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Psicodiagnóstico Aula expositiva dialogada Conceituação de psicodiagnóstico na atualidade Do grego diagnostikos: discernimento, ver através de, faculdade de conhecer. Psicodiagnóstico = avaliação psicológica clínica com fins diagnósticos. O que pensar sobre a definição de psicodiagnóstico diretamente atrelada à aplicação de testes? Segundo Arzeno (1995) “fazer um diagnóstico psicológico não significa necessariamente o mesmo que fazer um psicodiagnóstico. Este termo implica automaticamente a administração de testes e estes nem sempre são necessários ou convenientes.” De acordo com Cunha (2000) “psicodiagnóstico é um termo que designa um tipo de avaliação psicológica com propósitos clínicos em que há a utilização de testes e de outras estratégias, para avaliar um sujeito de forma sistematizada, científica, orientada para a resolução de problemas” A descrição do psicodiagnóstico como correlato à aplicação de testes parece infrutífera, uma vez que o que define um psicodiagnóstico está mais relacionado ao caráter investigativo e ao diagnóstico do que à necessidade do uso de determinado instrumento avaliativo. Alguns autores como Trinca (1993) defendem que o uso de testes pode não ser necessário em um psicodiagnóstico. Esta escolha estaria referida ao psicólogo e seu pensamento clínico para cada paciente. CFP: define avaliação psicológica com qualquer atividade, com ou sem o uso de testes: “ A avaliação psicológica é compreendida como um amplo processo de investigação, no qual se conhece o avaliado e sua demanda, com o intuito de programar a tomada de decisão mais apropriada do psicólogo. Mais especialmente, a avaliação psicológica refere-se à coleta e interpretação de dados, obtidos por meio de um conjunto de procedimentos confiáveis, entendidos como aqueles reconhecidos pela ciência psicológica.” PORTANTO... O que pensar sobre a definição de psicodiagnóstico diretamente atrelada à aplicação de testes? “Psicodiagnóstico é um procedimento científico de investigação e intervenção clínica, limitado no tempo, que emprega técnicas e/ou testes com o propósito de avaliar uma ou mais características psicológicas, visando um diagnóstico psicológico (descritivo e/ou dinâmico), construído à luz de uma orientação teórica que subsidia a compreensão da situação avaliada, gerando uma ou mais indicações terapêuticas e encaminhamentos (KRUG et al 2016)” Importante: necessita de embasamento científico sobre o fenômeno avaliado O psicodiagnóstico precisa de uma teoria psicológica que o fundamente. Os instrumentos são supervalorizados em detrimento da escuta e da tarefa de síntese compreensiva que deve ser realizada pelo psicólogo ao longo da avaliação. Psicodiagnóstico é uma intervenção? Separar a investigação da intervenção aparece como resultado do olhar positivista que busca alcançar um ideal de objetividade para a pesquisa científica Preocupação clínica não apenas com a objetividade diagnóstica, mas também com o processo avaliativo O avaliando pode se modificar com o auxílio das devoluções - psicodiagnóstico interventivo. PSICODIAGNÓSTICO: PENSANDO A DEMANDA Um psicodiagnóstico tem mais chances de ser bem-sucedido quando há uma boa pergunta a ser respondida. Nem sempre é formulada com clareza, muitas vezes por não ter condições de perceber as razões do seu sofrimento. Outras vezes, deparamo-nos com demandas genéricas, como por exemplo: “quem eu sou?” “vim aqui para me conhecer melhor”. Essas demandas não caracterizam uma boa pergunta a ser respondida, por tratar-se de questões muito amplas. primeira reflexão clínica, a partir das entrevistas iniciais e/ou do contato com a fonte encaminhadora, visando especificar o motivo por trás do “interesse em se conhecer”, por exemplo. Após redefinir a demanda, é possível pensar a avaliação em si – essa reflexão já configura a etapa inicial do psicodiagnóstico. Nesse sentido, boas perguntas são aquelas que auxiliam o profissional a confirmar ou a refutar determinadas hipóteses. Exemplo: uma criança encaminhada para avaliação por estar com dificuldades de leitura e escrita, não conseguindo acompanhar o desempenho da turma. PERGUNTAS: teria ela um transtorno específico de aprendizagem? Questões emocionais e/ou familiares estariam interferindo nos processos de aprendizagem de leitura e escrita? Haveria alguma questão neurológica envolvida? Poderíamos