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ESTABELECIMENTO O estabelecimento, conforme a legislação, é definido como o conjunto de bens, tanto materiais quanto imateriais, utilizados para o exercício da atividade empresarial. Esses bens incluem o local, equipamentos, materiais e qualquer outro recurso necessário para a operação da empresa. Assim, o estabelecimento é o complexo de bens que possibilita a execução da atividade empresarial, sendo diferente da empresa que, corresponde à atividade que está sendo exercida. Por exemplo, em uma atividade de compra e venda de roupas, a empresa é representada por essa prática específica (atividade desenvolvida). Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. (Vide Lei n. 14.195, de 2021) O art. 1.142 do Código Civil define estabelecimento como todo o complexo de bens organizado para o exercício da empresa. Esse complexo pode ser administrado tanto por um empresário individual quanto por uma sociedade empresária. O legislador, ao referir se ao empresário, abrange tanto o empresário individual quanto a sociedade empresária BENS MATERIAIS Aos bens materiais, estes são considerados bens corpóreos, que podem ser fisicamente manipulados, como mobiliário, utensílios e automóveis. Além disso, o complexo de bens inclui também os bens de direitos industriais, tais como patentes, nome empresarial, marca registrada, desenho industrial e o ponto comercial. Todos esses elementos compõem o estabelecimento, demonstrando sua abrangência. LOCAL INICIO DE CONTAGEM: Para créditos já vencidos, ou seja, dívidas que existiam antes da venda, a contagem desse prazo se inicia a partir da publicação da venda do estabelecimento (trespasse). O vendedor, portanto, é responsável solidariamente por um ano, a partir da publicação, por todos os créditos vencidos. Por outro lado, para créditos que ainda irão vencer (créditos vincendos), a contagem do prazo de um ano começa a partir da data de vencimento desses créditos. STF - PENHORA DE ESTABELECIMENTO: O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que é legítima a penhora da sede do estabelecimento comercial como uma das últimas possibilidades para o pagamento de dívidas, caso outras formas, como a penhora de contas bancárias ou outros bens, não sejam suficientes. É importante destacar que o local onde a atividade empresarial é exercida não se confunde com a empresa em si, mas faz parte do estabelecimento. Portanto, o local é apenas um dos componentes desse complexo de bens que viabiliza a operação da empresa. É possível vender o estabelecimento e continuar com a atividade empresarial de outra forma, como em um espaço virtual, sem problema algum; TRESPASSE: A venda do estabelecimento é conhecida como trespasse. No processo de trespasse, o vendedor (alienante) transfere todo o complexo de bens para o comprador (adquirente) A legislação impõe uma responsabilidade solidária ao alienante e ao adquirente por um (1) ano após a venda do estabelecimento. Isso significa que ambos são igualmente responsáveis por quaisquer dívidas do estabelecimento durante esse período, garantindo proteção aos credores e evitando possíveis fraudes. A responsabilidade solidária implica que qualquer uma das partes pode ser chamada a responder pelas obrigações, independentemente de quem originalmente as contraiu.. CC/2002. Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. SOCIEDADE O art. 981 do Código Civil define que “celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados”. O parágrafo único refere ainda que “a atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados”. A sociedade é, portanto, um contrato celebrado entre pessoas físicas ou jurídicas que se comprometem a contribuir para essa sociedade. Essa contribuição pode ser feita por meio de bens ou serviços. No caso de uma sociedade empresária, a contribuição geralmente envolve bens, dinheiro ou bens suscetíveis de conversão em dinheiro, como um carro ou uma casa. Já em uma sociedade simples pura, a contribuição pode incluir serviços. • A sociedade empresária é aquela que exerce atividade econômica com vistas ao lucro. • A sociedade simples não tem caráter empresarial. • A sociedade empresária permite contribuições de bens, dinheiro e outros ativos convertíveis. • A sociedade simples pura pode permitir contribuições em forma de serviços. A ideia central de uma sociedade é a partilha de resultados entre os sócios. Caso uma cláusula determine que apenas um sócio receba os lucros, excluindo os demais, essa cláusula é considerada leonina e, portanto, nula. O parágrafo único do art. 981, que menciona que uma sociedade pode se restringir à realização de um ou mais negócios específicos, sem a necessidade de habitualidade, característica comum aos empresários descritos no art. 966 do Código Civil. Isso significa que uma sociedade pode ser formada com um propósito específico, como a realização de um show, sem que haja continuidade ou habitualidade na atividade. A regra é que o empresário atua