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Evandro Guedes Graduado em Administração de Empresas pelo Centro Universitário Barra Mansa (UBM). Graduado em Direito pelo Centro Universitário Geraldo di Biasi (UGB) e pela Faculdade Assis Gurgacz (FAG-PR). Professor de cursos prepa- ratórios em Cascavel, Curitiba, Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais. Possui vasta experiência nas bancas da Cespe/UnB, Esaf, FCC, FGV entre outras. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 109 Poderes administrativos Limites do Poder discricionário O Poder discricionário é aquele que dá margem de escolha para que o administrador público consiga desenvolver a atividade administrativa da melhor forma possível, sempre respeitando os princípios constitucionais ex- plícitos da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e os princípios constitucionais implícitos da razoabilidade e proporcionali- dade, esses dois últimos considerados os princípios constitucionais da proi- bição de excessos. Este poder é autorizado em regra pela própria lei, instituto que autoriza o administrador público a ter certa margem de escolha, sempre nos limites da lei e também pelos conceitos jurídicos indeterminados. Os conceitos jurídi- cos indeterminados são conceitos inseridos dentro da própria lei em que o legislador deixou para a avaliação do agente público no caso concreto. Podemos dar como exemplo o seguinte conceito indeterminado: A boa-fé administrativa é um bom exemplo de conceito jurídico indeter- minado. Não conseguimos genericamente determinar quem está de boa ou má-fé. Imagine que uma pessoa entregue a declaração de imposto de renda e que ela esteja errada; como saber genericamente se o particular mentiu para receber restituição ou se simplesmente errou no preenchimento da de- claração. Pois bem, genericamente não há como saber e é por esse motivo que o agente público no caso concreto avalia e, usando o Poder discricioná- rio, escolhe a melhor forma de avaliar o caso concreto sempre com a fina- lidade pública, baseando-se nos princípios constitucionais que decidirá se ocorreu má ou boa-fé. Dessa forma, o Poder discricionário é amplo, mas recebe duas travas cons- titucionais, quais sejam: princípio da razoabilidade; � princípio da proporcionalidade. � Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 110 Poderes administrativos Esses são considerados os princípios constitucionais da proibição de ex- cessos. O administrador público não pode abusar dos seus atos alegando que esteja seguindo os princípios constitucionais expressos, ou seja, não pode o administrador utilizar do Poder discricionário como bem entende. Para que esse poder seja considerado legal, é necessário respeitar todos os princípios expressos na Constituição, como também os princípios implícitos da razoa- bilidade e proporcionalidade. Imaginem o seguinte caso hipotético: Um policial rodoviário no exercício de suas funções e devidamente re- gulamentado por lei que diz o seguinte: aquele que for abordado e se en- contrar com os documentos irregulares, deverá ser: a) multado e o veículo apreendido ou b) dependendo do caso concreto multa e o veículo liberado. Nessa situação, como resolver o caso? Pois bem, aqui é um exemplo clássico onde o legislador forneceu o Poder dis- cricionário ao administrador público, pois somente no caso concreto o agente público poderá decidir se utiliza a opção “a” ou opção “b” fornecida pela lei, mas para ilustrar e não deixar sombra de dúvidas, vamos concretizar o exemplo. Imagine agora que o policial rodoviário federal pare dois veículos, aqui chamados de veículos 1 e 2. Suponha que o veículo 1 seja parado e o seu ocupante diga o seguinte: “Policial, um minuto que o meu telefone está to- cando”. O policial fica esperando por cerca de 30 minutos o cidadão acabar de conversar com a namorada, pois eles teriam um compromisso marcado. Ao avaliar o caso concreto, o policial percebe que o indivíduo está com os documentos irregulares. E aí, o que fazer? No caso concreto, o policial ava- liando a legalidade, impessoalidade, moralidade e eficiência, mais a razoa- bilidade e proporcionalidade, pode multar e apreender o veículo, ou seja, no caso concreto, o policial poderá escolher a melhor forma de agir com a finalidade pública, ou seja, foi razoável na ação e proporcional na aplicação