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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Unidade II
5 O NOVO JORNALISTA: COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
Os novos produtos, gêneros e formatos jornalísticos que surgiram em um mundo digital com 
distribuição de informação em rede implicam formas de trabalho que exigem do jornalista uma 
reorganização do seu repertório, de modo a agrupar uma série de competências e habilidades capazes de 
sustentar a sua atuação.
A transformação do jornalismo e aceleração do processo de convergência 
das mídias cresce a uma velocidade cada vez maior no mundo e no Brasil, por 
meio de grupos de comunicação instalados há décadas e outros mais recentes 
que partem para novas iniciativas de forma a assegurar a participação nos 
novos mercados consumidores, em meio a essas mudanças estruturais no 
jornalismo, que provocam uma transformação/reinvenção permanente 
(Renault, 2013, p. 33).
Antes desse mundo digital surgir, seria impensável que um texto ganharia maior alcance entre os 
leitores dependendo da forma como um robô fosse capaz de localizá‑lo a partir de uma palavra‑chave 
lançada em um portal. Nenhum teórico do jornalismo, por mais visionário que fosse, pôde imaginar 
que, em algum momento, uma pessoa comum tivesse em suas mãos ferramentas de disseminação de 
informação de igual potência àquelas disponíveis para os grandes veículos de comunicação. A presença 
dos algoritmos e da inteligência artificial como protagonistas eletrônicos da indústria da comunicação, 
se cogitada no final do século XX, pareceria mais um roteiro de ficção. Do mesmo modo, uma sociedade 
que escolheria o que e como consumir em plataformas virtuais pareceria algo distante do padrão vigente 
em tempos do império da televisão, com suas grades horárias com preços de anúncios estratosféricos.
Para uma nova comunicação, um novo jornalista deve surgir. Algumas de suas mais básicas 
competências ganharam ainda mais destaque, enquanto novas técnicas e possibilidades passaram a 
fazer sentido.
5.1 O preparo para o jornalismo multimídia
A primeira fase para a adaptação de um jornalista a esse cenário em constante mudança é reconhecer 
o seu lugar diante dos seus colegas e do público que pretende alcançar.
A experiência de quem nasceu no mundo transformado digitalmente é totalmente diferente daquela 
cultivada entre os que atuaram no planeta dito analógico, pré‑internet. Isso vale tanto para quem 
produz informação quanto para quem a consome.
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Unidade II
Como abordamos na unidade I, o mundo se dividiu entre nativos analógicos e nativos digitais. 
Em  termos de produção jornalística, cabe aos primeiros, os analógicos, a superação de qualquer 
resistência tecnológica que possa restar diante dessa transição. 
Numa cultura como a nossa, há muito acostumada a dividir e estilhaçar 
todas as coisas como meio de controlá‑las, não deixa de ser um tanto 
quanto chocante lembrar que, para efeitos práticos e operacionais, o meio é 
a mensagem. Isto apenas significa que as consequências sociais e pessoais 
de qualquer meio − ou seja, de qualquer uma das extensões de nós mesmos − 
constituem o resultado do novo estalão introduzido em nossas vidas por 
uma nova tecnologia ou extensão de nós mesmos (McLuhan, 1964, p. 21).
Para Roque (2021), em trabalho focado nas aplicações jornalísticas das redes sociais, a matriz de 
competências desse novo jornalista deve estar concentrada em quatro categorias: 1) atuação centrada 
no jornalismo, 2) equipes híbridas, 3) cultura das mídias sociais e 4) formação complementar e 
autodirecionada.
5.1.1 Atuação centrada no jornalismo
Aqui, Roque (2021) reforça a necessidade da prática jornalística focada nos valores‑notícia, para 
diferenciar a atuação profissional de práticas caça‑cliques. Em outras palavras, o autor reforça a prática 
jornalística tal qual ela sempre se constituiu, mantidas as habilidades de apuração, produção textual e 
cultura organizacional que permeiam a profissão desde sempre. 
Mesmo reconhecendo a importância de outros campos do saber, como 
o Marketing e o Design, e a relevância da aquisição de conhecimentos e 
habilidades nestas áreas, os editores de mídias sociais afirmam que o 
jornalismo deve ocupar o centro do processo de produção e distribuição de 
informação jornalística para estes suportes (Roque, 2021, p. 141).
5.1.2 Equipes híbridas
Nesse ponto, o autor destaca que profissionais que habitam as fronteiras da produção jornalística, 
como o marketing e o design, podem compor equipes multidisciplinares. 
O processo, além de inevitável e por perdurar já há alguns anos, é salutar à 
produção jornalística desde que os valores que norteiam o Jornalismo sejam 
observados, como, por exemplo, quando decisões baseadas em métricas de 
mídia social não causem constrangimentos éticos nas redações, seja para os 
produtores de notícias ou na notícia em si (Roque, 2021, p. 146).
Esses novos atores que passam a fazer parte da rotina das redações também podem contar com 
habilidades nas áreas de produção e edição de vídeo e fotografias, técnicas de SEO (search engine 
optimization) e programação de websites.
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
5.1.3 Cultura das mídias sociais
Para Roque (2021), é necessário que esse novo profissional compreenda que todo o processo de 
produção e distribuição está ancorado nas redes e, portanto, deve seguir um raciocínio multiplataforma: 
A compreensão da relevância de plataformas como Facebook, Twitter, 
YouTube e Instagram para a atividade jornalística, deve ser estendida das 
editorias de mídias sociais para os demais setores da redação. Os processos 
de resistência precisam ceder espaço para o entendimento de que o 
jornalista, atualmente, deve se adaptar ao novo ecossistema midiático 
(Roque, 2021, p. 147).
Nesse ponto, o autor destaca que profissionais que habitam as fronteiras da produção jornalística, 
como o marketing e o design, podem compor equipes multidisciplinares. Roque (2021, p. 140) advoga 
que tais resistências precisam ser quebradas: “em capacitações e treinamentos internos coordenados 
pela Editoria de Mídias Sociais e, sobretudo, a total integração desta equipe à redação jornalística em 
detrimento de uma subordinação a setores como o comercial e o marketing”.
5.1.4 Formação complementar e autodirecionada
Nessa categoria de competências, a formação continuada do jornalista é um ponto que deixa de ser 
apenas um detalhe de aprimoramento e passa a ser uma questão de sobrevivência.
O profissional que quer atuar jornalisticamente com mídias sociais precisa 
complementar sua formação diante das exigências do mercado de trabalho 
no atual ecossistema midiático. De igual modo, deve ser ele mesmo o 
responsável pela aquisição de conhecimentos mediante cursos, capacitações 
ou, de modo mais sistemático e aprofundado, em uma pós‑graduação ou 
mesmo uma nova graduação (Roque, 2021, p. 149).
5.2 As habilidades que ganharam ainda mais importância
Entre as habilidades que compõem a raiz da produção jornalística, nada parece mais importante que 
a produção textual. Antes, além e acima de qualquer outra ferramenta, a escrita está para o jornalista 
como o bisturi está para o cirurgião.
Os mais antigos sabem bem da importância de um texto bem formulado. Era comum até o final do 
século XX dizer de um jornalista, em caráter de elogio: Fulano de Tal “é um grande texto”. A figura de 
linguagem substitui, portanto, a habilidade pelo próprio sujeito, o que destaca sobremaneira a importância 
de um tratamento digno que deve ser dispensado às palavras nessa profissão.
Mesmo diante de previsões catastróficas e pessimistas, o texto persiste nos meios digitais como um 
código indispensável. Para além das imagens, é o velho texto que percorre aplicativos de mensagens, 
redes sociais e, é importante frisar, vídeos, músicas e memes.
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Unidade II
A busca na rede, grande divisor de águas nessa curta e avassaladora história da internet, é léxica, ou 
seja, feita por palavras. Escrever corretamente é algo ainda mais importante do que jamais foi.
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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000e dirigentes das sucursais buscam explicações para a 
tendência de absorver pessoal mais novo nas sucursais de Brasília, onde 
entre 70 e 80 por cento têm menos de 40 anos. Uma delas seria a 
maior facilidade com que os jovens utilizam as plataformas digitais e o 
entusiasmo com que lidam com essas ferramentas, além da disposição 
maior, evidentemente, de ficar correndo de um lado para outro apurando e 
transmitindo instantaneamente as notícias (Renault, 2013, p. 42).
Os robôs de busca funcionam como vassouras, que varrem a rede e trazem consigo vestígios em 
forma de links. Os primeiros links encontrados são consumidos. Os outros lá estão, mas é como se não 
estivessem. Escrever não é mais, ou apenas, um exercício de criação de sentidos, como também uma arte 
de atrair os buscadores que darão visibilidade ao texto quando uma palavra‑chave é lançada.
Imagine você quantas pessoas digitaram a palavra covid quando a Organização Mundial de Saúde 
decretou o início da pandemia desse vírus. Qual será que foi o primeiro link que os buscadores localizaram 
em cada país? Pois foi essa a informação mais consumida daquele momento.
Diferentemente das manchetes que povoam em letras garrafais as primeiras páginas dos impressos, 
agora são os buscadores que jogam sua lente de aumento para um link em detrimento de milhões 
de outros. O que os diferencia é um conceito que começa no texto e passa por uma série de outros 
atributos. Falamos de uma das mais importantes palavras do léxico contemporâneo: a relevância. 
