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unidade 
1
CONTEMPORÂNEOS
Temas Globais
Artur Rodrigo Itaqui Lopes Filho
Maristela Bleggi Tomasini
Tito Lívio Barcellos Pereira
(Orgs.)
unidade 
1
A Reorganização do Sistema 
Internacional Pós-Guerra Fria
Prezado(a) estudante.
Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram 
organizados com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo 
completo e atualizado tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e 
tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos 
propostos para essa disciplina.
OBJETIVO GERAL 
Compreender as mudanças políticas e econômicas ocorridas no Sistema Internacional 
ao final da Guerra Fria, e a inclusão de novas agendas para discussão em âmbito global.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
• Realizar uma leitura geo-histórica, elencando as principais transformações no 
cenário político e econômico internacional após o fim da Guerra Fria;
• Analisar os impactos da dissolução do bloco soviético na dinâmica geopolítica e 
econômica internacional;
• Analisar a hegemonia militar, econômica e cultural dos EUA e seus aliados, e a 
expansão do modelo político-econômico liberal-democrata;
• Analisar a legitimidade e importância dos organismos internacionais como 
ferramentas para resolução de questões globais com o fim da bipolaridade. 
QUESTÕES CONTEXTUAIS
1. Qual o cenário mundial que antecedeu o surgimento da chamada Guerra Fria?
2. O que você sabe dizer sobre a Guerra fria?
3. Por que a Guerra Fria é “fria”?
4. Quando ela começou e quando ela terminou?
5. O que você sabe sobre o fim da história?
6. Por que a ordem da Westfália é importante para os estudiosos de direito internacional?
7. Cite três implicações ligadas ao fim da Guerra Fria.
8. O que é CEI e o que isso tem a ver com a Rússia?
9. O que isolacionismo e unilateralismo têm em comum?
10. Você sabe citar três temas preponderantes no cenário internacional?
11. Que organizações internacionais você sabe identificar pelo nome e pelos objetivos?
A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 11
1.1 A Guerra Fria e seu Cenário
Antes de tratarmos da disputa de ordem política e militar que se tornou conhecida 
como Guerra Fria, precisamos dar uma palavra sobre o cenário político que predominava 
ao final da II Guerra Mundial (1939-1945). Tratava-se de um cenário traumático, 
tenso, que marcou um “antes” e um “depois” desse conflito, de sorte até mesmo a alterar 
paradigmas de Direito Internacional, fomentando toda uma nova compreensão do 
próprio significado de humanidade. O trágico resultado desse conflito de proporções 
gigantescas, segundo Becker (1975), foi de 54 milhões de mortos, 40 milhões de feridos 
e mutilados, 150 milhões de europeus desabrigados e um custo estimado em um trilhão 
e quatrocentos milhões de dólares.
Entre as consequências que se seguiram ao final da II Guerra, Becker (1975) 
registra a extinção do nazismo e do fascismo em âmbito estatal: a Itália tornou-se uma 
república e a Alemanha dividiu-se em dois blocos. Sobre essa partilha da Alemanha, Pena 
(2019) chama nossa atenção para o fato de o país ter sido o grande derrotado do conflito, 
tendo tido sua área dominada pela base aliada, formada por países que, na Conferência de 
Postdam (1945), uniram-se para decidir acerca da administração desse território.
Figura 1.1 – Clement Attlee, Harry S. Truman, and Joseph Stalin 
na Conferência de Potsdam, julho de 1945.
Fonte: Wikimedia Commons (2019).
Como ficou o Japão após a Segunda Guerra Mundial? 
Leia em: .
SAIBA MAIS
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/japao-apos-segunda-guerra-mundial.htm
TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini12
Figura 1.2 – Divisão da Alemanha após o término da Segunda Guerra Mundial.
Fonte: Wikimedia Commons (2019).
Becker (1975), ainda quanto às consequências do pós-guerra, cita a expansão 
do comunismo que, na Europa, se dá com a anexação, pela Rússia (URSS), dos países 
bálticos (Letônia, Estônia e Lituânia). Temos ainda que a Polônia, a Tchecoslováquia, 
a Hungria, a Romênia, a Bulgária, a Iugoslávia e a Albânia tornaram-se repúblicas 
populares. Na Ásia, a China, a Mongólia, a Coréia do Norte e o Vietnã do Norte aderiram 
ao comunismo e, na América, Cuba. Também os impérios coloniais da Grã-Bretanha, 
Espanha, Holanda, Bélgica, Portugal e França tiveram fim. Emanciparam-se Ásia, 
Indonésia e África, e surgiram mais de 50 novas nações independentes.
A Liga das Nações, criada em 1919 pelo Tratado de Versalhes, foi substituída 
pela Organização da Nações Unidas (ONU), fundada em 1945 na cidade de San 
Francisco e sediada em Nova Iorque, tendo por objetivo a paz universal (LE MONDE 
POLITIQUE, 2007-2019). Destaca-se, ainda, a criação de organismos econômicos como 
o FMI e o Banco Mundial, que causaram grande impacto na economia internacional 
com o deslocamento do núcleo de poder da Europa para os EUA - o que trataremos com 
maiores detalhes posteriormente.
A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 13
Claramente delineiam-se dois grandes blocos mundiais e, ― pode-se dizer ―, 
o mundo se dividiu entre um bloco ocidental (capitalista), liderado pelos Estados Unidos 
da América (EUA); outro oriental (socialista), liderado pela União das Repúblicas 
Socialistas Soviéticas (URSS).
Em termos geopolíticos, podemos representar as alterações acima referidas com 
o seguinte mapa:
Figura 1.3 – Situação política mundial durante a Guerra Fria (1959).
Fonte: Wikimedia Commons (2019).
Encontre tempo para assistir 
esse documentário educativo que 
redescobre a II Guerra mundial em 
seis episódios: 1° - A Agressão 
Nazista; 2° - A Guerra Relâmpago; 
3° - Pesadelo Alemão; 4° - 
Momentos Decisivos; 5° - O Dia D; 
6° - O Apocalipse. 
São filmes que você encontra aqui: 
.
VÍDEO
https://www.youtube.com/watch?v=f4b9pGC7f08
TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini14
Acrescente-se ainda que ambos os blocos, além de disporem da tecnologia nuclear, 
desenvolveram - por conta da competição espacial e armamentista que disputavam - 
novas armas, tais como aviões a jato, foguetes de condução autônoma, etc. As relações 
internacionais fizeram-se tensas, e não poderia ser diferente, frente à polarização. 
Esta última se tornou importante à vista de todo o resto mundo, não apenas porque 
se tratavam de duas grandes potências que divergiam na ordem política e na ordem 
econômica, mas porque ambas dominavam a tecnologia nuclear, ou seja, a bomba 
atômica, cujas consequências catastróficas o mundo já pudera conhecer em Hiroshima 
e Nagasaki. Pena (2009), referindo-se ao fim da II Guerra em maio de 1945, fala-nos da 
rendição da Alemanha nazista, quando Berlim, sua capital, teve suas ruas ocupadas pelo 
exército soviético, rendição consolidada, em seguida, com as bombas que garantiram a 
vitória dos Aliados sobre o Eixo.
Para Pena (2019), a Guerra Fria pode ser definida como “uma disputa político-
militar que marcou a antiga ordem mundial, polarizada por Estados Unidos e 
União Soviética”. Essas duas potências que emergiram então passaram a traçar e a ditar 
diretrizes na ordem política, econômica e militar, protagonizando o que ficou conhecido 
como essa Guerra Fria, que só terá fim em 1989, com a queda do muro de Berlim seguida, 
dois anos depois, da desintegração do bloco soviético.
