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IMPLEMENTAÇÃO DE MINA UNIDADE IV LEGISLAÇÃO E IMPACTOS Elaboração Cristiane Oliveira de Carvalho Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração SUMÁRIO UNIDADE IV LEGISLAÇÃO E IMPACTOS .................................................................................................................................................................5 CAPÍTULO 1 LEGISLAÇÃO DA MINERAÇÃO ................................................................................................................................................. 6 CAPÍTULO 2 NORMAS REGULAMENTADORAS DE MINERAÇÃO ...................................................................................................... 11 CAPÍTULO 3 IMPACTOS PROVOCADOS PELA IMPLEMENTAÇÃO DE MINA ................................................................................. 14 REFERÊNCIA .................................................................................................................................................18 4 5 UNIDADE IVLEGISLAÇÃO E IMPACTOS A última unidade foi separada para falar sobre a legislação mineral e os impactos provocados por essa atividade. O primeiro capítulo descreve um pouco sobre a evolução da legislação mineral brasileira, apontado os principais marcos, inclusive quando surgiu o Código de Mineração. O capítulo 2 expõem as vinte e duas Normas Regulamentadoras de Mineração, explicando o motivo da sua criação e os seus objetivos. Além disso, detalha um pouco dessas normas que vão desde os aspectos gerais até o fechamento de mina. O capítulo 3, e último, da apostila ficou reservado para descrever e identificar um pouco dos principais impactos ambientais, econômicos e socioculturais envolvendo o ciclo de vida de uma mina e o que se pode ser feito para alcançar o desenvolvimento sustentável. Objetivos da Unidade » Estudar a evolução da legislação mineral Brasileira; » Conhecer as Normas Regulamentadoras da Mineração » Identificar alguns impactos ambientais; » Avaliar o desenvolvimento sustentável na mineração. Você sabia que o primeiro imposto na mineração no Brasil foi cobrado na época Colonial? Conhecido como quinto esse imposto determinava que 20% de toda a riqueza adquirida em cada jazida fossem entregue à Coroa. Um sistema suscetível e que foi trocado mais a frente, em que agora o valor cobrado seria uma remessa que 30 arrobas de ouro anual destinada a Coroa Portuguesa. Fonte: http://www.vale.com/brasil/PT/aboutvale/news/Paginas/8-curiosidades-sobre-a-mineracao-no-brasil-colonial.aspx http://www.vale.com/brasil/PT/aboutvale/news/Paginas/8-curiosidades-sobre-a-mineracao-no-brasil-colonial.aspx 6 CAPÍTULO 1 LEGISLAÇÃO DA MINERAÇÃO A mineração é o pilar da sociedade industrial contemporânea e é inegável a relevância política, econômica e social que desempenhado por esse setor. (BRANDT, 2001 e FLORES, 2006 ) No entanto, essa atividade é alto impacto para o meio ambiente, pois não há possibilidades de realiza-la sem atingir o subsolo na área que foi identificada a jazida e suas adjacências. Além de operar para extrair de bens naturais não renováveis, a ausência da sustentabilidade, atrelada aos impactos sociais fazem com este setor necessite de uma atenção maior. Portanto, diante dessa ambivalência é preciso que a mineração esteja incorporada dentro de arcabouço legal, em que diferentes órgãos federais, estaduais e municipais foram criados com a finalidade de regulamentar e fiscalizar a mineração. Essa regulamentação está relaciona os aspectos de autorização e concessão para os recursos, além o licenciamento ambiental necessário para os empreendimentos mineiros. Nesta apostila será apresentado os marcos mais importantes da legislação brasileira que rege o setor mineral. No Brasil, o desenvolvimento do ordenamento jurídico da exploração e aproveitamento dos minerais passou por importantes modificações no período colonial e com a constituição de 1891. Na época colonial, o regime dominical era predominante e assim a propriedade dos recursos minerais eram da Coroa Portuguesa. (DIAS, 2013 e FLORES, 2006) A propriedade do solo era diferente dos recursos minerais e jazidas e o usufruto dos recursos minerais era realizado pela Coroa ou por autorização a terceiros que tinham a obrigação de pagar uma contribuição conhecida como quinto ou dízimo. (DIAS, 2013) 1891- No começo da República o sistema dominical se modifica em regime de acessão, em que os recursos não pertenciam mais ao Estado. E também foi associado à propriedade superficiária, tornando-se pertencente ao solo e a propriedade agrupou-se a favor do proprietário do imóvel superficiário. 