da penalidade. Por outro lado imagine que o policial, ao parar o veículo 2, perceba que o motorista é deficiente (não possui as duas pernas), que a esposa do mo- torista, que está no banco do carona, não tem os dois braços e que os filhos no banco de trás não possuem um o braço esquerdo e outro o direito. Nesse caso, o que fazer? Multar e apreender o veículo e, após, como mandá-los a pé para casa? No caso concreto, ser razoável é ter o bom senso de que uma sanção mais rígida prejudicaria o direito individual de uma forma despropor- cional em relação ao benefício que traria ao bem público. Dessa forma, ser razoável é optar pela multa e liberação do veículo. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Poderes administrativos 111 Esses exemplos servem sobremaneira para visualização de algo extrema- mente subjetivo do ponto de vista da avaliação do agente público, mas que no caso concreto é de fácil visualização. Lembrando-se que, derivado do poder dever de agir do administrador público, sua omissão gera o abuso, assim como a utilização fora dos limites legais. Na regra o agente público não pode fazer mais, nem menos, somente podendo agir dentro dos parâmetros da lei. Omissão Poder-dever Limites do Poder discricionário Lei Limites Exemplo Razoabilidade e proporcionalidade Abuso 10 dias 20 dias Lei Abuso Proporcionalidade Punição Razoabilidade Controle de legalidade Poder hierárquico O Poder hierárquico é caracterizado pela existência de níveis e graus de subordinação entre os órgãos públicos e os agentes dentro da Administra- ção Pública. A Administração Pública possui a prerrogativa de direito público de coordenar, corrigir, fiscalizar e controlar as atividades administrativas de seus agentes e órgãos públicos. Aqui se fala em superior e subordinado, e dessa relação é extraída algu- mas prerrogativas do superior descritas a seguir: dar ordens; � fiscalizar; � rever; � delegar; � avocar. � Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 112 Poderes administrativos Aos agentes públicos hierarquizados cabe acatar as ordem legais de seus superiores. Nesse ponto devemos fazer dois questionamentos: 1.º O que significa ordem manifestamente ilegal? É aquela que “sai da cabeça” do superior hierárquico com ideia de ilegali- dade e “chega à cabeça” do subordinado com ideia de ilegalidade. Imagine o seguinte exemplo: Um delegado da Polícia Federal (superior) chega para um agente (subor- dinado) e manda que este espanque um preso. Nessa situação a ordem se manifestou ilegal para ambos, para quem deu a ordem e para quem recebeu a ordem. Ordem manifestamente ilegal não se cumpre. 2.º O que representa ordem manifestamente não ilegal? “Um delegado da Polícia Federal (superior) chega para um agente (subor- dinado) e manda que este prenda uma pessoa que está passando em frente à delegacia. O agente pergunta onde está o mandado de prisão e o delega- do afirma que está em uma gaveta em sua sala, no segundo andar, e pede para que o agente detenha urgente a pessoa, enquanto ele busca o man- dado. Após efetuar a prisão descobre-se que o delegado mentiu e que não havia mandado de prisão algum. Dessa forma, o cidadão teve sua liberdade cerceada sem as formalidades legais. Nesse caso a ordem ‘saiuda cabeça’ do chefe com ideia de ilegalidade (ele sempre soube que não havia qualquer mandado de prisão) e ‘chega à cabeça’ do agente com aparência de legalida- de (para ele a prisão era legal). Nesse caso só responde pelo abuso o autor da ordem ilegal, ficando o subordinado livre de qualquer sanção.” Do Poder hierárquico deriva duas consequências principais: delegação de competência; � avocação de competência. � Delegar é ato discricionário em que o superior passa momentaneamente suas competências legais para o subordinado, ou seja, de cima para baixo. Avocação é medida que deve ser considerada excepcional na Administra- ção Pública e também é ato discricionário, em que o superior puxa as com- petências legais do subordinado para que ele mesmo as execute. Tanto a avocação como a delegação somente podem existir se a compe- tência for de natureza privativa e nunca exclusiva. Contudo, segundo a Lei Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Poderes administrativos 113 9.784/99 alguns atos não podem ser passíveis de delegação, ao qual passa- mos a transcrever aqui: Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: