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VOZ
PROF.A ANNE PAULA P. M. AMARAL
PROF.A MA. MARIANA HAMMERER
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica
Maria Albertina Ferreira do 
Nascimento
Diretoria EAD:
Prof.a Dra. Gisele Caroline
Novakowski
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Fernando Sachetti Bomfim
Marta Yumi Ando
Produção Audiovisual:
Adriano Vieira Marques
Márcio Alexandre Júnior Lara
Osmar da Conceição Calisto
Gestão de Produção: 
Aliana de Araújo Camolez
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de 
Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios 
não vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande 
responsabilidade sobre as escolhas que 
fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida 
acadêmica e profissional, refletindo diretamente 
em nossa vida pessoal e em nossas relações 
com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade 
é exigente e busca por tecnologia, informação 
e conhecimento advindos de profissionais que 
possuam novas habilidades para liderança e 
sobrevivência no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a 
Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, 
capaz de formar cidadãos integrantes de uma 
sociedade justa, preparados para o mercado de 
trabalho, como planejadores e líderes atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................5
1. HISTOLOGIA, ANATOMOFISIOLOGIA, NEUROLOGIA DA PRODUÇÃO VOCAL ....................................................6
1.1. ANATOMIA DE LARINGE ........................................................................................................................................6
1.2 HISTOLOGIA ........................................................................................................................................................... 10
1.3 INERVAÇÃO LARÍNGEA ......................................................................................................................................... 12
1.4 FISIOLOGIA VOCAL ................................................................................................................................................ 13
2. TEORIAS DA FONAÇÃO ........................................................................................................................................... 15
3. RESPIRAÇÃO E RESSONÂNCIA DA VOZ FALADA................................................................................................. 16
3.1 RESPIRAÇÃO .......................................................................................................................................................... 16
3.2 RESSONÂNCIA DA VOZ FALADA E FORMANTES .............................................................................................. 17
4. FÍSICA ACÚSTICA DA FALA .................................................................................................................................... 18
ELEMENTOS DA PRODUÇÃO VOCAL 
E ACÚSTICA DA FALA
PROFA. ANNE PAULA P. M. AMARAL
PROFA. MA. MARIANA HAMMERER
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
VOZ
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5. DISFONIAS ORGÂNICAS, FUNCIONAIS, ORGANOFUNCIONAIS, ETIOLOGIA E CLASSIFICAÇÕES ..................19
5.1 DISFONIAS ORGÂNICAS.........................................................................................................................................19
5.2 DISFONIAS FUNCIONAIS ..................................................................................................................................... 22
 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................................... 24
 
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INTRODUÇÃO
Esta unidade tem como objetivo compreender características anátomo-morfológicas 
e anatomofuncionais laríngeas, possibilitando discriminar o processo de fonação normal do 
patológico e compreender os componentes físicos e acústicos que constituem a voz. Conhecer o 
funcionamento da fonação é imprescindível para o raciocínio clínico, permite que o profissional 
tenha uma visão das estruturas e as relacione com seu funcionamento e seu papel dentro da 
produção vocal. 
Veremos quais os mecanismos responsáveis pela modificação do som emitido pelas 
pregas vocais, conjunto de fatores físicos e orgânicos que influenciam na produção e que resulta 
na voz percebida pelo ouvido humano. Após esta discussão, o aluno será capaz de identificar os 
processos envolvidos na fonação, incluindo a respiração. Também veremos que a voz vai além dos 
seus componentes físicos e orgânicos; assim, conheceremos as características de comportamento 
e os aspectos psicossociais da voz.
No final desta unidade, o aluno deverá compreender todos esses processos para que 
consiga descrever quais as alterações que podemos encontrar na produção vocal. Deverá também 
conhecer os princípios das alterações e classificá-las de acordo com sua etiologia, que é de suma 
importância para o raciocínio clínico, para que possa elaborar, com maior precisão, o diagnóstico 
e conseguir identificar qual o caminho a ser seguido no tratamento e na orientação ao sujeito.
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1. HISTOLOGIA, ANATOMOFISIOLOGIA, NEUROLOGIA 
DA PRODUÇÃO VOCAL
1.1. Anatomia de Laringe
A laringe faz parte do trato respiratório inferior, localizado entre a 4ª e a 6ª vértebra, é um 
tubo musculoesquelético revestido por mucosa e que comporta as pregas vocais. Está delimitada 
superiormente pela laringofaringe e inferiormente pela traqueia. 
Sua função primordial é a proteção de vias aéreas inferiores. Devido a sua localização 
estratégica e com a movimentação da epiglote, ocorre a vedação dessa estrutura, impedindo a 
entrada de corpos indesejados e possibilitando a respiração e a produção vocal.
Para compreender melhor suas estruturas, dividiremos a laringe em cavidades glótica, 
supraglótica e infraglótica. De acordo com Andrade Filho e Pereira (2005), essas regiões são 
delimitadas pelas pregas vestibulares e pregas vocais, estrutura importante para compreender 
as dimensões laríngeas. Entre as duas estruturas, há a porção glótica e, abaixo da prega vocal, a 
cavidade infraglótica.
Sua estrutura é complexa e minuciosa, composta por músculos precisos e com funções 
específicas e cartilagens articulares e rígidas. Vamos descrever quais os principais componentes 
da laringe:
• Cartilagens;
• Músculos intrínsecos e extrínsecos;
• Pregas vestibulares;
• Pregas vocais;
• Osso hioide;
• Nervos.
CARTILAGENS 
A cartilagem tireóidea é constituída por duas lâminas, é a maior em tamanho e mais 
fácil de visualizar e palpar. Na junção dessas placas é que se forma uma proeminência laríngea, o 
“pomo de adão”, que é um dimorfismo sexual, sobressalente nos homens e menor em mulheres. 
A cartilagem cricóidea forma um anel único que conecta a laringe e a traqueia; esta 
apresenta uma espessura posterior maior do que a anterior. A cartilagem cricóidea se articula com 
a cartilagem tireóidea e, na margem superior da lâmina, ocorre a articulação com a cartilagem 
aritenóidea.
As pregas vocais estão conectadas diretamente às cartilagens aritenóideas, que são duplas 
e se articulam com a cartilagem cricóidea, juntas participam dos movimentos de abdução dassexo e faixa etária de seu indivíduo. 
Se a voz passa a ser identidade, uma alteração como a disfonia pode causar incômodo muito 
grande, pela dificuldade em se reconhecer, na voz, seja um distúrbio permanente ou temporário 
(LOPES FILHO et al., 2013).
A análise acústica da voz se diferencia da análise do comportamento vocal, apesar de 
ambas serem importantes. Na análise do comportamento vocal, devemos correlacionar dados do 
cotidiano do sujeito, iniciando a avaliação dos comportamentos físicos que envolvem respiração, 
tensões musculares, esforço e aspectos como a relevância da voz em seu trabalho, no seu laser, 
nível de exigência quanto ao uso da voz e ainda analisar a subjetividade do sujeito (LE HUCHE; 
ALLALI, 2005).
De acordo com esses autores, a avaliação do comportamento começa já na anamnese; 
neste momento, devemos conhecer a queixa apresentada pelo paciente e correlacionar com os 
achados patológicos, avaliar qual o nível de sensações subjetivas com relação à fonação, aos órgãos 
que participam da fonação. Após essa entrevista, é imprescindível avaliar o comportamento vocal 
na voz conversacional espontânea. Para essa avaliação, recomenda-se a utilização de filmagem 
para registro e comparação após a intervenção fonoaudiológica. Os aspectos a serem avaliados 
devem ser avaliados em todas as modalidades de fala, canto.
A intensidade é um dos parâmetros avaliados e ela pode ser forte, fraca, irregular ou 
abafada, podendo ser classificada até como voz de sussurro quando está em baixíssima intensidade. 
Quanto à altura da voz, pode ser avaliada com a ajuda de um diapasão, medidor de nível de som 
ou um sonograma, recursos que garantem a classificação. A avaliação subjetiva, conforme este 
critério, pode estar equivocada; portanto, é de extrema importância a avaliação objetiva.
O timbre vocal necessita de uma avaliação subjetiva; neste caso, o ouvido humano é mais 
suscetível a perceber as alterações de timbre, que podem determinar um timbre rouco, timbre 
nasal, timbre crepitante, timbre gutural, timbre estridente, timbre abafado, timbre surdo e timbre 
soproso. A denominação de cada uma das características do timbre é exatamente a correção 
subjetiva que fazemos ao perceber a voz (LE HUCHE; ALLALI, 2005).
A variabilidade do distúrbio vocal pode acontecer até mesmo durante a avaliação; nota-
se que o distúrbio vocal se agrava ou desaparece até mesmo dentro de uma única frase. Isso 
ocorre devido à mudança do estado emocional, quantidade de percepção sobre a própria voz. 
Já o comportamento de esforço também pode alterar a percepção do distúrbio. Devemos avaliar 
quando ocorre a tensão, que pode ser manifestada por respiração torácica mais do que abdominal, 
flexão do tronco e protraimento do mento. É possível visualizar tensão com ombros contraídos, 
ombros em desalinho etc.
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Os autores fazem apontamentos importantes sobre a articulação e o fluxo de fala, que são 
características do comportamento que devem ser avaliadas de início pela inteligibilidade de fala, o 
modo como os fonemas são claramente articulados. Podemos encontrar articulação reduzida, em 
que o grau de abertura de boca é reduzido, ou alterações fonéticas, como ceceio lateral ou medial, 
articulação exagerada, em que a abertura de boca é desproporcional à mensagem transmitida, ou 
a fala em ritmo acelerado ou a própria gagueira.
Um teste interessante é a leitura com mascaramento, esse teste consiste em solicitar a 
leitura de um texto, ao mesmo tempo em que é realizado um mascaramento auditivo que impede 
de ouvir a própria voz. Nesse teste, podemos avaliar a melhora na qualidade vocal quando o 
paciente tem algum distúrbio psicogênico que gera uma modificação intencional na voz, sendo 
que, quando normal, a pessoa irá elevar a entonação vocal pela falta de feedback. Outro teste 
interessante é o tempo máximo fonatório: pede-se ao paciente que permaneça executando um 
tom confortável o máximo de tempo possível com apenas um fôlego só (LE HUCHE; ALLALI, 
2005).
2.2 Análise Perceptivo-auditiva
Medida subjetiva que depende da percepção que o avaliador tem dos aspectos vocais; 
para isso, é preciso que o fonoaudiólogo conheça as distorções criadas pelas pregas vocais. Essa 
avaliação fornece ao fonoaudiólogo a percepção da alteração que acomete o paciente, analisando 
a subjetividade do sujeito com os aspectos fisiológicos por ele conhecidos, correlacionando com a 
avaliação laringológica por vídeo e os aspectos funcionais da voz. Veja a seguir alguns parâmetros 
de avaliação dos aspectos perceptivo-auditivos.
Lopes Filho et al. (2013) descrevem o ataque vocal, que corresponde ao início da fonação. 
O primeiro empuxo de ar direcionado à voz, que pode ser suave, isocrônico ou equilibrado, 
quando o início da vibração da prega vocal ocorre junto com a saída de ar dos pulmões, ou seja, 
permite uma percepção suave da fonação. Quando a saída de ar dos pulmões através da expiração 
não ocorre de modo sincronizado ao fechamento glótico das pregas vocais, percebemos um ruído 
de explosão causado pelo impacto das pregas vocais antes do início da fonação. Neste caso, nota-
se esforço no fechamento glótico e/ou em todo o trato vocal. Quando o ataque vocal aparenta 
estar soproso ou aspirado, demonstra irregularidade no fechamento glótico. A saída de ar, neste 
caso, está insuficiente ou atrasada.
Outro parâmetro que deve ser avaliado é pitch e loudness. O pitch vocal é a característica mais 
facilmente percebida, pois deve corresponder ao sexo, idade, característica física, personalidade 
etc. Ou seja, para que o pitch seja adequado, ele deve corresponder à personalidade, sexo e tipo 
físico do sujeito e, em casos patológicos como no Edema de Reinke, o pitch torna-se grave, mesmo 
quando as características não correspondem (LOPES FILHO et al., 2013).
O loudness é analisado através da percepção do volume da voz, quando adequado, 
reduzido, aumentado ou como média, fraca ou forte intensidade, e o parâmetro de comparação 
é o ambiente físico em que o sujeito está; assim, quando em ambiente pequeno fala com forte 
intensidade, está desproporcional.
A avaliação perceptivo-auditiva deve ser capaz de estabelecer a estabilidade e a modulação 
de frequência. Quando uma voz flutua em relação à intensidade e frequência, sugere uma alteração 
na força aerodinâmica da corrente de ar. A modulação de frequência avalia a capacidade de 
emissão de sons agudos e graves. Esse parâmetro permite ao avaliador saber quanto as estrutura 
físicas são capazes de produzir os sons, pede-se ao avaliado que realize a emissão de /a/ grave ao 
agudo, para avaliar a quebra de passagem de um registro para outro, capacidade de sustentar a 
emissão e a própria habilidade de produzir o som grave ou agudo (LOPES FILHO et al., 2013).
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Um dos critérios que mais exige experiência do profissional é a ressonância. Na voz falada, 
a utilização da ressonância deve ser equilibrada e não exige muitas variações, diferentemente 
da avaliação da voz cantada, em que o sujeito deve ter a habilidade de usar variados tipos de 
ressonância. As condições de ressonância podem ser classificadas em oral, hipernasal, hiponasal, 
faríngea, laringofaríngea ou laríngea.
Os autores consideram que a respiração e a coordenação pneumofonoarticulatórias 
também podem ser avaliadas dentro do aspecto perceptivo-auditivo. A respiração pode ser 
classificada como superior, torácica, mista, abdominal ou inferior, costodiafragmático abdominal 
e completa. A respiração superior é considerada o tipo de respiração que causa tensão, a respiração 
mista é adequada para fala habitual e a respiração completa é ideal para voz profissional. No 
que tange à coordenação pneumofonoarticulatória, podem ocorrer alterações dos mais variados 
graus de comprometimento. Nota-se, na avaliação, o uso do ar reserva tentando prolongar a frase 
ou palavra e frases muito curtasentre as respirações, causando desequilíbrio muscular e tensão 
na prega vocal.
Um importante instrumento de avaliação é a escala GRBAS, criada, em 1981, pela 
sociedade japonesa de logopedia e foniatria, na figura de Hirano, que avalia cinco parâmetros na 
identificação perceptiva dos distúrbios vocais relacionados à irregularidade da vibração de pregas 
vocais. Pinho (2002) realizou a tradução dessa escala para o português, nela a sigla passa a ser 
RASATI. Nessa escala, podemos avaliar em graus de 0 a 3, onde 0 corresponde a “não apresenta” e 
3, “grau severo”. Avaliam grau de rouquidão, aspereza, soprosidade, astenia, tensão e instabilidade.
Este protocolo encontra-se disponível para download em: https://www.pucsp.br/laborvox/
dicas_pesquisa/instrumentos_avaliacao.html.
Outro protocolo amplamente utilizado para avaliação perceptivo-auditiva da voz é o 
CAPE – V. Originalmente disponibilizado pela ASHA, ressalta a gravidade do distúrbio vocal 
através de uma escala visual por meio das análises de vogais sustentadas e fala encadeada. Ambas 
as análises podem ser feitas e servirem como comparação entre si, com o objetivo de fornecer mais 
informações sobre o grau de comprometimento vocal. Esse protocolo também está disponível 
em: https://www.pucsp.br/laborvox/dicas_pesquisa/downloads/CAPEV.pdf.
2.3 Análise Acústica e Visual da Fala
Quando falamos de análise acústica e visual de fala, estamos nos referindo a softwares 
de avaliação, que permitem transformar as informações acústicas analisadas em imagem para 
dar clareza ao avaliador, que deve sempre relacionar com os dados levantados na avaliação 
otorrinolaringológica, perceptivo-auditiva e de comportamento vocal. Todas essas informações 
garantem ao fonoaudiólogo maior conhecimento da qualidade vocal do paciente, mas de maneira 
nenhuma substitui a importância das demais modalidades de avaliação.
Nas palavras de Lopes Filho et al. (2013), os programas de análise acústica da voz “[...] 
são úteis para processar o sinal de fala, criar um banco de dados e codificar a voz em dispositivos 
numéricos e gráficos”. Podemos avaliar a qualidade vocal, aspectos articulatórios e prosódicos. 
Esse exame ajuda a compreender como esses dados se correlacionam e, em nível diagnóstico, não 
tem maior importância do que a análise perceptivo-auditiva.
Podem ser analisados dados por meio de espectrogramas que proporcionam a avaliação 
de diversos parâmetros vocais, através de diversas ondas sonoras que compõem o espectrograma, 
que podem ser de banda larga ou de banda estreita. Dentro do espectrograma, podemos obter 
informações referentes a medidas de frequência, medidas de ruídos e medidas de ressonância. 
O espectrograma é criado a partir da análise acústica do sinal de saída sonoro, não sendo capaz 
de avaliar o sinal glótico diretamente produzido pelas pregas vocais (MARCHESAN; JUSTINO; 
TOMÉ, 2014).
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Figura 1 - Tela do software Praat. Fonte: Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (2020).
Ao analisar um espectrograma, a primeira impressão é a de que este analisa todos os sons 
produzidos na fala, então veremos um gráfico oscilatório em formato de onda, que apresenta 
variação entre vogais e consoantes. As vogais são distintas pela análise dos três primeiros 
formantes.
Podemos analisar as frequências produzidas, determinando o valor da frequência 
fundamental, que poderá ser média, habitual, sua extensão e variabilidade. Pode ser avaliado 
valor de Jitter e Shimmer, através dos valores de perturbação por ciclos de onda e os formantes, 
que correspondem ao local de ressonância do trato vocal.
A maioria dos softwares aponta os valores dos picos espectrais, que correspondem aos 
formantes F1, F2, F3, F4; as bandas; sintonia fonte-filtro, que corresponde à diferença entre o 
primeiro formante e a frequência fundamental; intensidade do sinal sonoro.
O software Praat de análise acústica está disponível para download 
gratuito em http://www.fon.hum.uva.nl/praat/, e um tutorial 
disponível para baixar e utilizar o aplicativo está disponível em 
http://www.usp.br/gmhp/soft/praat.pdf.
No artigo Análise espectrográfica da voz: efeito do treinamento 
visual na confiabilidade da avaliação, que está disponível em 
http://www.scielo.br/pdf/rsbf/v15n3/05.pdf, você complementará 
o entendimento sobre avaliação visual da voz. 
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3. AVALIAÇÃO FUNCIONAL E AUTOAVALIAÇÃO VOCAL: 
PROCEDIMENTOS E AVALIAÇÃO
Estudamos até aqui procedimentos e instrumentos de avaliação direcionados pelo 
avaliador, em busca do mais preciso diagnóstico vocal. Neste tópico, veremos o quanto a 
autoavaliação é parte importante para levar o sujeito a autoconhecimento, tornando o diagnóstico 
e a reabilitação vocal mais eficientes.
Uma das ferramentas mais utilizadas para a autoavaliação são questionários. Esses 
questionários são constituídos a partir de estudos que objetivam conhecermos impactos e 
percepção do próprio sujeito sobre sua voz. Os questionários podem ser específicos para uma 
determinada população, um distúrbio, uma característica ou uma profissão, a aplicação do teste 
pode ter finalidades diferentes. Por exemplo, pode ser aplicado no início do acompanhamento 
durante a avaliação para que possamos ter a dimensão da percepção do sujeito sobre seu 
problema. Outra aplicação importante é a medida comparativa após tratamento vocal. Veremos 
agora protocolos internacionais elaborados e adaptados ao português.
O Voice Handicap Index (VHI) tem como objetivo verificar o impacto psicossocial da 
disfonia, que, através de 30 questões, avalia domínio funcional, domínio emocional, domínio 
orgânico (LOPES FILHO et al., 2013). No português, o teste é encontrado como Índice de 
Desvantagem Vocal (IDV). Esse teste também foi adaptado para que pudesse auxiliar no 
acompanhamento de diversas modalidades de canto, uma vez que, na população de cantores, é 
onde encontramos os maiores impactos na qualidade de vida.
A versão do IDV mais utilizada no Brasil é a versão reduzida, nomeada IVD-10, que avalia 
mais rapidamente e com a mesma eficiência, com número reduzido de perguntas, a somatória 
das 10 questões que apresentam escore máximo de 40 pontos. O objetivo terapêutico dessa 
avaliação é avaliar a eficiência terapêutica; também pode ser aplicado antes do tratamento e após 
o tratamento. No Brasil, de maneira geral, a população não apontou tanto impacto financeiro e 
exclusão social em decorrência das disfonias (MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
O protocolo está disponível em https://www.pucsp.br/laborvox/download/anexo6_IDV.
pdf. Observe a forma de análise e interpretação dos valores obtidos, e como cada protocolo 
objetiva uma análise diferente, cabe ao avaliador identificar as necessidades do paciente para 
direcionar sua avaliação.
Outro questionário mundialmente reconhecido é o Voice Related Quality of Life (V-RQOL) 
que, no Brasil, é conhecido como Qualidade de vida em voz (QVV). Esse protocolo também é 
simplificado com apenas 10 questões e, assim como os demais questionários, é autoaplicável, ou 
seja, o próprio paciente pode responder sozinho. O paciente tem 5 opções de respostas, entre 
as quais: “não é um problema” e “é um problema muito grande”. Avaliando domínios físicos e 
socioemocionais, o cálculo da pontuação vai de 0 a 100, onde zero corresponde à qualidade de 
vida ruim e 100, excelente.
Esse protocolo apresenta também sua versão pediátrica: o Qualidade de Vida em Voz 
QVV-P. É comum que o questionário pediátrico seja respondido pelos pais quando a criança não 
é capaz, os dados coletados permitem conhecer o impacto na qualidade de vida da criança no 
ambiente escolar, na relação com outras crianças e no ambiente familiar, principalmente no caso 
de doenças crônicas e na análise da saúde geral (MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
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O VoiSS é a sigla para VoiceSymptom Scale, avaliação internacional desenvolvida através 
de um grande estudo. Em português, esse estudo é conhecido como Escala de Sintomas Vocais 
(ESV), questionário com 30 perguntas, que avalia os domínios limitação, emocional e físico. O 
avaliado tem cinco opções de resposta entre “nunca” e “sempre”. A somatória total pode atingir 
120 pontos; quanto maior a pontuação, maior é a percepção do problema pelo indivíduo.
Existem outros protocolos de avaliação, além dos apresentados aqui, cada um apresenta 
uma finalidade específica. Cabe ao avaliador conhecer qual o objetivo de sua avaliação e ter 
afinidade com os dados encontrados, além de relacionar com os achados encontrados em toda 
sua avaliação. Por isso, também deve fazer parte da avaliação o exame funcional da voz. Veremos 
a seguir outros procedimentos de avaliação.
Le Huche e Allali (2005) apontam que, entre as avaliações funcionais de tempo máximo 
fonatório, temos a relação S/Z, teste que avalia a diferença entre a produção de um fonema surdo 
“S” e um fonema sonoro “Z”. Captamos, em uma única expiração e única fonação, o fonema S 
e o fonema Z, três vezes cada para que seja feita uma média. Essa avaliação permite detectar a 
hipercontração e coaptação de prega vocal.
Parte fundamental da avaliação fonoaudiológica é a análise do exame de videolaringoscopia, 
também conhecida como fonoscopia. O exame consiste na visualização das estruturas de prega 
vocal através da visualização com ajuda da luz estroboscópica, exame já comentado na Unidade I.
Esse exame tem como objetivo mostrar qual é a real localização da lesão e correlacionar 
com os achados das demais avaliações. É possível visualizar também a frequência fundamental, 
simetria no movimento ondulatório de prega vocal, fechamento glótico, amplitude horizontal 
da prega vocal, movimento da mucosa. Quanto maior informação coletada nesse exame, mais 
preciso será o diagnóstico otorrinolaringológico e maior é a quantidade de informações que o 
fonoaudiólogo terá para traçar um plano terapêutico; por isso, a melhor informação é registrada 
pelos registros digitais de alta velocidade (HSD) (LALWANI, 2013).
É possível identificar sintomas vocais através do protocolo Escala de Sintomas Vocais (ESV), 
disponível em https://www.pucsp.br/laborvox/download/anexo3_ESV.pdf. Com a resposta do 
paciente, podemos identificar as dificuldades que ele enfrenta no dia a dia desde dificuldades que 
a disfonia implica quanto os sintomas orgânicos que colaboram para o surgimento da alteração.
Os protocolos de avaliação facilitam a interpretação dos dados, a validação dos dados é 
garantida através de estudos comparativos e que garantam a eficiência dos resultados. Protocolos 
surgiram para a avaliação de grupos específicos como cantores, atores, professores etc. O protocolo 
Condição de produção vocal - Professor (CPV) é uma ferramenta específica que descreve as 
especificidades gerais da função do professor, como a situação funcional da voz, condições do 
ambiente de trabalho e relação da organização do trabalho com a atividade vocal. 
Os questionários de avaliação são amplamente utilizados no contexto clínico, 
porém são ferramentas muito importantes no contexto acadêmico, pois são 
instrumentos de fácil aplicação e com muitos objetivos na prática acadêmica, 
pela facilidade de análise dos dados analisados. Faça uma busca rápida nas 
plataformas de artigos científicos com as palavras-chave “autoavaliação vocal” e 
veja a quantidade de artigos que utilizam questionários de autoavaliação.
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Esse protocolo encontra-se disponível em https://www.pucsp.br/laborvox/dicas_pesquisa/
downloads/cpv_%20novo%2003_06_2013.pdf.
Através do questionário citado, foi criado o protocolo de avaliação para atores: o 
Instrumento Condição de Produção Vocal do Ator (CPV-A), coerente e amplo para a identificação 
do perfil do ator e das características de produção vocal alteradas e quais precisam ser otimizadas 
(https://www.pucsp.br/laborvox/download/cpv-atorr.pdf). A resposta é a média entre as opções 
nunca/raramente/às vezes. Em um grande número de questões, o fonoaudiólogo pode identificar 
com precisão os aspectos a serem trabalhados.
