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Eu me lembro da primeira vez em que a palavra “Páscoa” deixou de ser só uma data religiosa e virou um calendário inteiro no meu planejamento de marketing. Era fevereiro, e os corredores da agência já cheiravam a chocolate — metaforicamente —: briefs chegavam com urgência, lojistas pediam previsão de estoque, e a direção queria “algo viral”. Decidi, naquele instante, que a campanha precisaria contar uma história verdadeira, apoiada por técnica rígida. O desafio era transformar um feriado com forte carga simbólica em uma experiência de marca que respeitasse tradições, vendesse produtos e ainda devolvesse algo à comunidade. Comecei como um narrador. Escrevi a jornada de uma família que preparava a primeira Páscoa após a volta de uma filha do exterior. Cada cena — a compra do ovo, a decoração da mesa, o almoço em comunhão — tornava-se um ponto de contato potencial. Em seguida, converti cenas em canais: descoberta via anúncios em vídeo no social, consideração com posts de receitas e lives com chefs, decisão através de e-mails segmentados e retargeting dinâmico, e fidelização com pós-venda que sugeria atividades para a criançada. A narrativa deu coesão; a técnica deu mensurabilidade. Na prática, o plano teve fases e KPIs. Usei a régua temporal de 6 semanas: awareness (4 semanas antes), consideração (3–2 semanas), conversão (última semana), e retenção (pós-feriado). No awareness priorizei tráfego qualificado e alcance, medido por CPM e CTR; em consideração foquei em engajamento e tempo de visualização; na conversão, monitorei CR (conversion rate), CPA e ROAS. Atribuição multi-touch foi essencial: isolamos o impacto das criatividades via testes A/B e modelagem de atribuição para evitar sobrevalorizar o último clique. Segmentação não foi aleatória. Construí personas: afinal de contas, a Páscoa pode ser para quem compra ovos premium, para famílias que procuram cestas econômicas ou para consumidores interessados em produtos sustentáveis. Para cada persona, criamos ofertas distintas, preços escalonados e jornadas específicas no CRM. VIPs receberam pré-venda e frete grátis; clientes suscetíveis a abandono de carrinho entraram em um fluxo de e-mails com códigos de desconto personalizáveis e itens recomendados por upsell. Criatividade com propósito: além de posts e anúncios, lançamos uma ação gamificada — uma caça aos ovos em realidades aumentada dentro de shoppings — que gerou dados geográficos e aumentou o tempo médio de visita nas lojas. Os filtros AR e um micro-site responsivo permitiram captação direta de leads (cookies e opt-ins), que alimentaram campanhas de retargeting com ofertas temporais. Também fiz parceria com microinfluenciadores locais para autenticidade; medimos o desempenho por UGC (conteúdo gerado por usuários) e custo por engajamento. Do ponto de vista operacional, a coordenação com supply chain foi vital. Não adianta criar demanda sem prever estoque e logística; estabelecemos buffers de 15% para SKUs sazonais, definimos regras de alocação por região e implementamos alertas de ruptura. Preço dinâmico para SKUs de alto desempenho ajudou a maximizar margem sem canibalizar itens complementares. A sensibilidade cultural guiou o tom. Evitamos estereótipos e adotamos mensagens inclusivas, oferecendo alternativas para quem não consome chocolate (opções veganas, experiências). Além disso, uma parcela da receita foi destinada a um projeto social de doação de cestas, comunicada com transparência para reforçar propósito sem soar oportunista. Métricas finais e aprendizados: a campanha atingiu ROAS esperado, mas o dado mais valioso foi o LTV (lifetime value) por segmento. Clientes que compraram por recomendação de influenciadores tiveram CAC mais baixo e LTV superior, indicando que investimento em comunidades locais vale mais em longo prazo do que grandes anúncios de alcance. A experimentação constante — testes de preço, ofício criativo e canais — permitiu otimizar CPA em tempo real. Se eu tivesse que reduzir a essência em um conselho técnico-narrativo: conte uma história que reverbere com o público e estruture-a como um funil mensurável. Planeje a cadência de contato, segmente com base em comportamento, teste criativos e controle estoque. Mantenha ética e sensibilidade cultural, porque a Páscoa é, antes de tudo, um momento de significado. Quando narrativa e técnica caminham juntas, a campanha não só vende mais, mas constrói memória — e é essa memória que fideliza. PERGUNTAS E RESPOSTAS: 1) Qual o melhor timing para começar campanha de Páscoa? Resposta: Inicie 6 semanas antes; 4 para awareness e 2 para conversão, ajustando intensidades conforme dados de engajamento. 2) Que métricas priorizar? Resposta: CTR e CPM no topo; CR, CPA e ROAS na conversão; LTV e churn na retenção. 3) Como segmentar ofertas para Páscoa? Resposta: Crie personas (premium, família, sustentável), personalize preços, canais e comunicações por comportamento e histórico. 4) Vale investir em influenciadores? Resposta: Sim, especialmente microinfluenciadores locais — costumam reduzir CAC e aumentar LTV por autenticidade. 5) Que cuidados éticos tomar? Resposta: Mensagens inclusivas, transparência em promoções e respeito a significados religiosos; doe parte de forma clara e mensurável. Resposta: CTR e CPM no topo; CR, CPA e ROAS na conversão; LTV e churn na retenção. 3) Como segmentar ofertas para Páscoa? Resposta: Crie personas (premium, família, sustentável), personalize preços, canais e comunicações por comportamento e histórico. 4) Vale investir em influenciadores? Resposta: Sim, especialmente microinfluenciadores locais — costumam reduzir CAC e aumentar LTV por autenticidade. 5) Que cuidados éticos tomar? Resposta: Mensagens inclusivas, transparência em promoções e respeito a significados religiosos; doe parte de forma clara e mensurável.