Chama-se Cortina de Ferro a divisão da Europa em duas áreas distintas desde 
o final da Segunda Guerra Mundial (1945) até o final da Guerra Fria (1991). 
A URSS e os países socialistas do Leste Europeu aliaram-se militarmente 
através do Pacto de Varsóvia; enquanto as democracias da Europa Ocidental 
e os Estados Unidos organizaram-se através da Organização do Tratado do 
Atlântico Norte (OTAN).
Mais informações: .
SAIBA MAIS
https://www.infoescola.com/historia/cortina-de-ferro/
AReorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 15
Figura 1.4 – Corrida espacial: Neil Armstrong chega à lua em 1969.
Fonte: Wikimedia Commons (2019).
Uma paz apenas aparente, ― daí se dizer fria ―, dissimulava a corrida 
armamentista, já que ambos os blocos detinham alta tecnologia nuclear, sem falar que 
uma polarização ideológica extrema gerava ainda mais tensão, promovendo perseguições 
políticas e mesmo a morte de opositores. Nos EUA, o macarthismo ― expressão derivada 
das práticas imputadas ao senador republicano Joseph McCarthy ―, caracterizado pela 
caça aos comunistas, e, na URSS, o stalinismo, ― expressão que remete às práticas de 
Joseph Stalin ―, promotor do socialismo, podem ser apontados como movimentos que 
caracterizam muito bem essa polarização. (GEOPOLÍTICA, 2019).
Macarthismo: É o termo utilizado para descrever a prática de acusar 
de deslealdade, subversão ou traição à pátria, sem o recurso de provas 
ou evidências. Atitude política interna norte americana voltada a um 
anticomunismo absoluto que se fez com perseguições a homens e instituições 
declaradas como “anti-americanas” por um suposto viés comunista que 
pudessem apresentar (MACARTISMO, s/d).
Stalinismo: Regime político e econômico utilizado por Joseph Stalin entre 
1922 e 1953 caracterizado por frequentes erros e falhas que levavam a 
pensar estar-se abandonando o marxismo-leninismo por um sistema que 
muitos historiadores comunistas e socialistas equiparam ao fascismo 
(STALINISMO, s/d).
GLOSSÁRIO
TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini16
Figura 1.5 – “Americanos não patrocinam vermelhos”: 
propaganda anticomunista norte-americana.
Fonte: Wikimedia Commons (2019).
Assim, entre o fim da II Guerra Mundial e a queda do muro de Berlim, portanto, 
de 1945 até 1989, o cenário mundial mostrava um conflito que teve lugar em tempos de 
uma velha ordem mundial, bipolarizada entre capitalismo e comunismo.
O Muro de Berlim foi chamado de “dique de proteção antifascista” pela 
República Democrática da Alemanha (a oriental) e de “muro da vergonha” 
pela República Federal da Alemanha (a ocidental). Sua construção foi 
concluída em 13 de agosto de 1961. O trecho que cortava a cidade de Berlim 
tinha cerca de 43,7 quilômetros de extensão, enquanto todo o sistema de 
fortificações que cercava Berlim Ocidental se estendia por aproximadamente 
155 quilômetros. O Muro de Berlim foi um emblema da Guerra Fria e da 
separação alemã (MURO..., s/d).
DESTAQUE
A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 17
É importante que se registre, conforme Vigevani (1999), que o período 
compreendido entre o final do século XX e o início do século XXI oportuniza uma reflexão 
sobre as relações internacionais, especialmente no cenário Pós-Guerra Fria, quando, 
teoricamente, se poderia ter como superado o conflito Leste-Oeste. Contudo, impositivo 
que se proceda a um debate histórico, com exame das instituições internacionais e das 
novas agendas que se destacam em âmbito global, para que se possa compreender as 
alterações de ordem política e econômica daí decorrentes.
Sato (2000), por sua vez, sinala que os acontecimentos que tiveram lugar no final 
da década de 1980 não devem ser interpretados de maneira episódica, mas como parte 
integrante de uma processo de mudanças que culminaram com o fim da Guerra Fria e 
com a emergência de uma complexa e instável ordem internacional não muito diferente 
daquela que predominava durante a última década de duração dessa guerra. 
A seguir, analisaremos algumas dessas implicações.
A realidade de um muro que dividiu, por quase três décadas, uma mesma 
nação é um fato. Com base nessa evidência, o que você poderia dizer acerca 
de possíveis consequências resultantes de divisões ideológicas que têm 
lugar em uma mesma nação?
REFLETINDO
TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini18
1.2 Análise Crítica das Transformações do Cenário 
Mundial no Pós-Guerra Fria
Lima (1996), em publicação que procede a uma análise crítica de alguns cenários 
relacionados à ordem mundial que emergiu após a Guerra Fria, nos fornece diferentes 
interpretações e tendências implicadas neste debate. O artigo passa em revista a própria 
delimitação temporal do que se tem por fim da Guerra Fria, analisando, a seguir, a 
ordem pós-45, as tendência deste debate no âmbito acadêmico e, por fim, teses, a seu ver 
equivocadas, sobre a ordem mundial Pós-Guerra Fria. 
Para realizar uma leitura geo-histórica, que aponte para as principais 
transformações no cenário político e econômico internacional após o fim da Guerra Fria, 
com Lima (1996), vamos proceder à análise de alguns pontos que refletem diferentes 
interpretações dessa mudança. Seriam eles: o fim da história e do comunismo, ― que aqui 
serão tratados em conjunto ―, o fim do sistema de Westfália, do sistema de Versalhes e 
o fim da ordem mundial pós-45.
1.2.1 O Fim da História e do Comunismo
Fukuyama, em sua tese sobre o fim da história, afirma que se estaria diante do 
final de um ciclo iniciado em 1789 com a Revolução Francesa e encerrando em 1989 com 
queda do muro de Berlim (HALLIDAY apud LIMA, 1996). Para Braga e Tresoldi (2019), 
Fukuyama afirmou que a derrota do fascismo [e a do nazismo], bem como a do socialismo, 
elevou o liberalismo à categoria de uma ideia-força na condução político-econômica 
das sociedades. Não se tratava, todavia, de por aí afirmar que as sociedades se tornaram 
liberais na política e na economia imediatamente, mas, de preferência, tratava-se de 
estabelecer que a grande disputa ideológica entre liberalismo, fascismo e comunismo 
terminara com o triunfo de uma ideologia liberal ocidental que implicaria em priorizar 
o mercado na organização da economia mundial.
Lima (1996), todavia, encontra que a tese do fim da história, assim como a do 
fim do comunismo teriam em comum acentuarem ambas a ausência de movimentos de 
contestação à hegemonia de uma ordem política que se desdobra frente a um cenário de 
economia liberal.
A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 19
1.2.2 O Fim do Sistema da Westfália
Para Lima (1996), trata-se aí de uma tese polêmica, porque a ordem da Westfália é 
muito significativa para os estudiosos das relações internacionais, uma vez que se baseia 
em dois importantes princípios: o da territorialidade e o da soberania das nações, desde 
a paz de 1648. De referir, com Cruz (2011), que a chamada Paz de Westfália, ― que 
envolveu uma série de tratados assinados em 1648 visando à paz na Guerra dos 30 anos 
― implicou no fim da antiga ordem imperial, permitindo o surgimento de novas potências.
Todavia, Lima (1996) chama nossa atenção para o fato de que Westfália não 
teria, em tese, constituído uma quebra definitiva da ordem medieval, porque 
algumas instituições remanescentes do Sacro Império Romano só foram eliminadas no 
século XIX, com Napoleão e suas conquistas. Por outro lado, o princípio da soberania 
também seria uma construção doutrinária de preferência a uma realidade prática, 
porque é depende de um reconhecimento recíproco para sua efetivação, com limites 
politicamente estabelecidos. Por fim, deve-se ter presente que a natureza das mudanças 
institucionais que examinamos aqui é descontínua e contingencial e, muitas vezes, está 
sujeita a escolhas individuais, elementos estes que fragilizam a suposição de que se 
estaria diante de uma evolução unilinear.
