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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DEPARTAMENTO CIÊNCIAS DA SAÚDE COLEGIADO DE ENFERMAGEM ESTÁGIO OBRIGATÓRIO EM SERVIÇOS DE ATENÇÃO SECUNDÁRIA E TERCIÁRIA À SAÚDE ANDRESSA SANTOS MACHADO RELATÓRIO DO ESTÁGIO OBRIGATÓRIO EM SERVIÇOS DE ATENÇÃO SECUNDÁRIA À SAÚDE ILHÉUS – BAHIA 2025 ANDRESSA SANTOS MACHADO RELATÓRIO DO ESTÁGIO OBRIGATÓRIO EM SERVIÇOS DE ATENÇÃO SECUNDÁRIA À SAÚDE Relatório apresentado à disciplina de Estágio Obrigatório em serviços de Atenção Secundária e Terciária à Saúde do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Santa Cruz, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. Docente orientadora: Andressa de Andrade Santos e Kitiana Carvalho Pacheco. ILHÉUS - BAHIA 2025 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 4 2. DESENVOLVIMENTO ............................................................................................................... 5 2.1 CARACTERIZAÇÃO DO SEVIÇO ................................................................................... 5 2.2 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES E ANÁLISE CRÍTICA ............................................. 9 2.3 AÇÕES MULTIDIPLINARES .......................................................................................... 21 2.4 PROCESSO DE ENFERMAGEM .................................................................................... 23 2.5 GERENCIAMENTO DO CUIDADO ............................................................................... 24 2.6 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ............................................................ 28 2.7 GERENCIAMENTO DE MEDICAMENTOS E MATERIAIS ..................................... 29 2.8 GERENCIAMENTO DO PROCESSO DE TRABALHO .............................................. 31 2.9 GESTÃO DA SEGURANÇA DO PACIENTE ................................................................. 33 2.10 AÇÕES DE EDUCAÇÃO CONTINUA E PERMANENTE ........................................... 35 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 38 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 40 ANEXO A - FICHA FUNCIONAL ............................................................................................ 43 1. INTRODUÇÃO O estágio curricular supervisionado representa uma etapa fundamental na formação do profissional de enfermagem, permitindo a articulação entre teoria e prática por meio da vivência em cenários reais de cuidado. Inserido no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS), esse componente possibilita ao discente o desenvolvimento de competências técnicas, éticas e humanas, essenciais para uma atuação qualificada e comprometida com os princípios da integralidade, equidade e universalidade (Pascoal et al., 2021). Neste sentido, o presente relatório descreve as atividades desenvolvidas na disciplina Estágio Obrigatório em Serviços de Atenção Secundária e Terciária à Saúde, componente curricular do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). As atividades foram realizadas no Centro de Atenção à Mulher (CAM) Mariana Domingos Santos, unidade especializada no atendimento integral à saúde da mulher, com foco em gestantes de alto risco, ginecologia, mastologia, endocrinologia e demais serviços especializados. A unidade, pertencente ao nível secundário de atenção em saúde, atende majoritariamente mulheres em situação de vulnerabilidade social, oriundas de Itabuna e de municípios pactuados da microrregião e macrorregião. Durante o estágio, foi possível participar de ações assistenciais, gerenciais e educativas, integrando-se às rotinas da equipe de enfermagem, aos protocolos institucionais e às práticas de educação permanente promovidas pela equipe. O Estágio Curricular Supervisionado em Serviços de Atenção Secundária e Terciária à Saúde justifica-se como uma etapa indispensável para a consolidação das competências necessárias à atuação do enfermeiro no Sistema Único de Saúde (SUS). Inserido em um cenário real de prática, o estágio permite ao discente vivenciar a complexidade do cuidado, especialmente no contexto de média complexidade, que demanda habilidades técnicas, raciocínio clínico, postura ética e capacidade de atuação interdisciplinar. A escolha do Centro de Atenção à Mulher Mariana Domingos Santos como campo de estágio fundamenta-se na relevância social do serviço, que atende majoritariamente mulheres em situação de vulnerabilidade, e na diversidade de atendimentos especializados ofertado. Esse ambiente proporciona experiências práticas enriquecedoras, oportunizando ao estudante o contato direto com realidades que desafiam e ampliam sua formação. Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo geral: Apresentar as atividades desenvolvidas durante a disciplina Estágio Obrigatório na Atenção Secundária e Terciária à Saúde, evidenciando a atuação discente nos aspectos assistenciais, gerenciais, educativos e organizacionais da prática em enfermagem. Objetivos Específicos: Descrever o local em que foi realizado o estágio; Relacionar as atividades desenvolvidas com a literatura científica e os referenciais teóricos da formação em enfermagem; Analisar a importância da atuação da equipe multiprofissional e sua contribuição para a integralidade do cuidado; Explanar como foi executado o processo de enfermagem; Apresentar a forma como o enfermeiro realiza o gerenciamento do cuidado e dos processos de trabalho; Identificar os procedimentos adotados para o gerenciamento de medicamentos, materiais e resíduos sólidos; Relatar as ações de segurança do paciente e os indicadores de qualidade utilizados pela unidade; Descrever as ações educativas realizadas durante o estágio, incluindo atividades de educação permanente e em saúde voltadas às necessidades da instituição e da comunidade. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 CARACTERIZAÇÃO DO SEVIÇO O Centro de Atenção à Mulher para Centro de Atenção à Mulher Mariana Domingos Santos foi inaugurado em 10 de setembro de 2024, é fruto de uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Itabuna e a Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itabuna. A unidade foi criada com o objetivo de prestar assistência integral e humanizada à saúde da mulher, sendo a primeira com este perfil no interior da Bahia. Além de sua função assistencial, o CAM também possui um papel estratégico na formação profissional, funcionando como campo de prática para discentes da área da saúde, o que contribui diretamente para o fortalecimento do eixo ensino- serviço-comunidade (Prefeitura Municipal de Itabuna, 2024). O serviço integra o nível de atenção secundária da rede pública de saúde, atuando como ponto estratégico de articulação entre os diferentes níveis de atenção. O município de Itabuna, onde está situada a unidade, possui uma população estimada de 196.676 habitantes, conforme dados do IBGE (2024), distribuída em uma área territorial de 401,028 km², com densidade populacional de 465,57 habitantes por km². Com esses indicadores, Itabuna configura-se como o sétimo maior município da Bahia. O serviço é voltado ao atendimento de mulheres residentes em Itabuna e daquelas oriundas de municípios pactuados da microrregião e macrorregião de saúde. O acesso aos atendimentos ocorre, prioritariamente, por meio de encaminhamentos regulados, seguindo os critérios estabelecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em determinadas situações,Primária à Saúde (APS), com definição de critérios para encaminhamento; o fluxo de triagem de enfermagem no acolhimento do serviço especializado; o fluxo da primeira consulta de enfermagem ginecológica e de pré-natal; o fluxo de encaminhamento da enfermagem para avaliação médica ginecológica ou obstétrica; o fluxo de inserção do DIU; e o fluxo do pré-natal de alto risco, com protocolos específicos para gestação gemelar, diabetes gestacional, diabetes prévia, hipertensão arterial crônica, hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia, pré-eclâmpsia sobreposta e síndrome HELLP. Durante o estágio, também foi possível acompanhar a discussão com a equipe sobre a construção do protocolo de assistência de enfermagem à gravidez gemelar, o que proporcionou uma vivência prática significativa na criação de um protocolo assistencial. Foi muito oportuno perceber como os profissionais possuem visões diferentes que, ao serem compartilhadas, agregam e contribuem para a construção coletiva do conhecimento, oferecendo caminhos para sistematizar a práxis assistencial. No entanto, vale destacar que, nesse dia, houve baixa adesão de alguns profissionais, o que dificultou a plenitude da discussão e a construção de um consenso mais amplo entre a equipe. Imagem 11 – Reunião de alinhamento para criação do protocolo de assistência a gestação gemelar. Fonte: Arquivo pessoal. Na ginecologia, observou-se uma atuação voltada para a prevenção do câncer do colo do útero, alinhada com o protocolo de rastreamento do Ministério da Saúde. A equipe de enfermagem realiza o acompanhamento dos casos identificados pelas Unidades de Saúde da Família (USF) e pelo CAM, como ASC-US, ASC-H, LSIL (NIC I) e HSIL (NIC II/III). O trabalho inclui a definição de condutas, o seguimento adequado e, quando necessário, a orientação para alta, com o encaminhamento de volta à USF para continuidade do rastreio. Além disso, para inserção do DIU, também existem fluxos e protocolos sistematizados, que permite que a operacionalização do cuidado dentro da instituição e que os níveis de atenção dialoguem para oportunizar o cuidado. No setor de regulação, ficou evidente o papel estratégico da enfermagem na organização do acesso e na coordenação da linha de cuidado, atuando de forma integrada com os fluxos assistenciais estabelecidos. A regulação tem sido fundamental para organizar o ingresso dos usuários nas especialidades, garantir o cumprimento dos critérios clínicos e otimizar o uso dos recursos assistenciais. Em relação ao preparo de exames, cabe destacar que, durante o estágio, não foi possível acompanhar a realização de nenhum exame diretamente. Contudo, foi possível perceber que o preparo de exames depende de cada setor específico, com protocolos próprios para cada situação. Além disso, a equipe é treinada de acordo com as necessidades de cada setor, com capacitações específicas. No momento da inauguração do serviço, todos os profissionais passaram por treinamentos para garantir a execução das atividades conforme as normas e protocolos estabelecidos. Isso demonstra o esforço da coordenação para capacitar a equipe e garantir que os fluxos sejam seguidos de maneira eficiente. Percebe-se que, dentro do serviço, os profissionais se empenham para seguir as normas e protocolos estabelecidos, o que facilita o processo de trabalho. A coordenação tem se mostrado preocupada em garantir que toda a equipe seja capacitada, e os profissionais são treinados para executar suas atividades com base nesses documentos. No entanto, um dos principais desafios observados refere-se à integração dos fluxos entre os diferentes níveis de atenção. Alinhar esses fluxos tem se mostrado uma dificuldade, uma vez que a articulação entre os níveis de atenção exige um maior esforço de comunicação e coordenação. Por fim, um entreva relato no serviço ainda é a ausência de POPs, documento que é fundamental para sistematizar à assistência. 