Prévia do material em texto
unidade 1 CONTEMPORÂNEOS Temas Globais Artur Rodrigo Itaqui Lopes Filho Maristela Bleggi Tomasini Tito Lívio Barcellos Pereira (Orgs.) unidade 1 A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria Prezado(a) estudante. Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina. OBJETIVO GERAL Compreender as mudanças políticas e econômicas ocorridas no Sistema Internacional ao final da Guerra Fria, e a inclusão de novas agendas para discussão em âmbito global. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Realizar uma leitura geo-histórica, elencando as principais transformações no cenário político e econômico internacional após o fim da Guerra Fria; • Analisar os impactos da dissolução do bloco soviético na dinâmica geopolítica e econômica internacional; • Analisar a hegemonia militar, econômica e cultural dos EUA e seus aliados, e a expansão do modelo político-econômico liberal-democrata; • Analisar a legitimidade e importância dos organismos internacionais como ferramentas para resolução de questões globais com o fim da bipolaridade. QUESTÕES CONTEXTUAIS 1. Qual o cenário mundial que antecedeu o surgimento da chamada Guerra Fria? 2. O que você sabe dizer sobre a Guerra fria? 3. Por que a Guerra Fria é “fria”? 4. Quando ela começou e quando ela terminou? 5. O que você sabe sobre o fim da história? 6. Por que a ordem da Westfália é importante para os estudiosos de direito internacional? 7. Cite três implicações ligadas ao fim da Guerra Fria. 8. O que é CEI e o que isso tem a ver com a Rússia? 9. O que isolacionismo e unilateralismo têm em comum? 10. Você sabe citar três temas preponderantes no cenário internacional? 11. Que organizações internacionais você sabe identificar pelo nome e pelos objetivos? A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 11 1.1 A Guerra Fria e seu Cenário Antes de tratarmos da disputa de ordem política e militar que se tornou conhecida como Guerra Fria, precisamos dar uma palavra sobre o cenário político que predominava ao final da II Guerra Mundial (1939-1945). Tratava-se de um cenário traumático, tenso, que marcou um “antes” e um “depois” desse conflito, de sorte até mesmo a alterar paradigmas de Direito Internacional, fomentando toda uma nova compreensão do próprio significado de humanidade. O trágico resultado desse conflito de proporções gigantescas, segundo Becker (1975), foi de 54 milhões de mortos, 40 milhões de feridos e mutilados, 150 milhões de europeus desabrigados e um custo estimado em um trilhão e quatrocentos milhões de dólares. Entre as consequências que se seguiram ao final da II Guerra, Becker (1975) registra a extinção do nazismo e do fascismo em âmbito estatal: a Itália tornou-se uma república e a Alemanha dividiu-se em dois blocos. Sobre essa partilha da Alemanha, Pena (2019) chama nossa atenção para o fato de o país ter sido o grande derrotado do conflito, tendo tido sua área dominada pela base aliada, formada por países que, na Conferência de Postdam (1945), uniram-se para decidir acerca da administração desse território. Figura 1.1 – Clement Attlee, Harry S. Truman, and Joseph Stalin na Conferência de Potsdam, julho de 1945. Fonte: Wikimedia Commons (2019). Como ficou o Japão após a Segunda Guerra Mundial? Leia em: . SAIBA MAIS https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/japao-apos-segunda-guerra-mundial.htm TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini12 Figura 1.2 – Divisão da Alemanha após o término da Segunda Guerra Mundial. Fonte: Wikimedia Commons (2019). Becker (1975), ainda quanto às consequências do pós-guerra, cita a expansão do comunismo que, na Europa, se dá com a anexação, pela Rússia (URSS), dos países bálticos (Letônia, Estônia e Lituânia). Temos ainda que a Polônia, a Tchecoslováquia, a Hungria, a Romênia, a Bulgária, a Iugoslávia e a Albânia tornaram-se repúblicas populares. Na Ásia, a China, a Mongólia, a Coréia do Norte e o Vietnã do Norte aderiram ao comunismo e, na América, Cuba. Também os impérios coloniais da Grã-Bretanha, Espanha, Holanda, Bélgica, Portugal e França tiveram fim. Emanciparam-se Ásia, Indonésia e África, e surgiram mais de 50 novas nações independentes. A Liga das Nações, criada em 1919 pelo Tratado de Versalhes, foi substituída pela Organização da Nações Unidas (ONU), fundada em 1945 na cidade de San Francisco e sediada em Nova Iorque, tendo por objetivo a paz universal (LE MONDE POLITIQUE, 2007-2019). Destaca-se, ainda, a criação de organismos econômicos como o FMI e o Banco Mundial, que causaram grande impacto na economia internacional com o deslocamento do núcleo de poder da Europa para os EUA - o que trataremos com maiores detalhes posteriormente. A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 13 Claramente delineiam-se dois grandes blocos mundiais e, ― pode-se dizer ―, o mundo se dividiu entre um bloco ocidental (capitalista), liderado pelos Estados Unidos da América (EUA); outro oriental (socialista), liderado pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Em termos geopolíticos, podemos representar as alterações acima referidas com o seguinte mapa: Figura 1.3 – Situação política mundial durante a Guerra Fria (1959). Fonte: Wikimedia Commons (2019). Encontre tempo para assistir esse documentário educativo que redescobre a II Guerra mundial em seis episódios: 1° - A Agressão Nazista; 2° - A Guerra Relâmpago; 3° - Pesadelo Alemão; 4° - Momentos Decisivos; 5° - O Dia D; 6° - O Apocalipse. São filmes que você encontra aqui: . VÍDEO https://www.youtube.com/watch?v=f4b9pGC7f08 TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini14 Acrescente-se ainda que ambos os blocos, além de disporem da tecnologia nuclear, desenvolveram - por conta da competição espacial e armamentista que disputavam - novas armas, tais como aviões a jato, foguetes de condução autônoma, etc. As relações internacionais fizeram-se tensas, e não poderia ser diferente, frente à polarização. Esta última se tornou importante à vista de todo o resto mundo, não apenas porque se tratavam de duas grandes potências que divergiam na ordem política e na ordem econômica, mas porque ambas dominavam a tecnologia nuclear, ou seja, a bomba atômica, cujas consequências catastróficas o mundo já pudera conhecer em Hiroshima e Nagasaki. Pena (2009), referindo-se ao fim da II Guerra em maio de 1945, fala-nos da rendição da Alemanha nazista, quando Berlim, sua capital, teve suas ruas ocupadas pelo exército soviético, rendição consolidada, em seguida, com as bombas que garantiram a vitória dos Aliados sobre o Eixo. Para Pena (2019), a Guerra Fria pode ser definida como “uma disputa político- militar que marcou a antiga ordem mundial, polarizada por Estados Unidos e União Soviética”. Essas duas potências que emergiram então passaram a traçar e a ditar diretrizes na ordem política, econômica e militar, protagonizando o que ficou conhecido como essa Guerra Fria, que só terá fim em 1989, com a queda do muro de Berlim seguida, dois anos depois, da desintegração do bloco soviético. Chama-se Cortina de Ferro a divisão da Europa em duas áreas distintas desde o final da Segunda Guerra Mundial (1945) até o final da Guerra Fria (1991). A URSS e os países socialistas do Leste Europeu aliaram-se militarmente através do Pacto de Varsóvia; enquanto as democracias da Europa Ocidental e os Estados Unidos organizaram-se através da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Mais informações: . SAIBA MAIS https://www.infoescola.com/historia/cortina-de-ferro/ AReorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 15 Figura 1.4 – Corrida espacial: Neil Armstrong chega à lua em 1969. Fonte: Wikimedia Commons (2019). Uma paz apenas aparente, ― daí se dizer fria ―, dissimulava a corrida armamentista, já que ambos os blocos detinham alta tecnologia nuclear, sem falar que uma polarização ideológica extrema gerava ainda mais tensão, promovendo perseguições políticas e mesmo a morte de opositores. Nos EUA, o macarthismo ― expressão derivada das práticas imputadas ao senador republicano Joseph McCarthy ―, caracterizado pela caça aos comunistas, e, na URSS, o stalinismo, ― expressão que remete