1.2.3 O Fim do Sistema de Versalhes
O chamado sistema de Versalhes implica na sistematização das decisões 
tomadas quando da assinatura, em 1919, do Tratado de Versalhes, que estabeleceu a 
paz, encerrando oficialmente a I Guerra Mundial (TRATADO, 2009-2019). Lima (1996) 
acrescenta que se trataria do próprio fim do que ele chama de o sistema de Versalhes, 
responsável por uma reconfiguração da ordem européia ao final da I Guerra, com retorno 
ao sistema anterior a 1914,multipolar, e portanto, instável, no sentido de favorecer 
Saiba mais sobre a Paz da Westfália no artigo “Paz de Vestfália - Acordo 
entre países europeus encerrou a Guerra dos Trinta Anos”, do portal UOL 
Educação. Disponível em: .
SAIBA MAIS
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/paz-de-vestfalia-acordo-entre-paises-europeus-encerrou-a-guerra-dos-trinta-anos.htm
TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini20
conflitos e instabilidades no continente europeu. Nesse sentido, a Guerra Fria teria sido 
um fator de estabilidade, mas não se segue daí que seu término implicasse em retorno da 
Europa ao que ela era antes de 1914, porque, especialmente do ponto de vista econômico, 
as condições atuais são completamente diferentes do que eram antes.
1.2.4 O Fim da Ordem Mundial Pós-45
Dizer que o fim da ordem mundial pós-45 seria uma das consequências do final 
da Guerra Fria é, segundo Lima (1996), considerar que estaria encerrado um período que 
se caracterizou pelo conflito ideológico mantido entre dois modelos sociais competitivos 
na ordem político-militar, perspectiva que se mostra adequada, porque, ao contrário das 
anteriores, interpreta a mudança como significativa em termos de distribuição do poder 
em nível mundial.
Lima (1996) conclui que é preciso considerar o fim da Guerra Fria como uma 
mudança de ordem sistêmica, destacando-se daí três consequências, a saber: o fim da 
União Soviética como superpotência mundial, o fim da unidade territorial desse país e 
o fim do socialismo real.
Portanto, o fim da Guerra Fria implica em que se analise as implicações envolvidas 
na dissolução do bloco soviético do ponto de vista geopolítico e econômico.
A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 21
1.3 A Dissolução do Bloco Soviético na Geopolítica e 
na Econômica Internacional
Analisar os Impactos da dissolução do bloco soviético na dinâmica geopolítica 
e econômica internacional implica em que se estabeleça, desde logo, que o fim do 
chamado comunismo implicou no fim de uma era bipolar, na qual dois sistemas se 
opunham um ao outro.
Não se fugiu, assim, de considerar que esse evento implicou na vitória de um 
sistema sobre outro, marcando o advento da democracia liberal. Esse novo contexto, 
porém, conflita tanto com a situação dos países terceiro mundistas quanto suscita 
temores acerca da emergência de um mundo unipolar, hegemônico, portanto, à vista da 
superpotência americana. 
A ordem econômica, por sua vez, dá a ver que antigos países comunistas 
passaram a adotar estratégias de privatização. Também a China, nos anos 90, cresceu 
significativamente. O livre comércio foi fortalecido, impondo-se progressivamente, 
graças a acordos internacionais, sem falar que a Europa abre também as suas fronteiras.
Para Quadros e Machado (2015, p. 586), o contexto geopolítico que se sucede 
a partir do fim da Guerra Fria significou mesmo “a erosão do Sistema Internacional 
dividido em dois polos principais de poder e a consolidação da hegemonia norte-
americana”. Dessa sorte, com relação à Rússia, particularmente, tal período representou 
“transformações significativas na política interna, impactos severos na dinâmica da 
sociedade civil, edição de novas demarcações fronteiriças e a redefinição do papel que 
o país ocuparia na arena internacional”. Internamente, a antiga economia planificada 
migrou para a lógica de mercado, com incentivo à concorrência que exige a privatização. 
A propósito desta, ao “final de 1994, 70% das indústrias russas haviam sido privatizadas, 
em um ambiente que fez emergir poderosos grupos oligarcas que incrementam seu poder 
até os dias que correm” (SEGRILLO apud QUADROS e MACHADO, 2015, p. 586).
O Tratado de Maastricht, ou Tratado da União Europeia, foi assinado em 
1992 e, visando a estabilidade política do continente, estabeleceu a União 
Europeia, que hoje conta com 28 Estados-membros e constitui-se no maior 
bloco econômico do mundo.
DESTAQUE
TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini22
Os países satélites da URSS proclamaram sua independência, valendo referir 
a Letônia e a Armênia, em 1990, e o Turquemenistão e a Geórgia, em 1991. As alterações 
em termos geopolíticos são significativas. Os países bálticos, ou seja, Estônia, Letônia, 
e Lituânia, situados ao norte da Europa, na costa leste do Mar Báltico, emanciparam-
se aos poucos (LE MONDE POLITIQUE, 2007-2019). A demissão de Gorbachev teria 
anunciado o fim da URSS, e Gorbachev tentou restabelecer a ordem econômica abalada 
através de uma modernização, sem atingir, contudo, bons resultados. Assim, o fim da 
URSS implicou na constituição da Comunidade dos Estados Independentes (CEI), 
em 8 de dezembro de 1991, visando a criação de uma zona de livre comércio entre 
si. Além da Armênia, participam a Rússia e a Ucrânia, Bielo-Rússia, Cazaquistão, 
Moldávia, Quirguistão e Tajiquistão (PAMBOUKDJIAN, 2011).
Figura 1.6 – Mapa mostrando a dissolução da URSS nas quinze repúblicas independentes.
Fonte: Wikimedia Commons (2019).
Com Putin guindado à presidência da Rússia, no final da década de 1990, 
os principais objetivos traçados em matéria de política doméstica, segundo Quadros 
e Machado (2015, p. 590-1), foram centralizar o poder, imprimindo-lhe uma lógica 
vertical, e restabelecer a ordem e a estabilidade. Defensor de um Estado forte, visto por 
ele como coerente com a tradição cultural russa, buscava devolver à Rússia seu antigo 
protagonismo:
A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 23
Nosso Estado e suas instituições e estruturas sempre desempenharam 
um papel extremamente importante na vida do país e do povo. Para 
os russos um Estado forte não representa uma anomalia que deve ser 
eliminada. [...] A Rússia foi e continuará sendo uma grande potência. 
Isso está pré-condicionado pelas características inseparáveis de sua 
existência geopolítica, econômica e cultural (PUTIN apud QUADROS 
e MACHADO, 2015, p. 591).
Veja-se bem que se trataria aí, como bem analisam Quadros e Machado (2015, 
p. 591), do velho estatismo russo profundamente enraizado em sua história, compatível 
com uma tradição que remonta ao czarismo, explicando o status objetivado por Putin 
durante anos 2000. Os resultados dessa política, em termos econômicos, podem ser 
expressos graficamente:
Figura 1.7 – Gráfico que mostra as exportações da Rússia para a CEI, em bilhões de dólares, 2000-2012.
Fonte: Adaptado de RUSSIA, 2012 apud Quadros e Machado (2015, p. 595).
O gráfico aponta para um incremento do comércio exterior mantido entre os 
russos e os países da Comunidade dos Estados Independentes, CEI. 