2.9 GESTÃO DA SEGURANÇA DO PACIENTE A segurança do paciente é um componente essencial para a qualidade da assistência prestada nos serviços de saúde e deve estar presente em todos os níveis de atenção, inclusive naqueles considerados de baixa complexidade. Conforme estabelece o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), instituído pela Portaria MS/GM nº 529/2013 e regulamentado pelo Documento de Referência publicado em 2014, o objetivo é promover a melhoria contínua dos processos de cuidado e uso de tecnologias em saúde, por meio da implementação de ações que reduzam a incidência de eventos adversos evitáveis (BRASIL, 2014). No contexto de um Centro de Atenção à Mulher (CAM), observou-se a inexistência de protocolos específicos voltados à segurança do paciente. Segundo a gestão local, essa ausência se deve ao fato de nunca terem sido registrados incidentes ou eventos adversos. Contudo, essa justificativa pode indicar uma fragilidade na cultura institucional de segurança, uma vez que a falta de notificações não significa necessariamente ausência de riscos, como alerta o próprio PNSP. A identificação das pacientes é feita por meio de um sistema eletrônico que exibe os nomes na televisão, no entanto, não são utilizadas pulseiras ou outros mecanismos de identificação contínua, o que pode comprometer a segurança em momentos que exigem checagem rigorosa, como durante exames ou procedimentos. No aspecto da comunicação entre profissionais, os registros são realizados eletronicamente no sistema GIGA, com carimbo e assinatura, e ficam disponíveis para consulta entre os profissionais, o que favorece a continuidade do cuidado. Além disso, percebe-se a comunicação verbal quando necessário. Em relação ao uso seguro de medicamentos, não foi observado esse tipo de serviço na unidade. Por outro lado, em situações que envolvem procedimentos como biópsias de mama e tireoide, a coordenação informou que é seguida a recomendação de marcação prévia do lado correto da intervenção, conforme orientação do protocolo de cirurgia segura do Ministério da Saúde, o que demonstra atenção à bilateralidade e prevenção de erros. No que se refere à prevenção das infecções relacionadas à assistência, a unidade conta com uma Central de Material Esterilizado (CME) e uma técnica de enfermagem responsável pela limpeza e desinfecção dos equipamentos. A limpeza terminal do ambiente é realizada semanalmente por duas funcionárias de serviços gerais, sempre às sextas-feiras, período de menor movimento. As práticas de higiene observadas incluem a lavagem correta das mãos por parte das enfermeiras antes e após os atendimentos, bem como o uso de luvas durante os procedimentos. Todas as salas dispõem de pias com torneiras funcionais e sabão líquido, facilitando o cumprimento das boas práticas de higienização preconizadas pelo PNSP. Quando à prevenção de quedas, existem pontos a serem destacados. A estrutura física da unidade não atende adequadamente as necessidades do público majoritariamente composto por gestantes, puérperas, mulheres idosas ou com mobilidade reduzida. O ambiente possui piso liso, corredores extensos sem barras de apoio, sinalizações de segurança, marcações táteis ou recursos de acessibilidade. Apenas a entrada da unidade conta com material antiderrapante. A unidade também não possui uma metodologia formalizada para a notificação de incidentes e eventos adversos, sob a justificativa de que nunca ocorreram situações desse tipo. Entretanto, o PNSP (2014) enfatiza a importância da notificação como ferramenta para identificar falhas e riscos nos processos de cuidado, promovendo o aprendizado institucional e a adoção de medidas preventivas. A ausência de notificações pode estar associada à subnotificação do que à inexistência de eventos. No que diz respeito aos indicadores de qualidade, já foi utilizadoanteriormente um indicador de tempo de desinfecção por permanência, mas foi descontinuado devido à escassez de mão de obra. Atualmente, são acompanhados os indicadores de absenteísmo, principalmente entre pacientes oriundas de municípios pactuados, o número total de consultas e procedimentos (embora o sistema utilizado não permita a especificação detalhada das ações), o índice de turnover, que é considerado baixo por se tratar de um serviço recente, com apenas três admissões até o momento, e o tempo de espera. Este último já foi vinculado à classificação de risco, mas a estratégia foi abandonada por não se adequar à realidade do serviço. Hoje, casos de maior gravidade, como gestantes hipertensas ou com descompensações no momento da chegada, são priorizados de forma empírica. Conclui-se que, embora a unidade adote algumas práticas pontuais de segurança, ainda há eixos do PNSP que necessitam ser fortalecidos. A implementação de protocolos, a melhoria da estrutura física e o estímulo à notificação de incidentes são medidas fundamentais. Essas ações contribuem para uma assistência mais segura e eficaz. Investir na cultura da segurança é essencial para prevenir agravos e qualificar o cuidado prestado. 2.10 AÇÕES DE EDUCAÇÃO CONTINUA E PERMANENTE A Educação Permanente em Saúde (EPS) constitui-se como uma importante estratégia de aprendizagem no contexto dos serviços de saúde, promovendo o desenvolvimento profissional a partir da problematização do processo de trabalho. Ela propõe que o aprender e o ensinar aconteçam de forma integrada ao cotidiano das práticas, favorecendo transformações nos modos de agir e pensar dos trabalhadores (Silva et al.,2021). No serviço em questão, a EPS vem sendo desenvolvida desde outubro de 2024, por meio de encontros mensais virtuais realizados sempre na primeira terça-feira do mês, via Google Meet. Essas ações são voltadas para todos os profissionais da microrregião de saúde. A definição dos temas parte da observação das principais falhas nos encaminhamentos recebidos, como informações faltantes ou equivocadas, e, posteriormente, é feita uma enquete no grupo de WhatsApp para escolha final do assunto. Também são priorizadas temáticas relacionadas a novas portarias e atualizações técnicas. As aulas são predominantemente teóricas, com apoio de slides como recurso didático. As equipes dispõem de horários destinados exclusivamente para estudo e participação nessas atividades. Os temas abordados desde o início da estratégia foram: Classificação de risco (outubro/2024), Hipertensão na gestação (novembro/2024), Anemias (dezembro/2024), Toxoplasmose (janeiro/2025), Imunização (fevereiro/2025), Trombofilia (março/2025), Gemelaridade (abril/2025), Diabetes Gestacional (maio/2025), e, futuramente, Diabetes Crônica (junho/2025). Embora haja boa participação das equipes de enfermagem, observa-se uma adesão reduzida por parte dos médicos. As ações contam com registro em folha de frequência institucional, o que contribui para o acompanhamento da produtividade e da adesão profissional, servindo como indicador de engajamento nas atividades educativas e de compromisso com a qualificação do cuidado. Além disso, existem ações educativas realizadas em sala de espera, onde são promovidas rodas de conversa rápidas, de até 10 minutos, pensadas para captar a atenção dos pacientes sem comprometer o fluxo de atendimento. Os temas são definidos com base nas dúvidas mais recorrentes identificadas nas recepções e na escuta ativa da equipe de enfermagem. Já foram abordadas temáticas como febre Oropouche, rastreamento de violências (em articulação com a Sala Violeta), prevenção do câncer de mama e do colo do útero, além de parcerias com profissionais externos, como agentes de endemias (abordando dengue, zika e chikungunya) e agentes comunitários de saúde do bairro José Maria (tratando da importância da atualização do Cartão SUS e do vínculo com a Atenção Primária). Como parte das atividades práticas do nosso estágio em Enfermagem, foi desenvolvido uma ação educativa voltada para gestantes de alto risco. A proposta surgiu a partir da observação de demandas recorrentes durante as consultas de pré-natal, bem como dos diálogos com as enfermeiras e a coordenação da unidade. No dia 30 de maio de 2025, realizamos uma ação com o tema: “Autocuidado e Autoresponsabilidade na Gestação de Alto Risco”. A escolha desse tema considerou a necessidade de reforçar a importância do envolvimento ativo da gestante no seu processo de cuidado, especialmente durante o pré-natal etapa fundamental para a detecção precoce de riscos, o acompanhamento contínuo da saúde materna e fetal, e a promoção de uma gestação mais segura. A atividade teve como principal objetivo sensibilizar as gestantes sobre a importância do cuidado físico e emocional durante a gestação, estimulando sua autonomia, senso de responsabilidade e protagonismo. Para facilitar a compreensão e promover maior participação, utilizamos uma dinâmica interativa do tipo “Verdadeiro ou Falso”, que gerou interesse e engajamento. Também entregamos um folder explicativo, elaborado por nós, com linguagem acessível. A ação foi muito bem acolhida pelas gestantes presentes, que demonstraram grande interesse, participaram ativamente e compartilharam dúvidas, experiências e expectativas. O momento se mostrou significativo, fortalecendo o vínculo entre usuárias, estudantes e equipe de saúde, além de contribuir para o empoderamento das gestantes no cuidado de si mesmas e de seus bebês. Essa vivência destacou-se como uma prática exitosa de Educação em Saúde, evidenciando o valor da inserção de estudantes em ações educativas. Imagem 12 – Sala de espera sobre autocuidado e autoresponsabilidade na Gestação de Alto Risco. Fonte: Arquivo pessoal. imagem 13 – Lembrança Sala de espera. Fonte: Arquivo pessoal. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS A experiência vivenciada no estágio supervisionado em atenção secundária à saúde constituiu um marco relevante no processo formativo da discente, ao viabilizar a articulação concreta entre os conteúdos teóricos adquiridos ao longo da graduação e a prática clínica em um cenário real de cuidado. A inserção no Centro de Atenção à Mulher Mariana Domingos Santos ampliou a compreensão da discente acerca dos desafios e potencialidades da atuação da enfermagem no contexto da saúde da mulher, especialmente diante de demandas clínicas de média complexidade, como o pré-natal de alto risco, o planejamento reprodutivo e a prevenção do câncer ginecológico. Durante as atividades, foi possível desenvolver habilidades técnicas, clínicas e gerenciais, participando ativamente da condução de consultas, na elaboração de planos de cuidado, no raciocínio diagnóstico e na tomada de decisões respaldadas por protocolos clínicos atualizados. A vivência prática fortaleceu minha autonomia, senso crítico e capacidade de análise situacional, permitindo não apenas executar procedimentos, mas compreender a lógica organizacional do serviço e os fluxos que estruturam a assistência à mulher nos diferentes níveis de atenção. As competências adquiridas ao longo da graduação foram colocadas em prática de maneira sistemática. A anamnese detalhada, o exame físico completo, a interpretação de exames laboratoriais e de imagem, assim como a aplicação de protocolos clínicos, sobretudo nas condutas frente à hipertensão gestacional, diabetes mellitus gestacional e infecções congênitas, exigiram domínio técnico e sensibilidade no cuidado centrado na paciente. Além disso, a participação na organização da assistência e na construção de ações educativas, como a atividade de sala de espera, consolidou o papel do enfermeiro enquanto educador e agente transformador da realidade em saúde.A atuação ao lado de enfermeiras preceptoras qualificadas e acessíveis configurou-se como um fator determinante para o desenvolvimento da discente durante o estágio. O incentivo à autonomia, aliado à escuta ativa e ao acolhimento ético, proporcionou um ambiente de aprendizagem estruturado, respeitoso e tecnicamente orientado. Essa convivência também contribuiu para o fortalecimento de vínculos profissionais e para a ampliação da compreensão acerca da importância do trabalho em equipe e da atuação multiprofissional, especialmente em contextos de maior complexidade clínica e vulnerabilidade social. Outro ponto relevante foi a possibilidade de compreender, na prática, o funcionamento da regulação na atenção secundária, experiência que extrapolou o escopo inicialmente previsto no plano de estágio. A participação da discente nesse processo ampliou sua compreensão acerca dos critérios técnicos de estratificação de risco, das fragilidades existentes na atenção primária e do papel estratégico da enfermagem na organização do acesso qualificado aos serviços de maior complexidade. Apesar da relevância da experiência, identificou-se como limitação o número reduzido de atendimentos diretos no setor de prevenção do câncer do colo do útero, bem como a ausência de vivência prática no setor oncológico. Ainda assim, as atividades observacionais e a análise de casos clínicos contribuíram significativamente para a consolidação do conhecimento sobre os protocolos de rastreamento e conduta, fortalecendo a base técnica da discente para atuações futuras. Conclui-se que o estágio realizado no Centro de Atenção à Mulher (CAM) favoreceu não apenas o aprimoramento técnico-científico, mas também o amadurecimento ético, humano e profissional da discente. As situações acompanhadas, os desafios enfrentados e as reflexões produzidas ao longo do processo formativo contribuíram para a construção de uma identidade profissional fundamentada em uma prática crítica, baseada em evidências e orientada pelos princípios da equidade, integralidade e respeito à dignidade das usuárias. REFERÊNCIAS ALVES, T. O.; NUNES, R. L. N.; DE SENA, L. H. A.; ALVES, F. G.; DE SOUZA, A. G. S.; SALVIANO, A. M.; OLIVEIRA, B. R. D.; SILVA, D. I. de S.; LOPES, L. M.; SILVA, V. D.; DE ALMEIDA, L. P.; OLIVEIRA, R. D.; DE JESUS, E. C. P.; RUAS, S. J. S.; SANTOS, M. A.; PEREIRA, Z. A. S.; DIAS, J. L. C. Gestação de alto risco: epidemiologia e cuidados, uma revisão de literatura / High risk pregnancy: epidemiology and care, a literature review. Brazilian Journal of Health Review, [S. l.], v. 4, n. 4, p. 14860–14872, 2021. DOI: 10.34119/bjhrv4n4-040. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/32690. Acesso em: 1 may. 2025. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Ações Programáticas. Manual de gestação de alto risco [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Ações Programáticas. – Brasília : Ministério da Saúde, 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.583, de 10 de outubro de 2007. Institui, no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, nos aspectos da atenção especializada. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 144, n. 196, p. 77, 11 out. 2007. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2007/prt2583_10_10_2007.html. Acesso em: 1 maio 2025. BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal Brasileiro. Brasília: Senado Federal, 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/del2848.htm. Acesso em: 04 maio 2025. BRASIL. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Lei Maria da Penha. Brasília: Senado Federal, 2006. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004- 2006/2006/Lei/L11340.htm. Acesso em: 04 maio 2025. BRASIL. Supremo Tribunal Federal (STF). Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 54, de 2011. Relatório e Decisão de Procedência. Brasília, 2011. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=ADPF%2054&b=AC OR&p=true. Acesso em: 04 maio 2025. BRASIL. Lei nº 14.847, de 18 de dezembro de 2024. 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Disponível em: https://itabuna.ba.gov.br/2024/10/24/centro-de-atencao-a-mulher-divulga- balanco-dos-primeiros-30-dias-de-atendimento/. Acesso em: 1 maio 2025. PASCOAL, Matheus Mendes; SOUZA, Vanieli de. A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM. Revista https://www.febrasgo.org.br/media/k2/attachments/Vol.Z47ZnZ6Z-Z2019.pdf https://itabuna.ba.gov.br/2024/10/24/centro-de-atencao-a-mulher-divulga-balanco-dos-primeiros-30-dias-de-atendimento/ https://itabuna.ba.gov.br/2024/10/24/centro-de-atencao-a-mulher-divulga-balanco-dos-primeiros-30-dias-de-atendimento/ Ibero-Americana de Humanidades,Ciências e Educação, [S. l.], v. 7, n. 6, p. 536–553, 2021. DOI: 10.51891/rease.v7i6.1408. Disponível em: https://periodicorease.pro.br/rease/article/view/1408. Acesso em: 1 maio. 2025. SILVA, V. B. DA . et al.. EDUCAÇÃO PERMANENTE NA PRÁTICA DA ENFERMAGEM: INTEGRAÇÃO ENTRE ENSINO E SERVIÇO. Cogitare Enfermagem, v. 26, p. e71890, 2021. TRINDADE, L. R.; FERREIRA, A. M.; SILVEIRA, A. da; ROCHA, E. do N. da. PROCESSO DE ENFERMAGEM: DESAFIOS E ESTRATÉGIAS PARA SUA IMPLEMENTAÇÃO SOB A ÓTICA DE ENFERMEIROS. Saúde (Santa Maria), [S. l.], v. 42, n. 1, p. 75–82, 2016. DOI: 10.5902/2236583419805. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/revistasaude/article/view/19805. Acesso em: 6 maio. 2025. ANEXO A - FICHA FUNCIONAL OFÍCIO Nº 05/2024 Itabuna 04 de Outubro de 2024 DE: CENTRO DE ATENÇÃO À MULHER PARA: Departamento de Média e Alta Complexidade OBSTETRÍCIA PROFISSIONAL PROCEDIMENTOS PRÉ-REQUISITO PÚBLICO - ALVO AGENDAMENTO Enfermeiras Médicos - Consulta de enfermagem de pré-natal de alto risco. - Está inserida nos pré-requisitos de gestação de alto risco segundo Ministério da Saúde. Gestante de pré-natal de alto risco. Através da inscrição da paciente no link disponível para enfermeiros e médicos da APS. - Consulta Médico Obstetra. - USG Obstétrica. -Gestantes acompanhadas pelo Ambulatório de Gestação de Alto Risco. Gestante de pré-natal de alto risco. Através da USF referenciada; Através da recepção geral no CAM. - USG Morfológica - Gestantes acompanhadas pelo Ambulatório de Gestação de Alto Risco e portadoras de DM tipo 1, segundo Ministério da Saúde. Gestante de pré-natal de alto risco. Através da recepção geral no CAM. - USG Obstétrica Geral. - Está inserida na demanda reprimida da USF referenciada. Gestante. Através da USF referenciada. GINECOLOGIA PREVENÇÃO E CONTROLE DO CANCER DE COLO DE UTERO Enfermeiras Médicos - Consulta de Enfermagem. - Casos já identificados pela USF e CAM de ASC-US, ASC-H, LSIL (NIC I), HSIL (NIC II/III) para realização de triagem, anamnese, acompanhamento e seguimento dos casos e retorno para os serviços. Mulheres que já realizaram biopsia e/ou tratamento do colo uterino, clientes com indicação de controle colposcópio. Através da inscrição da paciente no link disponível para enfermeiros e médicos da APS. - Consulta Ginecologista. - Casos já identificados pela USF e CAM de ASC-US, ASC-H, LSIL (NIC I), HSIL (NIC II/III) para acompanhamento e seguimento dos casos, definição de conduta, orientar alta para rastreio na USF. Através da recepção geral no CAM. -USG Transvaginal - Está inserida na demanda reprimida da USF referenciada. Mulheres com queixas de dor pélvica, alterações no exame ginecológico, sangramentos irregulares, inserção e/ou Através da USF referenciada. INSERÇÃO, REVISÃO E RETIRADA DE DIU Enfermeira e Médico retirada do dispositivo intrauterino. - Consulta de Enfermagem. - Validar indicação para uso do DIU, descartar gestação, definir o tipo a ser usado (cobre ou hormonal), entregar o termo para inserção, feedback para APS Mulheres adolescentes, jovens e adultas, homens transexual. Através da inscrição da paciente no link disponível para enfermeiros e médicos da APS. -Médico Ginecologista: (inserção, revisão e remoção do DIU). - Ter critérios de elegibilidade avaliados na consulta de enfermagem. -Revisão: (USG TV) Enfermagem na recepção Ter inserido o dispositivo após 30-40 dias. Através da recepção geral no CAM. - Remoção do DIU e retorno por queixa. - Queixa de dor pélvica ou abdominal devem ser avaliadas quanto à DIP, gravidez ectópica, aborto, perfuração uterina ou expulsão parcial do DIU. Mulheres que se queixam de dismenorreia (cólica menstrual) devem ser tranquilizadas quanto ao caráter transitório. Médica -Colposcopia. Resultado de Citologia. - Mulheres de forma geral até os 64 anos. - Acima dos 64, mulheres com resultado de citologia alterado ou história de HPV; - Não encaminhar mulheres com Histerectomia Total sem alterações. Através da recepção geral no CAM. Médicos - Biópsia de Colo; - Cauterização. Resultado de Citologia e Colposcopia sugerindo a Biopsia de Colo ou Cauterização. Médico - Consulta em climatério. Mulheres que apresentam sintomas vasomotores, transitórios, como: fogachos, sudorese, calafrio, insônia, sono agitado, vertigens, parestesias,diminuição da memória, fadiga. Mulheres inseridas nos critérios de elegibilidade. Através da inscrição da paciente no link disponível para enfermeiros e médicos da APS. CABEÇA E PESCOÇO Médico - Biópsia/PAFF de tireóide. - Solicitação da Biópsia/PAFF de tireóide. - Para os demais procedimentos Pacientes com nódulos em tireoide. Através da recepção geral no CAM. agendar consulta prévia com o especialista para avaliar a lesão antes do procedimento. ENDOCRINOLOGIA Médico - Consulta. Solicitação de consulta com endócrino para acompanhamento de nódulos em Tireóide. Pacientes com histórico de nódulo em Tireóide. Através da recepção geral no CAM. Médico -PAFF de tireóide. - Solicitação da Biópsia/PAFF de tireóide. - Para os demais procedimentos agendar consulta prévia com o especialista para avaliar a lesão antes do procedimento. Pacientes com nódulos em tireoide. Através da recepção geral no CAM. MASTOLOGIA Médicos Consulta. Solicitação da consulta. Mulheres de 50 a 69 anos. Estando fora dessa faixa etária, mulheres com achados suspeitos ou Através da recepção geral no CAM. PAAF de mama. Solicitação do procedimento realizado por mastologista do CEPRON. Através da recepção geral no CAM. CORE (Biopsia) de mama. Solicitação do procedimento realizado por mastologista do CAM. com histórico familiar. Biópsia de mama. Solicitação do procedimento. PSICOLOGIA Psicológa - Consulta -Mulheres que fazem acompanhamento no CAM e apresentam sofrimento mental decorrente da condição de saúde que a trouxe. -Mulheres com diagnóstico de câncer ou que estão em investigação. - Através da recepção geral no CAM. - Grupos, Educação em saúde, Educação popular e comunitária. -Mulheres que fazem acompanhamento no CAM e apresentam sofrimento mental decorrente da condição de saúde que a trouxe. Mulheres que são pacientes do CAM de forma geral, independente de diagnóstico. -Através da Psicóloga Estela Costa. - Consulta - Está inserida nos pré-requisitos de gestação de alto risco segundo Ministério da Saúde. - Gestante com intercorrências gestacionais com sofrimento mental em função da condição de saúde; Através da recepção geral no CAM encaminhada pela equipe Ambulatório de Gestação de Alto Risco. -Mulheres acompanhadas pela equipe de ginecologia. -Mulheres com demanda psicoemocionais relacionadas à saúde sexual e reprodutiva. Através da recepção geral no CAM encaminhada pela equipe de ginecologia do CAM. FISIOTERAPIA - Consulta de fisioterapia, reabilitação e consulta integrativa.