Quanto à avaliação do cantor, sempre dedicaremos nossa atenção a coletar o maior número 
de informações possível. A soma de todos os fatores avaliados e ainda o conhecimento artístico 
fazem a diferença na vida do profissional; portanto, protocolos ainda mais específicos foram 
criados, como o instrumento Índice de desvantagem para o canto moderno (IDCM) e Índice de 
desvantagem para o canto clássico (IDCC), respectivamente disponíveis em: https://www.pucsp.
br/laborvox/download/anexo2_IDCM.pdf e https://www.pucsp.br/laborvox/download/anexo1-
IDCC.pdf.
4. COMPORTAMENTOS RELACIONADOS AO ABUSO E 
MAU USO VOCAL
Nos demais tópicos, vimos os fatores desencadeadores de uma disfonia. Deve ter lhe 
chamado a atenção como o comportamento participa da construção vocal, modificação e até 
mesmo das alterações. Isso demonstra como o mau comportamento pode ser nocivo à voz.
O impacto causado pelo abuso e mau uso vocal é perceptível não só pelo próprio sujeito, 
mas as pessoas podem perceber os efeitos nocivos. Um exemplo é quando conversamos com 
alguém que tem uma voz extremamente rouca e áspera; logo, associamos a má qualidade vocal 
ao uso do cigarro, ou quando encontramos um amigo no dia seguinte após um show, notamos 
sua rouquidão.
No entanto, a população que mais sofre com esse tipo de comportamento são os indivíduos 
que utilizam a voz de forma profissional. Pessoas que passam a usar a voz por um longo período 
do dia se expondo a comportamentos ruins irão sentir mais depressa e com mais constância 
alterações. Esses comportamentos ocorrem quando o indivíduo não apresenta conhecimentos 
sobre quais os hábitos saudáveis, não compreendem mecanismo vocal ou apresentam alguma 
alteração que os impeça de identificar dificuldades.
O mais comum dos comportamentos nocivos é gritar; neste comportamento, o indivíduo 
muda toda a configuração corporal, estica o pescoço, leva os ombros para frente, tenciona a 
musculatura laríngea, acionando o mecanismo de voz de alerta constantemente. Em crianças, 
ocorre mais esse comportamento, mas no adulto também encontramos (LE HUCHE; ALLALI, 
2005).
Os autores descrevem que a demanda profissional também pode ser um hábito ruim, 
a sobrecarga profissional acaba exigindo além do que a pessoa está apta a oferecer naquele 
momento. É comum que o trabalhador passe por um quadro alérgico, gripal ou alguma afecção 
e isso dificulte a emissão vocal e é nesse momento que a pessoa não diminui a intensidade de 
utilização da voz, o sujeito é incapaz de reduzir a intensidade até a remissão do quadro.
Podemos dizer que o hábito mais nocivo para a saúde da laringe é o tabagismo, alcoolismo 
e uso de drogas. Esses fatores estão sempre relacionados a estudos que tentam buscar as causas 
do câncer laríngeo. Os efeitos podem ser percebidos na avaliação acústica da fala, e os efeitos a 
longo prazo são lesões orgânicas malignas. Esse hábito, quando associado ao uso profissional da 
voz, torna-se mais nocivo ainda.
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O uso profissional da voz exige um conhecimento amplo sobre os cuidados e técnica 
vocal. Quando isso não acontece, o despreparo leva a abusos, por exemplo, quando as condições 
não são favoráveis, o conhecimento faz com que se utilize a voz, mesmo em condições adversas.
A exposição ao ruído, poeira, agentes químicos e ar condicionado são fatores quase 
sempre relacionados à ocupação, todos estes fatores são nocivos à voz: o ruído faz com que a 
pessoa tenha que intensificar e aumentar o tom de voz, e os outros elementos são agressivos à 
mucosa (LE HUCHE; ALLALI, 2005).
Outros fatores são hábitos alimentares, abuso de café, alimentos gordurosos, utilização 
de medicamentos sem indicação médica. Outro ponto importanteé a respiração oral, que, assim 
como os hábitos citados anteriormente, age na mucosa, acaba ressecando a mucosa e dificultando 
a modificação da pressão subglótica (MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
Além dos comportamentos vocais apresentados, a avaliação fonoaudiológica da voz deve 
compreender todos os fatores que estão implicados nesse comportamento, com a investigação 
complementar dos distúrbios alérgicos, como a rinite, caracterizada por coriza, obstrução nasal, 
espirros. Até o momento da avaliação, o paciente pode não relacionar esse fato ao distúrbio vocal. 
Distúrbios laríngeos e bucais como a faringite, laringite e que o paciente pode apenas relatar 
como dor de garganta, aftas e estomatites frequentes podem dificultar a ressonância, articulação, 
além de que os processos inflamatórios geram irritação em toda a mucosa (BEHLAU, 2008).
Distúrbios de vias respiratórias, como a sinusite, desvio de septo, ou qualquer obstrução 
nasal, bronquite e asma, dificultam a eficácia da respiração, diminuem o equilíbrio das forças 
aerodinâmicas, que também resulta na modificação da vibração de prega vocal. Os distúrbios do 
trato digestivo são patologias que dificultam a evolução na reabilitação: acidez, refluxo, gastrite, 
prisão de ventre, refluxo gastroesofágico causam irritação na mucosa da laringe, podendo chegar 
até a uma lesão de massa, como o carcinoma laríngeo. Essa patologia tem tomado maior atenção 
nas pesquisas, visto que sua incidência está relacionada ao estresse (BEHLAU, 2008).
5. PSICODINÂMICA VOCAL: AVALIAÇÃO E APLICAÇÃO 
TERAPÊUTICA
Parte fundamental no raciocínio clínico é compreender qual a real necessidade do seu 
paciente, não se pode realizar uma intervenção em voz sem antes conhecer quais os aspectos 
psicodinâmicos da voz. São estas as características perceptíveis ao ouvido humano que nos 
diferencia, partindo da voz por ele construída. Neste tópico, você fará a relação dos aspectos 
auditivos percebidos com as particularidades da personalidade de cada indivíduo, estado 
emocional e qual o conteúdo emocional da mensagem transmitida.
 Veja este artigo científico, que descreve as alterações fisiológicas 
e vocais causadas pelo uso do cigarro. Disponível em: 
h t t p : / / w w w . s c i e l o . b r / s c i e l o . p h p ? s c r i p t = s c i _
arttext&pid=S1808-86942014000100060.
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O que justifica a capacidade que temos de ouvir alguém da nossa convivência falando 
e já sabermos se essa pessoa está brava, alegre, ou ainda se ela tem uma mensagem triste a ser 
passada, isso tudo é possível graças à percepção que temos da voz e não somente da fala. Através 
da psicodinâmica vocal, conseguimos idealizar quem é a pessoa que nos fala, é possível dizer se 
essa pessoa tem uma voz imponente, insegura ou até mesmo um tom de arrogância ou ironia.
A psicodinâmica vocal é muito utilizada em análise forense. Através dessa análise, o 
profissional consegue traçar um perfil para o investigado, analisar qual a situação emocional no 
momento analisado, não só nessa área, mas a avaliação da psicodinâmica vocal é, via de regra, 
para a avaliação fonoaudiológica. Encontramos, na clínica fonoaudiológica, pessoas com a queixa 
de que sua própria voz não as representa, ou a necessidade de aprimorar a voz para determinada 
utilização como no meio empresarial e jurídico.
Portanto, a avaliação da psicodinâmica vocal depende em partes da autoavaliação do 
indivíduo, mas diferentemente de outras análises, a avaliação de quem escuta é fundamental. A 
voz deve corresponder ao gênero sexual, idade, personalidade e características biofísicas. Quando 
não há uma correspondência entre esses fatores, o sujeito não se identifica com sua própria voz. 
Figura 2 - Paciente transgênero sendo atendida por alunos de fonoaudiologia. Fonte: Boeckel (2016).
Além disso, temos a capacidade de modificar a mensagem transmitida de acordo com 
nossas emoções, desejos e intenções, mesmo quando tentamos omitir uma informação. Essas 
modificações podem ser inconscientes ou conscientes. Quando atores e músicos desejam 
transmitir emoções em suas performances, conscientemente criam ajustes motores para que as 
características emocionais sejam reveladas (LOPES FILHO et al., 2013).
Os locutores radialistas são um exemplo que facilita a compreensão. Quando ligamos o 
rádio e escutamos o locutor, não o vimos e por isso nos concentramos na sua voz, percebemos 
que, ao noticiar o falecimento de alguém em uma notícia, sua voz se modifica para notarmos a 
seriedade e tristeza da informação, mas logo na sequência, ao anunciar uma música descontraída, 
percebemos que sua voz muda novamente para levar alegria e entusiasmo para quem escuta.
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Para avaliar então a psicodinâmica da voz, Behlau (2010), em uma adaptação, nos traz 
uma lista de características que descrevem as impressões mais encontradas.
Figura 3 - Termos descritivos da voz. Fonte: Behlau (2010).
Estes termos ajudam a visualização da imagem e impressão da voz, não devem ser obtidos 
como uma resposta simples e imparcial. Para chegar até esse denominador, o histórico de vida 
deve ser levado em consideração, contexto social, profissão, estado emocional, além de descartar 
a possibilidade de disfonias. Mais de uma alternativa pode ser selecionada dentre esses termos.
Articulação, prosódia, ritmo, velocidade de fala devem ser considerados nessa avaliação 
conjuntamente. Para coletar esses dados, o avaliador deve se tornar imparcial e não colocar o seu 
julgamento sobre suas próprias convicções, separar a mensagem verbal da própria percepção da 
voz, já que a mensagem transmitida envolve emoção e pode alterar a voz. É necessário também 
que as manifestações que ocorrem no ambiente, como a reação do interlocutor, presença de 
outras pessoas na sala, não interfiram na avaliação (BEHLAU, 2008).
Além das impressões causadas e percebidas pela voz, devemos distinguir informações 
sobre a impressão da ressonância; frequência vocal, que revela qual a intenção do discurso; 
extensão vocal, que está relacionada ao caráter do indivíduo; e maneira de transmitir as emoções. 
Já a intensidade vocal é fundamental para avaliar a capacidade de lidar com os próprios limites 
e do outro, e a impressão revelada pela articulação demonstra o quanto o sujeito quer ser 
compreendido (BEHLAU, 2008).
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6. REABILITAÇÃO VOCAL E TÉCNICAS VOCAIS
Nas palavras de Mara Behlau (2010),
O tratamento fonoaudiológico das disfonias, ou seja, terapia de voz, é um 
processo que envolve procedimentos de diversas naturezas a fim de desenvolver 
uma melhor comunicação oral, reduzindo esforço fonatório e adequando a 
qualidade vocal às necessidades pessoais, sociais, e profissionais do indivíduo 
(BEHLAU, 2010, p. 409).
As necessidades vocais dos pacientes são múltiplas e diversificadas. Podemos nos deparar 
com pessoas que buscam um aperfeiçoamento vocal ou pessoas que buscam tratamento para 
disfonias completamente incapacitantes. Nas duas situações, busca-se melhorar a comunicação 
através da voz.
A reabilitação só deve ser iniciada após a avaliação fonoaudiológica e otorrinolaringológica, 
não é recomendado que a terapia inicie antes de um exame otorrinolaringológico, e não 
menos importante é a realização da videolaringoestroboscopia para complementar a avaliação 
fonoaudiológica, bem como uma reavaliação médica após o tratamento fonoaudiológico 
(BEHLAU, 2010).
Após compreender o sujeito como um todo, ter dimensão da autopercepção de seu 
problema, as características acústicas, fisiológicas, emocionais e perceptivas, será possível montar 
o planejamento terapêutico, que deve ter como objetivo final promover mudanças para que o 
paciente estabeleça/restabeleça a voz com a qual se identifica. Promover a autopercepção e o 
monitoramento para que, mesmo depois do processo terapêutico, ele consiga monitorarsuas 
condições vocais.
A terapia em voz deve favorecer o monitoramento auditivo, ajudar o paciente a construir 
uma percepção auditiva da própria voz, e o mesmo se aplica para autopercepção corporal, 
conhecer quais são suas tensões corporais, a participação de cada região do corpo na produção 
vocal e quais os ajustes musculares mais indicados para sua prática vocal. A tensão corporal 
exige uma percepção maior durante o tratamento, quando a tensão corporal não permite que a 
comunicação corporal acompanhe a performance vocal, ou quando a tensão corporal pode ser a 
causa da disfonia (LOPES FILHO et al., 2013).
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Figura 4 - Hearfone de retorno psicoacústico. Fonte: Hearfones (2020).
Na Figura 4, vemos um cantor usando um recurso para favorecer o retorno da própria 
voz. Esse recurso colabora para o próprio monitoramento auditivo, quando existe a dificuldade 
de controlar e ter uma atenção psicoacústica sobre a própria produção vocal.
Em algum momento da vida, todas as pessoas já se sentiram tensas, por isso o relaxamento 
deve fazer parte do processo terapêutico, com estratégias que aliviam a tensão naquele momento 
e que seja possível pôr em prática após esse período.
Qual tipo de condição emocional adversa é a principal geradora de tensão? O 
estresse é uma reação do organismo que mantém todo o funcionamento corporal 
em estado de alerta, o corpo se prepara para uma resposta rápida diante do perigo. 
Na sociedade atual, o estresse passa a fazer parte do cotidiano das pessoas; 
prejudicialmente, a resposta muscular para o estresse é a tensão, os músculos se 
contraem para uma resposta rápida e, geralmente, a tensão ocorre na região da 
cabeça e pescoço, ou seja, na região que mais interfere na produção vocal. 
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Outra mudança importante que deve ser gerada durante a terapia é a respiração; 
geralmente, a diminuição de tensão e aprimoramento da respiração são o ponto de partida para 
o tratamento das disfonias, e a respiração ideal para cantores deve ser do tipo costodiafragmático 
ou, pelo menos, abdominal. Para gerar esta mudança, devemos compreender que a respiração 
é uma ação inconsciente, mas que pode ser controlada conscientemente. Para isso, devemos 
favorecer a musculatura responsável por essa função e também tornar o movimento espontâneo 
e automático. A realização da respiração, associada a movimentos corporais, é efetiva na 
mudança do padrão respiratório. A consequência desse trabalho é o aumento da coordenação 
pneumofonoarticulatória (LOPES FILHO et al., 2013).
Faz parte do tratamento fonoaudiológico, mas não o representa sozinho, o treino vocal. 
Exercícios vocais são ferramentas que auxiliam na adequação do funcionamento laríngeo com 
a finalidade de eliminar adaptações inadequadas e, como consequência, ocorre a eliminação de 
alterações orgânicas. Mas não representam exclusivamente o tratamento fonoaudiológico, que 
abrange globalmente a produção vocal e seus influenciadores.
Dividiremos os exercícios vocais em dois grupos. O primeiro são exercícios que 
aperfeiçoam a qualidade vocal geral, são exercícios que favorecem quase todos os pacientes ao 
favorecerem a produção vocal de maneira global, denominada técnica universal. A segunda 
classe de exercícios são os exercícios específicos, como o próprio nome pressupõe, são exercícios 
de dimensão da autopercepção de seu problema, das características acústicas, fisiológicas, 
emocionais e perceptivas. Assim, será possível montar o planejamento terapêutico, que deve ter 
como objetivo final promover mudanças para que o paciente estabeleça/restabeleça a voz com a 
qual se identifica. Favorecem um determinado grupo muscular, agindo especificamente em uma 
ação na produção vocal.
Outro elemento importante no treinamento vocal são as provas terapêuticas, nas quais 
podemos observar a resposta vocal do paciente através de exercícios, técnicas, abordagens, 
manobras. Dessa forma, criamos possibilidades de comparação e comprovação das respostas 
vocais. A resposta positiva da prova terapêutica é quando se observa a melhora na disfonia, ou seja, 
houve a eliminação do mecanismo compensatório, ou quando a resposta é neutra, que significa 
que não houve melhora na técnica empregada, comprovando que não é a melhor técnica a ser 
indicada ao paciente. As provas terapêuticas são fundamentais na decisão da conduta terapêutica 
e diagnóstico (BEHLAU, 2010).
6.1 Técnicas Vocais
Muito se discute sobre qual o melhor método de tratamento a ser adotado. No 
decorrer dos tempos, as mudanças tecnológicas, sociais e o incentivo à pesquisa ampliaram as 
possibilidades terapêuticas e o aperfeiçoamento das técnicas. Behlau (2010), com a finalidade 
da compreensão didática, elaborou uma classificação das categorias de abordagens, tendo sido 
descritas sete categorias de tratamento. Serão esses os objetos de estudo deste tópico para facilitar 
a compreensão da dinâmica dos exercícios práticos.
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As sete categorias são: método corporal, método dos órgãos fonoarticulatórios, método 
auditivo, método de fala, método de sons facilitadores, método de competência fonatória, método 
de ativação vocal. Veremos a seguir exemplos de exercícios correspondentes a esses métodos.
MÉTODO CORPORAL
Método que proporciona ao paciente harmonia entre voz e corpo. É dividido em ação 
direta ou indireta sobre o aparelho fonador: as ações indiretas estão relacionadas ao corpo todo; 
já a ação direta está relacionada aos músculos laríngeos propriamente ditos. Ações diretas na 
laringe são mais rapidamente percebidas. De forma geral, o tônus muscular deve estar equilibrado, 
reduzir ações exageradas musculares como movimentos anormais, contrações, tensões excessivas 
e desnecessárias.
Tais ações podem ser associadas à emissão de sons facilitadores, com o objetivo de 
aumentar a consciência corporal, o relaxamento dinâmico e proporcionar uma expressão corporal 
com voz equilibrada. Consistem em realizar a movimentação corporal ampla, associando a sons 
facilitadores como vogais bocejadas ou projetadas ou até textos. Outra aplicação é associada ao 
posicionamento da cabeça com sonorização. A modificação de cabeça proporciona a compensação 
em tamanho de estrutura, massa, forma, vibração, mais comum em casos cirúrgicos, neurológicos 
e de malformação congênita. Esse movimento ajuda a compensar e o objetivo da terapia é o de que 
o paciente passe a realizar com a mesma qualidade, sem a compensação horizontal ou vertical.
A compensação horizontal é realizada com a cabeça inclinada para o lado desfavorecido 
com emissão vocal, e a compensação vertical pode ser feita com a cabeça para trás com a emissão 
de /K/ e /G/, para baixo com sons nasais, ou cabeça e tronco para baixo, respectivamente. 
Favorecem a constrição anteroposterior, elevam a ressonância e suavizam a emissão e vibram a 
mucosa com a ajuda da força da gravidade. São técnicas aplicadas em casos de fendas fusiformes, 
laringectomias, disfonias vestibulares.
Outras duas técnicas são bastante utilizadas no método corporal: a massagem de cintura 
escapular e a manipulação digital. A massagem na cintura escapular é realizada quando ocorre 
excesso de contração nessa região. Realizamos toque, pressionamento, estiramento, massagens 
e pequenas batidas, associadas ou não ao estímulo quente e à sonorização. No momento da 
aplicação da técnica, é importante considerar a sensibilidade à dor e ao toque do paciente. A 
manipulação digital da laringe é realizada na musculatura perilaríngea com apoio dos dedos, 
realizando o abaixamento da laringe ou lateralização, e pode ser associada ao calor e à emissão de 
sons nasais ou bocejo. 
No livro Novo tratado de Fonoaudiologia de Otacílio Lopes 
Filho et al. (p. 654-657), leia as indicações de exercícios 
para a melhora na qualidade vocal de cada componente 
já descrito aqui em avaliação,ataque vocal, ressonância, 
modulação de Pitch, Loudness, flexibilidade articulatória. 
 
Fonte: Amazon (2020).
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Essa técnica tem o objetivo de reduzir a hipertonia, abaixar a frequência fundamental e é utilizada 
em casos de disfonia por tensão, muda vocal incompleta, falsete mutacional. A restrição é a 
mesma em pacientes sensíveis à dor e toque nessa região.
MÉTODO DE ÓRGÃOS FONOARTICULATÓRIOS
Esses órgãos realizam funções distintas. Para execução de cada uma dessas funções, 
vemos a variação da fisiologia e de recursos anatômicos acionados, contudo relacionam-se entre 
si. Nesta técnica, a produção vocal é associada à mastigação, sucção, deglutição, bocejo, voz ou 
fala para potencializar a produção vocal.
A língua executa papel fundamental em quase todas as funções orais; portanto, é 
fundamental compreender a participação na produção vocal. Podemos usar a técnica de 
deslocamento de língua para promover o relaxamento, modificando a tensão na base da laringe, 
e corrigir ajustes motores incorretos. Podemos usar os movimentos de posteriorização, que 
aproveita o espaço oral; de anteriorização, que libera a faringe; e de exteriorização de língua para 
elevação da laringe.
A língua ainda pode participar das técnicas de rotação de língua no vestíbulo bucal, e 
estalo de língua associado ao som nasal. A primeira, que consiste na movimentação da língua 
no vestíbulo com emissão vocal, ajuda na diminuição das tensões no trato vocal, posicionando 
melhor a língua e ampliando a faringe, aumentando a ressonância oral. O segundo também 
promove a redução da tensão, principalmente na musculatura supra-hióidea, promove sintonia 
entre ressonância, através do estalo de língua associado à produção do som nasal /N/.
 Outra técnica é o bocejo-suspiro, em que o paciente boceja após inspirar profundamente, 
sonorizando uma vogal aberta ou suspiros prolongados. Essa técnica é usada em casos que 
necessitam diminuir ataques vocais bruscos, abaixamento de laringe e ajustes nas projeções de 
ressonância.
Já a técnica de mastigatória é amplamente usada, chegando a ser denominada como 
técnica universal, recomendada para que o paciente alcance uma fonação equilibrada, reduzindo 
construções inadequadas. Essa técnica deve ser feita com movimentos amplos de lábio, língua, 
mandíbula e bochechas com sonorização (BEHLAU, 2010).
MÉTODO DE SONS FACILITADORES
Essa classe de exercícios é fundamental no trabalho direto na fonte glótica. A variação do 
fonema ou do som utilizado acaba especificando ainda mais o exercício. Essa variação faz com 
que esses exercícios sejam utilizados tanto em disfonias hiper ou hipocinéticas (MARCHESAN; 
JUSTINO; TOMÉ, 2014).
São exercícios facilitadores a técnica dos sons nasais, emissão de M e N sustentados ou 
em escalas – sons que proporcionam a suavização da emissão, levando a energia sonora também 
para as cavidades nasais, o que tira a sobrecarga da cavidade glótica, modifica a ressonância, 
favorecendo a ressonância superior.
Sons fricativos e sons vibrantes são estratégias que ajudam a controlar a sonorização 
glótica. Os sons fricativos podem ser auxiliadores na passagem de sonoridade entre S/Z e ainda o 
ponto de fricção ocorre entre lábios e dentes, o que ajuda a dissociar o esforço laríngeo. Nos sons 
vibrantes, ocorre recrutamento de mucosa através da emissão sonora com vibração de língua ou 
lábios. A vibração de língua e lábios reduz o esforço fonatório. A variação desse exercício é grande, 
podendo ser associado a escalas musicais, vibração dessonorizada, a sonorizada e movimentos 
de cabeça.
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TÉCNICA DE COMPETÊNCIA GLÓTICA
Essa técnica tem como objetivo o ajuste muscular básico para a fonação, permitindo 
que ocorra a fonação sem esforço em excesso ou fadiga, garantindo que a fonação ocorra com 
eficiência. Exercícios como fonação inspiratória, que consiste em inspirar produzindo a vogal “I” 
após expirar a vogal A, tem como objetivo aproximar ou afastar as pregas vocais, assim como o 
exercício de sussurro, que também favorece o fechamento de prega vocal, mais especificamente 
na região anterior (MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
Já a técnica de esforço é usualmente indicada para grandes dificuldades na coaptação 
glótica, fonação. É associada a esforço físico, principalmente de braços, como, por exemplo, 
emitir sílabas plosivas com socos no ar, emissão sonora com levantamento de peso, ou na técnica 
de deglutição incompleta sonorizada, que atua diretamente no fechamento da laringe, ambos 
proporcionando firmeza glótica.
Nos exercícios de B prolongado, ocorre o prolongamento do fonema B, forçando o 
abaixamento laríngeo e finalizando com a fonação de BA. É o exercício mais indicado para 
o abaixamento laríngeo junto com fechamento glótico, sendo relevante para a redução da 
compressão mediana de prega vocal (BEHLAU, 2010).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao fim desta unidade com a compreensão do diagnóstico vocal. 
Compreendemos os elementos causadores de distúrbios e como eles se comportam. Peço que não 
se atenha apenas ao que foi disponibilizado neste material. Ao longo da sua apostila, você verá 
sugestões complementares de leitura para engrandecer seu conhecimento a respeito das mais 
variadas formas de tratamento e comentários que te ajudarão a formar o raciocínio clínico.
Não é menos importante a leitura complementar, você tem disponível em sua biblioteca 
online referências apontadas significativas para a atuação fonoaudiológica, além, é claro, das 
videoaulas disponíveis. Ainda durante sua atuação, será fundamental saber quais as literaturas às 
quais recorrer, pois a pluralidade dos casos obriga o fonoaudiólogo a buscar novos conhecimentos. 
Entendemos também que os exercícios disponíveis não são formas truncadas para que sejam 
usados uniformemente para todos os pacientes. As causas, anatomia e funcionamento do 
indivíduo fazem com que tenhamos que aprimorar cada exercício de acordo com a necessidade 
do paciente.
