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DIREITO EMPRESARIAL – EMERJ CP1 Gabrielle Hensel – 2023.1 TEMA I INTRODUÇÃO AO DIREITO EMPRESARIAL. Evolução histórica do Direito Comercial/Empresarial. Sistema subjetivo e objetivo. Fontes do Direito Empresarial. Autonomia do Direito Empresarial. A Teoria da Empresa. Distinção empresário e estabelecimento. Introdução ao Direito Empresarial - Três são os institutos do Direito Empresarial: Empresário, Empresa e Estabelecimento Comercial Art. 2.045, do CC - revoga-se a lei 3.071 e a primeira parte do código comercial de 1850. Porque o código comercial na sua primeira parte trazia outra teoria (atos do comércio). Até então não se tinha a teoria da empresa adotada pelo código civil. - Anteriormente, a dicotomia existente era entre a figura do comerciante e a do não- comerciante. - O conceito clássico de comerciante era “aquele que praticava atos de comércio”. Fosse o comerciante pessoa física, singular, era chamado de comerciante individual; fosse uma pessoa jurídica, o nome dado era de sociedade mercantil. Assim, era comerciante, lato sensu, qualquer pessoa física ou jurídica que praticava atos de comércio. - A classificação das sociedades, antes do advento do novo CC, assim se desenhava: sociedade era o gênero, dividido nas espécies sociedades com fim lucrativo e sociedades sem fim lucrativo. - As sociedades com fim lucrativo se subdividiam em sociedades mercantis, aquelas em que o lucro é o escopo da atividade, e se destina a ser rateado entre os sócios; e sociedades civis, em que o lucro também é buscado, mas o seu destino é ser reinvestido na própria sociedade (aos sócios cabendo apenas a contraprestação pelo trabalho denominada pró- labore, que não é rateio de lucros). - As sociedades sem finalidade lucrativa, à época do antigo CC, eram as associações e as fundações. Nestas, o lucro não era objetivado, mas não era vedado: havendo lucro eventual, este deveria ser também reinvestido na própria associação ou fundação. - Art. 4º do Código de 1850 - comerciante era aquele que realizava a mercancia. Eram atos de intermediação na troca entre um produtor e um consumidor com habitualidade e intuito lucrativo. - O atual CC alterou esta classificação, em razão da adoção da Teoria Da Empresa. De acordo com os parâmetros desta teoria, o conceito de comerciante foi substituído pelo conceito de empresário. Isto porque a caracterização do comerciante era restrita à constatação da prática ou não de atos de comércio – o que era deveras restrito. Por isso, o conceito de empresário é bem mais amplo, pois engloba em si também as atividades de prestação de serviços Empresário, então, não é apenas aquele que exerce atos de comércio. Hoje, empresário é aquele que desenvolve atividade econômica organizada, nos termos do artigo 966 do novo CC Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. - Assim, o código civil que trouxe a teoria da empresa, a qual unificou parcialmente o direito privado/obrigacional contratual. EMPRESA - O Código não define expressamente, apenas o que é o empresário e o que é o estabelecimento comercial. Extrai-se o conceito implicitamente do Art. 966, CC. Ou seja, empresa é a atividade economicamente organizada. Alberto Asquini – “instituto poliédrico e multifacetado” - Empresa tem natureza jurídica de empresa, ou seja, ela é a própria categoria da qual ela está inserida, é, portanto, uma categoria autônoma - Perfis da Empresa (para Alberto Asquini): Perfil Subjetivo: empresário, pessoa que exerce a empresa Perfil Objetivo: espaço, local, conjunto de bens Perfil Funcional: é a atividade, fazer acontecer. É empresário quem exerce atividade econômica. Não se trata de um instituto de matriz jurídica, mas sim, econômica. Essa foi a teoria adotada pelo ordenamento brasileiro Perfil Corporativo ou Institucional: são os empregados, os colaboradores da empresa. É a ideia de que os trabalhadores fazem parte da empresa – se trata de um conceito criado para diminuir as disputas entre o proletário e o capital, na Itália de Mussolini. É uma ausência de disputas, pertencimento. Traduz-se, nos tempos atuais, pela Função Social da Empresa Art. 47, da Lei 11.101/2005 - A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. - A função social da propriedade é uma restrição da atividade econômica em prol de outros interesses externos que não os do empresário (meio ambiente, direito dos consumidores, etc.). - Art. 966, CC: Economicidade - a empresa é uma atividade econômica Profissionalismo - realizada profissionalmente. (I) Habitualidade e (II) busca do lucro. - Art. 62, Parágrafo Único, do CC - não há atividade econômica - Art. 53, do CC - Associações para fins não econômicos → não são empresa Organização - atividade econômica organizada. Organização é um conceito jurídico indeterminado. Um grande novo paradigma que surgiu depois do pós- positivismo é a análise econômica do direito. Organização é um conceito econômico, é a reunião de (I) capital; (II) insumos; (III) trabalhadores; e (IV) tecnologia. Obs.: quando a teoria da empresa surgiu, fazia sentido que ter empregados fosse um requisito. Hoje, com lojas virtuais e as novas tecnologias empregadas nas atividades econômicas, o conceito sofrerá mudanças. É de se esperar que daqui para frente não se fale mais na exigência de trabalhadores. TEMA II EMPRESÁRIO. Conceito. Características. Impedimentos legais. Incapacidade. Empresário individual casado. Empresário individual rural. Registro. Categorias especiais: pequeno empresário, microempresário, empresário de pequeno porte e microempreendedor individual (MEI). Agentes excluídos do conceito de empresário. Empresário 1. Empresário Individual - Empresário Individual → pessoa natural que explora a atividade econômica respondendo pessoalmente. O fato de alguns empresários individuais terem CNPJ influência apenas no regime tributário diferenciado. Não há criação de uma pessoa jurídica e a responsabilidade continua sendo ilimitada. - Este conceito veio em substituição do antigo conceito de comerciante individual, como se viu. É empresário individual a pessoa física que exerce atividade econômica organizada em nome próprio. Por óbvio, não há qualquer relação entre o conceito de empresário individual e a sociedade empresária. Obs.: Art. 18-E da Lei 123/2006. O instituto do MEI é uma política pública que tem por objetivo a formalização de pequenos empreendimentos e a inclusão social e previdenciária. Conforme determina o §3º, MEI é modalidade de microempresa (mas é empresário individual). Objetivo é tributar de acordo com a capacidade financeira, por isso, o Estado se vale dessas equiparações e benefícios tributários e previdenciários para que o empresário seja regularizado Ou seja, MEI é um tipo de empresário individual com maior facilidade e menor tributação que o Estado criou com o objetivo de trazer esses empresários para a regularizaçãolegal. Não se pode, portanto, cobrar deles o mesmo que dos outros empresários, pois isso afastaria o MEI - A regularidade do empresário individual é obtida com o registro da firma individual na Junta Comercial, que hoje é denominada Registro Público de Empresas Mercantis (RPEM) pelo CC, no artigo 967: Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. - Em outro aspecto, o empresário individual adquire a personalidade com o seu próprio nascimento com vida: a regularidade da atividade empresária depende do registro no RPEM, mas a personalidade do empresário é adquirida no nascimento, pois é uma pessoa física, apenas exercendo a empresa em nome próprio – sua personalidade é de pessoa física, natural. A regularidade do exercício, no entanto, depende do dito registro. - A pessoa física não-empresária, de seu lado, é conceituada no artigo 966, parágrafo único, já transcrito. Aqueles que exercem seus ofícios – médicos, engenheiros, etc – não são, em regra, empresários, sendo apenas profissionais liberais - A responsabilidade do empresário individual, também como já se disse, é ilimitada, pois todos os bens de seu patrimônio respondem pelas obrigações contraídas, em razão do disposto no artigo 591 do CPC, já transcrito. - O empresário individual tem um único patrimônio, uno e indivisível, com o qual responde pela atividade da empresa, e pelas responsabilidades pessoais. - Não há divisão entre patrimônio pessoal e estabelecimento: confundem-se os patrimônios dedicados à atividade de empresa e os bens pessoais do empresário individual. - Atividade Intelectual (artística, científica e literária): é uma vedação à mercantilização da pessoa, a intelectualidade precisa ser protegida, é uma extensão do princípio da dignidade da pessoa humana. - Atividade Rural: tratamento favorável. É uma faculdade que a Lei dá à atividade rural, vide art. 971, do CC. Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo à associação que desenvolva atividade futebolística em caráter habitual e profissional, caso em que, com a inscrição, será considerada empresária, para todos os efeitos. - A Lei 5.889/73 regulamenta a situação do empregador rural e do empregado rural. Ela traz em seu artigo 3º no que consiste o empregador rural para todos os efeitos jurídicos e práticos: Art. 3. Considera-se empregador, rural, para os efeitos desta Lei, a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agro-econômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados. § 1º Inclui-se na atividade econômica, referida no "caput" deste artigo, a exploração industrial em estabelecimento agrário não compreendido na Consolidação das Leis do Trabalho. - O empregador rural tem, portanto, a facultatividade de exercer a profissão ou constituir pessoa jurídica. Assim, a lei menciona o grupo de empresas, que se trata de uma ou mais empresas com personalidade jurídica distintas que integram um grupo econômico ou financeiro, mas que também são solidárias entre si em direitos e obrigações. - Observando os ideais da atividade rural, o legislador trata do empresário rural e lhe dá um tratamento especial nos dispositivos 971 ao 984 do Código Civil - Ainda, esse empresário é assegurado pela lei 8.171/91, que expressa claramente em seu artigo 1º sua função em estabelecer as garantias legais das atividades agropecuárias, agroindustriais, etc. - Uma prerrogativa concedida ao empresário rural, é no que tange ao seu registro na Junta Comercial, como mencionado anteriormente ele é facultativo - Caso o empresário se registre, será de fato considerado um empresário, sendo regido pelo direito empresarial. Caso contrário, se o empresário não se submeter a inscrição, ele tem seus direitos e obrigações regidos pelo Direito Civil. - Atividade Cooperativa: a cooperativa não é uma figura empresária. É um misto de https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10673580/artigo-984-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033888/lei-agr%C3%ADcola-lei-8171-91 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11686377/artigo-1-da-lei-n-8171-de-17-de-janeiro-de-1991 sociedade com associação. Art. 982, Parágrafo Único, do CC. Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. 2. Empresário Individual Casado - O empresário individual tem um só patrimônio, que responde, todo ele, pelas obrigações contraídas na atividade de empresa. - Ocorre que, se o empresário individual for casado, há que se considerar acerca da meação do patrimônio com seu cônjuge. Como se resolve a comunicação patrimonial? - A invasão ou não da meação cabível ao do cônjuge não-empresário é controvertida. A solução empresarial entende aplicável o artigo 3° da Lei 4.121/62, que dispõe: Art. 3° Pelos títulos de dívida de qualquer natureza, firmados por um só dos cônjuges, ainda que casados pelo regime de comunhão universal, somente responderão os bens particulares do signatário e os comuns até o limite de sua meação - Isto significa que a responsabilidade do empresário será limitada à meação que a este incumba, não podendo comprometer a meação do cônjuge não-empresário, independentemente do regime de casamento. - A exceção, em que a meação será invadida, ou melhor, em que todo o patrimônio conjugal será imputável pela dívida empresarial, ocorre quando o proveito do débito contraído pelo empresário reverte em benefício do casal. Neste caso, o ônus de comprovar que o casal se beneficiou com o débito assumido é do credor - Quanto à alienação dos bens, o empresário individual casado poderá alienar os bens que integrem o patrimônio do estabelecimento, sem a anuência conjugal, como dispõe o artigo 978 do CC: Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real. - Veja que esta possibilidade é uma exceção legal. A regra, sobre a outorga conjugal é a presente no artigo 1.647, I, do CC - Desse modo, o empresário individual tem um só patrimônio, mas é perfeitamente definível quais são os bens que têm relação com o desempenho da atividade empresária e quais não guardam relação direta, e para os que são pertinentes ao estabelecimento, há esta exceção do artigo 978 do CC. - Importante frisar que se a finalidade do imóvel não for exclusivamente a atividade de empresa, não pode haver esta alienação sem vênia (como uma pousada, em que se realiza a empresa e ao mesmo tempo residem os cônjuges) TEMA III PERSONALIDADE JURÍDICA. Noções gerais. Início da personalidade jurídica. Teorias sobre a pessoa jurídica. Natureza do registro. Efeitos da personificação. Nome. Nacionalidade. Domicílio. Capacidade contratual. Capacidade processual. Autonomia patrimonial. Responsabilidade dos sócios. Personalidade Jurídica Teoria da Personificação - Tem personalidade jurídica quem é pessoa, e pessoa é sujeito de direito, e nunca objeto de direito. Por isso,é uma impropriedade se falar em “compra de uma empresa”, pois a sociedade não é vendida ou comprada: é uma pessoa jurídica, que não pode ser objeto de direito, mas sim sujeito de direito, entidade detentora de personalidade que não pode ser comprada ou vendida. O que se compra ou vende são os bens que pertencem à sociedade, o seu estabelecimento. - O dono de um bar, por exemplo, não é o indivíduo, pessoa física que é sócia majoritária da sociedade; é dona do bar a pessoa jurídica, a própria sociedade em questão, que tem personalidade jurídica, sendo a titular dos direitos e obrigações daquele bar. O sócio, pessoa natural, é dono das quotas que assumiu na sociedade. - Tudo isso significa que quando a pessoa jurídica surge, há personalidade jurídica que a identifica como sujeito de direito. E como tal, há autonomia patrimonial: pessoa autônoma que é, personificada, tem seu próprio patrimônio, autônomo do dos sócios. A sociedade tem seus bens, e estes não devem se confundir com os bens dos sócios que a compõem - A sociedade, pessoa autônoma que o é, tem nacionalidade, nome, domicílio, legitimidade processual e negocial, ou seja, tem vida própria. Tudo isto são consectários da teoria da personificação. - Toda pessoa, física ou jurídica, tem apenas um patrimônio. O sócio tem o seu patrimônio, e a sociedade tem o seu, autonomamente. Não é correto se falar que alguém tenha dois patrimônios, o civil e o empresarial, pois o patrimônio de empresa é da própria sociedade, e não do sócio que a compõe. As quotas que são detidas por um sócio, estas sim, fazem parte de seu patrimônio, e não os bens da sociedade, que a esta pertencem - A pessoa natural, quando do nascimento, tem-se registrada no Registro Civil de Pessoas Naturais, o RCPN. Quando esta pessoa pretende desenvolver atividade econômica organizada, será necessário que se registre, também, num dos órgãos de registro das pessoas jurídicas, RCPJ ou RPEM, Junta Comercial. - Neste registro, será consignada a firma individual, que será o nome empresarial do empresário individual (firma individual, ao lado de razão social e denominação, são espécies de nomes empresariais). A firma consiste no nome civil, por extenso ou abreviado, seguido ou não de algum indicativo da atividade a ser desempenhada. - Qualquer que seja a firma, a partir daquele registro o empresário individual ganha um número nacional, pelo qual se identificará, o número do CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas. - É importantíssimo se deixar bem claro que, a despeito de haver a firma individual, e o CNPJ, o empresário individual é uma só pessoa. Não existem duas pessoas, a natural e a jurídica; não existem duas personalidades jurídicas. O que há é uma só personalidade, a pessoa natural, personalidade surgida com o nascimento com vida do indivíduo, calhando de haver um cadastro no CNPJ para fins exclusivamente tributários e fiscalizatórios Existência/Criação da Pessoa Jurídica de Direito privado - A pessoa jurídica de Direito privado tem existência legal, ou seja, sua criação é prevista e reconhecida em lei – a qual se vincula. Não advém do Direito natural, tampouco pode existir se não houver previsão de seu tipo. Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados. - Aqui, o Estado reconhece a existência da pessoa jurídica, mas impõe procedimento que é condição de reconhecimento da validade dessa existência. É ex nunc, começa a partir do ato constitutivo. Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: (...) II - as sociedades; (...) - Destaque-se a parte final desse art. 45, CC: se aplica às sociedades, que devem informar todas as mudanças a que se submeteu os atos constitutivos ao longo do exercício da atividade empresarial-econômica. Vejamos: Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. - Sendo obrigatória a inscrição do documento de constituição (ato constitutivo), fica implícito na norma que ele deve ser escrito (porque será arquivado na Junta Comercial). Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150). - Já o Contrato de Sociedade (mera existência como sociedade em si, não personificada) não precisa ser escrito, mas para aquisição de personalidade jurídica dessa sociedade, deve haver documento escrito. EXIGÊNCIAS PARA OBTENÇÃO DA PERSONALIDADE - Para efeito de registro, o legislador considera/classifica as sociedades quanto ao seu objeto (art. 982, CC) - podem ser simples ou empresárias, o que importa ao registro. - Assim, são necessários para o registro: 1. Existência de ato constitutivo escrito para arquivamento 2. Ato administrativo de deferimento da inscrição 3. A inscrição deverá ser feita em Registro próprio - A sociedade simples está vinculada ao Registro Civil de Pessoas Jurídicas. - A sociedade empresária está vinculada ao Registro Público de Empresas Mercantis. Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária. Obs.: Sociedade Simples x Sociedade Empresária → se a sociedade tem por objeto uma atividade empresarial, então, por óbvio, ela será uma sociedade empresária. Por outro lado, se o objeto não for empresarial – como, por exemplo, profissionais intelectuais de natureza científica, artística e intelectual – aí, então, será considerado sociedade simples. - Se houver erro na inscrição, e esse erro culmine no não arquivamento ou inscrição para qual não concorra dolosa ou culposamente a sociedade, não há obtenção da personalidade jurídica. Não há previsão de personalidade putativa. Pode caber ação de responsabilidade contra o Estado pela negativa de prestação do serviço (em caso de Juntas Comerciais), mas enquanto não for corrigido o erro, não há personalidade. - Aqui, não basta o arquivamento, o arquivamento deve ser em acordo com a lei, ou seja, o registro de documento inadequado (em desacordo com a lei) não importa em aquisição da personalidade jurídica (NÃO HÁ DIREITO ADQUIRIDO). EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA - O encerramento da personalidade jurídica se dá com o cancelamento/ extinção do registro. Não há extinção presumida (liquidação não é sinônimo de inexistência - o cancelamento é condição obrigatória para extinção. Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua. § 1º Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução. § 2º As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas de direito privado. § 3º Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica. - O procedimento de registro é uma exceção ao informalismo típico do Direito Empresarial. NATUREZAJURÍDICA DO REGISTRO - Tem natureza constitutiva, não há reconhecimento de personalidade jurídica pré- existente ao registro. É ex nunc. - Antes do registro, pode haver sociedade (aqui, não personificada), mas não há pessoa jurídica. É incorreto dizer que antes do registro a personalidade jurídica é desconsiderada porque essencialmente NÃO HÁ personalidade jurídica para ser desconsiderada. - O registro para pessoa jurídica equivale ao nascimento com vida para pessoa natural, ANTES NÃO HÁ NADA, NÃO EXISTE. - A sociedade se constitui como pessoa jurídica e se regulariza como sociedade com o registro (se funcionava anteriormente e, portanto, irregularmente). - Do registro decorre uma série de efeitos jurídicos, a partir dele passa a se determinar domicílio, nome etc. Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. - Aqui, não deve haver confusão com empresário individual (que é uma pessoa natural e aplicam-se as regras desta!). Obs.: Empresário Individual → o empresário individual não possui personalidade jurídica, e tão somente personalidade natural – o registro serve, portanto, tão somente para regularizar a atividade, e não para conferir personalidade jurídica. Assim, para praticar empresa, basta que a pessoa tenha capacidade. Por óbvio, não há separação entre os bens pessoais e os bens da empresa (confusão patrimonial). Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa - É, portanto, uma pessoa natural que produz, vende ou comercializa bens ou serviços de maneira regular Teorias Sobre a Pessoa Jurídica I. TEORIAS FICCIONISTAS - Partem de uma premissa fundada no Direito natural. Postula que a personalidade natural é espontânea, cujos direitos subjetivos (incluso, aqui, o direito de personalidade) são reconhecidos e conferidos pela própria sociedade. - Dessa forma, a personalidade jurídica compreende uma ficção legal imposta pelo legislador. O cerne é: só o homem é pessoa, portanto, atribuir direitos a uma coisa ou pelo menos a um ente não humano é uma imposição legal. II. TEORIAS REALISTAS - Fixam no Direito positivo. Aqui, ser ou não pessoa é um atributo da lei. Para as teorias realistas, tanto a personalidade jurídica, quanto a natural não são espontâneas - ambas são fixadas pelo legislador e decorrem de seu arbítrio. TEORIA DA REALIDADE TÉCNICA - Adotada pelo CC/16 e pelo CC/02) - Aqui, a existência personalidade jurídica decorre exclusivamente da lei, da técnica jurídica. Por isso, ela não pode se equiparar à pessoa humana, são critérios distintos (ex.: não há capacidade de PJ) - contraposição à outra teoria da realidade, que busca traçar um paralelo de equiparação entre pessoas naturais e jurídicas (não é adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro). Efeitos da Personificação PRAZOS E EFEITOS DA APRESENTAÇÃO TARDIA Art. 1.151. O registro dos atos sujeitos à formalidade exigida no artigo antecedente será requerido pela pessoa obrigada em lei, e, no caso de omissão ou demora, pelo sócio ou qualquer interessado. § 1 o Os documentos necessários ao registro deverão ser apresentados no prazo de trinta dias, contado da lavratura dos atos respectivos. § 2 o Requerido além do prazo previsto neste artigo, o registro somente produzirá efeito a partir da data de sua concessão. § 3 o As pessoas obrigadas a requerer o registro responderão por perdas e danos, em caso de omissão ou demora. - Prazo não é preclusivo, pode apresentar depois, mas depois desses 30 dias não haverá reconhecimento ex tunc. - Desse modo, com o arquivamento em até 30 dias (contados a partir da data de celebração do ato constitutivo) a personalidade jurídica retroage até a data do documento - após 30 dias, só se reconhece a personalidade a partir da data do deferimento. CAPACIDADE MATERIAL E NEGOCIAL DA SOCIEDADE PERSONIFICADA CC, Art. 1.022. A sociedade adquire direitos, assume obrigações e procede judicialmente, por meio de administradores com poderes especiais, ou, não os havendo, por intermédio de qualquer administrador. - Capacidade negocial da sociedade não personificada é inexistente PARA SOCIEDADE COMO PESSOA JURÍDICA (porque ela não existe). - Aqui, cada sócio atua individualmente, a capacidade negocial e a autonomia é de cada um, os sócios negociam em vista do interesse comum e assumem responsabilidades em seu nome (é a essência, em verdade, da sociedade em comum). Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum. - A responsabilidade, nessa hipótese, é solidária e ilimitada. O patrimônio da sociedade é comum aos sócios, titularizado por eles (art. 998). - Não há aplicação do art. 1.022, CC, porque essa redação é voltada às sociedades personificadas. - Capacidade processual das sociedades não personificadas: CPC, Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente: VIII - a pessoa jurídica, por quem os respectivos atos constitutivos designarem ou, não havendo essa designação, por seus diretores; - Sociedade sem personalidade jurídica tem capacidade PROCESSUAL (regra do CPC não é geral). No Direito Civil, só a pessoa jurídica tem capacidade material. AUTONOMIA NAS SOCIEDADES PERSONIFICADAS - A autonomia e a limitação de responsabilidade dos sócios é uma forma de garantir a segregação de risco nas sociedades personificadas. Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou administradores. Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um instrumento lícito de alocação e segregação de riscos, estabelecido pela lei com a finalidade de estimular empreendimentos, para a geração de empregos, tributo, renda e inovação em benefício de todos. DOMICÍLIO - Sociedade não personificada não tem domicílio, é o domicílio de cada sócio. - À sociedade personificada aplica-se a regra geral do art. 75, CC: Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. NACIONALIDADE Art. 1.126. É nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha no País a sede de sua administração. Parágrafo único. Quando a lei exigir que todos ou alguns sócios sejam brasileiros, as ações da sociedade anônima revestirão, no silêncio da lei, a forma nominativa. Qualquer que seja o tipo da sociedade, na sua sede ficará arquivada cópia autêntica do documento comprobatório da nacionalidade dos sócios. - Não cumprindo algum desses requisitos, é estrangeira e, tão logo, depende de autorização prévia ao registro (art. 1.134 c/c 45, CC). Obs.: Banco coreano decidiu constituir no Brasil subsidiária que atuará no país. Essa subsidiária é brasileira ou coreana? É brasileira e prescinde de autorização, porque o controle (ou seja, a nacionalidade dos sócios e do capital) não é elemento de nacionalidade. Já filialprecisa de autorização. Subsidiária não precisa de autorização porque é uma nova sociedade. NOME - Nome é atributo da personalidade jurídica, portanto, sociedade sem personalidade não tem nome (só nome fantasia atribuído pelos sócios (esse nome não tem proteção e não integra o patrimônio da sociedade) Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará: I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas; II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária; IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços; VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições; VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais. Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado, contrário ao disposto no instrumento do contrato. Art. 1.162. A sociedade em conta de participação não pode ter firma ou denominação. - Esse nome não tem proteção e não integra o patrimônio da sociedade TEMA IV SOCIEDADE LIMITADA UNIPESSOAL. Conceito. Natureza jurídica. Constituição. Capital social. Nome empresarial. Administração. Direitos, deveres e responsabilidades do titular. Transferência de titularidade e extinção. Sociedade Limitada Unipessoal - Compreende o exercício da empresa, em nome próprio, por meio de constituição de pessoa jurídica de modo individual. É uma sociedade com um único sócio. Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. § 1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais pessoas. § 2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do sócio único, no que couber, as disposições sobre o contrato social. - A sociedade unipessoal pode ser sociedade empresária ou simples (ou seja, exercer atividade empresária ou intelectual) - A declaração unilateral de vontade do sócio único instituidor da sociedade é o documento de constituição. Observará no que couber as disposições do contrato social, embora não seja um contrato; é apenas a observância das cláusulas do contrato social. Art. 1.054. O contrato mencionará, no que couber, as indicações do art. 997, e, se for o caso, a firma social. - O contrato da sociedade limitada mencionará no que couber as indicações do art. 997, acima mencionado, e o seu nome (firma). - O art. 997 traz os requisitos do contrato da sociedade simples, mas mesmo assim se aplica a toda limitada por determinação do art. 1.054. - No contrato ou no documento unilateral de vontade podem conter cláusulas facultativas, sendo qualquer cláusula não contida nos incisos do art. 997 e desde que lícitas. - A pessoa a que se refere o §1o do art. 1.052 pode ser uma pessoa física ou jurídica. Obs.: Sociedade Unipessoal de Advogados → Em tese, sociedade de advogados seria uma sociedade limitada unipessoal de advocacia. Porém, não pode ser limitada pois limitada é típica empresarial, sendo vedado, pois o contrato é na seccional da OAB. É vedação trazida pelo estatuto da OAB. Trata-se, portanto, de sociedade unipessoal de advocacia. - Natureza jurídica → se trata de ATO UNILATERAL DE VONTADE. É sociedade, sim, mas não decorre de contrato. - Cotas na SLU (sociedade limitada unipessoal): Aqui, não há dispensa de cotas. Sendo a cota, na sociedade de responsabilidade limitada, a medida da responsabilidade do sócio (art. 1.052, CC), estas são necessárias na SLU. Dessa forma, a cota única ou as que houver serão do sócio único. - Firma ou denominação na SLU: a sociedade limitada unipessoal pode usar firma ou denominação. Aqui, não existe o aditivo “e cia ou e companhia”, que indica presença de outros sócios. Isso é característico de pluripessoalidade. Nome do sócio mais o aditivo Ltda ao final da firma ou ao final da denominação. Se não usar o Ltda., inclusive, há responsabilização ilimitada. O sócio pessoa física ou jurídica pode usar a denominação. A denominação pode ser formada pelo nome do sócio pessoa física ou nome de fantasias. No caso de sócio único pessoa jurídica, só pode ser denominação por nome fantasia. Ou seja, pessoa física pode usar firma ou denominação, sendo formada pelo seu nome seguido de limitada. Se pessoa jurídica, será denominação formada por nome fantasia. Em qualquer um dos casos, a denominação deve indicar o objeto da sociedade, ou seja, a atividade. Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas pela palavra final "limitada" ou a sua abreviatura. § 1 o A firma será composta com o nome de um ou mais sócios, desde que pessoas físicas, de modo indicativo da relação social. § 2 o A denominação deve designar o objeto da sociedade, sendo permitido nela figurar o nome de um ou mais sócios. § 3 o A omissão da palavra "limitada" determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma ou a denominação da sociedade. Obs.: Firma x Denominação → A Firma utiliza o nome ou sobrenome de um ou todos os sócios, que poderá ser abreviado ou não. Jamais designa o objeto social da Sociedade. Via de regra é escolhido o nome do sócio majoritário acompanhado da sigla “& Cia” mais “Ltda.” Já a Denominação Social designa o objeto da Sociedade acompanhado de uma palavra ou expressão de uso comum. Caso a Sociedade tenha mais de uma atividade, deverá ser escolhida uma delas. Lembrando que a atividade fim da Sociedade deverá estar presente na Denominação Social. Assim podemos concluir que a Denominação Social é privativa de Sociedade Empresária e que no lugar do nome dos sócios é criada uma expressão comum escolhida entre eles; já a Firma é privativa de Empresário Individual. ATO CONSTITUTIVO DE SOCIEDADE UNIPESSOAL - O Código Civil não admite contrato consigo mesmo (não há demanda, tampouco oferta, nem acordo - essenciais ao contrato). - Por isso, a sociedade unipessoal decorre, em verdade, de um ato unilateral de vontade, denominado “Documento de Constituição” ou “Escritura Pública” (nas S/A). - Neste, o sócio único/instituidor se obriga a contribuir com bens e serviços, ou apenas bens, mas não é possível contribuir só com serviços porque a sociedade tem que ter capital para o exercício de atividade econômica ou assunção/fruição dos riscos (não há partilha dos resultados/riscos). Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. § 2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do sócio único, no que couber, as disposições sobre o contrato social. - A firma é uma possibilidade (não uma obrigação). Optando pela firma, esta, sendo SLU de pessoa natural, deverá ostentar o nome do sócio único + LTDA (ou limitada). - Denominação é alternativa à firma (segue a regra do art. 1.158, CC). - Na SLU, indica-se que quota = capital (pode ter mais de uma, mas todas são dele). Aqui, indica-se, ainda, a forma de integralização. ADMINISTRAÇÃO NA SLU O sócio único tem a opção, seja pessoa física ou jurídica, de designar quem é o administrador em contrato ou em ato separado. - Se o sócio único for pessoa jurídica,ele não poderá administrar a sociedade. Isso porque o administrador sempre será uma pessoa natural, nos termos do art. 997, VI. - Outra pessoa que não seja sócio também pode ser administrador, desde que não haja impedimentos. Na sociedade unipessoal limitada, formada por pessoa jurídica, o administrador deve ser alguém não sócio, vide art. 1.061. Art. 1.060. A sociedade limitada é administrada por uma ou mais pessoas designadas no contrato social ou em ato separado. Parágrafo único. A administração atribuída no contrato a todos os sócios não se estende de pleno direito aos que posteriormente adquiram essa qualidade. Art. 1.061. A designação de administradores não sócios dependerá da aprovação de, no mínimo, 2/3 (dois terços) dos sócios, enquanto o capital não estiver integralizado, e da aprovação de titulares de quotas correspondentes a mais da metade do capital social, após a integralização. - Os direitos, deveres e responsabilidades do titular da sociedade limitada unipessoal são os mesmos do sócio comum. Porém, não se aplicam todos os direitos e deveres que pressuponham sociedade pluripessoal ou a existência de outros sócios. Ex.: aqui, não tem dever relativo a voto, de prestações de contas, de exame de livros. Todavia, em relação ao credor, em relação da sociedade com terceiros, nada se altera. Exemplo claro é art. 1.080. TRANSFERÊNCIA DE COTAS NA SLU - As cotas que representam o capital podem ser únicas ou várias, desde que sejam de titularidade do sócio único. Se o sócio único transferir a sua cota para outra pessoa, a sociedade continua sendo unipessoal. Porém, se transferir e continuar sendo sócio, a sociedade deixa de ser unipessoal. Ou seja, isso demonstra a possibilidade de transferência de cotas. - Deixando de ser unipessoal, passa a se ter um contrato, não existindo mais um ato unilateral de vontade. Nesse sentido, deve alterar também a firma e, se a denominação não for nome fantasia, também deve ser alterada. - O art. 1.151 estipula o prazo de trinta dias para apresentar-se os documentos referentes a alteração e, como já visto, se fora desse prazo, terá efeito ex nunc Art. 1.151. O registro dos atos sujeitos à formalidade exigida no artigo antecedente será requerido pela pessoa obrigada em lei, e, no caso de omissão ou demora, pelo sócio ou qualquer interessado. § 1 o Os documentos necessários ao registro deverão ser apresentados no prazo de trinta dias, contado da lavratura dos atos respectivos. - Existem hipóteses de alteração do quadro societário, mas que a sociedade continua. Isso seria em razão da morte de um dos sócios, para qual a sociedade se resolve. Obviamente não se faz presente na sociedade unipessoal. EXTINÇÃO DA SLU - Extinção da sociedade significa dissolução. São basicamente duas causas na sociedade limitada unipessoal: decisão do sócio único ou término do prazo de duração (art. 1.033). Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer: I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado; II - o consenso unânime dos sócios; III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado; V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar. - Sendo limitada, pode ser empresária ou simples. Nesse sentido, há de se falar na resolução pela falência também. - Caso dependa de autorização para funcionar e for extinta, implica também em resolução da sociedade. - Quando a sociedade se dissolve, não perde a personalidade jurídica, nem se torna irregular. A perda da personalidade jurídica só se dá após o término da liquidação. TEMA V SOCIEDADES. Conceito. Elementos. Espécies. Classificação. Sociedades personificadas e despersonificadas (sociedade em comum e sociedade em conta de participação). Diferença entre a sociedade civil e a sociedade comercial. Diferença entre a sociedade simples e a sociedade empresária. Diferença entre a sociedade de pessoas e a sociedade de capitais. Cooperativa. Características da sociedade rural. Sociedades - No Código Civil, sociedade é definida a partir do exercício de atividade econômica, ou seja, trata-se de um conceito especializado e restrito. Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados. - Sociedades Unipessoais: como já estudado, apesar de o art. 981, CC, não prever a existência de sociedade unipessoal, esta existe validamente e é prevista (com condições a serem observadas) no ordenamento jurídico pátrio. Nem todas as sociedades podem (ou seja, é viável) ou estão autorizadas a serem unipessoais. Os tipos que podem* E estão autorizados pelo Código Civil, são: i. Limitada; ii. Anônima (na figura da subsidiária integral). - Na sociedade limitada unipessoal o sócio pode ser pessoa natural ou jurídico. Já na empresa pública (S/A) o sócio deve ser pessoa jurídica de direito público. - Na sociedade unipessoal, não há partilha de resultados (previsto para as demais no art. 1.008, CC), tampouco contribuição mútua. Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. - A empresa é uma atividade econômica organizada por meio da constituição de estabelecimento. - O conceito de sociedade, ao se referir ao seu objeto, não utiliza exercício de empresa nem atividade econômica organizada, utilizando apenas atividade econômica. - Isso é proposital, porque nem toda sociedade é empresária. Ou seja, a sociedade exerce atividade econômica, mas que não necessariamente é atividade empresária. Quando empresa, é sociedade empresária, quando não é sociedade simples. - Affectio Societatis: não está expressamente prevista na legislação, mas é evocada pela jurisprudência. Compreende a intenção de se unir em sociedade - cuja existência é examinada, por exemplo, quando um sócio deixará de integrar a sociedade. BENS E SERVIÇOS - Quando o art. 981, CC, fala bens ou serviços, esse serviço poderá ser intelectual ou físico. Essa contribuição em bens ou serviços não é possível em qualquer sociedade. - Soc. Cooperativa → art. 1.094, CC - pode operar sem capital; por isso, os sócios podem contribuir com bens ou serviços. - Soc. Empresárias de Capital Obrigatório: todos os sócios estão obrigados a contribuir com bens (cotas/ações), enquanto a contribuição com serviços é opcional - Soc. Simples → opera, necessariamente, com capital, mas há previsão de sócio de serviço, ou seja, nem todos os sócios estão obrigados a contribuir com bens. ESTRUTURA DO CONTRATO SOCIETÁRIO: Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará: I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas; II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária; IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços; VI - as pessoas naturais incumbidas da administraçãoda sociedade, e seus poderes e atribuições; VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais. Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado, contrário ao disposto no instrumento do contrato. Obs.: Participação de Incapaz → aqui, se fala de Junta Comercial e é sabido que sociedade simples realiza registro no RCPJ. Desse modo, é possível dizer que regra do art. 974, parágrafo 3o, CC, só se aplica a sociedades empresárias, estando o incapaz autorizado a participar de sociedade simples sem assistência ou representação? Não, a redação deste art. 974, parágrafo 3o, deve ser analisada em conjunto com as disposições do art. 1.150, CC, que vincula o RCPJ às regras da sociedade empresária no trato de sociedades simples que adotem tipo empresarial. Dessa forma, o registro, de fato, é no RCPJ, mas o incapaz segue impedido de participar da sociedade sem representante ou assistente. Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. § 1º Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros. § 2º Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização. § 3º O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; II – o capital social deve ser totalmente integralizado; III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes legais. 1. Classificações de Sociedade ❖ Quanto Ao Objeto: simples ou empresária (art. 982, caput, CC) - Essa classificação diz respeito à atividade exercida pela sociedade. Se exerce atividade empresária (conforme teoria dos atos de empresa), é sociedade empresária. - Se exerce atividade econômica que não pode ser caracterizada como empresária, é sociedade simples. ❖ Quanto À Personificação: não personificadas e personificadas - Como estudado anteriormente, as sociedades não personificadas são aquelas que não gozam de personalidade jurídica. As personificadas, por sua vez, são aquelas cujo ato constitutivo passou pelo processo de registro/arquivamento no RCPJ ou na Junta Comercial (a depender do tipo societário). ❖ Quanto À Nacionalidade: duplo requisito do art. 1.126, CC. - Aqui, cumpre salientar que as empresas estrangeiras são aquelas que não apresentam os dois requisitos elencados pelo art. 1.126, CC. - Saliente-se, ainda, que as empresas estrangeiras necessitam de autorização do Poder executivo para atuar no Brasil (art. 1.134, CC), que poderá ser conferida mediante satisfação de condições fixadas pelo PE para defesa dos interesses nacionais (art. 1.135) - Uma vez autorizadas, as sociedades empresárias estrangeiras submeter-se-ão à nova autorização do PE em caso de alteração contratual ou estatutária - sendo abarcados pela jurisdição pátria em todos os atos aqui praticados. Deverão manter permanentemente representante no país e poderão, ainda, nacionalizar-se com instituição de sede no Brasil. É facultada a adição da expressão “do Brasil” ou “para o Brasil” ao nome empresarial utilizado (que deverá ser o mesmo inscrito no país de origem). ❖ Quanto À Responsabilidade Dos Sócios: limitada ou ilimitada. - Limitada: para todos os sócios nas sociedades limitada (responsabilidade limitada ao total do capital social não integralizado e solidária com os demais sócios) e anônima (responsabilidade limitada ao preço de emissão das cotas subscritas ou adquiridas). - Ilimitada: para todos os sócios nas sociedades em comum (art. 990, CC) e em nome coletivo (responsabilidade ilimitada e solidária entre os sócios, de forma subsidiária ao patrimônio social). - Mista: aqui, há duas categorias de sócios, alguns respondem ilimitada e outros limitadamente. Ocorre na Comandita simples e na Comandita por ações. Comandita por ações: sócios comanditários respondem limitadamente ao preço das ações subscritas ou adquiridas, enquanto o sócio comanditado responde ilimitada e subsidiariamente. Comandita simples: sócios comanditários respondem limitadamente pela integralização do capital subscrita, enquanto o sócio comanditado responde ilimitada e subsidiariamente. ❖ Quanto À Divisão Do Capital: em cotas ou ações. - Sociedades por ações são sempre empresárias, qualquer que seja o seu objeto. - As por ações são anônimas ou comanditas por ações, e as demais são por cotas. Obs.: Cota x Ação → a diferença é meramente nominal, ambas representam uma parcela do capital da sociedade. Ações correspondem às sociedades empresárias anônimas ou Comanditas por ações, enquanto Cotas todas as demais. ❖ Quanto à forma do capital: fixo ou variável - O fixo é declarado no contrato o valor e esse capital só pode ser alterado mediante alteração do contrato. Só o tipo societário de cooperativa tem capital variável (art. 1.094, I, CC). O capital variável funciona com a indicação do capital mínimo. - Ou seja, só é necessária alteração do estatuto se alterado o capital mínimo. Se for acrescer o capital, não precisa de alteração. A cooperativa, repete-se, pode funcionar com capital variável ou mesmo sem capital, quando a contribuição será somente com serviços. ❖ Quanto À Natureza Da Sociedade: de pessoas ou de capitais. - Aqui, examina-se a intensidade/importância do vínculo representado pela affectio societatis. Identifica-se que a sociedade é de pessoas por meio de dicas. - Somente o sócio pode administrar a sociedade. Na limitada pode ser não sócio, mas a aprovação deve ser por quórum maior. A cessão livre é típica de sociedade de capitais. - O fato da sociedade presumidamente não poder continuar com herdeiros é indicativo de que é de pessoas, etc. quando o acionista tem direito de se retirar da sociedade nos casos previstos em lei, vide art. 109 da lei de SA, ou de capitais (quando não interessa a pessoa do sócio na administração. - Se o título for de livre negociação é um indício de que a sociedade é de capital. Se o título for de livre negociação é um indício de que a sociedade é de capital. Quando o sócio pode se retirar se notificar os sócios). ❖ Quanto À Identificação: identificadas por nome, por firma ou por denominação. - Não identificadas por nome: para Negrão, as sociedades sem personalidade jurídica não se identificam por nome, não comportando identificação própria. Inclusas, aqui, as sociedades em comum e as em conta de participação. - Identificadas exclusivamente por Firma: a firma é formada pelos nomes pessoais dos sócios (completos ou abreviados). É característica das sociedades em nome coletivo e em comandita simples. - Identificadas por denominação: adoção de expressão linguística não vedada. São as sociedades anônimas. - Identificadas por Firma ou por Denominação: sociedades simples, limitadas e em Comandita por ações. Art. 1.157. A sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada operará sob firma, na qual somente os nomes daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a expressão "e companhia" ou sua abreviatura.Parágrafo único. Ficam solidária e ilimitadamente responsáveis pelas obrigações contraídas sob a firma social aqueles que, por seus nomes, figurarem na firma da sociedade de que trata este artigo. - Aqui: sócio comanditado - pessoa natural, responsabilidade ilimitada e está descrito no nome. Sócio comanditário - responsabilidade limitada (pode ser pessoa natural ou física) e não está descrito no nome (entra na ‘companhia’). - Se o comanditário, na prática, for adicionado ao nome, a ele é atrelado responsabilidade ilimitada (como do comanditado). ❖ Quanto À Essência: sociedades empresárias por natureza ou por equiparação. - Sociedades empresárias por força de lei/por natureza/ propriamente ditas são aquelas que se amoldam às disposições do art. 982, CC. - Já as sociedades empresárias por equiparação são aquelas cujo objeto compreende o exercício de atividade rural, na forma do art. 984, CC. - A sociedade rural é aquela que explora atividade econômica rural. Art. 984. A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria de empresário rural e seja constituída, ou transformada, de acordo com um dos tipos de sociedade empresária, pode, com as formalidades do art. 968, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da sua sede, caso em que, depois de inscrita, ficará equiparada, para todos os efeitos, à sociedade empresária. Parágrafo único. Embora já constituída a sociedade segundo um daqueles tipos, o pedido de inscrição se subordinará, no que for aplicável, às normas que regem a transformação. Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150). - Ela pode escolher o órgão competente, não lhe sendo imposta a junta comercial ou o RCPJ. Escolhendo o RCPJ é sociedade simples. Escolhendo a junta, é empresária. O regime jurídico é determinado pelo arquivamento. - Se assemelha ao empresário rural, contudo, o empresário rural, não inscrito na junta, não é irregular por ser pessoa física. Não fazendo o registro, não tem personalidade jurídica, sendo comum, não irregular, vide art. 985. TEMA VI TIPOS SOCIETÁRIOS. Sociedade em nome coletivo. Sociedade em comandita simples. Sociedade em comandita por ações. Adoção dos tipos societários pelas sociedades empresárias e simples. Efeitos. Tipos Societários - A sociedade empresária pode adotar um dentre cinco tipos societários. A sociedade simples pode adotar qualquer um dos cinco tipos e, não adotando nenhum, se submeterá a normas próprias da sociedade simples (art. 997 ao 1.038, CC – tipo simples). - É possível que a sociedade simples adote o tipo empresarial. É um tipo empresarial por uma pessoa jurídica que não exerce empresa, isso porque é facultado a sociedades simples adotarem tipo empresarial. 1. Sociedade Cooperativa - A sociedade cooperativa é um tipo societário simples, exercendo ou não empresa - Nas previsões do Código Civil, o legislador não esgotou a apreciação do tema, restando à legislação específica orientar a estruturação das sociedades cooperativas e seu tratamento no ordenamento jurídico pátrio - Lei 5.764/71 – Lei de Cooperativas → É aplicável como lei especial em primeiro lugar. - O art. 1.096, CC, merece atenção, pois se observa que as características do CC são complementares às da lei especial. No que a lei especial for omissa, aplica-se o CC. Art. 1.094, CC c/c art. 4o da Lei de Cooperativas. Art. 1.093. A sociedade cooperativa reger-se-á pelo disposto no presente Capítulo, ressalvada a legislação especial. Art. 1.094. São características da sociedade cooperativa: I - variabilidade, ou dispensa do capital social; II - concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a administração da sociedade, sem limitação de número máximo; III - limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada sócio poderá tomar; IV - intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, ainda que por herança; V - quórum , para a assembleia geral funcionar e deliberar, fundado no número de sócios presentes à reunião, e não no capital social representado; VI - direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação; VII - distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das operações efetuadas pelo sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao capital realizado; VIII - indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de dissolução da sociedade. Art. 1.095. Na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou ilimitada. § 1 o É limitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde somente pelo valor de suas quotas e pelo prejuízo verificado nas operações sociais, guardada a proporção de sua participação nas mesmas operações. § 2 o É ilimitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais. Art. 1.096. No que a lei for omissa, aplicam-se as disposições referentes à sociedade simples, resguardadas as características estabelecidas no art. 1.094. - O órgão competente para arquivamento é a junta comercial, vide art. 18 da Lei de Cooperativas. - Art. 21, III: capital mínimo é requisito obrigatório. Variabilidade do capital. - A Lei de Cooperativas não diz qual o número mínimo para administradores na sociedade. Aplica-se a regra geral, portanto, podendo ter um ou mais administradores. Porém, conforme art. 6o, I, existe o número mínimo de sócios, que é vinte (adesão livre e voluntária). - A rigor, o incapaz poderia participar de cooperativa e a junta comercial é obrigada a arquivar o ato constitutivo entre os sócios. - O estatuto deve fixar o máximo de cotas que o sócio pode ter, evitando que, na prática, fique como sociedade unipessoal. - As cotas não podem ser transferidas a terceiros, ainda que por herança. O quadro societário pode ser alterado, mas com emissão de novas cotas ou havendo transferência de um cooperado a outro. Novo cooperado só pode entrar na cooperativa com novas cotas; não há transferência a terceiros. - O quórum é fundado no número de sócios presentes e não no capital, pois é pensado na hipótese em que não há presença de capital. - Será apenas um voto por pessoa. - Deve ser constituído um fundo de assistência técnica, obrigatório pelo art. 28, da Lei de cooperativas. Tanto o fundo de reserva e o de assistência técnica devem ser utilizados para benefício coletivo, são indivisíveis entre os sócios. Revelam a essência do cooperativismo. - As cooperativas são, portanto, um sistema de “cooperação”, mesmo, entre os sócios, em busca de interesses em comum - O resultado retorna para os próprios sócios por meio da divisão das sobras, que poderão ser usadas para ações sociais, educação, cultura, bem-estar, etc. 2. Sociedade Anônima - No caso da sociedade anônima, regulada pela lei 6.404/76 nas omissões das disposições do CC, há a divisão do capital por ações (logo, sempre empresária). - Aqui, a responsabilidade de todos os sócios é limitada pelas cotas (art. 1.090) e há a denominação como nome empresarial (art. 1.160). A palavra companhia é sinônimo de sociedade anônima. Art. 1.088. Na sociedade anônima ou companhia, o capital divide-se em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista somente pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir. Art. 1.091. Somente o acionista tem qualidade para administrar a sociedade e, como diretor, responde subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade. § 1 o Se houver mais de um diretor, serão solidariamente responsáveis, depois de esgotados os bens sociais. § 2 o Os diretoresserão nomeados no ato constitutivo da sociedade, sem limitação de tempo, e somente poderão ser destituídos por deliberação de acionistas que representem no mínimo dois terços do capital social. § 3 o O diretor destituído ou exonerado continua, durante dois anos, responsável pelas obrigações sociais contraídas sob sua administração. - Na S/A, o administrador pode ser nomeado separadamente do estatuto, conforme art. 1.091, mas somente poderá ser o acionista. Havendo a cessação da sociedade, o administrador fica responsável por dois anos, conforme §3o, deste art. 1.091. 