-Mulheres mastectomizadas; - Mulheres com necessidade de fisioterapia pélvica; - Mulheres em pós- parto; Mulheres Encaminhadas pelos serviços internos e agendamento através da recepção geral. DENSITOMETRIA OSSEA Técnicas de radiologia Médico - Realização de densitometria óssea. Mulheres a partir de 65 anos de idade; Deficiência estrogênica abaixo de 45 anos; Mulheres na pós- menopausa ou na transição menopausa com 1 fator de risco maior ou 2 fatores menores; Através da recepção geral no CAM encaminhada pela equipe Ambulatório de Gestação de Alto Risco. ULTRASSOM DE MAMA Médica - Realização de USG de mama. Mulheres com solicitação de USG de mama pelo médico especialista; Trazer exames anteriores da mama para pacientes maiores de 50 anos. Mulheres com solicitação de USG de mama pelo médico especialista; Através da recepção geral no CAM. ULTRASSOM DE TIREÓIDE Médica Realização de USG de tireoide. Mulheres com solicitação de USG de tireoide pelo médico especialista; Através da recepção geral no CAM.alguns serviços podem ser acessados por demanda espontânea. O fluxograma de agendamento e atendimento da unidade está estruturado de acordo com os protocolos da regulação municipal e estadual, disponibilizado no Anexo A. O CAM funciona de segunda a sexta-feira, no horário das 07h às 17h, ofertando uma rede de cuidados especializada e contínua. O público atendido apresenta perfis socioeconômicos diversos, com predominância de mulheres em situação de vulnerabilidade social, o que reforça a importância do serviço enquanto dispositivo de equidade na atenção à saúde da mulher. A estrutura física do CAM está organizada em dois pavimentos. No térreo, encontram- se duas recepções (uma geral e outra destinada ao pré-natal), sala de triagem, duas salas de espera, consultórios de 01 a 06 (destinados a especialidades médicas e exames de imagem), os consultórios 2 e 4 voltados à ginecologia com apoio de enfermagem, além dos setores de mamografia e densitometria óssea, sala de laudos, serviço social e os consultórios de 07 a 10, estes últimos destinados ao ambulatório de gestação de alto risco, sendo os consultórios 8, 9 e 10 da equipe de enfermagem. Também estão localizados neste pavimento o espaço do Programa Itabuna Mãe, a Sala Violeta (voltada ao acolhimento de mulheres vítimas de violência), a copa e uma sala de estudos. No primeiro andar encontram-se o auditório da unidade, nomeado em homenagem à enfermeira Tatiana Luz, os consultórios 11 (para biópsias de mama e tireoide), 12 (colposcopia e biópsia de colo uterino), 13 e 14 (especialidades), além da copa, setor de fisioterapia, administração, almoxarifado e a sala de tecnologia da informação (TI). Imagem 1 e 2 – Recepção principal e sala de espera. Fonte: Arquivo pessoal. Imagem - 3, 4, 5 e 6 – Sala de triagem, sala de espera pré-natal e consultório 4 (ginecologia enfermagem) e consultório 9 (enfermagem). Fonte: Arquivo pessoal. Imagem - 7, 8, 9 e 10 – Consultório 10 (enfermagem), Recepção primeiro andar, Auditório Tatiana Luz. Fonte: Arquivo pessoal. A estrutura organizacional do CAM conta com uma equipe multiprofissional composta por médicos ginecologistas e obstetras (10), mastologistas (4), endocrinologistas (2), um médico especialista em cabeça e pescoço, além de três médicos responsáveis pelos exames de imagem. Também integram a equipe duas psicólogas, uma fisioterapeuta, uma nutricionista, seis enfermeiras (entre obstetras e assistenciais) e seis técnicos de enfermagem. No apoio técnico e administrativo, atuam técnicos em radiologia, assistentes administrativos, auxiliares de serviços gerais e profissionais dedicados ao atendimento da Sala Violeta. A coordenação da unidade é exercida por uma enfermeira assistencial. Entre as especialidades médicas e serviços oferecidos estão ginecologia (consultas clínicas, colposcopia, inserção e retirada de DIU, rastreamento de câncer do colo do útero), obstetrícia (pré-natal de alto risco), mastologia (consultas, punção aspirativa e biópsia com agulha grossa), endocrinologia (consultas e punção de tireoide), cabeça e pescoço, nutrição clínica, fisioterapia, psicologia, além dos exames de imagem como ultrassonografia (obstétrica, morfológica, transvaginal, de mama e de tireoide), mamografia e densitometria óssea. No que se refere à informatização dos processos, o CAM utiliza o sistema GIGA, desenvolvido especificamente para o município de Itabuna. Esse sistema possibilita a integração dos dados assistenciais, otimizando o agendamento de consultas, o registro clínico e o monitoramento de indicadores de desempenho, promovendo maior eficiência na gestão e continuidade no cuidado às usuárias. 2.2 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES E ANÁLISE CRÍTICA O Centro de Atenção à Saúde da Mulher oferece um espaço oportuno e abrangente para o desenvolvimento da prática assistencial voltada à saúde da mulher. Durante o estágio, a assistência de enfermagem foi desenvolvida em diferentes setores da unidade, com revezamento estruturado entre as discentes, possibilitando a atuação em áreas distintas do cuidado. As atividades contemplaram a assistência ao pré-natal de alto risco, incluindo a realização da primeira consulta, retornos subsequentes e apoio no processo de regulação. Na área ginecológica, as ações envolveram o planejamento reprodutivo, com inserção, revisão e retirada do dispositivo intrauterino (DIU), e a assistência voltada à prevenção e controle do câncer do colo do útero. Em conformidade com o plano de estágio, a primeira semana foi dedicada à assistência de enfermagem no pré-natal de alto risco, com ênfase nas primeiras consultas. Por uma decisão administrativa, uma enfermeira que havia retornado recentemente de licença maternidade ficou responsável pelo atendimento inicial das gestantes. Embora a gestação seja, na maioria das vezes, um processo fisiológico que transcorre sem intercorrências, algumas condições clínicas, obstétricas ou socioeconômicas podem aumentar o risco de complicações materno-fetais. Nesses casos, a gestação é classificada como de alto risco, exigindo seguimento rigoroso, intervenções oportunas e condutas fundamentadas em protocolos clínicos atualizados (Alves et al., 2021; Ministério da Saúde, 2022). Nas primeiras consultas, a discente teve a oportunidade de acompanhar a enfermeira nas abordagens iniciais e realizar os exames físicos. Nos dias seguintes, sob supervisão, foi conduzido as consultas com maior autonomia. Em virtude de ausências temporárias na equipe, foi necessária a organização das discentes em duplas por setor, sem que isso comprometesse a atuação independente de cada estudante. Durante as primeiras consultas de enfermagem, realiza-se uma avaliação minuciosa da história da paciente, por meio de anamnese abrangente, considerando aspectos sociais, culturais, religiosos, além dos antecedentes pessoais e familiares, histórico ginecológico e obstétrico, bem como informações detalhadas da gestação atual, conforme preconiza o Ministério da Saúde (2022). Com base nesses dados, são traçadas condutas iniciais, priorizando os riscos identificados. Os registros eram realizados de forma precisa no prontuário eletrônico do sistema Giga, garantindo a continuidade da assistência e a rastreabilidade das informações. Além disso, durante as consultas foram realizados exames físicos cefalocaudais completos, contemplando a inspeção geral e a avaliação segmentar, com especial atenção à presença de edema, ausculta dos batimentos cardíacos fetais (BCF), aferição da altura uterina e verificação do estado nutricional da gestante. Destaca-se a relevância dessa abordagem clínica detalhada, visto que, em diversas situações, foram identificados achados como nódulos mamários e alterações palpáveis na região da tireoide, os quais demandaram encaminhamento para avaliação especializada e solicitação de exames complementares, como ultrassonografia e dosagens hormonais. Com base na avaliação clínica e nos protocolos assistenciais adotados pela unidade, foram solicitados exames laboratoriais e de imagem conforme a idade gestacional, histórico obstétrico e condições clínicas individuais. As condutas também incluíram encaminhamentos direcionados a profissionais da equipe multiprofissional, como obstetra, psicólogo, nutricionista, endocrinologista e cardiologista, assegurando a integralidade do cuidado e o acompanhamento adequado às demandas identificadas. Foram direcionadas orientações educativas individualizadas, com ênfase na importância da adesão ao tratamento, no reconhecimento de sinais de alerta, na adoção de hábitos de vida saudáveis,como alimentação equilibrada e prática regular de atividade física, bem como no reforço do calendário de exames e consultas periódicas. Em cada atendimento, a discente buscou adotar uma abordagem humanizada, fundamentada em evidências científicas e respeitosa à singularidade de cada usuária. Ao final das consultas, procedia-se ao agendamento do retorno, assegurando a continuidade do cuidado e o seguimento conforme os protocolos clínicos estabelecidos pela unidade. Adicionalmente, todas as usuárias atendidas eram registradas em planilha eletrônica (Excel), contendo dados relevantes para o monitoramento e a gestão do cuidado prestado. Entre os principais diagnósticos acompanhados, destacaram-se: hipertensão gestacional, hipertensão crônica, diabetes mellitus prévia à gestação, diabetes gestacional, obesidade grau III, pacientes bariátricas, trombofilia, toxoplasmose em tratamento, citomegalovirus, desnutrição (IMCcom o psiquiatra e compareceu às consultas subsequentes mais tranquila e fortalecida emocionalmente. A vivência reforçou o valor da assistência humanizada, da continuidade do cuidado e do fortalecimento da rede de apoio. Além das demandas de saúde mental, durante o estágio no setor de pré-natal de alto risco, foi vivenciado seguimento de uma gestante com diagnóstico confirmado de toxoplasmose aguda, que já se encontrava em uso do esquema terapêutico triplo recomendado pelo Ministério da Saúde (2022). O tratamento consistia na administração de sulfadiazina 3g ao dia, fracionada a cada 6 horas, pirimetamina 50 mg ao dia e ácido folínico 10 a 20 mg, três vezes por semana, com possibilidade de ajuste conforme a presença de neutropenia, anemia ou plaquetopenia, visando proteger a função hematopoiética frente à toxicidade da pirimetamina. A atuação da discente voltou-se ao monitoramento clínico e laboratorial da paciente, com acompanhamento dos hemogramas, função hepática e renal, e reforço contínuo quanto à adesão terapêutica, cuidados com os horários de medicação, reconhecimento de efeitos adversos e comparecimento às consultas. Também participou da solicitação e do acompanhamento das ultrassonografias obstétricas, realizadas mensalmente, conforme preconizado para gestantes em tratamento de toxoplasmose, com o objetivo de identificar precocemente alterações sugestivas de infecção fetal. A toxoplasmose congênita, quando