I - a edição de atos de caráter normativo; II - a decisão de recursos administrativos; III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. Observação: somente existe hierarquia dentro da mesma pessoa jurídica, ou seja, no plano vertical entre seus órgãos e agentes. Dessa forma, existem hierarquia e subordinação dentro do Poder Executivo da União no que tange à sua estrutura. Assim, a Presidência da República manda no Ministério da Justiça, que manda na superintendência da Polícia Federal, que manda em uma delegacia que tem um delegado que manda no agente, que por sua vez não manda em ninguém. Lembrando que não existe hierarquia, e sim, vinculação entre as pes- soas da Administração Direta (União, Estados, Distrito Federal e Municí- pios) para a Administração Indireta (FASE – fundação pública, autarquia, sociedade de economia mista e empresa pública). Nesse caso, chamamos de tutela administrativa. Poder hierárquico Decorre da hierarquia Superior – Subordinado Níveis de subordinação Órgãos e agentes Sempre dentro da mesma pessoa jurídica Ordens Fiscalização Controle Sanções Delegação Avocação Poder disciplinar É o poder que possui a Administração Pública (o mais correto é poder- -dever), ou seja, a faculdade de punir internamente as infrações funcionais Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 114 Poderes administrativos de seus servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e servi- ços da Administração. O Poder disciplinar é caracteristicamente discricioná- rio e possibilita a Administração Pública: a) punir internamente seus agentes; b) punir particulares que mantenham um vínculo jurídico específico com a Administração Pública. Punir internamente seus agentes � Consiste em a União punir seus agentes, conforme o rol constante nos incisos do art. 127, da Lei 8.112/90: Art. 127. São penalidades disciplinares: I - advertência; II - suspensão; III - demissão; IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; V - destituição de cargo em comissão; VI - destituição de função comissionada. Dessa forma, a Administração Pública federal possui sete formas taxativas para utilizar o seu Poder disciplinar contra as infrações cometidas pelos agentes públicos. Lembrando que por se tratar de um rol taxativo, não há possibilidade de ampliação das penalidades, ou seja, os agentes públicos ligados à União somente poderão ser punidos por essas modalidades e nenhuma outra. Punir particulares que mantenham um vínculo jurídico específico � com a Administração Pública A regra é que quando a Administração Pública está punindo particulares ela está desenvolvendo o Poder de polícia; essa é a regra geral. Exemplo: quando a Administração Pública punir o particular que cometeu uma falta, ela vai utilizar o seu Poder de polícia para tanto. Contudo, toda regra comporta exceções e a exceção à regra descrita an- teriormente é que a Administração poderá, também, punir o particular utili- zando-se do seu Poder disciplinar. Veja um exemplo: Imagine uma licitação em um dado município. A Administração publica o edital de licitação e aparecem três concorrentes. Ao abrir os envelopes nota- -se que a proposta do concorrente “A” é a mais vantajosa para a Adminis- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Poderes administrativos 115 tração Pública. Dessa forma, o pretendente “A” venceu a licitação. O último ato da licitação recebe o nome de adjudicação compulsória ao vencedor, ou seja, em um prazo de 60 dias a Administração fica presa ao particular que ganhou a licitação e vice-versa. Contudo, baseado no princípio da suprema- cia do interesse público sobre o privado, a Administração assina o contrato administrativo se quiser, ou seja, compra se achar conveniente estando de- sobrigada de assinar o contrato somente por conta da vitória do concorrente “A”. No entanto, o concorrente “A” estará obrigado a fornecer no prazo de 60 dias se a Administração quiser e, em caso de recusa ou de impossibilidade, o particular deverá ser punido. Ao ser sancionada essa penalidade será deriva- da do Poder disciplinar e não do Poder de polícia. Poder disciplinar Punir internamente infrações funcionais de seus servidores. Punir infrações administrativas cometidas por particulares ligados à administração por um vínculo jurídico específico. Poder regulamentar Poder