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Título: Guia de Estudos: Pé Torto Congênito (PTC) Assunto: Fisioterapia em Ortopedia Pediátrica Tópicos: ● Definição, Epidemiologia e Classificação do PTC ● Anatomia e Biomecânica da Deformidade ● Avaliação Clínica (Classificação de Pirani) ● Tratamento pelo Método de Ponseti (Fases, Técnica e Manutenção) ● Tratamentos Cirúrgicos e para Casos Complexos Resumo: O Pé Torto Congênito (PTC) é uma das anomalias congênitas mais comuns dos membros inferiores, caracterizada por uma deformidade complexa tridimensional do pé. A deformidade mais comum é a equino-varo, que envolve quatro componentes principais: cavo, aduto, varo e equino (CAVE). O tratamento padrão-ouro é o método conservador de Ponseti, que consiste em manipulações seriadas e imobilizações gessadas para corrigir gradualmente a deformidade, seguido por uma fase de manutenção com órtese para prevenir a recidiva. Este guia foca nos detalhes anatômicos da deformidade e nos princípios biomecânicos que fundamentam a avaliação e o tratamento eficaz. Conceitos-Chave: ● Anatomia da Deformidade: O cerne da deformidade no PTC idiopático é a subluxação medial e plantar do osso navicular em relação à cabeça do tálus. O calcâneo também está aduzido e invertido (varo) abaixo do tálus. O osso cuboide acompanha o calcâneo. Compreender que o tálus é o "ponto fixo" em torno do qual os outros ossos se deslocam é fundamental. ● Classificação de Pirani: É uma ferramenta de avaliação clínica que quantifica a gravidade da deformidade. Um dos pontos-chave, a palpação da parte lateral da cabeça do tálus, avalia diretamente a relação talo-navicular. Uma pontuação alta significa que o navicular está tão deslocado medialmente que a cabeça do tálus fica exposta e facilmente palpável na lateral do pé. ● Biomecânica da Correção de Ponseti: O sucesso do método depende da aplicação correta das forças. Durante a manipulação para corrigir o aduto e o varo, o polegar do terapeuta aplica uma contrapressão na face lateral da cabeça do tálus, que serve como fulcro (ponto de apoio). Isso estabiliza o tálus e permite que o resto do pé (incluindo o navicular, calcâneo e cuboide) seja abduzido (movido para fora) em torno dele. Pressionar o cuboide, por exemplo, não corrigiria a subluxação talo-navicular primária. ● Sequência de Correção (CAVE): A ordem de correção é crucial: 1º Cavo (elevando o primeiro metatarso), 2º Aduto e Varo (abduzindo o pé em torno do tálus), e por último o 3º Equino (através de dorsiflexão, geralmente após a tenotomia). Tentar corrigir o equino prematuramente pode causar deformidades secundárias. Lista de Vocabulário: ● Tálus: Osso do tornozelo que se articula com a tíbia e a fíbula. No PTC, ele é o ponto de referência estável da deformidade. ● Navicular: Osso em forma de barco que, no PTC, está deslocado medialmente (para dentro) em relação ao tálus. ● Fulcro: Ponto de apoio ou pivô sobre o qual uma alavanca se move. Na manipulação de Ponseti, é a cabeça do tálus. ● Plantígrado: Refere-se a um pé que apoia toda a sua superfície plantar no chão durante a marcha, que é o objetivo final do tratamento. ● Tenotomia: Procedimento cirúrgico minimamente invasivo que consiste em seccionar (cortar) um tendão, neste caso, o tendão de Aquiles, para aliviar a contratura em equino. ● Recidiva: O retorno da deformidade após a correção ter sido alcançada. Geralmente associada à não adesão ao uso da órtese. Perguntas-Chave: ● Por que a cabeça do tálus, e não o osso cuboide, é utilizada como ponto de apoio (fulcro) durante as manipulações para corrigir a adução no método de Ponseti? ● Explique a relação anatômica entre o tálus e o navicular no pé torto congênito e como a classificação de Pirani avalia especificamente essa relação. ● Qual é a lógica biomecânica para corrigir o cavo antes de abordar a adução e o varo na sequência de tratamento de Ponseti?