com habitualidade, mas existe a exceção da sociedade com propósito específico. É preciso estar atento ao contexto da questão para não confundir esses conceitos. Assim, quando a sociedade for criada com um fim específico será a chamada Sociedade de Propósito Específico (SPE). CELEBRAM CONTRATO DE SOCIEDADE Em relação à natureza jurídica, prevalece a Teoria Contratualista que define tratar-se o contrato social de uma espécie de contrato plurilateral, que guarda consigo intenções recíprocas entre os sócios. A regra de uma sociedade é que mantenha uma pluralidade de sócios, contudo há exceções que merecem atenção: Sociedade Limitada Unipessoal: Entre essas exceções, está a Sociedade Limitada Unipessoal (SLU), que é uma sociedade limitada com apenas um sócio. Além disso, a Sociedade Unipessoal de Advocacia permite a constituição de uma sociedade com apenas um advogado. 1. Sociedade Anônima com Acionista Único: Pode ter apenas um acionista, conhecida como sociedade anônima de capital integral. 2. Esses tipos societários são regulamentados para garantir a viabilidade e a segurança jurídica das atividades empresariais mesmo na ausência de pluralidade. CAPITAL SOCIAL Capital social é o investimento bruto inicial que uma empresa precisa para começar a funcionar e se manter até gerar lucro. Quem abre um negócio tem, entre vários objetivos, um que se destaca: lucrar. Mas antes que a sua empresa comece a render algum valor é preciso investir recursos próprios. O capital social é o valor que os sócios investem na sociedade. Esse investimento inicial é essencial para cobrir os custos e sustentar a empresa até que ela comece a gerar lucro. O capital social representa o comprometimento financeiro dos sócios com a empresa e é utilizado para pagar suas contas e enfrentar riscos. Quando os sócios fazem o aporte de recursos, esse processo é chamado de integralização. Por exemplo, se um sócio promete investir R$ 50 mil e efetivamente realizar o pagamento, ele está integralizando sua part. do capital social. Caso outro sócio não cumpra com a sua promessa de aporte, ele é considerado um sócio remisso. Isso significa que o sócio não pagou a part. que se comprometeu a investir. INTEGRALIZAÇÃO DO CAPITAL SOCIALse um sócio não integralizar sua part. do capital social, o Sócio que pagou pode ser responsabilizado pelo valor que o sócio remisso deveria ter aportado. Portanto, a escolha dos sócios deve ser cuidadosa, pois a responsabilidade solidária pode recair sobre quem integralizou o capital social, mesmo que outro sóciotenha falhado em cumprir com sua obrigação. Caso não cumpram, podem enfrentar problemas como a perda da limitação de responsabilidade e a necessidade de pagar dívidas com patrimônio pessoal. CRIPTOMOEDAS: O órgão que regulamenta os registros das sociedades empresárias no País - DREI, entende que não há vedação legal quanto à integralização de capital social em criptomoedas. As Juntas Comerciais devem observar apenas as regras para integralização de bens móveis. Obrigam-se a contribuir, com bens ou serviços A contribuição dos sócios está relacionada à forma da integralização do capital subscrito (previsto no contrato), assim refere o art. 981, do Código Civil. Obrigam-se a contribuir, com bens ou serviços Obs.: Dinheiro, bens e criptomoedas. SOCIEDADE SIMPLES: a contribuição pode ser realizada mediante prestação de serviços pessoais, vedado, porém, que o sócio que assim o fizer, empregue-se em atividade estranha à sociedade, salvo convenção em contrário (arts. 997, V, e 1.006, do Código Civil). SOCIEDADE LIMITADA: não pode ter sua integralização em serviços. O art. 1.055, § 2º do Código Civil. Sócios são solidários na integralização do Capital (quota) 1.052, CC. SOCIEDADE ANÔNIMA: preconiza que “o capital social poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro”. Sócios não são solidários na integralização do Capital (ação). O art. 977 do Código Civil determina que se faculta aos cônjuges a contratação de sociedade entre si ou com terceiros, entretanto, traz duas exceções importantes, quais sejam, “desde que não tenham casado: No regime da comunhão universal de bens; OU No da separação obrigatória. Causas suspensivas de casamento: • Partilha do inventário para resguardar os herdeiros. • O divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal. SOCIEDADE ENTRE CÔNJUGES O capital social é classificado em duas categorias: capital realizado e capital integralizado. Capital Realizado: refere-se ao aporte parcial dos valores prometidos pelos sócios. Capital Integralizado: corresponde ao pagamento total do valor comprometido. Além disso, é importante observar que os sócios podem contribuir com criptomoedas, pois estas são consideradas bens móveis. Portanto, em uma sociedade empresária, a contribuição pode ser feita tanto em dinheiro quanto em criptomoedas Para sociedades simples, é permitido que os sócios contribuam tanto com bens quanto com serviços. No entanto, em sociedades empresárias, a contribuição deve ser