As ações que serão tomadas por você ao decidir o melhor tratamento para seu paciente 
devem abranger em sua maioria a mudança no comportamento vocal. Vimos o quanto a voz pode 
ser influenciada por comportamentos nocivos e quais propostas terapêuticas podemos oferecer 
para a redução de danos, mudança de hábitos e aperfeiçoamento no caso de pessoas que usam a 
voz profissionalmente.
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U N I D A D E
03
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................52
1. PROGRAMA DE HIGIENE VOCAL ............................................................................................................................53
2. PROCESSO DE EVOLUÇÃO NA TERAPIA VOCAL ..................................................................................................54
2.1 EVOLUÇÃO TERAPÊUTICA EM LESÕES MALIGNAS ...........................................................................................56
3. ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS DA VOZ PROFISSIONAL FALADA ...................................................................60
4. ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA VOZ PROFISSIONAL FALADA ......................................................................62
5. DEFINIÇÃO DE USO PROFISSIONAL DA VOZ E SUAS ALTERAÇÕES .................................................................63
6. FATORES CAUSAIS DOS DISTÚRBIOS DA VOZ NO USO PROFISSIONAL ..........................................................64
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................................................................................68
SAÚDE VOCAL E PARÂMETROS PARA 
REABILITAÇÃO
PROFA. ANNE PAULA P. M. AMARAL
PROFA. MA. MARIANA HAMMERER
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
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INTRODUÇÃO
Nesta unidade, você irá compreender a aplicação fonoaudiológica prática nos distúrbios 
da voz. O primeiro tópico irá disponibilizar um conceito amplo de saúde vocal que é a higiene 
vocal, cuidados básicos que o falante deve ter. Hábitos vocais saudáveis não estão relacionados 
apenas a disfonias, mas a doenças graves como o câncer.
As lesões malignas da laringe são preocupantes, pois podem gerar grande nível de 
incapacidade após os procedimentos cirúrgicos; esses comprometimentos devem ser compensados 
na reabilitação, devolver a possibilidade de comunicação para o paciente, sempre respeitando 
seus limites físicos e estruturais devido às remoções da laringectomia. Tão importante quanto 
determinar uma técnica a ser empregada na reabilitação é compreender a evolução terapêutica 
e determinar condutas estruturadas e coerentes, dando a possibilidade de prever como seria a 
prática clínica, garantindo eficiência no tratamento.
Das complicações vocais que encontramos, as complicações do trabalhador da voz 
recaem sobre o fonoaudiólogo, que deve acompanhar esse trabalhador, como garantir saúde 
vocal para essa população. No profissional da voz falada, veremos quais as esferas de atuação que 
competem ao fonoaudiólogo. Área que mais tem exigido a preocupação em saúde vocal é a saúde 
do trabalhador. Você verá nesta unidade quais os fatores prejudiciais à saúde ocupacional e qual o 
impacto dessas alterações. Durante o estudo desta unidade, é importante que você faça as leituras 
complementares sugeridas e pesquise sobre o assunto no material que você tem disponível na 
biblioteca.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1. PROGRAMA DE HIGIENE VOCAL
Estudamos, nas demais unidades, quais os hábitos nocivos à produção vocal e como 
as pessoas se comportam diante de um fator causador do distúrbio. Nesta unidade, você irá 
compreender qual o processo necessário para obter e manter a voz saudável.
Relacionamos aqui o termo “higiene vocal” ao conceito amplo de saúde, que atualmente a 
OMS descreve como estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente ausência 
de afecções e enfermidades. Para atingir o conceito de saúde vocal, precisamos garantir uma 
voz limpa, clara, sem esforço e agradável aos ouvidos, que seja possível manter a adaptação em 
diferentes contextos e ambientes (BEHLAU, 2010).
Práticas de higiene vocal devem ser incorporadas ao cotidiano de todos e principalmente 
para aqueles indivíduos dos quais se requer exigência vocal, começando pelos primeiros hábitos 
do dia, levantando pela manhã e garantindo boa alimentação, hidratação e atividades físicas. 
Diante da prática negativa de hábitos, podemos considerar que qualquer pessoa estará sujeita a 
realizar esforço vocal.
A higiene vocal é considerada terapia indireta das alterações vocais, utiliza aspectos 
não diretamente relacionados à voz, como, por exemplo, postura corporal, hábitos alimentares 
e comportamentos globais. Muito se discutia sobre quais os comportamentos e ações que o 
indivíduo não deveria fazer; contudo, atualmente se discute quais as ações que devem ser feitas. 
São tidos como casos alterados casos de rouquidão que perdurem por mais de quinze dias; no 
entanto, para a higiene vocal, o cuidado deve ser tomado em qualquer caso de alteração, até 
mesmo evitando que a rouquidão apareça. Considerar uma alteração vocal normal pode ser 
extremamente prejudicial à saúde. Em casos de câncer laríngeo, é fundamental que o diagnóstico 
seja feito o quanto antes para garantir melhor possibilidade de remissão (LE HUCHE; ALLALI, 
2005).
Aspectos vocais como timbre alterado, intensidade desregulada, sensação de esforço ao 
produzir a voz, associada a uma queda na atividade vocal, chamam atenção e não devem ser 
considerados normais, ou casos em que o excesso de preocupação pode levar o sujeito a aumentar 
níveis de ansiedade e a tomar medidas desnecessárias. Para que essas más interpretações não 
aconteçam, um bom programa de higiene vocal deve começar pela compreensão de como a voz 
é produzida.
Desmitificar os conhecimentos empíricos de como a voz é produzida, por exemplo, 
elucidar que não é uma “corda” que produz o som, qual a região do corpo em que é produzida a 
voz, de conhecimentos básicos a conhecimentos mais específicos e aprofundados, por exemplo, 
para pessoas que usam a voz profissionalmente, quanto mais informações, menos chances de 
criar hábitos nocivos.
O mesmo princípio é válido para justificar que profissionais da voz compreendam a 
técnica para utilização da voz em sua ocupação, garantindo bom funcionamento vocal, e menos 
chances essa pessoa terá de desenvolver um problema vocal. O cantor e o ator devem realizar 
uma boa projeção vocal através do apoio abdominal. O esforço diminui; sendo assim, conseguirá 
usar a voz por mais tempo. Técnicas de relaxamento e de produção vocal são fundamentais para 
o ator, bem como treino vocal constante para aperfeiçoar e conhecer a voz; este treino leva o ator 
a identificar e selecionar a melhor voz para cada estilo e, principalmente, conhecer seus limites 
(LE HUCHE; ALLALI, 2005).
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De maneira geral, o aquecimento vocal é de grande importância na higiene vocal; no 
caso dos atores e cantores, os vocalizes são fundamentais no aquecimento. Ainda sobre a higiene 
vocal profissional, deve-se tomar atenção para o uso de medicamentos. Em mulheres, no caso de 
medicamentos que utilizam hormônio masculino, aumentam-se as pregas vocais; há, ainda, os 
remédios com efeito psicotrópico ou hormonais.
Além da medicação, devem ser observados fatores que favorecem a irritação da mucosa, 
como componentes tóxicos, ar seco, inflamações e processos alérgicos. Mudanças de temperatura 
que causam uma perturbação vasomotora, grandes esforços vocais após as refeições não são 
recomendados e, ainda sobre alimentação, é comum encontrar hábitos nocivos como comer algum 
determinado alimento com a esperança de melhorar a performance vocal; alguns alimentos, na 
verdade, são prejudiciais, como, por exemplo, o café, álcool, bala de menta e pastilhas. A dieta 
deve ser equilibrada, o gasto muscular exige um consumo adequado de proteínas, e restringir 
alimentos pesados e gordurosos de maneira geral e, principalmente, próximo a atividades vocais.
Alimentos favoráveis e que devem ser consumidos com frequência são maçã e salsão, 
que têm propriedades adstringentes, favorecendo a limpeza do trato vocal e afinando a mucosa, 
lembrando de consumir esses alimentos antes do show, por exemplo, ou antes de longos períodos 
de esforço vocal. O contrário também ocorre: o espessamento da mucosa com a ingestão de 
alimentos derivados do leite e com muito açúcar (PINHO, 2002).
Uma área que requer nossa atenção são os educadores físicos, isso porque a prática de 
exercícios físicos associados à fala intensa pode desencadear uma disfonia, a contração muscular 
em excesso durante o exercício pode aumentar o fechamento glótico, além do descontrole aéreo 
e mudança do padrão respiratório.
Evitar excessos é a regra de ouro para higiene vocal, tossir ou pigarrear excessivamente 
é um sinal que pode estar associado não somente a quadros gripais, mas em crianças, por 
exemplo, está associado à irritação na laringe causada por abuso vocal ou alergia, potencialmente 
mais comuns em crianças. A tosse causa uma pequena irritação nas pregas vocais, o que gera 
aumento na produção de muco, que, por sua vez, aumentará a necessidade de pigarrear, o alívio 
momentâneo ao pigarrear pode ser sentido ao ingerir líquido (PINHO; JARRUS; TSUJI, 2004).
2. PROCESSO DE EVOLUÇÃO NA TERAPIA VOCAL
Independentemente da etiologia do distúrbio vocal que chega à clínica fonoaudiológica, o 
processo terapêutico necessita de uma organização e de princípios a serem seguidos. A partir da 
escolha do melhor método ao seu paciente, inicia-se a evolução terapêutica,e a melhor escolha 
depende de uma correta avaliação e da familiaridade com o método escolhido.
Duas pessoas com diagnóstico médico idêntico podem ter condutas terapêuticas diferentes, 
isso porque os fatores causadores são diferentes e as pessoas apresentam comportamentos vocais 
diferentes. Devemos pensar em cada característica da alteração, por exemplo, na lesão de massa, 
a ênfase deve ser aliviar o atrito sobre a lesão, quando a mucosa se manifesta rígida, com os 
exercícios de vibração ou, por exemplo, na fenda fusiforme de origem estrutural ou funcional, o 
mesmo tratamento pode apresentar resultados diferentes.
Seguindo o raciocínio clínico, devemos compreender o nível de expectativa do paciente 
e adequar ao real planejamento do terapeuta, através de questionários de autoavaliação, como, 
por exemplo, QVV. Compreender o nível de expectativa do paciente em relação à evolução do 
tratamento é fundamental, isso porque o alto nível de expectativa pode gerar ansiedade e alto 
nível de exigência sobre a melhora, ou ainda frustração. Para evitar distorção, devemos esclarecer 
qual o real prognóstico de seu caso e quais os limites terapêuticos.
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Durante a aplicação das técnicas, vários cuidados devem ser tomados: o nível cognitivo do 
paciente em relação à compreensão dos exercícios, a quantidade de repetições feita exaustivamente 
pode tornar a evolução tediosa, o nível de constrangimento ao executar algumas técnicas, a 
dificuldade em executar um exercício complexo sob a exigência do terapeuta. Todos estes fatores 
podem comprometer o trabalho, dificultando a execução da técnica, causando a sensação de 
descrédito e falta de adesão ao tratamento. A terapêutica consiste então no aprendizado sequencial 
e hierárquico dos exercícios, o processo de modificação vocal requer o aprendizado de diversos 
parâmetros (BEHLAU, 2010).
Durante a evolução e a escolha dos exercícios, requer-se conhecimento da fisiopatologia 
e do trato vocal, norteado pelo conceito de produção vocal. Duas técnicas podem ser aplicadas 
ao mesmo tempo, desde que se completem durante a execução conjunta ou que uma seja a 
preparação de alguma estrutura ou movimento para outra (LOPES FILHO et al., 2013).
A frequência na terapia é pouco comentada em pesquisas, no entanto existe um consenso 
de que duas vezes por semana é a quantidade indicada para reabilitação vocal. Alguns métodos 
específicos determinam tempos variados, como, por exemplo, o método Lee Silverman sugere 
uma aplicação intensiva de quatro sessões por semana. Além de determinar a periodicidade, o 
método determina qual o período de tempo em que as sessões devem ser realizadas, passando de 
quatro atendimentos por semana no primeiro mês, reduzindo para duas e uma vez por semana 
nos próximos meses, dependendo da evolução.
Outra aplicação dos intensivos terapêuticos são os casos pós-operatórios, em que é 
necessária rápida mudança de comportamento de abuso vocal ou eliminação do granuloma. 
Em casos de processos microcirúrgicos, a garantia de uma boa recuperação é a reabilitação. Nas 
disfonias infantis, é necessário maior quantidade de sessões semanais para a formação de vínculo 
paciente/família com o terapeuta.
Sobre quais os exercícios e qual a quantidade de repetições não há uma regra, ou seja, não 
existe um padrão a ser seguido para todos os pacientes. No início, é preciso verificar a eficácia 
do exercício e a capacidade de execução, para então determinar se esse exercício é válido e, 
durante a execução, fica visível a necessidade de repetições. A recomendação é que a quantidade 
de exercício seja equilibrada, o princípio é o de que, com menos exercícios aplicados ao mesmo 
tempo, fica mais fácil visualizar quais têm mais resultados para o paciente em específico. Estas 
medidas também garantem que os exercícios possam ser feitos em casa com qualidade, mesmo 
sem supervisão; neste momento, devemos considerar que os exercícios feitos em casa garantem a 
generalização do novo padrão vocal (BEHLAU, 2010).
A autora comenta sobre a garantia da boa execução e a compreensão do exercício pelo 
paciente. Podem ser estabelecidos exercícios de cinco a dez minutos, três vezes ao dia, diante de 
uma fenda, ou no caso de comprometimento de outras estruturas, como as pregas vestibulares, é 
recomendada a aplicação de exercícios de alguns minutos de hora em hora. Para aplicação clínica, 
podemos controlar a intensidade dos exercícios e ainda verificar qual a quantidade necessária 
para gerar uma modificação e garantir que o exercício está ocasionando melhora ou não.
Sob essa perspectiva, a duração do tratamento deve ser ponderada pelo terapeuta, 
analisando as condições e qual a perspectiva de evolução, no entanto temos uma média de 
evolução de acordo com o tipo de alteração. Em casos de disfonias comportamentais sem lesão 
de massa, a evolução ocorre em menos de dois meses de atendimento e, em lesões benignas, 
um pouco mais que dois meses. Em disfonias funcionais do tipo muda vocal, a evolução pode 
ser percebida com cinco sessões, paralisia de prega vocal unilateral apresenta compensação em 
três meses de atendimento e, nos casos de voz esofágica, em um mês o paciente passa a produzir 
frases. 
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No entanto, em alguns casos, podemos gerar certo grau de ansiedade nos pacientes ao estabelecer 
prazo para melhora; para que isso não ocorra, devem ser oportunizados ao paciente orientação, 
explicação, avaliação do grau de expectativa, planejamento terapêutico eficiente e noção da 
colaboração paciente/terapeuta.
Medidas devem ser bem direcionadas até o processo de alta, para que seja indicada alta de 
um paciente e não necessariamente deve-se obter uma voz sem desvios, com redução de edema 
ou lesão. O processo de reabilitação é eficaz quando garante ao paciente uma adaptação vocal 
correspondente às suas necessidades, que já foram delimitadas no momento da avaliação.
2.1 Evolução Terapêutica em Lesões Malignas
Infelizmente, o câncer de cabeça e pescoço representa 2% do total das doenças malignas, 
muito associado a hábitos ruins, como abuso de álcool, cigarro e exposição solar. A preocupação 
aumenta ao verificarmos que o diagnóstico desses tumores é tardio, diminuindo as possibilidades 
de tratamento. Sinais primários podem ser detectados na voz, em alguns casos, nota-se a mudança 
na qualidade vocal.
A base do tratamento das lesões no câncer laríngeo é através da radio e quimioterapia; 
cirurgia para remover lesões, chamadas de laringectomia parcial ou total; em casos mais avançados 
mesmo depois do tratamento cirúrgico, ainda é recomendada a rádio ou quimioterapia. O 
acompanhamento clínico será para o resto da vida, principalmente pelo risco de reincidência nos 
5 primeiros anos (LOPES FILHO et al., 2013).
Figura 1 - Traqueostomia infantil. Fonte: Biosom (2020).
Na Figura 1, vemos uma das consequências das cirurgias de laringectomia, a traqueostomia 
permite que o paciente respire devido à impossibilidade de respiração por vias aéreas tradicionais, 
podendo ser momentânea ou definitiva.
Os quadros clínicos fonoaudiológicos manifestam alterações vocais distintas. Quando 
ocorre na região glótica, verificamos variados graus de rouquidão; quando na região supraglótica, 
dor ao deglutir; e falta de ar, quando os tumores ocorrem na região subglótica. A seguir, veremos 
as diferenças da evolução nos quadros de laringectomia parcial e total.
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LARINGECTOMIAS PARCIAIS
O tratamento cirúrgico muitas vezes remove estruturas importantes para funções de 
deglutição, mastigação, articulação e fonação. Estes são os quadros que necessitam de reabilitação 
para adequar à nova condição. Na cirurgia de laringectomia parcial, o objetivo é preservar as 
funções da laringe, apesar da urgente necessidade de ressecar o tumor. Nas laringectomias 
verticais, as consequências estãomais relacionadas a disfonias e, nas horizontais, as sequelas são 
disfagia e disfonia.
Em cirurgias de laringectomia vertical, ocorre a diminuição do trato vocal removendo 
estruturas importantes como a cartilagem epiglótica; nestes casos, o paciente pode estar ainda 
usando sonda e traqueostomia durante a reabilitação. Verificamos mudança na ressonância, no 
padrão vocal e no aspecto vocal, que pode vir a ser modificado após as fibroses causadas pela 
radioterapia e escape de saliva devido à disfagia. A primeira etapa da terapia envolve o controle da 
disfagia, aumentando o controle vertical, garantindo proteção de vias aéreas. São sugeridos, nesta 
abordagem, aumento da mobilidade da língua, elevação da laringe e interiorização posterior da 
laringe, garantindo o aumento do fechamento laríngeo adaptado (LOPES FILHO, 2013).
Já na laringectomia horizontal, o principal objetivo do procedimento é preservar a função 
vocal, por isso abrange técnicas variadas como a cordectomia, laringectomia frontal, frontolateral 
e hemilaringectomia. As queixas vocais estão relacionadas à perda da mobilidade da prega vocal, 
quando não a ausência dela, a rugosidade e aspereza são características desse procedimento. 
Encontramos também tensão e soprosidade em decorrência da perda da função esfincteriana 
da prega vocal e fechamento glótico. O paciente passa a gerar tensão para compensar o déficit 
(MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
Na técnica de cordectomia, pode haver a preservação da comissura anterior e processo vocal, 
no entanto a perda de estrutura implica dificuldade na coordenação pneumofonoarticulatória. 
Verificamos tempo máximo fonatório reduzido e loudness reduzido. A indicação terapêutica 
é de exercícios que recrutem maior mobilização de mucosa, fechamento glótico e equilíbrio 
de ressonância. A hemilaringectomia é a técnica que secciona uma ou mais estruturas como 
subglote, ariepiglote e prega vocal contralateral; dessa forma, a reabilitação vai ser direcionada de 
acordo com a possibilidade funcional da ressecção, se será possível estimular a fonte de fonação 
glótica ou supraglótica (LOPES FILHO et al., 2013).
LARINGECTOMIAS SUBTOTAIS
São procedimentos que exigem uma maior ressecção do que as laringectomias parciais 
e menos do que as laringectomias totais. Nestes casos, o acompanhamento fonoaudiológico é 
fundamental, pois pode ocorrer comprometimento em nível de deglutição, com aspiração leve ou 
moderada, pode ainda ocorrer a remoção de uma ou duas cartilagens aritenóideas. Estes pacientes 
podem necessitar de alimentação por sonda no pós-cirúrgico e ainda cânula de traqueostomia.
No procedimento de laringectomia supracricoide, ocorre a ressecção das pregas 
ariepiglóticas e aritenóideas, a característica dessa voz é soprosidade e disfagia, a intervenção 
fonoaudiológica é fundamental para garantir a proteção das vias aéreas, proporcionando 
estratégias de compensação vocal, possibilitando a retirada de sonda e adequando o padrão 
vocal. Outros procedimentos podem ser realizados com o Near total, onde são removidos ¾ da 
laringe. Neste procedimento, a traqueostomia é definitiva; portanto, o trabalho do fonoaudiólogo 
é garantir a passagem de ar pela fístula, coordenando a pneumofonoarticulação (MARCHESAN; 
JUSTINO; TOMÉ, 2014).
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LARINGECTOMIA TOTAL
Esta é a conduta e o tratamento que mais comprometem a fonação. O paciente perde 
totalmente a voz produzida na laringe decorrente da total remoção dessa estrutura: retiram-
se cartilagem, músculos e outras estruturas nela contidas. O segmento de reabilitação neste 
procedimento é mais intenso e relevante para o paciente, pois neste momento de silêncio total, a 
necessidade de voltar a falar é emergencial.
Antes mesmo do procedimento cirúrgico, o paciente deve começar os processos pré-
operatórios passando pela avaliação e orientação de psicólogos, fonoaudiólogos e enfermeiros. O 
papel do fonoaudiólogo no momento pré-operatório é orientar o paciente sobre quais as sequelas 
da cirurgia e quais possibilidades de reabilitação estão disponíveis. São métodos de reabilitação: 
a voz esofágica, o uso de laringe eletrônica ou voz traqueoesofágica. A decisão de qual tipo de 
reabilitação deve ser seguida é exclusivamente do paciente, o fonoaudiólogo não pode tomar essa 
decisão pelo paciente.
A voz esofágica compreende a constrição de ar no segmento faringoesofágico e na 
adequação articulatória e de ressonância. O primeiro passo para reabilitação é proporcionar a 
percepção do funcionamento esofágico, tornando possível notar a localização de vibração do 
segmento faringoesofágico. Iniciamos ensinando ao paciente a sequência da deglutição que 
consiste em abrir bem a boca para que o ar entre, fechar a boca e sentir como se fosse uma 
“batata”, engolir o ar, perceber a contração do segmento faringoesofágico, contrair o diafragma e 
emitir a vogal “a”. Na sequência, é preciso ensinar a produção de consoantes através da sequência 
de injeção por pressão consonantal (MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
Ensinada a produção consonantal dos fonemas surdos /p/, /t/, /k/, utilizando esses 
fonemas para introdução de ar no esôfago onde ocorre um aumento de pressão na cavidade oral 
que libera o segmento faringoesofágico, produz-se pressão para o próximo fonema a ser emitido. 
A partir de então, o paciente seguirá um treino na terapia com práticas em casa. Segue a ordem 
de aprendizagem do fonema /a/ ou /pa/, aumento do tempo máximo fonatório, emissão de todas 
as vogais associadas ao fonema /p/, emissão de ditongos, dissílabos, trissílabos, frases curtas do 
cotidiano, frases longas e, por fim, o refinamento.
O treino para voz traqueoesofágica começa pela higienização, que garante a durabilidade 
da prótese. Somente após a liberação médica ao fim do processo de cicatrização, é que deve ser 
iniciada a reabilitação vocal. Ao iniciar o treino, a primeira oclusão deve ser feita pelo terapeuta, 
pede-se para o paciente para que inspire, o terapeuta veda a traqueostoma e pede para o paciente 
emitir a vogal /a/. O próximo treino é que o paciente consiga ocluir a traqueostoma sozinho, 
de preferência com a mão não dominante, para que ele consiga utilizar a mão enquanto fala, 
seguindo a coordenação pneumofonoarticulatória, começando com a fonação pequena como 
a contagem de números para então partir para palavras maiores com automatização. O treino 
de respiração começa pela inspiração pelo estoma e inspiração pela boca. Pitch e modulação 
podem ser trabalhados através de sons vibrantes, fricativos sonoros, para então realizar o treino 
articulatório (MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
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Figura 2 - Explicação do fluxo de ar na voz traqueoesofágica. Fonte: Junqueira (2016).
O método de reabilitação vocal através da laringe eletrônica é o procedimento que requer 
menos sessões, fisiologicamente o aparelho realiza uma vibração que, ao ser encostada em um 
tubo de ressonância, irá produzir um som associado ao movimento articulatório. O trabalho 
fonoaudiológico consiste em adequar a melhor posição para utilização do aparelho, adequar 
velocidade de fala com exercícios de sobrearticulação, seguidos da coordenação de fonação e 
acionamento do aparelho (LOPES FILHO et al., 2013).
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Figura 3 - Paciente cantando em um coral usando laringe eletrônica. Foto de Leo Munhoz. Fonte: NSC Total (2018).
3. ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS DA VOZ 
PROFISSIONAL FALADA
A grande parcela dos profissionais da voz falada corresponde a trabalhadores que 
desconsideram a necessidade de preparo vocal para o desempenho das suas funções. Enquanto 
atores são instruídos, mesmo que basicamente, a preparar a sua voz, outros profissionais, como 
professores, desconsideram a necessidade e buscam atendimento depois de um problema 
instalado. Veremos, neste tópico, os fatores biológicos, psíquicos e sociaisque influenciam a 
voz desses profissionais, e a primeira questão a ser compreendida é a de que cada profissional e 
profissão tem sua especificidade e, portanto, serão discutidas uma a uma.
Assista ao vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=C7o8eE_lQq0. Em entrevista, 
fonoaudióloga responsável pelo serviço de fonoaudiologia do 
Hospital do Câncer de Barretos fala sobre o trabalho fonoaudiológico 
com pacientes oncológicos, a pluralidade do trabalho que não 
se restringe apenas a restabelecer a voz, mas como uma equipe 
integrada favorece o estabelecimento da qualidade de vida desses pacientes. 
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A primeira profissão a ser discutida será o de professor, profissional que usa a fala para 
transmitir seu conhecimento e realizar trocas com seus alunos, entende-se que o professor passa 
quase todo seu tempo de sala de aula falando; portanto, o esforço e demanda vocal são intensos. 
Alguns professores acreditam que uma aula, para ser empolgante, precisa de uma fala alta e 
intensa, assim como para chamar a atenção do aluno, necessita aumentar o tom de voz, mas não 
são necessários e ainda são hábitos nocivos à saúde vocal. O estresse é o problema de saúde mais 
intenso na vida do professor devido a condições de trabalho ruins, baixo salário, salas cheias. A 
voz do professor também deve ser aprimorada, o professor deve transparecer domínio sobre o 
que ensina e segurança para quem aprende (BEHLAU, 2010).