Por oportuno, não obstante os objetivos desta unidade se direcionem mais 
particularmente à análise da dinâmica geopolítica e econômica em termos de impacto 
internacional, aspectos ligados à capacitação militar dos países que compunham o antigo 
bloco oriental podem ser esclarecedores, na medida em que apontam para uma efetiva 
80
70
60
50
40
30
40
10
0
13,8
32,6
59,6
79,4
78,4
2000
2005
2010
2011
2012
TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini24
superioridade da Rússia, como se pode constatar na Figura 1.8 - importa mencionar que 
não foram consideradas na comparação as repúblicas bálticas, uma vez que já estariam 
distanciadas do raio de influência da Rússia (QUADROS e MACHADO, 2015, p. 599).
Figura 1.8 – Comparação das forças militares das ex-repúblicas soviéticas, 2013.
País Forças ativas Veículo blindado de 
combate de infantaria
Aeronaves de 
combate
Armênia 48,850 104 15
Azerbaijão 66,950 111 44
Casaquistão 39,000 602 123
Bielorrúsia 48,000 1,111 93
Geórgia 20,650 63 12
Moldávia 5,350 44 0
Russia 845,000 7,360 1,462
Quirguistão 10,900 320 33
Tajiquistão 8,800 23 0
Turcomenistão 22,000 942 94
Ucrânia 129,950 3,028 211
Uzbequistão 48,000 399 135
Fonte: International Institute For Strategic Studies, IISS, 2013(quadro adaptado pelos autores) 
apud Quadros e Machado (2015, p. 599-600), com readaptação pela autora.
Constata-se, a partir do inventário expresso na imagem acima, que o efetivo 
russo é muito superior ao das ex-repúblicas soviéticas, em termos de forças ativas, 
de blindados e de aeronaves, de sorte que se pode concluir, com Quadros e Machado 
(2015), que a Rússia, em que pese tenha sobrevivido “às ruínas do Estado soviético, 
precisou conformar-se à sua posição subalterna em uma ordem internacional liderada 
pelos Estados Unidos” (QUADROS; MACHADO, 2015, p. 600).
Lima (1996) coloca como consequência do colapso soviético, além da desarticulação 
da política mundial, também uma desestabilização das relações internacionais, afetadas 
pelo abalo teórico sofrido por interpretações que viam, nas relações internacionais, algo 
distinto da política, da economia, da história e do direito. Nesse compasso, a distinção 
entre externo e interno é afetada, na medida em que não é mais relevante “pensar a 
política internacional desvinculada da dinâmica interna [...] da mesma forma que é cada 
vez mais problemático analisar a política doméstica sem considerar o contexto externo” 
(LIMA, 1996, sem paginação).
A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 25
De modo bastante lúcido, Lima (1996) também nos alerta para construção de 
cenários frágeis, ora com análise do período Pós-Guerra Fria, através de construções 
analógicas que se repetem, ora através de projeções de tendências do presente. Porque, 
segundo ele, não é suficiente avaliar o potencial econômico e militar das nações 
que pretendem a condição de superpotência. Fundamental parece-lhe considerar a 
dinâmica implicada em políticas e em interesses que podem se mostrar insuficientes para 
garantir os recursos necessários para chegar à condição de superpotência. Ou mesmo, 
― o que seria ainda pior ―, para direcionar ações predatórias com vistas à obtenção 
de vantagens decorrentes de uma supremacia econômica e militar, bem como de uma 
eventual relação de interdependência relativamente a outras nações. 
TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini26
1.4 A Hegemonia Militar, Econômica e Cultural dos 
Eua e seus Aliados, e a Expansão do Modelo 
Político-Econômico Liberal-Democrata
Nosso tema é complexo. Primeiro, porque se tratam de visões de um tempo ainda 
muito presente entre nós, de sorte que o vivemos e o vivenciamos muito particularmente 
em nossas escolhas, inclusive ideológicas. Segundo, porque a própria terminologia 
empregada precisa ser explicitada de modo a possibilitar que se identifique sua 
pertinência e o âmbito de sua aplicação. Em razão disso, pareceu adequada a divisão 
da abordagem do assunto tratado nesta seção em itens pouco extensos, tentando assim 
facilitar a compreensão dos diversos conceitos implicados.
1.4.1 A Ascensão Hegemônica dos EUA 
Em artigo dedicado a examinar o papel dos EUA de 1989 a 2010, Pecequilo 
(2010, p. 12) afirma, em linhas gerais, que a ascensão hegemônica dos EUA configura 
a primeira grande estratégia internacional multilateral. Tal estratégia é frequentemente 
associada a uma política de contenção ao comunismo e à URSS, desde os tempos da 
Guerra Fria e associa-se a uma visão de liderança e ordem que remonta ao final da 
Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e que atribui aos EUA papel central na economia e 
política internacionais. A hegemonia norte americana parte de uma perspectiva liberal. 
O poder militar, por sua vez, não é o único meio de sustentação de sua influência.
1.4.2 Bases da Ascensão Hegemônica dos EUA. Da Política de 
Ajuda à Designação do Inimigo
Toda essa influência dos EUA que se faz sentir no mundo não tem por base 
exclusiva o poder militar. Ela pressupõe ainda, segundo Pecequilo (2010, p. 12), três 
diferentes vertentes de comportamento, três diferentes atitudes, diríamos. Elas seriam 
uma vertente dura, uma branda e outra ainda de cooptação (hard, soft and cooptive 
power). Por exemplo, podemos identificar uma postura branda ou soft diante de 
parceiros, clientes ou dominados. Assim, a hegemonia é percebida como um fato real 
que, paradoxalmente, fornece segurança em termos estratégicos militares e benefícios 
decorrentes da cooperação, de sorte que a imagem percebida a partir do país parceiro 
corresponde àquela de um mantenedor do equilíbrio.
A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 27
Não é demais lembrar de que essa política de ajuda dos EUA encontra raízes no 
final da II Guerra. Ela foi mesmo formalizada pelo Presidente Harry Truman (1945-
1953), quando ele inaugurou as sessões do Congresso com um discurso no qual destacou 
quatro prioridades da política externa americana, a saber: o apoio às Nações Unidas, a 
reconstrução da economia mundial, a luta contra o comunismo e a ajuda aos países em 
desenvolvimento” (AYERBE, 2002, p. 78).
A projeção da hegemonia americana encontrou consenso diante do que foi definido 
como a “ameaça soviética”. Nesse sentido, a instrumentalização de um inimigo teve 
papel fundamental em um projeto voltado à construção da ordem, ou seja, ao exercício 
de uma hegemonia que tinha como objetivos a contenção da URSS e do comunismo, 
bem como a disseminação do liberalismo em nível político e econômico. Importante 
ressaltar o papel de organizações internacionais governamentais (OIGs) na facilitação do 
multilateralismo, na medida em que geram interdependência entre os Estados.
1.4.3 Examinando o Termo Hegemonia 
Pereira (2011, p. 238), muito a propósito, observa que os termos poder, dominação 
e hegemonia são frequentemente empregados por analistas, mas possuem sentidos 
diferentes, de acordo as perspectivas teóricas a partir das quais são usados. Assim, por 
exemplo, da perspectiva marxista, hegemonia relaciona-se à liderança de uma classe 
em face das demais. Já o mesmo termo, quando aplicado no contexto das relações 
internacionais, expressa o grau de liderança de um Estado perante os demais. 