feita exclusivamente em bens ou dinheiro. Se, por exemplo, dois médicos desejam formar uma sociedade simples e um deles não possui dinheiro, mas pode contribuir com serviços, isso é permitido. Nesse caso, a sociedade pode ser constituída com uma contribuição em serviços e outra em dinheiro. Sobre sociedades entre cônjuges, o Código Civil (art. 977) permite a constituição de uma sociedade entre cônjuges ou com terceiros, desde que não estejam casados sob o regime de comunhão universal de bens ou separação obrigatória de bens. Se casados sob o regime de comunhão universal, não é permitido que eles sejam sócios, pois o patrimônio é considerado único e não há distinção entre bens pessoais e empresariais. O mesmo se aplica ao regime de separação obrigatória, que também impede a formação de sociedades entre os cônjuges. SOCIEDADES ESTRANGEIRAS De acordo com o art. 1.141 do Código Civil, uma sociedade estrangeira só pode nacionalizar se e operar no Brasil mediante autorização do Poder Executivo. Art. 1.141 “mediante autorização do Poder Executivo, a sociedade estrangeira admitida a funcionar no País pode nacionalizar-se, transferindo sua sede para o Brasil” A respeito das sociedades estrangeiras, é importante destacar que elas devem obter autorização do Poder Executivo para operar no Brasil. Essa autorização é essencial para a nacionalização da sociedade estrangeira, que deve transferir sua sede para o território brasileiro. Portanto, toda vez que se tratar de uma sociedade estrangeira, deve-se lembrar que é necessário obter a autorização do Poder Executivo e transferir a sede para o Brasil para que a nacionalização seja efetivada. SOCIEDADE EM COMUM A sociedade em comum é uma sociedade irregular, ou seja, que não está conforme o legislador exige (obrigatoriedade do registro). Exemplo: João começa a comercializar eletrônicos e se associa com Maria. O negócio começa a crescer, mas, em nenhum momento eles realizaram um contrato, ou se preocuparam com o registro. Portanto, trata-se de uma sociedade em comum. Obs.: Sociedade em comum irregular: o contrato entre os sócios é feito, mas não é levado a registro. Ou o contrato é realizado e levado a registro, mas uma eventual alteração de endereço não é levada ao conhecimento da Junta Comercial, o que torna a sociedade irregular. Sociedade meramente de fato: não houve a realização de contrato, mas a sociedade existe de fato. Ou seja, a sociedade em comum, é irregular ou meramente de fato, ou em que o patrimônio em comum de todos os sócios com o da sociedade (responsabilidade ilimitada) IRREGULAR: tem contrato, mas não foi levado a registro. MERAMENTE DE FATO: não tem contrato. SUDSIDIARIEDADE: Regem pelas normas da Sociedade em Comum e subsidiariamente pelas normas da sociedade Simples. Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples. os atos constitutivos são: contrato social ou estatuto. Enquanto os atos constitutivos não forem levados a registro, a sociedade irá existir (exceto se for uma sociedade por ações), e obedecerá as normas da sociedade simples. PROVAS DE EXISTÊNCIA Sócio → Somente escrita Terceiro → Qualquer meio Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo. Obs.: A sociedade em comum pode ser registrada a qualquer momento, no entanto, poderá responder por tudo o que causou enquanto era irregular. O terceiro que estiver sendo lesado pode provar a existência da sociedade por qualquer meio. RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS: Art. 988, CC: Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum. Exemplo: Antônio e Francisco constituíram uma sociedade. Antônio resolve utilizar um carro de sua propriedade para realizar as entregas do negócio, e Francisco, que tem uma moto, também resolve utilizá-la para o trabalho. Esses bens são considerados especiais, pois estão sendo utilizados pela sociedade para sua atividade. Art. 990, CC: Na sociedade em comum, todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024 do Código Civil, aquele que contratou pela sociedade. Os sócios podem adotar tipos de responsabilidade (limitada, ilimitada, mista). SOCIEDADE ILIMITADA: o sócio responde com tudo o que ele tem em nome próprio. Os sócios respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais. O direito contempla um só tipo de sociedade desta categoria, que é a sociedade em nome coletivo (N/C). SOCIEDADE LIMITADA: o que é da sociedade é da sociedade, e o que é do sócio é do sócio. Todos os sócios respondem de forma limitada pelas obrigações sociais. São desta categoria a sociedade limitada (Ltda.) e a anônima (S/A). SOCIEDADE MISTA: em que uma parte dos sócios tem responsabilidade ilimitada e outra parte tem responsabilidade limitada. São desta categoria as seguintes sociedades: em comandita simples (C/S), cujo sócio comanditado responde ilimitadamente pelas obrigações sociais, enquanto o sócio comanditário responde limitadamente; e a sociedade em comandita por ações (C/A), em que os sócios diretores têm responsabilidade ilimitada