Relevância é como uma árvore de conhecimento. A estrutura básica do 
sistema de relevância na ciência da informação é uma dualidade: a relevância 
de tópicos e a relevância do usuário. Cada uma tem seus galhos e devem ser 
bem exploradas, mas fazem parte da mesma árvore (Saracevic, 2007a, p. 1931, 
tradução nossa).
Essa conceituação mostra que relevância é algo que transcende o algoritmo e chega nas 
subjetividades dos usuários. Nessa árvore, cabe ao jornalista a sensibilidade de produzir algo que 
vá ao encontro não apenas dos desejos instantâneos de informação, mas daquilo que de fato o seu 
leitor necessita.
Outro ponto fundamental entre as habilidades jornalísticas que jamais perderão espaço é a 
capacidade desse profissional de discernir e separar a verdade factual daquilo que apenas se parece com 
ela ou mesmo que o senso comum aponta. Separar o joio do trigo com critério e apuração, mais do que 
importante, torna‑se fundamental nesse mar de informações falsas que inunda a rede. É o profissional 
de jornalismo, desempenhando sua função com criticidade e ética, o porto‑seguro de uma navegação 
digital, por mais conturbados que esses oceanos possam se apresentar.
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
5.3 A inteligência artificial: aliada ou concorrente?
Entre as coisas mais tristes que podem cruzar a linha de um professor de jornalismo está a 
possibilidade de se deparar com um texto copiado pelo seu aluno de alguma publicação e assumido 
como se fosse de sua autoria.
 Observação
A inteligência artificial (IA) não é um fenômeno novo como pode 
parecer. Tem raízes na Ciência da Computação desde 1950.
Esse gesto está para o jornalismo como a corrupção está para a política: é imperdoável. O fruto do 
trabalho jornalístico é, por natureza, autoral. Forjar a autoria é baixo, vil, inadmissível; uma confissão 
de incompetência e, o pior, uma grande deslealdade com aquele que, de fato, produziu a matéria, seu 
futuro colega.
Esse quadro é uma forma de mostrar que, para nós, abrir mão da autoria simplesmente não faz 
sentido. Se amanhã os controladores de veículos de comunicação perceberem que não somos nós 
aqueles a produzir um texto, seremos solenemente descartados. Perderemos a utilidade nesse processo.
Por outro lado, é cada vez maior o contingente de informação com o qual um jornalista tem que 
lidar nos dias de hoje. Parte dessa lida é por demais mecânica e envolve muito mais transpiração 
que inspiração.
Um exemplo: diante de um texto sobre um novo medicamento para a cura de um câncer no pulmão, 
pode fazer sentido a produção de um box detalhando o trajeto da pesquisa e os principais avanços 
nessa área. Se algum tipo de tecnologia pode ajudar um jornalista a buscar, selecionar e sintetizar as 
informações sobre esse tópico, ele terá tempo de sobra para se dedicar ao coração da sua pauta, que é 
a nova droga e sua eficácia.
Identificando com clareza e, sobretudo, honestidade a diferença e a linha tênue que separam 
apropriação de pesquisa, autoria de plágio, redação de cópia, inspiração de transpiração, as ferramentas 
de inteligência artificial podem representar para essa profissão um ganho importante ou a perda total 
do seu prestígio diante da opinião pública.
Um dos maiores especialistas no tema, o professor Stuart Russell, em entrevista ao portal da 
BBC, afirma: 
Se construirmos a inteligência artificial de modo a otimizar um objetivo fixo 
dado por nós, elas (máquinas) serão quase como psicopatas − perseguindo 
esse objetivo e sendo completamente alheias a todo o restante, até mesmo 
se pedirmos a elas que parem (Iodeta, 2021).
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Unidade II
Autor de Compatibilidade humana: inteligência artificial e o problema de controle, ele defende o 
que chama de “inteligência artificial compatível com a existência humana”. Para Russell (apud Iodeta, 
2021), é preciso que nós, os humanos, saibamos impor limitações ao uso dessa tecnologia antes que ela 
nos destrua.
Em termos práticos, para o jornalismo, cabe a cada profissional oferecer aos softwares disponíveis 
os padrões de pesquisa que pretendem utilizar, levando em conta que a responsabilidade final sobre 
a informação não tem nada de artificial e pode prejudicar a sociedade, colocando em xeque o maior 
patrimônio da função social da profissão: sua credibilidade.
6 O JORNALISTA PF X PJ
Em função de uma série de fenômenos que influenciaram diretamente os meios de comunicação 
desde os anos 1990, o espaço para o trabalho com registro em carteira foi diminuindo ano a ano e 
dando lugar a novos formatos de produção.
O mesmo processo que arrastou boa parte do setor de serviços também atingiu o coração da 
indústria jornalística. Surge, então, a figura do jornalista PJ (sigla que identifica a atuação profissional 
como pessoa jurídica). Há duas dimensões importantes para esse fenômeno.
Na primeira delas, encontramos jornalistas atuando dentro das redações com horários e obrigações 
típicos do regime correspondente a quem tem registro que obedece à Consolidação das Leis do 
Trabalho (CLT), porém com vínculo efetivado como pessoas jurídicas. Essa relação irregular se dá a partir 
de contratos de trabalho como se a empresa do jornalista estivesse prestando serviços terceirizados de 
produção de conteúdo para o meio de comunicação que o contrata.
Essa distorção vem tomando conta das redações desde que, como já vimos na unidade I, o modelo 
de negócios do jornalismo, em especial dos veículos impressos, entrou em declínio. As obrigações 
trabalhistas da legislação brasileira impõem uma carga tributária que faz do trabalho regular um 
investimento muito maior do que essa relação aparentemente empresarial.
Dentro desse formato, nos cargos diretivos também são comuns contratações mistas, com uma 
parte do salário na forma da CLT e outra como pessoa jurídica. O campo da pejotização abrange não 
apenas redações, como também assessorias de imprensa e departamentos de comunicação de empresa 
públicas e privadas. 
Apesar de o tema pejotização ser uma realidade há anos em muitas redações 
por todo o país, a discussão do assunto ainda é motivo de constrangimentos, 
silêncio e omissão por parte de veículos de comunicação e também por 
parte de assessorias de imprensa, públicas e privadas (Silva, 2014, p. 29).
O jornalista PJ não é nem um funcionário, na medida em que não goza dos seus direitos trabalhistas, 
nem um empresário, já que sua estrutura pessoa jurídica existe exclusivamente para formalizar uma 
relação trabalhista precária.49
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Mesmo entendendo que esse é um fenômeno de muitas áreas de atividade, inclusive no mercado de 
comunicação (publicidade e relações públicas), no jornalismo a pejotização chegou para ficar.
A segunda dimensão do mundo PJ se estabelece em outro tipo de trabalho, mais comum no 
mundo da comunicação coorporativa e assessoria de imprensa. Aqui, falamos de pequenos núcleos 
de prestação de serviços, funcionando de forma colaborativa. No que passou a se definir como 
“produção de conteúdo” (textos para sites, redes sociais e plataformas digitais de modo geral), 
jornalistas, webdesigners, fotógrafos e publicitários autônomos se unem em projetos dividindo 
proporcionalmente custos e lucros. O profissional que conquista o cliente aciona seus parceiros, que, 
juntos exclusivamente para aquela tarefa, desempenham suas habilidades. Jornalistas entram com 
os textos, designers com a formatação, fotógrafos com imagens e publicitários com o planejamento 
de mídia e impulsionamento de posts. Nesse caso, essa constelação de PJs substitui as antigas 
agências, formando hubs de prestação de serviços sem uma sede específica, uma vez que cada um 
dos profissionais atua da própria casa onde se localizam seus home offices.
Há uma série de implicações e consequências que permeiam esse novo mundo de contratação de 
mão de obra jornalística. Procuraremos alçar um sobrevoo nesse universo identificando os melhores 
caminhos para os futuros profissionais.
6.1 O universo freelancer: vantagens e riscos
O que aqui definimos como pejotização é uma forma de atuar contrastante com o senso comum, 
que regulamenta as relações de trabalho desde a criação da CLT, em 1943.
Na sua forma mais comum, quando simplesmente substitui a contratação regular, essa modalidade 
mantém deveres enquanto subtrai direitos. O jornalista PJ não tem 13º salário, Fundo de Garantia e 
não está incluído nas regras da categoria para a previdência estatal. Se for afastado das suas funções, 
sai com o valor combinado para o tempo que trabalhou. Esse terreno normalmente é ocupado por 
jornalistas mais jovens, em início de carreira:
O novo perfil do jornalista de mercado é de um profissional cada vez mais 
jovem, com predominância de mulheres, com aptidão nata à tecnologia, 
capaz de se adaptar e assumir diversas funções simultaneamente, com 
menos poder de articulação e mais propenso a aceitar salários mais baixos. 
As redações integradas são sinônimo de mais tarefas incorporadas à rotina 
diária deste grupo profissional. Não raro, os jornalistas seniores ou veteranos 
que estão bem próximos da aposentadoria são dispensados pelos veículos de 
comunicação para a contratação de dois ou três jovens (Silva, 2014, p. 47).