A categoria de atores dentro de suas formações recebe algum nível de instrução, além de 
que a própria exigência da função faz com que o ator busque compreender melhor sua voz para a 
construção de um personagem. Por outro lado, essa mesma exigência faz com que a complexidade 
dos ajustes vocais deixe essa população mais suscetível a alterações. As dificuldades estão nas 
demandas do ofício, nas mudanças vocais, articulatórias, muitas apresentações, apresentações 
longas, adequação entre corpo, voz e expressão, que exige uma demanda corporal intensa.
Locutores, radialistas e narradores fazem parte de um grupo que usa especialmente a voz 
por terem uma característica singular em suas vozes. Essa característica é específica para cada 
campo de atuação. Narradores de rodeio, por exemplo, apresentam uma voz mais imponente 
e velocidade de fala aumentada, diferente de um locutor de rádio, por exemplo. A locução 
exige múltiplas características, como, por exemplo, locutor esportivo, locutor de noticiário etc. 
Geralmente locutores estão em ambientes favoráveis à produção vocal em estúdios, amplificação, 
retorno e jornadas de trabalho compactas. As alterações vocais nesse grupo estão relacionadas à 
falta de higiene vocal e ao tabagismo (BEHLAU, 2010).
Repórteres de telejornal associam a voz à comunicação não verbal, à imagem, por isso 
o padrão vocal é diferente do usado no rádio. O apresentador está sujeito a maiores problemas 
vocais, ambientes desfavoráveis à saúde vocal são encontrados, excesso de luz, acúmulo de funções, 
excesso de maquiagem, maior predisposição para alteração na qualidade vocal. A jornada de 
trabalho é intensa, gravações ao longo do dia e plantões ao vivo com notícias urgentes, em cada 
momento de gravação ocorre um ajuste vocal diferente e o despreparo para essa função causa 
maior probabilidade de desenvolver uma alteração vocal.
No decorrer das nossas aulas, vimos características individuais das profissões que utilizam 
a voz profissional falada, por isso é importante compreender as necessidades do grupo e que 
o fonoaudiólogo deve ser um investigador não só dos aspectos vocais, mas das características 
biopsicossociais de cada indivíduo para que sua intervenção seja válida e contribua positivamente 
ao aspecto dinâmico da sua profissão.
A fonoaudióloga Leny Kirillos, juntamente com o jornalista Milton 
Jung, produziram o livro: Comunicar para liderar, que trata de 
aspectos biopsicossociais da comunicação para as lideranças e, 
para o seu lançamento, produziram este vídeo comentado sobre as 
perspectivas do livro, disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=X96Ll6eY4vQ.
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4. ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA VOZ 
PROFISSIONAL FALADA
A proposta fonoaudiológica nesta categoria visa principalmente atuar na prevenção dos 
distúrbios vocais, criando e implantando programas de saúde vocal, ações desempenhadas pelos 
profissionais de saúde ocupacional formulando ações para a promoção da saúde.
Por exemplo, com os operadores de telemarketing, são criadas estratégias para a promoção 
da saúde dessa população, através da análise das características de comunicação: se a função do 
funcionário é ativa ou receptiva, a rotina de trabalho, a utilização de scripts, nível de estresse, 
metas, cobranças e relacionamentos interpessoais. São fatores a serem analisados e trabalhados 
com o agente de prevenção. Quando não é possível, encontramos problemas vocais como lesão 
por esforço vocal, doenças associadas como refluxo, distúrbios alérgicos e doenças causadas por 
estresse.
Portanto, a ação primordial do fonoaudiólogo está voltada à promoção da saúde vocal, 
em que o profissional deve organizar e fazer um diagnóstico do contexto de trabalho. A atuação 
está voltada para a competência comunicativa também, hoje uma área da fonoaudiologia que se 
dedica ao estudo da fonoaudiologia empresarial (MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
A fonoaudiologia empresarial volta sua atenção não só para serviços como o do 
telemarketing, mas compreende as necessidades empresariais de diversos setores e segmentos, 
com objetivo de otimizar a comunicação não só no aspecto corretivo das alterações de voz, mas 
trabalhando aspectos comunicativos assertivos, melhorando o perfil comunicativo dentro do 
mundo corporativo. Aspectos como o discurso, a narrativa e a adequação da comunicação são 
os objetivos dessa área, englobando conhecimentos técnicos da fonoaudiologia com a exigência 
comunicativa do meio empresarial.
Outra demanda surge quando se trata de atores. O fonoaudiólogo atua na preparação e 
produção vocal. O ator deve adquirir conhecimento sobre o próprio aparelho fonador e técnica 
para se tornar um ator contemporâneo completo em nível de formação, para que esteja preparado 
para as demandas em sua atuação. O fonoaudiólogo deve abordar tópicos como prevenção de 
alterações vocais, dieta vocal, fonoterapia, aprimoramento e composição vocal, prosódia e, claro, 
aquecimento e desaquecimento vocal.
O artigo Fonoaudiologia empresarial: sua aplicabilidade, 
disponível em http://mariadocarmocarrasco.com.br/blog3/
post21fonoaudiologiaempresarialsegmentos, foi escrito por uma 
fonoaudióloga atuante e pesquisadora na área da fonoaudiologia 
empresarial. Ele te ajudará a ter uma visão prática da atuação do 
fonoaudiólogo nessa área.
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Dentro do acompanhamento fonoaudiológico, buscamos levar o ator à melhor 
performance vocal, por isso devemos auxiliá-lo na exploração da voz em equilíbrio com as 
emoções transparecidas no teatro, trabalhando a expressividade, expressões faciais e corporais, 
todos em associação com a voz. Exercícios vocais exigem alta complexidade em sua execução, pois 
a produção da voz se trata de uma atividade psicofísica, que está relacionada às emoções, porém 
quanto mais memória do comportamento vocal, mais repertório terá para o desenvolvimento da 
sua atuação (MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
Grande parte dos atores busca o atendimento fonoaudiológico quando o quadro de 
disfonia já está instalado, contudo iremos conhecer qual o papel do fonoaudiólogo na preparação 
vocal. Acompanhando os ensaios, pode oferecer ao grupo uma combinação de exercícios de 
relaxamento, resistência e ressonância; quando pode direcionar o atendimento para o consultório, 
durante o tempo de preparação para um espetáculo, a voz pode ser construída junto a toda equipe, 
trabalhando a projeção vocal e ainda a psicodinâmicapregas vocais. Hiatt e Gratner (2011) descrevem que ocorre nessa estrutura a fixação do ligamento 
vestibular e músculo vocal. Os músculos cricoaritenóideos posteriores e laterais, aritenóideo 
transverso se conectam a essas cartilagens.
Já a cartilagem epiglótica é única e apresenta formato que se assemelha a uma folha. 
Localizada na região posterior à cartilagem tireóidea, está fixada pelo ligamento tireoepiglótico, 
lateralmente às pregas ariepiglóticas, e fixam a epiglote às cartilagens aritenóideas.
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As cartilagens corniculadas e cuneiformes compreendem as menores estruturas 
anatômicas da laringe. As cartilagens corniculadas se articulam com as cartilagens aritenóideas e 
as cuneiformes se conectam com as pregas ariepiglóticas.
Veja a localização das cartilagens e como elas se relacionam entre si:
Figura 1 - Laringe, visão lateral. Fonte: Rizzo (2012).
Figura 2 - Laringe, visão anterior. Fonte: Rizzo (2012).
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Figura 3 – Laringe, visão posterior. Fonte: Rizzo (2012).
MÚSCULOS EXTRÍNSECOS
Os músculos extrínsecos da laringe são responsáveis por abaixar e levantar a laringe, 
participam indiretamente no processo de fonação e mastigação. Os músculos que se localizam 
acima do osso hioide e levantadores da laringe são denominados supra-hióideos, abaixo e 
abaixadores da laringe, os infra-hióideos.
Sobre os músculos supra-hióideos, Fuller, Pimentel e Peregoy (2014) descrevem que os 
músculos milo-hióideo, gênio-hióideo e genioglosso originam-se na mandíbula. O músculo 
milo-hióideo tem sua origem na superfície interna do corpo da mandíbula, sua inserção na rafe 
mediana contém fibras posteriores para o corpo do hioide, que eleva o osso hioide ou abaixa a 
mandíbula. Genio-hióideo se origina na parte inferior da sínfise mentual da mandíbula, a inserção 
no corpo anterior do hioide e a contração desse músculo acarretarão a elevação do osso hioide 
direcionada para a frente. O músculo genioglosso origina-se na parte inferior da sínfise mentual 
da mandíbula e sua inserção ocorre nas fibras inferiores para o hioide, também apresenta fibras 
superiores para a região inferior da língua, participa do movimento de posicionar a laringe.
Já o músculo digástrico se origina em dois ventres: um no ventre da mandíbula e outro no 
processo mastoide do osso temporal, e se insere nos cornos menores do osso hioide, participa da 
elevação do osso hioide ou abaixamento da mandíbula.
Os músculos estilo-hióideos elevam para trás o osso hioide e têm sua origem no processo 
estiloide do osso temporal e a inserção na junção do corpo do hioide e dos cornos maiores. O 
músculo milo-hióideo forma o assoalho da cavidade oral e abaixa a mandíbula, originando-se 
no corpo interno da mandíbula e se insere na rafe mediana, fibras posteriores para o corpo do 
hioide.
Por fim, o músculo hioglosso está associado diretamente à língua e indiretamente ao osso 
hioide. Tem origem no corpo e cornos maiores do hioide e a inserção na superfície póstero-lateral 
da língua.
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 Fazem parte do grupo muscular infra-hióideo os músculos esterno-hióideo e 
esternotireóideo. Ambos se originam no osso esterno: o primeiro na região medial da clavícula 
e se insere na borda inferior do corpo do hioide e o outro tem origem na primeira cartilagem 
costal e se insere na linha oblíqua da lâmina tireóidea. O músculo esterno-hióideo é responsável 
pelo abaixamento do osso hioide; já o esternotireóideo é responsável por abaixar a cartilagem 
tireóidea, contudo ele não é subclassificado como um músculo infra-hióideo, pois não está 
inserido no osso hioide.
O músculo omo-hióideo apresenta dois ventres: inferior e superior. O ventre superior se 
origina na escápula e se insere no tendão intermediário, e o ventre inferior se origina no tendão 
intermediário e se insere na borda inferior dos cornos maiores do hioide. Este músculo tem a 
função de impedir que o pescoço entre em colapso durante uma inspiração profunda (FULLER; 
PIMENTEL; PEREGOY, 2014).
Já o músculo tireo-hióideo tem sua origem na linha oblíqua da lâmina tireóidea e 
sua inserção na borda inferior dos cornos maiores do osso hioide, permite que ele realize o 
abaixamento do osso hioide ou a elevação da cartilagem tireóidea.
Por fim, os músculos constritores da laringe também não se inserem no osso hioide e, por 
isso, também não estão nessa subdivisão. Estes músculos formam a parede inferior da faringe e 
sua movimentação permite alterar a ressonância vocal. O músculo constritor inferior da faringe 
tem sua origem na porção inferior do tubo que se origina na base do crânio e a inserção é no 
esôfago. 
MÚSCULOS INTRÍNSECOS 
Este grupamento muscular é responsável pelas modificações vocais precisas. Durante a 
intervenção fonoaudiológica, o profissional precisa compreender a ação de cada músculo para 
causar modificações significativas, melhorando a performance vocal, corrigindo comportamentos 
e trabalhando nas compensações.
Os músculos intrínsecos da laringe estão diretamente relacionados à produção vocal, 
controlam a frequência e intensidade vocal através da abertura e do fechamento de pregas vocais. 
A nomenclatura de cada um deles é determinada por sua origem e inserção; assim, conhecendo 
as cartilagens, é fácil reconhecer a posição desses músculos. Este grupamento muscular está 
subdividido em: músculos abdutores, adutores e tensores.
O primeiro músculo intrínseco da laringe a ser estudado será o músculo tireoaritenóideo 
(TA), é um músculo par e apresenta duas divisões anatômicas importantes: a primeira é a porção 
medial, que corresponde à porção tireovocal, e a segunda é a porção tireomuscular, que se trata 
da parte lateral do músculo.
Este músculo apresenta dupla função, realiza adução e abdução. A adução ocorre quando 
a porção tireomuscular é contraída e a abdução ocorre quando a porção tireovocal realiza 
a própria fonação. O objetivo principal desse músculo é aumentar a tensão e aduzir as pregas 
vocais. A porção tireoaritenóidea superior se origina no limite superior da incisura tireóidea e se 
insere na porção muscular da cartilagem tireóidea. A porção tireoaritenóidea muscular se origina 
no ângulo superior da cartilagem tireóidea e se insere na base das cartilagens aritenóideas; já a 
porção vocal se origina também no ângulo posterior da cartilagem tireóidea e se insere na lateral 
inferior do processo vocal da cartilagem aritenóidea.
O músculo cricoaritenóideo posterior (CAP) é o músculo responsável pela abdução 
das pregas vocais, também encontrado em número par. Origina-se na cartilagem cricóidea e a 
inserção acontece nas cartilagens aritenóideas, causando o movimento de rotação póstero-lateral 
das cartilagens aritenóideas. Pinho (2002) descreve as atividades desse músculo, que também gera 
a elevação, alongamento, engrossa as bordas da prega vocal, o arredondamento da sua margem 
livre e a tensão do corpo das pregas vocais e da mucosa. A autora descreve a participação desse 
músculo na respiração e deglutição.
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Os músculos cricoaritenóideos laterais (CAL) se originam no início da cartilagem 
cricóidea e se inserem no processo muscular da cartilagem aritenóidea, por isso ele realiza a 
adução das pregas vocais e também o seu relaxamento.
Seguindo a ordem dos músculos intrínsecos, veremos o músculo aritenóideo, o qual 
tem sua origem na cartilagem tireóidea e a inserção também na outra cartilagem aritenóidea. 
Subdivide-se em aritenóideos oblíquo e transverso, mais externamente encontra-se a porção 
oblíqua em aparência de X e internamente a porção transversal, que tem uma posição horizontal. 
Este músculo atua no controle da adução glótica, aproximando as cartilagens entre si (FULLER; 
PIMENTEL; PEREGOY, 2014).
O próximo agrupamento muscular são os cricotireóideos (CT), também em números 
pares,vocal (MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 
2014).
Atualmente, o fonoaudiólogo foi inserido em diversos momentos de ação na voz 
profissional, na prevenção de problemas principalmente e no auxílio da otimização da voz 
empregada como ferramenta de trabalho, graças à compreensão da relevância da voz nas relações 
pessoais e comerciais. Se a voz é a expressão do que somos, devemos garantir que ela realmente 
corresponda à nossa essência e ainda atenda às necessidades sociais do profissional da voz.
5. DEFINIÇÃO DE USO PROFISSIONAL DA VOZ E SUAS 
ALTERAÇÕES
No âmbito da voz profissional, não nos limitamos apenas aos aspectos preventivos e 
curativos das alterações vocais, o fonoaudiólogo também participa do preparo, otimização e 
habilitação desses indivíduos que, de alguma maneira, utilizam a voz profissionalmente. Veremos, 
neste tópico, quem são essas pessoas e profissões, e como é o desempenho vocal dessas ocupações.
Atualmente, a definição de voz profissional abrange muitas profissões devido à crescente 
diversificação das funções ocupacionais e às novas tecnologias. Não só trabalhadores da arte, 
como cantores e atores, mas jornalistas, teleoperadores, trabalhadores de gestão de pessoas, 
cargos de gerência e chefia, jornalistas, apresentadores, professores, locutores, dubladores, 
líderes religiosos etc., enfim, uma lista grande de profissões utiliza a voz de maneira profissional, 
portanto corresponde à expectativa de uma voz clara, bem impostada e que corresponda ao papel 
desempenhado em sua ocupação.
A voz profissional é considerada quando o indivíduo necessita da sua voz para a 
realização da sua atividade ocupacional, essa é a justificativa para várias atividades laborais que 
estão expostas aos cuidados vocais. A preocupação se eleva ao considerar que, sem sua voz, é 
impossível desempenhar sua atividade, ou ainda que o bom desempenho da sua função está 
atrelado à qualidade vocal e que a alteração vocal causada pela ocupação pode comprometer sua 
função (BRASIL, 2018).
Compete ao fonoaudiólogo compreender as necessidades específicas da voz ocupacional, 
atualmente a saúde vocal compreende muito mais as medidas de prevenção desses distúrbios. Por 
isso, há necessidade de se conhecer os fatores de risco para o trabalhador, como fatores ambientais, 
demanda vocal excessiva, competição sonora, acústica deficiente, alteração de postura, agentes 
químicos e também psicológicos no desempenho da função. 
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Além dos aspectos já conhecidos na clínica fonoaudiológica, os aspectos comprometedores da 
voz devem ser analisados junto ao grau de comprometimento emocional para o desempenho 
da sua função. Sob estas condições, diferenciamos profissionais da voz artística da não artística, 
como também voz profissional falada de voz profissional cantada.
É comum encontrarmos discrepâncias específicas da voz profissional, como, por exemplo, 
formas muito distorcidas entre a fala e o canto do mesmo indivíduo, fala em região grave e canto 
em região aguda, por exemplo, apresentam tensões musculares específicas, como tensão de língua 
e pescoço dificultando a ressonância, abertura de mandíbula, alongamento de pescoço, tensão de 
ombros. De maneira geral, pequenas distorções fazem grande diferença na produção vocal, como 
a distorção de fonemas e que, na maioria das vezes, só podem ser percebidos durante a própria 
atividade (BEHLAU, 2010).
6. FATORES CAUSAIS DOS DISTÚRBIOS DA VOZ NO USO 
PROFISSIONAL
Seguimos o mesmo princípio básico da avaliação das alterações vocais clínicas, cada 
sujeito é único e por isso deve ser analisado de maneira única, pois pode apresentar necessidades 
diferentes, plurais e específicas neste caso, podendo ser específica a função que desempenha 
também. Fatores que comprometem a voz de um cantor são diferentes dos fatores que acometem 
o professor, por exemplo, e ainda são diferentes os fatores que acometem um professor do ensino 
médio comparado a um professor de modalidades esportivas em uma academia. Discutiremos, 
neste tópico, alterações que encontramos no cotidiano do profissional da voz e elencamos algumas 
profissões.
A prática e a literatura concordam que a maior incidência de problemas vocais se 
relaciona à docência, às condições de trabalho, condições emocionais, ao trabalho excessivo, à 
falta de preparação vocal ou até mesmo falta de conhecimentos básicos sobre a voz. São fatores 
comprometedores da função vocal. Ainda existem características mais peculiares à profissão 
como qual a faixa etária dos alunos, qual o comportamento do professor e dos alunos durante 
a aula, uso do giz, uso de componentes agressivos em aulas práticas. No caso de professores de 
modalidades, o exercício físico geralmente é associado à fala, o que gera uma sobrecarga vocal 
(BEHLAU, 2010).
O Ministério da Saúde desenvolveu uma pesquisa que descreve 
o processo de prevenção e tratamento de distúrbios vocais 
causados pela ocupação. Abrange princípios da vigilância em 
saúde e discute um protocolo que cuida da saúde vocal do 
trabalhador. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/disturbio_voz_relacionado_trabalho_dvrt.pdf.
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Outra demanda profissional em que o ambiente físico compromete a função vocal é a dos 
atores. É comum atores de teatro se apresentarem em ambientes com acústica comprometida, 
poeira, mofo, ruído, o material utilizado para compor um personagem, maquiagem, efeitos da 
cena; além das condições físicas, os atores sofrem a pressão de continuar, mesmo não se oferecendo 
boas condições de saúde. Alguns atores recebem orientações vocais, mas geralmente estão 
relacionadas à composição para um personagem. Em muitas situações, não utilizam nenhuma 
forma de amplificação e desenvolvem hábitos ruins como ingestão de álcool e falta de cuidados 
com a saúde geral.
Operadores de telemarketing apresentam jornada de trabalho de seis horas consecutivas, 
este é em si um fator desencadeador de uma disfonia pela alta demanda vocal, pois esse 
trabalhador passa as seis horas utilizando a voz ininterruptamente. Essa profissão também sofre 
com os fatores ambientais, como ar condicionado muito gelado, headset mal posicionado, baia 
de trabalho e cadeira não ergonômicas. A exigência também parte dos princípios articulatórios, 
clareza nas palavras e alta capacidade de resolver problemas (BEHLAU, 2010).
Líderes religiosos apresentam uma modificação vocal muito atrelada à mensagem 
espiritual que desejam comunicar, para que essa mensagem seja transmitida de maneira eficaz, 
além de criar emoção. Devem, em outros momentos, levar uma palavra de calma e conselho 
para os fiéis, para isso também é necessário aprimoramento vocal para que o profissional consiga 
desempenhar suas funções sem causar prejuízo à própria voz. O aprimoramento vocal também 
se faz necessário no desempenho da função do político pela exigência da mensagem a ser 
transmitida, uma vez que esse profissional circunda entre tantos ambiente sociais como reuniões, 
discursos a céu aberto, conversas com a comunidade, debates e comícios. Em época eleitoral, os 
distúrbios vocais surgem com mais frequência devido à demanda vocal, as modificações vocais 
favorecem a transparência na comunicação (BEHLAU, 2010).
A classificação dos estilos musicais também gera características diferentes nos fatores 
causadores de distúrbios vocais, como, por exemplo, no estilo de canto popular que mais 
se aproxima dos ajustes da voz falada, um cantor que busca canto popular geralmente busca 
ajustes vocais múltiplos, pois apresenta estilos variados. Nessa busca, o cantor que não está bem 
preparado irá criar comportamentos nocivos à voz. A falta de higiene vocal e a falta de educação 
musical formal e falta de resistência vocal são achados comuns no canto popular.
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Figura 4 - Cantor popular Emicida ao lado de sua fonoaudióloga.Fonte: Stachewski (2019).
Diferentemente do canto popular, no canto erudito, é imprescindível que o cantor já 
tenha conhecimento técnico vocal para iniciar. São estilos muito diferentes. No canto erudito, 
é preciso controle respiratório, técnicas vibratórias, ressonância e postura. Quando há uma falta 
de equilíbrio entre as técnicas, os problemas vocais surgem. A classificação vocal errada nesse 
estilo pode levar a lesões, isso porque o cantor deve buscar a melhor performance dentro das suas 
possibilidades anatômicas e fisiológicas (BEHLAU, 2010).
Outros fatores influenciam no comprometimento das funções vocais, como a falta 
de lubrificação e hidratação da mucosa laríngea, que pode aumentar a produção de muco 
viscoso; a falta de repouso vocal nos quadros de laringite aguda; abuso e mau uso vocal; refluxo 
gastroesofágico; sobrepeso; alergia; medicamentos e alterações hormonais.
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Veja a seguir uma sequência de vídeos de entrevistas com dois profissionais 
que atuam com voz profissional, mais especificamente com atores. Os vídeos 
fazem parte de uma série chamada “A voz”, que apresenta entrevistas com uma 
fonoaudióloga e um professor de canto, que fazem uma correlação entre fisiologia 
vocal e a voz para o teatro. Você verá outra parte desse episódio na Unidade IV. Os 
referidos vídeos estão disponíveis em: 
Vídeo 1: https://www.youtube.com/watch?v=mabITWYoupM. 
Vídeo 2: https://www.youtube.com/watch?v=dkGeLlUxULk. 
Vídeo 3: https://www.youtube.com/watch?v=T63Gg3f0Q0E.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Os problemas vocais são impactantes na qualidade de vida das pessoas, muitas vezes, só 
nos damos conta de sua relevância ao nos depararmos, por exemplo, com uma crise de afonia. 
Para pacientes que sofrem um tratamento agressivo do câncer, poder recuperar a função fonatória 
através de alguma técnica é garantia de qualidade de vida após um período conturbado.
Medidas preventivas devem ser tomadas, é papel do fonoaudiólogo atuar também em 
ações preventivas quanto à saúde geral e à saúde do trabalhador, dentro dos aspectos de saúde 
vocal. Os cuidados contínuos são fundamentais; portanto, é papel do fonoaudiólogo garantir 
aprendizagem de conceitos básicos de cuidado e higiene vocal, tanto nos profissionais da voz 
falada quanto nos profissionais da voz cantada.
Vimos, nesta unidade, as possibilidades de atuação do fonoaudiólogo, fundamental para 
o preparo e a garantia da promoção da saúde vocal. A promoção da saúde é um elemento em 
evidência nas discussões sobre saúde. Atores, jornalistas, professores, dubladores, narradores, 
teleoperadores etc. apresentam características particulares para o desempenho de cada função. 
Cabe ao fonoaudiólogo compreender e tornar a ocupação favorável à sua voz.
A parcela da população que utiliza a voz de maneira profissional está sujeita a complicações 
durante suas funções que podem impedir o trabalho. Além do impacto gerado pela autoimagem 
distorcida, isso pode comprometer a carreira do trabalhador impedido de trabalhar, ou com 
baixo rendimento, problema de inter-relação. O processo de orientação e reabilitação vocal é 
singular para os profissionais da voz, grupo que apresenta uma exigência em sua performance. 
Cabe ao fonoaudiólogo compreender as necessidades de cada um e adequar a voz dentro das suas 
possibilidades e características.