pelas obrigações sociais e os demais acionistas respondem limitadamente.BENEFÍCIO DA ORDEM: o patrimônio especial (bens da sociedade) respondem primeiro pelas dívidas. Não sendo suficiente, o patrimônio dos sócios é atingido. O sócio que contratar em nome da sociedade perde o benefício de ordem, respondendo pelas dívidas junto com a sociedade. As sociedades em comum têm os mesmos deveres de uma sociedade regular (trabalhista, tributária, previdenciária), mas não gozam dos direitos: recuperação de empresas, uso da escrituração contábil como prova em processos judiciais, requerimento de falência de outra empresa, art. 971 a 984. SOCIEDADE EM NOME COLETIVO não vai cair Art. 989. Os bens sociais respondem pelos atos de gestão praticados por qualquer dos sócios, salvo pacto expresso limitativo de poderes, que somente terá eficácia contra o terceiro que o conheça ou deva conhecer. Todos os bens sociais (aqueles utilizados nas atividades da sociedade) respondem de forma ilimitada pelos atos de gestão praticados pelos sócios. No entanto, os sócios estabelecem uma cláusula entre eles que limita tal responsabilidade. Essa cláusula é válida entre os sócios, não tendo valor perante terceiros, salvo se o terceiro souber da existência dessa cláusula. É uma sociedade do tipo menor por ser menos escolhida por advogados e clientes. Sociedades Menores – Sociedade em Nome Coletivo – Natureza Simples ou Empresarial; Responsabilidade ilimitada dos sócios; Sociedade contratual Regra geral do art. 997. É uma sociedade que é levada à registro e sua via constitutiva será de forma contratual – um contrato social. O art. 1.039 do Código Civil prevê que “somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo, respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais”. Por esse motivo é pouco utilizada no Brasil. Os sócios respondem com seu patrimônio social na Sociedade em Nome Coletivo. A Sociedade em Nome Coletivo é Ilimitada, Solidária e Subsidiária: O art. 1.039 do Código Civil (CC) informa que a sociedade é ilimitada, solidária – pois os sócios respondem juntos com tudo o que têm. Ela é também subsidiária porque, de acordo com o art. 1.024 do CC em uma sociedade, mesmo que seja ilimitada, os sócios podem usar os bens especiais – que fazem parte da sociedade como um automóvel, por exemplo – para pagar a dívida Então, nesta Sociedade os patrimônios da sociedade são usados primeiro para pagar a dívida e, se o valor não for suficiente, é que se utilizam os patrimônios pessoais dos sócios. O art. 1.039, CC, o parágrafo único informa que: “sem prejuízo da responsabilidade perante terceiros, podem os sócios: No ato constitutivo ou Unânime convenção posterior Limitar entre si a responsabilidade de cada um”, ou seja, quer-se dizer com isso que a previsão de limitação de responsabilidade apenas possui eficácia entre os sócios, e não perante terceiros. Os sócios podem limitar suas responsabilidades – indicando o que cada um irá responder – porém apenas entre eles. Por exemplo: se o terceiro souber dessa separação de responsabilidade entre os sócios, há a possibilidade de cada um se responsabilizar por cada ato. É preciso atentar-se para o fato de que a responsabilidade é solidária entre os sócios; contudo, entre os sócios e a sociedade, a responsabilidade é subsidiária. ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE EM NOME COLETIVO O art. 1.042 do Código Civil diz que essa apenas pode administrar a sociedade aqueles que forem sócios. Art. 1.043 “não há a possibilidade de um credor particular de sócio, antes de dissolver-se a sociedade, pretender a liquidação da quota do devedor”. Este artigo traz segurança para a sociedade, já que o credor da vida particular de um dos sócios não pode pedir a liquidação da cota antes da sociedade dissolver. Existem duas exceções a essa regra no paragrafo único desse art.: Diz que apenas poderia fazer isso se a sociedade tivesse sido prorrogada tacitamente ou no caso de ter ocorrido prorrogação contratual, e ter sido acolhida judicialmente oposição do credor, levantada no prazo de noventa dias, contado da publicação do ato dilatório. Ou seja, se o tempo da Sociedade for prorrogada e do contrato da sociedade também – avalia-se se há oposição judicial do credor. Enquanto a sociedade estiver em operação, o credor não pode obrigar a venda ou a liquidação da participação do sócio devedor na sociedade para satisfazer a dívida. O art. 1.044 do Código Civil refere que a sociedade em nome coletivo se dissolve de pleno direito por qualquer das causas enumeradas no art. 1.033 e, se empresária, também pela declaração da Falência. Isso porque se for simples não poderá falir, nos termos da legislação falimentar(Lei n. 11.101/2005). A Sociedade em Nome Coletivo precisa de, no mínimo, dois sócios. O art. 1.033, inciso IV da Lei n. 10.406/2002, dispõe que se dissolve a sociedade quando ocorrer a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de 180 (cento e oitenta) dias. O parágrafo único estabelece duas exceções à regra geral do caput: Prorrogação Tácita da Sociedade: se a sociedade foi prorrogada tacitamente (ou seja, sem uma nova formalização, apenas continuou suas atividades após o prazo original de duração ter expirado), o credor pode então buscar a liquidação da cota do devedor. 