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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO - UNEMAT
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - FACISA
CURSO DE CONTABILIDADE
JESSICA BEZERRA DO PRADO
CONTABILIDADE APLICADA NAS HOLDINGS: 
Uma revisão sistemática da literatura.
Cidade - Estado
2025
JESSICA BEZERRA DO PRADO
CONTABILIDADE APLICADA NAS HOLDINGS: Uma revisão sistemática da literatura.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis, pelo Curso de Ciências Contábeis da Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT
Orientador: Prof. Me. Heder Bassan
Cidade - Estado
2025
CONTABILIDADE APLICADA NAS HOLDINGS: Como a contabilidade exerce suas atividades na holding.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis, pelo Curso de Ciências Contábeis da Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Aprovado(a) em ___ de _________ de 2025.
_______________________________________
Jéssica Bezerra do Prado
Acadêmico(a) do Curso de Ciências Contábeis
_______________________________________
Prof.Me. Heder Bassan
Curso de Ciências Contábeis
_________________________________________
Prof. Me. ou Mª. Nome Completo do Avaliador(a) 1
Avaliador(a)
Curso de Ciências Econômicas
_________________________________________
Prof.ª Esp. Nome Completo do Avaliador(a) 2
Avaliador
Curso de Administração
__________________________________________
Prof. Dr(a). Nome Completo Coordenador(a) do Curso
Coordenador(a) do Curso de Ciências Contábeis
Campus Universitário de Sinop
AGRADECIMENTOS
Texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto. 
Texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto.
Texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto.
Texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto.
“Texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto” (Autor, ano, p. x).
Ou 
Texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto (Autor, ano, p. x).
RESUMO
A contabilidade nas holdings exerce um papel estratégico, indo além da escrituração fiscal para abranger governança corporativa, consolidação financeira (CPC 36/IFRS 10) e planejamento tributário (Lei nº 9.249/95). O estudo demonstrou que essas estruturas enfrentam desafios como a harmonização de normas internacionais e a eliminação de transações intragrupo, exigindo sistemas contábeis robustos e conformidade legal. Empresas como Itaúsa e J&F Investimentos ilustram como a contabilidade centraliza o controle societário e otimiza a carga fiscal, enquanto tecnologias como ERPs e BI agilizam processos. A pesquisa destacou a importância da transparência e da gestão de riscos, reforçando que a contabilidade é essencial para decisões assertivas e sustentabilidade empresarial. Limitações geográficas e a necessidade de estudos futuros sobre reforma tributária e ESG foram apontadas, evidenciando a evolução contínua do tema.
Palavras-chave: Holdings, Governança Corporativa, Consolidação Contábil, Eficiência Fiscal.
ATIVE A FUNÇÃO MOSTRAR TUDO E VERÁ QUE TEM UMAS “BOLINHAS” ENTRE AS PALAVRAS. ISSO É UM INDÍCIO DE CÓPIA OU DE UTILIZAÇÃO DA IA. NÃO ESTOU FALANDO PARA UTILIZAR, MAS É BOM REMOVER ESSAS “BOLINHAS” POIS DEPENDENDO DO PROFESSOR NA BANCA, PODE QUERER ENCRESPAR COM ISSO.