regulamentar é aquele que a Administração Pública exerce para editar ato de caráter normativo e é utilizado exclusivamente para designar as competências do chefe do Poder Executivo para a edição de decretos. No ordenamento jurídico temos três tipos de decretos relatados a seguir: Decreto de execução; � Decreto autônomo; � Decreto-lei. � Decreto de execução: é de competência exclusiva dos chefes do Poder Executivo, ou seja, Presidente da República, governadores dos Estados e do Distrito Federal, respectivamente, e prefeitos (somente esses podem editar decretos). O decreto de execução não inova lei e necessita, obrigatoriamen- te, de uma lei que o ampare. Decreto autônomo: está previsto no artigo 84 da Constituição Federal. Aqui a competência é privativa do Presidente da República e tem como dife- rencial a não obrigatoriedade de lei amparando sua edição, ou seja, o Presi- dente da República edita o ato autonomamente, inovando assim o ordena- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 116 Poderes administrativos mento jurídico. Contudo, isso só pode ocorrer em duas situações expressas na própria Constituição Federal, que transcrevemos a seguir: Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: [...] VI - dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; Decreto-lei: é um instituto que pode estar vigorando, contudo, não pode mais ser editado. Antes da Constituição Federal de 1988, era possível edições de decretos-leis. Hoje, para se criar leis, somente pelo processo legislativo consti- tucional. Contudo, devido à teoria da recepção de normas constitucionais, a CF recepcionou os decretos-leis que não estivessem contra ela, dessa forma, após a promulgação da Constituição, todos os decretos-leis continuaram vigorando, somente não poderiam conter artigos que fossem contra a CF. Um bom exemplo é o Código Penal,que entrou no ordenamento jurídico como Decreto-Lei, mas, para sua modificação, se faz necessário o processo legislativo constitucional, ou seja, para modificar o Código Penal, somente por lei ordinária. Poder regulamentar Decreto de execução Decreto autônomo Art. 84, VI, da CF Compete privativamente ao Presidente da República: VI. Dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa em criação ou extinção de órgãos públicos. b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos. Competência exclusiva dos chefes do Poder Executivo Não inova lei Competência exclusiva Necessita de amparo de uma lei Competência exclusiva Quadro das diferenças Decreto de execução Decreto autônomo 1. Chefes do Executivo 1. Presidente da República 2. Exclusiva 2. Privativo 3. Indelegável 3. Delegável 4. Não inova o ordenamento 4. Inova o ordenamento Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Poderes administrativos 117 Poder de polícia O Código Tributário Nacional, em seu art. 78, ao tratar dos fatos geradores das taxas, assim conceitua Poder de polícia: Art. 78. Considera-se Poder de polícia atividade da Administração Pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. A competência para o exercício do Poder de polícia administrativo é do ente federado ao qual a CF atribui competência para legislar sobre a matéria, em que deve regular a prática da atividade e deve também fiscalizá-la. Em regra, toda vez que a Administração Pública estiver punindo o parti- cular que cometeu infração administrativa, estará a Administração utilizando o Poder de polícia. Algumas considerações devem ser feitas, pois são de ex- trema importância para fins de concursos públicos. Segundo a doutrina majoritária somente podem exercer o Poder de � polícia os entes da Administração Direta (União, Estado, Distrito Fede- ral e Municípios). Assim, os entes da Administração Direta possuem Poder de polícia originário. No caso da Administração Pública Indireta, somente as autarquias possuem Poder de polícia – segundo a doutrina majoritária. Aqui, o Poder de polícia é chamado de Poder de polícia delegado. Não pode ser dado em hipótese alguma Poder de polícia a particulares. � O exercício do Poder de polícia é obrigatório. � Poder de polícia Poder dispõe Fins públicos Administração pública Condicionar Restringir Uso e gozo dos bens Exercício de direito Atividade particular Poder de polícia Originário Delegado Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 118 Poderes administrativos Atributos