Nos outros formatos, atuando de maneira autônoma, os deveres se resumem às suas entregas. 
Em outras palavras, se o jornalista foi contratado para produzir uma matéria por mês ou 10 posts por 
semana, será cobrado pelos resultados dentro de um fluxo pré‑acordado de entregas. Não há o que se 
falar sobre horários, presença física regular ou mesmo vínculos de exclusividade. Nessas dimensões de 
serviços PJ, o pagante não é um patrão e, sim, um cliente.
50
Unidade II
Muitos jornalistas, principalmente após algum tempo em rotinas extenuantes em redações hard 
news, optam por se tornar prestadores de serviços e encaram essa nova condição como uma forma 
libertária de atuar, sem amarras trabalhistas, horários e toda a sorte de problemas que o cotidiano de 
qualquer organização pode proporcionar.
Entretanto, há questões que por vezes escapam a ex‑empregados que acabam se tornando seus 
próprios patrões. Vamos a elas.
6.1.1 A segurança salarial
Fazer parte de uma folha de pagamento significa, grosso modo, que, aconteça o que acontecer, até 
o quinto dia útil do mês um valor será depositado na sua conta corrente, doa a quem doer.
Mesmo com o risco de um colapso financeiro da empresa contratante, os funcionários devidamente 
registrados em regime CLT têm prioridade no recebimento dos seus ganhos, inclusive em detrimento do 
pagamento de impostos ou de fornecedores. Como um prestador de serviços sem vínculos empregatícios, 
o jornalista deixa de ser prioridade entre os credores de uma organização. Por isso mesmo, seu risco 
aumenta consideravelmente.
As leis brasileiras também preveem multas para demissões sem justa causa, que acabam por obrigar 
o contratante a depositar o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que também pode ser sacado 
ao final do contrato quando esse se dá por iniciativa do empregador. Há também o Seguro‑Desemprego, 
previsto de forma proporcional aos ganhos do funcionário, sem contar outros benefícios exclusivos de 
categorias e seus acordos coletivos de trabalho.
Ou seja, como empregado, o jornalista, a exemplo de qualquer trabalhador brasileiro regular, reúne 
compulsoriamente um pé‑de‑meia para dias de desemprego que, como mostra a experiência, não são 
tão incomuns assim. O prestador de serviço, por sua vez, precisa sempre manter uma reserva, de modo 
que na quebra de qualquer contrato possa garantir seu sustento. Os mais experientes adotam, por regra, 
para cada dois reais ganhos, um economizado.
6.1.2 O conforto do home office
O período de isolamento no início da pandemia de covid‑19 popularizou no mundo o chamado 
teletrabalho e, com ele, a possibilidade do chamado home office – estruturas domésticas que substituem 
escritórios, de modo que o trabalhador possa desempenhar suas funções sem sair de casa.
 Lembrete
Mesmo com o fim do isolamento, essas estruturas e seu ferramental 
continuaram no cotidiano das grandes cidades e suas empresas, que 
passaram a considerar essa modalidade de trabalho como alternativa para 
seus quadros.
51
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
As segundas e sextas‑feiras foram escolhidas como os dias do trabalho em casa, o que teve 
importante impacto para o trânsito e a rotina das metrópoles. O home office também representou 
medida de economia no aluguel ou aquisição de imóveis comerciais, uma vez que as empresas passaram 
a funcionar com funcionários presenciais e não presenciais.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados da Pesquisa Nacional por 
Amostra de Domicílios Contínua (PNAD‑C) sobre o teletrabalho e trabalho por meio de plataformas 
digitais em 2022. Mais de 15 milhões de pessoas ocupadas trabalhavam de casa no final de 2022, 
correspondentes a 15,6% dos ocupados no país.
Antes do isolamento, a média de dias trabalhados de casa reportada pelos respondentes era 
de 1,4 dia por semana. Em setembro de 2022, este número havia subido para 3,5 dias. Em setembro de 
2023, foram 3,3 dias por semana, mostrando uma certa convergência para um esquema de três dias na 
semana em casa e dois no local de trabalho.
A apuração jornalística, bem como outras atividades relacionadas à área corporativa da profissão, 
ganhou em um escritório doméstico estruturas de captação de informação, registro e manuseio de 
dados de que empresas de comunicação não dispunham.
Por outro lado, em home office os períodos, os custos e o desgaste físico e psicológico de jornadas 
de deslocamento diminuíram consideravelmente, fazendo do home office uma espécie de mundo ideal 
para certo perfil jornalístico.
Por óbvio, esses novos lobos solitários em seus escritórios domésticos perdem em interações de 
equipe que só o convívio físico pode proporcionar. Entretanto, como diz o ditado, não há como fazer 
omeletes sem quebrar os ovos.
6.2 O momento de abrir uma empresa
Dentro do cenário do jornalismo contemporâneo, seja aquele praticado nas redações, passando pelas 
novas modalidades de organização do trabalho e levando em conta que desde sempre essa categoria 
profissional lidou com a figura do freelancer como opção de trabalho, a ideia de abrir uma empresa está 
cada vez mais presente em todos os momentos da vida de um jornalista.
Antes das grandes transformações vividas com o advento da internet, a abertura de uma empresa 
era algoque se reservava para um momento de maturidade profissional, quando o jornalista disputaria 
possibilidades de ganho incompatíveis com a contratação CLT.
Entretanto, o fenômeno da pejotização associado à facilitação da abertura das MEIs, microempresas 
individuais, fizeram com que o mercado passasse a ter novas possibilidades de contratação em 
modalidades das mais diversas, tanto para jornalistas experientes quanto para iniciantes.
52
Unidade II
Não ter uma estrutura jurídica como opção de contratação pode ser um obstáculo para a conquista 
de uma oportunidade de trabalho ou de novas portas que se abririam se o jornalista estivesse preparado 
para acessá‑las. Porém, dependendo do tipo de desenvolvimento profissional que uma carreira pode 
indicar, a escolha de uma personalidade jurídica pode trazer certa complexidade.
Se o jornalista pretende atuar em uma área específica, pode valer a pena pensar em um plano de 
negócios ou mesmo na associação com colegas que tenham habilidades sinérgicas. Entidades ligadas ao 
mundo do empreendedorismo podem auxiliar o jornalista nesse sentido.
A variedade de empresas jornalísticas que hoje habitam o mercado brasileiro pode demandar modelos 
jurídicos também diversos, e caberia a um contador ou mesmo a um advogado uma orientação sobre o 
que o profissional deve escolher.
6.3 Formatos jurídicos de atuação (MEI, RPA, cooperativas, coletivos etc.)
Entre os formatos jurídicos mais adequados para a atuação de um jornalista no início da sua 
carreira está o microempreendedor individual (MEI). Com baixa carga tributária e facilidades para a 
sua constituição, essa modalidade tem atraído legiões de profissionais de jornalismo.
Existem algumas exigências para ser um MEI. Uma delas é quanto ao faturamento, que deve ser 
no máximo de R$ 81 mil ao ano, ou R$ 6.750,00 ao mês. O MEI não pode ter um sócio ou sócia 
na pequena empresa que deseja formalizar e também não pode ser sócio ou administrador de outra 
empresa, de sociedade empresária de natureza contratual ou administrador de sociedade empresária, 
sócio ou administrador em sociedade simples. O MEI pode ter, no máximo, um empregado, que receba 
um salário mínimo ou o piso da categoria. Esse empreendedor também não pode ser servidor público 
federal em atividade.
Outra possibilidade de formalizar uma contratação pode ser a emissão de um Recibo de Pagamento 
Autônomo (RPA), um documento que deve ser emitido por quem contratou o serviço e permite 
comprovar o pagamento a pessoas físicas sem caracterizar o vínculo como CLT. Com um contrato 
RPA, pode‑se recolher do valor final os tributos recolhidos pelo contratante, como o contribuído para 
o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) e o Imposto 
sobre Serviços (ISS).
A alíquota de INSS do RPA é de 11% sobre o valor total dos serviços, respeitando um limite mensal 
máximo para contribuição previdenciária. Já o IRRF segue a tabela progressiva que isenta da contribuição 
as remunerações até R$ 2.824,00. O ISS incide independentemente do valor, com uma alíquota que 
pode variar de 2% a 5%, a depender do município e tipo de serviço prestado.
É muito importante formalizar as regras do vínculo em um contrato entre a empresa e o profissional, 
especificando valores, datas de início e fim da prestação, forma de rescisão, entre outros detalhes que 
protegem os direitos de ambas as partes.
53
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Tanto o MEI quanto o RPA, como vemos, são formas de legalizar relações de trabalho fora do regime 
da CLT e diante de ganhos limitados. Para além dos limites aqui definidos, um jornalista PJ tem opções 
que vão de empresas regulares a cooperativas, dependendo do modelo de negócios.
Cada jornalista, ao longo da sua trajetória, pode e deve estar atento às alternativas que o Estado 
proporciona no sentido de manter‑se, ao mesmo tempo, disponível para o que o mercado tem a 
oferecer e minimamente protegido diante do seu futuro, com os riscos e ameaças inerentes à profissão.