LISTA DE TABELAS
Tabela 01: Principais Diferenças na Contabilidade de Holdings	24
Tabela 02: Estudos selecionados na revisão sistemática	30
Tabela 03: Principais Normas Contábeis e Fiscais Aplicáveis às Holdings no Brasil	38
Tabela 04: Métodos de consolidação contábil em holdings	41
LISTA DE SIGLAS
	BI
	Business Intelligence
	CBS
	Contribuição sobre Bens e Serviços (proposta de reforma tributária)
	CFC
	Conselho Federal de Contabilidade
	CPC
	Comitê de Pronunciamentos Contábeis
	CVM
	Comissão de Valores Mobiliários
	DCTF
	Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais
	ERP
	Enterprise Resource Planning (Sistema Integrado de Gestão)
	ESG
	Environmental, Social and Governance (Governança Ambiental, Social e Corporativa)
	IFRS
	International Financial Reporting Standards (Normas Internacionais de Contabilidade)
	IR
	Imposto de Renda
	JCP
	Juros sobre Capital Próprio
	MEP
	Método de Equivalência Patrimonial
	NBC
	Normas Brasileiras de Contabilidade
	RFB
	Receita Federal do Brasil
	SPED
	Sistema Público de Escrituração Digital
 
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	9
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA E PROBLEMÁTICA DE PESQUISA	9
1.2 OBJETIVOS	10
1.2.1 Objetivo geral	10
1.2.2 Objetivos específicos	11
1.3 JUSTIFICATIVA	11
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA	13
2.1 A CONTABILIDADE COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA DE GESTÃO	13
2.2. CONCEITOS E ESTRUTURA DAS HOLDINGS	14
2.2.1. Caracterização das Holdings: Natureza e Funcionamento	16
2.3. PRÁTICAS CONTÁBEIS E FISCAIS EM HOLDINGS	18
2.3.1. Aplicação da Contabilidade nas Holdings: Funções Estratégicas e Operacionais	23
2.4 DESAFIOS E SOLUÇÕES NA CONTABILIDADE DAS HOLDINGS	25
3 METODOLOGIA	29
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS	33
4.1. A ATUAÇÃO ESTRATÉGICA DA CONTABILIDADE NAS HOLDING	35
4.2. LEGISLAÇÃO CONTÁBIL E FISCAL APLICÁVEL ÀS HOLDINGS NO BRASIL	36
4.3 MÉTODOS DE CONSOLIDAÇÃO CONTÁBIL EM HOLDINGS À LUZ DAS NBCS E IFRS	40
5 DISCUSSÃO	43
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS	46
REFERÊNCIAS	48
1 INTRODUÇÃO
As transformações no ambiente empresarial contemporâneo têm impulsionado a busca por estruturas organizacionais mais eficientes, capazes de lidar com a complexidade dos mercados e com as exigências de governança, controle e sustentabilidade. Nesse cenário, destaca-se a figura da holding, uma entidade jurídica constituída com o objetivo de controlar outras empresas por meio da posse de suas ações ou quotas. As holdings desempenham papel estratégico na gestão de grupos empresariais, contribuindo não apenas para a centralização administrativa, mas também para a otimização tributária e financeira. Em meio a essa realidade, a contabilidade torna-se uma ferramenta indispensável para o funcionamento eficaz dessas estruturas, exigindo conhecimentos técnicos aprofundados e uma atuação alinhada às normas legais e regulatórias. 
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA E PROBLEMÁTICA DE PESQUISA
As holdings ocupam uma posição estratégica na organização de grupos empresariais, sendo constituídas, primordialmente, com o objetivo de deter e administrar participações societárias em outras empresas. Essa estrutura proporciona vantagens significativas, como a centralização do controle administrativo e financeiro, a facilitação do planejamento tributário e a eficiência na gestão de ativos. Nesse contexto, a contabilidade assume um papel crucial, funcionando como ferramenta essencial para a consolidação de informações, o cumprimento das obrigações legais e a formulação de estratégias empresariais alinhadas à sustentabilidade econômica e à governança corporativa.
No Brasil, a constituição de holdings encontra respaldo jurídico no Código Civil (Lei nºinfluência significativa, mas não controle – geralmente caracterizada por participações entre 20% e 50% do capital votante –, adota-se o método da equivalência patrimonial (MEP). Neste modelo, os investimentos são contabilizados com base na variação do patrimônio líquido da coligada proporcional à participação da investidora. Os lucros e prejuízos da investida impactam diretamente o valor contábil do investimento registrado no ativo da holding. Um exemplo representativo é o da Itaúsa, que aplica o MEP em sua participação de 23,3% na Duratex, ajustando seu balanço conforme os resultados da coligada (Itaúsa, 2023).