do Poder de polícia Discricionariedade � : é a atuação da Administração Pública, de acordo com o juízo de conveniência e oportunidade, é o mérito administra- tivo. Aqui o administrador, respeitando os princípios constitucionais, poderá escolher entre as opções que a lei lhe faculta a mais viável no caso concreto. Autoexecutoriedade � : é a faculdade de a Administração agir direta- mente sem a necessidade de passar pelo Poder Judiciário. Contudo, nem todos os atos gozam do atributo da autoexecutoriedade, por exemplo, no caso de se impor ao administrado que este construa uma calçada. A exceção ocorre porque tal atributo se desdobra em dois: Exigibilidade: prerrogativa de a Administração Pública impor obri- � gação ao administrado, sem necessidade de prévia autorização ju- dicial. Executoriedade: possibilidade de a Administração Pública realizar � diretamente a execução forçada da medida que ela impôs ao ad- ministrado. Podemos dar como outro bom exemplo a aplicação de uma multa. A Ad- ministração aplica a multa ao particular de forma direta e sem a necessidade de autorização do Poder Judiciário, podendo a mesma exigir que ela seja paga (possui exigibilidade). No entanto, a Administração não tem o poder de forçar que o particular pague a multa. Assim, deverá a Administração Pú- blica indicar o particular devedor na dívida ativa do Estado e depois cobrar judicialmente os valores correspondentes à multa, ou seja, não possui a exe- cutoriedade do ato. Coercibilidade � : é o uso da força moderada para a execução dos fins pú- blicos pretendidos pela Administração, ou seja, são as imposições coati- vas para que o Poder de polícia possa ser respeitado pelo particular. Abuso de poder O abuso de poder pode ocorrer de duas formas distintas: excesso de poder, ou � desvio de poder. � Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Poderes administrativos 119 Na modalidade excesso de poder, o agente público atua sem suas com- petências legais, ou seja, ele não tem competência na lei para desenvolver aquele tipo de atividade administrativa. Isso pode se dar por total ausência de competência ou por extrapolar os limites da competência que lhe foi le- galmente atribuída. Já no desvio de poder, ou desvio de finalidade, o agente público atua dentro de suas esferas de competência, contudo contraria expressa ou impli- citamente a finalidade determinada pela lei que autorizou sua atuação. Quadro resumido Excesso de poder Desvio de poder Atuação fora dos limites da competência Atuação dentro dos limites da competência Independe da finalidade Foge da finalidade pública Vício relacionado ao elemento competência do ato Vício relativo ao elemento finalidade do ato Resolução de questões 1. (Cespe) Julgue o item abaixo, relativo aos Poderes da Administração. A relação hierárquica constitui elemento essencial na organização ad- ministrativa, razão pela qual deve estar presente em toda a atividade desenvolvida no âmbito da Administração Pública. Solução: Errado. As relações no âmbito administrativo são regidas por normas de direito público, entre as quais está a faculdade do uso dos Poderes administrativos. O Poder hierárquico representa a relação de comando do superior para com o seu subordinado, ou seja, relação de hierarquia e subordinação. Contudo, não está presente em todas as ativi- dades desenvolvidas no âmbito da Administração. Podemos citar como exemplo a relação entre dois órgãos de mesma posição estatal, como por exemplo, a relação entre dois órgãos autônomos (Ministérios) do mesmo Poder, onde a relação é de colaboração, e não de hierarquia. 2. (Cespe) Com relação aos atos administrativos e ao Poder de polícia ad- ministrativa, julgue o item. Tendo em vista razões de conveniência e oportunidade no atendi- mento do interesse público, mesmo os atos administrativos dos quais resultarem direitos adquiridos poderão ser revogados unilateralmente pela Administração. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 120 Poderes administrativos Solução: Errado. De acordo com a Súmula 473 do STF, que trata da autotutela, os atos administrativos que geram direitos adquiridos não podem ser revogados, assim como os atos administrativos que já exauriram seus efeitos. 