 Saiba mais
Para realizar o cadastro e se tornar MEI é simples. Acesse o site do 
Governo Federal e siga o passo a passo.
Disponível em: https://tinyurl.com/3kz4m58d. Acesso em: 18 abr. 2024.
6.4 Proteção social: saúde, aposentadoria e segurança
Até 1996, todo jornalista poderia se aposentar ao completar 30 anos de profissão e recebendo o 
salário integral. Entretanto, a Lei n. 3.529/1959 foi revogada e convertida na Lei n. 9.528/1997. Mesmo 
com os riscos inerentes à profissão, os profissionais de jornalismo não fazem mais parte do grupo de 
atividades previstas para a aposentadoria especial. Desse modo, jornalistas estão enquadrados nas 
regras normais e vigentes de previdência no Brasil.
Os trabalhadores PJ precisam ficar atentos a essa questão, sob o risco de perderem parcial ou 
totalmente a possibilidade de uma velhice com o mínimo de segurança financeira. O profissional que 
trabalha sob a forma de pessoa jurídica pode contribuir para a Previdência Social ou adotar um plano 
de Previdência Privada.
As variações mensais de renda de um PJ exigem desse profissional um cuidado redobrado para 
planejar o seu orçamento e os seus investimentos. O benefício pago pelo INSS para quem contribui 
como PJ está limitado a um teto, que hoje gira em torno de R$ 5,8 mil. Portanto, no horizonte de um 
jornalista que segue essa trajetória, um plano privado pode ser essencial.
No campo da saúde não é diferente. O Sistema Único de Saúde (SUS), embora mundialmente 
conhecido por sua abrangência e universalidade no atendimento, tem limitações mais do que 
evidentes. Jornalistas celetistas normalmente gozam de planos e convênios subsidiados por empresas 
de comunicação. Uma vez pejotizados, devem buscar no mercado uma forma de proteção que também 
possa incluir cônjuges ou dependentes.
A precarização do trabalho quando levada para a realidade do trabalho no hard news coloca os 
jornalistas em um patamar de segurança ainda mais sensível. Assim, os jornalistas perderam o direito a 
aposentadoria especial, apesar de a profissão ainda representar risco para os profissionais.
54
Unidade II
O relatório Monitoramento de ataques a jornalistas no Brasil, editado pela Associação Brasileira de 
Jornalismo Investigativo (Abraji), revelou, em 2022, 557 ataques a jornalistas, fotojornalistas, produtores 
de conteúdo, diretores ou editores de empresas midiáticas e trabalhadores da imprensa, meios de 
comunicação e mídia de modo geral.
Segundo o documento, em 145 casos, as agressões apresentaram traços explícitos de violência de 
gênero e/ou vitimaram mulheres jornalistas. Os discursos estigmatizantes, forma de violência verbal 
que busca minar a credibilidade de profissionais e veículos midiáticos, são a forma de ataque mais 
comum – alcançando 61,2% dos alertas em 2022. Os episódios de agressões físicas, intimidação, 
ameaças e/ou destruição de equipamentos atingiram 31,2% do total de ataques registrados no último 
ano – um crescimento de 102,3% em relação a 2021. Em 56,7% dos casos gerais, os agressores foram 
agentes estatais, como políticos e/ou funcionários públicos. Do total, 31,6% dos ataques estiveram 
ligados à cobertura eleitoral. Nesse cenário, mesmo os jornalistas assistidos por estruturas jurídicas 
de grandes eventos sentem‑se ameaçados no exercício de suas funções. O que dizer daqueles que 
trabalham em regime PJ?
Vale aqui a importância de a categoria fortalecer seus laços associativos, assim como reforçar a 
presença em entidades como a própria Abraji, sindicatos e entidades de proteção aos Direitos Humanos 
que têm estruturas de defesa dos profissionais, para além da formalização das relações trabalhistas.
 Saiba mais
Cada estado do país tem o próprio sindicato de jornalistas. O de São 
Paulo, por exemplo, é o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de 
São Paulo (SJSP). Para mais informações, acesse o site do SJSP.
Disponível em: https://sjsp.org.br/. Acesso em: 18 abr. 2024.
6.5 A remuneração: pisos da categoriae tabelas de prestação de serviços
Os pisos salariais de jornalista no Brasil variam entre R$ 1,9 mil e R$ 4,5 mil mensais, com 
40% dos salários de referência na casa de R$ 2 mil mensais, para uma jornada diária de 5 horas 
trabalhadas. É o que revela a pesquisa Panorama da mobilização e negociação salarial nos sindicatos 
de jornalistas, realizada em agosto de 2023 pela Secretaria de Mobilização, Negociação Salarial e 
Direito Autoral da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
 Observação
A Fenaj foi criada em 1946 com a função de representar os profissionais 
da área, tendo 27 sindicatos estaduais e 4 municipais. 
55
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
O estudo identificou seis bases territoriais sindicais com salários variando entre R$ 1,9 mil e 
R$ 2,1 mil. São elas: Pernambuco (R$ 2.140,00), Juiz de Fora (R$ 2.100,00), Paraíba (R$ 2.000,00), 
Rondônia (R$ 2.000,00), Rio Grande do Norte (R$ 1.941,58) e Pará (R$ 1.900,00).
Entre as localidades com melhores médias estão São Luís do Maranhão, Distrito Federal, Rio Grande 
do Sul e Santa Catarina, com pisos salariais que ultrapassam os R$ 3 mil. Apenas dois estados apresentam 
pisos unificados para jornalistas acima de R$ 4 mil: Alagoas (R$ 4.572,03) e Paraná (R$ 4.233,60).
Entre os profissionais que atuam em rádio e TV, a melhor remuneração ficou com o Ceará, atingindo 
R$ 3.189,64. Minas Gerais estabeleceu um piso para TV e produtoras de R$ 2.886,93. No Espírito Santo, 
o piso para a televisão é de R$ 2.472,56 (aplicável à Grande Vitória). São Paulo utiliza uma jornada de 
trabalho de 7 horas, dificultando comparações diretas, com valores de piso variando entre R$ 3.540,11 
e R$ 5.657,73.
Entre jornais e revistas, a Bahia tem o valor mais elevado registrado, de R$ 4.331,20. Nas assessorias 
de imprensa/comunicação, São Luís (MA) estabeleceu o maior piso, de R$ 5 mil. São Paulo tinha 
um piso até 2013, quando o sindicato patronal deixou de reconhecer o SJSP como representante 
da categoria.
No jornalismo digital, apenas o Espírito Santo e o município do Rio de Janeiro mencionam pisos, que 
variam de R$ 2.433,01 a R$ 2.487,96 (RJ) e de R$ 1.908,32 a R$ 2.496,79 (ES).
No mundo da pejotização, uma referência que pode ser utilizada é a Tabela de Preços de 
Referência dos jornalistas, publicada pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São 
Paulo, Associação Brasileira de Propriedade Intelectual dos Jornalistas, Associação dos Cartunistas 
do Brasil e a Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos de São Paulo. A tabela é 
reajustada anualmente a partir de 1º de junho de cada ano, data que coincide com a data‑base de três 
segmentos da categoria: jornais e revistas da capital, jornais e revistas do interior e litoral e assessoria 
de imprensa.
Os valores, definidos conforme aprovação de cada segmento, são aqueles considerados suficientes 
para que o profissional jornalista viva dignamente do seu trabalho. Para a realização de trabalhos com 
níveis maiores de complexidade, em maior volume, frequência ou ainda que exijam o concurso de 
profissionais mais experientes ou especializados, esses valores devem ser negociados.
Como obra intelectual, o fruto do trabalho jornalístico é protegido pela Lei n. 9.610/1998, dos 
Direitos Autorais, e sua contratação não pode ser confundida com a de uma prestação de serviço. 
Segundo a Lei, sobre toda obra intelectual incidem direitos autorais, tanto patrimoniais quanto morais. 
Estes últimos são inegociáveis e inalienáveis, restando indefinidamente associados ao próprio autor. 
Já os direitos patrimoniais podem ser cedidos ou licenciados mediante o devido pagamento. Isso 
significa que o jornalista pode vender o direito de publicação daquilo que produz, mas sua autoria 
deve ser sempre reconhecida e publicada.
56
Unidade II
A hora de trabalho para a elaboração de projetos de assessoria de imprensa e o atendimento de 
contas (com reunião de briefing, planejamento, produção, textos, relacionamento com a imprensa e 
fechamento e avaliação, com um mínimo de 15 horas) está avaliado em R$ 446 por hora na tabela 
em vigor até 2023. O preço por lauda (1.400 toques com espaços) de uma reportagem pode variar de 
R$ 365 a R$ 547, dependendo do número de fontes consultadas. A revisão de textos pode custar cerca 
de R$ 31 por lauda e a tradução, R$ 76. Discursos figuram com custos de R$ 570 por lauda.
Esses valores variam de acordo com cada localidade e suas características, e são regulados pela 
implacável relação de oferta e procura. Em tempos de vacas magras, as negociações podem esmagar 
seus valores de referência em nome da sobrevivência de profissionais. Nos momentos de bonança, por 
outro lado, esse tabelamento pode servir como piso para as negociações.