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SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................70
1. PROPRIEDADES DA VOZ CANTADA: REGISTROS, TIMBRES, AFINAÇÃO E GOLPES DE GLOTE ...................... 71
2. CARACTERÍSTICAS DA VOZ CANTADA ................................................................................................................. 72
3. ESTILOS DE CANTO ................................................................................................................................................75
4. INFLUÊNCIA DIRETA E INDIRETA NA VOZ CANTADA .........................................................................................78
5. AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DA VOZ CANTADA ...............................................................................................80
6. DIFERENÇA ENTRE VOZ CANTADA E VOZ FALADA ............................................................................................83
6.1 DINÂMICA VOCAL NA VOZ CANTADA ................................................................................................................84
7. ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA VOZ CANTADA ..............................................................................................85
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................87
VOZ CANTADA
PROFA. ANNE PAULA P. M. AMARAL
PROFA. MA. MARIANA HAMMERER
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
VOZ
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INTRODUÇÃO
Esta última unidade da disciplina “Voz” procura trazer aspectos sobre a voz cantada. 
Compreender que a parte prática é muitas vezes diferente da teórica estudada ajuda a compreender 
o quanto a voz cantada tem particularidades, características e peculiaridades tanto na área 
musical quanto na área fonoaudiológica. Se pensarmos na voz falada e na voz cantada de pessoas 
que conhecemos, nem sempre se parecem!
Sendo assim, ao longo da unidade, abordaremos assuntos sobre características da voz 
cantada, extensão e tessitura vocal, registros, vibrato, timbre, ataque glótico e finalização vocal.
Traremos informações sobre variados estilos de canto e algumas de suas particularidades. 
Falaremos de Canto lírico, Coro Lírico, Canto de musical e a preparação do cantor, Belting, Canto 
popular e Canto Coral, sempre nos voltando para a realidade do nosso país.
Você encontrará algumas recomendações sobre influência direta e indireta na voz 
cantada, desde questões como uso de incentivadores vocais ou até mesmo discussões sobre alguns 
alimentos que podem ou não influenciar diretamente a voz no canto.
Apresentamos uma proposta de avaliação e classificação da voz cantada, por meio de uma 
ficha de avaliação vocal de cantores/coralistas, que possibilita analisar vários aspectos da voz, por 
meio da sonoridade. 
Por fim, garantir que esses fatores colaborem para o bom desempenho do cantor exige 
raciocínio clínico. Você verá as possibilidades de apoio ao cantor e como potencializar seu 
desempenho vocal. 
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1. PROPRIEDADES DA VOZ CANTADA: REGISTROS, 
TIMBRES, AFINAÇÃO E GOLPES DE GLOTE
Muitas vezes, escutamos alguns sons na voz, que são ou não produzidos conscientemente. 
Muitos aspectos e características da voz cantada podem dar impressão de um “canto errado”. A 
verdade é que não existe certo ou errado dentro do canto! O que existe é uma técnica inadequada 
para um estilo musical e, muitas vezes, falta de orientação vocal (técnica) e musical (estilo).
Falemos de registros; para os cantores, é comum se pensar em voz de peito e voz de 
cabeça. No Brasil, também é usada a linguagem de registro denso (voz de peito) e registro tênue 
(voz de cabeça). 
Registros vocais são séries de tons homogêneos que se caracterizam por 
um especial timbre sonoro, distinto dos outros registros e independente da 
frequência do tom emitido. É um evento totalmente laríngeo consistindo de 
séries de frequências ou, de uma faixa de frequências vocais que podem ser 
produzidas com qualidades idênticas. A definição operacional do registro deve 
depender de evidências perceptivas, acústicas, fisiológicas e aerodinâmicas 
(PINHO; PONTES, 2008, p. 49).
 Outros nomes como Mix de cabeça ou Speaking (mix de cabeça), Registro médio e Borda 
tênue, cada vezmais, vêm sendo usados. Ainda, nomes como voz de flauta e registro médio são 
comuns quando falamos de registros.
O timbre é a qualidade que a voz apresenta. Entendemos que reconhecemos um timbre 
do instrumento violão, ou piano, ou ainda violino, quando escutamos e não vemos o instrumento, 
conseguimos pela escuta reconhecer seu timbre. “Timbre, a ‘côr’ dos sons ou da voz; a qualidade 
que faz ser diferente uma voz da outra, a flauta do violino, a trompa do oboé, etc., o registro 
médio da voz do registro grave ou alto” (SINZIG, 1976, p. 577).
 O timbre em relação à voz se dá por características como soprosidade, voz rouca, 
metálica, anasalada, e podemos modificar a qualidade do timbre, que pode vir da fonte ou do 
filtro. A fonoaudióloga Silvia Pinho, no “1º Episódio” (A VOZ, 2011a), dá alguns exemplos de 
como modificar o timbre, deixando a qualidade mais soprosa, tenso e mais rouco, mostrando essa 
qualidade que vem do nível glótico, com as pregas vocais. Depois, ela demonstra alguns timbres 
que apresentam uma relação com o trato vocal, como uma voz nasal ou uma voz metálica.
O vibrato é um efeito musical que consiste na variação regular da frequência de 
determinado som, somada a vibrações sincrônicas de intensidade. Na voz humana, varia a 
frequência em altura: “[...] de modo geral, em um semitom ou menos, dependendo do gênero de 
música e do cantor” (SOUZA, 2016, p. 59). Foi usado pelos cantores de rádio, influenciado pelo 
bel-canto da ópera italiana: “[...] a rítmica e a fonética do português do Brasil, o vibrato na música 
popular acabou se revestindo de características próprias” (SOUZA, 2016, p. 59).
Pode ser produzido de várias maneiras por meio da articulação, há três maneiras de se 
obtê-lo: pela movimentação da laringe, pela movimentação do diafragma e pela combinação de 
ambos (SOUZA, 2016, p. 59).
Outras características, como melismas e drives em alguns estilos, também são termos 
frequentemente usados em alguns estilos de canto.
Na finalização vocal, em momentos de performance, notamos o envolvimento de todos 
os aspectos e características da técnica vocal e outras questões importantes, como a afinação do 
cantor. 
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Há pessoas que desenvolvem a habilidade da afinação. Quando tratamos de um adulto 
que teve uma vivência anterior, que sempre escutou música, de estilos variados, tem boa 
percepção rítmica e melódica, provavelmente, terá boa afinação. Outras pessoas infelizmente não 
apresentam condições de cantar, pessoas que têm patologias graves nas pregas e distorcem o 
som. Outras pessoas têm amusia, uma incapacidade patológica de percepção musical (produzir, 
reproduzir ou perceber sons).
Nestes casos citados, deve-se procurar um professor de música, ou especificamente 
para canto, um professor de canto. Outra situação semelhante com problemas de afinação são 
bloqueios psicológicos.
 Alguns sons produzidos no canto apresentam posturas e finalizações, que muitas vezes 
podem vir acompanhadas de ataques. O cantor pode se machucar dependendo da forma como 
emite alguns sons. Por exemplo, quando um cantor ataca de forma brusca o som, iniciando 
uma palavra com vogal, realiza o que chamamos de golpe de glote. Iniciando alguns exercícios 
vocalizes com consoantes fricativas [z], [v] ou [j], com consoantes nasais [m] ou [n], podemos 
evitar o golpe. Mas e na música? Quando a frase inicia com uma vogal?
Há várias formas de atacar a nota, e da região grave e aguda, há diferença não só do 
tamanho da boca que o cantor vai abrir, do fluxo de ar, apoio respiratório, mas também esses 
detalhes que fazem a diferença, se o cantor gastar um pouco de ar no ataque, mesmo se a 
intensidade do som for forte ou fraca, o golpe de glote não acontecerá.
No canto coral, principalmente classificado como amador (com cantores amadores, que 
não possuem leitura musical e conhecimentos técnicos avançados), não costumamos realizar 
exercícios que iniciem com vogais, procuramos iniciar com consoante, por exemplo, “vi”, ou “ziu”, 
que, além de auxiliar no apoio, evitam o golpe de glote.
Escolher bons professores, para técnicas específicas para seu estilo musical, é fundamental.
2. CARACTERÍSTICAS DA VOZ CANTADA 
A voz é única, como se fosse uma “digital” humana. Identifica a personalidade, a forma 
como a pessoa encara o mundo, a sexualidade, a forma de comunicação com as pessoas, e 
características de personalidade; assim, por exemplo, apresentam vozes retraídas pessoas que são 
tímidas. Na voz cantada, é necessário mexer na voz, mudando assim o corpo inteiro.
Um desafio comum entre os cantores é a criação da sua identidade vocal. Ao longo de 
anos, ela é construída, ou até modificada, com ajustes, e vários fatores nos mostram que, como já 
dissemos acima, a voz é única!
Entre os fonoaudiólogos que trabalham com voz cantada e professores de canto, há um 
tema em discussão dos profissionais sobre a Formante do Cantor (GUSMÃO; CAMPOS; MAIA, 
2010). 
Um cantor, ator ou coralista, iniciante ou não, deve procurar um professor de canto para 
realizar a prática de seus estudos vocais. É necessário que o professor de voz conheça a anatomia 
e a musculatura, pois como dissemos acima, cada voz é uma voz, e cada corpo também. Há 
situações físicas que influenciam a forma de emissão vocal entre as pessoas, como, por exemplo, 
um cantor que tem queixo pequeno deverá abrir mais a vogal “A” do que um cantor que já possui 
essa estrutura maior. Outras pessoas apresentam dificuldades em realizar exercícios com vibração 
de língua, que podem ter relação com fatos ocorridos desde o seu nascimento, se usou chupeta, 
mamou na mamadeira ou no peito, ou ainda, se a pessoa mastiga mais de um lado do que do 
outro. Tudo isso vai influenciar na musculatura; consequentemente, algumas vogais poderão ter 
alterações sonoras por conta de estruturas externas, internas ou da própria voz.
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Quando há queixas de cansaço vocal no início dos estudos vocais, orientamos que o 
cantor faça uma avaliação e um exame de laringoscopia ou videoestroboscopia com um médico 
otorrinolaringologista. Após diagnóstico do exame, se apresentar fendas, nódulos vocais ou 
calos, ou ainda pólipos vocais, recomendamos que inicie um tratamento com fonoaudiólogos 
especialistas em voz, na área de voz/canto, que podem realizar a reabilitação desse cantor, e 
ainda orientar para prevenção, mudança dos comportamentos e depois, sim, trabalhar a estética 
no canto. Em muitos casos de atores, fonoaudiólogos ajudam na construção de personagem, 
trabalhando características de timbre.
A tessitura vocal envolve todas as notas que o cantor consegue cantar, entretanto a extensão 
vocal é o limite das notas que ele canta com qualidade, por exemplo, uma cantora consegue, em 
seus exercícios de canto, cantar de dó3 a dó5, mas no repertório que realiza, fica mais confortável 
cantar de ré3 a lá4.
As características individuais vocais já mostram que não é necessário, quando cantamos, 
cantar no mesmo tom do cantor que executa aquela música, às vezes, abaixar ou subir ½ tom faz 
muita diferença na qualidade vocal final.
As pregas vocais, conhecidas popularmente como cordas vocais, são duas pregas, 
produzem o som e podem participar da construção de um personagem, por exemplo, um som 
“growling”, usado em estilos como jazz e rock, é produzido pelas falsas pregas vocais.
Outras características dependem da execução da projeção vocal e da intensidade. A 
projeção se refere ao brilho que uma voz no palco precisa ter, por exemplo. O trabalho com a 
intensidade (forte ou fraco) tem a ver com a quantidade de ar que vem do pulmão, da pressão 
subglótica e da projeção.
 
Os ciclos de inspiração e expiração na voz cantada são diferentes da voz falada. (BEHLAU; 
REHDER, 2009, p. 6). Na voz cantada, a respiração é treinada, diferente da falada, que é uma 
respiração natural. As respirações no canto se dão de acordo com as frases musicais,de forma 
rápida e pela boca, há também casos em que respiramos pelo nariz e pela boca juntos. Respirar 
somente pelo nariz altera o som; na respiração pela boca, o palato automaticamente levanta, 
facilitando o canto. O volume de ar é outra característica diferente entre a voz falada e cantada. No 
canto, o volume de ar é grande, esvaziando totalmente os pulmões. A movimentação pulmonar 
também é grande, durante a tomada de ar, há expansão de todas as paredes do tórax; em alguns 
casos, apoio abdominal inferior. Para controlar a expiração, necessitamos manter a caixa torácica 
expandida, sendo ativa no canto.
A VOZ - Episódio Final - TV Guia do Ator (Programa 23). 2011. 
Publicado no canal Guia do Ator. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=pEMH3faVy0g. Acesso em: 
12 mar. 2020. Veja neste vídeo alguns exemplos sobre a projeção 
vocal com a fonoaudióloga Dra. Silvia Pinho (nos primeiros 8 min).
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Cada estilo musical apresenta uma respiração indicada, para uma performance 
adequada, que apresente as características vocais, é necessária a também a respiração, ela pode ser 
clavicular, abdominal, intercostal, posterior, costodiafragmática, com ou sem apoio abdominal. 
Cada professor, que trabalha com seu estilo, saberá orientar. No caso do canto coral, coletivo, 
geralmente se propõe uma respiração costodiafragmática ou respiração costal diafragmática 
com apoio abdominal inferior, para que mantenha sempre a laringe baixa, para que os coralistas 
realizem menos esforço vocal ao cantar, e sim mais apoio na região aguda e gastem menos o ar, e 
menos apoio no grave, gastando mais o ar.
Nenhuma das respirações é mais correta ou errada, depende do resultado estético e 
técnico devido ao estilo musical.
 
A fonação no canto também traz características variadas da voz falada (BEHLAU; 
REHDER, 2009, p. 7). Como falamos, no caso do coral, mantém-se a laringe baixa – o que 
também ocorre na maior parte das escolas de canto –, estabilizada, até nas regiões mais agudas.
A ressonância, na “máscara”, comumente é alta. Para o canto, buscamos esse conjunto 
entre respiração, ressonância e projeção para chegarmos a uma qualidade vocal. Os espaços da 
ressonância, onde o cantor vai “colocar” o som, é muito importante para que a performance 
aconteça com excelência (BEHLAU; REHDER, 2009, p. 8).
A qualidade vocal depende do estilo e do repertório musical. No canto coral, procura-se 
uma sonoridade mais uniforme, mesmo quando há solista; esta voz se destaca, diferente do coro, 
que mantém essa característica em todo o tempo. A performance individual traz características 
próprias, necessitando estar totalmente no seu estilo, por exemplo, um cantor de bossa nova não 
pode cantar como o lírico, e vice-versa. Para isso, há a necessidade de o professor ser específico 
quanto ao estilo que lhe interessa aprender (BEHLAU; REHDER, 2009, p. 9)
Há relatos de pessoas que fazem aula de canto há um bom tempo e que tiveram que tratar 
alguma alteração vocal nas pregas vocais. Será que esse cantor está com o profissional correto? 
Muitas vezes, está fazendo aula com professor de outro estilo, ou então, falta uma orientação 
continuada, como na voz falada.
Como podemos observar, há muitas variações entre a voz falada e a cantada. Dependendo 
da profissão, no dia a dia do cantor (nem sempre ele é só cantor), se usa muito a voz falada 
incorretamente, com pouca projeção, e outras características que o prejudicam. Isso irá refletir na 
voz cantada e, consequentemente, o mesmo acontecerá em caso contrário.
Por isso, é importante o cantor conhecer sua voz, sua musculatura, a técnica dentro do 
estilo musical que quer aprender, e cuidar da voz, prevenindo alterações.
Leia mais a respeito do assunto em Estudo da respiração em 
técnica vocal, disponível em: http://www.uel.br/pos/musica/
pages/arquivos/artigoRespiracao.pdf. Acesso em: 15 mar. 2020.
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3. ESTILOS DE CANTO
Iniciaremos pelo Canto lírico, que explora o máximo do performer, da sua respiração, 
apoio, espaço faríngeo, e o que conseguir de voz sem auxílio do microfone. Andreia Vitfer, em 
entrevista para o “1º Episódio” (A VOZ, 2011a), diz que, neste estilo de canto, não é comum o 
uso de microfone nas performances, ele só é posto em palco quando há gravação, captação, ou 
quando há rádios que vendem programas orquestrais de concertos, ou ainda, para amplificação, 
quando estão em ambientes sem acústica necessária, como um estádio ou campo de futebol.
No Coro Lírico, todos os cantores devem ser treinados no repertório operístico. Há 
algumas características no coro desse estilo diferentes do solista; por exemplo, nos madrigais, 
preferem-se cantores com vozes leves, sem muito vibrato, com grande importância para a dicção 
do texto, para uma qualidade de afinação do coro.
Canto de musical é um estilo que propõe um foco no texto, na história cantada e a 
valorização da consoante. A vogal acaba sendo trabalhada, entretanto, para contar a história, há 
este diferencial. O uso de microfone é mais comum nesse estilo.
Na preparação do cantor para musicais, o cantor precisa, neste caso, se desenvolver em 
várias habilidades artísticas, não só no canto. O maestro Marconi Araújo, em entrevista no “3º 
Episódio” (A VOZ, 2011c), diz que, no Brasil, temos uma diferença brusca quando comparado 
com os EUA e, em outros países, neste tipo de canto, os cantores já apresentam vivências diferentes 
em artes, aprendem que a arte é mais ampla.
Belting contemporâneo é uma técnica vocal de canto muito usada em teatro musical, 
muito nova no Brasil. Exige-se mais tecnicamente do emissor, é forma de fazer mix voice – registro 
médio. Como a técnica foi desenvolvida pelo maestro Marconi Araújo, temos a vantagem de a 
literatura ser em português.
Canto popular é um estilo que depende do uso de microfone. Andreia Vitfer, em 
entrevista para o “1º Episódio” (A VOZ, 2011a), diz que o foco está no timbre e na identidade do 
artista, que, muitas vezes, mescla técnicas para cantar, usando “voz de peito”, belting e até passa 
pelo lirismo, buscando qualidades diferentes na execução.
Canto Coral é uma prática de canto em conjunto, na qual temos divisões de vozes entre 
vozes femininas e masculinas. Dependendo da formação do coro, este pode usar microfones 
individuais se for, por exemplo, um grupo vocal, ou ainda microfones próprios para coro, quando 
não se tem acústica adequada em apresentações. Caso não tenha essas características, o coro 
canta sem uso de microfones.
Assista a uma entrevista com o maestro Marconi Araújo sobre o 
Belting Contemporâneo. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=DF80xLGDRg8. Acesso em: 20 
mar. 2020.
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É importante saber que nem todo repertório de coral é possível para qualquer coro! 
Depende muito do nível do coro, de seus coralistas (se tem equilíbrio entre as vozes masculinas e 
femininas), quantidade de coralistas por naipes, entre outros aspectos.
Há muitos coros que trabalham com acompanhamento de pianista e que realizam 
correpetição do repertório. Outros coros costumam cantar a capella – sem acompanhamento 
instrumental.
Temos diversos tipos de corais e suas formações, as mais encontradas são: Coros de 
estudantes (Infantis – Coros de escolas, ou Coros de Universidades – adultos), Coros institucionais, 
Coros religiosos, Coros independentes, Coro de câmara, Ensembles, Coro sinfônico, Coro lírico, 
Coro Cênico e Coros de aprendizado.
Temos a classificação CORO MISTO (obrigatoriamente tem que ter vozes masculinas e 
femininas) e CORO DE VOZES IGUAIS (feminino ou masculino).
Quando um coral ensaia um repertório popular, encontramos alguns instrumentos 
acrescentados à performance, além do piano de que já falamos anteriormente, percussão 
(instrumental ou corporal), violões, bateria, entre outros. É comum também, nos arranjos, alguns 
usarem sonsvocais como acompanhamento do coro (harmonia).
Há uma busca pelo repertório a ser apresentado por cada grupo, tanto em obras quanto 
em arranjos, pois as dificuldades técnicas que aparecem para o conjunto precisam ser levadas 
em consideração. Temos hoje um grande número de coros classificados como “Coros amadores”, 
em que as pessoas não têm uma intenção de trabalhar repertório para performance, mas, sim, 
aprender a técnica vocal, cantar corretamente, interagir com outras pessoas. Não quer dizer que 
esse coro não possa ter qualidade musical, mas o foco não é rígido como um Coro de Câmara, 
pois o perfil é outro.
Há muitos coros no Brasil e no mundo. No nosso país, encontramos de todos os tipos, de 
várias formações diferentes. Basicamente, no Canto Coral, as vozes se dividem em naipes; depois 
de uma classificação vocal, o regente ou preparador do coral divide as vozes pela sua tessitura 
vocal, basicamente, em:
 
Assista ao vídeo da performance do Angel City Chorale Choir no 
America’s Got Talent 2018. Notamos efeitos de sonoridades (com 
sons de “x”, sons de pássaros) e algumas coreografias simples 
que o coro realiza e que, em nenhum momento, prejudicam a 
performance musical. Há um solista junto ao coro, que destaca sua 
voz nos momentos de solo, não perdendo o estilo musical. Este faz 
uso de microfone auricular. Muitas vezes, as vozes masculinas estão cantando 
junto na mesma voz que o solo; mesmo assim, há um destaque do solo. O grupo 
coral usa instrumentos de percussão na sua apresentação, por conta do estilo. 
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=B1cjW3rGSvg. Acesso em: 2 
fev. 2020.
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VOZES FEMININAS VOZES MASCULINAS
Naipe Extensão vocal Naipe Extensão vocal
Soprano de dó3 a dó5 Tenor de dó2 a dó4
Meio-soprano de lá2 a lá4 Barítono de lá1 a lá3
Contralto de fá2 a fá4 Baixo de fá1 a fá3
Quadro 1 – Dados do livro Higiene vocal para canto coral. Fonte: Adaptado de Behlau e Rehder (2009).
Se observarmos na literatura, podemos encontrar outras variações sobre os dados 
apresentados, nem todas as sopranos cantarão exatamente as mesmas notas da tessitura ou 
extensão vocal.
As vozes apresentam diferenças dentro do parâmetro musical ALTURA (graves e 
agudos). Sopranos e tenores são vozes mais agudas (mais “finas”); contraltos e baixos são as vozes 
mais graves (mais “grossas”); as vozes classificadas como meio-soprano, que podem também ser 
chamadas de mezzo-soprano, e barítono são vozes medianas, ou “médias”, nem tão graves ou tão 
agudas.
Há outras nomenclaturas de vozes, que existem além das mais comuns apresentadas, 
como contratenores e sopranistas. Embora alguns repertórios sejam comuns das duas vozes, elas 
são diferentes por questões fisiológicas, de timbre e de passagem. 
Veja o vídeo Vida de Cantor Lírico 2 | Diferença entre contratenor e sopranista. Neste 
vídeo, você terá uma explicação detalhada sobre a diferença dessas vozes pelo 
sopranista brasileiro Bruno de Sá Nunes. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=HWQH3z-moTQ. Acesso em: 2 fev. 2020.
Veja também uma performance do sopranista para compreender sonoramente 
como é essa voz. Neste vídeo, ele se apresenta junto com o contratenor Martin 
Oro. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=AL1PDDBj7LY. Acesso 
em: 2 fev. 2020.
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Embora as vozes de meio-soprano e barítono apareçam no quadro anterior, em muitos 
casos, nos arranjos/obras para canto coral, não há essa divisão de voz escrita; sendo assim, 
geralmente essas vozes cantam nos naipes mais graves, contralto (mulheres) e baixos (homens).
Outros arranjos propõem divisões entre vozes do próprio naipe, por exemplo, Soprano I 
e Soprano II, Contralto, Tenor I e Tenor II e Baixo. Neste caso, nem sempre podemos colocar as 
mezzo-soprano/meio-soprano para cantar essa voz, pois depende da extensão vocal que estará 
determinada na partitura musical.
No caso dos coros amadores, recebemos pessoas com pouca ou nenhuma experiência 
vocal anterior. Muitas vezes, a pessoa se interessa em ser coralista pela socialização, e pelo 
aprendizado vocal e musical que terá com o canto coral. Entretanto, é um trabalho de difícil 
execução para o regente, pois cada um tem uma voz específica, traz consigo suas vivências (boas 
ou ruins), muitas vezes, o aspecto psicológico influencia no resultado sonoro imediato do cantor 
(se já tentou cantar antes quando criança ou mesmo adulto em outro coro, e ficou com traumas 
por terem dito: “você não serve para isto”, ou “você é desafinado, não pode cantar”). Em minha 
carreira, recebi muitas pessoas com esses perfis, que demoraram muito tempo para interiorizar e 
realizar com qualidade suas performances, por não acreditarem em suas capacidades.
4. INFLUÊNCIA DIRETA E INDIRETA NA VOZ CANTADA
 
Podemos entender que tudo o que influencia diretamente ou indiretamente a voz também 
influencia o nosso corpo de maneira geral. Ainda há muitos mitos sobre higiene vocal, entretanto, 
hoje, podemos nos amparar em recursos que possam nos ajudar na prevenção, ou na melhora, 
quando há um desgaste vocal.
Inalação com soro e nebulização, hidratação com água, dormir bem são fundamentais 
para o cantor no seu dia a dia e nos momentos de performance. Usar LaxVox e realizar exercícios 
vocalizes apropriados será o ideal para o cantor.
 
 O inalador portátil, que funciona com duas pilhas, é super prático, podendo, 
assim, fazer inalações com soro em intervalos de trabalho, ou até mesmo, durante 
o aquecimento vocal, auxiliando na hidratação das pregas vocais. Ideal para 
cantores e outros profissionais que usam a voz como instrumento de trabalho. E 
tem uma vantagem: é muito silencioso!
 
Figura 1 - Inalador portátil. Fonte: Nebzmart (2020).
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O uso de alguns incentivadores vocais por fonoaudiólogos, como Shaker, Respiron, 
Tubo LaxVox, Power Breath, Threshold, Termoterapia (vapor quente), Crioterapia (frio ou gelo), 
inalação e nebulização, influencia diretamente no resultado sonoro. Recomendamos também o 
uso de massageadores na região do pescoço e ombros, onde há muitas tensões.
Outro recurso que está sendo muito usado por fonoaudiólogos e cantores é o MindVox, 
que funciona como um retorno individual, de modo que o próprio cantor tem um feedback 
auditivo ao cantar.