3. (Cespe) Julgue o item a seguir. Se, no exercício do Poder de polícia, determinada prefeitura demolir um imóvel construído clandestinamente em logradouro público, o invasor de má-fé não terá direito nem à retenção nem à indenização relativas a eventuais benfeitorias que tenha feito. Solução: Certo. O Poderde polícia representa a limitação de um di- reito particular pela Administração Pública, sempre com a finalidade pública. Dessa forma, qualquer sanção sofrida pelo particular de má-fé não será indenizada. 4. (Cespe) No que se refere aos poderes da Administração Pública, julgue o item a seguir. O prazo prescricional para que a Administração Pública federal, direta e indireta, no exercício do Poder de polícia, inicie ação punitiva, cujo objetivo seja apurar infração à legislação em vigor, é de cinco anos, contados da data em que o ato se tornou conhecido pela Administra- ção, salvo se tratar de infração dita permanente ou continuada, pois, nesse caso, o termo inicial ocorre no dia em que cessa a infração. Solução: Errado. O erro da questão é que o prazo prescricional começa a contar da data do ato e não quando ficou conhecido o ato. O restante está correto. Atividades 1. (Cespe) A respeito do Poder de polícia administrativa e dos atos admi- nistrativos, julgue o item que se segue. A Administração exerce o Poder de polícia por meio de atos e opera- ções materiais de aplicação da lei ao caso concreto, compreendendo medidas preventivas e repressivas. A edição, pelo Estado, de atos nor- mativos de alcance geral não pode ser considerada meio adequado para o exercício do Poder de polícia. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Poderes administrativos 121 2. (Cespe) Julgue o item a seguir. Em algumas circunstâncias, pode um agente transferir a outro fun- ções que originariamente lhe são atribuídas, fato esse denominado delegação de competência. Entretanto, não se admite delegar a edi- ção de atos de caráter normativo, a decisão de recursos administrati- vos e as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. 3. (Cespe) Julgue o item a seguir. O ato administrativo nulo, por ter vício insanável, opera sempre efeitos ex-tunc, isto é, desde então. Dessa forma, mesmo terceiros de boa-fé são alcançados pelo desfazimento de todas as relações jurídicas que se originaram desse ato. 4. (Cespe) Julgue o item a seguir, acerca dos atos administrativos, dos Poderes administrativos, do processo administrativo e da responsabi- lidade civil do Estado. O poder de fiscalização que o Estado exerce sobre a sociedade, me- diante o condicionamento e a limitação ao exercício de direitos e liber- dades individuais, decorre do seu Poder disciplinar. 5. (Cespe) Quanto ao Poder hierárquico e ao Poder disciplinar, julgue o item a seguir. A remoção de servidor ocupante de cargo efetivo para localidade mui- to distante da que originalmente ocupava, com intuito de puni-lo, de- corre do exercício do Poder hierárquico. 6. (Cespe) Julgue o item a seguir. A aplicação de penalidade criminal exclui a sanção administrativa pelo mesmo fato objeto de apuração. 7. (Cespe) Acerca dos Poderes da Administração, julgue o item abaixo. Apesar de a discricionariedade constituir um dos atributos do Poder de polícia, em algumas hipóteses, o ato de polícia deve ser vinculado, por não haver margem de escolha à disposição do administrador pú- blico, a exemplo do que ocorre na licença. 8. (Cespe) A Administração Pública, regulamentada no texto constitucional, possui princípios e características que lhe conferem organização e funcio- namento peculiares. A respeito desse assunto, julgue o próximo item. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 122 Poderes administrativos A Administração Pública exerce seu Poder disciplinar quando exige do particular a entrega de estudo de impacto ambiental para a liberação de determinado empreendimento. 9. (Cespe) Acerca do Poder de polícia, do Poder hierárquico e do abuso de poder, julgue o próximo item. A invalidação da conduta abusiva de um agente público pode ocorrer tanto na esfera administrativa quanto por meio de ação judicial, e, em certas circunstâncias, o abuso de poder constitui ilícito penal. 10. (Cespe) Julgue o item a seguir. O Poder de polícia, vinculado à prática de ato ilícito de um particular, tem natureza sancionatória, devendo ser exercido apenas de maneira repressiva. 11. (Cespe) Julgue o item a seguir. O ordenamento jurídico pode determinar que a competência de certo órgão ou de agente inferior na escala hierárquica seja exclusiva e, por- tanto, não possa ser avocada. 