às práticas de Joseph Stalin ―, promotor do socialismo, podem ser apontados como movimentos que caracterizam muito bem essa polarização. (GEOPOLÍTICA, 2019). Macarthismo: É o termo utilizado para descrever a prática de acusar de deslealdade, subversão ou traição à pátria, sem o recurso de provas ou evidências. Atitude política interna norte americana voltada a um anticomunismo absoluto que se fez com perseguições a homens e instituições declaradas como “anti-americanas” por um suposto viés comunista que pudessem apresentar (MACARTISMO, s/d). Stalinismo: Regime político e econômico utilizado por Joseph Stalin entre 1922 e 1953 caracterizado por frequentes erros e falhas que levavam a pensar estar-se abandonando o marxismo-leninismo por um sistema que muitos historiadores comunistas e socialistas equiparam ao fascismo (STALINISMO, s/d). GLOSSÁRIO TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini16 Figura 1.5 – “Americanos não patrocinam vermelhos”: propaganda anticomunista norte-americana. Fonte: Wikimedia Commons (2019). Assim, entre o fim da II Guerra Mundial e a queda do muro de Berlim, portanto, de 1945 até 1989, o cenário mundial mostrava um conflito que teve lugar em tempos de uma velha ordem mundial, bipolarizada entre capitalismo e comunismo. O Muro de Berlim foi chamado de “dique de proteção antifascista” pela República Democrática da Alemanha (a oriental) e de “muro da vergonha” pela República Federal da Alemanha (a ocidental). Sua construção foi concluída em 13 de agosto de 1961. O trecho que cortava a cidade de Berlim tinha cerca de 43,7 quilômetros de extensão, enquanto todo o sistema de fortificações que cercava Berlim Ocidental se estendia por aproximadamente 155 quilômetros. O Muro de Berlim foi um emblema da Guerra Fria e da separação alemã (MURO..., s/d). DESTAQUE A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 17 É importante que se registre, conforme Vigevani (1999), que o período compreendido entre o final do século XX e o início do século XXI oportuniza uma reflexão sobre as relações internacionais, especialmente no cenário Pós-Guerra Fria, quando, teoricamente, se poderia ter como superado o conflito Leste-Oeste. Contudo, impositivo que se proceda a um debate histórico, com exame das instituições internacionais e das novas agendas que se destacam em âmbito global, para que se possa compreender as alterações de ordem política e econômica daí decorrentes. Sato (2000), por sua vez, sinala que os acontecimentos que tiveram lugar no final da década de 1980 não devem ser interpretados de maneira episódica, mas como parte integrante de uma processo de mudanças que culminaram com o fim da Guerra Fria e com a emergência de uma complexa e instável ordem internacional não muito diferente daquela que predominava durante a última década de duração dessa guerra. A seguir, analisaremos algumas dessas implicações. A realidade de um muro que dividiu, por quase três décadas, uma mesma nação é um fato. Com base nessa evidência, o que você poderia dizer acerca de possíveis consequências resultantes de divisões ideológicas que têm lugar em uma mesma nação? REFLETINDO TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini18 1.2 Análise Crítica das Transformações do Cenário Mundial no Pós-Guerra Fria Lima (1996), em publicação que procede a uma análise crítica de alguns cenários relacionados à ordem mundial que emergiu após a Guerra Fria, nos fornece diferentes interpretações e tendências implicadas neste debate. O artigo passa em revista a própria delimitação temporal do que se tem por fim da Guerra Fria, analisando, a seguir, a ordem pós-45, as tendência deste debate no âmbito acadêmico e, por fim, teses, a seu ver equivocadas, sobre a ordem mundial Pós-Guerra Fria. Para realizar uma leitura geo-histórica, que aponte para as principais transformações no cenário político e econômico internacional após o fim da Guerra Fria, com Lima (1996), vamos proceder à análise de alguns pontos que refletem diferentes interpretações dessa mudança. Seriam eles: o fim da história e do comunismo, ― que aqui serão tratados em conjunto ―, o fim do sistema de Westfália, do sistema de Versalhes e o fim da ordem mundial pós-45. 1.2.1 O Fim da História e do Comunismo Fukuyama, em sua tese sobre o fim da história, afirma que se estaria diante do final de um ciclo iniciado em 1789 com a Revolução Francesa e encerrando em 1989 com queda do muro de Berlim (HALLIDAY apud LIMA, 1996). Para Braga e Tresoldi (2019), Fukuyama afirmou que a derrota do fascismo [e a do nazismo], bem como a do socialismo, elevou o liberalismo à categoria de uma ideia-força na condução político-econômica das sociedades. Não se tratava, todavia, de por aí afirmar que as sociedades se tornaram liberais na política e na economia imediatamente, mas, de preferência, tratava-se de estabelecer que a grande disputa ideológica entre liberalismo, fascismo e comunismo terminara com o triunfo de uma ideologia liberal ocidental que implicaria em priorizar o mercado na organização da economia mundial. Lima (1996), todavia, encontra que a tese do fim da história, assim como a do fim do comunismo teriam em comum acentuarem ambas a ausência de movimentos de contestação à hegemonia de uma ordem política que se desdobra frente a um cenário de economia liberal. A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 19 1.2.2 O Fim do Sistema da Westfália Para Lima (1996), trata-se aí de uma tese polêmica, porque a ordem da Westfália é muito significativa para os estudiosos das relações internacionais, uma vez que se baseia em dois importantes princípios: o da territorialidade e o da soberania das nações, desde a paz de 1648. De referir, com Cruz (2011), que a chamada Paz de Westfália, ― que envolveu uma série de tratados assinados em 1648 visando à paz na Guerra dos 30 anos ― implicou no fim da antiga ordem imperial, permitindo o surgimento de novas potências. Todavia, Lima (1996) chama nossa atenção para o fato de que Westfália não teria, em tese, constituído uma quebra definitiva da ordem medieval, porque algumas instituições remanescentes do Sacro Império Romano só foram eliminadas no século XIX, com Napoleão e suas conquistas. Por outro lado, o princípio da soberania também seria uma construção doutrinária de preferência a uma realidade prática, porque é depende de um reconhecimento recíproco para sua efetivação, com limites politicamente estabelecidos. Por fim, deve-se ter presente que a natureza das mudanças institucionais que examinamos aqui é descontínua e contingencial e, muitas vezes, está sujeita a escolhas individuais, elementos estes que fragilizam a suposição de que se estaria diante de uma evolução unilinear. 1.2.3 O Fim do Sistema de Versalhes O chamado sistema de Versalhes implica na sistematização das decisões tomadas quando da assinatura, em 1919, do Tratado de Versalhes, que estabeleceu a paz, encerrando oficialmente a I Guerra Mundial (TRATADO, 2009-2019). Lima (1996) acrescenta que se trataria do próprio fim do que ele chama de o sistema de Versalhes, responsável por uma reconfiguração da ordem européia ao final da I Guerra, com retorno ao sistema anterior a 1914,multipolar, e portanto, instável, no sentido de favorecer Saiba mais sobre a Paz da Westfália no artigo “Paz de Vestfália - Acordo entre países europeus encerrou a Guerra dos Trinta Anos”, do portal UOL Educação. Disponível em: . SAIBA MAIS https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/paz-de-vestfalia-acordo-entre-paises-europeus-encerrou-a-guerra-dos-trinta-anos.htm TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini20 conflitos e instabilidades no continente europeu. Nesse sentido, a Guerra Fria teria sido um fator de estabilidade, mas não se segue daí que seu término implicasse em retorno da Europa ao que ela era antes de 1914, porque, especialmente do ponto de vista econômico, as condições atuais são completamente diferentes do que eram antes. 