1934- A constituição desse ano estabelece o sistema de concessão e é abolido o sistema fundiário. O código de mineração estabelecido pelo Decreto n. 24.642 garantia o direito de propriedades daquelas jazidas já identificadas. 7 LEGISLAÇÃO E IMPACTOS | UNIDADE IV Foi criado o Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM) e é vinculado ao Ministério da Agricultura, com a função de gerir os recursos minerais do Brasil, com a função de outorgar autorizações de pesquisa e concessões de lavra. 1940- Código de mineração foi modificado pelo Decreto-Lei n. 1.985, de 22 de janeiro e teve como consequência o aperfeiçoamento do código anterior, mantendo suas estruturas básicas. 1941- O Decreto n. 3.236, de 7 de maio de 1941, estabeleceu um regime legal para o usufruto dessas substâncias minerais. 1967- Instituído pelo Decreto-Lei nº 227 de 28 de fevereiro de 1967, o Código de Mineração corrobora a Constituição desse ano que assegura ao proprietário do solo uma parcela nos lucros da lavra através do dízimo do imposto único sobre os minerais (IUM) 1968- Código de mineração é regulamentado pelo Decreto n.62.934, de 2 de julho de 1968. Esse código foi considerado como importante arrematador de mecanismos legais estabelecidos com o proposito de incrementar a atividade mineira no Brasil. Dentre esses mecanismos legais implantados a partir de 1964 com a política desenvolvimentista do País é possível exemplificar » a Lei n. 4.425, de 8 de outubro de 1964, que instituiu o Imposto Único sobre Minerais e instituiu o Fundo Nacional de Mineração; » decreto n. 55.837, de 12 de março de 1965, que que instituiu o Plano Decenal de Avaliação dos Recursos Minerais do Brasil. Além disso, esse código em consonância com Constituição de 1967, dentre as atribuições: » agregou a participação do dono do solo no produto resultante da lavra de minas; » permaneceu com a diferenciação entre o solo e subsolo relacionados a exploração ou aproveitamento industrial; » estabeleceu o direito a preferência do primeiro que viesse a solicitar á área livre para pesquisa mineral, diferente da constituição de 1964 que concedia ao proprietário do solo o direito de prioridade a exploração das jazidas. É importante ressaltar que esses códigos até então não consideravam o fechamento de minas, pois eram épocas que não a conservação e proteção ambiental não eram cuidados constitucionais e infraconstitucionais de grande parte das nações consideradas desenvolvidas. 8 UNIDADE IV | LEGISLAÇÃO E IMPACTOS 1988- O IUM foi extinto pela Constituição 1988 e estabeleceu a participação de cinquenta por cento do valor completo aos Estados, Distrito Federal, municípios e órgãos da administração de direta da União, que seria a Compensação Financeira pela Exploração dos Recursos Minerais (CFEM). Na Constituição apelida com cidadã o Poder Público garantir a todos o direito do meio ambiente ecologicamente em harmonia, ressaltando avaliações precedentes de impacto ambiental (lei) para obras ou atividades com grande potencial de degradar o meio ambiente. Além da obrigatoriedade de recuperação ambiental para sítios que passaram por exploração de recursos minerais e da classificação de crime das más condutas e atividades que possam ser prejudiciais ao meio ambiente. E assim, submetendo aoinfrator (pessoas físicas ou jurídicas) a condenações penais e administrativas sem a dependência da obrigatoriedade do reparo daqueles danos ocasionados. 