De qualquer sorte, podemos estabelecer, com Pereira (2019, p. 239), que hegemonia, 
em sentido restrito, “significa o domínio de um Estado ou de um conjunto de estados 
sobre os demais”. Essa relação de dominância diz de perto com capacidades físicas do 
Estados. Contudo, pode-se dar ao conceito de hegemonia uma concepção mais abrangente, 
a partir do qual ela é compreendida como um processo que envolve a liderança moral e 
intelectual que uma classe dominante exerceria em face da sociedade civil. Presume-se aí 
que haja prévio consenso junto às demais frações, uma vez que se trata, aqui, de liderança 
de classe, do ponto de vista da ampliação do significado de hegemonia.
TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini28
1.4.4 Entre Conceitos, Ideologias e Temporalidades
É preciso identificar, portanto, que os conceitos flutuam de acordo com o viés 
ideológico colocado na perspectiva do interesse em pauta. No mesmo diapasão, a cultura, 
a moral, o intelecto corporificam-se como via de poder. Assim, por exemplo, 
a aproximação que se pode fazer entre ditadura e hegemonia, como não contraditórios, 
do ponto de vista marxista.
Podemos exemplificar. No verbete identificado como El Estado Cubano, 
encontramos na subdivisão Ditadura e Hegemonia o texto que segue, de tradução livre 
da autora:
O célebre marxista Antonio Gramsci conceitua o Estado como o 
complexo de atividades prático-teóricas com as quais a classe dirigente 
não apenas justifica e mantém seu domínio como ainda consegue 
manter o consenso ativo dos governantes. É precisamente ao Estado 
como hegemonia (como direção política, como ordenamento moral e 
intelectual) que se refere este marxista. Ditadura consiste então em 
relações de enfrentamento entre os dirigentes e o conjunto de classes 
aliadas em face das [classes] reacionárias que é necessário destruir. 
Relação entre ambos: estes dois aspectos [ditadura e hegemonia]não são 
mais que dois momentos reais e ativos de um mesmo fenômeno geral. 
Expressam ambos, em última instância, o fato de que a supremacia de 
uma classe social manifesta-se dois aspectos diferentes: como domínio 
e como direção intelectual e moral. Portanto, não são contraditórios ou 
excludentes estes aspectos (DICTADURA…, s/d).
Por aí é possível perceber que a hegemonia pode se manifestar também do ponto 
de vista cultural, aplicação promovida pelo italiano Antonio Gramsci (1891-1937). 
Hegemonia pode também, como é evidente, manifestar-se como superioridade militar, no 
âmbito da força, do potencial bélico de um Estado que pode se impor perante os demais. 
Ela também pode manifestar-se na economia, quando a superioridade dos recursos 
permite o exercício de um poder que, em tese, pode comprar o que deseja conquistar.
A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 29
Resta também colocar que existe uma perspectiva temporal, a partir da qual é 
preciso compreender que as relações internacionais do século XX, ― com seus múltiplos 
atores tanto em termos de entes estatais quanto em termos de sociedade civil ―, são 
inteiramente diversas daquelas levadas a efeito no século XIX, como, por exemplo, 
na expansão do domínio internacional inglês. Ressalvados tais pressupostos, pode-se 
prosseguir com a análise do protagonismo americano e de como ele pode ser percebido 
em termos atuais.
Este papel protagonizado pelos EUA, cuja intervenção é identificada muitas 
vezes como benigna, conforme Pecequilo (2010, p.12), teria rompido com duas antigas 
vertentes predominantes na política internacional, que são: a antiga visão européia 
das relações internacionais e a tradição unilateral. A primeira, ou seja, a antiga visão 
européia, norteou o período de formação dos estados nacionais, entre os séculos XVII 
e XVIII, atravessando guerras, inclusive os dois grandes conflitos mundiais; a segunda, 
tradição unilateral, coincide com o nascimento da República, e se desenvolve no século 
XVIII, com vistas à preservação da soberania e autonomia nacionais, separando o 
velho do novo, ou seja, a América (nova) da Europa (velha). Diferentemente, os EUA 
protagonizaram uma política internacional que poderia ser sintetizada nas palavras 
do Presidente George Washington: “sem alianças permanentes”, visando os seguintes 
objetivos: total independência de escolha, engajamento internacional limitado aos 
próprios interesses nacionais, disseminação desse modelo pelo exemplo e pela atuação. 
Não se trata, todavia, de uma política de isolacionismo, devendo ser compreendida, 
de preferência, como não participativa em negócios externos, porém com intervenções 
periódicas, afirma Pecequilo (2010, p. 13).
Encontre tempo para assistir a esse 
vídeo didático sobre a Teoria da 
Hegemonia Cultural de Gramsci, 
feito para a cadeira de Teorias II do 
terceiro semestre do curso de 
jornalismo da Universidade Federal 
do Ceará. Autores: Lídia Ribeiro, 
Vinicius França e Jéssica Queiroz: 
.
VÍDEO
https://www.youtube.com/watch?v=Y2IrIUGESbg
TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini30
1.4.5 Uma Palavra sobre o Isolacionismo
O isolacionismo, vale lembrar, era a política daqueles que desejavam a “América 
Primeiro”, preconizando um total desengajamento do sistema. Para os isolacionistas, 
o final da Guerra Fria foi identificado como um tempo de crise no poder. A par do 
isolacionismo, o “Internacionalismo Unilateral”, tinha em vista a recuperação da 
margem de ação perdida ao longo da Guerra Fria em razão do domínio das OIGs, que 
restringiam o poder americano, no auge, aliás, ao final da Guerra Fria, conferindo aos 
EUA um status de superpotência que foi útil para a expansão de seus interesses, observa 
Pecequilo (2010, p. 13). O Unilateralistas iam no sentido oposto dos Isolacionistas, visando 
a prosperidade e a unipolaridade, sem recuos, com expansão hegemônica. Em comum, 
todavia, ambos mantinham em suas agendas críticas ao liberalismo moral, à imigração 
e ao crescente poder das chamadas minorias. Entretanto, como bem explica Pecequilo 
(2010, p. 13), há também os Multilateralistas que, em contrapartida, pretendiam ajustar 
a hegemonia, aproveitando o que seriam os dividendos da Guerra Fria, em especial, 
para diminuir custos e expandir a influência do mercado, administrando tendências 
multipolares que já se faziam notar desde os anos 1990 com o crescimento do Japão, da 
China e da Europa Ocidental e que apareciam, afinal, como polos alternativos.
1.4.6 Considerações sobre Ações e Articulações em Termos da 
Hegemonia dos EUA
Em termos simples, pode-se dizer que, de um lado, uma política voltada a construir 
uma ordem, de outro, uma política voltada a conter a ameaça soviética resumem atitudes 
que puderam gerar uma espécie de consenso que facilitou a projeção da hegemonia 
americana nos âmbitos militar, econômico e cultural. Nisso, a instrumentalização 
de um inimigo teve papel fundamental para a construção de uma ordem que visava, 
prioritariamente, a três objetivos muito bem delineados por Pecequilo (2010, p. 13): a 
contenção da URSS, a contenção do comunismo e a disseminação do liberalismo político 
e econômico. 
A propósito da importância desse tema, Sader (2005, p. 15) chega a afirmar que:
Nada de essencial do mundo contemporâneo pode ser explicado sem uma 
compreensão minimamente adequada da hegemonia norte-americana, 
tal foi a forma com que essa hegemonia ganhou centralidade depois da 
desaparição do “campo socialista” no mundo.
A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 31
Em outras palavras, o conceito de hegemonia tornou-se ele próprio hegemônico em 
termos de sua instrumentalidade como ferramenta de análise. Dessa sorte, a hegemonia 
dos EUA não poderia ser diminuída, na medida em que qualquer visão que subestimasse 
sua importância contribuiria de maneira negativa para com a sua superação, bem como 
para a construção de “outro mundo possível”, afirma Sader (2005, p. 15), referindo-se 
ao que ele considera como a mais importante questão política e teórica da atualidade: 
“a construção de uma hegemonia alternativa ao modelo neoliberal (SADER, 2005, p. 15). 