1.2.4 O Fim da Ordem Mundial Pós-45 Dizer que o fim da ordem mundial pós-45 seria uma das consequências do final da Guerra Fria é, segundo Lima (1996), considerar que estaria encerrado um período que se caracterizou pelo conflito ideológico mantido entre dois modelos sociais competitivos na ordem político-militar, perspectiva que se mostra adequada, porque, ao contrário das anteriores, interpreta a mudança como significativa em termos de distribuição do poder em nível mundial. Lima (1996) conclui que é preciso considerar o fim da Guerra Fria como uma mudança de ordem sistêmica, destacando-se daí três consequências, a saber: o fim da União Soviética como superpotência mundial, o fim da unidade territorial desse país e o fim do socialismo real. Portanto, o fim da Guerra Fria implica em que se analise as implicações envolvidas na dissolução do bloco soviético do ponto de vista geopolítico e econômico. A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 21 1.3 A Dissolução do Bloco Soviético na Geopolítica e na Econômica Internacional Analisar os Impactos da dissolução do bloco soviético na dinâmica geopolítica e econômica internacional implica em que se estabeleça, desde logo, que o fim do chamado comunismo implicou no fim de uma era bipolar, na qual dois sistemas se opunham um ao outro. Não se fugiu, assim, de considerar que esse evento implicou na vitória de um sistema sobre outro, marcando o advento da democracia liberal. Esse novo contexto, porém, conflita tanto com a situação dos países terceiro mundistas quanto suscita temores acerca da emergência de um mundo unipolar, hegemônico, portanto, à vista da superpotência americana. A ordem econômica, por sua vez, dá a ver que antigos países comunistas passaram a adotar estratégias de privatização. Também a China, nos anos 90, cresceu significativamente. O livre comércio foi fortalecido, impondo-se progressivamente, graças a acordos internacionais, sem falar que a Europa abre também as suas fronteiras. Para Quadros e Machado (2015, p. 586), o contexto geopolítico que se sucede a partir do fim da Guerra Fria significou mesmo “a erosão do Sistema Internacional dividido em dois polos principais de poder e a consolidação da hegemonia norte- americana”. Dessa sorte, com relação à Rússia, particularmente, tal período representou “transformações significativas na política interna, impactos severos na dinâmica da sociedade civil, edição de novas demarcações fronteiriças e a redefinição do papel que o país ocuparia na arena internacional”. Internamente, a antiga economia planificada migrou para a lógica de mercado, com incentivo à concorrência que exige a privatização. A propósito desta, ao “final de 1994, 70% das indústrias russas haviam sido privatizadas, em um ambiente que fez emergir poderosos grupos oligarcas que incrementam seu poder até os dias que correm” (SEGRILLO apud QUADROS e MACHADO, 2015, p. 586). O Tratado de Maastricht, ou Tratado da União Europeia, foi assinado em 1992 e, visando a estabilidade política do continente, estabeleceu a União Europeia, que hoje conta com 28 Estados-membros e constitui-se no maior bloco econômico do mundo. DESTAQUE TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini22 Os países satélites da URSS proclamaram sua independência, valendo referir a Letônia e a Armênia, em 1990, e o Turquemenistão e a Geórgia, em 1991. As alterações em termos geopolíticos são significativas. Os países bálticos, ou seja, Estônia, Letônia, e Lituânia, situados ao norte da Europa, na costa leste do Mar Báltico, emanciparam- se aos poucos (LE MONDE POLITIQUE, 2007-2019). A demissão de Gorbachev teria anunciado o fim da URSS, e Gorbachev tentou restabelecer a ordem econômica abalada através de uma modernização, sem atingir, contudo, bons resultados. Assim, o fim da URSS implicou na constituição da Comunidade dos Estados Independentes (CEI), em 8 de dezembro de 1991, visando a criação de uma zona de livre comércio entre si. Além da Armênia, participam a Rússia e a Ucrânia, Bielo-Rússia, Cazaquistão, Moldávia, Quirguistão e Tajiquistão (PAMBOUKDJIAN, 2011). Figura 1.6 – Mapa mostrando a dissolução da URSS nas quinze repúblicas independentes. Fonte: Wikimedia Commons (2019). Com Putin guindado à presidência da Rússia, no final da década de 1990, os principais objetivos traçados em matéria de política doméstica, segundo Quadros e Machado (2015, p. 590-1), foram centralizar o poder, imprimindo-lhe uma lógica vertical, e restabelecer a ordem e a estabilidade. Defensor de um Estado forte, visto por ele como coerente com a tradição cultural russa, buscava devolver à Rússia seu antigo protagonismo: A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 23 Nosso Estado e suas instituições e estruturas sempre desempenharam um papel extremamente importante na vida do país e do povo. Para os russos um Estado forte não representa uma anomalia que deve ser eliminada. [...] A Rússia foi e continuará sendo uma grande potência. Isso está pré-condicionado pelas características inseparáveis de sua existência geopolítica, econômica e cultural (PUTIN apud QUADROS e MACHADO, 2015, p. 591). Veja-se bem que se trataria aí, como bem analisam Quadros e Machado (2015, p. 591), do velho estatismo russo profundamente enraizado em sua história, compatível com uma tradição que remonta ao czarismo, explicando o status objetivado por Putin durante anos 2000. Os resultados dessa política, em termos econômicos, podem ser expressos graficamente: Figura 1.7 – Gráfico que mostra as exportações da Rússia para a CEI, em bilhões de dólares, 2000-2012. Fonte: Adaptado de RUSSIA, 2012 apud Quadros e Machado (2015, p. 595). O gráfico aponta para um incremento do comércio exterior mantido entre os russos e os países da Comunidade dos Estados Independentes, CEI. Por oportuno, não obstante os objetivos desta unidade se direcionem mais particularmente à análise da dinâmica geopolítica e econômica em termos de impacto internacional, aspectos ligados à capacitação militar dos países que compunham o antigo bloco oriental podem ser esclarecedores, na medida em que apontam para uma efetiva 80 70 60 50 40 30 40 10 0 13,8 32,6 59,6 79,4 78,4 2000 2005 2010 2011 2012 TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini24 superioridade da Rússia, como se pode constatar na Figura 1.8 - importa mencionar que não foram consideradas na comparação as repúblicas bálticas, uma vez que já estariam distanciadas do raio de influência da Rússia (QUADROS e MACHADO, 2015, p. 599). Figura 1.8 – Comparação das forças militares das ex-repúblicas soviéticas, 2013. País Forças ativas Veículo blindado de combate de infantaria Aeronaves de combate Armênia 48,850 104 15 Azerbaijão 66,950 111 44 Casaquistão 39,000 602 123 Bielorrúsia 48,000 1,111 93 Geórgia 20,650 63 12 Moldávia 5,350 44 0 Russia 845,000 7,360 1,462 Quirguistão 10,900 320 33 Tajiquistão 8,800 23 0 Turcomenistão 22,000 942 94 Ucrânia 129,950 3,028 211 Uzbequistão 48,000 399 135 Fonte: International Institute For Strategic Studies, IISS, 2013(quadro adaptado pelos autores) apud Quadros e Machado (2015, p. 599-600), com readaptação pela autora. Constata-se, a partir do inventário expresso na imagem acima, que o efetivo russo é muito superior ao das ex-repúblicas soviéticas, em termos de forças ativas, de blindados e de aeronaves, de sorte que se pode concluir, com Quadros e Machado (2015), que a Rússia, em que pese tenha sobrevivido “às ruínas do Estado soviético, precisou conformar-se à sua posição subalterna em uma ordem internacional liderada pelos Estados Unidos” (QUADROS; MACHADO, 2015, p. 600). Lima (1996) coloca como consequência do colapso soviético, além da desarticulação da política mundial, também uma desestabilização das relações internacionais, afetadas pelo abalo teórico sofrido por interpretações que viam, nas relações internacionais, algo distinto da política, da economia, da história e do direito. Nesse compasso, a distinção entre externo e interno é afetada, na medida em que não é mais relevante “pensar a política internacional desvinculada da dinâmica interna [...] da mesma forma que é cada vez mais problemático analisar a política doméstica sem considerar o contexto externo” (LIMA, 1996, sem paginação). A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 25 De modo bastante lúcido, Lima (1996) também nos alerta para construção de cenários