3. Sociedade em Comandita por Ações - A comandita por ações é regulada pelas normas da sociedade anônima. A divisão do capital também é em ações, o nome empresarial não é somente denominação, podendo ser firma (art. 1.161, CC). Art. 1.161. A sociedade em comandita por ações pode, em lugar de firma, adotar denominação aditada da expressão ‘comandita por ações’, facultada a designação do objeto social. - São duas categorias de sócios com responsabilidades diferentes. Os sócios diretores (sócios comanditados), que são os administradores, têm responsabilidade ilimitada pelas obrigações sociais, sendo sempre pessoas naturais (art. 146, lei da S/A) e, havendo mais de um, há responsabilidade solidária. Somente sócio acionista pode ser administrador. Os demais sócios (chamados sócios comanditários), pessoas naturais ou jurídicas, não administradores, respondem limitadamente, igual aos acionistas de uma companhia. - Ou seja, há dois sócios: alguns que respondem limitadamente, que são os sócios gerais; por sua vez, os acionistas diretores, têm responsabilidade ilimitada - Quando o sócio deixa de ser administrador, ele não tem mais responsabilidade ilimitada, ficando responsável pelas obrigações pendentes, obviamente. - Os administradores serão nomeados em Assembleia e deverão constar do Ato Constitutivo da sociedade - O prazo do mandato de acionista diretor é ILIMITADO, ou seja, pode perdurar por quanto tempo for. Para destituí-los, é necessário voto de 2/3 do capital social Art. 1.090. A sociedade em comandita por ações tem o capital dividido em ações, regendo-se pelas normas relativas à sociedade anônima, sem prejuízo das modificações constantes deste Capítulo, e opera sob firma ou denominação. Art. 1.091. Somente o acionista tem qualidade para administrar a sociedade e, como diretor, responde subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade. § 1 o Se houver mais de um diretor, serão solidariamente responsáveis, depois de esgotados os bens sociais. § 2 o Os diretores serão nomeados no ato constitutivo da sociedade, sem limitação de tempo, e somente poderão ser destituídos por deliberação de acionistas que representem no mínimo dois terços do capital social. § 3 o O diretor destituído ou exonerado continua, durante dois anos, responsável pelas obrigações sociais contraídas sob sua administração. Art. 1.092. A assembléia geral não pode, sem o consentimento dos diretores, mudar o objeto essencial da sociedade, prorrogar-lhe o prazo de duração, aumentar ou diminuir o capital social, criar debêntures, ou partes beneficiárias. - A responsabilidade subsidiária não exclui da falência, podendo os sócios diretores irem à falência porque são sócios com responsabilidade ilimitada. A sociedade falindo, o sócio direitor também vai à falência. 4. Sociedade Limitada - Regulada pelo CCB e, em caso de omissão do contrato, podem ser aplicadas as normas da sociedade simples, inclusive por presunção, ou por cláusula expressa as disposições da lei da S/A + Art. 1.053, CC. Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. § 1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais pessoas. § 2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do sócio único, no que couber, as disposições sobre o contrato social. Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas normas da sociedade simples. Parágrafo único. O contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima. Art. 1.054. O contrato mencionará, no que couber, as indicações do art. 997, e, se for o caso, a firma social. 5. Sociedade em Comandita Simples - Regulada pelo CC, subsidiariamente pelas disposições da sociedade em nome coletivo. Art. 1.045/1.051. - O nome empresarial é firma, porque os sócios têm responsabilidade ilimitada (art. 1.157, CCB). Art. 1.157. A sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada operará sob firma, na qual somente os nomes daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a expressão "e companhia" ou sua abreviatura. - Existe o sócio de responsabilidade ilimitada (comanditado), sempre pessoa natural, e o sócio comanditário, que pode ser pessoa natural ou jurídica, os quais respondem pelo valor de sua cota. - Havendo morte do comanditário, a sociedade continua com os sucessores, conforme art. 1.051. Falecendo o comanditado, deve ser observado o art. 1.028, sendo a sua cota liquidada, salvo disposição diversa. - Poderá funcionar por até 180 dias com apenas comanditados ou comanditários. 6. Sociedade em Nome Coletivo - Aqui, TODOS os sócios devem ser pessoa física. - A responsabilidade perante terceiros é ilimitada, solidária; entre os sócios pode ser limitada. Não pode ser unipessoal, é em nome coletivo, dois ou mais sócios. - A legislação supletiva é a da sociedade simples. Não é por ações, mas sim por cotas. O contrato menciona as indicações do art. 997 e o nome empresarial é sempre firma. - Somente sócios podem administrar a sociedade, podendo todos realizar. O uso da firma é privativo aos sócios que têm os necessários poderes fixados pelo contrato para administrar, para gestão. - A regra geral é que o credor particular do sócio pode requerer a penhora da cota por dívida particular. Se a sociedade estiver em funcionamento, ele pode, para satisfazer seu crédito, requerer essa penhora da cota do sócio (art. 1.026). - Pode requerer a penhora do lucro ou da cota. Na sociedade em nome coletivo isso é vedado. O credor, aqui, não pode requerer a liquidação da cota, não podendo aplicar a regra do art. 1.026. - Sociedade prorrogada tacitamente, é por prazo determinado, aplicando-se o art. 1.043. Se a sociedade em nome coletivo é por prazo indeterminado, não se aplica o art. 1.043, portanto. Isso implica na liquidação da cota. Assim, por prazo indeterminado aplica-se o art. 1.026. O prazo para se opor a prorrogação é decadencial, de 90 dias. TEMA VII SOCIEDADE SIMPLES. Noções gerais. Constituição. Sócios: direitos e deveres. Responsabilidade. Deliberações sociais. Administração. Dos direitos dos herdeiros do cônjuge do sócio e do cônjuge separado judicialmente. O credor particular do sócio. Da resolução da sociedade em relação a um sócio. Sociedade Simples - O artigo 983 do CC, já transcrito, se reporta não só às sociedades empresárias, mas também às sociedades simples, mencionando que estas poderão adotar uma das formas societárias previstas no CC. - Assim, a sociedade simples pode ser em nome coletivo, em comandita simples, LTDA, S/A ou em comandita por ações, ou pode ser simples pura, se não adotar nenhum dos tipos societários previstos. Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias. - Adotando um dos tipos, padecerá dos efeitos que a este tipo sejam atinentes.Ou seja, se a sociedade simples adota o tipo em nome coletivo, seus sócios só poderão ser pessoas naturais; a responsabilidade de cada sócio será ilimitada; e será, esta sociedade, regida imediatamente pelas regras do tipo adotado, e somente em omissão, ou seja, mediatamente, pelas regras da própria sociedade simples, constantes dos artigos 997 e seguintes do CC. - Se a forma adotada for a comandita simples, serão aplicáveis todas as regras que a esta se aplicam, dos artigos 1.045 e seguintes do CC, imediatamente, e de forma mediata, as regras da sociedade simples. Assim, nesta hipótese, haverá a divisão em sócios comanditados e comanditários, com as mesmas características relativas à responsabilidade, administração e razão social. - Destarte, se a sociedade for simples, a despeito de qualquer forma que adote: o órgão de registro é o RCPJ, enquanto na empresária é o RPEM - A sociedade simples também não incide em falência, nem tem deferida recuperação, incidindo, outrossim, em insolvência, pois não é empresária (enquanto que se fosse empresária sofreria incidência destes institutos falimentares). - Por outro lado, se a sociedade simples adotar a forma de S/A (companhia) ou comandita por ações, há uma peculiaridade: independentemente de não exercer atividade de empresa, de fato, será, por força de lei, considerada sociedade empresária. Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. - Desta forma, não existe sociedade anônima ou em comandita por ações que seja simples: mesmo se o for, adotada uma destas formas, deixa de sê-lo, passando a ser empresária por força de lei – mesmo contra a realidade de sua atividade. - É caso em que prepondera a forma societária sobre o objeto material da atividade. Sendo considerada empresária, todas as regras a esta espécie atinentes são aplicáveis: seu registro é no RPEM, e pode incidir em falência e recuperação. 1. Sociedade Simples Pura - Como se viu, o artigo 983 do CC faculta a adoção de um tipo societário qualquer, mas também deixa claro que, a critério dos sócios, podem não adotar tipo algum: será, então constituída a sociedade simples pura, ou propriamente dita, ou em sentido estrito - Veja que esta sociedade pode também ser chamada “simples simples”: é simples na espécie, pois não é empresária; e é simples na forma, pois não é de nenhum dos outros tipos societários existentes no CC (apesar de não existir, na lei, menção a um tipo societário “simples simples”) - Nesta sociedade, a regência legal é toda aquela trazida nos artigos 997 e ss. do CC Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará: I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas; II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária; IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços; VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições; VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais. Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado, contrário ao disposto no instrumento do contrato. Obs.: Quanto à responsabilidade dos sócios → na sociedade simples pura, há controvérsia. A primeira corrente entende que será ilimitada, buscando fundamento no artigo 997, VII; a segunda corrente entende que a responsabilidade deve ser decidida pelos sócios, com fundamento pragmático: se a responsabilidade for ilimitada, se estará praticamente impedindo que esta forma societária seja adotada, na prática, pois se estará equiparando-a à sociedade em nome coletivo. Assim, seria dado ao contrato social decidir se a responsabilidade é limitada ou não, e se o for, a qual parcela de responsabilidade estará afeito cada sócio. E mais: pode o contrato social estabelecer a responsabilidade solidária entre os sócios e a sociedade em si. Para esta corrente, havendo omissão do contrato social quanto à responsabilidade, esta não será solidária (pois a solidariedade não se presume), sendo subsidiária entre os sócios e a sociedade, e será ilimitada, por interpretação dos artigos 1.023 e 1.024 do CC, já transcritos. - Quanto à inscrição da constituição, ela deverá ser feita nos 30 dias subsequentes ao contrato, no RCPJ do local de sua sede TEMA VIII REGISTRO DE EMPRESA E LIVROS EMPRESARIAIS. Os atos de registro. Finalidades do registro. Efeitos jurídicos. Órgãos do Registro de Empresa. Proibições de arquivamento. Dispensa de registro. Arquivamento por decisão singular e colegiada. Recursos administrativos. Escrituração: obrigação do empresário. Escrituração e contabilidade. Dispensa. Força probatória da escrituração. Livros Empresariais. Livros obrigatório e facultativos. Exibição dos livros. Súmulas do STF. Exibição total e parcial. Recusa. Registro de Empresa e Livros Empresariais - DREI - Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração → o cronograma do sistema nacional de registro público de empresas, o DREI, possui funções técnicas e administrativas. - Subordinação Junta Comercial - a partir da MP 861 de 2018, convertida na lei 13.833 de 2019, a junta comercial do Distrito Federal passa a seguir a regra geral, ou seja, ela estará subordinada administrativamente ao governo Distrital e tecnicamente ao DREI. Obs.: quando for questão de natureza técnica para julgar mandado de segurança em matéria de natureza empresarial será da justiça federal, por conta da subordinação técnica ao DREI. Se for uma questão de natureza administrativa, a competência do julgamento do mandado de segurança é da justiça estadual em vara de Fazenda Pública. 1. Competência da Junta Comercial - Expedir matrícula de certos profissionais, por exemplo, o leiloeiro, tradutor juramentado, titular do armazém geral. - Arquivamento de contratos, estatutos e outros documentos que interessam à atividade do empresário. - Autenticação da escrituração do empresário. - Assentamento de uma prática mercantil. Ministra Nancy Andrighi traz dois elementos importantes na decisão: É possível costume contra legem? Depende. Depende se o costume que conflita com lei com caráter de ordem pública, cogente. Como provar um costume? Apenas com prova documental? Depende. Se o costume estiver assentado na junta comercial, a prova é plena e documental, não pode ser de outra forma que não a certidão da junta comercial. Por outro lado, se não estiver assentado, a ministra diz que pode ser feita a prova testemunhal. - Cooperativas: são sempre sociedades de natureza simples, não são empresárias. É natural fazer uma correlação: sociedades empresárias na junta comercial e sociedade simples RCPJ. Contudo, a lei especial das cooperativas diz no artigo 18, da Lei 5.764/71, que o arquivamento de seus atos constitutivos seja realizado nas juntas comerciais. Art. 36 da Lei 8934/94 - efeitos do despacho de concessão do arquivamento retroagem à data da assinatura para efeitos de aferir o prazo de 30 dias. Contudo, levado o documento para o arquivamento depois dos 30 dias, os efeitos somente terão eficácia apartir do despacho que o conceder. - Isso significa que se o documento foi levado ao arquivamento dentro do prazo de 30 dias, será a sociedade regular desde o momento da assinatura. Se foi levado ao arquivamento a sociedade só será regular depois do despacho. Se estivermos falando da limitação da responsabilidade dos sócios, o efeito prático é que a tempestividade ou intempestividade altera essa limitação. Obs.: a decisão tomada pela junta pode ser por um julgador singular ou vai ser um regime de decisão colegiada? É preciso saber dentro do regime do direito administrativo se a decisão é singular ou colegiada. A resposta está no artigo 41, que só fala de decisão colegiada. Quando não forem casos de decisão colegiada, ela será singular. - Recurso Revisional: dentro da junta comercial é possível pedir a revisão de uma decisão administrativa. Três espécies de recurso no artigo 44, Lei 8934: • Pedido de reconsideração • Recurso ao plenário • Recurso ao DREI - Art. 49 e 50 da mesma lei são típicos artigos de prova objetiva. Prazo de 10 dias úteis e nenhum deles possui efeito suspensivo. 2. Escrituração do Empresário - Em regra, para ser regular, o empresário precisará realizar sua escrituração em livros de contabilidade - Há empresários que não precisam manter um sistema de contabilidade. Art. 1.179, §2º, do CC. Pequeno empresário que se refere o Art. 970, do CC. Pegadinha do CC. Na verdade, é preciso combinar com o artigo que define o pequeno empresário: Lei complementar 123, artigo 68 - Requisitos: 1. Empresário individual; 2. Que se enquadra como microempresa (de acordo com essa mesma lei, na forma do artigo 3º, I, se dá quando se tem uma receita anual bruta de até R$360.000,00); e 3. Ter receita bruta a partir de R$81.000,00. Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes. Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. § 1 o Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros ficam a critério dos interessados. § 2 o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970. Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico. - Classificações dos Livros Empresariais → os livros empresariais podem ser obrigatórios ou facultativos Obrigatórios: são os livros que devem, obrigatoriamente, ser escriturados, gerando sanções para o não cumprimento dessa imperatividade (ordem), incluindo consequências sancionadoras no campo penal. Dentre os livros obrigatórios, encontram-se: ➢ Comuns – Livros que devem ser apresentados por todos os empresários: o Diário. Assim dispõe o art. 1.180 do CC: “Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica”. ➢ Especiais – por exemplo, o Registro de Duplicatas; entrada e saída de mercadorias para empresas de armazéns gerais; entre outros. Facultativos: por outro lado, os livros empresariais facultativos, referem-se àqueles livros que têm sua escrituração não obrigatória, mas permitida por lei, não acarretando nenhum efeito jurídico sancionador. Obs.: Juiz pode determinar a exibição do livro? Integral ou parcial? A exibição é parcial, em regra, por conta dos sigilos. Ele pode, inclusive, determinar de ofício. Extraindo-se apenas a informação necessária para dirimir o conflito. Contudo, é possível a exibição integral, por exemplo, do artigo 420, do CPC. Obs. 2: Livro pode fazer prova a favor do empresário? Conforme art. 226 do CC, “os livros e fichas dos empresários e sociedades provam contra as pessoas a que pertencem, e, em seu favor, quando, escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco, forem confirmados por outros subsídios”. TEMA IX ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL. Conceito. Natureza jurídica. Elementos integrantes do estabelecimento. Atributos do estabelecimento. O contrato de trespasse. A sucessão empresarial. A cláusula de não concorrência. Aviamento e clientela. Penhora do estabelecimento. Desapropriação Estabelecimento Empresarial - Há diversas formas de denominação do Estabelecimento Comercial, e todas são sinônimos e podem ser apresentadas pelo examinador. - Na Legislação: Código Civil: arts. 1.142 ao 1.149; No CC, é chamado de estabelecimento. - Lei de Falências (lei .n 11.101/05): Aqui, também é estabelecimento. - Código Tributário Nacional: art. 133, caput. No CTN, é chamado de fundo de comércio. (Não é recomendado denominar fundo de comércio nas provas (mesmo sendo sinônimo), porque se baseia na teoria dos atos de comércio (que foi substituída pela teoria do atos de empresa - pode chamar de fundo de empresa). - Consolidação das Leis do Trabalho: arts. 10 e 448. Chamado de estrutura jurídica - Na doutrina: — M. Tomazette: estabelecimento empresarial. — Campinho: fundo empresarial. — azienda (italiano). — hacienda (espanhol). — Oscar Barreto Filho: casa de comércio. — Pontes de Miranda: fazenda de empresa. — Asquini: empresa no sentido objetivo. - Assim, o conceito de estabelecimento empresarial, em conformidade com o código civil, em seu art. 1.142, é o seguinte: Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. § 1º O estabelecimento não se confunde com o local onde se exerce a atividade empresarial, que poderá ser físico ou virtual. § 2º Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for virtual, o endereço informado para fins de registro poderá ser, conforme o caso, o endereço do empresário individual ou o de um dos sócios da sociedade empresária. § 3º Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for físico, a fixação do horário de funcionamento competirá ao Município, observada a regra geral prevista no inciso II do caput do art. 3º da Lei nº 13.874, de 20 de setembro de 2019. - Assim, estabelecimento comercial, ao contrário do que parece, não é o local onde se exerce a atividade, pois esse é chamado de ponto. - Incluem-se bens corpóreos (ex.: instrumentos materiais de exercício empresarial - fogão em restaurante etc.) e incorpóreos (ex.: marca, nome de domínio, redes sociais etc.). - Estabelecimento é a universalidade bens corpóreos e incorpóreos reunidos pela vontade do agente econômico com fim de viabilizar o exercício da atividade econômica, atrair a clientela visando auferir lucro. Obs.: Estabelecimento é patrimônio? São sinônimos? → O patrimônio, em verdade, é formado por bens (como o estabelecimento). Entretanto, em que pese o errôneo uso das https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art3ii https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art3ii expressões na jurisprudência, são conceitos distintos. Patrimônio: considera ativos (créditos e bens) e passivos (dívidas), ambos integram o patrimônio. Patrimônio positivo/ superávit: ativo > passivo. Patrimônio negativo/deficitário: passivo > ativo. Já o estabelecimento é um conjunto de bens empregados no exercício da atividade econômica (aqui, só se consideram ativos). De certa forma, o estabelecimento integra os ativos de determinadopatrimônio. - Natureza Jurídica: a natureza jurídica do estabelecimento empresarial é de universalidade de fato. Obs. 2: UNIVERSALIDADE DE FATO X DE DIREITO → Essa universalidade de bens que compreendem o estabelecimento se constitui pela vontade – portanto, é uma universalidade de fato. Se diferencia, por exemplo, da herança, na medida em que a última se reúne por lei – universalidade de direito). - Estabelecimento é objeto de direito (pode ser arrendado, portanto, não é sujeito de direito - sujeito é a sociedade empresária/ empresário). Enquanto a empresa é fato jurídico. Nesse sentido, estabelecimento não fale (quem fale é o empresário/sociedade), não é citado etc. - A sociedade, através do estabelecimento, pode exercer atividade empresarial e, assim, transformar-se em sociedade empresária. Obs. 3: ESTABELECIMENTO X SEDE → o estabelecimento não se confunde com a sede. Sede compreende o domicílio da sociedade empresária/ empresário, e é fixado no ato constitutivo (cláusula obrigatória). Em regra (art. 53, CPC), as ações não consumeristas em face da sociedade/empresário são ajuizadas no domicílio do réu. Obs. 4: ESTABELECIMENTO X PRINCIPAL ESTABELECIMENTO → Estabelecimento é um conjunto de bens empregados para exercício da atividade empresarial e da atração de clientela. O principal estabelecimento, por sua vez, é um local – atrela-se ao princípio da competência no âmbito falimentar e da recuperação judicial. Aqui, examina-se o juízo competente para decretação de falência e para recuperação judicial (art. 3o, lei 11.101/05). O local do principal estabelecimento também não se confunde com sede/domicílio. Pode coincidir, mas não é regra. Não é cláusula obrigatória do ato constitutivo e, mesmo que coloque, se indicado de maneira errônea (para dificultar a cobrança dos credores), não será aplicado. Obs. 5: O local do principal estabelecimento decorre de uma situação fática. Como identificá-lo, já que não há previsão legal? Para Rubens Requião, Ricardo Negrão e conforme entendimento do TJSP: trata-se de critério administrativo ou jurídico. Para primeira posição, o local do principal estabelecimento é aquele onde está a sede administrativa - de onde emanam as decisões empresariais-administrativas. Enunciado 466/CJF: Para fins do Direito Falimentar, o local do principal estabelecimento é aquele de onde partem as decisões empresariais, e não necessariamente a sede indicada no registro público. 2. Critério Econômico: onde se encontra concretado o maior volume de negócios da sociedade/empresário. PONTO → Local onde a atividade é explorada. Também é chamado de ponto de negócio ou propriedade comercial. É um bem imaterial do fundo empresarial. É protegido; preenchidos os requisitos legais, pode ser ajuizada ação renovatória compulsória da locação; visa assegurar o direito de inerência do ponto. Obs. 6: ESTABELECIMENTO x TÍTULO DE ESTABELECIMENTO → Estabelecimento se difere de título de estabelecimento. O conceito de estabelecimento já foi falado, enquanto título de estabelecimento é um elemento de identificação. Ex.: Mobilita Comércio e Indústria Ltda. é a denominação. O nome de fantasia é Casa & Vídeo. Assim, título de estabelecimento é um elemento de identificação, um nome de fantasia, com a finalidade de identificar o ponto. ELEMENTOS INTEGRANTES DE ESTABELECIMENTO • Bens corpóreos: tangíveis e materiais. Ex.: bens móveis. • Bens incorpóreos: intangíveis ou imateriais. Ex.: ponto, título de estabelecimento etc. • Bens Imóveis: para Requião, como o estabelecimento é um conjunto móvel de bens, não pode ser integrado por bens imóveis. (MINORITÁRIA) — para Tomazette, Negrão e STJ: se o bem imóvel for do empresário/sociedade e for empregado no exercício desta, é bem do estabelecimento. Obs.: Contrato integra o estabelecimento? Contrato tem natureza jurídica de negócio jurídico. Vide art. 1.142, estabelecimento é conjunto de bens. Contrato não é bem. Logo, não integra o estabelecimento. Obs. 2: Estoque de mercadoria integra o estabelecimento? Sim, haja vista que são bens corpóreos imprescindíveis para o exercício da atividade empresarial. Obs. 3: Perfil de rede social integra estabelecimento? Sim, desde que seja manejado no exercício da atividade empresarial. AVIAMENTO → Aviamento/goodwill of trade, em análise sintética, é a aptidão, capacidade de produzir lucros. Em melhor análise, é a capacidade de organizar os elementos que irão atrair clientela. Reunidos os elementos, há uma potencialidade lucro maior, por ter maior probabilidade de atrair clientes. A importância prática do aviamento é a capacidade de produzir lucro, o valor agregado. Sérgio Campinho chama estabelecimento de fundo de empresa. Fábio Coelho entende fundo de empresa como sinônimo de aviamento. A natureza jurídica do aviamento é um elemento integrante do estabelecimento, vide uma primeira posição. A posição mais adequada, segundo o professor, é que o aviamento não integra o estabelecimento, sendo uma qualidade, um atributo do estabelecimento. CLIENTELA x FREGUESIA → Ambas envolvem pessoas e são consequências de um bom aviamento. 1. Inexistência de diferença: para Negrão, não havendo distinção legal, não há, de fato, distinção entre clientela e freguesia. 2. Periodicidade: clientela = grupo de clientes assíduos na frequência e na relação com o empresário/sociedade. Freguês = ocasional. 3. Para Oscar Barreto, cliente é aquele que considera aspectos subjetivos dos estabelecimentos (fidelização). 1. Trespasse do Estabelecimento - Não se trata da venda individual de um bem e, sim, da ALIENAÇÃO do estabelecimento como um todo. - Trespasse/Transpasse: negócio jurídico de alienação cujo objeto é o estabelecimento, a transferência de ativos. Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação. - Trespassário = adquirente (quem adquire). Trespassante = quem aliena. - As condições elencadas no art. 1.145, CC, são alternativas e demonstram que o objetivo central do trespasse é a proteção do credor. Por isso, a renúncia no trespasse só é admitida quando não importar em prejuízo aos credores. Obs.: A venda de um bem individualizado do estabelecimento pode ser considerada trespasse? Sim, desde que a alienação desse bem seja massiva ao ponto de representar um desmantelamento do estabelecimento (ex.: venda de fornos de uma pizzaria) – como orienta o STJ. - Para que o trespasse produza efeitos perante terceiros, deve haver registro do negócio jurídico. Se for uma sociedade empresária, será na junta comercial. Se não, no RCPJ. - Pode haver uma ação declaratória de ineficácia, caso não seja observada uma das condições do art. 1.145. Do mesmo modo, pode ser ajuizado pedido de falência em razão dessa inobservância das condições, pela prática de ato bancarrota, nos termos do art. 94, III, “c”, LF. Todos os atos da alínea “c” a alínea “g” são atos de bancarrota. - Nos termos do art. 129, III, o juiz declara a falência e, na mesma decisão, pode decretar, de ofício, a ineficácia do ato. - Se o estabelecimento for vendido fora de um processo de falência ou recuperação judicial, quem adquirir, vide art. 1.146, assumirá as dívidas. - Se for dívida tributária, será observado o art. 133 do CTN. Por outro lado, se tratar-se de dívida trabalhista, será analisado o art. 10 e 448 da CLT. Ou seja, a regra é quem o trespassário assume a dívida. - Se a venda ocorrer em processo de falência, o trespassário não assume as dívidas, não há sucessão de dívida. Art. 141, II, LF. Art. 133, §§1o/3o, CTN. Se a venda ocorrer em recuperação judicial, deve ser observado o plano. Havendoa venda, quem comprar não assume as dívidas, vide art. 60, parágrafo único, Lei de Falências. 2. Cláusula de Não Concorrência/Interditória de Concorrência/de Não Restabelecimento - Nos termos do art. 1.147, CC, o trespassante não pode concorrer com o trespassário, para evitar desvio de clientela, exceto se autorizado contratualmente. Obs.: cláusula de não concorrência, cláusula de não reestabelecimento, ou cláusula interditória de concorrência, salvo se expressamente permitido no contrato. Assegura-se o aviamento e a boa-fé objetiva. Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência. Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato. - O que a lei proíbe no 1.147, CC, é a concorrência, mas nada impede a exploração da atividade. O prazo é de cinco anos de não concorrência. - Uma primeira posição diz que esse prazo não pode ser aumentado por via contratual, o que pode é ser diminuído. Outra posição diz que com base no princípio da liberdade contratual e a autonomia da vontade (em essência menos intervencionista), as partes poderiam flexionar esse prazo, inclusive aumentando. Obs.: PENHORA DO ESTABELECIMENTO → O art. 862 do CPC diz que pode penhorar o estabelecimento. Na falência não há penhora, mas sim arrecadação. Tudo o que for penhorável é arrecadável. Ou seja, se na execução singular pode penhorar, na execução, que é execução concursal, pode arrecadar. STJ, Súmula 555: Quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário conta-se exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa. TEMA X NOME EMPRESARIAL. Conceito. Natureza jurídica. Espécies. Princípios que norteiam a formação do nome empresarial. Proteção do nome empresarial. Extinção do direito ao nome empresarial. Alienabilidade. IN 55/2021. Nome Empresarial - O nome identifica o empresário, o sujeito, sendo registrado na juta comercial. Não se confunde com marca, que identifica o produto ou o serviço, que é registrada no INPI. Não se confunde também com título de estabelecimento, que é o nome de fantasia, que identifica o ponto, o local onde se exerce a atividade, o que tá no letreiro. Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa. Parágrafo único. Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteção da lei, a denominação das sociedades simples, associações e fundações. - Princípio da Novidade: o nome empresarial escolhido deve ser novo (não pode ser igual ou semelhante a outro nome já existente; não pode ser homônimo ou homófono). - Princípio da Moralidade: o nome empresarial não pode atentar contra a moral ou os bons costumes (se transforma no tempo e no espaço). - Princípio da Anterioridade: aquele que registra primeiro, na Junta Comercial, o nome goza do direito de uso. - Princípio da Autenticidade ou da Veracidade: o nome empresarial deve ser autêntico e verdadeiro, de forma que represente o empresário/sociedade (e sua integração). O nome está vedado de induzir o potencial cliente em erro. Obs.: Em relação ao nome, aplica-se o princípio da especificidade/especialidade? O princípio da especificidade/especialidade aplica-se à marca – naquele seguimento/nicho a marca goza de proteção após registro no INPI (SOMENTE NO NICHO). Posições: Tomazette: princípio da especificidade/especialidade só se aplica à marca. Não se aplica ao nome, porque este, em verdade, é protegido em todos os seguimentos para evitar o desvio de clientela e o abalo no crédito. Dessa forma, ainda que em segmentos empresariais diferentes, os nomes devem ser diferentes. STJ: REsp 1.191.612, 262.643, 267.541. A proteção do nome só se dá no mesmo segmento – aqui, aplica-se, então, o princípio da especialidade/especificidade pro nome empresarial. Desse modo, para a atuação em ramos diversos pode haver nomes iguais, porque o foco seria o desvio de clientela (que, em atividades diversas, não se verifica). Obs. 2: Quais os limites geográficos da proteção ao nome? Posições: Tavares Borba e Campinho antes do CC/02 (minoritário): para ele, a proteção é de âmbito nacional, a despeito de o registro ser feito em sede estadual. Aqui, aplica-se a Convenção de União de País (Brasil como país unionista - signatário da Convenção da União de País; evocada, aqui, pela essência cosmopolita do Direito Empresarial). Campinho pós CC/02, Sta. Cruz e Ulhôa Coelho: CC/02 confere tratamento específico à matéria. Para eles, a proteção é estadual (para ser nacional, ou registra em toda Junta Comercial ou abre filial em todos os estados). Art. 1.166. A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado. Parágrafo único. O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o território nacional, se registrado na forma da lei especial. - Considera-se nome empresarial (antiga "razão social") a firma ou a denominação adotada para o exercício de empresa. Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteção da lei, a denominação das sociedades simples, associações e fundações. TEMA XI DISSOLUÇÃO, LIQUIDAÇÃO E EXTINÇÃO DAS SOCIEDADES. Dissolução das sociedades de pessoas. Distinção entre Dissolução e Resolução da sociedade em relação a um ou mais sócios. Etapas da dissolução. Causas de dissolução. Liquidação. Liquidante. Pagamento aos credores e partilha entre os sócios. Credores não satisfeitos. Extinção Dissolução, Liquidação e Extinção das Sociedades 1. Dissolução Societária - Sociedade Simples: é regulada pelo código civil, e apreciada em vara cível Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua. § 1º Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução. § 2º As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas de direito privado. § 3º Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica. - Sociedade Empresária 1. De Pessoas Regulada pelo Código Civil, nos arts. 1.028, 1.033, 1.034 e 206 e ss. Dissolução apreciada em Vara Empresarial 2. De Capital Regulada pela lei 6.404/76 Obs.: Cooperativas → São sociedades simples, mas são reguladas por lei própria (princípio da especificidade). Seguem procedimento semelhante às sociedades simples, inclusive em Vara Cível; fundado, contudo, nos fundamentos legais encontrados em lei própria (Lei das Cooperativas - Lei 5.764/71 em seus arts. 63 e ss.) PROCEDIMENTO DE DISSOLUÇÃO TOTAL - Aqui, efetivamente, a sociedade está se extinguindo - No procedimento de dissolução total, há, portanto, o ato dissolutório e a liquidação (e, se sobrar algum bem, a partilha). Por fim, há a extinção 1. Ato de Dissolução (Judicial Ou Extrajudicial): - O ato de dissolução é a razão, ou seja, o fundamento de causa para dissolução da sociedade. Aqui, o ato de dissolução volta-se ou repercute para todos. - Exemplos: Vencimento do prazo, unanimidade – extrajudicial. Anulada a constituição, fim do objeto, por vontade dos sócios com litígio, outras hipóteses previstas no contrato com litígio – judicial - 1ª Fase: O ato de dissolução deverá ser registradona Junta Comercial. Se for judicial, é sentença, e se for extrajudicial, é formalizado uma Assembleia, cuja ata estabelece o ato de dissolução Nesse momento, a Junta Comercial indica a sociedade como sociedade em liquidação (a sociedade deverá, assim, se apresentar e denominar). Não está extinta ainda! Existe para atos específicos/limitador - sua existência volta-se à liquidação. 