1. Prorrogação Contratual: se houve uma prorrogação contratual formal (um novo acordo entre os sócios para estender a duração da sociedade) e o credor fez uma oposição judicial a essa prorrogação dentro de noventa dias a partir da publicação do ato de prorrogação. Se essa oposição judicial for acolhida, o credor pode então buscar a liquidação da cota. 2. Essas disposições visam proteger a continuidade e a estabilidade sociedade, limitando a interferência de credores particulares na estrutura societária enquanto a empresa está ativa. SLIDE: CONCEITO DE SOCIEDADE EMPRESÁRIA Pessoa Jurídica: Art. 44 CC Subdivisão das Pessoas Jurídicas de Dir. Privado: as chamadas estatais, cujo capital social é formado, majoritária ou totalmente, por recursos provenientes do poder público, que compreende a sociedade de economia mista, da qual particulares também participam, embora minoritariamente, e a já lembrada empresa pública. 1. as pessoas jurídicas de direito privado não estatais, que compreendem a fundação, a associação e as sociedades. As sociedades, por sua vez, se distinguem da associação e da fundação em virtude de seu escopo negocial, e se subdividem em sociedades simples e empresárias. 2. Sociedade Simples x Sociedade Empresária A distinção entre sociedade simples e empresária não reside, como se poderia pensar, no intuito lucrativo. Embora seja da essência de qualquer sociedade empresária a persecução de lucros — inexiste pessoa jurídica dessa categoria com fins filantrópicos ou pios —, este é um critério insuficiente para destacá-la da sociedade simples. Isto porque também há sociedades não empresárias com escopo lucrativo, tais as sociedades de advogados, as rurais sem registro na Junta etc. O que irá, de verdade, caracterizar a pessoa jurídica de direito privado não estatal como sociedade simples ou empresária será o modo de explorar seu objeto. O objeto social explorado sem empresarialidade (isto é, sem profissionalmente organizar os fatores de produção) confere à sociedade o caráter de simples Enquanto a exploração empresarial do objeto social caracterizará a sociedade como empresária. Conceito de Empresa: A sociedade empresária pode ser conceituada como a pessoa jurídica de direito privado não estatal, que explora empresarialmente seu objeto social ou adota a forma de sociedade por quotas ou ações. A pessoa jurídica não se confunde com as pessoas que a compõem. Este princípio, de suma importância para o regime dos entes morais, também se aplica à sociedade empresária. Tem ela personalidade jurídica distinta da de seus sócios; são pessoas inconfundíveis, independentes entre si. Pessoa jurídica é um expediente do direito destinado a simplificar a disciplina de determinadas relações entre os homens em sociedade. Elanão tem existência fora do direito, ou seja, fora dos conceitos tecnológicos partilhado pelos integrantes da comunidade jurídica. Tal expediente tem o sentido, bastante preciso, de autorizar determinados sujeitos de direito à prática de atos jurídicos em geral. Explique‑se: sujeito de direito e pessoa não são conceitos sinônimos. Antes, sujeito de direito é gênero do qual pessoa é espécie. Todos os centros subjetivos de referência de direito ou dever, vale dizer, tudo aquilo que a ordem jurídica reputa apto a ser titular de direito ou devedor de prestação, é chamado de sujeito de direito. Ora, isto inclui determinadas entidades que não são consideradas pessoas, tais a massa falida, o condomínio edilício, o nascituro, o espólio etc. Estas entidades, despersonalizadas, compõem juntamente com as pessoas o universo dos sujeitos de direito. De qualquer forma, a sociedade empresária, como uma pessoa jurídica, é sujeito de direito personalizado, e poderá, por isso, praticar todo e qualquer ato ou negócio jurídico em relação ao qual inexista proibição expressa. A personalização das sociedades empresariais gera três consequências bastante precisas, a saber: a) Titularidade negocial — quando a sociedade empresária realiza negócios jurídicos (compra materia‑prima, celebra contrato de trabalho, aceita uma duplicata etc.), embora ela o faça necessariamente pelas mãos de seu representante legal (Pontes de Miranda diria “presentante legal”, por não ser a sociedade incapaz), é ela, pessoa jurídica, como sujeito de direito autônomo, personalizado, que assume um dos polos da relação negocial. O eventual sócio que a representou não é parte do negócio jurídico, mas sim a sociedade. b) Titularidade processual — a pessoa jurídica pode demandar e ser demandada em juízo; tem capacidade para ser parte processual. A ação referente a negócio da sociedade deve ser endereçada contra a pessoa jurídica e não os seus sócios ou seu representante