Sabemos que não é ideal cantar quando estamos gripados, com dor de garganta, com 
infecções, pois isso afeta nosso corpo. Por exemplo, a gripe, se acompanhada de tosse e espirros, 
coriza e congestionamento nasal, pode causar rouquidão e/ou também uma alteração da 
sonoridade do timbre do cantor. 
As mulheres, em período pré-menstrual, também deveriam evitar cantar, especialistas 
em voz recomendam: “[...] quando possível, evite cantar ou vocalizar com muito esforço vocal no 
período pré-menstrual (geralmente de 1 a 3 dias antes da menstruação) e durante a menstruação 
(BEHLAU; REHDER, 2009, p. 29). 
Outro problema no corpo que temos que afeta diretamente o canto é o refluxo 
gastroesofágico. Ele é prejudicial à saúde. O sintoma mais comum do refluxo é a disfonia, ele 
afeta o comportamento laríngeo, levando à hiperfunção vocal com efeitos diretos ou indiretos. 
Ocorre edema de mucosa e hiperemia nas pregas vocais. Alguns sintomas como rouquidão, 
tosse, sensação de queimação, pigarro, dor de garganta são comuns quando se tem refluxo 
gastroesofágico, que pode ser uma condição fisiológica ou um refluxo patológico, influenciando 
na qualidade de vida em geral.
É necessário procurar um médico, que pode ser o próprio otorrinolaringologista para 
averiguar as sensações. Evitar alguns hábitos como líquido junto com as refeições, alimentos 
ácidos como café, frutas cítricas, chocolate, pimentão e álcool auxilia na melhora dos sintomas. 
Dormir de estômago cheio também não é recomendado, pode causar refluxo gastroesofágico.
Além de alterações, lidamos com uma questãomuito difícil para muitos cantores: a 
ansiedade! Ela causa um problema que afeta diretamente a voz do cantor! Muitas vezes, o cantor 
precisa enfrentar outras características físicas e psíquicas que não são necessariamente vocais, 
mas que afetam diretamente o resultado final. Ele sabe a técnica, a respiração, onde “colocar a 
voz” no seu estilo e, muitas vezes, a parte psicológica faz com que se perca todo o trabalho que 
ele tem.
Em geral, deve-se primeiro evitar um abuso vocal, ou ainda o mau uso da voz; por 
exemplo, quando o cantor realiza ataques bruscos, a falta de coordenação da respiração, a falta de 
ar para impulsionar, falta de apoio, tensões na garganta ou cervical são prejudiciais.
A falta de hidratação causa um ressecamento da mucosa, acarretando, assim, um maior 
esforço vocal, um aumento da tensão na garganta e tem-se perda de volume. E quando há 
rouquidão, deve-se evitar cantar e fazer repouso vocal.
É importante observar, no caso de alguns cantores, iniciantes ou não, que se deve, 
além de procurar um fonoaudiólogo quando necessitam de reabilitação, realizar 
uma avaliação com um psicólogo.
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A primeira mudança tem que ser do comportamento vocal do cantor. Ele deve observar 
o que influencia direta ou indiretamente a sua voz especificamente. Para algumas pessoas, água 
gelada faz mal, isso não é uma regra para todos, entretanto tomar algo gelado diminui a circulação 
de sangue na garganta. Para alguns, não há sensação diferente. O mel, por exemplo, é benéfico 
para a saúde, mas não pode ser usado para a performance. É o mesmo caso do gengibre, que tem 
efeito anestésico, faz bem para o corpo, mas, antes da performance, tomar chá de gengibre deve 
ser evitado, seu efeito é anestésico. Algumas fórmulas em spray, geralmente, “[...] incluem um 
componente analgésico e anestésico que atua como o álcool sobre as paredes da boca e faringe” 
(BEHLAU; REHDER, 2009, p. 37). 
Por isso, a Fonoaudiologia é voltada para a reabilitação do cantor ou uma habilitação, 
propondo esta mudança no comportamento vocal, e o professor de canto vai realizar 
posteriormente um treinamento vocal desse cantor.
Após a performance, deve haver o que chamamos de desaquecimento vocal. O cantor 
deve continuar hidratando com água e soro fisiológico, realizar bocejos e depois deve ter um 
repouso vocal.
É fundamental ter boa alimentação, pois o que comemos influencia diretamente, causando 
ou não pigarros, deixando a saliva mais grossa, e conhecer o seu corpo e observar o que lhe 
faz mal é importante. Antes de cantar, o cantor deve evitar alimentos com gorduras, chocolates, 
alimentos “pesados”. Deve preferir alimentos mais leves, comer maçã; além disso, deve usar 
roupas confortáveis, principalmente quando for cantar por um longo período de tempo.
5. AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DA VOZ CANTADA
Cada exercício de técnica vocal é pensado para uma finalidade específica, exercícios 
de vibração, por exemplo, massageiam as pregas vocais e ajudam a circular o sangue no tecido. 
Outros exercícios são pensados para o trabalho da extensão vocal, um “alongamento” da prega 
vocal; outros, ainda, para trabalhar o apoio, com sons staccato. Existem diversos exercícios, e 
cada professor de canto dentro do seu estilo realizará o mais adequado para aplicar com o cantor 
dentro do repertório.
Apresentaremos a seguir um modelo de avaliação vocal usado para uma classificação 
vocal com cantor coralista, útil também para cantores.
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Quadro 2 - Instrumento para avaliação vocal. Fonte: Adaptado de Costa (2005).
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Esta ficha de avaliação vocal foi criada a partir de modelos disponibilizados na dissertação 
de mestrado Diagnose em canto coral: parâmetros de análise e ferramentas para avaliação, de 
Paulo Rubens Moraes Costa (2005). 
Nos primeiros campos preenchidos, temos informações importantes, como a idade do 
cantor, se é criança, adolescente, adulto ou idoso. Essas características são fundamentais para a 
escolha do repertório, e ainda, dependendo da idade do cantor, é necessário verificar se a criança 
está passando por muda vocal, ou se o idoso já apresenta algumas dificuldades vocais por conta 
da idade, estruturas que devem ser pensadas de acordo com a característica individual.
A experiência com canto nos traz não só se a pessoa fez aula de canto e com qual professor, 
mas também outras informações relevantes, como, por exemplo, se cantou em algum grupo de 
igreja e, se fez aulas, foi individual ou coletiva?
Saber a preferência musical é importante para detectar outros aspectos vocais, pois em 
alguns estilos musicais, muitos tentam “imitar” e “copiar” a forma como o cantor realiza sua 
performance vocal. E verificar se há uma preferência por um estilo de música no contexto descrito 
pelo aluno leva à procura por uma técnica específica de um estilo musical.
Conseguimos realizar uma classificação da tessitura geral e também da extensão vocal. 
Na tessitura geral, registramos todas as notas musicais que a pessoa consegue atingir ao cantar, 
por meio de exercícios vocalizes. A extensão vocal é classificada pela qualidade de emissão dos 
sons. Por exemplo, o cantor pode atingir até a nota si5, entretanto na sua extensão vocal, é ideal 
que cante até sol5. Usamos a clave de sol para escrever as notas para as vozes femininas e a clave 
de fá para vozes masculinas, no caso de notação musical.
As regiões de passagens vocais são caracterizadas pelo tipo de classificação vocal e 
ajudam a classificar e identificar problemas como “quebras”, reclamações comuns de cantores, 
dependendo da música, quando exige uma grande extensão vocal, pois, muitas vezes, escutamos 
“falhas” vocais, ou até mesmo passagens entre registros.
O tom cantado por um cantor não é, e não deve ser, o mesmo tom cantado por todos! O 
tom deve ser confortável, em regiões que explorem sua extensão vocal com qualidade. Se o tom 
estiver muito agudo ou muito grave, notaremos perdas claras de qualidade vocal ao escutar e, 
muitas vezes, subindo ou abaixando um tom ou meio tom, fica ideal para aquela voz.
Após observarmos os aspectos vocais da emissão nessa ficha, observaremos a postura. 
Pediremos para o aluno cantar uma música inteira ou um trecho, de preferência com variações de 
alturas – podemos pensar em estrofe e refrão; assim, poderemos ter uma ideia em regiões graves, 
médias e agudas.
Um item muito importante a ser observado é a respiração. Observar se ela está “alta”, com 
ou sem expansão das costelas, ou sem nenhum tipo de movimentação, é necessário para seguir 
um trabalho com o cantor.
No item “características vocais”, observamos toda e qualquer qualidade ou modificação 
apresentada, desde sonora até o aspecto visual. Externamente, na região do rosto, podemos 
observar a articulação: se é precisa em relação às consoantes, como são pronunciadas junto às 
vogais, o movimento da língua, se o som é frontal ou não, metálico ou não, nasal, entre outros. 
Marcamos os itens que o aluno apresenta com um “x” e, nos outros, escrevemos as demais 
características. 
Muitas vezes, a falta de percepção musical, a falta da vivência com canto traz problemas 
com a afinação, ou outras situações que já tratamos no início da unidade.
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A memória rítmica vem antes da afinação. Quando um bebê pequeno começa a cantar, 
é provável que ele cante desafinado “borboletinha tá na cozinha”, e ainda, algumas das sílabas 
das palavras, mas não perde a memória rítmica. A prega vocal da criança demora um tempo 
para iniciar no canto de fato. É aconselhável que iniciem em corais crianças maiores de 5 anos. E 
muitas vezes, não temos coros infantis, temos coros mistos, como “infanto-juvenis”, justamente 
pela dificuldade e falta de conhecimento de regentes corais para trabalhar com vozes de crianças 
tão pequenas.Há alguns casos em que o cantor faz uma avaliação vocal para participar em um coral; 
muitas vezes, sua classificação não será o naipe que ela irá cantar. Desse modo, podemos 
determinar uma “atual classificação vocal” durante um tempo. Isso se deve ao tanto de técnica 
que a pessoa já apresenta. A voz pode ser de soprano; entretanto, se a técnica está muito iniciante, 
e a coralista realiza esforços vocais, ela pode iniciar cantando algumas músicas do repertório na 
voz de contralto, cuja extensão vocal não seja inadequada para ela no momento.
Outras observações podem vir a ser relevantes, inclusive algumas orientações ou 
solicitações, qualquer tipo de observação que necessite de tratamento. Explicamos a necessidade 
de procurar um otorrinolaringologista para realizar um exame de videolaringoscopia ou 
videoestroboscopia para visualizar as condições das pregas vocais, e com o laudo médico, caso 
haja fenda, nódulo ou outra alteração, solicitamos imediatamente que procure um tratamento 
fonoaudiológico.
Essa avaliação pode ser realizada por profissionais na área do canto e/ou fonoaudiólogos 
que trabalham com voz cantada. Música e fonoaudiologia são duas áreas que se complementam, 
principalmente no canto, entretanto o fonoaudiólogo faz fonoterapia, de reabilitação ou adequação 
vocal do cantor; já o professor de canto ou regente (no caso do canto coral) trabalhará a técnica 
vocal, aspectos musicais e performance dentro do estilo.
6. DIFERENÇA ENTRE VOZ CANTADA E VOZ FALADA
É fundamental compreender que, mesmo falando sobre voz profissional, existem 
diferenças entre as atuações. A principal delas é a diferença entre voz falada profissional e voz 
cantada profissional.
A primeira diferença é em relação à intenção comunicativa de cada uma, sendo que uma 
tem intenção de transmitir uma mensagem através da clareza das palavras, que devem ser bem 
articuladas, e essa habilidade é muito menos consciente do que na voz cantada, demonstrando 
que, para realizar a atividade de cantar, o sujeito necessita de um mínimo de treino.
O nível de exigência e expectativa sobre as vozes são parâmetros importantes a serem 
analisados. A emoção contida nas vozes faladas pode ser manipulada; já as vozes cantadas são 
transmitidas pela sensação que o cantor tem naquele momento, o movimento corporal irá conduzir 
essa expressão. Veremos então, neste tópico, componentes físicos distintos nessas situações.
O primeiro item a ser diferenciado é a respiração. Na voz falada, a respiração é conduzida 
pelas emoções sentidas no momento, na fala a respiração torna-se rápida e bucal enquanto pode 
haver aumento no fluxo aéreo e no recrutamento da musculatura torácica quando é preciso 
aumentar a intensidade vocal. Já na voz cantada, o acionamento da respiração é previamente 
treinado. O cantor pode, em uma música, treinar qual o tipo de respiração usar e em quais 
frases vai precisar de uma quantidade maior de ar ou não. A respiração bucal favorece a entrada 
rápida do ar, facilitando a performance que precisa de uma resposta rápida dos pulmões e maior 
amplitude de movimento, sendo recomendado que o cantor mantenha as costelas abertas. 
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Outro parâmetro que pode ser diferenciado é a fonação: na voz falada, ocorrem maiores 
ciclos de abertura de prega vocal do que fechamento, provocando mais clareza na produção de 
vogais; na voz cantada, a vibração de prega vocal permite a criação de mais harmônicos na voz.
A altura tonal em decibéis da voz falada está em torno de 64 db; este é um dado que 
representa a diferença de ressonância e projeção vocal entre voz falada e cantada. No canto, 
algumas pessoas são capazes de alcançar 110 db. A projeção da voz falada é amparada pelo 
aumento da respiração, abertura de boca e está em nível médio, enquanto na voz cantada a 
tendência de uso da ressonância é alta. Com o aprimoramento vocal, o cantor desenvolve técnica 
para executar todos os níveis de ressonância, médio, alto e peito, lembrando que, para cada estilo 
musical, o cantor desenvolve uma técnica específica e os ajustes vocais são específicos daquele 
estilo (BEHLAU, 2010).
Outras características com qualidade vocal, pausa e postura são diferentes na voz falada 
e cantada pela exigência que ocorre no canto, enquanto que, na voz falada, não. Os sons de fala 
são empregados na voz falada de maneira mais articulada, precisa e ampla, pois o objetivo central 
nessa modalidade é ser compreendido quanto às palavras; no canto, a influência da mensagem 
passada está nos aspectos melódicos.
6.1 Dinâmica Vocal na Voz Cantada
As características fisiológicas do canto são fundamentais para a prática clínica, 
principalmente para o aprimoramento vocal. Muitos autores comparam a atividade de cantar 
com exercícios de alta performance, cantores são descritos como atletas da voz. Veremos agora a 
exigência muscular e a dinâmica executadas no canto.
Dois músculos desempenham função determinante na voz: o músculo TA (tiroaritenóideo) 
e CT (cricotireóideo). O primeiro corresponde ao corpo da prega vocal e à produção dos sons 
graves, é um músculo extremamente fatigável, pois realiza contração lenta. O músculo CT realiza 
o alongamento das pregas vocais produzindo os sons agudos, facilitando a produção de uma voz 
com a sensação de ressonância mais alta (MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
No canto erudito, por exemplo, a grande maioria das mulheres canta em região aguda, 
recrutando mais ainda a participação do músculo CT; neste estilo de canto, normalmente não é 
utilizado o microfone, portanto o cantor busca maior projeção vocal para transmitir o canto.
Observe no vídeo Tonos agudos - Músculo cricotiroideo - Cricothyroid 
muscle, disponível em 
https://www.youtube.com/watch?v=z5EVVPcv7TY, 
a movimentação de pregas vocais. O exame de vídeo de 
laringoscopia demonstra o alongamento de prega vocal, portanto 
você irá perceber a movimentação dos músculos TA e CT acionados 
na realização de som grave e som agudo, respectivamente. 
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7. ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA VOZ CANTADA
O princípio da atuação fonoaudiológica na voz cantada é a compreensão do que é 
música, não se limitando apenas ao conhecimento estético da voz. Somente com esse nível de 
conhecimento o fonoaudiólogo será capaz de compreender qual a real necessidade do paciente. A 
primeira dificuldade está nas necessidades vocais desse grupo, devido ao maior nível de exigência. 
Qualquer desvio pode causar grande impacto sobre a qualidade de vida do sujeito.
Assim como nas demais alterações da voz, a proposta inicial é auxiliar o paciente 
a compreender de maneira real o quanto a alteração afeta sua qualidade de vida. Quando 
essa concepção é desproporcional ao nível real, o paciente passa a desmerecer o ocorrido ou 
superestimar a realidade da alteração. Por isso, o fonoaudiólogo que recebe em seu consultório 
um cantor deve se ater a noções específicas, como ser sensível aos problemas mínimos que podem 
ser relatados, saber aconselhar e criticar de maneira positiva, melhorar as técnicas já usadas pelo 
cantor, manter foco e equilíbrio no sistema pneumofonoarticulatório, explicar detalhadamente 
cada exercício, explicar a necessidade de se generalizar o que foi aprendido no dia a dia, estar 
atento às evoluções e próximas etapas do tratamento e, por último e não menos importante, 
auxiliar o paciente na compreensão de que, mesmo com uma alteração, ele pode manter uma 
qualidade vocal no desempenho das suas funções, dentro de suas possibilidades (BEHLAU, 2010).
O próximo passo é ensinar o cantor sobre o aquecimento vocal específico para sua 
necessidade, acionando musculatura intrínseca e extrínseca para reduzir tensão, equilibrar 
qualidade vocal, melhorar a onda mucosa e aumentar tônus de prega vocal, além de adequar 
postura e preparar o corpo para receber as modificações corretas (MARCHESAN; JUSTINO; 
TOMÉ, 2014).
O aquecimento vocal consisteem uma ordem sequenciada de exercícios. O primeiro 
exercício é a ativação máxima do músculo tireoaritenóideo com a produção de “a” basal grave 
repetida cinco vezes. O segundo exercício é a ação do músculo cricotireóideo, realizando sopro em 
som agudo cinco vezes repetidas. O terceiro é a mobilização de mucosa da prega vocal realizada 
através da vibração de língua em tom médio e, na sequência, em escala musical, passando para o 
quarto exercício de projeção de voz no espaço: a produção de sons fricativos como F/Z/J e, por 
último, o quinto exercício, ativando as ressonâncias através da produção de sons nasais M/N/NH 
modulados, dissipando a energia. Esse aquecimento vocal é muito importante para a prática da 
voz cantada, todos os estilos musicais devem compreender sua importância e nunca devem ser 
subestimados (BEHLAU, 2010).
A recuperação de uma disfonia deve seguir o conceito clínico que já aprendemos; 
no entanto, na prática da voz cantada, o fonoaudiólogo deve proporcionar ao paciente o 
aprimoramento vocal. É nesse sentido que cada estilo musical demanda uma aplicação diferente 
para cada um.
Começamos pelo canto popular, nele temos estilos mais conhecidos como o sertanejo. As 
características marcantes desse estilo são ressonância nasal e excesso de vibrato. A característica 
de qualidade vocal observada é tensa e comprimida. No estilo musical samba e pagode, a 
característica principal são as rápidas variações rítmicas e de qualidade. Já o estilo musical rock 
requer maior constrição laríngea, qualidade vocal áspera e rouca e o canto de alta intensidade.
Essas infinitas variações fazem com que a atuação fonoaudiológica nestes casos seja de 
seleção de quais comportamentos podem ser mantidos e quais devem ser trabalhados. Uma vez 
que alguns comportamentos nocivos constituem a característica do cantor, deve ser trabalhada a 
resistência vocal correspondente à exigência da sua agenda, principalmente em cantores da noite. 
Fatores com articulação podem fazer parte do processo (BEHLAU, 2010).
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Já no canto erudito, as demandas são diferentes. O primeiro passo da terapêutica é a 
classificação das vozes femininas, que podem ser soprano, meio-soprano e contralto; as masculinas 
são tenor, barítono e baixo. Essa classificação deve ser feita em conjunto com o professor de 
canto. Em algumas situações, é possível solicitar a avaliação do otorrinolaringologista, que pode 
correlacionar estruturas à classificação.
Nesta população, os cuidados do fonoaudiólogo devem se dividir entre a voz cantada e 
falada. É comum encontrarmos alterações em relação à voz falada, pois ela deixa de ser o foco 
do cantor. Estudos tentam encontrar ligações entre a voz falada e cantada do cantor lírico, no 
entanto não é observada nenhuma influência. É fundamental a troca entre fonoaudiólogo e 
professor de canto para que as orientações e o trabalho de ambos entrem em harmonia, seguindo 
as mesmas orientações, tomando sempre cuidado para que os exercícios não modifiquem ajustes 
já empregados pelo cantor, que é muito sensível a essas mudanças (BEHLAU, 2010).
Montserrat Caballé - O mio babbino caro, disponível em 
https://www.youtube.com/watch?v=RxZSP1Dc78Q, é uma apresentação da 
cantora Montserrat Caballé interpretando a composição musical O mio babbino 
caro do autor Giacomo Puccini. Observem a qualidade vocal da cantora e quantos 
ajustes são necessários para desempenhar o canto Lírico. Esta composição 
é executada em soprano pela cantora, ou seja, para desempenhar a técnica, é 
preciso estudos e preparo.
Agora veja o vídeo Freddie Mercury - How can I go on, disponível em 
https://www.youtube.com/watch?v=akdAvg8SO1A, em que a mesma cantora 
realiza uma performance com o cantor Freddie Mercury. A cantora utiliza 
ajustes do canto lírico enquanto o cantor do canto popular, em determinado 
momento da performance, utiliza a voz falada, característica do canto popular. 
Independentemente das classificações do canto, o preparo vocal se faz necessário 
para o bom desempenho e manter a saúde vocal.
Uma ferramenta muito didática para ajudar o cantor a compreender 
a alteração em sua voz é a ferramenta de análise acústica da 
voz por meio de softwares. Algumas versões estão disponíveis 
gratuitamente para download. Veja uma versão disponível em: 
http://www.usp.br/gmhp/soft/praat.pdf.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entender o papel de cada profissional no meio da voz cantada é muito importante. As áreas 
se completam, por isso é necessário que o cantor tenha um bom otorrino, um bom fonoaudiólogo 
e um bom professor de canto.
O médico otorrinolaringologista deve ser consultado em média uma vez por ano, ou 
quando o cantor notar perda de agudos ou muita rouquidão frequente. O fonoaudiólogo fará a 
fonoterapia, de reabilitação ou adequação vocal, do cantor. Já o professor de canto trabalhará as 
questões técnicas na música, de estilo musical e fará manutenção.
Conhecer sua voz, saber o que faz bem para seu corpo e utilizar meios que possam influenciar 
diretamente no seu resultado sonoro é fundamental para um cantor, independentemente do nível 
musical ou da experiência vocal que ele tenha.
Por isso, as áreas que atuam diretamente com o cantor (música e fonoaudiologia) devem 
ter muitas parcerias e integrações. É importante que o professor de canto conheça e saiba trabalhar 
a voz do seu cantor, assim como o fonoaudiólogo saiba compreender as ações da voz cantada 
para, assim, as áreas trabalharem juntas! 
O mais importante para quem quer desenvolver o canto é criar uma disciplina de estudos. 
Cada um já traz consigo um nível musical, as vivências anteriores aos seus futuros estudos; 
entretanto, há muitas questões fonoaudiológicas e musicais envolvidas para ser um excelente 
cantor.
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WARD, J. P. T.; LEACH, R. M. Fisiologia básica do sistema respiratório. Barueri: Manole, 2012.os quais se originam no arco da cartilagem cricóidea e sua inserção ocorre na cartilagem 
tireóidea. Estes músculos executam a tensão e o alongamento das pregas vocais, e diminuem o 
espaço entre a cartilagem cricóidea e a tireóidea.
1.2 Histologia
A histologia de laringe permite compreender a produção vocal, partindo do conhecimento 
da morfologia e da função do agrupamento celular que forma os tecidos desse sistema. Os tipos 
de tecidos encontrados na laringe são os tecidos conjuntivos, tecido nervoso, tecido muscular, 
tecido ósseo e tecido conjuntivo. 
Estudaremos a histologia da porção condutora do sistema respiratório, configurada 
na parte laríngea. Abrahansohn (2016) descreve que grande parte do aparato de condução do 
ar é revestida por um epitélio pseudoestratificado  cilíndrico ciliado com células caliciformes, 
responsáveis pela produção de muco que umidifica, retém micropartículas e aquece o ar 
transportado, preparando para os alvéolos, que são extremamente sensíveis. 
A produção do muco ocorre nas glândulas e por células calciformes em toda a parede 
do tubo; sem exceção, esse epitélio também reveste o tubo laríngeo, constituído por células 
basais, células colunares com cílios, células caliciformes, células colunares com microvilos e 
células granulosas, todas participam da umidificação do ar transportado. Sendo assim, devemos 
considerar o aparato respiratório desde o nariz, fossas nasais e faringe como parte importante 
para a saúde vocal.
Veja o vídeo Canto músculos extrínsecos, no qual você terá uma 
dimensão do funcionamento isolado de cada um dos músculos 
intrínsecos da laringe, lembrando que não é possível acionar um 
músculo isoladamente durante a fonação, e sim um agrupamento 
muscular. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=mmckasxrkEw. 
Acesso em: 4 fev. 2020.
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Existem duas outras proporções anatômicas relevantes da laringe, são elas: as pregas 
vestibulares e pregas vocais. Ambas apresentam estruturas diferenciadas importantes. As pregas 
vestibulares são revestidas por epitélio respiratório, sua porção profunda apresenta glândulas 
que secretam muco e cartilagem; já as pregas vocais são revestidas por epitélio estratificado 
pavimentoso e, em sua porção profunda, encontramos tecido conjuntivo frouxo e rico em matriz 
extracelular fundamental e fibras do músculo tireoaritenóideo. É importante saber que este 
espaço do tecido conjuntivo que forma as pregas vocais é denominado espaço de Reinke.
Figura 4 - Corte histológico da laringe, epitélio estratificado pavimentoso na prega vocal e epitélio respiratório na 
mucosa. Fonte: Abrahansohn (2016).
Observe, na Figura 4, a diferenciação dos tecidos das pregas vestibulares para o tecido das 
pregas vocais propriamente ditas.