1989- A Compensação Financeira pela Exploração dos Recursos Minerais, foi regulamentada pela Lei 7.990 e em 1991 O Decreto nº 1, de 11/01/1991 definiu a CFEM em seu artigo 13 do decreto em que estipula três por cento (3%) do faturamento líquido da venda do produto. O valor percentual de compensação pode ser de acordo com a classe mineral: » Três por cento para minério de: alumínio, manganês, sal gema e potássio; » Dois por cento para: ferro, fertilizante, carvão e outras substâncias minerais, » exceto ouro; » Dois décimos por cento: pedras preciosas, pedras decoradas lapidáveis, » carbonatos e metais nobres; » Um por cento: Ouro se extraído por empresas mineradoras, não abrange os garimpeiros. A CFEM é distribuída da seguinte forma: » 23 %: destinados a Estados e o Distrito Federal; » 65% para os Municípios; » 12% para ANM 9 LEGISLAÇÃO E IMPACTOS | UNIDADE IV 1994- O artigo 3º da Lei n. 8.876, estabelece que Departamento Nacional de Produção Mineral é uma Autarquia: A Autarquia DNPM terá como finalidade promover o planejamento e o fomento da exploração e do aproveitamento dos recursos minerais, e superintender as pesquisas geológicas, minerais e de tecnologia mineral, bem como assegurar, controlar e fiscalizar o exercício das atividades de mineração em todo o Território Nacional, na forma que dispõe o Código de Mineração, o Código de Águas Minerais, os respectivos regulamentos e a legislação que os complementa. (BRASIL, 1994) 1996- O Código de Mineração é modificado pela Lei n. 9.314 com a finalidade de modernizá-lo e ajustá-lo sob a sustentação da Constituição de 1988. Um importante fato a destacar é que o Código de mineração até os anos 80 apenas se preocupavam com a regulamentação das explorações de recursos minerais, seus procedimentos, direitos e deveres do empreendedor e as competências dos órgãos de fiscalização. Neste momento da década não havia inquietações com aspectos dos projetos da mineração, com fechamento paulatino ou recuperação de sítios que sofreram com o aproveitamento da reserva mineral. O cuidado com a conservação ambiental no Brasil começou a ser constitucional em 1988. 2001- Institui as Normas de regulamentação de Minas que conduz a mineração no Brasil, através da Portaria n. 237, de 18 de outubro de 2001, visando regulamentar o Código de Mineração brasileiro. Em 2001 que questões de fechamento de minas e a transformação dos empreendimentos mineiros em atividades sustentáveis se apareceram no sistema legal. Além disso, isso ocorreu dentro dessa filosofia sustentável e houve uma consonância com as legislações ambientais e a atenção social. Com a impossibilidade de tratar de tantas modificações de leis, normas e decretos do setor de mineração, será dado um grande salto e informar algumas atualizações que foram realizadas a partir de 2017. 2017- A Medida Provisória, mais 789/17 LEI Nº 13.540, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2017 e teve como finalidade instituir a CFEM pela exploração minerária e outras atribuições. 10 UNIDADE IV | LEGISLAÇÃO E IMPACTOS A Medida Provisória 791 (MP) modifica Código de Mineração de 1967, e extingue DNPM pela Agência Nacional de Mineração que tem como principal finalidade fiscalizar e regular o usufruto dos minerais do Brasil. Esta Medida Provisória foi convertida pela LEI Nº 13.575, DE 26 DE DEZEMBRO DE 2017. Medida provisória Nº 790, modifica o DECRETO-LEI Nº 227, de 28 de fevereiro de 1967 - Código de Mineração e outros. 2018- DECRETO Nº 9.406, DE 12 DE JUNHO DE 2018 regulamenta o Decreto- Lei nº 227, de 28 de fevereiro de 1967-Código de mineração e a Lei 13.575 dá outras providências. 11 CAPÍTULO 2 NORMAS REGULAMENTADORAS DE MINERAÇÃO O extinto Departamento Nacional De Produção Mineral através da PORTARIA Nº 237, DE 18 de outubro de 2001 aprova as Normas Reguladoras de Mineração – NRM. Estas NRM’s são compostas por um vinte e duas normas que tratam de diferentes aspectos relacionados da atividade de mineração. Após a sua publicação, essas normas estão constantemente sofrendo modificações constantes e foram criadas por causa das seguintes necessidades: – Expedição de regulamentos necessários à aplicação do Código de Mineração e legislação correlativa; – Otimização dos meios e instrumentos para elaboração e análise de projetos com vista à outorga de títulos minerários, à fiscalização e outras atribuições institucionais do DNPM; –Do aperfeiçoamento dos serviços técnicos na mineração e o aporte