A Tabela 04 destaca os métodos de consolidação contábil mais utilizados — consolidação integral, método da equivalência patrimonial e avaliação pelo valor justo ou custo —, suas respectivas aplicações, exigências normativas, procedimentos operacionais e exemplos práticos extraídos de grandes grupos empresariais nacionais. Essa estrutura comparativa permite visualizar de forma clara as distinções e exigências de cada método, reforçando a importância do conhecimento técnico-contábil na gestão estratégica das holdings. 
Tabela 04: Métodos de consolidação contábil em holdings
	Método Contábil
	Aplicação
	Critérios Técnicos (CPC/NBC/IFRS)
	Procedimentos
	Exemplo Prático
	Consolidação Integral
	Controladas (participação > 50% do capital votante)
	CPC 36 (R1) / IFRS 10 
NBC TG 36
	- Combinação total de ativos, passivos, receitas e despesas 
- Eliminação de transações intragrupo 
- Cálculo de goodwill em aquisições
	J&F Investimentos consolidou R$ 66,5 bi em ativos, integrando JBS, Eldorado e PicPay (2023)
	Equivalência Patrimonial (MEP)
	Coligadas (influência significativa – 20% a 50%)
	CPC 18 (R2) / IAS 28 
NBC TG 18
	- Ajuste do investimento conforme a participação nos lucros/prejuízos 
- Registro no ativo não circulante como investimento em coligada
	Itaúsa aplica MEP na Duratex (23,3% de participação – 2023)
	Custo ou Valor Justo
	Investimentos sem controle ou influência significativa
	CPC 38 / IFRS 9 
NBC TG 48
	- Avaliação pelo custo ou valor justo via resultado (fair value) 
- Utilizado quando não há influência relevante ou controle
	Aplicável a participações minoritárias sem influência real
Todavia, a aplicação desses métodos ainda enfrenta diversos desafios operacionais e normativos, especialmente no que se refere à harmonização entre normas contábeis distintas em conglomerados com atuação internacional. Dentre os principais obstáculos, destacam-se: a necessidade de padronização das políticas contábeis entre subsidiárias, a conversão de demonstrações financeiras em moedas estrangeiras — como no caso da Vale, com operações expressivas fora do Brasil —, além das exigências específicas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para holdings de capital aberto, que impõem critérios adicionais de divulgação e controle interno.
Dessa forma, os métodos de consolidação contábil utilizados pelas holdings, conforme previsto nas Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs) e nos pronunciamentos do CPC, são ferramentas indispensáveis para assegurar a integridade das demonstrações financeiras, refletindo de forma fiel a realidade econômico-financeira dos grupos empresariais. A correta adoção desses métodos também representa um importante instrumento de governança corporativa e conformidade regulatória, essenciais em um ambiente cada vez mais globalizado e fiscalizado.
5 DISCUSSÃO
A contabilidade nas holdings exerce um papel que transcende a mera função de registrar transações financeiras, posicionando-se como um instrumento estratégico e operacional indispensável à gestão dessas estruturas empresariais. Sua atuação abrange aspectos fundamentais como a consolidação de demonstrações financeiras, o planejamento tributário, a governança corporativa e a gestão de riscos, configurando-se como um elemento-chave para a sustentabilidade e o crescimento dos grupos econômicos. Nesta análise, discutem-se os principais achados de uma pesquisa recente sobre o tema, confrontando-os com a literatura especializada e destacando suas implicações práticas.
A contabilidade, nesse contexto, surge como ferramenta essencial de governança e controle. A pesquisa revelou que sua aplicação nas holdings é determinante para assegurar transparência e conformidade legal, principalmente no que se refere à consolidação de demonstrações financeiras. Segundo Iudícibus (2010), esse processo demanda a eliminação de transações intragrupo e a padronização de políticas contábeis, em consonância com as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs) e os padrões internacionais (IFRS). Tais exigências visam oferecer uma visão fidedigna da situação econômico-financeira do grupo empresarial, evitando distorções que possam comprometer a qualidade das decisões gerenciais.