frágeis, ora com análise do período Pós-Guerra Fria, através de construções analógicas que se repetem, ora através de projeções de tendências do presente. Porque, segundo ele, não é suficiente avaliar o potencial econômico e militar das nações que pretendem a condição de superpotência. Fundamental parece-lhe considerar a dinâmica implicada em políticas e em interesses que podem se mostrar insuficientes para garantir os recursos necessários para chegar à condição de superpotência. Ou mesmo, ― o que seria ainda pior ―, para direcionar ações predatórias com vistas à obtenção de vantagens decorrentes de uma supremacia econômica e militar, bem como de uma eventual relação de interdependência relativamente a outras nações. TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini26 1.4 A Hegemonia Militar, Econômica e Cultural dos Eua e seus Aliados, e a Expansão do Modelo Político-Econômico Liberal-Democrata Nosso tema é complexo. Primeiro, porque se tratam de visões de um tempo ainda muito presente entre nós, de sorte que o vivemos e o vivenciamos muito particularmente em nossas escolhas, inclusive ideológicas. Segundo, porque a própria terminologia empregada precisa ser explicitada de modo a possibilitar que se identifique sua pertinência e o âmbito de sua aplicação. Em razão disso, pareceu adequada a divisão da abordagem do assunto tratado nesta seção em itens pouco extensos, tentando assim facilitar a compreensão dos diversos conceitos implicados. 1.4.1 A Ascensão Hegemônica dos EUA Em artigo dedicado a examinar o papel dos EUA de 1989 a 2010, Pecequilo (2010, p. 12) afirma, em linhas gerais, que a ascensão hegemônica dos EUA configura a primeira grande estratégia internacional multilateral. Tal estratégia é frequentemente associada a uma política de contenção ao comunismo e à URSS, desde os tempos da Guerra Fria e associa-se a uma visão de liderança e ordem que remonta ao final da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e que atribui aos EUA papel central na economia e política internacionais. A hegemonia norte americana parte de uma perspectiva liberal. O poder militar, por sua vez, não é o único meio de sustentação de sua influência. 1.4.2 Bases da Ascensão Hegemônica dos EUA. Da Política de Ajuda à Designação do Inimigo Toda essa influência dos EUA que se faz sentir no mundo não tem por base exclusiva o poder militar. Ela pressupõe ainda, segundo Pecequilo (2010, p. 12), três diferentes vertentes de comportamento, três diferentes atitudes, diríamos. Elas seriam uma vertente dura, uma branda e outra ainda de cooptação (hard, soft and cooptive power). Por exemplo, podemos identificar uma postura branda ou soft diante de parceiros, clientes ou dominados. Assim, a hegemonia é percebida como um fato real que, paradoxalmente, fornece segurança em termos estratégicos militares e benefícios decorrentes da cooperação, de sorte que a imagem percebida a partir do país parceiro corresponde àquela de um mantenedor do equilíbrio. A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 27 Não é demais lembrar de que essa política de ajuda dos EUA encontra raízes no final da II Guerra. Ela foi mesmo formalizada pelo Presidente Harry Truman (1945- 1953), quando ele inaugurou as sessões do Congresso com um discurso no qual destacou quatro prioridades da política externa americana, a saber: o apoio às Nações Unidas, a reconstrução da economia mundial, a luta contra o comunismo e a ajuda aos países em desenvolvimento” (AYERBE, 2002, p. 78). A projeção da hegemonia americana encontrou consenso diante do que foi definido como a “ameaça soviética”. Nesse sentido, a instrumentalização de um inimigo teve papel fundamental em um projeto voltado à construção da ordem, ou seja, ao exercício de uma hegemonia que tinha como objetivos a contenção da URSS e do comunismo, bem como a disseminação do liberalismo em nível político e econômico. Importante ressaltar o papel de organizações internacionais governamentais (OIGs) na facilitação do multilateralismo, na medida em que geram interdependência entre os Estados. 1.4.3 Examinando o Termo Hegemonia Pereira (2011, p. 238), muito a propósito, observa que os termos poder, dominação e hegemonia são frequentemente empregados por analistas, mas possuem sentidos diferentes, de acordo as perspectivas teóricas a partir das quais são usados. Assim, por exemplo, da perspectiva marxista, hegemonia relaciona-se à liderança de uma classe em face das demais. Já o mesmo termo, quando aplicado no contexto das relações internacionais, expressa o grau de liderança de um Estado perante os demais. De qualquer sorte, podemos estabelecer, com Pereira (2019, p. 239), que hegemonia, em sentido restrito, “significa o domínio de um Estado ou de um conjunto de estados sobre os demais”. Essa relação de dominância diz de perto com capacidades físicas do Estados. Contudo, pode-se dar ao conceito de hegemonia uma concepção mais abrangente, a partir do qual ela é compreendida como um processo que envolve a liderança moral e intelectual que uma classe dominante exerceria em face da sociedade civil. Presume-se aí que haja prévio consenso junto às demais frações, uma vez que se trata, aqui, de liderança de classe, do ponto de vista da ampliação do significado de hegemonia. TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini28 1.4.4 Entre Conceitos, Ideologias e Temporalidades É preciso identificar, portanto, que os conceitos flutuam de acordo com o viés ideológico colocado na perspectiva do interesse em pauta. No mesmo diapasão, a cultura, a moral, o intelecto corporificam-se como via de poder. Assim, por exemplo, a aproximação que se pode fazer entre ditadura e hegemonia, como não contraditórios, do ponto de vista marxista. Podemos exemplificar. No verbete identificado como El Estado Cubano, encontramos na subdivisão Ditadura e Hegemonia o texto que segue, de tradução livre da autora: O célebre marxista Antonio Gramsci conceitua o Estado como o complexo de atividades prático-teóricas com as quais a classe dirigente não apenas justifica e mantém seu domínio como ainda consegue manter o consenso ativo dos governantes. É precisamente ao Estado como hegemonia (como direção política, como ordenamento moral e intelectual) que se refere este marxista. Ditadura consiste então em relações de enfrentamento entre os dirigentes e o conjunto de classes aliadas em face das [classes] reacionárias que é necessário destruir. Relação entre ambos: estes dois aspectos [ditadura e hegemonia]não são mais que dois momentos reais e ativos de um mesmo fenômeno geral. Expressam ambos, em última instância, o fato de que a supremacia de uma classe social manifesta-se dois aspectos diferentes: como domínio e como direção intelectual e moral. Portanto, não são contraditórios ou excludentes estes aspectos (DICTADURA…, s/d). Por aí é possível perceber que a hegemonia pode se manifestar também do ponto de vista cultural, aplicação promovida pelo italiano Antonio Gramsci (1891-1937). Hegemonia pode também, como é evidente, manifestar-se como superioridade militar, no âmbito da força, do potencial bélico de um Estado que pode se impor perante os demais. Ela também pode manifestar-se na economia, quando a superioridade dos recursos permite o exercício de um poder que, em tese, pode comprar o que deseja conquistar. A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 29 Resta também colocar que existe uma perspectiva temporal, a partir da qual é preciso compreender que as relações internacionais do século XX, ― com seus múltiplos atores tanto em termos de entes estatais quanto em termos de sociedade civil ―, são inteiramente diversas daquelas levadas a efeito no século XIX, como, por exemplo, na expansão do domínio internacional inglês. Ressalvados tais pressupostos, pode-se prosseguir com a análise do protagonismo americano e de como ele pode ser percebido em termos atuais. Este papel protagonizado pelos EUA, cuja intervenção é identificada muitas vezes como benigna, conforme Pecequilo (2010, p.12), teria rompido com duas antigas vertentes predominantes na política internacional, que são: a antiga visão européia das relações