não tratada adequadamente, pode causar desfechos graves, como cegueira por coriorretinite, retardo do desenvolvimento neuropsicomotor, convulsões, surdez e até óbito fetal. Diante disso, a experiência de acompanhar uma gestante em tratamento ativo reforçou a importância do papel da enfermagem na vigilância terapêutica, na solicitação e organização dos exames de acompanhamento e na orientação humanizada às gestantes em situação de vulnerabilidade clínica. Essa vivência permitiu o aprofundamento do conhecimento técnico e contribuiu para a consolidação de uma formação voltada à prática baseada em evidências e à promoção da saúde materno-infantil, com ênfase na segurança, integralidade e ética. Uma prática constante realizada, foi a busca ativa de gestantes faltosas. A enfermeira realizava contato direto com aquelas que não compareciam às consultas agendadas, buscando reverter a evasão e garantir a continuidade do cuidado. Essa prática evidenciava o compromisso da equipe com a integralidade do atendimento, sobretudo diante da recorrente ausência de autorresponsabilidade por parte de algumas usuárias quanto à adesão ao pré-natal. Apesar do aprendizado proporcionado, um dos principais desafios enfrentados foi a limitação na condução autônoma das consultas subsequentes, em razão do número elevado de estudantes presentes na sala, incluindo discentes de medicina. Em geral, a equipe era organizada em grupos de quatro a cinco alunos por período, sendo necessário um rodízio constante para garantir a participação de todos. A experiência no setor de pré-natal de alto risco constituiu-se como um marco significativo para formação acadêmica, não apenas pela complexidade clínica dos casos atendidos, mas, sobretudo, pela excelência técnico-profissional da equipe que me acompanhou. As enfermeiras preceptoras e as professoras supervisoras exerceram um papel formativo essencial, evidenciando domínio aprofundado dos protocolos clínicos, atualização constante nas diretrizes do Ministério da Saúde e comprometimento com uma prática ética, sensível e fundamentada em evidências científicas. Desde o início do estágio, observou-se um ambiente acolhedor e respeitoso, que incentivou uma postura proativa e crítica por parte da estagiária. Tal ambiente contribuiu significativamente para o desenvolvimento de competências técnicas, relacionais e clínicas. Nos primeiros dias, foi possível acompanhar a dinâmica das consultas e realizar exames físicos sob supervisão. Gradualmente, passou-se à condução autônoma das consultas de enfermagem, com a realização de anamnese completa, exame físico cefalocaudal, registros sistematizados no prontuário e definição de condutas individualizadas, em conformidade com os protocolos estabelecidos e as necessidades específicas de cada gestante. A discente teve a oportunidade de participar de forma efetiva das atividades relacionadas à Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), contribuindo na elaboração de relatórios técnicos, na identificação de inconformidades em encaminhamentos oriundos da atenção primária e na proposição de condutas compatíveis com os protocolos clínicos e diretrizes institucionais vigentes. Houve, ainda, envolvimento ativo nas discussões de casos clínicos com a equipe multiprofissional, exercitando sua capacidade de análise crítica, raciocínio clínico e tomada de decisão fundamentada em evidências científicas atualizadas e nas boas práticas assistenciais. A atuação da discente não se restringiu à aplicação de procedimentos técnicos, tendo sido pautada pela integração entre conhecimento teórico e prática assistencial. Foram adotadas estratégias de escuta qualificada, orientações educativas e abordagem centrada nas necessidades individuais das usuárias. Em todas as etapas do cuidado, desde o acolhimento inicial até a definição das condutas clínicas, observou-se a aplicação sistemática da prática de enfermagem baseada em evidências, em conformidade com os princípios da integralidade, segurança e qualidade da assistência. A partir da análise dos dados obtidos durante os atendimentos, do diálogo com a enfermeira preceptora e das reflexões realizadas em grupo de prática, houve a oportunidade de planejar e desenvolver uma atividade educativa de sala de espera com o tema Autocuidado e Autorresponsabilidade na Gestação, voltada às gestantes em espera por atendimento. A ação foi conduzida de forma breve e dialogada, com uso de linguagem acessível e fundamentada em princípios da educação em saúde. Foram abordados tópicos como a importância do protagonismo da gestante no acompanhamento pré-natal, a identificação de sinais de alerta e o impacto das escolhas cotidianas na saúde materno-fetal. A atividade foi bem acolhida pelas usuárias e evidenciou o potencial educativo da prática de enfermagem, contribuindo para a ampliação do cuidado para além do atendimento individualizado. Hodiernamente, durante a segunda semana no estágio, também houve a oportunidade de vivenciar de forma prática, o processo de regulação dos atendimentos do Pré-Natal de Alto Risco. Apesar de não está no plano de estágio, consegui ter essa vivência no setor. Coordenado por uma enfermeira da unidade, que é responsável por organizar e supervisionar o fluxo de atendimento das gestantes, atuando diretamente na triagem e avaliação dos casos encaminhados pela Atenção Primária, por meio de formulário específico. A análise é realizada com base nos protocolos de estratificação de risco obstétrico estabelecidos pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB, 2024) e nos manuais do Ministério da Saúde (BRASIL, 2022), os quais orientam critérios clínicos, obstétricos e sociais para a admissão de gestantes no acompanhamento especializado de alto risco. Nos casos que se enquadram nos critérios, a coordenação realiza o agendamento com data e horário definidos, assegurando o fluxo adequado da assistência. Quando há inconsistências ou ausência de dados no formulário de referência, a enfermeira entra em contato com o profissional solicitante para solicitar esclarecimentos ou documentos complementares. Casos que não atendem aos critérios estabelecidos podem ser recusados, com a devida justificativa técnica registrada. Ao longo da vivência no campo de estágio, a discente teve a oportunidade de analisar, sob orientação da enfermeira preceptora, encaminhamentos pendentes provenientes da atenção primária.Tal participação permitiu o acompanhamento direto do raciocínio clínico e dos critérios adotados na triagem e estratificação de risco, possibilitando a aplicação prática do conhecimento teórico adquirido. Essa experiência contribuiu significativamente para o aprofundamento da compreensão acerca dos limites de atuação da atenção primária e dos fundamentos que justificam a elevação do cuidado para o nível secundário. Além disso, os casos analisados foram discutidos com a preceptora, favorecendo reflexões críticas sobre a pertinência dos encaminhamentos e a lógica de funcionamento da Rede de Atenção à Saúde A atuação da enfermeira nesse setor vai além da regulação: ela também participa da assistência direta em casos específicos, promove a formação permanente da equipe e colabora na construção e atualização dos protocolos institucionais, sempre em diálogo com a equipe multiprofissional. Essa vivência reforçou a importância da enfermagem na gestão do cuidado e na articulação entre os níveis de atenção, evidenciando o papel estratégico da categoria na garantia do acesso, da integralidade e da resolutividade da assistência às gestantes em situação de vulnerabilidade clínica. Na terceira e quarta semana de estágio, conforme previsto no meu plano de atividades, foi proposta a atuação no setor de ginecologia, com ênfase na assistência voltada à prevenção e controle do câncer do colo do útero e como na inserção, revisão e retirada do dispositivo intrauterino (DIU). Durante esse período, tive a oportunidade de conhecer com profundidade a rotina do serviço, compreendendo a dinâmica da linha de cuidado ginecológica, os critérios clínicos utilizados pela equipe de enfermagem e os referenciais técnicos preconizados pelos protocolos do Ministério da Saúde. As mulheres são encaminhadas ao serviço secundário por meio da Atenção Primária à Saúde (APS), geralmente após a identificação de alterações no exame citopatológico. Algumas chegam com colposcopia e biópsia já realizadas, enquanto outras ainda se encontram em investigação diagnóstica. Cabe à equipe de enfermagem realizar a triagem inicial, avaliando os exames já disponíveis, preenchendo a ficha de anamnese e classificando os casos conforme o grau da lesão e o risco envolvido, para organizar o fluxo assistencial com base na complexidade clínica. As condutas seguem critérios técnicos bem definidos. Pacientes com biópsias que indicam HSIL, NIC 2 ou NIC 3 são encaminhadas ao médico para posterior referência à Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON). Já os casos com biópsia compatível com LSIL ou NIC 1 são mantidos no serviço, com agendamento da repetição da citologia em seis meses. Situações de pólipos são devolvidas à APS para rastreio contínuo. Para alterações como cervicite ou metaplasia escamosa, a conduta depende da associação entre os resultados da colposcopia e da citologia: se ambos forem normais, a paciente recebe alta para seguimento na atenção primária; se houver alteração citológica, repete-se a citologia em seis meses. Nos casos que indicam necessidade de cauterização, o procedimento é agendado e realizado na própria unidade, sendo o fluxo organizado pela enfermagem, incluindo o monitoramento no pós-procedimento. Todos os dados clínicos e administrativos das pacientes são registrados em planilhas do Excel estruturadas por colunas específicas (rastreamento, colposcopia, biópsia, citologia de seguimento, cauterização, pendências e condutas). Para facilitar o gerenciamento e o seguimento das mulheres, essas planilhas são organizadas por um sistema de cores: verde para pacientes com alta, azul para aquelas com exames em andamento, vermelho para faltosas ou com intercorrências, e laranja para casos em investigação ou em tratamento. Para garantir a continuidade do cuidado, a equipe realiza busca ativa por meio de ligações telefônicas e contato via WhatsApp. Além disso, o profissional da Unidade Básica de Saúde responsável pela paciente é acionado para reforçar o seguimento e fornecer as orientações necessárias no território. Essa articulação entre os níveis de atenção é fundamental para assegurar que as usuárias não abandonem o tratamento e que o risco oncológico seja devidamente monitorado e controlado. Embora tenha sido possível compreender a estrutura e o funcionamento do setor, ressalta-se que, durante o período de estágio, a discente teve apenas uma oportunidade de acompanhar uma consulta com assistência direta. O segundo encaminhamento recebido não pôde ser efetivado, uma vez que, apesar da suspeita visual registrada pela enfermeira da Atenção Primária à Saúde (APS), o caso foi encaminhado sem o resultado do exame citopatológico, impossibilitando a definição de conduta conforme os protocolos clínicos estabelecidos. Aproveitando o período de estágio, a discente aprofundou seus conhecimentos por meio da análise retrospectiva de casos registrados nas planilhas do setor. Foram revisados laudos de citologia, colposcopia