de novas tecnologias; – Do estabelecimento de ação integrada com outras Instituições que atuam na atividade mineral; – Do interesse social no aproveitamento racional dos bens minerais, a minimização dos impactos ambientais decorrentes da atividade minerária bem como a melhoria das condições de saúde e segurança no trabalho. (MARTINS, 2017 pg. 44) As Normas Regulamentadoras de Mineração, como o próprio nome sugere, regulam o código de mineração e as exigências contidas no mesmo são exigidas para as atividades no setor da mineração. Deste modo, essas normas têm como principal finalidade, instruir o melhor aproveitamento das jazidas, conforme as condições técnicas e tecnológicas de operação, segurança e de proteção e conservação ambiental. Assim é possível associar o planejamento e o desenvolvimento das atividades minerais e com a produtividade, preservação ambiental, da segurança laboral. Essas normas apresentam diversos aspectos da atividade mineira como normais gerais, que abordam principais conhecimentos sobre lavras, aberturas subterrâneas, explosões, trabalho e circulação e outros. 12 UNIDADE IV | LEGISLAÇÃO E IMPACTOS E as questões ambientais e o fechamento de mina, como as que eferente a disposição de estéreis, rejeitos e produtos, áreas impactadas e etc. Assim, é importante saber que essas normas são responsáveis por regulamentar cada momento do ciclo de vida de uma mina, como uma forma de orientar as mais diferentes necessidades vinculadas a um empreendimento mineiro. O quadro contendo as normas regulamentadoras de mineração e a sua descrição. Quadro 7: As vinte e duas Normas Regulamentadores e o seu conteúdo Norma Tema Conteúdo NRM 01 Normas Gerais Objetivos; disposições gerais; aplicação; das responsabilidades e direitos; mecanismos e instrumentos de informação e controle; fiscalização NRM 02 Lavra a céu aberto Generalidades; bancadas e taludes; controles topográficos e geológico-geotécnicos; estabilidade de taludes NRM 03 Lavras especiais Lavra com dragas flutuantes; lavra com desmonte hidráulico NRM 04 Aberturas subterrâneas Generalidades; aberturas lineares (poços, planos inclinados, rampas e galerias); aberturas não- lineares; pilares, lajes e faixas de segurança. NRM 05 Sistemas de transporte e tratamentos Generalidades; tratamento de maciço; tratamento e suporte; diretrizes gerais para a montagem dos sistemas de suporte ou fortificação; materiais usados para sistemas de suporte ou fortificação; poços; inspeção de tetos, laterais e pisos; manutenção e troca de elementos dos sistemas de suporte ou fortificação; procedimentos face a irregularidades; recuperação dos sistemas de suporte ou fortificação NRM 06 Ventilação Generalidades, qualidade e quantidade de ar; velocidade do ar; portas, viadutos e tapumes; instalação de sistema de ventilação; ventilação auxiliar; controle da ventilação NRM 07 Vias e saídas de emergência Número mínimo de vias de acesso à superfície; locação, sinalização, estrutura mínima disponível; vistorias periódicas das vias de acesso; plano de emergência NRM 08 Prevenção contra incêndios, explosões, gases e inundações Prevenção contra incêndios e explosões acidentais; prevenção contra inundações; prevenção contra gases NRM 09 Prevenção contra poeiras Prevenção contra poeiras minerais; prevenção contra poeiras inflamáveis ou explosivasNRM 10 Sistemas de comunicação Obrigatoriedade da instalação de sistema de comunicação padronizado para as minas subterrâneas; obrigatoriedade da interligação dos setores da mina listados através de rede telefônica ou outros meios de comunicação NRM 11 Iluminação Iluminação em subsolo; iluminação das instalações de superfície; iluminação de emergência; iluminação de depósitos de explosivos; iluminação em minas com ocorrência de gases explosivos ou inflamáveis 13 LEGISLAÇÃO E IMPACTOS | UNIDADE IV NRM 12 Sinalização de áreas de trabalho e circulação Sinalização das vias de circulação e acesso das minas; sinalização das áreas de utilização de material inflamável ou com risco para a ocorrência de explosões ou incêndios; sinalização dos tanques e depósitos de substâncias tóxicas, de combustíveis inflamáveis, de explosivos e de materiais passíveis