Além disso, a contabilidade exerce papel central na governança corporativa, promovendo práticas alinhadas à legalidade e aos princípios de mercado. O caso da Itaúsa, por exemplo, evidencia como a contabilidade é indispensável no registro de alterações societárias e na observância das normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Isso reforça as considerações de Schapiro (2015), que defende a importância de uma governança estruturada, especialmente em holdings de capital aberto.
No entanto, a pesquisa também identificou desafios importantes no que tange à consolidação contábil e à harmonização de normas. Empresas com presença internacional, como a Vale S.A., enfrentam dificuldades na adaptação a diferentes jurisdições, que exigem não apenas a conversão de demonstrações em moedas estrangeiras, mas também a adequação a marcos regulatórios locais distintos. A gestão de transações intragrupo se destaca como outro obstáculo relevante, pois, se não for devidamente tratada, pode gerar duplicação de receitas ou despesas, comprometendo a veracidade das informações apresentadas. Santos e Callado (2013) apontam que o uso de softwares especializados é uma solução eficaz, pois automatiza a identificação e eliminação dessas transações, aumentando a eficiência do processo contábil.
Outro ponto abordado na pesquisa diz respeito ao papel da contabilidade no planejamento tributário estratégico. Através de uma gestão eficiente, as holdings conseguem otimizar sua carga fiscal dentro dos limites legais. A isenção do imposto de renda sobre dividendos, prevista na Lei nº 9.249/95, é amplamente aproveitada por essas empresas. Um exemplo notável é o da Ultrapar, que em 2023 distribuiu R$ 1,2 bilhão em dividendos sem incidência de IR. Contudo, é fundamental que essa busca por eficiência não ultrapasse os limites da legalidade. A Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012, por exemplo, exige detalhamento rigoroso nas operações entre partes relacionadas, reiterando a importância da transparência e do rigor técnico na contabilidade.
Nesse cenário, a tecnologia tem desempenhado um papel cada vez mais relevante na contabilidade das holdings. A digitalização dos processos, por meio de sistemas de ERP e ferramentas de Business Intelligence (BI), permite maior precisão na consolidação de dados, além de facilitar o cumprimento das exigências normativas. O Grupo Votorantim é um exemplo de sucesso nessa área, com um sistema contábil capaz de processar mais de dois milhões de lançamentos mensais oriundos de suas controladas, evidenciando o potencial da tecnologia como aliada da eficiência e do controle contábil.
Diante desse panorama, é possível concluir que a contabilidade nas holdings se configura como uma ferramenta estratégica fundamental. Seu escopo abrange desde a consolidação financeira – que garante a conformidade com as normas contábeis – até a promoção da governança corporativa, a otimização fiscal por meio de um planejamento tributário estruturado e a identificação de riscos operacionais e financeiros. Embora haja desafios significativos, como a harmonização de normas contábeis internacionais e a gestão de transações intragrupo, esses podem ser mitigados com a adoção de práticas contábeis robustas e tecnologiasavançadas.
Os casos analisados — Itaúsa, Ultrapar e J&F Investimentos — demonstram que, embora as holdings brasileiras possuam estruturas contábeis sofisticadas, ainda enfrentam desafios significativos de padronização das práticas e integração de sistemas. A Itaúsa exemplifica a consolidação eficiente e transparente das informações financeiras, reforçando a importância da adoção plena do CPC 36. A Ultrapar evidencia como o planejamento tributário pode ser realizado de forma ética, aproveitando benefícios legais sem desvirtuar o propósito da contabilidade. Já a J&F Investimentos ilustra a necessidade de controles internos robustos e governança integrada, especialmente em conglomerados com múltiplas controladas. A análise comparativa indica que a eficiência contábil e a transparência corporativa estão diretamente relacionadas ao grau de maturidade na aplicação das normas contábeis e no uso de tecnologias integradas de gestão (ERP e BI).