internacionais e a tradição unilateral. A primeira, ou seja, a antiga visão européia, norteou o período de formação dos estados nacionais, entre os séculos XVII e XVIII, atravessando guerras, inclusive os dois grandes conflitos mundiais; a segunda, tradição unilateral, coincide com o nascimento da República, e se desenvolve no século XVIII, com vistas à preservação da soberania e autonomia nacionais, separando o velho do novo, ou seja, a América (nova) da Europa (velha). Diferentemente, os EUA protagonizaram uma política internacional que poderia ser sintetizada nas palavras do Presidente George Washington: “sem alianças permanentes”, visando os seguintes objetivos: total independência de escolha, engajamento internacional limitado aos próprios interesses nacionais, disseminação desse modelo pelo exemplo e pela atuação. Não se trata, todavia, de uma política de isolacionismo, devendo ser compreendida, de preferência, como não participativa em negócios externos, porém com intervenções periódicas, afirma Pecequilo (2010, p. 13). Encontre tempo para assistir a esse vídeo didático sobre a Teoria da Hegemonia Cultural de Gramsci, feito para a cadeira de Teorias II do terceiro semestre do curso de jornalismo da Universidade Federal do Ceará. Autores: Lídia Ribeiro, Vinicius França e Jéssica Queiroz: . VÍDEO https://www.youtube.com/watch?v=Y2IrIUGESbg TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini30 1.4.5 Uma Palavra sobre o Isolacionismo O isolacionismo, vale lembrar, era a política daqueles que desejavam a “América Primeiro”, preconizando um total desengajamento do sistema. Para os isolacionistas, o final da Guerra Fria foi identificado como um tempo de crise no poder. A par do isolacionismo, o “Internacionalismo Unilateral”, tinha em vista a recuperação da margem de ação perdida ao longo da Guerra Fria em razão do domínio das OIGs, que restringiam o poder americano, no auge, aliás, ao final da Guerra Fria, conferindo aos EUA um status de superpotência que foi útil para a expansão de seus interesses, observa Pecequilo (2010, p. 13). O Unilateralistas iam no sentido oposto dos Isolacionistas, visando a prosperidade e a unipolaridade, sem recuos, com expansão hegemônica. Em comum, todavia, ambos mantinham em suas agendas críticas ao liberalismo moral, à imigração e ao crescente poder das chamadas minorias. Entretanto, como bem explica Pecequilo (2010, p. 13), há também os Multilateralistas que, em contrapartida, pretendiam ajustar a hegemonia, aproveitando o que seriam os dividendos da Guerra Fria, em especial, para diminuir custos e expandir a influência do mercado, administrando tendências multipolares que já se faziam notar desde os anos 1990 com o crescimento do Japão, da China e da Europa Ocidental e que apareciam, afinal, como polos alternativos. 1.4.6 Considerações sobre Ações e Articulações em Termos da Hegemonia dos EUA Em termos simples, pode-se dizer que, de um lado, uma política voltada a construir uma ordem, de outro, uma política voltada a conter a ameaça soviética resumem atitudes que puderam gerar uma espécie de consenso que facilitou a projeção da hegemonia americana nos âmbitos militar, econômico e cultural. Nisso, a instrumentalização de um inimigo teve papel fundamental para a construção de uma ordem que visava, prioritariamente, a três objetivos muito bem delineados por Pecequilo (2010, p. 13): a contenção da URSS, a contenção do comunismo e a disseminação do liberalismo político e econômico. A propósito da importância desse tema, Sader (2005, p. 15) chega a afirmar que: Nada de essencial do mundo contemporâneo pode ser explicado sem uma compreensão minimamente adequada da hegemonia norte-americana, tal foi a forma com que essa hegemonia ganhou centralidade depois da desaparição do “campo socialista” no mundo. A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 31 Em outras palavras, o conceito de hegemonia tornou-se ele próprio hegemônico em termos de sua instrumentalidade como ferramenta de análise. Dessa sorte, a hegemonia dos EUA não poderia ser diminuída, na medida em que qualquer visão que subestimasse sua importância contribuiria de maneira negativa para com a sua superação, bem como para a construção de “outro mundo possível”, afirma Sader (2005, p. 15), referindo-se ao que ele considera como a mais importante questão política e teórica da atualidade: “a construção de uma hegemonia alternativa ao modelo neoliberal (SADER, 2005, p. 15). Figura 1.9 – Mapa com as bases norte-americanas ao redor do mundo. Fonte: Adaptado de Naval Brasil (2019). US military bases world wide 2001-2003 In this period the United States has over 730 military instaliations and bases in over 50 countries. Sobre o potencial de armas americanas no mundo: . SAIBA MAIS https://br.sputniknews.com/americas/201705068327775-bases-militares-eua-cebrapaz-america-latina/ TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini32 1.5 Os Organismos Internacionais em Face das Questões Globais e do Fim da Bipolaridade O relacionamento entre Estados e Organizações internacionais é uma abordagem frequente. Rinaldi e Morini (2015, p. 219) nos fazem lembrar que o ambiente internacional sempre despertou a curiosidade dos homens, por envolver cenários onde temas como guerra e paz, comércio, regimes de governo, terrorismo transnacional, direito internacional, soberania, cooperação são pertinentes. Há ainda a globalização e tudo mais que está aí envolvido, de maneira que o assunto reclama uma sistematização que fica sempre na dependência de recortes. Um deles seria justamente o da relação entre os Estados e as organizações internacionais, cuja importância diz com a análise de cenários de cooperação. No presente, ocorre uma intensificação das relações entre países no âmbito político e econômico, em razão do incremento do comércio, da circulação de moedas, mercadorias e pessoas, sem falar da aproximação político-cultural, situação esta que, segundo Rinaldi e Morini (2015, p. 224), deu origem a uma tese que entende que as fronteiras nacionais estariam se diluindo, de sorte que o próprio conceito de soberania, ― originário do direitointernacional ―, estaria por ser redefinido. Contudo, Rinaldi e Morini (2015, p. 224), com base em autores como Nye, colocam que as fronteiras, embora tenham se tornado mais porosas, nem por isso perderam sua relevância. Não é duvidoso, todavia, que a aproximação entre os Estados tem sido crescente, fato este que desencadeou uma série de processos dentre os quais Rinaldi e Morini (2015, p. 224) destacam o crescimento econômico, o desenvolvimento de novas tecnologias, o incremento do comércio internacional que foi favorável a setores relacionados ao bem- estar das populações, o aumento da expectativa de vida em geral, entre outros. Esse fenômeno, ― então denominado globalização ―, facultou a países em desenvolvimento que saíssem do isolamento e obtivessem acesso a saberes que, até então, mantinham-se fora do alcance de seus nacionais. Dessa sorte, tem-se que a “história da globalização (ou da mundialização) é, a rigor, a história do capitalismo” (RINALDI e MORINI, 2015, p. 524). Trata-se de um longo processo, que pressupõe “ciclos de expansão e retração, ruptura e reorientação “ (id. ibid.). A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 33 1.5.1 Definindo os Organismos Internacionais Posto isso, é hora de definir o que vêm a ser esses organismos ― ou organizações ― de âmbito internacional, que também são conhecidos como instituições multilaterais. Decicino (2013, sem paginação) as vê como “entidades criadas pelas principais nações do mundo com o objetivo de trabalhar em comum para o pleno desenvolvimento das diferentes áreas da atividade humana: política, economia, saúde, segurança, etc.” e as define como sociedades entre Estados. São constituídas a partir de acordos ou tratados e têm em vista incentivar a cooperação entre seus membros à vista de objetivos comuns. Essas organizações podem ser definidas como uma sociedade entre Estados. Constituídas por meio de tratados ou acordos, têm a finalidade de incentivar a permanente cooperação entre seus membros, na consecução de objetivos comuns. Elas atuam em conformidade com quatro orientações estratégicas que são apresentadas na figura abaixo. Quadro 1.1 – Orientações Estratégicas das Organizações Internacionais ou Instituições Multilaterais. 