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Amye Bond

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Havia uma manhã em que a cidade acordou como se tivesse esquecido de seu próprio nome: sirenes pontilhavam a névoa e as telas das redações piscavam mensagens cruas. Numa sala iluminada por monitores, Clara — gestora de uma organização que lidava com riscos complexos — sentiu o mundo virar página sem aviso. A narrativa que segue não é um manual seco; é o registro de uma travessia onde ciência e poesia se encontram para ensinar como se governa o imprevisível.
A crise, naquele dia, não veio como golpe único, mas como coro de pequenas falhas que se amplificaram. Cientificamente, poderíamos decompor o episódio em fases clássicas: mitigação, preparação, resposta e recuperação. Mas a vida real recusa diagramas perfeitos; ela exige sentido. Foi preciso, então, aplicar sensemaking — o ato humano de dar forma ao caos, descrito por Karl Weick — enquanto se acionavam protocolos previamente desenhados em exercícios de mesa e simulações. O protocolo, por sua vez, era produto de modelagem de risco, análise de rede e métricas de resiliência, traduzidas em procedimentos claros: quem decide, quem comunica, qual o fluxo de informação.
Clara recordou as noites de planejamento: mapas de stakeholders, matrizes de risco, redundâncias intencionalmente caras que agora justificavam seu custo. Havia ali o embate entre robustez — a capacidade de resistir sem mudar — e resiliência — a arte de adaptar-se, absorver o choque e emergir com aprendizado. Enquanto a equipe monitorava indicadores (tempo de detecção, tempo de contenção, RTO — Recovery Time Objective), as decisões exigiam algo além dos números: intuição informada, livre de heurísticas perigosas como viés de confirmação ou disponibilidade. Para atenuar esses vieses, adotaram o OODA loop (observar, orientar, decidir, agir) e atualizações bayesianas rápidas: novas evidências alteravam probabilidades e, com elas, os planos.
A comunicação foi o fio que teceu confiança. Em linguagem simples e honesta, a organização adotou transparência sobre o que se sabia, o que era incerto e quais eram as próximas etapas. Cientistas de dados produziram painéis; psicólogos contribuiram para moldar mensagens empáticas; advogados calibraram divulgações. O comando seguiu um modelo semelhante ao Incident Command System: responsabilidades claras, cadeia de comando definida, unidades táticas e de apoio. Esse arcabouço reduziu ruído e liberou energia cognitiva para a resolução.
No calor da resposta, exercícios prévios — drills e simulações com scripts variáveis — mostraram seu valor. A equipe repetira decisões em cenários controlados, o que criou padrões de ação automáticos, sem tornar-as rígidas. A flexibilidade foi treinada: playbooks com gatilhos condicionais e espaços deliberados para julgamento humano. Havia também sistemas técnicos com falhas projetadas propositadamente, para testar a capacidade de recuperação e aprender com os erros em ambiente seguro — um princípio da engenharia da resiliência.
Quando a onda crítica passou, iniciou-se a fase de recuperação e aprendizagem. As After-Action Reviews sacaram lições não para castigar, mas para transformar cultura: duplo-loop learning (Argyris) permitiu questionar premissas e não apenas corrigir procedimentos. Foram redefinidos indicadores: além de tempo de resposta, passaram a medir confiança pública e capacidade de adaptação organizacional. Redes sociais, análises de sentimento e métricas operacionais constituíram o espelho no qual a organização se viu.
A gestão de crises, como narrado aqui, é tanto arte quanto ciência. É labor de construir redundâncias que pareçam excessivas quando nada acontece, formular hipóteses testáveis, e cultivar narrativas que mantenham o tecido social coeso enquanto se restabelece normalidade. Exige humildade epistemológica: aceitar limites do conhecimento e ajustar crenças diante de evidências. Requer cultura que premie transparência, experimentação e responsabilidade.
No epílogo daquela manhã, Clara observou a cidade retomar seu nome. A organização, marcada e modelada pela experiência, emergiu diferente: menos orgulhosa, mais prudente; menos apegada a procedimentos e mais apta a improvisar com base em princípios. A crise deixara, além de impactos mensuráveis, um acervo de histórias e práticas que alimentariam futuros exercícios e políticas. Porque gerir crises é, em última instância, gerenciar narrativas plausíveis, sistemas complexos e seres humanos falhos — e, por isso, infinitamente dignos de cuidado.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
1) O que distingue mitigação de resiliência?
Resposta: Mitigação reduz probabilidade/impacto; resiliência aumenta capacidade de absorver choque e recuperar-se adaptando estruturas e processos.
2) Como reduzir vieses em decisões de crise?
Resposta: Use protocolos, revisões em pares, atualizações bayesianas e simulações para confrontar hipóteses e expor vieses cognitivos.
3) Qual papel tem a comunicação na crise?
Resposta: Mantém confiança; esclarece incertezas; orienta comportamentos; deve ser transparente, empática e sincronizada com ações operacionais.
4) Quando utilizar redundância vs flexibilidade?
Resposta: Redundância protege funções críticas; flexibilidade permite adaptação. Ideal: combinar redundância em elementos vitais e flexibilidade nos processos.
5) Como incorporar aprendizado pós-crise?
Resposta: Realize After-Action Reviews, aplique duplo-loop learning, atualize playbooks e treine cenários para internalizar mudanças culturais e técnicas.
3) Qual papel tem a comunicação na crise?
Resposta: Mantém confiança; esclarece incertezas; orienta comportamentos; deve ser transparente, empática e sincronizada com ações operacionais.
4) Quando utilizar redundância vs flexibilidade?
Resposta: Redundância protege funções críticas; flexibilidade permite adaptação.
Ideal: combinar redundância em elementos vitais e flexibilidade nos processos.
5) Como incorporar aprendizado pós-crise?
Resposta: Realize After-Action Reviews, aplique duplo-loop learning, atualize playbooks e treine cenários para internalizar mudanças culturais e técnicas.

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