de 
intermediação e suporte (nível intermediário). 
Durante as décadas de 80 e 90, a indústria 
japonesa surpreendeu a indústria dos países 
ocidentais com sua capacidade de inovação nas 
práticas de produção e de gerenciamento.
Esses empreendimentos geraram nas 
indústrias americanas, européias e mesmo 
brasileiras o incentivo para sair do imobilismo, da 
zona de conforto das velhas práticas tayloristas-
fordistas. Todas inovaram e aprenderam com a 
indústria japonesa. Hoje, esta última continua 
aprendendo, com altos índices de produtividade, 
porém com problemas de mercado. A necessidade 
de mudanças institucionais, em termos macro, se 
tornou premente para que o Japão vença todos os 
seus desafios.
Aprendizagem e formação de 
competências
Nas novas formas organizacionais que 
privilegiam a aprendizagem e a inovação, quais as 
competências necessárias para o profissional? A 
partir das idéias de Le Borteff (994) sobre a 
competência como um "saber agir responsável" 
reconhecido – o que implica em saber mobilizar, 
integrar e transferir conhecimentos, recursos e 
habilidades num contexto profissional –, 
elaboramos o quadro abaixo sobre o processo de 
formação de competências. Esse processo deve 
agregar valor econômico à organização e valor 
social ao indivíduo.
Completa-se, assim, o ciclo da 
aprendizagem, transformando organizações e 
pessoas em eternos aprendizes para vencer os 
desafios de um mundo cada vez mais complexo e 
dinâmico.
As competências do profissional
Saber agir Entender o que faz sentido, 
indo além do prescrito: julgar, 
escolher, decidir.
Saber combinar e 
mobilizar recursos
Criar sinergia entre os 
recursos, construindo 
competências organizacionais 
e potencializando o 
desenvolvimentodas pessoas.
Saber comunicar Compreender o outro, 
trabalhando e compartilhando 
as emoções.
Saber aprender Trabalhar o conhecimento e a 
experiência, revendo os 
próprios modelos mentais, e 
potencializar suas 
competências.
Saber se engajar e 
se comprometer
Empreender e assumir riscos, 
buscando a consistência entre 
seus objetivos pessoais e os da 
organização.
*Maria Tereza Leme Fleury é professora da 
Faculdade de Economia e Administração da USP 
(FEA/USP) na área de Recursos Humanos. Atualmente, 
ocupa o cargo de Diretora da FEA/USP. Autora de nove 
livros, Maria Tereza também escreveu inúmeros capítulos 
em livros e artigos publicados em revistas do Brasil e 
exterior. Nos últimos anos, tem ensinado e desenvolvido 
pesquisa em Instituições e Universidades de países como 
Inglaterra, França, Japão e Coréia.
PARA REFLETIR
O eco 
m filho e um pai caminhavam por uma 
montanha. De repente, o menino cai, se 
machuca e grita:U
- Ai!!!
Para sua surpresa, escuta sua voz se 
repetindo, em algum lugar da montanha:
- Ai, ai, ai...
Curioso, pergunta:
- Quem é você?
E recebe como resposta:
- Quem é você?
Contrariado grita: 
- Seu covarde!
Escuta como resposta:
- Seu covarde! 
Olha para o pai e pergunta aflito:
- O que é isso?
O homem sorri e fala:
- Meu filho preste atenção!
Então, o pai grita em direção a montanha:
- Eu amo você!
E percebe a resposta:
- Eu amo você!
Fala mais alto:
- Eu admiro sua garra!
A voz responde:
- Eu admiro sua garra!
Mais alto, ele fala:
- Você é um campeão!
A voz repete:
- Você é um campeão!
De novo, o homem grita:
- O Brasil é um país de campeões!
A voz responde:
- O Brasil é um país de campeões!
O menino fica surpreso e pergunta:
- Pai, o que é isso?
- Filho, as pessoas chamam isso de eco, 
mas na verdade, isso é vida. Não gaste sua 
energia querendo mudar as palavras do vento. 
Mude as palavras que saem do seu coração. A 
vida, filho, é como um espelho, não adianta 
querer quebrá-lo se ele mostra um rosto que 
não lhe agrada. Mude suas posturas, suas 
emoções, suas atitudes e você terá a vida do 
jeito que merece.
Nossa vida é simplesmente o reflexo de 
nossas ações. Se você quer mais amor no mundo, 
crie mais amor no seu coração. Se você quer mais 
competência de sua equipe, desenvolva sua 
própria competência. O mundo é somente a prova 
da nossa capacidade. Tanto no plano pessoal 
quanto no profissional, a vida vai lhe devolver o 
que você deu a ela. 
Sua vida não é uma coincidência, mas 
conseqüência do que você é. Tem a sua cara, e é 
exatamente do tamanho da sua visão de mundo. 
Não se iluda. A empresa é o retrato do líder. 
Tudo o que seus colaboradores fazem é de sua 
responsabilidade. É você quem os contrata, orienta 
e treina. O trabalho deles tem sempre um objetivo: 
agradar você. Se eles perceberem que você 
valoriza a criatividade, ousam. Ao entender que 
você despreza a organização, se desorganizam. 
Quando descobrem que você é centralizador, 
largam tudo nas suas mãos para “alimentar” sua 
fome de poder e deixar que você assuma tudo 
sozinho. Acertos e erros começam sempre com 
você.
Você troca de colaboradores, muda 
controles, grita com todo mundo, mas as situações 
se repetem. As mesmas. Sempre. A repetição é um 
aviso de que uma grande mudança se faz 
necessária. A única saída que realmente funciona 
é mudar você mesmo.
Espero que estes 
momentos de reflexão 
tenham motivado você a 
buscar em si próprio a 
força para transformar sua 
vida para melhor.
No próximo fascículo, vamos conversar 
sobre como turbinar sua carreira. Um sistema 
para ir além da garra e da determinação. Vou 
apresentar algumas idéias para que seu esforço 
se transforme em resultados e para que você se 
diferencie da maioria dos profissionais.
Amadureça seus sonhos e vá atrás deles. 
Viver é a arte de realizar sonhos. E cuidado com 
o baixo-astral, porque ele é mais contagioso do 
que a gripe.
Até a próxima! 
Carinho do Roberto Shinyashiki.

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