12. (Cespe) Com relação aos atos e aos Poderes administrativos, julgue o item a seguir. O Poder regulamentar, regra geral, tem natureza primária e decorre diretamente da CF, sendo possível que os atos expedidos inovem o próprio ordenamento jurídico. 13. (Cespe) No que se refere aos Poderes administrativos e aos princípios que regem a Administração Pública, julgue o item subsequente. Com fundamento no Poder disciplinar, a Administração Pública, ao ter conhecimento de prática de falta por servidor público, pode escolher entre a instauração ou não de procedimento destinado a promover a correspondente apuração da infração. 14. (Cespe) Com relação aos poderes, atos e contratos administrativos, jul- gue o item a seguir. As prerrogativas do regime jurídico administrativo conferem pode- res à Administração, colocada em posição de supremacia sobre o particular; já as sujeições servem de limites à atuação administrativa, Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Poderes administrativos 123 como garantia do respeito às finalidades públicas e também dos di- reitos do cidadão. 15. (Cespe) Julgue o item a seguir. De acordo com a lei, denomina-se ocupação temporária a situação em que agente policial obriga o proprietário de veículo particular em movimento a parar, a fim de utilizar este na perseguição à terrorista internacional que porta bomba, para iminente detonação. 16. (Cespe) Com relação aos atos administrativos, aos Poderes e ao con- trole da administração, julgue o próximo item. A sanção administrativa é consectário do Poder de polícia regulado por normas administrativas. 17. (Cespe) Julgue o item a seguir. A Administração Pública, no exercício do ius imperii, subsume-se ao regime de direito privado. 18. (Cespe) Julgue o item a seguir. Atos administrativos decorrentes do Poder de polícia gozam, em re- gra, do atributo da autoexecutoriedade, haja vista a Administração não depender da intervenção do Poder Judiciário para torná-los efetivos. Entretanto, alguns desses atos importam exceção à regra, como, por exemplo, no caso de se impor ao administrado que este construa uma calçada. A exceção ocorre porque tal atributo se desdobra em dois, exi- gibilidade e executoriedade, e, nesse caso, falta a executoriedade. 19. (Cespe) Acerca dos atos e dos Poderes administrativos, julgue o item a seguir. Quando um fiscal apreende remédios com prazo de validade vencido, expostos em prateleiras de uma farmácia, tem-se exemplo do Poder disciplinar da Administração Pública. 20. (Cespe) Com relação ao processo administrativo e aos poderes confe- ridos à Administração Pública, julgue o item que se segue. O Poder de polícia, considerado como a atividade do Estado limita- dora do exercício dos direitos individuais em benefício do interesse público, é atribuído com exclusividade ao Poder Executivo. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 124 Poderes administrativos 21. (Cespe) Julgue o item a seguir, relativo aos atos e Poderes administra- tivos. O Poder de polícia manifesta-se apenas por meio de medidas repressivas. Dica de estudo Começar a estudar é sempre o passo mais difícil para se chegar à aprova- ção. Assim, para iniciar uma empreitada com sucesso, em primeiro lugar o concursando deveter em mente que a organização do material de estudo e do tempo de estudo são imprescindíveis para uma preparação eficiente. Outro ponto fundamental é a motivação, porque não se passa em um bom concurso público somente com estudo, pois 60% do percurso é muito estudo e 40% é pura motivação, Por isso, motive-se e estude muito! Referências MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 37. ed. Malheiros, 2011. MELLO, Celso Antonio Bandeira. Curso de Direito Administrativo. 28. ed. Malheiros. 2011. PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. Direito Administrativo. 24. ed. Atlas, 2011. Gabarito 1. Errado 2. Certo 3. Errado 4. Errado 5. Errado 6. Errado 7. Certo Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Poderes administrativos 125 8. Errado 9. Certo 10. Errado 11. Certo 12. Errado 13. Errado 14. Certo 15. Errado 16. Certo 17. Errado 18. Certo 19. Errado 20. Errado 21. Errado Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
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