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Doenças Vesicobolhosas em Pediatria

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Avril Pryor

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Doenças vesicobolhosas em populações pediátricas: características, diagnóstico e imperativos de manejo
As doenças vesicobolhosas constituem um grupo heterogêneo de afecções cutâneas e mucosas em que a formação de vesículas e bolhas é sinal clínico preponderante. Em pediatria, essas manifestações representam um desafio diagnóstico e terapêutico relevante, pois englobam etiologias infectocontagiosas (p. ex., impetigo bolhoso, síndrome da pele escaldada por estafilococo, hand-foot-and-mouth disease), imunomediadas (p. ex., penfigoide bolhoso infantil, pénfigo vulgar pediátrico), genéticas e congênitas (p. ex., epidermólise bolhosa), e reações adversas severas a medicamentos (síndrome de Stevens-Johnson e necrólise epidérmica tóxica). A compreensão da fisiopatologia, da apresentação clínica e das implicações psicossociais é crucial para reduzir morbidade, mortalidade e sequelas a longo prazo.
Do ponto de vista fisiopatológico, a localização da clivagem cutânea distingue categorias que orientam o raciocínio diagnóstico: lesões intraepidérmicas (acometendo desmossomos, como no pénfigo) versus subepidérmicas (afetando a junção dermoepidérmica, como no penfigoide e em várias formas de epidermólise bolhosa). Na infância, as causas infecciosas e genéticas são relativamente mais prevalentes do que as autoimunes, embora formas autoimunes possam ocorrer e demandar terapêutica imunossupressora especializada. A fragilidade cutânea crônica e a perda barreira aumentam o risco de infecções secundárias, desidratação, desequilíbrios hidroeletrolíticos e problemas nutricionais, exigindo abordagem multidisciplinar.
Clinicamente, a avaliação pediátrica requer histórico detalhado (tempo de aparecimento, evolução, relação com fármacos, antecedentes familiares, presença de bolhas mucosas, febre e sinais sistêmicos) e exame físico minucioso (padronização das lesões, presença de sinais de Nikolski, distribuição, comprometimento de mucosas). Investigações complementares fundamentais incluem: cultura bacteriana de conteúdo vesicular quando se suspeita infecção; PCR para enterovírus em hand-foot-and-mouth disease; biópsia cutânea com exame histopatológico e imunofluorescência direta para distinguir entre pannigos autoimunes; e testes genéticos moleculares quando se suspeita epidermólise bolhosa ou outras dermatoses genéticas. A interpretação integrada dos achados clínicos e laboratoriais é decisiva para evitar tratamentos inadequados que podem agravar o quadro.
O manejo deve ser pautado por três eixos: suporte generalizado, controle da causa subjacente e prevenção de complicações. O suporte envolve hidratação adequada, controle da dor, proteção e cicatrização das lesões (curativos estéreis, banhos antissépticos quando indicados), monitorização nutricional e atenção à higiene para evitar superinfecções. No caso de etiologias infecciosas, antibioticoterapia sistêmica dirigida por cultura (p. ex., meticilina sensível ou resistente conforme perfil) ou tópica para lesões localizadas é mandatória. Para doenças autoimunes, corticoterapia sistêmica e agentes imunomoduladores (ciclosporina, azatioprina, rituximabe em casos selecionados) são empregues com cautela em centros especializados, ponderando riscos de imunossupressão em crianças. Em SJS/TEN, a retirada imediata do fármaco desencadeante e manejo em ambiente similar a queimados são medidas salvadoras; terapias adjuvantes como imunoglobulina endovenosa ou ciclosporina podem ser consideradas conforme protocolo institucional.
Em epidermólise bolhosa, o paradigma de cuidado concentra-se em prevenção de bolhas por fricção, manejo das cicatrizes, controle de infecções crônicas e reabilitação funcional; avanços terapêuticos experimentais (terapias gênicas, células-tronco, substituição proteica) mostram potencial, mas ainda são restritos a centros de pesquisa. A atenção psicológica e suporte à família são imprescindíveis: o estigma social, a dor crônica e as limitações funcionais impactam desenvolvimento, escolarização e qualidade de vida infantil, exigindo intervenção psicoeducativa e políticas de integração.
Do ponto de vista preventivo e de saúde pública, medidas incluem vacinação quando aplicável (reduzir infecções predisponentes), programas de educação para famílias sobre sinais de gravidade, protocolos de prescrição farmacológica pediátrica para minimizar reações adversas e capacitação de profissionais de atenção primária para triagem precoce. Estruturar redes de referência entre pediatras, dermatologistas, cirurgiões plásticos, geneticistas, nutricionistas e psicólogos otimiza resultados e racionaliza recursos. Deve-se enfatizar o investimento em diagnóstico molecular e em bancos de dados nacionais para mapear prevalência e desfechos, informando políticas de saúde e pesquisa translacional.
A persuasão científica aqui proposta é clara: reconhecer prontamente uma doença vesicobolhosa em criança e instituir medidas terapêuticas e de suporte é uma intervenção coste-efetiva em saúde que reduz complicações e custos a médio e longo prazo. Instituições e gestores devem priorizar capacitação, protocolos padronizados e acesso a terapias especializadas, bem como financiar pesquisas que tragam terapias modificadoras de doença. Profissionais de saúde devem adotar abordagem centrada na criança e na família, promovendo adesão e continuidade do cuidado. Somente por meio da integração clínica, laboratorial, social e política será possível diminuir o sofrimento e as sequelas impostas por essas enfermidades na população pediátrica.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
1) Quais são as causas mais comuns de bolhas em crianças?
Resposta: Infecções (impetigo bolhoso, SSSS, HFMD), genéticas (epidermólise bolhosa) e reações medicamentosas (SJS/TEN); formas autoimunes são menos frequentes.
2) Como diferenciar clinicamente bolhas intraepidérmicas de subepidérmicas?
Resposta: Intraepidérmicas costumam rupturar facilmente e mostrar sinal de Nikolski positivo; subepidérmicas são mais tenazes e frequentemente associadas a cicatrização e cicatrizes.
3) Quando indicar biópsia e imunofluorescência?
Resposta: Sempre que houver suspeita de doença autoimune ou quando o diagnóstico clínico não for claro; auxilia em distinção entre pénfigo e penfigoide e confirmação diagnóstica.
4) Quais são as medidas iniciais de suporte em SJS/TEN pediátrico?
Resposta: Suspender o fármaco suspeito, internação em unidade semelhante à de queimados, hidratação, controle de dor, cuidados de feridas e monitorização sistêmica.
5) Que papel tem o aconselhamento genético em epidermólise bolhosa?
Resposta: Fundamental: esclarece prognóstico, risco de recorrência em família, orienta planejamento reprodutivo e acesso a terapias experimentais.

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