Figura 1.9 – Mapa com as bases norte-americanas ao redor do mundo.
Fonte: Adaptado de Naval Brasil (2019).
US military bases world wide 2001-2003
In this period the United States has over 730 military instaliations and bases in over 50 countries.
Sobre o potencial de armas americanas no mundo: .
SAIBA MAIS
https://br.sputniknews.com/americas/201705068327775-bases-militares-eua-cebrapaz-america-latina/
TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini32
1.5 Os Organismos Internacionais em Face das 
Questões Globais e do Fim da Bipolaridade
O relacionamento entre Estados e Organizações internacionais é uma abordagem 
frequente. Rinaldi e Morini (2015, p. 219) nos fazem lembrar que o ambiente internacional 
sempre despertou a curiosidade dos homens, por envolver cenários onde temas 
como guerra e paz, comércio, regimes de governo, terrorismo transnacional, direito 
internacional, soberania, cooperação são pertinentes. Há ainda a globalização e tudo 
mais que está aí envolvido, de maneira que o assunto reclama uma sistematização que 
fica sempre na dependência de recortes. Um deles seria justamente o da relação entre os 
Estados e as organizações internacionais, cuja importância diz com a análise de cenários 
de cooperação.
No presente, ocorre uma intensificação das relações entre países no âmbito 
político e econômico, em razão do incremento do comércio, da circulação de moedas, 
mercadorias e pessoas, sem falar da aproximação político-cultural, situação esta que, 
segundo Rinaldi e Morini (2015, p. 224), deu origem a uma tese que entende que as 
fronteiras nacionais estariam se diluindo, de sorte que o próprio conceito de soberania, 
― originário do direitointernacional ―, estaria por ser redefinido. Contudo, Rinaldi 
e Morini (2015, p. 224), com base em autores como Nye, colocam que as fronteiras, 
embora tenham se tornado mais porosas, nem por isso perderam sua relevância.
Não é duvidoso, todavia, que a aproximação entre os Estados tem sido crescente, 
fato este que desencadeou uma série de processos dentre os quais Rinaldi e Morini (2015, 
p. 224) destacam o crescimento econômico, o desenvolvimento de novas tecnologias, 
o incremento do comércio internacional que foi favorável a setores relacionados ao bem-
estar das populações, o aumento da expectativa de vida em geral, entre outros. Esse 
fenômeno, ― então denominado globalização ―, facultou a países em desenvolvimento 
que saíssem do isolamento e obtivessem acesso a saberes que, até então, mantinham-se 
fora do alcance de seus nacionais. Dessa sorte, tem-se que a “história da globalização 
(ou da mundialização) é, a rigor, a história do capitalismo” (RINALDI e MORINI, 2015, 
p. 524). Trata-se de um longo processo, que pressupõe “ciclos de expansão e retração, 
ruptura e reorientação “ (id. ibid.).
A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 33
1.5.1 Definindo os Organismos Internacionais
Posto isso, é hora de definir o que vêm a ser esses organismos ― ou organizações 
― de âmbito internacional, que também são conhecidos como instituições multilaterais. 
Decicino (2013, sem paginação) as vê como “entidades criadas pelas principais nações 
do mundo com o objetivo de trabalhar em comum para o pleno desenvolvimento das 
diferentes áreas da atividade humana: política, economia, saúde, segurança, etc.” e as 
define como sociedades entre Estados. São constituídas a partir de acordos ou tratados 
e têm em vista incentivar a cooperação entre seus membros à vista de objetivos comuns.
 Essas organizações podem ser definidas como uma sociedade entre Estados. 
Constituídas por meio de tratados ou acordos, têm a finalidade de incentivar a permanente 
cooperação entre seus membros, na consecução de objetivos comuns. Elas atuam em 
conformidade com quatro orientações estratégicas que são apresentadas na figura abaixo.
Quadro 1.1 – Orientações Estratégicas das Organizações Internacionais ou Instituições Multilaterais.
1 Adoção, por parte dos países membros, de normas comuns de comportamento 
político, social, etc. 
2
Prevenção, planejamento e concretização de ações em casos de urgência aplicados 
na solução de crises de âmbito nacional ou internacional originadas de conflitos 
diversos, de catástrofes, etc.
3 Realização de pesquisas conjunta em áreas específicas.
4 Prestação de serviços de cooperação econômica, cultural, médica, etc.
Fonte: Adaptação da autora com base em Decicino (2013, sem paginação).
A seguir, veremos algumas organizações internacionais que se caracterizam por 
sua relevância no mundo atual.
1.5.2 ONU – Organização das Nações Unidas
A ONU - Organização das Nações Unidas foi fundada no dia 24 de outubro de 1945 
(ECURED, s/d) e deve sua criação aos países vencedores da II Guerra Mundial, tendo 
como objetivo precípuo a manutenção da paz e da segurança internacionais, além de 
incentivar relações amistosas entre seus membros. Registra Decicino (2013) que a ONU 
proíbe o emprego unilateral da força, cuja utilização ela só prevê excepcionalmente, com 
vistas à defesa de interesse comum dos países membros. Sua intervenção em eventuais 
conflitos se dá não só visando a restauração da paz, como também para prevenção de 
possíveis enfrentamentos.
TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini34
A ONU definiu cinco principais domínios de competências, a saber: a harmonização 
entre os países, pela manutenção da paz, da segurança e pelo desarmamento; a ampliação do 
domínio de aplicação dos direitos humanos e da democracia; a cooperação internacional; 
o desenvolvimento de operações; prevenção e negociação de conflitos. Seus principais 
órgãos são: a Assembleia Geral, plena, composta de todos os Estados membros das Nações 
Unidas, o Conselho de Segurança, órgão executivo da ONU, o Conselho Econômico e 
Social, com 54 membros eleitos pela Assembleia Geral por três anos, o Secretário Geral, 
que intervém nas dificuldades internacionais, diplomaticamente e de maneira pacífica (LE 
MONDE POLITIQUE, 2007-2019).
Para saber mais sobre a ONU, acesse: .
SAIBA MAIS
https://nacoesunidas.org/
A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 35
Figura 1.10 – Organograma do Sistema ONU.
Fonte: ONU (2019).
TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini36
1.5.3 UNESCO - Organização das Nações Unidas para 
Educação, Ciência e Cultura
A UNESCO - Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura 
foi fundada em 16 de novembro de 1946 e deve sua criação à Conferência de Londres 
(Decicino, 2013). É um organismo especializado das Nações Unidas que tem como 
objetivo contribuir para a conservação da paz e segurança, estreitando, por meio 
da educação, da ciência e da cultura, a colaboração entre as nações, com a finalidade 
de assegurar o respeito universal à justiça, à lei, aos direitos humanos e às liberdades 
fundamentais que a Carta das Nações Unidas reconhece a todos os povos, sem distinção 
de raça, de sexo, de idioma ou de religião. A UNESCO é integrada por 194 Estados 
Membros e 7 Membros Associados. Seus órgãos de governo são a Conferência Geral e 
o Conselho Executivo (ECURED, s/d). Desde 1960, a UNESCO vem atuando também 
na preservação e restauração de espaços de valor cultural e histórico (Decicino, 2013).