Para além do que as entidades de classe preconizam, um jornalista precisa fortalecer sua rede de 
relacionamentos e desenvolver seus próprios parâmetros de precificação, de modo a garantir uma 
atuação com ganhos justos e sustentáveis.
 Saiba mais
Em matéria do Fenaj de setembro de 2023, são comparados os pisos da 
categoria em relação às horas de serviços prestados. Para conferir a matéria 
na íntegra, acesse o site da entidade.
PISOS salariais de jornalistas variam entre R$ 1,9 mil e R$ 4,5 mil 
mensais para jornada de 5 horas. Fenaj, 20 set. 2023. Disponível em: 
https://tinyurl.com/muwxcsvr. Acesso em: 18 abr. 2024.
7 MERCADO DE ATUAÇÃO NO SETOR PÚBLICO
A redemocratização do país, nos anos 1980, levou o Estado brasileiro a uma nova dimensão da 
gestão de comunicação social e seu papel nos órgãos de governo. Se, no período autoritário, essa 
relação se dava no limite protocolar e oficialista, em tempos democráticos o diálogo com a sociedade, 
mais do que importante, passa a ser essencial.
Órgãos de Estado e Governo tiveram que se habituar à mediação exercida pelos veículos que, por sua 
vez, passaram a recusar a passividade de reproduzir notas oficiais e comunicados, investindo fortemente 
em investigação jornalística e passando, de fato, a exercer seu papel fiscalizador, agora amparados pela 
Constituição Federal de 1988.
Mais adiante, em final dos anos 1990 e na primeira década dos anos 2000, o próprio governo passa 
a atuar como um disseminador de comunicação, num primeiro momento a partir de canais estatais e 
públicos (como TV Justiça e EBC) e depois na rede mundial de computadores.
57
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Nos dois casos, jornalistas passam a ser mão de obra essencial, se somando àqueles contratados 
pelas assessorias de imprensa e departamentos de comunicação nas diversas esferas de governança.
Segundo a última edição da pesquisa Perfil do Jornalista Brasileiro (Lima et al., 2022), mais de 
1/3 dos jornalistas brasileiros (34,9%) trabalham fora da mídia, em atividades de assessoria de imprensa 
ou comunicação, produção de conteúdo para mídias digitais ou outras ações que utilizam conhecimento 
jornalístico. Segundo o relatório da pesquisa, 
o maior percentual desses trabalhadores […] indicou que sua atividade 
principal é realizada em assessorias de imprensa (43,4%), compreendendo 
a assessoria como uma organização que tem como atividade principal o 
relacionamento com os veículos noticiosos e não como a atividade em si, que 
pode ser realizada em outros tipos de organizações (Lima et al., 2022, p. 67).
Fora da mídia, os jornalistas elegeram de forma preferencial o setor público como área de atuação. 
Os jornalistas também têm como meios profissionais preferenciais fora da mídia empresas ou órgãos 
públicos (17,1%), agências de comunicação (15,1%) e organizações do terceiro setor ou da sociedade 
civil (10%). O relatório também revela que, 
dos que atuam no setor público (38,7%) o maior percentual está na esfera 
estadual (14,8%), seguida pela municipal (12,9%) e federal (11%) e há um 
pequeno percentual (5,4%) dos que atuam em organizações de propriedade 
mista (público e privada) (Lima et al., 2022, p. 68).
Ainda segundo a pesquisa, esses jornalistas se distribuem entre o Poder Executivo(24,2%), o 
Legislativo (6,9%), o Judiciário (2,3%) e no Ministério Público (0,9%). No entanto, 6,6% afirmaram 
trabalhar em outros órgãos que se posicionam entre o setor público e o privado, como autarquias, 
conselhos de classe, empresas, institutos e fundações públicas e universidades, entre outros.
7.1 Concursos
A Constituição Federal de 1988 garantiu aos funcionários públicos concursados estabilidade no 
emprego. Essa conquista permitiu que profissionais das mais diversas áreas olhassem para o setor 
público como um cenário de trabalho estável e, ao longo dos anos que sucederam a promulgação da 
Carta Magna, organizado em termos de carreira, ganhos e oportunidades.
Enquanto o setor privado experimentava crises sucessivas, sobretudo após a chegada da internet, 
o mundo público formava uma legião de servidores de alto nível, bem pagos e capazes de sustentar 
serviços públicos de alta complexidade. Jornalistas fazem parte desse grupo seleto.
58
Unidade II
No período de 2013 a 2023, foram realizados mais de 290 concursos de comunicação social no 
Brasil. Em média, tivemos 27 editais por ano. Esses números fazem parte do estudo Dicas para passar 
em concursos de comunicação social, de Aldo Schmitz (2023), pesquisador que se debruça sobre essa 
área há muitos anos.
A pesquisa selecionou 220 concursos, considerando as principais bancas e a remuneração superior 
a três salários mínimos. Houve uma queda do número de concursos a partir 2018, por conta da crise 
político‑econômica e da covid‑19.
A maioria dos concursos públicos na área da comunicação social é destinada a egressos do curso de 
jornalismo (94,6%) e poucos em relações públicas (4,6%), publicidade e ocupações correlacionadas (0,8%). 
Segundo Schmitz (2023, p. 12), “há uma preferência pelo jornalista pelo seu domínio de técnicas e práticas 
jornalísticas aplicadas à assessoria de imprensa e redes sociais digitais”.
O estudo analisou quase 11 mil questões de 44 bancas examinadoras. A maior parte das bancas (51%) 
se destinava ao Poder Executivo, 22% ao Judiciário, 19% ao Legislativo e 8% a autarquias (conselhos 
federais e estaduais, agências reguladoras etc.). 
Cerca de 59% das questões dos concursos de Comunicação Social são de 
conhecimento específico, a maioria com peso 2. Nesse quesito, o maior 
número de perguntas está relacionado a comunicação organizacional (23,6%), 
seguido por jornalismo (12,5%), comunicação digital (10,7%), assessoria de 
imprensa (6,8%), editoração e produção gráfica (6,5%), relações públicas (6%) 
e teorias da comunicação (4,1%) (Schmitz, 2023, p. 12).
Com menor frequência, o estudo também identificou questões sobre relações com a mídia (3,4%), 
publicidade e propaganda (3,4%), marketing (3,3%), redação jornalística (3,3%), telejornalismo (2,8%), 
legislação da comunicação (1,9%), ética (1,7%), webjornalismo (1,5%), teorias do jornalismo (1,4%), 
comunicação interna (1,3%), publicações (1,3%), história da comunicação (1,1%), gestão de crises (1%), 
jornalismo impresso (1%), radiojornalismo (1%) e fotojornalismo (0,4%).
Ainda segundo Schmitz (2023), dentro dessas áreas os temas mais requisitados pelas bancas são 
comunicação integrada, a estrutura da comunicação interna, o papel e as funções de assessoria de 
imprensa, o release, o media training, as redes sociais, além das teorias de comunicação (indústria 
cultural, estudos culturais, comunicação de massa, teoria hipodérmica, o meio e a mensagem) e do 
jornalismo (gatekeeping, agenda setting, newsmaking, teoria organizacional, espiral do silêncio, teoria 
do espelho e valor‑notícia).
59
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
 Saiba mais
Para compreender mais do material abordado em alguns concursos, 
acesse a leitura complementar:
BUENO, W. C. Comunicação empresarial. São Paulo: Companhia das 
Letras, 2002.
BUENO, W. C. Estratégias de comunicação nas mídias sociais. Barueri: 
Manole, 2015.
DUARTE, J. (org.). Assessoria de imprensa e o relacionamento com a 
mídia. São Paulo: Atlas, 2011.
DUARTE, J. (org.). Comunicação pública: Estado, mercado, sociedade e 
interesse público. São Paulo: Atlas, 2007.
LAGE, N. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa 
jornalística. São Paulo: Record, 2001.
REGO, F. G. T. Jornalismo empresarial: teoria e prática. São Paulo: 
Summus, 1987.
7.2 Áreas de atuação
As assessorias de imprensa, muito embora sejam mais numerosas em oferta para atuação na área 
pública, não são as únicas atribuições para um jornalista que pretende ter o Estado como seu patrão.
As emissoras estatais e públicas de comunicação não apenas transmitem a atividade dos órgãos 
públicos que representam como também utilizam tais informações em programas periódicos, 
educacionais e em documentários que usam os próprios conteúdos gerados como matéria‑prima.
A TV Câmara, por exemplo, além de documentar as sessões do Plenário da Câmara Federal e 
suas comissões, também transmite programas que usam a temática legislativa como pauta. Seus 
jornalistas também se ocupam de trabalhos especiais, como documentários sobre a Constituição ou 
mesmo sobre legislações que marcaram época, como a Lei Maria da Penha.
Mesmo no âmbito organizacional, o trabalho de um jornalista no Poder Público pode alçar voos 
importantes e que seriam raros se estivesse na mesma posição na iniciativa privada. Empresas públicas 
ou mistas, como a Petrobras, têm orçamentos maiores que países inteiros.
60
Unidade II
As estruturas de comunicação dessas organizações exigem trabalhos de uma complexidade que 
empresas particulares não alcançam. Imagine estabelecer uma rotina de comunicação interna com 
trabalhadores que atuam em plataformas de petróleo em alto mar ou mesmo planejar uma campanha 
de vacinação para centenas de milhões de pessoas.