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1.3 Inervação Laríngea
O nervo trigêmeo apresenta fibras sensitivas e motoras, é responsável pela sensação da 
mucosa bucal, de dois terços anteriores da língua e articulação temporomandibular (ATM); já as 
fibras motoras participam dos músculos da mastigação e tensor do véu palatino.
O nervo facial apresenta fibras sensitivas, fibras motoras e fibras eferentes. As fibras 
sensitivas participam da gustação de dois terços da língua; as fibras motoras, dos movimentos 
faciais; e as fibras eferentes participam do acionamento das glândulas lacrimais, submandibulares 
e sublinguais. O nervo glossofaríngeo apresenta fibras sensitivas e fibras motoras. As fibras 
sensitivas participam da sensibilidade geral e gustativa do terço posterior da língua, enervam os 
músculos constritores da faringe, o músculo estilofaringe (PINHO; JARRUS; TSUJI, 2004).
Nervo vago é o mais relevante para a produção da fala, tem sua porção sensitiva, motora 
e autônoma, além da divisão dos seus ramos: o ramo faríngeo faz a inervação dos músculos 
faríngeos, músculos laríngeos e músculos do palato mole, sendo que o nervo superior laríngeo 
enerva a junção laringofaringe e região superior das pregas vocais, base da língua e epiglote; já o 
ramo laríngeo recorrente inerva a mucosa da laringe, prega vocal e todos os músculos intrínsecos 
da laringe, exceto o cricotireóideo (FULLER; PIMENTEL; PEREGOY, 2014).
Figura 5 - Trajetória do nervo vago e nervo laríngeo. Fonte: Ensino Biologia USP (2011-2012).
O nervo acessório enerva todos os músculos da laringe e o músculo esternocleidomastóideo. 
O nervo hipoglosso inerva músculos extrínsecos e intrínsecos da língua e está mais relacionado 
ao abaixamento da laringe.
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1.4 Fisiologia Vocal
Discutiremos a fisiologia e o funcionamento da laringe na produção vocal, deglutição 
e respiração. Todas essas funções são primordiais para a sobrevivência humana, o controle do 
bolo alimentar, a proteção das vias aéreas e, não menos importante, a fonação, que permite ao 
indivíduo a comunicação através da fala e o canto, capacidades fundamentais de se expressar por 
meio da voz.
A laringe auxilia no processo de deglutição, o mecanismo de acionamento permite que 
as pregas ariepiglóticas e glote se contraiam, provocando o fechamento e a elevação laríngea 
para que o alimento transportado não adentre o tubo laríngeo, evitando sua entrada nas vias 
respiratórias. A entrada de algum corpo estranho – alimento ou até o acúmulo de muco – aciona 
imediatamente o reflexo de tosse, para que seja expelido bruscamente.
O processo de fonação é mais complexo e exige sua atenção para compreender a fisiologia 
das movimentações sofisticadas da laringe e da vibração de pregas vocais. 
O fechamento das pregas vocais ocorre devido à diferença de pressão, fato físico que se 
inicia através da respiração: o ar que sai dos pulmões provoca a adução das pregas vocais causada 
pela diminuição da pressão subglótica, ou seja, pressão abaixo das pregas vocais. Essa diferença 
de pressão dará início ao processo de fonação.
O Efeito Bernoulli ocorre quando a velocidade do ar que está saindo pelos pulmões 
aumenta, aumentando também a pressão na cavidade subglótica e diminuindo a pressão 
supraglótica. A pressão se eleva até que consiga vencer a resistência das pregas vocais, que se 
abrem; logo após a abertura, a pressão do ar cai nas bordas mediais das pregas vocais, causada 
pela intensa saída de ar, então um vácuo se forma reaproximando as pregas vocais. Essa ação 
ocorre centenas de vezes por segundo, sendo este movimento chamado de ciclo glótico. (FULLER; 
PIMENTEL; PEREGOY, 2014).
Figura 6 - Efeito Bernoulli na laringe. Fonte: Do Vale (2012).
Na imagem acima, verificamos o aumento da pressão: FI representa a pressão subglótica 
impulsionada pelos pulmões; FB, a pressão de Bernoulli ao encontrar o estrangulamento; e FM, 
a força mioelástica das pregas vocais.
Um exemplo prático sobre esse efeito é quando observamos um caminhão que utiliza uma 
“lona” para cobrir a sua carga. Quando está parado, a lona permanece lisa, e andando na estrada, 
vemos a lona estufada para cima, isso ocorre porque a pressão dentro do caminhão é maior do 
que fora devido à velocidade com que o ar passa em cima da lona; isso causa o estufamento da 
lona. Este efeito ocorre também nas asas de um avião e no vácuo que ocorre quando um carro 
está em alta velocidade. 
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Figura 7 - Efeito Bernoulli demonstrado na lona do caminhão. Fonte: Física comentada (2013).
A velocidade em que ocorre o ciclo glótico é tão elevada que, ao visualizarmos um 
exame de imagem de videolaringoscopia com luz estroboscópica (videolaringoestroboscopia), 
conseguimos ver essa movimentação em câmera lenta devido aos feixes de luz que são disparados 
na mesma frequência do movimento.
Figura 8 - Ciclo de fechamento da prega vocal. Fonte: Do Vale (2012).
O modelo corpo cobertura determina a característica da teoria mioelástico-
aerodinâmica, que reserva a compreensão da manutenção da vibração.Após observar o exame de 
videolaringoestroboscopia, é possível identificarmos que a membrana da prega vocal não vibra 
como um todo, mas em formato de onda. No ciclo glótico, após a prega vocal vencer a resistência 
da pressão causada pelo ar que sai dos pulmões, as partes inferiores são forçadas lateralmente pela 
pressão; contudo, por estarem mais afastadas, nesse momento, gera uma convergência no fluxo 
de ar, forçando as partes superiores a se moverem lateralmente enquanto a parte inferior retorna 
à linha mediana, e o processo se repete (FULLER; PIMENTEL; PEREGOY, 2014).
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2. TEORIAS DA FONAÇÃO
A movimentação realizada nas pregas vocais causa uma perturbação na onda sonora, 
sendo que a quantidade de ciclos realizados por segundo determina a frequência fundamental 
(f0) da voz. Temos uma média equivalente para homens e mulheres: para os homens, a frequência 
fundamental está em torno de 125 Hz e, para as mulheres, 200 Hz; na criança, em torno de 300 
Hz.
Ao analisarmos a f0, estamos analisando a velocidade em que ocorrem as vibrações das 
pregas vocais. Nos homens, essa velocidade de vibração é menor do que nas laringes das mulheres 
e crianças; isso porque comprimento, tensão, rigidez e as massas das pregas vocais são diferentes 
entre essas populações.
A frequência fundamental é constituída por harmônicos; isso porque as pregas vocais 
apresentam variadas formas de vibração em toda sua extensão. Cada metade das pregas vocais 
vibra com o dobro de velocidade que todo o comprimento, assim como cada terço vibra, sendo 
um múltiplo da frequência fundamental de todo o comprimento. Exemplo: a f0 é 100 Hz e cada 
terço apresenta componentes múltiplos de 100.
Já as frequências que surgem devido à ressonância das cavidades orais são denominadas 
formantes, elas determinam as características das vogais produzidas durante a fala, essas 
características em específico são responsáveis pela qualidade e brilho da voz. (GUSMÃO; 
CAMPOS; MAIA, 2010). 
Jitter e Shimmer são as variações que ocorrem na frequência fundamental, sendo o Jitter 
a variação na frequência fundamental e Shimmer, a variação da amplitude da onda sonora.
Leia mais e veja todas as teorias da fonação conhecidas até hoje no livro Tratado 
de fisiologia aplicada a ciências médicas, de Carlos Roberto Douglas (p. 421- 428).
 Veja um exemplo desse exame no vídeo Videolaringoestroboscopia 
digital: é possível, graças à luz estroboscópica, a movimentação da 
prega vocal. Observe a repetição do movimento e como ocorre a 
aproximação das pregas vocais. Também é possível ouvir o tom 
emitido pelas pregas vocais. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=z4_zasvMcz8.
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De acordo com Douglas (2006), pitch e loudness são parâmetros que designam a percepção 
que temos da voz: loudness equivale à intensidade em que percebemos o som, a fisiologia do 
loudness depende da amplitude da vibração, que é modificada pela quantidade de energia contida 
na corrente aérea, que é impulsionada pelo pulmão e acusticamente é medida em decibéis (db). 
Pitch corresponde à percepção da mudança da quantidade de ondas sonoras produzidas pela 
vibração das pregas vocais. Essa mudança altera a nossa percepção sobre o som grave ou agudo. 
Na elevação do pitch, as pregas vocais são cada vez mais esticadas e sua espessura é diminuída, 
sendo sua medida acústica feita em Hertz (Hz).
3. RESPIRAÇÃO E RESSONÂNCIA DA VOZ FALADA
3.1 Respiração
 
A resposta mais urgente do sistema respiratório são as trocas gasosas que ocorrem na 
respiração, a entrada e saída de ar garante o suprimento de oxigênio para a respiração celular.
O sistema respiratório é constituído por um par de pulmões que estão alojados na região 
torácica, cada pulmão está revestido por pleuras que revestem também o músculo diafragma, 
pericárdio e mediastino. Já o trato respiratório superior consiste em nariz, faringe e laringe, e o 
trato respiratório inferior compreende traqueia, dois brônquios, direito e esquerdo.
A caixa torácica que armazena esse sistema é composta por osso esterno, 12 pares de 
costelas e espaço intercostal e diafragma, os espaços intercostais estão revestidos pelos músculos 
intercostais internos e externos. Abaixo de toda essa estrutura, está localizado o músculo mais 
importante para a respiração, que é o diafragma. Sua localização ajuda a separar o tórax do 
abdômen.
O músculo diafragma é formado por duas porções, uma muscular e um tendão central, 
que está fundido ao pericárdio. Participam da inspiração os músculos diafragmas intercostais 
interno e externo, os músculos abdominais realizam a expiração do músculo reto do abdômen, 
transverso do abdômen, oblíquo externo e oblíquo interno (WARD; LEACH, 2012).
O diafragma é inervado pelo nervo frênico; já os músculos da inspiração são inervados 
por nervos espinais e cervicais. Os músculos da expiração são inervados por nervos espinais.
Figura 9 - Movimento de diafragma e costelas na inspiração e expiração. Fonte: Boer (2017).
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É importante saber que encontramos pouquíssimos músculos lisos nos pulmões; por 
isso, a movimentação dos pulmões é passiva, depende da ação de músculos adjacentes para 
fazê-lo contrair e expandir. A regulação da respiração é inconsciente, mas pode ser controlada 
conscientemente (BOER, 2017).
O primeiro princípio a ser compreendido acerca da respiração é o lei de Boyle. Para a 
inspiração, quando os pulmões se expandem, ocorre a diminuição de pressão dentro dos alvéolos; 
isso porque o volume e a pressão são inversamente proporcionais. Neste caso, ocorre o aumento 
do volume nos espaços dos alvéolos, ocasionando a diminuição da pressão. O inverso ocorre na 
expiração: a contração dos pulmões gera o aumento da pressão. 
Além disso, existem ainda duas ações que permitem que a expiração aconteça: a força 
exercida pela abertura das costelas e a contração do diafragma ocasionando uma pressão intra-
abdominal. E para que a expiração aconteça, o músculo diafragma necessita relaxar (FULLER; 
PIMENTEL; PEREGOY, 2014).
3.2 Ressonância da Voz Falada e Formantes
Compreendemos a fonte da produção vocal em nível glótico e a conversão de energia 
aerodinâmica em energia acústica. Agora passaremos a compreender quais os outros elementos 
que constroem a voz do indivíduo. Partimos então para os elementos da ressonância, onde o som 
passa a ser filtrado.
O filtro do som produzido nas pregas vocais são as cavidades superiores a elas, divididas 
em cavidades oral, faríngea e nasal. Já as regiões de ressonância são as estruturas da cavidade oral, 
como dentes, lábios, véu palatino e mandíbula, as câmaras na cavidade nasal e parte laríngea da 
faringe. Todos estes elementos apresentam a capacidade de ressoar dependendo do tom emitido, 
ou seja, cada estrutura é mais favorável à ressonância dependendo do tipo de sinal emitido pelas 
pregas vocais.
É na cavidade oral que ocorrem as modificações articulatórias dos fonemas que compõem 
a nossa língua, todos os elementos da cavidade oral modificam o pitch. Participam indiretamente 
da ressonância os lábios, língua, dentes, bochechas, palato duro, véu palatino e mandíbula 
(FULLER; PIMENTEL; PEREGOY, 2014).
O véu palatino participa ativamente do equilíbrio de ressonância, a movimentação 
adequada permite o equilíbrio entre ressonância oral e nasal, a falta de movimentação dessa 
estrutura pode tornar a percepção da voz anasalada. A faringe, no entanto, trata-se de um tubo, 
por isso também influencia diretamente na ressonância, exerce influência direta nas cavidades 
oral e nasal. A língua também é um elemento ativo na produção de fala e contribui para a mudança 
na ressonância.
 Leia mais sobre a fisiologia da respiração no livro Anatomia e fisiologia aplicadas 
à fonoaudiologia (p. 137-142).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAAs frequências emitidas sempre encontram alguma região de ressonância, podem ocorrer 
frequências específicas ou frequências múltiplas, neste caso denominadas bandas de frequência; 
quando essas bandas de frequência ressoam, ocorre a produção de formantes (FULLER; 
PIMENTEL; PEREGOY, 2014).
Existe uma infinidade de formantes, contudo os três primeiros formantes caracterizam 
as vogais e dependem da faixa de frequência que ressoam. O primeiro formante (F¹) são faixas 
de baixa frequência e que sofrem influência da altura da língua; o segundo formante (F²) são 
frequências altas sofrendo influência da posição anterior ou posterior da língua; o terceiro 
formante (F³), frequências ainda mais altas (FULLER; PIMENTEL; PEREGOY, 2014).
4. FÍSICA ACÚSTICA DA FALA
A característica principal do som que produzimos é a onda mecânica, que se propaga 
pelo ar gerando uma movimentação das moléculas. As pregas vocais abrem e fecham causando 
uma perturbação, por ser capaz de realizar ajustes finos. Somos capazes de produzir variadas 
frequências, que são controladas pelo nível de tensão, massa e alongamento.
Esta onda sonora irá se propagar pelo trato vocal, atingindo suas áreas de ressonância e 
transformando-se em um som harmônico, que pelo interlocutor é percebido. Esta ação é uma 
reação de forças. Quando a onda sonora encontra o seu local de ressonância, este local responde 
também com uma vibração que, por sua vez, causa uma perturbação de moléculas.
Como já vimos anteriormente, a onda sonora tem como característica a frequência e a 
intensidade. A frequência é medida pelo número de vibrações por minuto (Hz). Ao analisarmos 
a onda sonora, isso corresponde ao comprimento da onda medida entre a crista entre duas 
ondas, então a análise acústica da voz compreende na junção várias ondas que formam uma onda 
complexa (BOECHAT, 2015).
Figura 10 – Onda sonora de baixa e alta frequência. Fonte: Fonética e Fonologia (2008).
O comprimento de onda sonora determina a frequência do som que ela representa: 
quanto maior o comprimento, mais baixa é a frequência e, quanto menor o comprimento entre as 
cristas da onda, maior é a frequência do som que ela representa, medidas em Hz. Já a intensidade 
corresponde à amplitude da onda. É importante saber como as ondas sonoras se comportam em 
ambiente externo, onde poderá acontecer o fenômeno de propagação, reflexão, difração, refração 
e absorção. Estes fenômenos são dependentes dos obstáculos que encontram no caminho 
(BOECHAT, 2015).
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5. DISFONIAS ORGÂNICAS, FUNCIONAIS, 
ORGANOFUNCIONAIS, ETIOLOGIA E CLASSIFICAÇÕES
Após compreender os elementos e a fisiologia da voz, passaremos a conhecer o distúrbio 
que acomete esses elementos. De maneira geral, qualquer alteração que prejudique a emissão 
vocal é denominada disfonia. Iremos compreender neste tópico quais as classificações desses 
distúrbios.
A definição de disfonia, para Le Huche e Allali (2005), envolve a abordagem de tópicos 
diferentes: alguns autores consideram a disfonia uma perturbação do timbre vocal, outros uma 
perturbação em várias características vocais. No entanto, a disfonia é um distúrbio da função 
vocal que acomete o sujeito por alguns dias, meses ou pode vir a ser permanente, sentida como 
tal pelo próprio indivíduo ou seu meio de convívio.
Existem muitas teorias acerca do surgimento das disfonias, considerando a alteração 
anatômica e a causa do surgimento dessas alterações. As principais teorias discutem sobre 
circunstâncias que podem afetar a produção vocal, anomalias congênitas, lesões benignas, lesões 
pré-malignas e malignas, distúrbios infecciosos e inflamatórios, distúrbio neurológico, distúrbios 
adquiridos, trauma cego ou penetrante, agentes farmacológicos, paralisia de prega vocal, disfonias 
funcionais, causas emocionais e ocupacionais (LALWANI, 2013).
Para uma abordagem didática e para que os distúrbios da voz possam ser classificados, 
as disfonias são divididas em disfonias orgânicas, disfonias funcionais e disfonias orgânico-
funcionais. Atualmente, existe uma discussão acerca das disfonias funcionais, por ocorrerem, 
nas disfonias orgânicas, fatores funcionais; por isso, pretende-se alterar a nomenclatura para 
disfonias comportamentais, conforme iremos compreender a seguir.
5.1 Disfonias Orgânicas
As disfonias orgânicas apresentam alterações estruturais que influenciam diretamente 
na voz, não necessariamente ela se desenvolve por algum comportamento vocal. As disfonias 
orgânicas estão mais relacionadas aos casos com patologias. O distúrbio orgânico da laringe 
modifica sua estrutura e função (FULLER; PIMENTEL; PEREGOY, 2014).
LESÕES BENIGNAS
O fonotrauma é a definição para a lesão ocasionada pelo trauma repetitivo nas pregas 
vocais, o ponto de maior atrito entre as pregas vocais fica no local onde ocorre mais amplitude de 
onda máxima, a patologia vocal é secundária ao fonotrauma.
Nódulo vocal é uma lesão bilateral pequena e esbranquiçada, ocorre no terço anterior e 
nos dois terços posteriores das pregas vocais. A incidência é maior em crianças e mulheres em 
consequência da anatomia da laringe desses grupos, no entanto é característica de uma lesão por 
esforço e é mais facilmente encontrada em cantores por mau uso vocal.
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Figura 11 - Nódulo vocal Fonte: Martins e Trindade (2003).
Pólipos de prega vocal são lesões unilaterais com característica peduncular e sua cor não 
difere da mucosa. É facilmente vascularizado, a incidência é maior em homens que fumam e que 
façam abuso vocal, ocorre no terço anterior médio da prega vocal (LALWANI, 2013).
Figura 12 – Pólipo. Fonte: Sarmento (2015b).
 O edema de Reinke é a lesão mais relacionada ao tabagismo, sua característica morfológica 
é o acúmulo de líquido na camada superficial da lâmina própria, lesão bilateral de aspecto úmido 
no exame laringoscópico. 
Figura 13 - Edema de Reinke. Fonte: Tecnovoz (2020).
Os cistos laríngeos podem aparecer por toda a laringe, exceto na borda medial das pregas 
vocais. Podemos encontrar dois tipos de cistos: cistos intracordais e cistos saculares. Os cistos 
intracordais ocorrem quando há retenção de muco ou ceratina, é uma lesão unilateral que ocorre 
no terço médio da prega vocal. Na observação do exame, não é possível ver a movimentação da 
mucosa onde ele está inserido. Já os cistos saculares são obstruções de glândulas (LALWANI, 
2013).
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Figura 14 - Cisto de prega vocal. Fonte: César (2020).
A papilomatose são lesões verrucosas causadas pelo vírus HPV e ocorre em crianças de 
2 ou 4 anos e sua transmissão se dá de forma vertical, de mãe para filho. Essas verrugas ocorrem 
entre as pregas vocais e as pregas vestibulares (LALWANI, 2013).
Figura 15 - Papilomatose laríngea. Fonte: Tsuji, Imamura e Frizzarini (2008).
Laringite é o quadro mais recorrente no contexto clínico, ocorre uma afecção com 
produção de catarro, tosse seca, consequência da irritação na laringe. Pode durar de 3 a 4 dias e 
pode ocorrer um quadro de disfonia momentânea com rouquidão, podendo evoluir para afonia 
(LE HUCHE; ALLALI, 2005).
LESÕES MALIGNAS
O câncer de laringe envolve, em 90% dos casos, carcinomas de células escamosas; na 
maioria dos casos, está associado ao uso de cigarro e álcool. As lesões supraglóticas são tardiamente 
detectadas, enquanto as lesões glóticas são facilmente detectadas. As pessoas com esse tipo de 
lesão podem apresentar rouquidão, disfagia, hemoptise, massa no pescoço, dor de garganta, dor 
de ouvido, comprometimento das vias aéreas e aspiração. Ainda características como uma voz 
soporosa podem indicar uma paralisia de prega vocal e uma voz abafada, uma lesão supraglótica. 
Uma das medidas de tratamento das lesões malignas de laringe é a laringectomia parcial ou total 
(MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAFigura 16 - Lesão maligna de laringe do tipo carcinoma. Fonte: Sarmento (2015a).
5.2 Disfonias Funcionais
 
Muito se discute acerca da disfonia funcional, começando pela dicotomia da nomenclatura 
“funcional”, que acaba dificultando a compreensão do que é essa alteração; ela é causada por um 
comportamento disfuncional da voz, ou seja, da ação que prejudica a função vocal. O consenso 
geral é o de que existe o fator comportamento como causador, contudo uma alteração de 
comportamento pode levar a uma alteração na estrutura e também ser classificada como orgânica.
O comportamento/hábito é, em geral, uma compensação que o indivíduo realiza com 
a suposta ideia de que está melhorando sua condição vocal naquele momento; isso mostra que 
o mecanismo vocal é facilmente adaptável. O comportamento modificado é o causador das 
disfonias, provocando uma mudança na execução da voz, e pode ter como consequência uma 
lesão orgânica (LE HUCHE; ALLALI, 2005).
É necessário compreender que fatores psicoemocionais podem influenciar na disfonia 
funcional. Sujeitos com estado emocional tenso apresentam hipertonia vocal, realizam hipertonia 
dos músculos laríngeos para a execução da fala, assim como hipertonia dos músculos que 
participam indiretamente da fonação, músculos da região do pescoço, ombros e costas. Le Huche 
e Allali (2005) apontam que o fator emocional leva o sujeito a modificar sua voz; conforme a sua 
vivência, as experiências emocionais influenciam na construção vocal.
Estudaremos agora as causas mais comuns de disfonias funcionais e como elas acontecem. 
Classificaremos conforme o tipo de comportamento que desencadeará uma disfonia funcional.
Quadros clínicos otorrinolaringológicos podem desencadear comportamentos de 
compensação. Por exemplo, uma laringite ou algum edema faz com que o indivíduo realize 
estratégias de compensação, o que Le Huche e Allali (2005) descrevem como ciclo vicioso, para 
ter uma fonação mais clara. No entanto, está ocasionando um esforço prejudicial que pode 
acarretar uma disfonia.
Assim, quadros decorrentes de dificuldades emocionais ou estresses traumáticos geram 
uma tensão psicomotora. Essa tensão pode ser percebida na voz pela disfonia, podendo acarretar 
uma alteração de curto ou longo prazo. O cansaço e o estresse se tornam, cada vez mais, parte do 
cotidiano da população, assim como o excesso de demanda familiar ou profissional. O cansaço 
físico pode modificar a condição emocional do indivíduo.
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A mudança hormonal está diretamente relacionada às alterações vocais, pois age 
na mucosa da laringe. Nas mulheres, ocorrem modificações hormonais ocasionadas pela 
menstruação, menopausa ou gravidez: no período pré-menstrual, ocorre o espessamento da 
mucosa diminuindo a maleabilidade de forma recorrente; já no período gestacional, a parede do 
abdômen distende modificando a forma de projeção vocal.
Dificilmente apenas uma alteração será a causadora da disfonia, ocorrem também fatores 
que a potencializam. A população que mais está suscetível a essas alterações são as pessoas que 
utilizam a voz de forma profissional, que estão em constante exigência vocal, bem como técnica 
vocal inadequada para o canto.
O tabagismo e o uso abusivo do álcool são fatores que favorecem a instalação da disfonia 
por modificarem a estrutura da mucosa, bem como edemas causados por inflamações e infecções 
de vias aéreas superiores, laringe ou faringe. Outro fator importante a ser relacionado é o refluxo 
gastroesofágico, o extravasamento dos ácidos estomacais para a laringe causa também a formação 
de edemas.
Além da classificação quanto à origem das disfonias, podemos classificá-las quanto 
ao estado de tensão da laringe, podendo ela estar hipotônica ou hipertônica, o que classifica a 
disfonia como hipercinética ou hipocinética.
As disfonias hipocinéticas ocorrem quando a musculatura da laringe está enfraquecida 
por um parestesia, por exemplo, que pode ocorrer em grupamentos musculares específicos, 
por isso veremos diferentes manifestações. Durante o exame laringológico de uma disfonia 
hipocinética, é possível visualizar várias alterações no fechamento glótico, que varia conforme o 
movimento específico da fonação. Em alguns casos, é possível observar o fechamento normal; em 
outros, observamos uma hiperabdução das cartilagens aritenóideas e ainda nestes casos podemos 
visualizar uma saliência no espaço glótico na região do terço médio e terço inferior das pregas 
vocais (LE HUCHE; ALLALI, 2005, p. 83).