2. Liquidação - Liquidação é dar liquidez aos ativos do estabelecimento empresarial. - Efeitos: sua personalidade jurídica é conservada para prosseguimento das fases do procedimento de dissolução. - É nomeado, então, um liquidante - arts. 208 e 209 da lei 6.404/76 + art. 1.036 e ss/CC) Art. 1.038. Se não estiver designado no contrato social, o liquidante será eleito por deliberação dos sócios, podendo a escolha recair em pessoa estranha à sociedade. § 1 o O liquidante pode ser destituído, a todo tempo: I - se eleito pela forma prevista neste artigo, mediante deliberação dos sócios; II - em qualquer caso, por via judicial, a requerimento de um ou mais sócios, ocorrendo justa causa. § 2 o A liquidação da sociedade se processa de conformidade com o disposto no Capítulo IX, deste Subtítulo. - Poderes do Liquidante: Realizar o ativo (conferir liquidez); Satisfazer o passivo (pagar credores); - Dessa forma, satisfeito o passivo, se sobrou saldo/acervo líquido: Partilha entre os sócios do acervo líquido Prestação de contas ao liquidante Aprovada (pelos sócios, se extrajudicial, ou por sentença, se judicial), se encerra a liquidação e é declarada a extinção da sociedade - Somente ocorre a partilha se pagos todos os credores e dívidas 3. Extinção - Aqui, a ata de nova Assembleia de aprovação das contas (se for extrajudicial) ou a sentença (se for judicial) é registrada na Junta Comercial e, assim, a sociedade é extinta e o procedimento de dissolução é encerrado com o fim da personalidade jurídica. - Sócio que Discorde da Prestação de Contas: goza de prazo prescricional de 30 dias para ação (art. 1.1109) - Credor Prejudicado ou Não Satisfeito Pós-Prestação de Contas Aprovada: pode exigir individualmente dos sócios até o limite que receberam ou exigência de perdas e danos do liquidante Obs.: A sociedade perde sua personalidade jurídica com a dissolução? Não, durante o procedimento de dissolução a personalidade é limitada. Só se extingue com a finalização regular do procedimento dissolutório. Obs. 2: DISSOLUÇÃO EXTRAJUDICIAL X JUDICIAL → O ato de dissolução judicial importa em lide ou em necessidade de declaração judicial. O ato de dissolução extrajudicial verifica-se quando há reconhecimento de pleno direito pela lei ou pelo contrato. Judicial: art. 1.034 e 1.035/ CC. Extrajudicial: arts. 1.033 e 1.035/CC. Obs. 3: MORA NA INTEGRALIZAÇÃO NÃO PAGA → No momento que os sócios subscrevem eles passam a ser devedores ada sociedade (que deu cotas/ações). Quando há pagamento, o sócio passa a ser, de fato, proprietário das cotas e tem direitos nessa sociedade. Quando há mora, pode haver execução (cobrança para pagamento) ou exclusão (aqui, aplica-se o procedimento de dissolução parcial). PROCEDIMENTO DISSOLUTÓRIO PARCIAL (OU A UM SÓCIO) - Aqui, a sociedade se dissolve para alguns somente - para quem com ela permanecer, a sociedade subsiste). Pode ser mais de um sócio por procedimento - Para a dissolução parcial, as fases serão as mesmas da anterior 1. Ato de dissolução (judicial ou extrajudicial): o ato de dissolução é a razão, o fundamento de causa para dissolução da sociedade. Aqui, o ato de dissolução volta-se ou repercute para sócios determinados. Exemplos: (Por vontade de determinados sócios sem litígio, morte (art. 1.028), mora na integralização e não paga (arts. 1.004 e 1.028), declaração de falido (art. 1.030), justa causa prevista no contrato (art. 1.035), liquidação de cotas em execução em que o sócio seja devedor de dívidas assumidas enquanto pessoa privada (art. 1.026) - extrajudicial) Por vontade de determinados sócios com litígio, outras hipóteses previstas no contrato com litígio, hipóteses art. 1.030 e direito de retirada com litígio – judicial Obs.: LIQUIDAÇÃO DE COTAS EM EXECUÇÃO → Quando o sócio assumir dívidas enquanto pessoa natural (privada) e essas dívidas forem dobradas em execução, suas cotas na sociedade podem ser transferidas para o credor, posto que são bens. Em sociedades de pessoas (quando a inclusão de sócio não é automática, tampouco obrigatória), esse credor pode não ser incluso nos quadros, hipótese em que receberá o valor equivalente à cota, mediante procedimento de dissolução parcial. Assim, caso os demais sócios não desejem que essas pessoas que adquiriam as cotas entrem na sociedade, as cotas serão liquidadas e executadas a fim de liquidar seu valor e entregar-lhe ao credor. - Exclusão ou retirada do sócio (hipóteses de dissolução parcial judicial): Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode o sócio ser excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente. Parágrafo único. Será de pleno direito excluído da sociedade o sócio declarado falido, ou aquele cuja quota tenha sido liquidada nos termos do parágrafo único do art. 1.026. REsp 1.839.078: direito de saída voluntária e imotivada do sócio. Todos possuem esse direito, seja uma sociedade de pessoas ou uma limitada que aplique a lei das SA. Diz o julgado que a omissão relativa à retirada imotivada na lei 6.404/76 é incompatível com a natureza das sociedades limitadas. O sócio tem o direito de se retirar. REsp 1.459.190/SP: Assim como há o direito de retirada, pode ocorrer a exclusão do sócio. Deve ser observado o quórum necessário à exclusão de sócio minoritário de sociedade limitada. Não se pode computar a participação deste no capital social, devendo a apuração da deliberação se lastrear em 100% do capital restante, ou seja, tão somente no capital social daqueles legitimados a votar. REsp 1.653.421: Quanto ao sócio majoritário, inicialmente entendia-se que não poderia haver exclusão, pois não haveria capital suficiente. Porém, vide REsp 1.653.421, ficou decidido que há a possibilidade. Necessariamente deve ser judicial (para regular notificação e apuração/exame das alegações) sendo considerada a votação por meio da maioria do capital dos sócios remanescentes. Exclui-se o capital social do sócio que se pretende excluir. Isso revela, então, que o direito do sócio majoritário não é absoluto, admite flexibilizações consideradas as especificidades do caso concreto. Obs. 2: ILICITUDE DA ASSEMBLEIA QUE EXCLUIU O SÓCIO → Entendida como ilícita a assembleia que excluiu o sócio, deve ser requerida sua anulação, que deverá ser feita em dois anos, quando nas sociedades por capital, vide art. 286 da lei 6.404/76 (prazo decadencial, por ser desconstitutivo, ainda que o art. diga prescricional) e de três anos para a sociedade pessoal, nos termos do art. 48, CC (prazo decadencial). Deve ser observado o tipo societário. 2. Apuração de Haveres: aqui, não há nomeação de liquidante e, sim, constituição de contador (na extra) e perito (na judicial). É feito um balanço especial, voltado à apuração dos valores devidos ao(s) sócio(s). Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio pode retirar-se da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante notificação aos demais sócios, com antecedência mínima de sessenta dias; se de prazo determinado, provando judicialmente justa causa. Parágrafo único. Nos trinta dias subsequentes à notificação, podem os demais sócios optar pela dissolução da sociedade. REsp 1.602.240/MG: a data base para apuração de haveres é o termo final do prazo de 60dias para retirada fixado pelo art. 1.029/CC. (É o dia seguinte ao final do prazo, porque até esses 60 dias o sócio está dentro). Obs. 3: SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO → Uma sociedade em conta de participação, que é não personificada, também pode ser dissolvida. Informativo 554/2015, REsp 1.230.981. A dissolução não será seguida de liquidação ou de apuração de haveres, mas sim de prestação de contas. Em regra, se a dissolução é extrajudicial, a apuração será extra, e se a dissolução for judicial, a apuração será judicial (ação judicial de dissolução com apuração de haveres - procedimento especial para dissolução e apuração). Exceções: Art. 599 a 609/CPC: Ação de apuração de haveres (procedimento especial só pra apuração - dissolução foi extrajudicial). Obs. 4: para a formação do quórum necessário para a exclusão do sócio, não poderão ser contabilizadas as cotas pertencentes a ele. Vejamos o entendimento do STJ: RECURSO ESPECIAL. DIREITO EMPRESARIAL. SOCIEDADE LIMITADA. EXCLUSÃO DE SÓCIO MINORITÁRIO. PRAZO DECADENCIAL DE TRÊS ANOS PARA ANULAÇÃO DA ASSEMBLEIA. DECISÃO DA MAIORIA DOS SÓCIOS, REPRESENTATIVA DE MAIS DE METADE DO CAPITAL SOCIAL. QUORUM DE DELIBERAÇÃO EM QUE NÃO PODE SER COMPUTADA A PARTICIPAÇÃO, NO CAPITAL SOCIAL, DO SÓCIO EXCLUENDO. 1. O prazo decadencial para exercício do direito à anulação da deliberação de exclusão de sócio minoritário de sociedade limitada é de 3 anos, nos termos do art. 48 do Código Civil. 2. Após sólida construção doutrinária e jurisprudencial que autorizava a exclusão de sócio minoritário, sempre tendo em mira o princípio da preservação da empresa e a manutenção de vínculo harmonioso entre os sócios, a matéria veio a ser regulada expressamente no novo Código Civil e, especialmente no que toca à sociedade limitada, regulamentada em seu art. 1.085. 3. Do excerto, verifica-se a imposição de requisitos formais e materiais para expulsão extrajudicial de sócio minoritário: i) deliberação da maioria dos sócios, representativa de mais da metade do capital social; ii) colocação da sociedade em risco pela prática de atos de inegável gravidade; iii) previsão expressa no contrato social; e iv) cientificação do excluendo. 4. Em regra, o direito de sócio participar nas deliberações sociais é proporcional à sua quota no capital social. Por outro lado, o § 2° do art. 1.074 do Código Civil veda expressamente, com fundamento no princípio da moralidade e do conflito de interesses, que sócio participe de votação de matéria que lhe diga respeito diretamente, como sói a exclusão de sócio, haja vista que atinge diretamente sua esfera pessoal e patrimonial. 5. Nessa linha, para fins de quórum de deliberação, não pode ser computada a participação no capital social do sócio excluendo, devendo a apuração se lastrear em 100% do capital restante, isto é, daqueles legitimados a votar. 6. Na hipótese, a exclusão foi aprovada por unanimidade, mas, apesar de reconhecer isso, o Tribunal de origem entendeu pela ilegalidade da deliberação ao fundamento de que os sócios votantes eram detentores do percentual de 79,58% do capital social, inferior aos 85% exigidos pelo contrato social. 7. Nesse contexto, todavia, excluindo-se as quotas representativas de 20,413% do capital da ora recorrida, percebe-se que houve unanimidade dos sócios votantes representativos, por causa da exclusão desta, de 100% do capital social legitimado a deliberar. 8. Portanto, presentes todos os requisitos legais, sendo o expulso sócio minoritário, havendo cláusula permissiva no contrato social com convocação de reunião dos sócios especialmente para tal finalidade, tendo havido a cientificação do excluendo e com conclave realizado com sócios titulares de mais de metade do capital social, necessário reconhecer a legitimidade da deliberação de exclusão. 9. Recurso especial provido. (REsp 1459190/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 15/12/2015, DJe 01/02/2016) TEMA XII PROPRIEDADE IMATERIAL. Direito autoral. Legislação. Direito autoral (Lei nº 9.610/98). ECAD. Direito autoral e internet. Registro. Sistema bipartido. Competência Estadual e Federal. Propriedade Imaterial e Direito Autoral - Art. 5o, CRFB: - Código Civil, Lei 9.610/98 (Lei da Propriedade intelectual e direitos autorais). - Conceito: Direitos autorais são bens imateriais (móveis e incorpóreos), que podem integrar o estabelecimento empresarial (diferentemente dos direitos de propriedade industrial, os direitos autorais não são necessariamente agregados à atividade empresarial; sendo expressão da personalidade que pode ser explorado economicamente pode estar relacionado à pessoa natural). Direito autoral é o direito que todo criador de uma obra intelectual tem sobre a sua criação. - Obra Intelectual: Obra intelectual é toda aquela criação intelectual que é resultante de uma criação do espírito humano (intelecto), revestindo-se de originalidade. inventividade e caráter único e plasmada sobre um suporte material qualquer. Esse direito é personalíssimo, exclusivo do autor, que, por força da lei, é móvel (art. 3o, Lei 9.610)” SISTEMA BIPARTIDO - O sistema bipartido foi reconhecido na Convenção de Berna, em seu art. 6o. A teoria monista (hoje afastada) entende que o direito autoral seria sempre ligado à moral. - Funde os dois conceitos em um só, como indivisíveis, pois são considerados um único direito, até mesmo para a caracterização do direito subjetivo. Natureza híbrida reconhecida pela Convenção de Berna. - Teoria dualista: o direito autoral teria tanto um caráter patrimonial (envolvendo direitos econômicos, de natureza real, ligado ao direito privado); caráter moral (envolvendo a imagem do autor e a ligação deste a sua obra; esse direito moral é pessoal e a tutela está positivada no direito privado, mas embasado em princípios constitucionais, originados do direito público – irrenunciáveis, imprescritíveis e inalienáveis – art. 27, lei 9.610/98). Ao contrário dos direitos morais, os direitos patrimoniais são alienáveis. Esses se passam aos herdeiros. - O registro tem natureza declaratória, não constitutiva (o direito se constitui com a criação e a exteriorização pública da obra - registro pode ser forma de exteriorizar. O registro da obra (não obrigatório) evidencia prioridade, anterioridade e autoria da obra. O registro, então, pode ser usado como prova. USO E EXERCÍCIO - O uso e exercício se dará pelo próprio autor (art. 28), por terceiros (mediante autorização prévia e expressa – art. 29) e por terceiros sem autorização (exceção pela lei – mas sempre que houver uso com benefício econômico será obrigado a indenizar). - Se não for prevista gratuidade ou onerosidade, presume-se a onerosidade (art. 50, lei 9.610/98). Art. 28. Cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou científica. Art. 29. Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por quaisquer modalidades, tais como: I - a reprodução parcial ou integral; II - a edição; III - a adaptação, o arranjo musical e quaisquer outras transformações; IV - a tradução para qualquer idioma; V - a inclusão em fonograma ou produção audiovisual; VI - a distribuição, quando não intrínseca ao contrato firmado pelo autor com terceiros para uso ou exploração da obra; VII - a distribuição para oferta de obras ou produções mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para percebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, e nos casos em que o acesso às obras ou produções se faça por qualquer sistema que importe em pagamento pelo usuário; VIII - a utilização, direta ou indireta, da obra literária,artística ou científica, mediante: a) representação, recitação ou declamação; b) execução musical; c) emprego de alto-falante ou de sistemas análogos; d) radiodifusão sonora ou televisiva; e) captação de transmissão de radiodifusão em locais de freqüência coletiva; f) sonorização ambiental; g) a exibição audiovisual, cinematográfica ou por processo assemelhado; h) emprego de satélites artificiais; i) emprego de sistemas óticos, fios telefônicos ou não, cabos de qualquer tipo e meios de comunicação similares que venham a ser adotados; j) exposição de obras de artes plásticas e figurativas; IX - a inclusão em base de dados, o armazenamento em computador, a microfilmagem e as demais formas de arquivamento do gênero; X - quaisquer outras modalidades de utilização existentes ou que venham a ser inventadas. - AUTORIZAÇÃO → Autorização de quem detenha os direitos patrimoniais (os morais só o autor, pessoa física, ou herdeiros naturais, podem exercer). É feita por meio de contrato de transferência, vide art. 49. Tem-se liberdade de contratar – total ou parcial – com ou sem exclusividade. A autorização se dá no prazo máximo de 05 anos e deve ser interpretado restritivamente, ou seja, se foi só para uma modalidade não pode se estender. - USO SEM AUTORIZAÇÃO E SEM INDENIZAÇÃO → Uso e exercício por terceiros sem autorização: há situações em que, atendendo o interesse público, ou ao benefício exclusivo de autores ou titulares, autoriza esse uso sem consulta-los previamente. Art. 46, lei 9.610/98. Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais: I - a reprodução: a) na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo informativo, publicado em diários ou periódicos, com a menção do nome do autor, se assinados, e da publicação de onde foram transcritos; b) em diários ou periódicos, de discursos pronunciados em reuniões públicas de qualquer natureza; c) de retratos, ou de outra forma de representação da imagem, feitos sob encomenda, quando realizada pelo proprietário do objeto encomendado, não havendo a oposição da pessoa neles representada ou de seus herdeiros; d) de obras literárias, artísticas ou científicas, para uso exclusivo de deficientes visuais, sempre que a reprodução, sem fins comerciais, seja feita mediante o sistema Braille ou outro procedimento em qualquer suporte para esses destinatários; II - a reprodução, em um só exemplar de pequenos trechos, para uso privado do copista, desde que feita por este, sem intuito de lucro; III - a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o nome do autor e a origem da obra; IV - o apanhado de lições em estabelecimentos de ensino por aqueles a quem elas se dirigem, vedada sua publicação, integral ou parcial, sem autorização prévia e expressa de quem as ministrou; V - a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas, fonogramas e transmissão de rádio e televisão em estabelecimentos comerciais, exclusivamente para demonstração à clientela, desde que esses estabelecimentos comercializem os suportes ou equipamentos que permitam a sua utilização; VI - a representação teatral e a execução musical, quando realizadas no recesso familiar ou, para fins exclusivamente didáticos, nos estabelecimentos de ensino, não havendo em qualquer caso intuito de lucro; VII - a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas para produzir prova judiciária ou administrativa; VIII - a reprodução, em quaisquer obras, de pequenos trechos de obras preexistentes, de qualquer natureza, ou de obra integral, quando de artes plásticas, sempre que a reprodução em si não seja o objetivo principal da obra nova e que não prejudique a exploração normal da obra reproduzida nem cause um prejuízo injustificado aos legítimos interesses dos autores. 