Os desafios de um jornalista nesse setor ganham contornos de altíssima especialização que podem 
demandar conhecimentos que transcendem suas funções básicas, extrapoladas para a gestão pública, 
tal a importância da comunicação social em todos os processos que envolvem o mundo estatal.
Diante de desafios dessa natureza, mesmo levando em conta preconceitos atávicos em relação à 
atuação de jornalistas na área pública, esse segmento pode ser uma referência de profissionalismo e 
segurança profissional para essa categoria.
8 A ACADEMIA COMO POSSIBILIDADE DE TRABALHO E ESTUDO
A graduação em Jornalismo não pode ser o último passo para um profissional que pretende manter‑se 
atualizado diante das imensas transformações que o seu segmento de atuação vem experimentando 
nos últimos anos. A exemplo de outras áreas de atuação humana, o jornalismo demanda respostas que 
a mera atuação nas fileiras das redações e empresas de comunicação não é capaz de suprir.
O mercado cada vez mais se coloca em um patamar de consumidor de tecnologias que não 
desenvolve, e o jornalismo, como ofício, pode tornar‑se mero usuário de softwares e hardwares que 
não elaborou, pouco conhece e opera com demasiada limitação e resistência.
 Lembrete
A inteligência artificial é um ótimo exemplo. A passividade do mercado 
em relação aos seus limites coloca em risco a credibilidade jornalística.
Só a academia proporciona o ambiente de debate e produção de conhecimento capaz de elevar 
a profissão aos patamares que já ocupou antes da era tecnológica: como mediadora social entre os 
centros de poder e a sociedade.
O campo acadêmico da comunicação, por muitos anos, olhou para a produção mercadológica como 
terreno de estudo e pesquisa. Diferentemente de outras áreas do saber, no jornalismo a universidade não 
interferia no ferramental tecnológico jornalístico, mas buscava compreendê‑lo e sistematizá‑lo para o 
ensino da profissão.
Essa abordagem tecnicista necessita somar‑se a uma visão crítica capaz de colocar a tecnologia a 
serviço da profissão, e não o contrário: 
Temos que fazer essa reflexão com certa urgência já que se continuarmos 
a repetir em sala, sem a crítica necessária (o que reflete a má formação 
61
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
do docente)as fórmulas ditadas pelo mercado de trabalho estaremos 
rapidamente colocando por terra alguns propósitos da universidade, como 
o de criar massa crítica de reflexão da sociedade e o de gerar conhecimentos 
que visem a contínua construção da cidadania (Ramadan, 2001, p. 5).
O egresso da graduação precisa compreender que a academia é o seu momento de pensamento 
crítico, de reformulação de convicções e princípios norteadores do seu trabalho.
Isso se dá a partir de duas abordagens complementares. A primeira é a tomada de consciência 
sobre a demanda da chamada educação continuada. A segunda diz respeito aos campos de pesquisa e 
docência na comunicação.
8.1 A ideia do ensino continuado
O conceito de educação continuada ou permanente surgiu na 15ª Conferência Geral da Unesco, em 
1968, que analisava a crise da educação no pós‑guerra. Era um conceito que visava essencialmente, 
após meio século de guerras, a uma educação para a paz.
Retomado no Ano Internacional da Educação (1970), o conceito ganhou novos contornos em países 
em desenvolvimento como o Brasil, principalmente nas políticas de educação de adultos. 
Os anos 90, marcados pela crise do emprego e pelas competitividades 
de mercados e de profissionais, recolocaram a importância da Educação 
Continuada, em face particularmente da facilidade de sua concretização pela 
abrangência social dos meios eletrônicos, sobretudo a televisão e a informática 
com seus sistemas de rede (Vilarinho, 2001 p. 6).
As tecnologias digitais levaram o mundo a uma nova aceleração no processo de mudanças. Em 
outras palavras, jamais nos transformamos tão rapidamente e dificilmente reduziremos essa velocidade. 
Esta intensa relação do homem contemporâneo com a tecnologia determina 
que a Educação Continuada se fundamente na perspectiva de que a cognição 
e os processos de construção do conhecimento resultam de redes complexas 
nas quais interagem atores que sintetizam dimensões humanas, biológicas 
e técnicas. Significa compreender que fora da coletividade, desprovido de 
tecnologias intelectuais, o homem não pensa (Vilarinho, 2001 p. 7).
Apenas um mergulho profundo e permanente na complexidade desse mundo que despontou pode 
gerar as condições necessárias para que um jornalista atue com o ferramental atualizado e a necessária 
massa crítica em relação ao seu próprio trabalho e papel social.
Não há outro espaço para esse desenvolvimento senão a academia. Entender que o estudo não 
é apenas uma questão de formação, mas uma demanda constante de desenvolvimento, coloca 
a Comunicação Social, em definitivo, entre as áreas de pesquisa e produção de conhecimento mais 
importantes da contemporaneidade.
62
Unidade II
8.2 A pós‑graduação lato sensu e stricto sensu e a pesquisa como forma de 
reinterpretar o mercado
Dentro da academia há duas alamedas pelas quais o ensino continuado é capaz de trafegar. 
No terreno da pós‑graduação, é possível prosseguir pelo lato sensu e/ou pelo stricto sensu.
Na primeira alternativa, temos os cursos de especialização. Em turmas menores, formadas por 
estudantes maduros, esses cursos representam uma nova dimensão para o desenvolvimento do 
saber. Menos focadas em competências e habilidades e mais centradas no aprendizado crítico, as 
especializações representam um ambiente capaz de levar o estudante a uma relação de prazer diante do 
conhecimento, com uma ambiência mais do que propícia ao ensino continuado. Nas especializações, o 
pós‑graduando também estará diante de uma rede de relacionamentos, dos professores (normalmente 
mestres e doutores) aos estudantes (de um modo geral diferenciados em relação à média da graduação).
A outra alameda que se abre seguirá na produção do conhecimento através da pesquisa metodológica: 
é o stricto sensu, que se traduz nos programas de mestrado ou doutorado. Esses programas se apresentam 
com linhas de pesquisa a partir das quais os alunos desenvolvem suas propostas de dissertação (no caso 
do mestrado) e tese (no caso do doutorado). A diferença fundamental entre as duas propostas é que o 
doutoramento exige uma pesquisa inédita na sua respectiva área, enquanto a dissertação, no mestrado, 
pode discorrer sobre um recorte temático, sem essa exigência.
Em termos de funcionamento, o stricto sensu oferece uma gama de disciplinas relacionadas à sua 
linha de pesquisa, com uma exigência de créditos (presença e aprovação em cada matéria). Ao longo desse 
período de aulas, o estudante amadurece seu projeto de pesquisa. Logo em seguida, com a orientação de 
um dos docentes do programa stricto sensu, o estudante se debruça sobre o tema que deseja investigar.
Essa pesquisa é submetida, em princípio, a uma banca de qualificação que tem como objetivo 
orientar ou reorientar os caminhos percorridos pelo estudante. Em seguida, o pesquisador defende seu 
trabalho diante de uma banca examinadora. Uma vez aprovado, ele passa a ser titulado como mestre 
ou doutor na sua área.
As pesquisas dos programas stricto sensu podem ser financiadas por entidades de fomento públicas 
ou privadas, fazendo da pesquisa acadêmica uma possibilidade de trabalho remunerado.
Os pesquisadores titulados também podem se candidatar à docência em suas áreas de pesquisa, de 
forma a difundir o conhecimento produzido entre os alunos da graduação.
Em pesquisa que mapeou 109 teses defendidas em 2017, a pesquisadora Marialva Barbosa (2020) 
identificou as principiais áreas de pesquisa e suas respectivas concentrações temáticas. Estudos de 
televisão, cinema, jornalismo, imagem, publicidade e relações públicas/comunicação organizacional 
foram as áreas mais pesquisadas. Segundo a autora, 
observamos a supremacia dos estudos em torno da televisão, com claro 
domínio da ficção seriada, e na sequência as pesquisas sobre telejornalismo. 
63
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Em segundo lugar, nota‑se a crescente progressão dos estudos de cinema, 
sob as mais diferentes perspectivas, com predomínio, no ano analisado, dos 
documentários. Em terceiro lugar, aparecem os estudos de jornalismo, tendo 
como temas dominantes as transformações, confluências, configurações e 
discursividades, entre outras, do jornalismo digital (Barbosa, 2020, p. 81).
O levantamento também identificou um conjunto de trabalhos com dimensão política. São pesquisas 
na interseção entre as abordagens que privilegiam áreas (políticas da comunicação, economia política 
da comunicação, teorias políticas etc.) e as que misturam os saberes, na perspectiva da comunicação 
como saber síntese do século XXI.
8.3 A docência em Comunicação Social e Jornalismo
Dizia um velho e experiente gestor de cursos de Comunicação Social em São Paulo que os egressos 
de Jornalismo, sobretudo os que alcançaram uma posição de sucesso na área, deveriam voltar 
aos tablados universitários para devolver à sociedade aquilo que receberam a mais que a maioria dos 
seus contemporâneos.