Já na percepção da fonação, ocorre uma falha no atrito entre as pregas vocais, podendo 
atingir cada terço de sua extensão. Encontramos essa alteração no terço anterior, onde não ocorre 
a aproximação total, e no terço posterior, onde ocorre a aproximação. Outra alteração pode atingir 
a borda livre da prega vocal; ocorre então a aproximação das extremidades e a borda livre, apesar 
de vibrar, não se aproxima totalmente, causa um aspecto velado na visualização do fechamento. 
Ocorre também a falha no fechamento em toda extensão longitudinal das pregas vocais; nesta 
alteração, percebemos as pregas vocais retas no momento do fechamento glótico.
Nas disfonias hipercinéticas, percebemos, no exame laringológico, um aumento no 
acúmulo de secreção, aspecto hipertônico das pregas vestibulares, mucosa espessa devido aos 
edemas e, de modo geral, nota-se um esforço no fechamento glótico. Encontramos também, 
nestas disfonias, um esforço em todas as etapas da fonação, como, por exemplo, tensão na região 
do pescoço, veias jugulares, fadiga. Nota-se um esforço na voz e, em cantores, ocorre a redução 
da extensão vocal.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
Construímos até aqui um raciocínio importante para o conhecimento clínico. As 
questões presentes no consultório fonoaudiológico são sempre singulares; por isso, é preciso ter 
conhecimento amplo da anatomia e fisiologia laríngea e correlacionar os achados clínicos com as 
condições normais de produção vocal, bem como é importante conhecer todo o funcionamento 
do corpo humano para que você possa conhecer o paciente que pode ter sido acometido por um 
problema vocal. 
O paciente sempre precisa ser analisado como um ser único e como um todo, avaliar 
seus aspectos anatômicos, fisiológicos, emocionais, comportamentais e sua ocupação, ou seja, é 
importante entender que o indivíduo é também um ser social e que a voz é fundamental em suas 
relações sociais. 
A produção vocal é complexa, até hoje é difícil descrever como um órgão tão pequeno 
consegue realizar tantos ajustes minuciosos que acarretam a produção de ilimitados tipos de 
sons, projeções e características tão singulares. 
Atualmente, a fonoaudiologia participa, por exemplo, de estudos criminais para traçar 
um perfil vocal e detectar as características vocais específicas de um criminoso. Analisando 
uma ligação telefônica, por exemplo, o fonoaudiólogo é capaz de dizer se é ou não o indivíduo 
procurado, comparando com as características que pertencem apenas àquele sujeito, interpretar 
as emoções transparecidas na voz para os casos de perícia criminal. Tudo isso graças ao 
conhecimento específico da produção vocal.
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U N I D A D E
02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................27
1. DISFONIAS DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE, DO ADULTO E DO IDOSO .......................................................28
1.1 DISFONIA NA CRIANÇA ........................................................................................................................................28
1.2 DISFONIA NO ADOLESCENTE ..............................................................................................................................30
1.3 DISFONIA NO ADULTO E NO IDOSO ....................................................................................................................31
2. AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO VOCAL, ANÁLISE PERCEPTIVO-AUDITIVA, VISUAL E ACÚSTICA .....33
2.1 AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO VOCAL ......................................................................................................34
2.2 ANÁLISE PERCEPTIVO-AUDITIVA .....................................................................................................................35
2.3 ANÁLISE ACÚSTICA E VISUAL DA FALA .............................................................................................................36
3. AVALIAÇÃO FUNCIONAL E AUTOAVALIAÇÃO VOCAL: PROCEDIMENTOS E AVALIAÇÃO .................................38
4. COMPORTAMENTOS RELACIONADOS AO ABUSO E MAU USO VOCAL ............................................................40
AVALIAÇÃO DAS DISFONIAS E 
COMPORTAMENTOS VOCAIS
PROFA. ANNE PAULA P. M. AMARAL
PROFA. MA. MARIANA HAMMERER
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
VOZ
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5. PSICODINÂMICA VOCAL: AVALIAÇÃO E APLICAÇÃO TERAPÊUTICA ................................................................ 41
6. REABILITAÇÃO VOCAL E TÉCNICAS VOCAIS .......................................................................................................44
6.1 TÉCNICAS VOCAIS ................................................................................................................................................. 46
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................50
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INTRODUÇÃO
Esta unidade contempla princípios fundamentais para o tratamento das disfonias. Você 
terá a oportunidade de conhecer as especificidades de cada grupo populacional que depende 
de fatores como a idade para sua classificação. Para cada idade, veremos que as necessidades 
fisiológicas, emocionais, cognitivas são diferentes; sendo assim, as propostas terapêuticas são 
diferentes.
Você conhecerá quais as ferramentas de avaliação que estão à disposição para que os dados 
sejam precisos. Mesmo tendo posse das ferramentas, é dever do fonoaudiólogo selecionar qual 
a melhor estratégia ou ferramenta que se faz necessária neste momento, levar em consideração 
a condição de saúde geral do paciente, a capacidade de resposta e, principalmente, respeitar a 
queixa do paciente. A avaliação de voz exclui a ideia de que conhecer apenas a anatomia da voz 
é suficiente para detectar um problema, compreender as causas do problema e, principalmente, 
compreender que o sujeito constrói a sua voz através de suas vivências e suas experiências 
emocionais.
Quanto maior a quantidade de informações que o fonoaudiólogo obtiver sobre a saúde 
vocal do seu paciente, mais esclarecedora será a reabilitação. Durante a avaliação e reabilitação, 
devemos oferecer autoconhecimento ao paciente para que ele não repita mais comportamentos 
nocivos e que aprenda a cuidar da própria voz. Ao final desta unidade, após ter respaldo teórico 
para compreender o paciente e processo terapêutico, só então você terá como compreender a 
aplicabilidade dos exercícios vocais e estratégias de reabilitação.
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1. DISFONIAS DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE, DO 
ADULTO E DO IDOSO
1.1 Disfonia na Criança
A diferenciação da laringe na criança começa pela própria anatomia, não podemos 
considerar a laringe de uma criança uma versão em miniatura da laringe do adulto. Mesmo 
tratando-se de uma estrutura ainda em desenvolvimento, devemos considerar a histologia 
morfológica e a topográfica.
A diferença estrutural da laringe é que as pregas vocais são mais espessas em relação 
ao seu comprimento, que é menor, pois as estruturas como cartilagem e ossos ainda irão se 
expandir. A camada de lâmina própria ainda não completou seu desenvolvimento e a membrana 
que reveste as pregas vocais ainda estão frouxas e uniformes, o que a torna mais propensa para o 
desenvolvimento de uma lesão por edema.
As características acústicas da voz de uma criança são singulares, neste período as 
crianças manifestam dificuldade em controlar as emoções. O interesse por atividades intensas e 
que exijam movimento, por exemplo, são características emocionais que modificam a forma de 
produção vocal nessa população. Devemos considerar não apenas a instabilidade emocional, mas 
a instabilidade neuromuscular, que é percebida na emissão vocal; encontramos, ainda, certo grau 
de soprosidade e instabilidade na voz (MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
As causas mais recorrentes em crianças para disfonia são as disfonias funcionais, 
sendo estas causadas por esforço, são as alterações mais encontradas nessa população; ainda se 
elenca o nódulo vocal como a patologia mais incidente. O TDAH é um fator de risco para o 
desenvolvimento de disfonias, bem como fatores comportamentais como o modelo negativo do 
adulto que reforça a fala em altos níveis de intensidade, gritando, e até mesmo uma personalidade 
mais controladora exige um abuso vocal.
As causas orgânicas mais encontradas são alterações cromossômicas como Síndrome de 
Down (SD) e síndrome Cri-Du-Chat, doenças congênitas como cisto, estenose, laringomalácia, 
laringocele, diafragma laríngeo e fissura laríngea posterior, lesões de massa, insuficiência velo-
faríngea, distúrbios metabólicos, perda auditiva e alterações respiratórias (MARCHESAN; 
JUSTINO; TOMÉ, 2014).
Esses autores concordam que a avaliação das disfonias infantis parte das queixas 
apresentadas por pais e escola geralmente, a própria criança não se dá conta das modificações 
e perda da qualidade vocal. É importante iniciar por uma anamnese para conhecer a queixa 
apresentada pelos pais, história pregressa da queixa, fatores causais das disfonias, abusos vocais e 
antecedentes familiares.
Devemos avaliar padrões acústicos, como tipo de voz, se apresenta características de uma 
voz rouca e áspera associadas à lesão de massa, voz tensa ou soprosa, geralmente associada à 
ineficiência glótica. É importante avaliar o tipo de ressonância que a criança apresenta, bem como 
pitch e loudness a fim de verificar se aquela voz está adequada à idade e tipo físico da criança 
(MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
A avaliação laringológica é de extrema relevância para as disfonias infantis, pois serão as 
informações mais precisas que podemos obter sobre a criança. É possível encontrar, nos exames, 
uma espécie de dilatação regular das pregas vocais, que é raro, porém possível. Nessa população, 
os nódulos acontecem na quarta parte da laringe (LE HUCHE; ALLALI, 2005).
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A análise dos tempos máximos fonatórios deve levar em consideração que, para as 
crianças, torna-se difícil compreender regras e contabilizar tempo; para isso, podemos utilizar 
medidas visuais para auxiliar na compreensão da ordem, neste caso, é possível somar a análise 
através de softwares que oferecem feedback visual das ações. Marchesan, Justino e Tomé (2014) 
determinam que o tempo máximo de vogais e a relação entre os fonemas s/z, os valores somados 
e divididos devem ficar entre 0,8 e 1,3; havendo discrepância entre esses valores, fica sugestiva a 
alteração.
REABILITAÇÃO
A literatura não aponta um método específico que seja o mais eficaz no tratamento das 
disfonias infantis, devido à falta de incentivo e motivação ao ser a criança encaminhada para 
o tratamento fonoaudiológico. Por isso, o primeiro passo é conhecer a motivação, aceitação, 
incentivar a sensibilização da família, a compreensão acerca da necessidade, apontando os 
benefícios e quais os malefícios a longo prazo. O contrário é esperado em famílias em que as 
crianças utilizam a voz de maneira profissional, em que as expectativas são excessivas.
Marchesan, Justino e Tomé (2014) apontam a preocupação do terapeuta; para crianças, 
os recursos terapêuticos precisam ser concretos, as mudanças precisamser ilustradas de maneira 
concreta, representando os aspectos que causaram a disfonia e os que a mantêm. A criança e 
os pais necessitam compreender as estruturas que compreendem a fala e como ela acontece, 
neste momento podemos usar recursos concretos como figuras, desenhos ou miniaturas para 
apresentar para a criança. Após compreender a fonação, pais e criança devem ser orientados 
também sobre os novos comportamentos saudáveis que devem ser ensinados.
Estas estratégias fazem parte de um modelo cognitivo de reabilitação, tornando família 
e criança mais conscientes do problema com apoio de materiais concretos, ilustrativos e lúdicos 
como, por exemplo, jogos, vivenciando uma situação-problema. Todas as pessoas que convivem 
diretamente com a criança devem receber as orientações como, por exemplo, professores, 
professores de canto, colegas de classe e familiares próximos, isso porque a fala do adulto deve 
servir como apoio e exemplo para a criança (MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
Para aumentar o nível de percepção da criança sobre o próprio corpo e adequar as tensões 
que ela acaba realizando, podemos utilizar estratégias concretas e lúdicas como, por exemplo, 
“quietinho feito um sapo”, “ficar parada como uma boneca de pano” (LE HUCHE; ALLALI, 2005).
Dentre as disfonias orgânicas em crianças, a laringomalácia é a mais incidente, ela causa 
um estridor na respiração dos bebês, necessita de tratamento médico para a diminuição das 
dificuldades respiratórias, sendo o tratamento cirúrgico em casos graves. Já os cistos congênitos 
apresentam nas crianças estridor na respiração e o tratamento é cirúrgico. (LALWANI, 2013).
A paralisia de prega vocal em crianças pode ser congênita ou adquirida. As paralisias 
congênitas ocorrem como na malformação de Arnold-Chiari, anomalias congênitas de coração 
e grandes vasos. As causas adquiridas podem acontecer como sequelas de cirurgias reparadoras 
para essas malformações, trauma no nascimento, trauma por intubação, lesão na cabeça, 
encefalopatias e doença de Guillain-Barré. As paralisias ocorrem de forma uni ou bilateral; 
quando unilaterais, geralmente não ocorre obstrução de vias aéreas, mas nota-se uma voz rouca, 
soprosa e tosse fraca, enquanto que, nas paralisias bilaterais, ocorre estridor respiratório, cianose 
e apneia (LALWANI, 2013).
A terceira anormalidade mais comum congênita de laringe é a estenose, crescimento de 
tecido fibroso que ocorre na região glótica, que também pode ocorrer de forma adquirida, como 
consequência da intubação endotraqueal prolongada. Não são lesões malignas. Já a papilomatose 
congênita é uma neoplasia causada pelo vírus HPV, o tratamento é cirúrgico e requer cautela, 
pois o crescimento ocorre, mesmo depois de cirurgia.
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1.2 Disfonia no Adolescente
Atualmente, a sociedade moderna estabelece os parâmetros para determinar o período 
da adolescência precocemente. A Organização Mundial de Saúde (OMS, 2017) determina que o 
período da adolescência vai dos 10 até os 19 anos de idade.
Esse período é conhecido com o período mais conturbado no desenvolvimento e na 
construção do indivíduo, devido às mudanças hormonais, sociais, corporais e sexuais. As 
mudanças sexuais que ocorrem nesse período são crescimento de pelos pubianos nas meninas 
e meninos, a menarca e crescimento mamário nas meninas. Outras mudanças físicas ocorrem 
como o crescimento global ósseo e muscular, mudanças na pele como o surgimento de espinhas, 
aumento de estruturas da face e da laringe (MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
A laringe, no menino principalmente, sofre um aumento drástico, ocasionado pelos 
hormônios androgênicos, hormônios relacionados com a testosterona que, na laringe, ocasionam 
a aumento da musculatura. Como consequência, a voz se torna mais virilizada. Todas as estruturas 
de produção vocal e ressonância alteram, há o aumento da largura do pescoço, abaixamento da 
laringe, a mucosa laríngea deixa de ser transparente, ocorre atrofia de amígdalas e adenoide, 
crescimento dos seios paranasais e cornetos. 
A mudança na estrutura de prega vocal que mais chama atenção é o aumento do 
comprimento de prega vocal, esta é a mudança que implica a variação da frequência fundamental: 
quanto maior a estrutura que participa da vibração, mais lenta ela será; sendo assim, o som 
produzido se torna mais grave. Nos meninos, a voz diminui uma oitava e, nas meninas, descem 
entre 2 a 4 semitons (MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
Os autores concordam que, nesse período de modificação das estruturas, é onde ocorrem 
as disfonias temporárias, as instabilidades na voz dos meninos são marcantes, podemos encontrar 
soprosidade, rugosidade, quebra de frequência e sonoridade. Fato que pode vir a gerar incômodo, 
dependendo do traço de personalidade de cada indivíduo; nos meninos, quando a voz passa a 
ficar muito grave, pode causar estranheza, este fator irá também depender da autopercepção de 
cada um.
Na tentativa de encontrar um padrão em sua autopercepção – até o momento da muda o 
menino apresentava uma voz aguda –, podem surgir desvios no padrão, o sujeito busca modificar 
a própria voz para manter o padrão agudo, mesmo depois do fim do crescimento das estruturas. 
Esse distúrbio é considerado de origem psicogênica, recebe o nome de puberfonia ou falsete 
mutacional, em que a estrutura física e o sexo são incompatíveis com a voz do sujeito. Podemos 
perceber ainda o tom grave durante a tosse, por exemplo. Para que seja feito esse diagnóstico, 
qualquer outra causa deve ser descartada e ainda deve existir o fator psicogênico (MARCHESAN; 
JUSTINO; TOMÉ, 2014).
Fisiologicamente, essas pessoas tendem a deixar a laringe mais alta, impedindo que a 
voz se torne mais grave, fato que acontece, pois registram que aquela voz aguda te trouxe algum 
benefício, medo de amadurecer, dificuldade em se perceber adolescente, tentativa de compensar 
os desarranjos tonais do início da muda vocal. Podemos encontrar alterações vocais como 
soprosidade, fadiga vocal, constrição laríngea, edema de prega vocal. Essas alterações podem 
gerar uma lesão orgânica secundária como nódulo ou fenda glótica (MARCHESAN; JUSTINO; 
TOMÉ, 2014).
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A avaliação desses casos deve ser conjunta com a avaliação otorrinolaringológica, exame 
de vídeo, avaliação perceptivo-auditiva, avaliação acústica do sinal vocal que, para o adolescente, 
deve apresentar decréscimo da frequência fundamental a partir dos 15 anos de idade. Devemos 
considerar, durante a avaliação, a percepção do indivíduo sobre seu problema, sobre os causadores 
do seu problema e fatores que colaboram para a disfonia, como o uso de bebida alcoólica, drogas, 
gritar muito, ou seja, todos os maus hábitos de saúde que influenciam nas disfonias.
O tratamento deve conter recursos que incentivem a adesão do adolescente ao tratamento, 
sendo que os recursos tecnológicos tendem a despertar o interesse dessa população, com a 
utilização de softwares de monitoramento vocal, jogos de ensinamento didático, biofeedback 
eletromiográfico para percepção do nível de tensão desse sujeito.
1.3 Disfonia no Adulto e no Idoso
Como já vimos anteriormente na Unidade I, as disfonias que acometem a população 
adulta podem ser de origem orgânica e/ou funcional. Neste tópico, trataremos das disfonias que 
especificamente são mais incidentes nos adultos: as disfonias ocupacionais. A característica da 
vida adulta que mais impacta esta fase é a interrupção do trabalho. Atualmente a aposentadoria 
ocorre entre os 60 anos para a mulher e 65 anos para o homem. Suponhamos que o trabalhador 
comece a trabalhar aos 18 anos de idade; ele passará toda sua fase adulta em ocupação no trabalho.
Grande parte das ocupações exige da voz uma grande demanda. A pessoa utiliza a voz 
profissionalmente, a voz se torna o seu instrumento de trabalho, são eles os profissionais das 
artes, da comunicação, da educação, do telemarketing,profissionais do gerenciamento de pessoas, 
supervisores, profissionais do judiciário e líderes religiosos.
O atleta de MMA famoso Anderson Silva tem uma voz desproporcional ao seu 
tipo físico, é um sujeito com tipo físico grande e uma voz muito fina. Veja nesta 
entrevista, em dois vídeos, o lutador falando sobre sua voz e ainda conversando 
com a fonoaudióloga Mara Behlau sobre o assunto. Notem que Anderson se 
identifica com sua voz mais fina e talvez por isso ele tenha construído sua voz 
dessa maneira, ele relata que na adolescência foi difícil passar pela transição, é 
um fator que colabora para o falsete mutacional. Veja os vídeos, disponíveis em: 
https://globoplay.globo.com/v/2791536/ e
https://globoplay.globo.com/v/2791552/.
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As demais populações estão sujeitas aos distúrbios vocais, contudo essa população é 
mais exposta ao risco devido à sua ocupação. As estruturas físicas, o ambiente, a condição do 
trabalho, o desgaste, a alta demanda, tudo isso pode ser agravado por maus hábitos vocais e 
comportamentos inapropriados para o alto desempenho. 
Atualmente, no quadro geral e na literatura sobre disfonias ocupacionais, estão os 
professores, que utilizam a voz como via principal de comunicação com seus alunos. Diante 
disso, até mesmo a atuação fonoaudiológica mudou para atender essa população. Antes os 
atendimentos eram apenas curativos e reabilitadores e hoje a atuação é preventiva dentro das 
escolas. Estudaremos com maior detalhes as disfonias ocupacionais nas Unidades III e IV.
Estudaremos agora a voz da população idosa. Encontramos, nessa população, queixas 
vocais recorrentes. O processo de envelhecimento influencia na voz, nos comportamentos 
vocais, na estrutura e na fisiologia. Tais mudanças impactam diretamente a qualidade de vida da 
população, que já sofre com várias mudanças em seu dia a dia. As alterações vocais causadas pelo 
envelhecimento natural são chamadas presbifonia.
Estruturas laríngeas são modificadas com o avançar da idade, a laringe tende a se 
posicionar mais baixa, cartilagens ossificam, ocorre o desgaste das cartilagens, perda de massa 
muscular, o muco que reveste todo o trato vocal passa a produzir menos muco. Tais mudanças 
estruturais implicam a modificação da configuração de prega vocal, ocorre o arqueamento de 
prega vocal, saliência dos processos vocais na respiração e fenda fusiforme membranácea durante 
a fonação. Outro prejuízo na função acometido pelo envelhecimento pode ser a diminuição na 
capacidade respiratória (MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
A avaliação da presbifonia necessita de um protocolo que quantifique a percepção do 
sujeito sobre seu problema. No idoso, esse fator é ainda mais específico, pois o idoso sente-se 
fragilizado por não conseguir desempenhar seu papel na comunicação. É comum encontrarmos 
quadro de hipofunção e, em mulheres, são comuns casos de edema que geram uma voz mais grave 
e rouca. Devemos também avaliar o quadro de saúde geral no idoso, pois casos de perda auditiva 
são causadores de uma disfonia devido à perda do feedback auditivo reduzido (MARCHESAN; 
JUSTINO; TOMÉ, 2014).
O tratamento das disfonias no idoso é, na maioria das vezes, pautada na geração de maior 
fechamento glótico, aumento da força e compensação das alterações estruturais causadas pelo 
envelhecimento. Podemos elencar exercícios que aumentem o fechamento glótico, aumento 
subglótico, melhora da instabilidade fonatória, aumento de força muscular. Além da fonoterapia, 
é possível também realizar cirurgia para melhorar o arqueamento de prega vocal.
Os autores afirmam que o planejamento terapêutico para a presbifonia deve abranger 
as dificuldades que o paciente possa apresentar, como disfagia, função respiratória, controle 
do bolo alimentar e função mastigatória. Os exercícios vocais podem favorecer todas essas 
alterações concomitantemente. A doença de Parkinson tem maior incidência na população idosa, 
causa degeneração progressiva, e a degeneração acontece pela perda da massa negra no tronco 
encefálico, gerando um esgotamento do neurotransmissor dopamina. Inicialmente, a doença se 
manifesta com rigidez muscular, lentidão nos movimentos, tremor e alterações posturais. Os 
sintomas evoluem até que o paciente apresenta disfunção respiratória e disfagia, levando-o à 
morte.
É fundamental, na avaliação da doença de Parkinson, a comunicação entre as especialidades 
que acompanham o paciente, fisioterapeutas, médicos e, claro, com a família e quem o assiste, 
para conhecer quais medicamentos, tipos de abordagens feitas e como está o dia a dia desse 
paciente (MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
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Também faz parte da avaliação conhecer quais as alterações dos músculos da face. 
Esses pacientes costumam apresentar perda de expressões faciais; por isso, é importante avaliar 
as alterações sensoriais motor-orais. Quanto aos aspectos vocais, é necessário avaliar a função 
respiratória na fonação através do tempo máximo fonatório.
São achados vocais, na doença de Parkinson, voz hipofônica, monótona, soprosa, trêmula, 
hipofunção do mecanismo respiratório, articulação imprecisa, projeção vocal insuficiente, perda 
de intensidade vocal, velocidade de fala reduzida, redução de média tonal, redução de loudness, 
pitch agudo, incoordenação pneumofonoarticulatória e fonodeglutitória (MARCHESAN; 
JUSTINO; TOMÉ, 2014).
Estudos apontam que o tratamento dos distúrbios vocais na doença de Parkinson tem 
maior chance de melhora quando associado ao tratamento medicamentoso e cirúrgico. Todas 
essas propostas têm como objetivo melhorar a qualidade de vida desse paciente. O método Lee 
Silverman Voice Treatment é de grande valia para esses pacientes. Esse método foi desenvolvido 
para pacientes com doença de Parkinson e recebeu o nome da primeira paciente a se beneficiar 
dele. Esse programa sugere um tratamento intensivo de exercícios que melhoram a intensidade 
vocal, exercícios que, como consequência, favorecem a melhora da articulação, entonação e, 
precocemente, também auxiliam nos problemas de deglutição (BEHLAU, 2010).
2. AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO VOCAL, ANÁLISE 
PERCEPTIVO-AUDITIVA, VISUAL E ACÚSTICA
Neste tópico, iniciaremos a compreensão da avaliação vocal. Os aspectos discutidos aqui 
são parte da avaliação, capazes de fornecer dados importantes para o entendimento da disfonia. 
Contudo, não devem ser os únicos parâmetros avaliados. Como vimos nas discussões anteriores, 
a avaliação global é sempre relevante para oferecer um planejamento terapêutico eficaz.
Assista a uma reportagem que fala sobre os dados do IBGE, 
que projeta como a população brasileira envelhecerá em 2039. 
Teremos mais idosos do que crianças, e a preocupação com a 
saúde dessa população irá crescer com a mesma intensidade; 
nessa perspectiva, a fonoaudiologia também deve acompanhar 
essa preocupação em busca de medidas preventivas em relação 
à saúde vocal do idoso. Disponível em: https://g1.globo.com/
economia/noticia/2018/07/25/1-em-cada-4-brasileiros-tera-mais-de-65-anos-em-
2060-aponta-ibge.ghtml.
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2.1 Avaliação do Comportamento Vocal
A voz é produzida como resposta a estímulos físicos, neurológicos e orgânicos, como já 
vimos anteriormente. Neste tópico, será abordada a voz como comportamento apreendido. A voz 
é uma função adaptada e apreendida, e graças aos estímulos neurofisiológicos, somos capazes de 
construir a nossa voz. Neste caso, o controle neurofisiológico organiza, prepara e executa a nossa 
função vocal.
Compreender anatomia e fisiologia são tão relevantes como compreender os aspectos 
emocionais, cognitivos, sociais do indivíduo. A soma de todos esses fatores constrói a voz com 
que o sujeito se identifica, é através dela que ele se expressa e se relaciona com o meio à sua volta. 
A voz precisa ser compatível à personalidade, estrutura física,

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