1. Escritório Central de Arrecadação e Distribuição – ECAD - O escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD) é um escritório privado brasileiro responsável pela arrecadação e distribuição dos direitos autorais das músicas aos seus autores, tendo sua sede localizada no Rio de Janeiro. É uma instituição privada criada pela Lei 5.988/73 e mantida pela Lei Federal 9.610/98. - O órgão é formado por 9 associações (de músicos, compositores, intérpretes, autores etc.), que funcionam como sindicatos. - O ECAD arrecada direitos de rádio, TV, shows, bares, academias, consultórios médicos, carros de som, terminais de transporte etc (o ECAD arrecada e repassa pra quem tem direito e está associado). REsp 1.589.598: quarto de hotel e aparelhos televisores, cobrança de TV por assinatura. É possível cobrar, não há bis in idem nas hipóteses de cobrança de direitos autorais tanto da empresa exploradora do serviço de hotelaria como da empresa prestadora dos serviços de transmissão de sinal de TV por assinatura. Súmula 261, STJ: a cobrança de direitos autorais pela retransmissão radiofônica de músicas, em estabelecimentos hoteleiros, deve ser feita conforme a taxa média de utilização do equipamento, apurada em liquidação. REsp 1.627.606: corretora de seguros. Criação de nova espécie securitária. Inexistência de proteção autoral. A criação de nova espécie de seguro não possui a proteção da Lei de Direitos Autorais. Obs.: O uso sem autorização e com benefício econômico gera o direito de indenização. Processo 0044369-84.2017.8.19.0000 TJRJ. No caso, a Record usou as obras de um pintor em novela. Houve a obrigação de indenizar. Obs. 2: competência para o ECAD é de vara cível estadual ou JEC, em regra (pode ser vara cível federal a depender das partes envolvidas). REsp 1.138.522. Competência: cabe ao juízo do foro do domicílio do réu. Sendo pessoa jurídica, no local da sede. Súmula 574/STJ: Para a configuração do delito de violação de direito autoral e a comprovação de sua materialidade, é suficiente a perícia realizada por amostragem do produto apreendido, nos aspectos externos do material, e é desnecessária a identificação dos titulares dos direitos autorais violados ou daqueles que os representem. Obs. 3: Provedor de rede social pode ser responsabilizado caso, informado de violação de direitos autorais (por terceiro), não atue para tirar o conteúdo do ar. APROPRIAÇÃO INDEVIDA - A apropriação indevida é também conhecida por plágio (“furto” de obra alheia). Aqui, interpreta-se, em regra, que a reprodução com a citação, mesmo sem autorização, se torna possível, salvo se houver interesse comercial (benefício econômico). Sem autorização com benefício econômico gera dano e responsabilidade de reparar. Exceções: Art. 47. São livres as paráfrases e paródias que não forem verdadeiras reproduções da obra originária nem lhe implicarem descrédito. Art. 48. As obras situadas permanentemente em logradouros públicos podem ser representadas livremente, por meio de pinturas, desenhos, fotografias e procedimentos audiovisuais. - O prazo para ajuizar ação indenizatória é de 3 anos, contado a partir do momento que cessa o uso indevido. - EXPIRAÇÃO → a obra autoral inicia-se a partir de sua criação e perdura por 70 anos a contar de 1o de janeiro do ano seguinte ao do falecimento do autor, quando entra, então, domínio público. TEMA XIII PROPRIEDADE INDUSTRIAL I. Legislação (Lei 9.279/96). Marcas: sinais ou expressão não registráveis como marca. Espécies de Marca. Marca de Posição. Procedimento do pedido de registro de marca. Indicações geográficas. Trade dress. Concorrência desleal. Colidência entre nome, marca e título do estabelecimento. Propriedade Industrial - A importância do estudo e da proteção da propriedade intelectual se dá em razão do sistema industrial modernoe da velocidade dos avanços tecnológicos - Busca pela capacidade de todos os segmentos sociais usufruírem os benefícios das conquistas tecnológicas. - Propriedade industrial é espécie de propriedade intelectual. Direito industrial (mais utilitário tecnológica e economicamente): lei n. 9.279/96 (LPI). Direito autoral: lei n. 9.610/98. - Bens integrantes da PI: Art. 2º A proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, considerado o seu interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País, efetua-se mediante: I - concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade; II - concessão de registro de desenho industrial; III - concessão de registro de marca; IV - repressão às falsas indicações geográficas; e V - repressão à concorrência desleal. - Integram o fundo empresarial (ou estabelecimento empresarial): fundamento constitucional – art. 5o, XXIX, CRFB. Obs.: CONCORRÊNCIA DESLEAL → Concorrência desleal (apesar de descrito no art 2o, LPI) não é um bem, é, na verdade, uma conduta não esperada no exercício da atividade (conduta repreendida). Infere um aspecto constitucional de proteção da ordem econômica (CRFB veda a concorrência desleal). A concorrência desleal se baseia em um tripé: 1. Constituição Federal: para garantia da saúde mercadológica, bem como da ordem econômica 2. Propriedade intelectual-industrial: atuação do empresário em face de bens de outro empresário (uso indevido/cópias/ reproduções de marcas ou produtos alheios) 3. Consumidor: o exercício indevido da atividade prejudica o consumidor e viola seus direitos - Conceituado como o uso de artifícios ilegais ou ilegítimos na captura da clientela (desvio de público de forma desleal). 1. Marca - A marca identifica o produto ou serviço e confere importância/ lastro/(re)nome a este, por isso deve ser protegida. Art. 122. São suscetíveis de registro como marca os sinais distintivos visualmente perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais. - É o sinal ou signo distintivo visualmente perceptível que tem como finalidade identificar os produtos e serviços de determinado empresário. Tem o propósito de identificação de modo que simplesmente ao olhar a marca o mercado sabe quem o produziu. - Marca é um sinal visualmente perceptível, deve ser algo visível aos olhos, por isso, estímulos sonoros e olfativos não são propriamente marca. - Marca não se confunde com o nome empresarial. Este identifica o empresário, é elemento identificador do empresário, é um direito da personalidade e que será carregado em um contrato, por exemplo. A marca, contudo, identifica o produto ou serviço do empresário. Isso é importante, porque as esferas de proteção são absolutamente distintas. - O nome empresarial é protegido somente mediante registro perante a junta no âmbito do estado que se encontra, enquanto que a proteção da marca é em âmbito nacional, registrado no INPI. Inclusive há marcas que são protegidas ainda que não se faça presente o registro. - Também não se confunde com o título do estabelecimento, que é a identidade do estabelecimento, o conjunto de bens que o empresário reúne para exercer a sua atividade. - O título do estabelecimento não tem uma tutela específica pela lei, apenas uma proteção genérica contra a concorrência desleal. - Em que pese ter essa diferenciação, em muitos casos há uma confusão e muitos empresários vão a juízo para se socorrer quando há identidade, por exemplo, entre marca e nome empresarial. - Em princípio, são institutos diversos, com proteções distintas e não há confusão. Mas há casos em que essa identidade e a jurisprudência do STJ é recheada nesse sentido, de reconhecer a confusão e da prática da concorrência desleal. Toda vez que a identidade desses institutos, mesmo que de proteções distintas, configure um empecilho à livre concorrência, poderá ser tutelado um direito contra a concorrência desleal. - A marca pode ser uma palavra (descritiva), um desenho (figurativa) ou ambos (mista), mas essa designação seja visualmente perceptível – como requer a lei. - A marca identifica o produto ou serviço na sua categoria, no seu ramo de atividade – é o chamado Princípio da Especialidade ou Especificidade. - A proteção da marca é absoluta apenas do ramo da atividade exercida pelo empresário, não havendo prejuízo ao consumidor pela diferença na classe - O Princípio da Anterioridade, por sua vez, confere proteção a quem primeiro realizar o registro no INPI. Obs.: MARCA x NOME EMPRESARIAL x ESTABELECIMENTO → Em comum, esses três elementos nomeiam algo. O estabelecimento nomeia o ponto empresarial. A maca, por sua vez, identifica o objeto; enquanto o nome empresarial nomeia o sujeito. REsp 1.315.621. REsp 1.929.811: Observou-se, no uso do instituto do registro de PI, a presença de elementos comuns. Buscava-se exclusividade no elemento que, por natureza, não poderia ser exclusivo. Assim, entendeu-se que em certos elementos, ainda que haja o direito de registrar, não pode exigir o direito de exclusividade. É o chamado pela jurisprudência de marca evocativa, que não pode ter exclusividade no ramo por se utilizar de elementos comuns ou vulgares (para aquela categoria/atividade) social ou mercadológico. Ex.: requerer exclusividade no termo “Air” no transporte aéreo. ESPÉCIES DE MARCAS I. Marca Propriamente Dita: Os incisos II e III são protegidos pela lei, porque, mesmo não sendo marcas em si, eles, em verdade, marcam alguma coisa. Art. 123. Para os efeitos desta Lei, considera-se: I - marca de produto ou serviço: aquela usada para distinguir produto ou serviço de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa; II - marca de certificação: aquela usada para atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas, notadamente quanto à qualidade, natureza, material utilizado e metodologia empregada; e III - marca coletiva: aquela usada para identificar produtos ou serviços provindos de membros de uma determinada entidade. II. Marcas de Certificação: Marca de certificação é aquela usada para atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas, padrões ou especificações técnicas, notadamente quanto à qualidade, natureza, material utilizado e metodologia empregada (art. 123 da LPI). Ex.: INMETRO, Carimbo da Sociedade brasileira de Dermatologia etc. III. Marca Coletiva: produtos de uma mesma entidade (ex.: P&G, AMBEV, Johnson & Johnson) - não precisa ser necessariamente de holding, pode ser cooperativa e outras entidades. CLASSIFICAÇÕES DAS MARCAS - Quanto a Forma de Apresentação: Tradicionalmente as marcas podem ser nominativas (palavras ou números, sem qualquer desenho estético), figurativas (representada por desenhos, símbolos e figuras ou por palavras que sejam escritas de modo fantasioso/figurativo) e mistas (misturam os elementos de ambas). INPI tem aceitado outras duas: Tridimensional (forma do produto, o produto é desenvolvido para servir como marca, a própria forma do produto o identifica - garrafa de vidro da Coca-Cola); e de Posição (caracteriza-se por um signo distintivo, posicionado de tal forma no produto ou serviço que permita a sua identificação - ex.: três linhas da Adidas no tênis). - Trade Dress: Não é reconhecido pelo INPI como marca. É um conjunto de elementos agregados pelo empresário que permitem a sua identificação e do seu negócio. Ex.: loja vermelha e amarela - McDonalds. O STJ tem decidido sem reconhecer o trade dress como marca, mas a cópia desse conjunto imagem e de elementos visuais pode levar à violação da livre concorrência. - Quanto à Natureza: Marcas de Produtos Ou Serviços - marca de um modo geral. aquele sinal distintivo que visa identificaro produto ou serviço do empresário. Marcas de Certificação - visa atestar que aquele produto ou serviço atende a certas qualidades e padrões técnicos ou de qualidade. Ex.: marca do Inmetro. Marca Coletiva - visa atestar que o produto ou serviço foi produzido/criado por um determinado grupo de pessoas ou de uma origem específica. Marca de cooperativas, por exemplo. Ex.: bandeira da Suíça no chocolate suíço. - A marca deve atender a requisitos: Novidade: relativa (não é necessariamente novo, mas deve ostentar finalidade nova) Desimpedimento Legal: determinações do art. 124, LPI. Não ser marca de alto renome/notória anteriormente registrada. REsp 1.583.007. É nulo o registro de marca nominativa de símbolo olímpico ou paraolímpico. REsp 1.353.300. O símbolo partidário pode ser registrado como marca para que se resguarda a exploração econômica por agremiações políticas (associações civis ou partidos) do uso da marca de produtos/serviços, ainda que não exerçam precipuamente atividade empresarial Obs.: MARCA DE ALTO RENOME E MARCA NOTÓRIA → Ambas gozam de proteção legal especial, sendo exceções a alguns princípios que norteiam o registro de marca. A marca notoriamente conhecida tem um conceito que vai se tornando cada vez mais exceção, cada vez menos visto. Regra geral, a marca é de quem registra primeiro. Porém, provado que já existe o registro da marca notoriamente reconhecida em outro país, terá o direito de preferência e poderá cancelar o registro da marca aqui já existente. Deve ser no mesmo ramo, no mesmo segmento mercadológico. Ex.: existia a Levi’s no EUA. Um brasileiro foi ao país, viu que a marca vendia muito e registrou com o mesmo nome no Brasil, no mesmo ramo. A Levi’s chegando no Brasil pode alegar ser notoriamente conhecida, requerer o registro aqui e cancelar o da outra. Hoje em dia é mais incomum, em razão da globalização, de modo que o próprio INPI já conhece a notoriedade e já iria indeferir o registro com o mesmo nome aqui. A marca notória é uma exceção ao princípio da anterioridade, assim como ao princípio da territorialidade (está trazendo marca registrada em outro país para o Brasil). O conceito não é vinculado somente ao nome, mas pode ser o som, a pronúncia semelhante ao nome. A proteção, logo, não é somente em situação idêntica, mas pode ser semelhante. Esse direito só é aproveitado a países que aderiram ao Tratado de Paris. - Marca de alto renome, por sua vez, é de criação da lei brasileira, em seu art. 125, sendo aquele que ficou tão forte em seu ramo e que assim pode influenciar em outros ramos. O consumidor, nesse viés, pode acreditar que se usado aquele nome significa ser pertencente ao mesmo grupo. É uma análise interna do mercado, não se chocando com marcas de outros países; em razão disso não foi abordado no Tratado de Paris. É aquela que foi registrada no país, mas seu desenvolvimento leva a crer que pode influenciar o mercado até fora de seu ramo originário. A Resolução 121 INPI estabelece os requisitos. Quando for de alto renome, o INPI proíbe que seja registrado o mesmo nome em qualquer ramo. Ex.: Mercedes-Benz, Adidas, Xerox, etc. O STJ, no REsp 1.162.281, entende que só quem pode dizer que a marca é de alto renome é o INPI. Não existe aqui exceção ao princípio da anterioridade. Logo, se já tiver uma marca de outro ramo com o mesmo nome e uma delas se torna de alto renome, a outra se manterá, não será obrigada a mudar de nome. Marca famosa não é sinônimo de alto renome. Tem que ter todos os critérios da resolução do INPI: REsp 1.787.676. Observar relação com o princípio da especialidade no caso concreto do dia. Obs. 2: Ser famosa não necessariamente significa ser marca de alto renome (esse status é reconhecido exclusivamente pelo INPI). O INPI cuida, ainda, de proteger os preexistentes de boa-fé. Atenção!!!! Lembre-se que a marca não é patenteada, a marca é REGISTRADA, tal como o desenho industrial. A patente, que será estudada adiante, se aplica à invenção e ao modelo de utilidade. 2. Patente e Patenteabilidade (aplicável à Invenção e ao Modelo de Utilidade) - Patente é carta/forma de concessão. São bens incorpóreos (sem existência material) + bens móveis por força de lei. É a forma de proteção de invenção e modelo de utilidade. - Não se pode confundir com o Registro que, por sua vez, é a forma de proteção do desenho industrial e das marcas - Nosso ordenamento se ordena pelo sistema do primeiro a fazer o depósito da patente, o qual será considerado inventor do modelo de utilidade ou invenção aquele que fizer primeiramente o depósito da patente, ainda que terceiro os tenha criado antes. - Ainda, também é utilizado um sistema formal de proteção: assim, aquele que de fato inventou primeiro tem algum direito? Art. 45, da Lei 9279/96 - pessoa de boa-fé que explorava a invenção ou modelo de utilidade sem o depósito da patente pode continuar explorando sem precisar indenizar quem fez o depósito. Art. 45. À pessoa de boa-fé que, antes da data de depósito ou de prioridade de pedido de patente, explorava seu objeto no País, será assegurado o direito de continuar a exploração, sem ônus, na forma e condição anteriores. § 1º O direito conferido na forma deste artigo só poderá ser cedido juntamente com o negócio ou empresa, ou parte desta que tenha direta relação com a exploração do objeto da patente, por alienação ou arrendamento. § 2º O direito de que trata este artigo não será assegurado a pessoa que tenha tido conhecimento do objeto da patente através de divulgação na forma do art. 12, desde que o pedido tenha sido depositado no prazo de 1 (um) ano, contado da divulgação. - Para ter característica de PATENTEABILIDADE, a invenção e o modelo de utilidade deverão cumprir três requisitos, os quais estão elencados nos arts. 8º e 9º da LPI: Art. 8º É patenteável a invenção que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial. Art. 9º É patenteável como modelo de utilidade o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação. 1. Novidade: a invenção não pode estar no estado da técnica - §1º do art. 11, da Lei 9279/96. Exceções: Art. 12. Não será considerada como estado da técnica a divulgação de invenção ou modelo de utilidade, quando ocorrida durante os 12 (doze) meses que precederem a data de depósito ou a da prioridade do pedido de patente, se promovida: I - pelo inventor; II - pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI, através de publicação oficial do pedido de patente depositado sem o consentimento do inventor, baseado em informações deste obtidas ou em decorrência de atos por ele realizados; ou III - por terceiros, com base em informações obtidas direta ou indiretamente do inventor ou em decorrência de atos por este realizados. Parágrafo único. O INPI poderá exigir do inventor declaração relativa à divulgação, acompanhada ou não de provas, nas condições estabelecidas em regulamento. 2. Atividade Inventiva para invenção e Ato Inventivo para o modelo de utilidade: a Atividade inventiva - arts. 13 e 14. Tem que ser algo novo e não pode ser algo desenvolvido pelo conhecimento de um expert. 