1 Adoção, por parte dos países membros, de normas comuns de comportamento político, social, etc. 2 Prevenção, planejamento e concretização de ações em casos de urgência aplicados na solução de crises de âmbito nacional ou internacional originadas de conflitos diversos, de catástrofes, etc. 3 Realização de pesquisas conjunta em áreas específicas. 4 Prestação de serviços de cooperação econômica, cultural, médica, etc. Fonte: Adaptação da autora com base em Decicino (2013, sem paginação). A seguir, veremos algumas organizações internacionais que se caracterizam por sua relevância no mundo atual. 1.5.2 ONU – Organização das Nações Unidas A ONU - Organização das Nações Unidas foi fundada no dia 24 de outubro de 1945 (ECURED, s/d) e deve sua criação aos países vencedores da II Guerra Mundial, tendo como objetivo precípuo a manutenção da paz e da segurança internacionais, além de incentivar relações amistosas entre seus membros. Registra Decicino (2013) que a ONU proíbe o emprego unilateral da força, cuja utilização ela só prevê excepcionalmente, com vistas à defesa de interesse comum dos países membros. Sua intervenção em eventuais conflitos se dá não só visando a restauração da paz, como também para prevenção de possíveis enfrentamentos. TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini34 A ONU definiu cinco principais domínios de competências, a saber: a harmonização entre os países, pela manutenção da paz, da segurança e pelo desarmamento; a ampliação do domínio de aplicação dos direitos humanos e da democracia; a cooperação internacional; o desenvolvimento de operações; prevenção e negociação de conflitos. Seus principais órgãos são: a Assembleia Geral, plena, composta de todos os Estados membros das Nações Unidas, o Conselho de Segurança, órgão executivo da ONU, o Conselho Econômico e Social, com 54 membros eleitos pela Assembleia Geral por três anos, o Secretário Geral, que intervém nas dificuldades internacionais, diplomaticamente e de maneira pacífica (LE MONDE POLITIQUE, 2007-2019). Para saber mais sobre a ONU, acesse: . SAIBA MAIS https://nacoesunidas.org/ A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 35 Figura 1.10 – Organograma do Sistema ONU. Fonte: ONU (2019). TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini36 1.5.3 UNESCO - Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura A UNESCO - Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura foi fundada em 16 de novembro de 1946 e deve sua criação à Conferência de Londres (Decicino, 2013). É um organismo especializado das Nações Unidas que tem como objetivo contribuir para a conservação da paz e segurança, estreitando, por meio da educação, da ciência e da cultura, a colaboração entre as nações, com a finalidade de assegurar o respeito universal à justiça, à lei, aos direitos humanos e às liberdades fundamentais que a Carta das Nações Unidas reconhece a todos os povos, sem distinção de raça, de sexo, de idioma ou de religião. A UNESCO é integrada por 194 Estados Membros e 7 Membros Associados. Seus órgãos de governo são a Conferência Geral e o Conselho Executivo (ECURED, s/d). Desde 1960, a UNESCO vem atuando também na preservação e restauração de espaços de valor cultural e histórico (Decicino, 2013). 1.5.4 OCDE - Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico A OCDE - Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico foi fundada em 14 de dezembro de 1960 é um fórum intergovernamental que reúne 34 países comprometidos com economias de mercado e com sistemas políticos democráticos que, em conjunto, representam 81% do PIB mundial. No intercâmbio de políticas públicas, a OCDE compara e intercambia políticas públicas para promoção e apoio do crescimento econômico, aumento de empregos, melhora da qualidade de vida, manutenção da estabilidade financeira, assistência a outros países em seu desenvolvimento econômico geral, contribuindo para com o crescimento do comércio mundial (ECURED, s/d). Para saber mais sobre a UNESCO, acesse: . SAIBA MAIS Para saber mais sobre a OCDE, acesse: . SAIBA MAIS http://www.unesco.org/new/pt/brasilia https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/ocde A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 37 Figura 1.11 – Membros da OCDE – Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, Coréia, Dinamarca, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Islândia, Israel, Itália, Japão, Letônia, Luxemburgo, México, Noruega, Nova Zelândia, Países Baixos, Peru, Polônia, Portugal e Reino Unido. Fonte: BRASIL. Ministério da Fazenda. 1.5.5 OMS - Organização Mundial da Saúde A OMS - Organização Mundial da Saúde foi fundada em 7 de abril de 1948 e é o organismo internacional do sistema das Nações Unidas responsável pela saúde, subordinada à ONU, portanto. Integrada por especialistas, elabora diretrizes e normas sanitárias, ajudando países no enfrentamento de questões de saúde pública, apoiando e promovendo investigações sanitárias. Através da mediação da OMS, os governos podem enfrentar conjuntamente problemas sanitários de proporções mundiais. Além disso, promove campanhas relacionadas à saúde, por exemplo, na promoção do combate ao tabagismo e do alcoolismo (ECURED, s/d). Países membros Países que subscrevem à Declaração de Investimentos, que por isso possuem PCNs, porém não são membros. Para saber mais sobre a OMS, acesse: . SAIBA MAIS http:///www.who.int/eportuguese/countries/bra/pt/ TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | MaristelaBleggi Tomasini38 1.5.6 OEA - Organização dos Estados Americanos A OEA - Organização dos Estados Americanos foi criada em 1948 por ocasião da subscrição, em Bogotá, Colômbia, da Carta da OEA que passou a vigorar em dezembro de 1951, com o objetivo de obter de seus Estados membros, conforme estipulado no art. 1° da Carta, paz e justiça, solidariedade, colaboração, defesa da soberania, da integridade territorial e da independência. Tem como objetivos fortalecer a paz e da segurança, consolidar a democracia, promover os direitos humanos, apoiar o desenvolvimento socioeconômico e promover o desenvolvimento sustentável da América (ECURED, s/d). 1.5.7 OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte A OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte, registra Decicino (2013), foi criada em 1949, em tempos de Guerra Fria, portanto. Nasce como aliança militar que congrega nações ocidentais em face dos países do bloco socialista. Inicialmente contou com os EUA, Canadá, Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega, Portugal e Reino Unido. Em 1952, aderiram a Grécia e a Turquia; em 1955, a Alemanha e, em 1982, a Espanha. Tem natureza política e militar e detém expressivo arsenal nuclear (ECURED, s/d). Em seu sítio oficial lê-se que a segurança no quotidiano é essencial ao nosso bem-estar. O objetivo da OTAN é, pois, garantir a liberdade e a segurança de seus membros por meios políticos e militares. Para saber mais sobre a OEA, acesse: . SAIBA MAIS http://www.oas.org/pt/ A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 39 Figura 1.12 – Filiações e parcerias da OTAN no mundo. Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons (2019). Estados-membros da OTAN Plano de Ação de Adesão Plano de Ação de Adesão Individual Parceria para a Paz Diálogo Mediterrâneo Iniciativa de Cooperação de Istambul Parceiros globais Mapa das afiliações da OTAN na Europa Mapa das afiliações da OTAN no mundo A Figura 1.12 considera os estados que integram a OTAN no momento da elaboração da presente unidade. Contudo, importa ressaltar que a dinâmica das relações internacionais e da fluidez das fronteiras pode comprometer a atualidade do mapa. Uma lista lista oficial e, portanto, constantemente atualizada, pode ser encontrada em: . SAIBA MAIS https://www.nato.int/cps/en/natohq/nato_countries.htm TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini40 1.5.8 BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento ou Banco Mundial O BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento foi criado em 1944 por 28 países. Começou a funcionar em 1946, com o objetivo contribuir para com o desenvolvimento e a reconstrução dos territórios dos Estados membros. Hoje conta com 186 países membros e é um dos organismos especializados da ONU, para assistência financeira e técnica de países em desenvolvimento, contribuindo para com a eliminação da pobreza e promoção do desenvolvimento sustentável. É também conhecido como Banco Mundial. (BANCO…, s/d). 