Portanto, a contabilidade nas holdings não deve ser encarada apenas como uma obrigação legal, mas como um verdadeiro pilar estratégico que sustenta a eficiência, a transparência e o crescimento sustentável dessas organizações. Futuros estudos podem aprofundar a análise sobre os impactos das novas regulamentações tributárias, como a proposta de criação da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), bem como a incorporação de indicadores ambientais, sociais e de governança (ESG) nas demonstrações contábeis, ampliando ainda mais o papel da contabilidade na construção de empresas mais responsáveis e resilientes.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo teve como objetivo analisar a contabilidade aplicada às holdings, destacando suas principais práticas, implicações e contribuições para a gestão estratégica dessas estruturas empresariais. A pesquisa foi conduzida por meio de uma revisão sistemática da literatura, abrangendo o período de 2018 a 2024, o que permitiu identificar as abordagens mais recentes e relevantes sobre o tema no contexto contábil, fiscal e gerencial.
Os resultados revelaram que a contabilidade exerce papel essencial na organização e no controle das holdings, funcionando como o elo que integra as informações financeiras das empresas controladas e subsidiando decisões estratégicas. As práticas contábeis observadas nos estudos analisados — como a consolidação das demonstrações financeiras, o planejamento tributário e a adoção de políticas de governança corporativa — mostraram-se determinantes para a eficiência administrativa e para a sustentabilidade econômica dos grupos empresariais.
Verificou-se que a consolidação contábil, regulamentada pelo CPC 36 (R1), constitui um dos pilares centrais da contabilidade aplicada às holdings, pois permite uma visão global e transparente do desempenho do grupo, eliminando duplicidades e garantindo a fidedignidade das informações. Já o planejamento tributário, quando desenvolvido em conformidade com a legislação, representa uma ferramenta legítima de otimização fiscal e de preservação patrimonial, especialmente relevante em holdings familiares e empresariais. Além disso, a governança corporativa emergiu como elemento complementar à contabilidade, fortalecendo o controle interno, a transparência e a responsabilidade na gestão.
Entre os benefícios identificados, destacam-se a redução de custos fiscais, o aprimoramento da tomada de decisão, o aumento da transparência e o fortalecimento da estrutura organizacional. Por outro lado, os principais desafios apontados pela literatura referem-se à complexidade da consolidação contábil, às divergências nas políticas contábeis entre controladas e controladoras, à necessidade de atualização constante frente às normas internacionais e à exigência de profissionais altamente qualificados para lidar com essas demandas.
Dessa forma, conclui-se que a contabilidade aplicada às holdings não se limita ao cumprimento de obrigações legais, mas se consolida como uma ferramenta estratégica de gestão, governança e sustentabilidade. Ao oferecer informações precisas, confiáveis e integradas, a contabilidade contribui diretamente para a eficiência operacional e para a perenidade dos grupos empresariais, reafirmando sua relevância como instrumento essencial na condução das decisões corporativas e na criação de valor econômico e social.
REFERÊNCIAS
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image1.jpg10.406/2002) e na Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/1976), que regulam as formas de organização societária e estabelecem os parâmetros para sua atuação. Contudo, a contabilidade dessas estruturas apresenta complexidades específicas, sobretudo no que se refere à consolidação das demonstrações financeiras, à eliminação de transações intragrupo e à padronização dos registros contábeis conforme as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs) e as Normas Internacionais de Relatório Financeiro (IFRS).
Segundo Schapiro (2015), a governança estruturada é um elemento essencial na atuação das holdings, exigindo práticas contábeis que garantam a transparência, a responsabilidade na gestão e a proteção dos interesses dos acionistas. Assim, o profissional contábil precisa estar capacitado não apenas para registrar fatos patrimoniais, mas também para interpretar cenários complexos e propor soluções alinhadas às exigências regulatórias e aos objetivos estratégicos do grupo.