de gerar atmosfera explosiva; sinalização de áreas mineradas ou desativadas que ofereçam riscos; sinalização de poços de pesquisa mineral NRM 13 Circulação e transporte de pessoas e materiais Normas para a regulamentação do transporte de materiais, produtos e pessoal, em minas subterrâneas ou a céu aberto, dentro e fora da área do empreendimento mineiro NRM 14 Máquinas, equipamentos e ferramentas Generalidades; máquinas, equipamentos e ferramentas; equipamentos de guindar; cabos, correntes e polias; transportadores contínuos através de correias; escadas; equipamentos radioativos NRM 15 Instalações Instalações auxiliares; instalações elétricas NRM 16 Operações com explosivos e acessórios Generalidades; transporte e manuseio; armazenagem; desmonte de rocha com uso de explosivos NRM 17 Topografia de minas Obrigatoriedade do levantamento topográfico e representação em plantas adequadas das minas a céu aberto ou minas subterrâneas; diretrizes para a elaboração dos levantamentos topográficos e dos mapas, plantas e trabalhos correlatos NRM 18 Beneficiamento Generalidades; disposição e manutenção dos equipamentos; usina de beneficiamento; lixiviação NRM 19 Disposição de estéril, rejeitos e produtos Generalidades; depósitos de substâncias sólidas; depósitos de rejeitos líquidos NRM 20 Suspensão, fechamento de mina e retomada das operações mineiras Objetivos; generalidades; suspensão das operações mineiras; fechamento de mina; renúncia ao título de concessão; retomada das operações mineiras NRM 21 Reabilitação de áreas pesquisadas, mineradas e impactadas Objetivos; generalidades NRM 22 Proteção ao trabalhador Generalidades; organização de locais de trabalho; superfícies de trabalho; operações de emergência; informação, qualificação e treinamento. Fonte: Flores (2006) 14 CAPÍTULO 3 IMPACTOS PROVOCADOS PELA IMPLEMENTAÇÃO DE MINA 3.1. Impactos e a mineração Grandes e diferentes impactos acontecem em todos os estágios do ciclo de vida de uma mina e isso vai desde a prospecção mineral e até o fechamento da mina provoca efeitos típicos ao meio ambiente. Sabe-se também que cada comunidade terá impactos sociais e econômicos diferentes, oriundos do projeto mineiro e isso depende da sua localização, da população, da composição social e nível de coesão. É importante ressaltar que esses impactos ainda variam conforme o, a natureza do minério, o tipo do método de lavra beneficiamento e a escala em que ocorre a produção. Os distintos impactos podem ser permanentes e temporários e em grande maioria são um problema para serem descritos e quantificados, sem que sejam preciso inúmeras investigações e avaliações É importante frisar que esses impactos são positivos e negativos sobre a comunidade e o meio onde estão estabelecidos. Diante dos impactos negativos na mineração que são considerados amplamente nocivos e é importante citar os impactos ambientais que atingem o solo, as águas e ar. Dias (2013) e Flores (2006) apresenta diversos impactos provocados por um empreendimento mineiro. O desmatamento de grandes zonas para abertura de picadas e acessos, para construir alojamentos, aberturas de estradas, construções de pátios para estéril, barragem de rejeitos, escritórios, produção das lavras e beneficiamento. Destruindo desta forma a vegetação e habitats dos amimais, modificando o relevo natural e reduzindo as áreas cultiváveis e designadas a agropecuária. Além das modificações na topografia, equilíbrio hídrico, lançamento de material particulado a atmosfera, erosões, assoreamento de rios e córregos, poluição e contaminação química ou radioativa, drenagem ou contaminação da água subterrânea. 