1.5.9 FMI - Fundo Monetário Internacional O FMI - Fundo Monetário Internacional é a mais importante instituição financeira internacional. Seu objetivo é a promoção de políticas cambiais em nível internacional, bem como a promoção do comércio. Assim como o Banco Mundial, O FMI integra os organismos especializados em temas econômico-financeiros das Nações Unidas (FONDO…, s/d) Decicino (2013) sinala que o FMI oferece empréstimos com baixos juros para países que enfrentam dificuldades econômicas, exigindo em troca o cumprimento de metas, equilíbrio fiscal, reforma tributária, desregulamentação, privatização e investimentos em saúde, educação e infraestrutura. Para saber mais sobre o BIRD, acesse: . SAIBA MAIS Para saber mais sobre o FMI, acesse: . SAIBA MAIS https://nacoesunidas.org/agencia/bancomundial/ https://www.imf.org/external/index.htm A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 41 1.5.10 OMC - Organização Mundial do Comércio A OMC - Organização Mundial do Comércio define-se como a única organização internacional que trata das regras que regulamentam o comércio entre países. Tem como objetivo ajudar os produtores de bens e serviços, exportadores e importadores a gerenciarem os seus negócios. Decicino (2013) registra que os acordos formulados junto à OMC são depois ratificados pelos respectivos parlamentos. 1.5.11 OIT - Organização Internacional do Trabalho A OIT - Organização Internacional do Trabalho foi fundada em 1919 com o objetivo de promover a justiça social. É a única agência das Nações Unidas com estrutura tripartite, pois dela fazem parte representantes de governos, de empregados e de empregadores que participam juntos e em situação de igualdade das diversas instâncias da Organização. Seu objetivo é a promoção de oportunidades para que homens e mulheres possam ter acesso a trabalho decente, fundamental para superação da pobreza, e produtivo, com liberdade, equidade, segurança e dignidade (OIT, s/d). Decicino (2013) registra ainda que a OIT possui uma rede de escritórios em todo o mundo. Para saber mais sobre a OMC, acesse: . SAIBA MAIS Para saber mais sobre a OIT, acesse: . SAIBA MAIS https://www.wto.org/indexsp.htm http://www.ilo.org/brasilia/lang--pt/index.htm TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini42 1.6 Algumas Reflexões Como se pode notar pelos temas analisados até agora, existe uma estrutura considerável, em termos políticos e econômicos, voltada ao combate das desigualdades, a uma melhor distribuição das riquezas e mesmo à superação de muitas questões de interesse global que afligem a humanidade como um todo. Dezenas de organizações de âmbito internacional acalentam propósitos voltados ao bem comum. E todas elas desfrutam de uma legitimidade intrínseca, que resulta de sua própria constituição e da qualidade de seus membros. Todavia, os temas que envolvem a discussão ora em pauta requerem adaptação imediata a um presente contínuo, tão característico de nosso tempo, no aqui e agora que afeta fortemente a nossa pós-modernidade. Questiona-se mesmo a própria história que, como vimos, poderia ter tido seu fim há bem pouco tempo, abrindo-se para um período que ainda reclama paradigmas de construção. O século XX superou dois grandes conflitos mundiais e chegou a um final que parece definido, ao apontar para um processo de globalização hegemônica, poderosa, e carregada de imponderáveis, uma vez que a estabilidade que impõe não é sem efeitos colaterais, verbi gratia, a contra-hegemonia. Por tudo isso, na sucessão do XXI, nada mais oportuno para encerrar esta unidade do que as palavras de Santos e Martins (2019, p. 13), que nos sugerem refletir sobre o paradoxo implicado na questão que segue: “Considerando que a hegemonia global dos direitos humanos como linguagem de dignidade humana é hoje incontestável, permanece a questão de se saber se estes poderão ser usados de um modo contra-hegemônico”. A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 43 SÍNTESE DA UNIDADE Começando pelo cenário que se apresentava na segunda metade do século XX, ao final da II Guerra Mundial em 1945, a unidade trata da chamada Guerra Fria, procurando compreender as mudanças políticas e econômicas ocorridas no Sistema Internacional ao seu final, e a inclusão de novas agendas para discussão em âmbito global. Mais especificamente, a unidade realiza uma leitura geo-histórica, elencando as principais transformações no cenário político e econômico internacional após o fim da Guerra Fria; analisa os impactos da dissolução do bloco soviético na dinâmica geopolítica e econômica internacional; analisar a hegemonia militar, econômica e cultural dos EUA e seus aliados, e a expansão do modelo político-econômicoliberal-democrata e analisa, por fim, a legitimidade e importância dos organismos internacionais como ferramentas para resolução de questões globais com o fim da bipolaridade. TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini44 REFERÊNCIAS AYERBE, L.F. Estados Unidos e América Latina: a construção da hegemonia. São Paulo: UNESP, 2002. BANCO Mundial. In: EcuRed. Enciclopédia Cubana. Disponível em: . Acesso em: 27 out 2019. BECKER, I. Pequena história da civilização Ocidental. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1975. BRAGA, H; TRESOLDI, C. Uma nota sobre “O Fim da História”, de Francis Fukuyama. Carta Capital, 12 abr 2019. Disponível em: . Acesso em: 25 out 2019. CRUZ, F. Guerra dos Trinta Anos e o fim do conflito, 1° abr 2011. Direito Internacional, Disponível em: . Acesso em: 25 out 2019. DECICINO, R. Organizações internacionais. Conheça as principais instituições multilaterais. Educação UOL, 13 out 2013. Disponível em: Acesso em: 26 out 2019. ECURED. Dictadura e hegemonia, El Estado Cubano. EcuRed. Enciclopédia Cubana. Disponível em: . Acesso em: 25 out 2019. ECURED. Fondo Monetario Internacional. EcuRed. Enciclopédia Cubana. Disponível em: . Acesso em: 27 out 2019. ECURED. Macartismo. EcuRed. Enciclopédia Cubana. Disponível em: . Acesso em: 25 out 2019. ECURED. Muro de Berlin. EcuRed. Enciclopédia Cubana. Disponível em: . Acesso em: 25 out 2019. ECURED. Organización de las Naciones Unidas. In: EcuRed. Enciclopédia Cubana. Disponível em: . Acesso em: 25 out 2019. ECURED. Organización de las Naciones Unidas para la Educación, la Ciencia y la Cultura. EcuRed. Enciclopédia Cubana. Disponível em: . Acesso em: 25 out 2019. ECURED. Organización Mundial de la Salud. EcuRed. Enciclopédia Cubana. Disponível em: . Acesso em: 25 out 2019. ECURED. Organización del Tratado del Atlántico Norte. EcuRed. Enciclopédia Cubana. Disponível em: . Acesso em: 25 out 2019. ECURED. Organización para la Cooperación y el Desarrollo Económico. EcuRed. Enciclopédia Cubana. Disponível em: . Acesso em: 25 out 2019. ECURED. Stalinismo. EcuRed. Enciclopédia Cubana. Disponível em: . Acesso em: 25 out 2019. https://www.ecured.cu/Banco_Mundial#Banco_Internacional_de_Reconstrucci.C3.B3n_y_Fomento_.28BIRF.29 https://www.cartacapital.com.br/blogs/brasil-debate/uma-nota-sobre-o-fim-da-historia-de-francis-fukuyama/ https://internacionaldireito.wordpress.com/tag/tratado-de-vestfalia/ https://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/organizacoes-internacionais-conheca-as-principais-instituicoes-multilaterais.htm https://www.ecured.cu/Estado_cubano#DICTADURA_Y_HEGEMONIA https://www.ecured.cu/Fondo_Monetario_Internacional https://www.ecured.cu/Macartismo https://www.ecured.cu/Muro_de_Berl%C3%ADn https://www.ecured.cu/Organizaci%C3%B3n_de_las_Naciones_Unidas https://www.ecured.cu/UNESCO https://www.ecured.cu/Organizaci%C3%B3n_Mundial_de_la_Salud https://www.ecured.cu/OTAN_(Organizaci%C3%B3n_del_Tratado_del_Atl%C3%A1ntico_Norte) https://www.ecured.cu/Organizaci%C3%B3n_para_la_Cooperaci%C3%B3n_y_el_Desarrollo_Econ%C3%B3mico https://www.ecured.cu/Estalinismo A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria | UNIDADE 1 45 LE MONDE POLITIQUE. Fin de la Guerre Froide (1985-2001). Le Monde Politique, 2007- 2019. Disponível em: . Acesso em: 24 out 2019. LE MONDE POLITIQUE. Organisation des Nations Unies. Le Monde Politique, 2007-2019. Disponível em: . Acesso em: 24 out 2019. LE MONDE POLITIQUE. Organización de Estados Americanos. Le Monde Politique, 2007- 2019. Disponível em: . Acesso em: 25 out 2019. LIMA, M.R.S. Teses Equivocadas sobre a Ordem Mundial Pós-Guerra Fria. Dados, Revista de Ciências Sociais. 