legal. Quem outorga mandato judicial, recebe citação, recorre, é ela como sujeito de direito autônomo. c) Responsabilidade patrimonial — em consequência, ainda, de sua personalização, a sociedade terá patrimônio próprio, seu, inconfundível e incomunicável com o patrimônio individual de cada um de seus sócios. Sujeito de direito personalizado autônomo, a pessoa jurídica responderá com o seu patrimônio pelas obrigações que assumir. Os sócios, em regra, não responderão pelas obrigações da sociedade. Somente em hipóteses excepcionais, que serão examinadas a seu tempo, poderá ser responsabilizado o sócio pelas obrigações da sociedade. O fim da personalização da sociedade empresária resulta de todo um processo de extinção, também conhecido por dissolução em sentido largo (ou dissolução-procedimento), o qual compreende as seguintes fases: dissolução, em sentido estrito (ou dissolução-ato), que é o ato de desfazimento da constituição da sociedade; 1. liquidação, que visa à realização do ativo e pagamento do passivo da sociedade; 2. partilha, pela qual os sócios participam do acervo da sociedade. 3. específicas de dissolução desta categoria de sociedades, como a morte ou a expulsão de sócio. São sociedades contratuais: em nome coletivo (N/C), em comandita simples (C/S) e limitada (Ltda.). b) Sociedades institucionais — cujo ato regulamentar é o estatuto social. Estas sociedades podem ser dissolvidas por vontade da maioria societária e há causas dissolutórias que lhes são exclusivas como a intervenção e liquidação extrajudicial. São institucionais a sociedade anônima (S/A) e a sociedade em comandita por ações (C/A). Classificação quanto às condições de alienação da participação societária: a) Sociedades de pessoas — em que os sócios têm direito de vetar o ingresso de estranho no quadro associativo. b) Sociedades de capital — em relação às quais vige o princípio da livre circulabilidade da participação societária. É claro que não existe sociedade composta exclusivamente por “pessoas” ou exclusivamente por “capital”. Toda sociedade surge da conjugação desses dois elementos, ambos imprescindíveis. O que faz uma sociedade ser “de pessoas” ou “de capital” é, na Classificação quanto ao regime de constituição e dissolução: a) Sociedades contratuais — cujo ato constitutivo e regulamentar é o contrato social. Para a dissolução deste tipo de sociedade não basta a vontade majoritária dos sócios, reconhecendo a jurisprudência o direito de os sócios, mesmo minoritários, manterem a sociedade, contra a vontade da maioria; além disso, há causas verdade, o direito de o sócio impedir o ingresso de terceiro não sócio no quadro associativo existente nas de perfil personalístico e ausente nas de perfil capitalístico. Sociedade Irregular: Assim como ocorre com o empresário individual, a sociedade empresária deve ser registrada na Junta Comercial. O seu ato constitutivo (contrato social ou estatuto) é que será objeto de registro. O registro deve ser anterior ao início das atividades sociais. A sociedade sem registro é chamada, na doutrina, de sociedade irregular, ou “de fato”. No Código Civil, a sociedade empresária irregular ou “de fato” é disciplinada sob a designação de “sociedade em comum”. Não se trata de novo tipo societário, mas de uma situação em que a sociedade empresária ou simples pode eventualmente se encontrar: a de irregularidade caracterizada pela exploração de negócios sem o prévio registro exigido na lei. Descobnsideração da Pessoa Jurídica A desconsideração da personalidade jurídica é uma medida judicial que permite responsabilizar os sócios ou administradores de uma empresa por atos ilícitos. É uma medida excepcional, que se aplica em casos de abuso ou fraude. Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. § 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. § 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por: I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. § 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica. § 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput deste artigo não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica. § 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica. PROTEÇÃO AO TÍTULO DO ESTABELECIMENTO O elemento de identificação do estabelecimento empresarial não se confunde com o nome empresarial, que identifica o sujeito de direito empresário, nem com a marca, identidade de produto. Não se confundem estes três elementos de identificação disciplinados no direito comercial, recebendo da lei, cada um deles, uma proteção específica, consistente na prerrogativa de utilização exclusiva. O título de estabelecimento não precisa, necessariamente, compor‑se dos mesmos elementos linguísticos presentes no nome empresarial e na marca. Uma sociedade empresária pode chamar‑se “Comércio e Indústria Antonio Silva & Cia. Ltda.”, ser titular da marca “Alvorada” e seu estabelecimento denominar‑se “Loja da Esquina”. Terá ela direito de uso exclusivo das três diferentes expressões, observadasas peculiaridades da proteção jurídica deferida a cada uma delas. A proteção do título de estabelecimento se faz, atualmente, por regras de responsabilidade civil e penal, na medida em que caracteriza concorrência desleal (LPI, arts. 195, V, e 209). O empresário que imitar ou utilizar o título de estabelecimento que outro havia adotado anteriormente deve indenizar este último pelo desvio eficaz de clientela. Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa. Parágrafo único. Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteção da lei, a denominação das sociedades simples, associações e fundações. Art. 1.156. O empresário opera sob firma constituída por seu nome, completo ou abreviado, aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua pessoa ou do gênero de atividade. Art. 1.157. A sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada operará sob firma, na qual somente os nomes daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a expressão "e companhia" ou sua abreviatura. Parágrafo único. Ficam solidária e ilimitadamente responsáveis pelas obrigações contraídas sob a firma social aqueles que, por seus nomes, figurarem na firma da sociedade de que trata este artigo. Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas pela palavra final "limitada" ou a sua abreviatura. § 1 A firma será composta com o nome de um ou mais sócios, desde que pessoas físicas, de modo indicativo da relação social. § 2 A denominação deve designar o objeto da sociedade, sendo permitido nela figurar o nome de um ou mais sócios. § 3 A omissão da palavra "limitada" determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma ou a denominação da sociedade. Art. 1.159. A sociedade cooperativa funciona sob denominação integrada pelo vocábulo "cooperativa". Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob denominação designativa do objeto social, integrada pelas expressões "sociedade anônima" ou "companhia", por extenso ou abreviadamente. Parágrafo único. Pode constar da denominação o nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja concorrido para o bom êxito da formação da empresa. Art. 1.161. A sociedade em comandita por ações pode, em lugar de firma, adotar denominação designativa do objeto social, aditada da expressão "comandita por ações". Art. 1.162. A sociedade em conta de participação não pode ter firma ou denominação. Art. 1.163. O nome de empresário deve distinguir-se de qualquer outro já inscrito no mesmo registro. Parágrafo único. Se o empresário tiver nome idêntico ao de outros já inscritos, deverá acrescentar designação que o distinga. Art. 1.164. O nome empresarial não pode ser objeto de alienação. Parágrafo único. O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o contrato o permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a qualificação de sucessor. Art. 1.165. O nome de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode ser conservado na firma social. Art. 1.166. A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado. Parágrafo único. O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o território nacional, se registrado na forma da lei especial. Art. 1.167. Cabe ao prejudicado, a qualquer tempo, ação para anular a inscrição do nome empresarial feita com violação da lei ou do contrato. Art. 1.168. A inscrição do nome empresarial será cancelada, a requerimento de qualquer interessado, quando cessar o exercício da atividade para que foi adotado, ou quando ultimar-se a liquidação da sociedade que o inscreveu. SHOPPING CENTER: O empresário que se dedica ao ramo dos shopping centers exerce uma atividade econômica peculiar, pois não se limita a simplesmente manter um espaço apropriado à concentração de outros empresários atuantes em variados ramos de comércio ou serviço. A sua atividade não se resume à locação de lojas aleatoriamente reunidas em um mesmo local. O que distingue o empresário do shopping center dos empreendedores imobiliários em geral é a organização da distribuição da oferta de produtos e serviços centralizados em seu complexo (tenant mix). A ideia básica do negócio é pôr à disposição dos consumidores, em um mesmo local, de cômodo acesso e seguro, a mais ampla gama de produtos e serviços. Em outros termos, deve haver um planejamento da distribuição da oferta, uma relativa organização da competição interna. Assim, as locações dos espaços devem atender às múltiplas necessidades do consumidor, de sorte que não faltem certos tipos de serviço (banco, correio, cinema, lazer etc.) ou de comércio (restaurante, papelaria, farmácia etc.), mesmo quando há uma atividade central desenvolvida pelo shopping center (moda, utilidades domésticas, material de construção etc.). Um mero empreendedor imobiliário apenas loca os seus prédios comerciais a quem se propuser a pagar o aluguel que ele considera adequado. A sua preocupação volta-se unicamente ao valor locatício de mercado do seu imóvel e à solvência do locatário. Um empreendedor de shopping