3. Aplicação Industrial: é preciso que aquela invenção ou modelo de utilidade seja passível de ser produzido industrialmente no momento do depósito do pedido. Exceções à patente mesmo com o preenchimento dos requisitos: Art. 18. Não são patenteáveis: I - o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas; II - as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem como a modificação de suaspropriedades físico- químicas e os respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes de transformação do núcleo atômico; e III - o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microorganismos transgênicos que atendam aos três requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplicação industrial - previstos no art. 8º e que não sejam mera descoberta. Parágrafo único. Para os fins desta Lei, microorganismos transgênicos são organismos, exceto o todo ou parte de plantas ou de animais, que expressem, mediante intervenção humana direta em sua composição genética, uma característica normalmente não alcançável pela espécie em condições naturais. Obs.: nos casos de Segredo Industrial, quando o fabricante não quer divulgar a fórmula ou modo de fazer de algo, ele não irá patentear. Isso porque, quando há o registro da patente, haverá a divulgação pública das informações. Lembre-se que a exclusividade do uso, quando patenteado, só dura 20 ou 15 anos e, depois, todos poderão fabricar e comercializar o produto. Art. 40. A patente de invenção vigorará pelo prazo de 20 (vinte) anos e a de modelo de utilidade pelo prazo 15 (quinze) anos contados da data de depósito. PROCEDIMENTO PARA PATENTEAR - Começa a partir do artigo 19, da LPI. É procedimento formal perante o INPI que se inicia com um requerimento de depósito dirigido ao instituto. Deve ser feito com os documentos do dispositivo supracitado. - Ao ser recebido, será feita uma análise formal, sem ver os conteúdos, dando início ao procedimento e a data do pedido de depósito será a data do protocolo. O início do prazo de vigência é a partir da data do pedido de depósito e não da data de concessão da patente. - Se não estiver em conformidade o requerimento com os documentos exigidos, há um prazo de 30 dias para a correção. A data do protocolo, então, não será mais considerada a data originária (art. 21, parágrafo único, da LPI). Art. 30 - análise interna, técnica, daquilo que foi apresentado. completados os 18 meses haverá a divulgação/publicação para que a comunidade possa impugnar o pedido de depósito. Exceção no artigo 75, da LPI. - Deferido o pedido, a concessão da patente com a emissão da carta patente, depende do pagamento de um valor (tabela do INPI). Esse pagamento para que seja concedida a patente tem que ser feito nos 60 dias após a decisão de deferimento. Obs.: PATENTE “MAILBOX” → período de transição entre o acordo Trips e o período da entrada em vigor da LPI. Ficou na caixa de correio do INPI até a entrada em vigor da LPI. Prazo de vigência de 20 anos a contar da data do depósito. STJ julgou em REsp repetitivo. Nancy Andrighi. Remédios e produtos alimentícios não eram patenteáveis até a LPI. Ocorre que os detentores de produtor químicos farmacêuticos e de agronegócio queriam patentear. O INPI sabia que a lei iria entrar em vigência, mas não podia ainda patentea- los em razão da não vigência. Logo, deixou esses pedidos em uma caixa aguardando a vigência. Foi o chamado de mailbox. O prazo de vigência da mailbox, vide REsp 1.859.959, uniformizou o entendimento dizendo que o prazo é de 20 anos contados da data do depósito (extensão de prazo do art. 40). NULIDADE DA PATENTE - Havendo vício no procedimento ou violação da lei, é possível promover a invalidação da patente, procedimento chamado de nulidade da patente. Pode ser administrativa ou judicial. - O procedimento administrativo corre internamente no INPI. Esse procedimento pode ser instaurado a requerimento de qualquer interessado ou de ofício pelo próprio INPI. Há uma limitação temporal: o procedimento de nulidade da patente administrativo tem um prazo decadencial de 6 meses a contar da concessão da patente (Art. 51, da LPI). - O parágrafo único desse dispositivo traz a regra na qual mesmo que extinta a patente (Art. 78, da LPI) o procedimento administrativo de nulidade da patente prossegue. - Isso porque a nulidade da patente retroage até a data do depósito, os efeitos retroagem até a data do depósito. vimos que desde o depósito, o titular exerce a patente, isso significa que se produziram efeitos que interferem na vida de terceiros, então, logicamente, a nulidade também interferirá na esfera desses terceiros. - É possível a nulidade judicial, por meio de ação perante a justiça federal, porque o INPI é autarquia federal. A ação pode ser ajuizada em qualquer tempo, enquanto vigente a patente. Se no curso da ação for extinta a patente, o STJ já entendeu que a ação prossegue pelo mesmo motivo explicado na nulidade administrativa. CESSÃO E LICENÇA DA PATENTE - Os bens de propriedade industrial têm natureza de bens móveis. Se assim não, podem ser objeto de negócios translativos. - É possível a transferência dos direitos de titularidade da patente, por meio de cessão. O cedente perde todos os direitos inerentes à patente, se transfere a titularidade ao cessionário. Obviamente, em se tratando de bem de propriedade industrial o contrato de cessão tem que ser registrado no INPI. - Outra hipótese é a licença de uso, que é a permissão para que outro explore a patente, sem que a titularidade seja transferida (Art. 61, da LPI). O titular da patente tem o direito de fiscalizar. Isso é uma licença voluntária. - Há a hipótese de licença compulsória, também chamada, popularmente, de quebra da patente. Ela é deferida nos casos de abuso do direito. Pode ser um abuso de poder econômico (Art. 68, da LPI). - Requerimento administrativo ao INPI ou por decisão judicial. Também pode se dar por não observância da função social da patente, quando não der à patente a destinação estabelecida ou quando não for explorada totalmente, ressalvados os casos de inviabilidade econômica. Pode haver licença compulsória também para o atendimento de interesse público (Art. 71, da LPI). Obs.: Quem explora a patente licenciada? Quem requerer e provar que tem condições técnicas de explorar a patente. TRÂMITE PROCESSUAL - Em ações em que o INPI é parte, a competência para processar e julgar é da Justiça Federal, posto que é autarquia federal (em ações de nulidade sua participação é obrigatória, como nas ações de obrigação de fazer - quando se busca o reconhecimento do alto renome, por exemplo). - A LPI não dispõe acerca do trâmite processual judicial, por isso, são observados os procedimentos fixados pelo CPC. - O trâmite processual extrajudicial é levar a marca a registro no INPI (com sede no RJ e filiais estaduais). - O prazo prescricional é contado a partir da cessação do uso indevido. REsp 1.327.773 → Entende o STJ que nos casos de pirataria há dano material e dano moral. O dano moral é in re ipsa, de modo que isso desabona, vulgariza, por si só, a marca. Quanto ao dano moral, não precisa se provar a comercialização, somente a exposição. É deferido por arbitramento. O prazo para requerer a indenização é de cinco anos, vide art. 225, de modo que se dá como um crime continuado, ou seja, enquanto está se violando, renova-se o prazo. REsp 1.527.232 → Natura X Jequiti. Trade dress (forma de exercer a atividade industrial que caracterize a marca – por exemplo, o amarelo e vermelho do McDonalds). A marca não é entendida só pelo nome, mas o seu todo, o conjunto da obra. Quando se tem vários elementos, o nome pode até ser diferente, mas o som é semelhante, a embalagem é parecida, o que evidencia concorrência desleal. O trade dress, vide art. 124, VIII da Lei, traz que denominações, cores, etc. trazem uma proteção preliminar desse instituto. O trade dress consiste na necessidade de se combate elementos que dão características de personalidade do produto, que o tipificam, como cores, embalagem, denominações, etc. que podem levar a confusão do produto. Inclui a marca. Art. 124, VIII. Art.195, ambos da LPI EXTINÇÃO DA PATENTE - Por Decorrimento doPrazo: cada direito tem um prazo de vigência. Após, cairá em domínio público, de modo que todos poderão usufruir. Invenção tem prazo de 20 anos (art. 40), modelo de utilidade será de 15 anos (art. 40), desenho industrial (10 anos, podendo ser prorrogado por três vezes de cinco anos cada, art. 108), marca são 10 anos, podendo ser prorrogado sem limites (art. 133). Art. 40. A patente de invenção vigorará pelo prazo de 20 (vinte) anos e a de modelo de utilidade pelo prazo 15 (quinze) anos contados da data de depósito. Art. 133. O registro da marca vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos, contados da data da concessão do registro, prorrogável por períodos iguais e sucessivos. § 1º O pedido de prorrogação deverá ser formulado durante o último ano de vigência do registro, instruído com o comprovante do pagamento da respectiva retribuição. § 2º Se o pedido de prorrogação não tiver sido efetuado até o termo final da vigência do registro, o titular poderá fazê-lo nos 6 (seis) meses subsequentes, mediante o pagamento de retribuição adicional. § 3º A prorrogação não será concedida se não atendido o disposto no art. 128. - Renúncia: o titular da patente renuncia, ressalvado o direito de terceiros. - Caducidade: perda do direito pelo uso ou desuso. Ex.: registrou, mas por cinco anos não explorou. Quem tiver interesse poderá alegar a caducidade e requerer a extinção, para que passe a usar. REsp 964.780. Do mesmo modo, se o uso for inexpressivo, esporádico, entende o STJ que poderá ocorrer a caducidade, comparado a aquele ramo. REsp 1.236.218. Quando a produção/ exploração ocorrer nos termos da atividade social da sociedade, ainda que não haja exploração interna, não ocorrerá a caducidade. A exportação (quando atende finalidade do registro) não importa em caducidade. - Falta de pagamento de retribuição anual, nos prazos previstos no §2º do artigo 84 e do artigo 87. Se tiver o pagamento atrasado e ninguém estiver requerendo a extinção, poderá se manter. - Pela inobservância do art. 217. O detentor, quando vai morar fora do país, deve deixar no Brasil alguém com poderes de citação. REQUISITOS PARA A CONCESSÃO - Como já visto, atendendo os quatro requisitos, o INPI irá conceder a proteção, seja para a invenção, para o modelo de utilidade ou para o desenho industrial. - Novidade: art. 11 – deve ser desconhecido das cientistas e pesquisadores; - Atividade inventiva – art. 12 e 13. Deve ser por criação humana, não existente na natureza (descobrir - evidenciar o que já está na natureza x inventar - criar; só se concede às invenções) - Impede-se mera descoberta (um cientista descobriu a eletricidade. O inventor criou a lâmpada). - Utilização industrial (art. 14 – pretende afastar invenções que não podem ser fabricadas ou por não possuir utilidade). - Desimpedimento: art. 10 e 18. Ex.: programa de computador não pode ser patenteável por ter lei própria, que o reconhece como direito autoral. DIREITOS DE PRIORIDADE - Convenção da União de Paris. Recepcionado pela LPI - Unificou o processo. O requerimento do registro ocorre simultaneamente nos países signatários. Poderá ser feito em inglês, francês ou Espanhol para tanto. - O INPI após análise encaminhará a OMPI (organização Mundial de Prioridade Intelectual) que encaminhará a cada país - quem apresenta pedido de patente de invenção ou modelo de utilidade em qualquer país signatário, autoriza o registro unificado (é remetido a esse banco de dados, uma espécie de reforço de proteção globalizado). - Princípio da Precedência (art. 45 e 129): o usuário de boa-fé que já estiver se apropriado do bem imaterial poderá continuar a exploração. O ônus da prova cabe a quem diz ser o usuário anterior. Deve comprovar a anterioridade e a boa-fé. Provando, pode usar concomitantemente. Não é regra esse princípio, mas exceção. Art. 45. À pessoa de boa fé que, antes da data de depósito ou de prioridade de pedido de patente, explorava seu objeto no País, será assegurado o direito de continuar a exploração, sem ônus, na forma e condição anteriores. § 1º O direito conferido na forma deste artigo só poderá ser cedido juntamente com o negócio ou empresa, ou parte desta que tenha direta relação com a exploração do objeto da patente, por alienação ou arrendamento. § 2º O direito de que trata este artigo não será assegurado a pessoa que tenha tido conhecimento do objeto da patente através de divulgação na forma do art. 12, desde que o pedido tenha sido depositado no prazo de 1 (um) ano, contado da divulgação. Art. 129. A propriedade da marca adquire-se pelo registro validamente expedido, conforme as disposições desta Lei, sendo assegurado ao titular seu uso exclusivo em todo o território nacional, observado quanto às marcas coletivas e de certificação o disposto nos arts. 147 e 148. § 1º Toda pessoa que, de boa fé, na data da prioridade ou depósito, usava no País, há pelo menos 6 (seis) meses, marca idêntica ou semelhante, para distinguir ou certificar produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, terá direito de precedência ao registro. § 2º O direito de precedência somente poderá ser cedido juntamente com o negócio da empresa, ou parte deste, que tenha direta relação com o uso da marca, por alienação ou arrendamento. LICENÇA - O direito industrial se realiza direta ou indiretamente: Direta: o próprio titular do bem assume os riscos. Concessão da carta. Indireta: permite licença de uso em favor de terceiro. Pode ser simultâneo (direto e indireto – sem exclusividade). - Só produzirá efeitos após a averbação no INPI, mas não é requisito de validade ou de eficácia entre as partes. Deve ser dada a licença por meio de contrato de transferência de tecnologia. - O contrato de cessão gera uma licença voluntária, podendo ser total ou parcial, exclusiva ou não. Art. 58 e 59 para patentes e art. 134 e 135 para as marcas. Exigem sempre a publicação pelo INPI. - Além da licença voluntária, pode haver uma licença compulsória, quando o Estado determina. Pode ocorrer por um monopólio, preços abusivos, por ineficiência de produção para todo o país. É a chamada quebra de patente. 3. Registro (Aplicável às Marcas e ao Desenho industrial) - Instrumento de proteção do desenho industrial e do modelo de utilidade. PRAZO PARA A MARCA Art. 133. O registro da marca vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos, contados da data da concessão do registro, prorrogável por períodos iguais e sucessivos (NÃO HÁ LIMITES). § 1º O pedido de prorrogação deverá ser formulado durante o último ano de vigência do registro, instruído com o comprovante do pagamento da respectiva retribuição. § 2º Se o pedido de prorrogação não tiver sido efetuado até o termo final da vigência do registro, o titular poderá fazê-lo nos 6 (seis) meses subsequentes, mediante o pagamento de retribuição adicional. § 3º A prorrogação não será concedida se não atendido o disposto no art. 128. - Sempre que houver violação à lei na própria concessão do registro. Nulidade essa que parte de requerimento que pode ser feito de ofício ou por pessoa interessada. - A tutela das marcas depende do registro. Adotou-se um sistema atributivo, ou seja, é titular da marca aquele que registra. Abandonamos o sistema da ocupação ou encampação, que conferia proteção à marca àquele que, mesmo que não tivesse registrado a marca, a utilizava ostensivamente. O Brasil, embora signatário da convenção de Paris, adotou o sistema atributivo na LPI. - Usuário de boa-fé na patente pode explorar o invento ou modelo de utilidade, mesmo que outro tenha patenteado, desde que prove que tenha inventado antes. Aqui não, o usuário tem direito de preferência no registro. O usuário de boa-fé tem direito de preferência noregistro (Art. 129, §1º, da LPI). - Essa diferença de tratamento se dá porque na invenção são duas pessoas que exploram em regime de concorrência. Aqui não há como dois empresários comercializarem sob a mesma marca, haverá confusão no mercado. - O registro observa apenas um único princípio, que é o princípio da especialidade. O INPI editou uma instrução normativa que é chamada de classificação nacional de produtos e serviços. O registro da marca é feito de acordo com a classe daquele produto ou serviço. - Há uma exceção ao princípio da especialidade que é a marca de alto renome (Art. 125, da LPI). Porque a marca de alto renome vai conferir direito de exploração exclusiva daquela marca em todos os produtos e serviços. Contudo, é preciso que o INPI reconheça, mediante uma investigação interna pelo instituto. - Paralelamente (Art. 126, da LPI) há a marca notoriamente reconhecida, que é uma exceção ao princípio da territorialidade. Aplicar-se-á a convenção de Paris. É a marca notoriamente reconhecida que não está registrada, ela gozará de proteção dentro da classe de produtos e serviços associado ao produto da marca. Pelo artigo 6º da Convenção de Paris, os países signatários se comprometem a não registrar a marca de um empresário que não seja aquele titular da marca notoriamente reconhecida - Cessão e Licença de Uso (Art. 174, da LPI) → Pode ser autorizado o uso ou transferida a utilização. Há uma grande utilidade prática que são os contratos de franquia (Art. 13.966/19). Obs.: DESENHO INDUSTRIAL → Pode haver a criação de formas de um mesmo produto. Quando isso ocorre, não pode registrar como uma invenção, porque o produto já existe. Também não pode se dar como modelo de utilidade, porque não está se dando uma melhoria. Pode ser muito lucrativo para o empresário. Logo, para ter proteção, o direito reconhece como desenho industrial (design): Alteração na forma dos objetos Mudança da forma plástica Resultado visual novo (art. 95, da LPI). O resultado visual novo pode ser da combinação de elementos conhecidos. 1. Características: futilidade – não amplia a utilidade – apenas imprime novo formato. - O desenho industrial é registrável mediante o requisito da novidade e da originalidade. - O requisito da novidade é o mesmo requisito dito anteriormente que não pode estar compreendido no estado da técnica. PRAZO PARA O DESENHO INDUSTRIAL Art. 108. O registro vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos contados da data do depósito, prorrogável por 3 (três) períodos sucessivos de 5 (cinco) anos cada. § 1º O pedido de prorrogação deverá ser formulado durante o último ano de vigência do registro, instruído com o comprovante do pagamento da respectiva retribuição. § 2º Se o pedido de prorrogação não tiver sido formulado até o termo final da vigência do registro, o titular poderá fazê-lo nos 180 (cento e oitenta) dias subsequentes, mediante o pagamento de retribuição adicional.