15 LEGISLAÇÃO E IMPACTOS | UNIDADE IV Além das contaminações por íons metálicos, turbidez da água por aumento no te, modificação no PH por de metais, produzindo condições adversas a biota aquática e reduzindo teor de oxigênio nas águas. È possível citar ainda emissão de gases na atmosfera e os danos nos vegetais produzidos poeiras nas suas folhas. A transmissão de ruídos e vibrações no ar, originárias pela utilização de explosivos, da operação da lavra e instalações e de beneficiamento e da manipulação dos minérios, também são tidas como importantes impactos. Esses impactos negativos a mineração não se limitam ao meio ambiente. Se localizadas em regiões mais afastadas, um empreendimento logo estimula as comunidades adjacentes, e assim tornando-se agente de crescimento social e econômico. No entanto, paulatinamente o convívio passa a ser problemático, pois começam a surgir os primeiros conflitos entre a mineradora e a sociedade. O intenso processo de migração provocado por um empreendimento mineiro, além provocar impactos ambientais, também geram impactos sociais, econômicos e culturais. O os impactos, podemos citar alguns sociais e econômicos elevando: a população local, os preços de aluguéis, demanda na saúde, transporte e segurança. Se muitos desses impactos não forem bem gerenciados e controlados pode alcançar a o pós-fechamento, provocando resultados nocivos ao meio ambiente. Outro ponto importante é o desmonte em sítios adjacentes a áreas urbanas, podendo gerar os conflitos entre a comunidade local e a empresa responsável pela mina. Isso porque muitos minérios geram elevadas quantidades de estéreis e rejeitos e consequentemente nas necessidades de áreas que comportem toda a disposição esse material. Ainda, alguns desses estéreis e minérios apresentam sulfetos que quando oxidados na presença de água, produzem drenagem ácida. Existem métodos de lavras a céu aberto que podem gerar modificações significativas na paisagem e em algumas situações não há possibilidade de retorno ao estado primário. Métodos subterrâneos por sua vez, podem gerar prejuízos a estruturas superficiais, edifícios, sistemas de energia e comunicação, bem como destruição e movimento que causam danos a superfície de terrenos. 16 UNIDADE IV | LEGISLAÇÃO E IMPACTOS Outro problema muito comum e brevemente citado é os impactos quando a mina é fechada. Ao longo da fase produtiva, os empreendimentos mineiros são geradores de emprego, renda e arrecadação de tributos em todas nas instâncias federais, estaduais e municipais. A arrecadação tributária deixa de existir, especialmente no município onde a mina está inserida. Seguida da perda dos empregos e renda, redução da atividade econômica da região, diminuição da qualidade e cobertura dos serviços públicos e o prejuízo à qualidade de vida da população. Isso porque uma mina auxilia no desenvolvimento infra-estrutural social regional, por meios de ações direcionadas ao lazer, educação, segurança, saúde de trabalhadores e familiares, além das ações de apoio que alavancam o crescimento econômico. Os impactos culturais como a perda de patrimônio ou modificações socioculturais também são relevantes. Existe uma gama de agentes que abrangem o ciclo de empreendimento de mineração e são influenciados de modo não igualitário pelos impactos sejam positivos ou negativos. Essa multiplicidade de agentes e de impactos complica a avaliação das consequências socioambientaisde uma mina, dificultando os processos para selecionar metodologias para se obter um compromisso correto e equilibrado entre esses aspectos antagônicos. Ou ainda buscar caminhos alternativos em relação às técnicas possíveis para abolir ou abrandar os efeitos negativos e tornar duradouros os efeitos positivos dessa atividade. Selecionar adequadamente entre as diferentes metodologias e alternativas praticáveis é preciso identificar e conhecer o ambiente físico e social, em que a mina está inserida, materiais e recursos, técnicas reconhecidas e corroboram a sua eficiência, assim como as que estão sendo desenvolvidas ou em fase de teste. 3.2. Sustentabilidade na mineração Viana (2012) explica que a expressão que não há uma definição unânime para a expressão mineração sustentável. O que é difícil de gerar um conceito consistente da mineração sustentável é o fato de precisar extrair recursos não renováveis, contradizendo com a própria visão de sustentabilidade duradoura. 