center, por sua vez, organiza o tenant mix, isto é, fica atento às evoluções do mercado consumidor, à ascensão ou decadência das marcas, às novidades tecnológicas e de marketing, bem como ao potencial econômico de cada negociante instalado no seu complexo. Tudo isso com o objetivo de atrair o consumidor. Se ele descuidar- se da organização da distribuição dos produtos e serviços abrigados no seu empreendimento, poderá perder valiosos pontos na competição entre os shopping centers. Em razão dessas particularidades, discutiu‑se muito sobre a tutela do interesse de inerência ao ponto dos locatários de espaços em shopping. A dinâmica característica desse tipo de empreendimento, em certas ocasiões, revela‑se incompatível com a permanência de alguns negociantes. Se, por exemplo, uma determinada marca de produtos de perfumaria tem recebido uma aceitação entre os consumidores maior que outra, o shopping center com espaço locado pelo titular desta última tem interesse, partilhado por todos os demais locatários, em substitui‑lo pelo titular daquela primeira, em ascensão. A lei reconhece o direito de inerência ao ponto aos locatários de espaços em shopping centers (LL, art. 52, § 2º), mas, em determinadas situações, a renovação compulsória do contrato de locação pode representar um entrave ao pleno desenvolvimento do complexo. O contrato de locação desse tipo costuma contemplar um aluguel com características bastante peculiares, desdobrado em parcelas fixas, reajustáveis de acordo com o índice e a periodicidade definidos no instrumento contratual, e em parcelas variáveis, geralmente um percentual do faturamento obtido pelo locatário no estabelecimento locado. Para mensurar o valor da parcela variável do aluguel, o locador pode auditar as contas do locatário, bem como vistoriar as suas instalações ou fiscalizar o seu movimento econômico. Além do aluguel, há outras obrigações pecuniárias assumidas pelo locatário de loja em shopping center. Em geral, paga‑se uma prestação conhecida por res sperata, retributiva das vantagens de se estabelecer em um complexo comercial que já possui clientela própria. Deve o locatário também filiar‑se à associação dos lojistas, pagando a mensalidade correspondente. Esta associação suporta as despesas de interesse comum, como as de publicidade. É, igualmente, usual a cobrança do aluguel em dobro no mês de dezembro, em decorrência do extraordinário movimento econômico que se costuma verificar nessa época do ano. Estes e outros encargos podem ser livremente pactuados, prevendo a lei apenas a proibição de cobrança de despesas extraordinárias de condomínio e os gastos com obras ou substituição de equipamentos modificativos do projeto originário, bem como as despesas nãoprevistas em orçamento prévio (LL , art. 54, §§ 1º e 2º). COMÉRCIO ELETRÔNICO: Comércio eletrônico significa os atos de circulação de bens, prestação ou intermediação de serviços em que as tratativas pré-contratuais e a celebração do contrato se fazem por transmissão e recebimento de dados por via eletrônica, normalmente no ambiente da internet. Muitos empresários mantêm estabelecimentos físico e virtual. Há, por outro lado, os que só possuem o virtual. Quem quiser adquirir bens ou serviços destes, deve procurá-los necessariamente na internet. Aliás, os que hoje exploram atividade empresarial apenas em estabelecimentos físicos enfrentam crescentes dificuldades de manterem a competitividade. São três os tipos de estabelecimentos virtuais: B2B (que deriva da expressão business to business), em que os internetenautas compradores são também empresários, e se destinam a negociar insumos; B2C (denominação derivada de business to consumer), em que os internetenautas são consumidores, na acepção legal do termo (CDC, art. 2º); C2C (consumer to consumer), em que os negócios são feitos entre internetenautas consumidores, cumprindo o empresário titular do site apenas funções de intermediação (é o caso dos leilões virtuais). Os contratos celebrados via página B2B regem-se pelas normas do direito comercial. Os celebrados via página B2C, pelo direito do consumidor. No caso da página C2C, as relações entre o empresário titular do estabelecimento virtual e os internetenautas regem-se também pelo direito do consumidor, mas o contrato celebrado entre esses últimos está sujeito ao regime contratual de direito civil. Os estabelecimentos virtuais possuem endereço eletrônico, que é o seu nome de domínio. O da livraria Saraiva, por exemplo, é “www.saraiva.com.br”. O nome de domínio cumpre duas funções. A primeira é técnica: proporciona a interconexão dos equipamentos. Por meio do endereço eletrônico, o computador do comprador põe-se em rede com os equipamentos que geram a página do empresário (vendedor). É esta função similar à do número de telefone. A segunda função tem sentido jurídico: identifica o estabelecimento virtual na rede. Cumpre, assim, em relação à página acessível via internet, igual função à do título de estabelecimento em relação ao ponto.