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Dulcine Khan

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Ao caminhar pelos corredores do hospital, a farmacêutica-chefe — chamemos de Maria — viu refletido no piso brilhante um problema pouco visível nas estatísticas: resíduos farmacêuticos, embalagens contaminadas e descarte inadequado que, somados, comprometem ecossistemas e saúde pública. Essa imagem inaugura uma narrativa que pretende argumentar um ponto central: a farmácia hospitalar não é apenas um setor logístico de medicamentos; é um ator decisivo na mitigação dos impactos ambientais do cuidado em saúde. Sustento essa tese por meio de argumentos técnicos e exemplos práticos, mostrando como decisões cotidianas na farmácia reverberam para além dos muros da instituição.
Primeiro argumento — responsabilidade técnica e ambiental: a farmácia detém o controle sobre aquisição, armazenamento, fracionamento e destino final de fármacos. Essas etapas influenciam diretamente a geração de resíduos perigosos (antineoplásicos, antimicrobianos, hormônios) e a probabilidade de liberação de princípios ativos no efluente hospitalar. A correta classificação e segregação de resíduos conforme categorias (infectantes, químicos, perfurocortantes, recicláveis) reduz contaminação cruzada e facilita tratamentos específicos. Do ponto de vista técnico, protocolos de preparo em salas com fluxo laminar, uso de dispositivos de transferência fechada para citostáticos e rotinas de descontaminação evitam perdas e exposição ocupacional, além de reduzir desperdício.
Segundo argumento — eficiência econômica e sustentabilidade: intervenções verdes frequentemente convergem com economia. A adoção de listas de seleção terapêutica (formularium), compras consolidadas com critérios de sustentabilidade e revisão de embalagens podem diminuir vencimentos e descartes por obsolescência. Medir indicadores — taxa de vencimento, peso de resíduos perigosos por 1000 pacientes-dia, consumo de solventes — permite demonstrar redução de custos associada à melhoria ambiental. Maria, na narrativa, institui reuniões mensais com equipe multiprofissional para revisar esses indicadores; em seis meses, observa-se queda nas perdas e realocação de recursos para treinamentos.
Terceiro argumento — tratamento de efluentes e inovação técnica: esta é a fronteira mais complexa. As estações de tratamento convencionais não eliminam completamente fármacos e metabólitos. Soluções técnicas avançadas — oxidação avançada, carvão ativado, processos membranares e biotecnologia (bioreatores com microrganismos degradadores) — têm eficácia variável e custo elevado. Por isso, a prevenção na fonte é estratégia prioritária. A farmácia pode minimizar volumes e concentração de compostos perigosos encaminhados ao esgoto mediante segregação e descarte por via adequada (incineração controlada ou coleta especializada), e por programas de retorno de medicamentos e parcerias com centrais de tratamento.
Quarto argumento — cultura institucional e treinamento: práticas sustentáveis dependem de mudança cultural. Maria conduz sessões de educação continuada, simulando cenários de descarte incorreto e suas consequências ambientais. Protocolos escritos, rotinas de checagem e sistemas de rastreabilidade (registro do lote, data de abertura, validade) reduzem perdas e aumentam responsabilidade. A interseção entre aspectos técnicos (normas de biossegurança, EPI, armários ventilados) e comportamentais (conscientização, liderança) é onde a intervenção é mais efetiva.
Quinto argumento — regulação e governança: políticas internas alinhadas com legislações e com metas locais de sustentabilidade são cruciais. A farmácia pode contribuir para planos de gerenciamento de resíduos do hospital e para auditorias ambientais, fornecendo dados técnicos sobre volumes e tipos de fármacos descartados. Participar de comitês hospitalares e articular-se com órgãos ambientais favorece compliance e incentiva investimentos em infraestrutura.
Na prática narrativa, Maria enfrenta resistências iniciais: fornecedores relutantes em discutir embalagens, equipes médicas acostumadas a protocolos antigos, e um sistema de coleta municipal com capacidade limitada. Ela responde com evidências: estudo de caso interno mostrando redução de 18% no descarte de fármacos vencidos após readequação de estoque; parceria com um prestador certificado para incineração de resíduos citotóxicos; e implantação de um programa de devolução de medicamentos controlados. Essas ações, acompanhadas de monitoramento ambiental básico (análise pontual de efluente nas saídas hospitalares), transformam percepções e consolidam um modelo replicável.
Concluo argumentando que a integração entre conhecimento técnico e práticas narrativas — contar e demonstrar resultados — é estratégica para convergir farmácia e meio ambiente em ambientes hospitalares. A farmácia tem competência técnica para reduzir geração de resíduos, otimizar uso de recursos e influenciar tratamentos de efluentes, mas precisa de apoio institucional, políticas claras e investimentos em tecnologia quando necessário. A narrativa de Maria ilustra que mudanças graduais, baseadas em evidência e operacionalidade, podem reverter a imagem refletida no piso: não mais resíduos que ameaçam, mas práticas que protegem pacientes, profissionais e o ambiente.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
1) Qual é o papel principal da farmácia hospitalar na proteção ambiental?
Resposta: Reduzir geração e liberação de fármacos por meio de compras responsáveis, segregação adequada e protocolos de preparo e descarte.
2) Quais resíduos farmacêuticos exigem cuidado especial?
Resposta: Citotóxicos, antimicrobianos, hormônios e solventes orgânicos, além de embalagens contaminadas e perfurocortantes.
3) Que tecnologias ajudam a remover fármacos dos efluentes?
Resposta: Oxidação avançada, carvão ativado, membranas e biorreatores, embora custosas; prevenção na fonte é prioritária.
4) Como medir o impacto ambiental das ações da farmácia?
Resposta: Indicadores como peso de resíduos perigosos/1000 pacientes-dia, taxa de vencimento, volume de solventes consumidos e resultados de análises de efluente.
5) Quais medidas simples qualquer farmácia hospitalar pode implementar já?
Resposta: Segregação correta, listas terapêuticas, controle de estoque rigoroso, treinamento da equipe e programa de devolução de medicamentos.

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