17 LEGISLAÇÃO E IMPACTOS | UNIDADE IV Falar de sustentabilidade na mineração vai além das práticas legalmente obrigatórias, produzindo uma mineração em concordância com a lei, abrangendo atividades mais incisivas e direcionadas ao crescimento econômico, local e regional, além da melhoria das condições sociais. Ainda se encaixa nesse conceito a otimização da utilização de materiais e energia e a redução e compensação dos impactos nocivos. Como a mineração é uma atividade que altamente impactante e sempre será, qualquer visão de mineração sustentável deve reduzir e compensar os impactos negativos e maximizar os positivos. Avaliação em uma visão atual é importante mantendo níveis de proteção ecológica e de padrões ambientais, assegurando o bem estar socioeconômico elevando o desenvolvimento e tendo uma adequada distribuição de renda. È possível ainda incluir melhoria na saúde e educação, redução da pobreza, minimização da exclusão e do aumento dos empregos e etc. Se pensar em gerações futuras, a mineração pode ser sustentável proporcionando o bem estar por meio do aproveitamento das rendas enquanto o empreendimento se mantem operando e o uso racional de insumos. Segundo Viana (2012) grande parte das avaliações de sustentabilidade na mineração apenas consideram as dimensões econômicas, social e ambiental. No entanto, existem uns que defendem no mínimo dez dimensões: social, cultural, institucional, ecológica, econômica, política, territorial, tecnológica, global e sistêmica. O peso dado a cada uma dessas dimensões, menor ou maior, é contextual. No entanto, estudos não tão remotos, que se debruçam na sustentabilidade da mineração, a praticabilidade econômica e tecnológica assegurava garantia de um adequado funcionamento mineral. Atualmente isso não é mais admissível se o que se procura é o desenvolvimento do caminho para a sustentabilidade. 18 REFERÊNCIA ALMEIDA, Maurício Rios de. Avaliação Dos Mecanismos De Garantia Financeira Para Fins De Fechamento De Mina E O Seu Impacto Na Viabilidade De Projeto De Mineração De Grande Porte No Estado De Minas Gerais. 2006. Universidade Federal De Ouro Preto. Dissertação (Mestrado Profissional em Engenharia Civil) , Ouro Preto,2006 BRANDT, Wilfred. Licenciamento Ambiental Federal: Manual De Normas E Procedimentos Para Licenciamento Ambiental No Setor De Extração Mineral. Ministério Do Meio Ambiente/ Secretaria De Qualidade Ambiental Nos Assentamentos Humanos/ Programa De Proteção E Melhoria Da Qualidade Ambiental/ IBAMA, Brasília, 2001. BRANDT, Wilfred. 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Dispõem das atribuições e competências que lhe são conferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981.Brasíla, 1997 Brasil. Decreto nº 9.406, de 12 de junho de 2018. Regulamenta o Decreto-Lei nº 227, de 28 de fevereiro de 1967, a Lei nº 6.567, de 24 de setembro de 1978, a Lei nº 7.805, de 18 de julho de 1989, e a Lei nº 13.575, de 26 de dezembro de 2017. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 33/6/2018. Brasil, Ministério de Minas e Energia. Plano Nacional de Mineração 2030 (PNM – 2030). Brasília: MME, 2010. CENTENO, Camila Lamonato. SISTEMATIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS PARA O FECHAMENTO TEMPORÁRIO DE MINAS DE AGREGADOS.2017. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Minas) -Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul, Porto Alegre 2017. DIAS C.F.S., Mancin R.C., PIOLI M.S.M.B.. Gestão para a sustentabilidade na mineração: 20 anos de história. 2013. Brasília, Instituto Brasileiro de Mineração, 2013. DIAS, Jardel Carvalho. 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Referênciade Figura Figura 1: Fonte: Adaptado de http://recursomineralmg.codemge.com.br/wpcontent/uploads/2018/10/ MAMineracao.pdf Figura 4 Fonte: https://tecnicoemineracao.com.br/operacoes-auxiliares-na-mineracao-subterranea/ e https:// tecnicoemineracao.com.br/metodos-de-lavra-a-ceu-aberto/ http://recursomineralmg.codemge.com.br/wp-content/uploads/2018/10/MAMineracao.pdf http://recursomineralmg.codemge.com.br/wp-content/uploads/2018/10/MAMineracao.pdf https://tecnicoemineracao.com.br/operacoes-auxiliares-na-mineracao-subterranea/ https://tecnicoemineracao.com.br/metodos-de-lavra-a-ceu-aberto/ https://tecnicoemineracao.com.br/metodos-de-lavra-a-ceu-aberto/ UNIDADE IV LEGISLAÇÃO E IMPACTOS Capítulo 1 Legislação da Mineração Capítulo 2 Normas Regulamentadoras de Mineração Capítulo 3 Impactos Provocados pela implementação de Mina Referência