Não é difícil entender a tese que embasa esse argumento. Segundo o IBGE, 6,87% dos brasileiros, ou 
13,4 milhões de pessoas, tinham o Superior completo em 2010. Já em 2020, houve um aumento para 
18,06% da população. Esse percentual cresceu para 19,2% em 2022. Ainda assim, grosso modo, menos 
de 20 em cada 100 brasileiros alcançam o Ensino Superior.
A docência em jornalismo, na perspectiva da educação continuada e do conhecimento produzido 
nos programas de pós‑graduação, é um outro caminho que qualquer estudante pode colocar entre as 
possibilidades a serem percorridas ao longo da sua carreira.
Segundo o Perfil do Jornalista Brasileiro 2021, a docência é uma atividade exercida por cerca de 
7,4% dos profissionais dessa área: 
A maior parte dos/as jornalistas docentes trabalha em Universidade de 
Iniciativa Privada (30%), quantitativo bastante próximo daqueles/as que 
atuam em Universidade Federal (28%). Apenas 12% da amostra possui 
vínculos simultâneos com Instituições de Ensino Superior de natureza 
diferente, ou seja, marcou mais de uma opção de resposta. Aproximadamente 
10% dos/as jornalistas docentesatuam em Centro de Ensino Superior 
Privado; e/ou em Universidade Estadual; e/ou em Universidade Confessional 
e/ou Faculdade de Iniciativa Privada, cada uma. Apenas 7% trabalham em 
Universidade Comunitária ou similar (Lima et al., 2022, p. 79).
A evolução dos quadros de professores de jornalismo no Brasil passou por diversas fases. 
Na introdução dos cursos de graduação nos anos 1960, o corpo docente era formado por profissionais 
do mercado de trabalho que não conheciam mais que as suas atribuições profissionais, ao lado de 
teóricos de ciências sociais e da linguagem que, por óbvio, jamais se debruçaram sobre a comunicação 
como área do saber.
64
Unidade II
Com tudo que a comunicação passou, dos seus primeiros momentos de academia até hoje, 
o professor de comunicação teve, tem e terá de se reinventar na mesma velocidade que a sua 
ciência caminha: 
Assim, espera‑se que o docente‑jornalista seja um professor universitário 
ciente de suas ações, sabendo da importância das concepções pedagógicas 
para a ótica da profissão, construindo uma identidade de professor reflexivo, 
logo compreendendo a relação ensino e aprendizagem e fazendo de sua 
prática docente uma tarefa profissional e de constante reflexão. Com tal 
atitude é possível melhorar não apenas a sua atividade docente como a 
própria profissionalização para consolidar ainda mais o curso de Jornalismo 
no país (Ferreira, 2013 p. 43).
Da mesma forma que o profissional de jornalismo procura agora criar um novo lugar no mundo, 
o docente que se dispõe a orientá‑lo precisa estar preparado e ciente do seu lugar e do seu papel 
na sociedade. 
As transformações ocasionadas pela cultura informática exigem do 
docente/pesquisador uma disposição para revisão e/ou atualização teórica 
e metodológica sem precedentes na história. Não estamos falando 
simplesmente em discussão em torno de currículos, estamos falando de uma 
reflexão sobre a prática do ensino de Comunicação e Jornalismo num mundo 
onde espaço e tempo ganham novos contornos (Ramadan, 2001, p. 4).
 Saiba mais
Para saber mais da história do jornalismo no Brasil, leia os livros 
recomendados:
COUTINHO, I.; PORCELLO, F.; VIZEU, A. (org.). 60 anos do telejornalismo 
no Brasil. Florianópolis: Insular, 2010.
LAGO, C.; ROMANCINI, R. História do jornalismo no Brasil. Florianópolis: 
Insular, 2007.
LUCA, T. R.; MARTINS, A. L. História da imprensa no Brasil. São Paulo: 
Contexto, 2008.
MEMÓRIA GLOBO. JN: 50 anos de telejornalismo. Porto Alegre: 
Globo, 2019.
MEMÓRIA GLOBO. Correspondentes. Porto Alegre: Globo, 2018.
65
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
 Resumo
Para uma nova comunicação, um novo jornalista deve surgir. Algumas de 
suas mais básicas competências ganharam ainda mais destaque, enquanto 
também emergiram tecnologias inovadoras.
A matriz de competências desse novo jornalista deve estar concentrada 
em quatro categorias: atuação centrada no jornalismo, equipes híbridas, 
cultura das mídias sociais e formação complementar e autodirecionada.
Entre as habilidades que compõem a raiz da produção jornalística, 
a produção textual continua no topo da pirâmide. Mesmo diante de 
previsões pessimistas, o texto persiste nos meios digitais como um código 
indispensável. É o velho texto que percorre aplicativos de mensagens, redes 
sociais e, é importante frisar, vídeos, músicas e memes. Escrever não é mais, 
ou apenas, um exercício de criação de sentidos, também é uma arte de 
atrair os buscadores que darão visibilidade ao texto. 
Por outro lado, é cada vez maior o contingente de informação com 
o qual um jornalista tem que lidar nos dias de hoje. Parte dessa lida é 
por demais mecânica e envolve muito mais transpiração que inspiração. 
Se algum tipo de tecnologia pode ajudar um jornalista a buscar, selecionar 
e sintetizar as informações sobre um tópico específico, ele terá tempo 
de sobra para se dedicar ao coração da sua pauta. Identificando com 
clareza e, sobretudo, honestidade a diferença e a linha tênue que separa 
apropriação de pesquisa, autoria de plágio, redação de cópia, inspiração de 
transpiração, as ferramentas de inteligência artificial podem representar 
para essa profissão um ganho importante ou a perda total do seu prestígio 
diante da opinião pública.
Essa avalanche de funções e informações digitais influenciou 
diretamente os meios de comunicação desde os anos 1990, alterando as 
relações profissionais. O espaço para o trabalho com registro em carteira 
foi diminuindo ano a ano e dando lugar a novos formatos de produção.
Surge então a figura do jornalista PJ (sigla que identifica a atuação 
profissional como pessoa jurídica). Há duas dimensões importantes para 
esse fenômeno. O caminho do que aqui definimos como pejotização é uma 
forma de atuar que contrasta com o senso comum que regulamenta as 
relações de trabalho desde a criação da CLT, em 1943.
66
Unidade II
O jornalista PJ pode atuar, na sua forma mais comum, quando o 
empregador simplesmente substitui a contratação regular por uma nota 
fiscal, mantendo os deveres intactos e subtraindo direitos.
Nos outros formatos, atuando de forma autônoma, os deveres se 
resumem às suas entregas. Se o jornalista foi contratado para produzir uma 
matéria por mês ou 10 posts por semana, será cobrado pelos resultados 
dentro de um fluxo pré‑acordado de entregas.
Essa flexibilidade nas relações virou regra no período de isolamento no 
início da pandemia de covid‑19, com a adoção do home office – estruturas 
domésticas que substituem escritórios, de modo que o trabalhador 
possa desempenhar suas funções sem sair de casa. Mesmo com o fim do 
isolamento, essas estruturas e seu ferramental continuaram no cotidiano 
das grandes cidades e suas empresas, que  passaram a considerar essa 
modalidade de trabalho como alternativa para seus quadros.
Simultaneamente a todo esse processo, em final dos anos 1990 e na 
primeira década dos anos 2000, o próprio governo passa a atuar como 
um disseminador de comunicação, num primeiro momento a partir de 
canais estatais e públicos (como TV Justiça e EBC) e depois na rede mundial 
de computadores.
Nos dois casos, jornalistas passam a ser mão de obra essencial, 
se somando àqueles contratados pelas assessorias de imprensa e 
departamentos de comunicação nas diversas esferas de governança.
As habilidades e competências desse jornalista do novo milênio 
também exigiram um novo processo de formação: a educação continuada. 
A graduação em Jornalismo não pode ser o último passo para um 
profissional que pretende manter‑se atualizado. A exemplo de outras 
áreas de atuação humana, o jornalismo demanda respostas que a mera 
atuação nas fileiras das redações e empresas de comunicação não são 
capazes de suprir.
O mercado, cada vez mais, se coloca em um patamar de consumidor 
de tecnologias que não desenvolve, e o jornalismo, como ofício, pode 
tornar‑se mero usuário de softwares e hardwares que não elaborou, pouco 
conhece e opera com demasiada limitação e resistência.
Só a academia proporciona o ambiente de debate e produção de 
conhecimento capaz de elevar a profissão aos patamares que já ocupou 
antes da era tecnológica.
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
A docência em jornalismo, na perspectiva da educação continuada e 
do conhecimento produzido nos programas de pós‑graduação, é outro 
caminho que qualquer estudante pode colocar entre as possibilidades a 
serem percorridas ao longo da carreira.
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Unidade II
 Exercícios
Questão 1. Leia o texto a seguir:
Conheça o perfil do novo jornalista no mercado atual
Em outros tempos, a comunicação social resumia‑se à redação, ao rádio e à TV. Nos dias de hoje, 
isso tudo se tornou insuficiente para ser um bom novo jornalista. Com essas mudanças, a máquina 
de escrever saiu de cena para a entrada dos computadores e smartphones. Conheça o perfil do novo 
jornalista no mercado atual, diante das inovações tecnológicas e as influências da globalização.