1996, vol.39, n.3. Disponível em: . Acesso em: 24 out 2019. OIT. Organização Internacional do Trabalho. Disponível em: Acesso em: 27 out 2019. PAMBOUKDJIAN, A.K.. Armênia, Rússia e mais seis países da CEI criam Tratado de Livre Comércio. Estação Armênia, 19 out 2011. Disponível em: . Acesso em: 25 out 2019. PECEQUILO, C.S.. As Grandes Estratégias Dos Estados Unidos (1989/2010). Meridiano 47, Brasília, vol 11, ed. 120 (jul/ago 2010), pp. 11-17. Disponível em: . Acesso em: 25 out 2019. PENA, R.A.. Guerra Fria, 18 jan 2019. Brasil Escola. Disponível em: . Acesso em: 24 out 2019. PEREIRA, A.E.. TRÊS PERSPECTIVAS SOBRE A POLÍTICA EXTERNA DOS ESTADOS UNIDOS: PODER, DOMINAÇÃO E HEGEMONIA. Revista de Sociologia e Política, [S.l.], v. 19, n. 39, jun. 2011. ISSN 1678-9873, pp. 237-257. Disponível em: . Acesso em: 26 out. 2019. PROENEM. Geopolítica e a Velha Ordem Mundial. Proenem, 2019. Disponível em: Acesso em: 24 out 2019. QUADROS, M.P.R; MACHADO, L. A Rússia e o Exterior Próximo: potencialidades e entraves para um projeto de grande potência, in: Brazilian Journal of International Relations, v. 4 n. 3, 583-607 (2015). Disponível em: . Acesso em: 25 out 2019. RINALDI, A.L.; MORINI, C.M.. Estado e organismos internacionais: limites à cooperação sob a ótica realista. In: Brazilian Journal of International Relations, v. 4 n. 3, 517-556 (2015). Disponível em: . Acesso em: 26 out 2019. SADER, E. Hegemonia e contra-hegemonia. In: Hegemonias e Emancipações no Século XXI, CECEN, A.E. org. Buenos Aires : Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales - CLACSO, 2005. Disponível em: . Acesso em: 26 out 2019. SANTOS, B.S.; MARTINS, B.S. (Organização). O pluriverso dos direitos humanos. A diversidade das lutas pela dignidade. Autêntica, 2019. https://www.lemondepolitique.fr/cours/relations_internationales/depuis_1945/fin_guerre_froide.html https://www.lemondepolitique.fr/cours/relations_internationales/acteurs/onu.html https://www.ecured.cu/OEA http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0011-52581996000300005 http://www.ilo.org/brasilia/lang--pt/index.htm http://estacaoarmenia.com.br/3221/ https://search.proquest.com/openview/4fb1299d4e21c6892ce01f170e46c2a3/1?pq-origsite=gscholar&cbl=1606381 https://brasilescola.uol.com.br/geografia/guerra-fria.htm https://revistas.ufpr.br/rsp/article/view/31697 https://www.proenem.com.br/enem/geografia/geopolitica-e-a-velha-ordem-mundial/ http://200.145.171.5/revistas/index.php/bjir/article/view/4044 http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/bjir/article/view/5672 http://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/gt/20101018020936/02_sader.pdf TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Maristela Bleggi Tomasini46 SATO, E. A agenda internacional depois da Guerra Fria: novos temas e novas percepções. Revista Brasileira de Política Internacional, Brasília , v. 43, n. 1, p. 138-169, June 2000. Disponível em: . Acesso em: 24 out 2019. TRATADO de Versalhes, 2009-2019. Só História. Virtuous Tecnologia da Informação, 2009- 2019. Disponível em: . Acesso em: 25 out 2019. VELA, J.M. A geopolítica na Guerra Fria, 2009. Curso Enem Gratuito. Disponível em: . Acesso em: 23 out 2019. VIGEVANI, T. Ciclos longos e cenários contemporâneos da sociedade internacional. Lua Nova, São Paulo, n. 46, p. 5-53, 1999 . Disponível em: . Acesso em: 24 out 2019. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292000000100007 https://www.sohistoria.com.br/ef2/versalhes/ https://cursoenemgratuito.com.br/a-geopolitica-na-guerra-fria/ http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64451999000100002 TEMAS GLOBAIS CONTEMPORÂNEOS | Artur Rodrigo Itaqui Lopes Filho132 ANOTAÇÕES Se você encontrar algum problema nesse material, entre em contato pelo email eadproducao@unilasalle.edu.br. Descreva o que você encontrou e indique a página. Lembre-se: a boa educação se faz com a contribuição de todos! CONTRIBUA COM A QUALIDADEDO SEU CURSO Av. Victor Barreto, 2288 Canoas - RS CEP: 92010-000 | 0800 541 8500 ead@unilasalle.edu.br A Reorganização do Sistema Internacional Pós-Guerra Fria Objetivo Geral Objetivos Específicos QUESTÕES CONTEXTUAIS 1.1 A Guerra Fria e seu Cenário 1.2 Análise Crítica das Transformações do Cenário Mundial no Pós-Guerra Fria 1.2.1 O Fim da História e do Comunismo 1.2.2 O Fim do Sistema da Westfália 1.2.3 O Fim do Sistema de Versalhes 1.2.4 O Fim da Ordem Mundial Pós-45 1.3 A Dissolução do Bloco Soviético na Geopolítica e na Econômica Internacional 1.4 A Hegemonia Militar, Econômica e Cultural dos Eua e seus Aliados, e a Expansão do Modelo Político-Econômico Liberal-Democrata 1.4.1 A Ascensão Hegemônica dos EUA 1.4.2 Bases da Ascensão Hegemônica dos EUA. Da Política de Ajuda à Designação do Inimigo 1.4.3 Examinando o Termo Hegemonia 1.4.4 Entre Conceitos, Ideologias e Temporalidades 1.4.5 Uma Palavra sobre o Isolacionismo 1.4.6 Considerações sobre Ações e Articulações em Termos da Hegemonia dos EUA 1.5 Os Organismos Internacionais em Face das Questões Globais e do Fim da Bipolaridade 1.5.1 Definindo os Organismos Internacionais 1.5.2 ONU – Organização das Nações Unidas 1.5.3 UNESCO - Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura 1.5.4 OCDE - Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico 1.5.5 OMS - Organização Mundial da Saúde 1.5.6 OEA - Organização dos Estados Americanos 1.5.7 OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte 1.5.8 BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento ou Banco Mundial 1.5.9 FMI - Fundo Monetário Internacional 1.5.10 OMC - Organização Mundial do Comércio 1.5.11 OIT - Organização Internacional do Trabalho 1.6 Algumas Reflexões Síntese da unidade Referências A Globalização e a Criação de uma Comunidade Global Objetivo Geral Objetivos Específicos QUESTÕES CONTEXTUAIS 2.1 Globalização e Comunidade Global: a Via Econômica Integrando Mercados e Pessoas 2.1.1 Compreendendo um Conceito Abrangente 2.1.2 Cultura Global e Economia Global 2.1.3 O Mercado e a Economia Internacional: Origens Históricas 2.1.4 Simplificando a Globalização 2.2 Impactos Econômicos e Sociais da Globalização no Sistema Internacional 2.2.1 Autonomia da Esfera Financeira 2.2.2 Cultura como Produto de Mercado 2.2.3 Protagonismo das Empresas em Detrimento Daquele dos Estados 2.2.4 A Emergência de Novos Mercados 2.3 O Papel dos Organismos Internacionais na Regularização do Comércio e Finanças Internacionais 2.4 Projetos Regionais de Integração Econômica como Vetores de Desenvolvimento do Ponto de Vista da Economia e da Política 2.4.1 A Desigualdade é um Fato 2.4.2 Um Pouco do Brasil Atual 2.5 Algumas Considerações Síntese da unidade Referências Novas Agendas e Atribuições Globais Objetivo Geral Objetivos Específicos QUESTÕES CONTEXTUAIS 3.3 Direitos Humanos e o Princípio de uma Humanidade Indistinta 3.3.1 Diversidade de Gênero e Sexual 3.3.2 Diversidade Religiosa 3.3.3 A Questão das Migrações 3.3.4 A Questão Ambiental 3.3.5 Considerações Finais 3.2 A Política dos Povos e o Processo de Segregação 3.1 O Humano Racional e o Animal Sensível Síntese da unidade Referências As Intervenções Humanitárias e a Relativização da Soberania Nacional Objetivo Geral Objetivos Específicos QUESTÕES CONTEXTUAIS 4.3 O Século XXI e a Pauta da Natureza 4.2 Atribuições da ONU e seu Poder de Intervenção 4.1 Rompendo com o Mito das Nações e a Construção de uma Identidade Global Síntese da unidade Referências