pensar em transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH)? Quais demandas psíquicas não estariam sendo atendidas, gerando, consequentemente, o sintoma? Em alguns casos, a fonte de encaminhamento não possui clareza sobre o que envolve um psicodiagnóstico. Em outros, a pessoa é encaminhada para avaliação, quando se trata de atendimento psicoterápico de urgência. EXEMPLO: o caso de uma pessoa com perda recente na família por acidente de trânsito, apresentava reações emocionais muito intensas e desorganizadas. O certo seria encaminhá-la a um profissional que já pudesse realizar uma intervenção com foco terapêutico Toda a intervenção é precedida de uma avaliação, mas, como nessa situação se está diante de uma condição clínica aguda, o processo avaliativo deve ser abreviado ou realizado concomitantemente ao processo psicoterápico, exigindo que o profissional também tenha conhecimentos e habilidades voltados à intervenção. Em alguns casos pode acontecer, por exemplo, de crianças com dificuldades em acompanhar o que está sendo dado em sala de aula, e, ao recebê-las no consultório, o psicólogo percebe que têm dificuldades de visão. Nesse sentido, é função do profissional exercer um papel educativo, orientando toda a rede que faz uso de avaliações psicológicas. CABE DESTACAR... Há algumas décadas, a procura por psicodiagnóstico estava relacionada somente com a definição de um diagnóstico para o paciente. Atualmente, em grande parte dos encaminhamentos o paciente já chega com um diagnóstico, dado por algum médico ou outro profissional da saúde ou, até mesmo, por um professor da escola. Nessas situações, deve-se refletir sobre o que está sendo solicitado, podendo caber ao psicólogo, entre outros: a)realizar a avaliação da pertinência do diagnóstico; b) realizar o diagnóstico diferencial; c) identificar forças e fraquezas do paciente e de sua rede de atenção visando subsidiar um projeto terapêutico; d) ampliar a compreensão do caso por meio da elaboração de um entendimento dinâmico, alicerçada em teoria psicológica; e) refletir sobre encaminhamentos necessários ao caso. Diante da definição do que se está recebendo como demanda, das hipóteses e das estratégias de avaliação, é possível que haja necessidade de avaliações de outros profissionais. PORTANTO... levando em consideração os aspectos já expostos, o psicólogo realizará a avaliação da demanda para, caso se mostre válido, estabelecer os objetivos do psicodiagnóstico. São esses objetivos que nortearão a eleição das técnicas e/ou instrumentos a serem utilizados posteriormente. Resumão O psicodiagnóstico abrange qualquer tipo de avaliação psicológica de caráter clínico que se apoie em uma teoria psicológica de base e que adote uma ou mais técnicas (observação, entre vista, testes projetivos, testes psicométricos, etc.) reconhecidas pela ciência psicológica. Não sugerimos a adoção do termo para situações avaliativas em contextos jurídicos ou organizacionais, uma vez que, nessas situações, estão presentes outras variáveis geralmente não encontradas no contexto clínico, como a simulação e a dissimulação conscientes. Também não compreendemos que o psicodiagnóstico se limite a uma avaliação de sinais e sintomas, tendo com resultado apenas um diagnóstico nosológico, o que se aproximaria muito de uma avaliação psiquiátrica. Tampouco entendemos que uma simples aplicação de um teste, por mais complexo que ele possa ser, deva serentendida como psicodiagnóstico. Reservamos o termo para descrever um procedimento complexo, interventivo, baseado na coleta de múltiplas informações, que possibilite a elaboração de uma hipótese diagnóstica alicerçada em uma compreensão teórica. Objetivos da AP Objetivo Especificação Classificação Simples Compara o resultado do examinando com o de outros sujeitos Descrição Visa descrever o desempenho do sujeito, ultrapassando a classificação simples Classificação Nosológica Hipóteses são testadas, considerando critérios diagnósticos Diagnóstico Diferencial Investigação de irregularidades do processos para diferenciar alternativas patológicas Objetivos da AP Objetivo Especificação Avaliação Compreensiva Avaliação da personalidade, funções do ego, mecanismos de defesa, favorecendo a indicação terapêutica Prevenção Identifica questões precoces do processo Prognóstico Curso provável do caso avaliado Perícia Fornece subsídios para a tomada de decisões