e biópsias, com estudo das condutas adotadas em cada situação clínica. As dúvidas surgidas durante essa análise foram discutidas diretamente com a enfermeira preceptora, o que favoreceu a consolidação da compreensão acerca das diferentes classificações citopatológicas — como ASC-US, ASC-H, LSIL/NIC I e HSIL/NIC II/III — e das decisões clínicas e assistenciais indicadas para cada tipo de alteração. A vivência foi extremamente relevante para formação, pois evidenciou a atuação estratégica da enfermagem na prevenção do câncer do colo do útero, tanto na triagem clínica e organização dos fluxos quanto na educação em saúde, no acompanhamento longitudinal e na articulação intersetorial. Essa prática está em consonância com as orientações do Ministério da Saúde, especialmente com o Caderno 13, que reforça o papel da enfermagem no rastreamento, na repetição da citologia conforme risco, na gestão do seguimento das lesões e na condução de ações educativas e resolutivas no âmbito da atenção básica e secundária (BRASIL, 2013). Durante o período de estágio no setor de ginecologia, foi possível acompanhar de forma mais direta a assistência prestada às mulheres em busca de inserção, revisão ou retirada do dispositivo intrauterino (DIU). Desde os primeiros atendimentos, houve incentivo por parte da enfermeira preceptora para a condução das consultas sob supervisão, o que favoreceu o desenvolvimento progressivo da autonomia na prática clínica. Foram realizadas anamneses detalhadas, contemplando aspectos ginecológicos, obstétricos e clínicos relevantes para a avaliação da indicação ou contraindicação do dispositivo intrauterino (DIU). Em cada atendimento, além do registro do histórico e da queixa principal, prestaram-se orientações claras quanto ao funcionamento do método, seus benefícios, limitações e possíveis efeitos adversos, respeitando-se o tempo e as dúvidas individuais de cada usuária. A experiência evidenciou a importância do acolhimento e da escuta qualificada como componentes essenciais para favorecer a adesão informada ao método contraceptivo. Participou-se da conferência dos exames obrigatórios para a inserção do dispositivo intrauterino (DIU), incluindo a verificação da ultrassonografia transvaginal e do exame citopatológico, ambos atualizados. Nos casos em que os exames se encontravam ausentes ou apresentavam alterações, orientaram-se as pacientes quanto às condutas subsequentes, com a solicitação dos exames pertinentes ou a recomendação de aguardar a resolução de intercorrências clínicas antes da realização do procedimento. A solicitação do exame Beta-HCG recente, como parte do protocolo para exclusão de gestação em curso, foi uma das etapas frequentemente acompanhadas durante as consultas. Além do atendimento direto, a discente colaborou na atualização das planilhas de acompanhamento, organizaçãodas fichas físicas e controle das demandas, o que me proporcionou uma visão prática da importância da sistematização da assistência para garantir rastreabilidade, agilidade nos fluxos e segurança clínica. Dentre os atendimentos acompanhados durante o estágio, destacou-se o caso de uma paciente previamente agendada para inserção do dispositivo intrauterino (DIU). Durante o exame físico, foram identificados sinais clínicos compatíveis com cervicite. Diante do quadro, e sob orientação da enfermeira preceptora, decidiu-se pelo adiamento do procedimento e início do tratamento adequado. A conduta adotada seguiu as recomendações do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de Planejamento Reprodutivo, que contraindica a inserção do DIU na presença de infecção genital ativa (BRASIL, 2015). A paciente foi devidamente orientada quanto ao uso correto da medicação prescrita, à necessidade de retorno para reavaliação clínica e à possibilidade de reprogramação do procedimento após a resolução completa do quadro infeccioso. Nos retornos pós-inserção do dispositivo intrauterino (DIU), participaram-se das orientações de seguimento, com ênfase nos cuidados imediatos, como a abstinência de relações sexuais e o não uso de absorventes internos nas primeiras 48 horas. Reforçaram-se, também, as orientações quanto à observação de sinais de alerta (febre, dor intensa, corrimento fétido ou sangramento anormal) e à necessidade da realização de ultrassonografia transvaginal entre 30 e 40 dias após a inserção, a fim de confirmar o posicionamento adequado do dispositivo. Sempre que indicado, salientou-se a importância da utilização de método contraceptivo adicional até a confirmação da localização correta do DIU, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2016). A condução dessas consultas possibilitou a aplicação integrada de conhecimentos técnicos, habilidades assistenciais e sensibilidade frente às demandas individuais das usuárias. Tal experiência contribuiu para o aprimoramento da tomada de decisões fundamentadas, da comunicação efetiva nas orientações e da prestação de um cuidado seguro, humanizado e baseado em evidências. Destaca-se a atuação da enfermeira preceptora, profissional que demonstrou elevado grau de organização, clareza nas explicações e compromisso com o processo de ensino- aprendizagem. Sua postura paciente e acolhedora favoreceu significativamente o ambiente formativo e a construção do conhecimento. A experiência no Centro de Atenção à Saúde da Mulher foi fundamental para a consolidação do processo formativo da discente, proporcionando o desenvolvimento de competências clínicas, técnicas e relacionais. Considera-se que os objetivos propostos no plano de estágio foram atendidos de forma satisfatória, com ênfase nas áreas de pré-natal de alto risco, planejamento reprodutivo, regulação do acesso e ações de educação em saúde. Embora a vivência tenha se mostrado proveitosa, identificou-se a limitação quanto à quantidade de atendimentos relacionados à prevenção do câncer do colo do útero. Ressalta-se, ainda, que a inserção em atividades desenvolvidas no setor de oncologia teria ampliado a compreensão sobre a linha de cuidado integral à saúde da mulher. Apesar dessas limitações, observa-se que o estágio proporcionou crescimento técnico e pessoal, sendo os conhecimentos adquiridos considerados relevantes para a qualificação da prática profissional futura. 2.3 AÇÕES MULTIDIPLINARES O Centro de Atenção à Mulher (CAM) atua por meio de um modelo assistencial centrado na integralidade, contando com o envolvimento de uma equipe multiprofissional que trabalha de forma articulada para garantir um cuidado biopsicossocial. A equipe é composta por enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, técnico em radiologia e a equipe administrativa. Essa composição permite que o cuidado seja desenvolvido de forma coordenada, abrangendo diversas especialidades. Nos dizeres de Cordeiro et al. (2021), o trabalho multiprofissional não se resume à reunião de especialidades, mas sim à articulação de intervenções técnicas que se complementam, promovendo uma assistência centrada nas reais demandas do usuário. No CAM, essa lógica se concretiza especialmente nos atendimentos de pré-natal de alto risco, climatério, oncologia, planejamento reprodutivo, assistência a mulheres vítimas de violência e entre outros serviços que envolvem a saúde sexual e reprodutiva da mulher. Um instrumento que tem sido utilizado para facilitar a organização dos atendimentos é o sistema GIGA, desenvolvido no próprio município. Ele permite que os profissionais acessem os registros uns dos outros, o que fortalece o cuidado multidisciplinar e a continuidade no atendimento. No entanto, apesar de seus benefícios, o sistema ainda apresenta limitações. Muitos profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) não conseguem acessá-lo, pois o uso do GIGA depende da instalação do programa em computadores específicos. Essa barreira dificulta a integração entre os níveis de atenção e impacta na continuidade do cuidado, especialmente em casos que demandam acompanhamento compartilhado. Dentre as estratégias de acolhimento do CAM, a Sala Violeta se destaca como um espaço de grande relevância para as mulheres em situação de violência. Seu espaço discreto e acolhedor, foi projetado para garantir segurança e um acolhimento que permita às mulheres se sentirem protegidas e à vontade para buscar ajuda. A Sala Violeta atende mulheres que enfrentam diversas formas de violência (física, psicológica, sexual, moral ou patrimonial), conforme estabelecido pela Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006). Além disso, a sala está alinhada às políticas públicas de enfrentamento à violência de gênero, como a Lei nº 14.847/2024, que prevê a criação de espaços exclusivos para esse tipo de atendimento. Esse ambiente se torna, assim, um ponto de confiança para o início do processo de acolhimento das mulheres e para os encaminhamentos necessários para a rede de proteção. Funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 15h, gerenciada por uma técnica em assistência social, onde acolhe as mulheres oferecendo escuta qualificada, orientação jurídica e encaminhamentos para a rede de proteção como a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), CRAM (Centro de Referência de Atendimento à Mulher - Isabela Nascimento Seara) e quando necessário é assionado o Conselho Tutelar. Além disso, o CAM realiza o devido encaminhamento das usuárias ao Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), assegurando o acesso a direitos como o Cadastro Único (CadÚnico), o programa Bolsa Família e outros benefícios sociais. A articulação com a Secretaria Municipal de Assistência Social também viabiliza o acolhimento em casas de proteção temporária, fortalecendo a rede de suporte às mulheres em situação de vulnerabilidade. Ademais, o serviço conta com a utilização da Ficha de Notificação Compulsória para Violência Interpessoal, instrumento por meio do qual são registrados os casos de violência atendidos na unidade, com os devidos encaminhamentos para proteção integral da vítima. O CAM também promove ações educativas e rodas de conversa com foco no empoderamento das usuárias e na conscientização sobre seus direitos, reforçando o compromisso com a prevenção e o cuidado ampliado. Percebe-se, portanto, que, além do atendimento multiprofissional, a unidade aposta na articulação intersetorial como uma importante estratégia para o cuidado integral à saúde da mulher. No entanto, quando se trata do aborto legal, garantido pela legislação brasileira (BRASIL, 1940; BRASIL, 2011), o município de Itabuna ainda enfrenta grandes desafios. Apesar de ser um direito previsto no Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848/1940, art. 128) e confirmadopela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 54/2011), o procedimento não é realizado na rede local, sendo necessário o encaminhamento para o Hospital Materno Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus. A ausência de um fluxo formalizado, juntamente com os obstáculos de ordem moral e religiosa presentes no município, dificulta o acesso das mulheres ao serviço, gerando insegurança e atrasos no cuidado. Esses entraves revelam a urgência de se estabelecer protocolos claros e ações de enfrentamento ao estigma, com o apoio da gestão pública e da equipe de saúde. A experiência no CAM evidenciou que o cuidado à saúde da mulher demanda uma abordagem que vai além do modelo biomédico, englobando também aspectos sociais, psicológicos e legais. A atuação integrada da equipe multiprofissional foi fundamental para garantir uma atenção integral e alinhada às reais necessidades das usuárias. No âmbito da enfermagem, essa vivência reforçou o compromisso com uma prática crítica e ética, pautada na equidade, na humanização do cuidado e na efetivação dos direitos das mulheres. Apesar dos desafios evidenciados, nota-se um avanço significativo no serviço, na implementação do cuidado multiprofissional, o que contribui para a melhoria contínua dos atendimentos. 