Existem inúmeros aplicativos que auxiliam na apuração, elaboração e divulgaçãodas matérias.
Em poucos cliques tudo é finalizado e enviado para publicação.
A linguagem do jornalismo tradicional também mudou. Com o imediatismo, a notícia é atualizada 
praticamente em tempo real, para suprir a necessidade do público atual.
O conteúdo tende a ser claro e objetivo, com frases curtas e de fácil entendimento. Isso porque 
a mensagem precisa alcançar um grande público, muitas vezes em busca apenas da mensagem que é 
localizada no lide.
O perfil do novo jornalista conta com novos direitos e deveres. E um dos principais deveres é se 
manter atualizado, para acompanhar as evoluções tecnológicas.
Acredite! O melhor profissional de jornalismo é aquele que apura em “N” fontes, elabora dentro 
dos padrões do seu público‑alvo e divulga em todas as mídias e todos os formatos que o mercado 
contemporâneo oferece.
Quanto mais completos os conteúdos forem, e de acordo com o público‑alvo, maior será o número 
de pessoas interessadas em acompanhar seu produto. O engajamento será eficiente, e a notícia muito 
mais compartilhada nas redes em que ela estiver disponível.
Disponível em: https://tinyurl.com/4ua7x3n5. Acesso em: 22 abr. 2024.
69
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Com base na leitura, avalie as asserções e a relação proposta entre elas:
I – Hoje, com o imediatismo e a necessidade de atualizações das notícias em tempo real, a linguagem 
do jornalismo mudou, sendo que ela não precisa mais ser clara nem objetiva.
porque
II – Na atualidade, é importante que o jornalista se mantenha bem‑informado, apure os 
conteúdos em diversas fontes confiáveis e esteja a par das evoluções tecnológicas.
Assinale a alternativa correta:
A) As asserções I e II são verdadeiras, e a asserção II justifica a I.
B) As asserções I e II são verdadeiras, e a asserção II não justifica a I.
C) A asserção I é verdadeira, e a asserção II é falsa.
D) A asserção I é falsa, e a asserção II é verdadeira.
E) As asserções I e II são falsas.
Resposta correta: alternativa D.
Análise das assertivas
I – Asserção falsa.
Justificativa: segundo o texto, “a linguagem do jornalismo tradicional também mudou”. É dito que, 
“com o imediatismo, a notícia é atualizada praticamente em tempo real, para suprir a necessidade do 
público atual”. No entanto, contrariamente ao que é estabelecido na afirmativa, “o conteúdo tende a 
ser claro e objetivo, com frases curtas e de fácil entendimento”.
II – Asserção verdadeira.
Justificativa: segundo o texto, o perfil do novo jornalista está relacionado a novos direitos e 
deveres, sendo que “um dos principais deveres é se manter atualizado, para acompanhar as evoluções 
tecnológicas”. Além disso, é dito que “o melhor profissional de jornalismo é aquele que apura em ‘N’ 
fontes, elabora dentro dos padrões do seu público‑alvo e divulga em todas as mídias e todos os formatos 
que o mercado contemporâneo oferece”.
70
Unidade II
Questão 2. Leia a reportagem a seguir, publicada em 20 de setembro de 2023:
Pisos salariais de jornalistas variam entre R$ 1,9 mil e R$ 4,5 mil mensais para jornada 
de 5 horas
Busca por aumentos reais é uma preocupação apontada na pesquisa realizada pela Secretaria de 
Mobilização e Negociação Salarial da Fenaj
Os pisos salariais de jornalista no Brasil variam entre R$ 1,9 mil e R$ 4,5 mil mensais, com 40% dos 
salários de referência na casa de R$ 2 mil mensais para uma jornada diária de 5 horas trabalhadas. É o 
que revela a pesquisa “Panorama da Mobilização e Negociação Salarial nos Sindicatos de Jornalistas”, 
realizada em agosto deste ano pela Secretaria de Mobilização, Negociação Salarial e Direito Autoral da 
Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
De acordo com Rafael Mesquita, secretário de Mobilização e Negociação Salarial da Fenaj, 24 dos 
31 Sindicatos filiados à Federação responderam ao questionário. “O levantamento traz informações 
essenciais sobre as questões salariais e os direitos trabalhistas dos jornalistas, com o objetivo de 
enriquecer a atuação dos sindicatos e fortalecer a defesa dos interesses da categoria”, pontua o dirigente, 
que também é presidente do Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce).
Pisos estaduais/regionais unificados
De acordo com o levantamento, 15 (62%) sindicatos informaram que, em suas bases, o piso salarial 
estabelecido é unificado para toda a categoria. Em relação aos valores das remunerações iniciais, apenas 
dois Estados apresentam pisos unificados para jornalistas acima de R$ 4 mil: Alagoas (R$ 4.572,03) e 
Paraná (R$ 4.233,60).
Em outras quatro localidades, São Luís do Maranhão, Distrito Federal, Rio Grande do Sul e Santa 
Catarina, os pisos salariais ultrapassam os R$ 3 mil, com valores de R$ 3.438,73, R$ 3.383,51, R$ 3.123,80 
e R$ 3.011,48, respectivamente. Importante notar que o piso informado para o Rio Grande do Sul se 
aplica somente à Capital, enquanto no interior daquele Estado o salário base geral é de R$ 2.660,08.
Três estados estabelecem pisos gerais entre R$ 2,5 mil e R$ 2,9 mil: Goiás (R$ 2.900,00), Roraima 
(R$ 2.800,00) e Piauí (R$ 2.640,00).
Na faixa de R$ 1,9 mil a R$ 2,1 mil, identificamos seis bases territoriais sindicais, 40% do total 
deste grupo, com os seguintes valores: Pernambuco (R$ 2.140,00), Juiz de Fora (R$ 2.100,00), Paraíba 
(R$ 2.000,00), Rondônia (R$ 2.000,00), Rio Grande do Norte (R$ 1.941,58) e Pará (R$ 1.900,00). 
Ressalta‑se que o valor informado para o Pará é válido apenas para a Capital, enquanto no interior 
desse estado, o piso é de R$ 1.750,00.
Disponível em: https://tinyurl.com/muwxcsvr. Acesso em: 3 abr. 2024.
71
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Com base na leitura das tabelas, avalie as afirmativas.
I − Em 2023, os pisos salariais mensais de jornalista no Brasil para a jornada diária de 5 horas 
variaram entre quase R$ 2.000,00 e R$ 4.500,00.
II − Em 2023, a maioria dos estados brasileiros apresentou pisos unificados para jornalistas acima 
de R$ 4.000,00.
III − Em 2023, o piso salarial dos jornalistas na capital do Rio Grande do Sul superou R$ 3.000,00 e 
foi idêntico ao salário‑base geral da categoria no interior desse estado.
É correto o que se afirma em:
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) III, apenas.
D) I e II, apenas.
E) I, II e III.
Resposta correta: alternativa A.
Análise das afirmativas
I – Afirmativa correta.
Justificativa: segundo o texto, “os pisos salariais de jornalista no Brasil variam entre R$ 1,9 mil e 
R$ 4,5 mil mensais, com 40% dos salários de referência na casa de R$ 2 mil mensais, para uma jornada 
diária de 5 horas trabalhadas”.
II – Afirmativa incorreta.
Justificativa: segundo o texto, “em relação aos valores das remunerações iniciais, apenas dois 
Estados apresentam pisos unificados para jornalistas acima de R$ 4 mil: Alagoas (R$ 4.572,03) e Paraná 
(R$ 4.233,60)”.
II – Afirmativa incorreta.
Justificativa: segundo o texto, é “importante notar que o piso informado para o Rio Grande do Sul 
[R$ 3.123,80] se aplica somente à capital, enquanto no interior daquele Estado o salário base geral é 
de R$ 2.660,08”.
72
REFERÊNCIAS
Audiovisuais
CHATÔ, o rei do Brasil. Direção: Guilherme Fontes. Brasil: Zoebra Filmes, 2015. 105 min.
SPOTLIGHT: segredos revelados. Direção: Tom McCarthy. Estados Unidos: Sony Pictures, 2015. 129 min.
TODOS os homens do presidente. Direção: Alan J. Pakula. Estados Unidos: Wildwood Enterprises, 1976. 138 min.
VIDA de jornalista. Episódio: Angelina Nunes e a força vital da apuração. Rodrigo Alves. Brasil: 
Spotify, 2023. 58 min.
Textuais
ABRAJI. Relatório Monitoramento de ataques a jornalistas no Brasil. 2022. Disponível em: 
https://tinyurl.com/mspxz72u. Acesso em: 23 abr. 2024.
ABRAMO, C. A regra do jogo: o jornalismo e a ética do marceneiro. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
ALCANTARA, N. S. A fonte pergunta: uma entrevista com a imprensa. São Paulo: Voice, 2003.
ALVES, R. C. Jornalismo digital: dez anos de web… E a revolução continua. Comunicação e Sociedade, 
Braga, v. 9, n. 10, p. 93‑102, jan./dez. 2006.
AMARAL, I.; CORREIA, J. C. (org.). De que falamos

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