1.5.4 OCDE - Organização para a Cooperação e o 
Desenvolvimento Econômico 
A OCDE - Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico foi 
fundada em 14 de dezembro de 1960 é um fórum intergovernamental que reúne 34 países 
comprometidos com economias de mercado e com sistemas políticos democráticos que, 
em conjunto, representam 81% do PIB mundial. No intercâmbio de políticas públicas, a 
OCDE compara e intercambia políticas públicas para promoção e apoio do crescimento 
econômico, aumento de empregos, melhora da qualidade de vida, manutenção da 
estabilidade financeira, assistência a outros países em seu desenvolvimento econômico 
geral, contribuindo para com o crescimento do comércio mundial (ECURED, s/d).
Para saber mais sobre a UNESCO, acesse: .
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre a OCDE, acesse: .
SAIBA MAIS
http://www.unesco.org/new/pt/brasilia
https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/ocde
A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 37
Figura 1.11 – Membros da OCDE – Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, Coréia, Dinamarca, Eslovênia, 
Espanha, Estados Unidos, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Islândia, Israel, Itália, Japão, Letônia, 
Luxemburgo, México, Noruega, Nova Zelândia, Países Baixos, Peru, Polônia, Portugal e Reino Unido.
Fonte: BRASIL. Ministério da Fazenda.
1.5.5 OMS - Organização Mundial da Saúde 
A OMS - Organização Mundial da Saúde foi fundada em 7 de abril de 1948 
e é o organismo internacional do sistema das Nações Unidas responsável pela saúde, 
subordinada à ONU, portanto. Integrada por especialistas, elabora diretrizes e normas 
sanitárias, ajudando países no enfrentamento de questões de saúde pública, apoiando e 
promovendo investigações sanitárias. Através da mediação da OMS, os governos podem 
enfrentar conjuntamente problemas sanitários de proporções mundiais. Além disso, 
promove campanhas relacionadas à saúde, por exemplo, na promoção do combate ao 
tabagismo e do alcoolismo (ECURED, s/d).
Países membros
Países que subscrevem à
Declaração de Investimentos,
que por isso possuem PCNs,
porém não são membros.
Para saber mais sobre a OMS, acesse: .
SAIBA MAIS
http:///www.who.int/eportuguese/countries/bra/pt/
TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | MaristelaBleggi Tomasini38
1.5.6 OEA - Organização dos Estados Americanos 
A OEA - Organização dos Estados Americanos foi criada em 1948 por ocasião da 
subscrição, em Bogotá, Colômbia, da Carta da OEA que passou a vigorar em dezembro 
de 1951, com o objetivo de obter de seus Estados membros, conforme estipulado no art. 
1° da Carta, paz e justiça, solidariedade, colaboração, defesa da soberania, da integridade 
territorial e da independência. Tem como objetivos fortalecer a paz e da segurança, 
consolidar a democracia, promover os direitos humanos, apoiar o desenvolvimento 
socioeconômico e promover o desenvolvimento sustentável da América (ECURED, s/d). 
1.5.7 OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte 
A OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte, registra Decicino (2013), 
foi criada em 1949, em tempos de Guerra Fria, portanto. Nasce como aliança militar 
que congrega nações ocidentais em face dos países do bloco socialista. Inicialmente 
contou com os EUA, Canadá, Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Islândia, Itália, 
Luxemburgo, Noruega, Portugal e Reino Unido. Em 1952, aderiram a Grécia e a Turquia; 
em 1955, a Alemanha e, em 1982, a Espanha. Tem natureza política e militar e detém 
expressivo arsenal nuclear (ECURED, s/d). Em seu sítio oficial lê-se que a segurança 
no quotidiano é essencial ao nosso bem-estar. O objetivo da OTAN é, pois, garantir a 
liberdade e a segurança de seus membros por meios políticos e militares. 
Para saber mais sobre a OEA, acesse: .
SAIBA MAIS
http://www.oas.org/pt/
A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 39
Figura 1.12 – Filiações e parcerias da OTAN no mundo.
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons (2019).
Estados-membros da OTAN 
 
Plano de Ação de Adesão 
 
Plano de Ação de Adesão Individual 
 
Parceria para a Paz 
 
Diálogo Mediterrâneo 
 
Iniciativa de Cooperação de Istambul 
 
Parceiros globais
Mapa das afiliações da OTAN na Europa
Mapa das afiliações da OTAN no mundo
A Figura 1.12 considera os estados que integram a OTAN no momento da 
elaboração da presente unidade. Contudo, importa ressaltar que a dinâmica 
das relações internacionais e da fluidez das fronteiras pode comprometer a 
atualidade do mapa. 
Uma lista lista oficial e, portanto, constantemente atualizada, pode ser 
encontrada em: .
SAIBA MAIS
https://www.nato.int/cps/en/natohq/nato_countries.htm
TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini40
1.5.8 BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e 
Desenvolvimento ou Banco Mundial
O BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento foi criado 
em 1944 por 28 países. Começou a funcionar em 1946, com o objetivo contribuir para 
com o desenvolvimento e a reconstrução dos territórios dos Estados membros. Hoje 
conta com 186 países membros e é um dos organismos especializados da ONU, para 
assistência financeira e técnica de países em desenvolvimento, contribuindo para com a 
eliminação da pobreza e promoção do desenvolvimento sustentável. É também conhecido 
como Banco Mundial. (BANCO…, s/d). 
1.5.9 FMI - Fundo Monetário Internacional 
O FMI - Fundo Monetário Internacional é a mais importante instituição financeira 
internacional. Seu objetivo é a promoção de políticas cambiais em nível internacional, 
bem como a promoção do comércio. Assim como o Banco Mundial, O FMI integra 
os organismos especializados em temas econômico-financeiros das Nações Unidas 
(FONDO…, s/d) Decicino (2013) sinala que o FMI oferece empréstimos com baixos juros 
para países que enfrentam dificuldades econômicas, exigindo em troca o cumprimento 
de metas, equilíbrio fiscal, reforma tributária, desregulamentação, privatização e 
investimentos em saúde, educação e infraestrutura. 
Para saber mais sobre o BIRD, acesse: .
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre o FMI, acesse: .
SAIBA MAIS
https://nacoesunidas.org/agencia/bancomundial/
https://www.imf.org/external/index.htm
A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 41
1.5.10 OMC - Organização Mundial do Comércio 
A OMC - Organização Mundial do Comércio define-se como a única organização 
internacional que trata das regras que regulamentam o comércio entre países. Tem 
como objetivo ajudar os produtores de bens e serviços, exportadores e importadores a 
gerenciarem os seus negócios. Decicino (2013) registra que os acordos formulados junto 
à OMC são depois ratificados pelos respectivos parlamentos. 
1.5.11 OIT - Organização Internacional do Trabalho 
A OIT - Organização Internacional do Trabalho foi fundada em 1919 com o objetivo 
de promover a justiça social. É a única agência das Nações Unidas com estrutura tripartite, 
pois dela fazem parte representantes de governos, de empregados e de empregadores que 
participam juntos e em situação de igualdade das diversas instâncias da Organização. 
Seu objetivo é a promoção de oportunidades para que homens e mulheres possam ter 
acesso a trabalho decente, fundamental para superação da pobreza, e produtivo, com 
liberdade, equidade, segurança e dignidade (OIT, s/d). Decicino (2013) registra ainda 
que a OIT possui uma rede de escritórios em todo o mundo. 
Para saber mais sobre a OMC, acesse: .
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre a OIT, acesse: .
SAIBA MAIS
https://www.wto.org/indexsp.htm
http://www.ilo.org/brasilia/lang--pt/index.htm
TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini42
1.6 Algumas Reflexões
Como se pode notar pelos temas analisados até agora, existe uma estrutura 
considerável, em termos políticos e econômicos, voltada ao combate das desigualdades, 
a uma melhor distribuição das riquezas e mesmo à superação de muitas questões de 
interesse global que afligem a humanidade como um todo. Dezenas de organizações 
de âmbito internacional acalentam propósitos voltados ao bem comum. E todas elas 
desfrutam de uma legitimidade intrínseca, que resulta de sua própria constituição e da 
qualidade de seus membros.