2.4 PROCESSO DE ENFERMAGEM O Processo de Enfermagem (PE) é uma metodologia aplicada pelos profissionais de enfermagem para orientar a atuação assistencial. Estruturado em etapas sequenciais e organizadas, ele favorece a sistematização do cuidado e a definição de estratégias direcionadas às necessidades da população atendida, alinhando-se às práticas de cuidado humanizado e à promoção da segurança do paciente (Trindade et al., 2016). Nesse sentido, a sistematização da assistência de enfermagem (SAE) ainda não está formalizada na instituição por meio de protocolos ou registros estruturados. No entanto, observa-se que sua prática está presente no cotidiano dos profissionais, especialmente durante as consultas de pré-natal de alto risco, onde as etapas do processo de enfermagem são perceptíveis, mesmo que não oficialmente documentadas. A ausência de Protocolos Operacionais Padrão (POPs) representa um desafio importante, pois dificulta a padronização dos cuidados e o fortalecimento da SAE como um instrumento organizador da assistência. Essa lacuna está sendo enfrentada pela atual gestão de enfermagem, que vem trabalhando na construção desses protocolos. Apesar da ausência de uma metodologia registrada ou de um sistema informatizado que formalize a SAE, a condução das consultas mostra coerência com sua lógica. Na primeira consulta de pré-natal de alto risco, é realizada uma investigação detalhada sobre a história pessoal, familiar, gestacional e os hábitos de vida da paciente. A partir desse levantamento, são identificados os principais problemas e definidas condutas e orientações, compondo um plano de cuidados individualizado. Nas consultas de seguimento, há revisão contínua das condições de saúde da gestante, com reavaliação das condutas previamente adotadas e ajustes sempre que necessário, garantindo assim o acompanhamento integral e seguro. Nos demais atendimentos, como na área de ginecologia, embora a SAE não seja executada com base em modelos oficiais, sua essência está presente nas ações diárias dos profissionais. A avaliação, planejamento e intervenção fazem parte da rotina clínica de maneira integrada, ainda que sem padronização formal ou uso de classificações específicas. A equipe de enfermagem tem buscado aprimorar sua prática por meio de reuniões internas, definindo condutas baseadas em referências como o Manual de Gestação de Alto Risco (2022) e o Protocolo Estadual da Bahia – Gestação de Alto Risco (2024) e outras evidências cientificas. Com a recente estabilização da coordenação, percebe-se maior envolvimento dos profissionais e um movimento coletivo em direção à qualificação da assistência. Assim, embora a SAE ainda não esteja plenamente institucionalizada, ela se revela como uma prática já incorporada à rotina da equipe, sobretudo nos atendimentos de maior complexidade. A efetiva implantação de protocolos, aliada à capacitação contínua dos profissionais, é um passo essencial para fortalecer esse processo e garantir um cuidado mais seguro, padronizado e de qualidade para as mulheres atendidas pela unidade. 2.5 GERENCIAMENTO DO CUIDADO A gestão do cuidado de enfermagem é um processo que envolve ações estratégicas para a organização, coordenação e supervisão do cuidado prestado. Ele visa a promoção da saúde, prevenção de doenças, tratamento e reabilitação dos pacientes. Além disso, busca garantir a qualidade do cuidado e a eficiência na utilização de recursos, com ênfase em um atendimento integral (Mororó et al., 2017). Nessa pespectiva, no contexto do processo de trabalho das enfermeiras no CAM, apresenta particularidades conforme o setor de atuação. No Pré-Natal de Alto Risco, uma enfermeira assume a coordenação das atividades, sendo responsável pela regulação dos atendimentos, pela assistência direta em casos específicos, pela formação permanente dos profissionais envolvidos e pela construção de protocolos assistenciais junto à equipe multiprofissional. No processo de regulação, essa profissional recebe e avalia, por meio de um formulário enviado pela Atenção Primária, os casos encaminhados. A análise é realizada com base nos protocolos de estratificação do estado da Bahia (SESAB, 2024) e manuais do Ministério da Saúde (BRASIL, 2022), identificando quais pessoas que gestam devem ser acompanhadas pelo serviço de pré-natal de alto risco. Nos casos aceitos, a coordenação realiza o agendamento do atendimento para enfermeira responsável, definindo data e horário para que a usuária compareça ao serviço. Quando há necessidade de mais informações, solicita-se esclarecimento ao profissional solicitante. Casos que não se enquadram nos critérios estabelecidos podem ser recusados. Ademias, a todo momento, o serviço se mostra aberto para tirar dúvidas e viabilizar determinados exames, conforme as necessidades. Além das atividades de regulação, a coordenação também acompanha diretamente alguns casos selecionados, em caráter de estudo, como parte da estratégia de educação permanente. Em dias específicos, ela realiza aulas de alguns temas, essa ação se estende à rede de Atenção Primária e Secundária, contribuindo para a capacitação contínua dos profissionais. Também faz parte de suas atribuições a elaboração e atualização de protocolos e fluxos assistenciais, em articulação com a equipe, visando qualificar e aprimorar a atenção às gestantes de alto risco. Após o encaminhamento realizado pela regulação, cada enfermeira assume a responsabilidade pelo cuidado de sua usuária, acompanhando-a durante todo o percurso do pré- natal até o período puerperal. Ressalta-se que a troca de profissional pode ocorrer em situações específicas, como a solicitação da própria usuária ou por motivos administrativos, como licenças ou férias da enfermeira responsável. Embora cada profissional tenha suas particularidades em conduzir a gestão do cuidado, algumas ações são comuns entre elas. Um exemplo é a elaboração de uma tabela de acompanhamento contendo informações essenciais das gestantes, como idade gestacional, data da última menstruação (DUM), data provável do parto (DPP), dados sociodemográficos e diagnóstico. Além disso, são confeccionadas tabelas específicas para o controle das usuárias com partos previstos em cada mês, bem como sinalizações para aquelas que se encontram internadas ou que apresentaram ausência nas consultas. Faz parte da gestão do cuidado a garantia da atenção integral à gestante, o que inclui o encaminhamento para atendimentos com outros profissionais da equipemultiprofissional, como obstetra, nutricionista, psicólogo, entre outros, sempre que necessário. As enfermeiras também são responsáveis pela solicitação de exames e pela prescrição de medicamentos, conforme os protocolos estabelecidos (BRASIL, 2022). Durante as consultas, os dados são consolidados no sistema informatizado próprio do município de Itabuna (Giga), permitindo o compartilhamento das informações com a equipe multiprofissional. Quando necessário, é realizada a solicitação de interconsulta, favorecendo a continuidade e a integralidade do cuidado. As gestantes, também voltam para a APS, com as contrarreferências dos cuidados estabelecidos no serviço. Um diferencial importante do serviço é a utilização de um canal de comunicação via WhatsApp do pré-natal de alto risco. Por meio dele, as usuárias podem tirar dúvidas, manter contato direto com a equipe e receber orientações. O mesmo canal é utilizado pelas enfermeiras para a realização de busca ativa das gestantes que faltaram às consultas. Caso não haja retorno por esse meio, a equipe entra em contato com os profissionais responsáveis pelo encaminhamento da usuária. Outra responsabilidade vinculada à gestão do cuidado é a organização da agenda de atendimentos. Cada enfermeira possui autonomia para estruturar sua agenda conforme as necessidades da clientela, otimizando o fluxo e a qualidade do atendimento prestado. No setor de Ginecologia, as enfermeiras prestam assistência voltada à saúde da mulher, com foco na saúde reprodutiva e a prevenção e controle do câncer de colo de útero. Entre suas principais atribuições, destaca-se a avaliação das usuárias com critérios de prioridade para realização de colposcopia, bem como a atuação na prevenção e no rastreamento do câncer do colo do útero, conforme os protocolos vigentes. Além disso, também são responsáveis pela condução do cuidado relacionado ao uso do dispositivo intrauterino (DIU), realizando a consulta de avaliação prévia, o acompanhamento pós-inserção e, quando capacitadas, o procedimento de inserção do DIU. Atualmente, apenas uma enfermeira da equipe possui formação específica para esse procedimento, além de um médico ginecologista. No entanto, durante a maior parte do período do estágio, a enfermeira habilitada esteve de férias, o que comprometeu o acompanhamento da assistência relacionada à inserção do DIU. A inserção e o acompanhamento do dispositivo intrauterino (DIU) podem ocorrer tanto por demanda espontânea quanto por meio de encaminhamento da Atenção Primária à Saúde (APS), mediante formulário de referência da unidade de origem. As usuárias podem ser direcionadas para procedimentos de inserção, remoção ou revisão do dispositivo. Após a confirmação do recebimento do encaminhamento, a equipe realiza a devolutiva por e-mail, agenda a consulta e informa ao profissional solicitante ou à própria usuária a data e o horário da primeira consulta de avaliação. Na consulta inicial, é realizada uma anamnese detalhada, com o registro do motivo do atendimento, além dos antecedentes pessoais, ginecológicos e obstétricos. Nesse momento, são fornecidas informações sobre o funcionamento do DIU e esclarecidas eventuais dúvidas. Também é verificada a disponibilidade dos exames obrigatórios: ultrassonografia transvaginal (realizada há, no máximo, um ano e sem alterações) e exame citopatológico (realizado no último ano). Caso os exames estejam ausentes, desatualizados ou apresentem alterações, ou ainda haja alguma queixa ginecológica por parte da usuária, ela será avaliada, os exames necessários serão solicitados e, se indicado, o tratamento será instituído previamente à inserção do DIU. Adicionalmente, orienta-se que a paciente apresente o resultado do Beta-HCG, realizado até dois dias antes da data agendada para a inserção. Durante essa avaliação, também são acolhidas as demandas de mulheres que desejam realizar a revisão do dispositivo ou sua retirada. Logo após a primeira consulta, todas as usuárias são registradas em uma tabela de acompanhamento, que contém dados completos, procedimentos realizados e possíveis intercorrências. Para facilitar a organização e o monitoramento, as usuárias são sinalizadas por cores: rosa para aquelas com todos os exames confirmados e prontas para agendamento; azul para casos com pendências; vermelho para faltosas ou situações com intercorrências; e verde para as que já podem realizar o procedimento. Confirmado o perfil de elegibilidade com todos os exames efetuados, a equipe agenda a data e horário para a inserção do DIU. No dia do procedimento é realizada uma consulta de enfermagem, com explicações sobre os cuidados pós-procedimento, sinais de alerta e o retorno para ultrassonografia transvaginal que pode ocorrer entre 30 a 40 dias, que confirmará a posição correta do dispositivo. A mulher assina o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e é encaminhada ao procedimento. Após a inserção, a usuária retorna à sala de enfermagem, onde são reforçadas as orientações, confirmada a data da USG transvaginal e, se houver prescrição médica, são fornecidas instruções quanto ao uso de medicamentos. A equipe de enfermagem realiza contato telefônico com a usuária uma semana antes da data programada para as consultas, a fim de confirmar o comparecimento para USG transvaginal. Além disso, é feita busca ativa das mulheres que faltaram às consultas. Todos os dados são sempre atualizados na tabela de acompanhamento. As fichas de acompanhamento também são separadas em uma pasta e sinalizadas por demandas (pendências, faltosas, que fizeram o procedimento com o médico). Já no âmbito do Prevenção do Câncer do Colo de Útero, a gestão do cuidado também se dá de forma sistematizada. As mulheres chegam ao serviço por meio de link da APS, geralmente em decorrência de alterações no exame citopatológico. Algumas já vêm com colposcopia realizada, enquanto outras ainda necessitam do exame. Cabe à equipe de enfermagem realizar a triagem dessas pacientes, identificando quais precisam de colposcopia e organizando os fluxos conforme o risco e o grau da lesão. Na consulta inicial, é preenchida a ficha de anamnese e são avaliados os exames já realizados, como a citologia, biópsia e colposcopia. As condutas variam conforme os achados: biópsias com resultado de HSIL, NIC 2 ou NIC 3 são encaminhadas ao médico para encaminhar para UNACON; biópsias com LSIL ou NIC 1 demandam repetição da citologia em seis meses, com agendamento no próprio serviço; nos casos de pólipos, as pacientes são devolvidas para rastreamento na APS e recebem alta. Cervicite ou metaplasia escamosas, avalia o resultado da citologia e colposcopia para conduta. Se citologia normal, recebe alta para rastreio na APS. Se apresentar algum tipo de lesão na citologia, repete a citologia com 6 meses. Quando a conduta exige cauterização, essa é providenciada na própria unidade. A enfermagem organiza o fluxo e agenda a cauterização, monitorando o seguimento pós-procedimento. Todas as informações das pacientes são organizadas em planilhas de Excel, que incluem colunas para rastreamento, biópsia, citologia de seguimento, colposcopia, pendências, encaminhamentos e condutas. Para facilitar o acompanhamento, essas planilhas são organizadas com cores: verde para pacientes que já finalizaram o seguimento e receberam alta; azul para aquelas com pendências, como exames agendados; vermelho para usuárias faltosas ou com intercorrências; e laranja para pacientes ainda em processo diagnóstico ou em tratamento. Para garantir a continuidade do tratamento das mulheres, é realizada uma busca ativa por meio de ligações telefônicas e contato via WhatsApp. Além disso, o profissional da Unidade Básica de Saúde (UBS), que acompanha a paciente em seu território, também realiza o acompanhamento e orientações necessárias,visando garantir que as usuárias sigam com o tratamento adequado. 2.6 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS O gerenciamento de resíduos sólidos no Centro de Atenção à Mulher (CAM) segue as diretrizes estabelecidas pela Resolução RDC nº 222/2018 da ANVISA (BRASIL, 2018), que regulamenta as boas práticas para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde (RSS). A coleta interna é realizada por um profissional de serviços gerais, responsável pela segregação, coleta e descarte adequado dos diferentes tipos de resíduos, com atenção especial aos materiais infectantes e perfurocortantes. Os resíduos infectantes são coletados diariamente ao final do expediente e armazenados em bombonas de 200 litros, localizadas na área externa da unidade. A coleta externa é realizada quinzenalmente por uma empresa especializada (TRR), que emite o manifesto de transporte de resíduos, posteriormente encaminhado à Secretaria Municipal para registro e liberação do pagamento. Caso haja aumento significativo no volume, a coleta pode ser antecipada. Resíduos perfurocortantes são descartados em caixas rígidas apropriadas, conforme preconizado pelas normas técnicas vigentes, garantindo a proteção da equipe e a prevenção de acidentes. Para os resíduos comuns, a coleta ocorre diariamente pela empresa responsável do município. Entretanto, foram identificadas algumas inconformidades no serviço. Em determinadas salas, os resíduos infectantes estavam sendo descartados em sacos pretos, destinados a lixo comum, em vez de sacos brancos leitosos, como determina o art. 15, nº 222/2018. Essa falha compromete a segurança do manejo e dificulta a correta identificação dos resíduos. A padronização da cor dos sacos, além de obrigatória, é essencial para reduzir riscos e garantir a eficácia do gerenciamento. Além disso, foi observado que a sala procedimentos ginecológicos invasivos, não possui coletor com tampa para o descarte de resíduos, o que fere as recomendações do Art. 17, inciso 1. Ainda que o saco seja substituído ao final do expediente, a ausência de tampa em ambientes de procedimentos invasivos representa um risco potencial de contaminação, contrariando a norma, que admite recipientes abertos apenas quando há substituição imediata do saco após cada atendimento. 2.7 GERENCIAMENTO DE MEDICAMENTOS E MATERIAIS Durante o período de estágio, foi possível acompanhar o processo de gestão de medicamentos e materiais na unidade, por meio das informações fornecidas pela coordenadora geral. Ela disponibilizou um documento sobre a Requisição de Fornecimento ao Almoxarifado Central da Saúde, o qual centraliza alguns dos pedidos mensais da unidade. A solicitação de materiais é realizada geralmente no primeiro dia útil de cada mês, com a expectativa de que os itens sejam entregues dentro de um período de até sete dias. No entanto, em alguns casos, podem ocorrer atrasos na entrega, mesmo que os materiais já tenham sido separados, devido a problemas logísticos no transporte. Para lidar com esses imprevistos, a coordenação faz pedidos complementares sempre que necessário, para garantir que a demanda seja atendida sem prejuízo aos serviços prestados. Dentre os itens requisitados, destacam-se os medicamentos e materiais de uso frequente na assistência à saúde da mulher, como: lidocaína a 2% com e sem vasoconstritor, lancetas, fitas para glicemia capilar, agulhas, seringas, além de pomadas ginecológicas como estriol, nistatina, metronidazol e miconazol. Também são solicitados dispositivos intrauterinos (DIU) e materiais para curativo e procedimentos, além de produtos de limpeza, essenciais para a manutenção das condições sanitárias da unidade. A quantidade de cada material requisitado é baseada na média de consumo mensal, calculada de acordo com as necessidades observadas nos atendimentos. O processo de requisição é realizado por meio de um documento formal, enviado via e-mail pelo departamento responsável ao almoxarifado municipal, que então faz a entrega dos insumos. Embora não exista uma planilha de controle, o gerenciamento de materiais é realizado por observação direta, com as equipes de enfermagem e higienização sinalizando a necessidade de reposição de materiais, como lancetas, seringas e materiais de limpeza. O armazenamento dos insumos é organizado em dois almoxarifados dentro da unidade: no primeiro andar, são guardados os materiais de penso e outros insumos clínicos, enquanto no térreo ficam os materiais de limpeza. O Centro de Material e Esterilização (CME) não mantém estoque, apenas guarda os instrumentos esterilizados, como as pinças de jacaré, que são redistribuídos ao almoxarifado principal. A distribuição dos materiais ocorre imediatamente após a chegada dos insumos, sendo os materiais de limpeza divididos proporcionalmente entre os andares, conforme a demanda de cada setor. Em relação ao controle de estoque, a equipe de gestão de materiais não possui uma planilha formalizada, mas observa o consumo conforme as necessidades emergentes. Há um claro desejo de implementar um sistema de controle mais estruturado, como uma planilha de consumo, para melhorar a gestão dos insumos. O monitoramento contínuo é realizado por sinalização das equipes, que informam em tempo real a necessidade de reposição dos materiais, evitando falhas no fornecimento. O descarte de resíduos é realizado diariamente, após o expediente, com o acondicionamento dos resíduos infectantes e perfurocortantes nas bombonas de 200 litros localizadas na área externa da unidade. A coleta desses materiais é realizada quinzenalmente pela empresa TRR, que emite um manifesto com a descrição dos resíduos recolhidos, o qual é entregue à Secretaria Municipal para controle e pagamento no primeiro dia útil seguinte. Essa experiência no CAM evidenciou a importância de um processo organizado de aquisição, armazenamento e distribuição de materiais, que garante a continuidade do atendimento. Além disso, ressaltou a necessidade de formalizar e aprimorar os processos internos, como o controle de estoque, para otimizar a gestão e assegurar que a unidade continue a oferecer serviços de qualidade, mesmo diante das dificuldades operacionais. 2.8 GERENCIAMENTO DO PROCESSO DE TRABALHO O processo de trabalho na saúde tem como objetivo viabilizar meios para a prestação de uma assistência qualificada, visando atender às necessidades de saúde da clientela. Nesse sentido, o produto do processo de trabalho em saúde está intrinsecamente relacionado à assistência de qualidade ofertada ao paciente (Faustino et at., 2023). A vivência prática no serviço permitiu acompanhar o gerenciamento do processo de trabalho da enfermagem em diferentes setores, como o pré-natal de alto risco, ginecologia, planejamento reprodutivo (com inserção de DIU), prevenção do câncer do colo do útero e regulação. A construção do conhecimento foi norteada pela análise dos protocolos existentes, fluxos institucionais, rotinas, preparo da equipe e acesso aos documentos dispostos pela equipe. No cenário institucional, identificou-se um empenho da coordenação na construção de protocolos e fluxos assistenciais, desenvolvidos em conjunto com os profissionais de cada setor. Esses documentos foram elaborados com base nas diretrizes do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual de Saúde da Bahia (SESAB), sendo encaminhados para apreciação da Secretaria Municipal de Saúde e do Conselho de Saúde. Embora alguns protocolos ainda não tenham sido formalmente aprovados, já estavam em uso pela equipe, que demonstrou conhecimento e em maior parte adesão às práticas preconizadas. Em relação aos Protocolos Operacionais Padrão (POPs), ainda não há uma consolidação desses documentos no serviço. Entre os fluxos observados e acessados, destacam-se: o fluxo de acesso ao serviço especializado via Atenção