Todavia, os temas que envolvem a discussão ora em pauta requerem adaptação 
imediata a um presente contínuo, tão característico de nosso tempo, no aqui e agora que 
afeta fortemente a nossa pós-modernidade. Questiona-se mesmo a própria história que, 
como vimos, poderia ter tido seu fim há bem pouco tempo, abrindo-se para um período 
que ainda reclama paradigmas de construção. 
O século XX superou dois grandes conflitos mundiais e chegou a um final que 
parece definido, ao apontar para um processo de globalização hegemônica, poderosa, e 
carregada de imponderáveis, uma vez que a estabilidade que impõe não é sem efeitos 
colaterais, verbi gratia, a contra-hegemonia. Por tudo isso, na sucessão do XXI, nada 
mais oportuno para encerrar esta unidade do que as palavras de Santos e Martins 
(2019, p. 13), que nos sugerem refletir sobre o paradoxo implicado na questão que 
segue: “Considerando que a hegemonia global dos direitos humanos como linguagem 
de dignidade humana é hoje incontestável, permanece a questão de se saber se estes 
poderão ser usados de um modo contra-hegemônico”.
A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 43
SÍNTESE DA UNIDADE
Começando pelo cenário que se apresentava na segunda metade do século XX, ao 
final da II Guerra Mundial em 1945, a unidade trata da chamada Guerra Fria, procurando 
compreender as mudanças políticas e econômicas ocorridas no Sistema Internacional 
ao seu final, e a inclusão de novas agendas para discussão em âmbito global. Mais 
especificamente, a unidade realiza uma leitura geo-histórica, elencando as principais 
transformações no cenário político e econômico internacional após o fim da Guerra 
Fria; analisa os impactos da dissolução do bloco soviético na dinâmica geopolítica e 
econômica internacional; analisar a hegemonia militar, econômica e cultural dos EUA 
e seus aliados, e a expansão do modelo político-econômicoliberal-democrata e analisa, 
por fim, a legitimidade e importância dos organismos internacionais como ferramentas 
para resolução de questões globais com o fim da bipolaridade.
TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini44
REFERÊNCIAS
AYERBE, L.F. Estados Unidos e América Latina: a construção da hegemonia. São Paulo: 
UNESP, 2002.
BANCO Mundial. In: EcuRed. Enciclopédia Cubana. Disponível em: . Acesso 
em: 27 out 2019.
BECKER, I. Pequena história da civilização Ocidental. São Paulo: Companhia Editora 
Nacional, 1975.
BRAGA, H; TRESOLDI, C. Uma nota sobre “O Fim da História”, de Francis Fukuyama. Carta 
Capital, 12 abr 2019. Disponível em: . Acesso em: 25 out 2019.
CRUZ, F. Guerra dos Trinta Anos e o fim do conflito, 1° abr 2011. Direito Internacional, 
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https://www.ecured.cu/Organizaci%C3%B3n_de_las_Naciones_Unidas
https://www.ecured.cu/UNESCO
https://www.ecured.cu/Organizaci%C3%B3n_Mundial_de_la_Salud
https://www.ecured.cu/OTAN_(Organizaci%C3%B3n_del_Tratado_del_Atl%C3%A1ntico_Norte)
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TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Artur Rodrigo Itaqui Lopes Filho132
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	A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria
	Objetivo Geral 
	Objetivos Específicos 
	QUESTÕES CONTEXTUAIS
	1.1 A Guerra Fria e seu Cenário
	1.2 Análise Crítica das Transformações do Cenário Mundial no Pós-Guerra Fria
	1.2.1 O Fim da História e do Comunismo
	1.2.2 O Fim do Sistema da Westfália
	1.2.3 O Fim do Sistema de Versalhes
	1.2.4 O Fim da Ordem Mundial Pós-45
	1.3 A Dissolução do Bloco Soviético na Geopolítica e na Econômica Internacional
	1.4 A Hegemonia Militar, Econômica e Cultural dos Eua e seus Aliados, e a Expansão do Modelo Político-Econômico Liberal-Democrata
	1.4.1 A Ascensão Hegemônica dos EUA 
	1.4.2 Bases da Ascensão Hegemônica dos EUA. Da Política de Ajuda à Designação do Inimigo
	1.4.3 Examinando o Termo Hegemonia 
	1.4.4 Entre Conceitos, Ideologias e Temporalidades
	1.4.5 Uma Palavra sobre o Isolacionismo
	1.4.6 Considerações sobre Ações e Articulações em Termos da Hegemonia dos EUA
	1.5 Os Organismos Internacionais em Face das Questões Globais e do Fim da Bipolaridade
	1.5.1 Definindo os Organismos Internacionais
	1.5.2 ONU – Organização das Nações Unidas
	1.5.3 UNESCO - Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura
	1.5.4 OCDE - Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico 
	1.5.5 OMS - Organização Mundial da Saúde 
	1.5.6 OEA - Organização dos Estados Americanos 
	1.5.7 OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte 
	1.5.8 BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento ou Banco Mundial
	1.5.9 FMI - Fundo Monetário Internacional 
	1.5.10 OMC - Organização Mundial do Comércio 
	1.5.11 OIT - Organização Internacional do Trabalho 
	1.6 Algumas Reflexões
	Síntese da unidade
	Referências
	A Globalização e a Criação de uma Comunidade Global
	Objetivo Geral 
	Objetivos Específicos 
	QUESTÕES CONTEXTUAIS
	2.1 Globalização e Comunidade Global: a Via Econômica Integrando Mercados e Pessoas
	2.1.1 Compreendendo um Conceito Abrangente
	2.1.2 Cultura Global e Economia Global
	2.1.3 O Mercado e a Economia Internacional: Origens Históricas
	2.1.4 Simplificando a Globalização
	2.2 Impactos Econômicos e Sociais da Globalização no Sistema Internacional
	2.2.1 Autonomia da Esfera Financeira
	2.2.2 Cultura como Produto de Mercado
	2.2.3 Protagonismo das Empresas em Detrimento 
Daquele dos Estados
	2.2.4 A Emergência de Novos Mercados
	2.3 O Papel dos Organismos Internacionais na Regularização do Comércio e Finanças Internacionais
	2.4 Projetos Regionais de Integração Econômica como Vetores de Desenvolvimento do Ponto de Vista da Economia e da Política
	2.4.1 A Desigualdade é um Fato
	2.4.2 Um Pouco do Brasil Atual
	2.5 Algumas Considerações
	Síntese da unidade
	Referências
	Novas Agendas e Atribuições Globais
	Objetivo Geral 
	Objetivos Específicos 
	QUESTÕES CONTEXTUAIS
	3.3 Direitos Humanos e o Princípio de uma Humanidade Indistinta
	3.3.1 Diversidade de Gênero e Sexual
	3.3.2 Diversidade Religiosa
	3.3.3 A Questão das Migrações
	3.3.4 A Questão Ambiental
	3.3.5 Considerações Finais
	3.2 A Política dos Povos e o Processo de Segregação
	3.1 O Humano Racional e o Animal Sensível
	Síntese da unidade
	Referências
	As Intervenções Humanitárias e a Relativização da Soberania Nacional
	Objetivo Geral 
	Objetivos Específicos 
	QUESTÕES CONTEXTUAIS
	4.3 O Século XXI e a Pauta da Natureza
	4.2 Atribuições da ONU e seu Poder de Intervenção
	4.1 Rompendo com o Mito das Nações e 
a Construção de uma Identidade Global
	Síntese da unidade
	Referências

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