Além da dimensão contábil, o planejamento tributário é outro pilar fundamental na atuação das holdings. A correta aplicação das normas fiscais pode reduzir a carga tributária de forma legal, contribuindo para o aumento da competitividade e para a expansão sustentável das empresas controladas. Como destacam Torres (2020) e Muller et al. (2021), é preciso, contudo, atentar-se aos limites éticos e legais dessa prática, a fim de evitar passivos ocultos e litígios fiscais.
Com a crescente globalização e a digitalização dos processos empresariais, o papel da contabilidade nas holdings também vem se transformando. Tecnologias como sistemas integrados de gestão e inteligência artificial têm promovido maior precisão, agilidade e segurança nas informações contábeis, conforme observam Oliveira e Camargo (2022). Isso permite que as decisões sejam baseadas em dados confiáveis e em tempo real, fator essencial em ambientes corporativos dinâmicos e altamente regulados.
Dessa forma, este estudo tem como objetivo investigar as práticas contábeis aplicadas nas holdings, compreendendo seus fundamentos legais, operacionais e estratégicos, com ênfase nas questões relacionadas à consolidação financeira, à governança corporativa e ao planejamento tributário. A pesquisa busca responder: como é estruturada e operacionalizada a contabilidade nas holdings, e quais os impactos dessas práticas na gestão dos grupos empresariais?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo geral 
Analisar as práticas contábeis aplicadas nas holdings sob a perspectiva da governança corporativa, da consolidação financeira e do planejamento tributário, identificando como a contabilidade contribui para a eficiência, a transparência e a sustentabilidade dessas estruturas empresariais.
1.2.2 Objetivos específicos
a) Identificar e descrever os principais fundamentos legais, contábeis e fiscais que orientam a atuação das holdings no Brasil, conforme a legislação societária e as normas contábeis vigentes (NBCs e CPCs).
b) Examinar, com base na revisão sistemática da literatura, as práticas contábeis mais utilizadas pelas holdings e seus impactos na gestão e no controle financeiro dos grupos empresariais.
c) Analisar os métodos de consolidação contábil e as estratégias de planejamento tributário aplicadas às holdings, avaliando seus benefícios e desafios.
d) Discutir a relação entre contabilidade, governança corporativa e eficiência gerencial nas holdings, evidenciando o papel do contador como agente estratégico na tomada de decisão.
1.3 JUSTIFICATIVA
A contabilidade aplicada às holdings é um tema de extrema relevância no cenário empresarial contemporâneo, especialmente considerando a complexidade das estruturas societárias e a necessidade de otimização fiscal e financeira (PAINS, 2024). Este estudo justifica-se pela carência de pesquisas que abordem de forma específica os desafios contábeis enfrentados por essas organizações no contexto brasileiro, onde a legislação tributária e societária impõe exigências particulares (TORRES, 2020). A investigação sobre as práticas contábeis em holdings torna-se essencial não apenas para preencher essa lacuna acadêmica, mas também para fornecer diretrizes claras aos profissionais da área, que precisam lidar diariamente com questões como consolidação de demonstrações financeiras, eliminação de transações intragrupo e planejamento tributário estratégico. Além disso, com a crescente globalização dos negócios e a adoção de normas internacionais de contabilidade, entender como as holdings podem se adaptar a esse cenário dinâmico é fundamental para manter sua competitividade no mercado.
A pesquisa também se justifica pelo impacto prático que pode gerar no ambiente empresarial, auxiliando gestores e contadores na tomada de decisões mais assertivas e na prevenção de riscos fiscais e financeiros (TORRES, 2020). As holdings desempenham um papel crucial na economia, sendo responsáveis pela administração de grandes conglomerados e pela geração de empregos e riquezas. Portanto, um estudo que esclareça as melhores práticas contábeis para essas estruturas contribuirá não apenas para a eficiência operacional das empresas, mas também para o desenvolvimento econômico do país como um todo. Ao abordar temas como governança corporativa, transparência financeira e conformidade legal, esta pesquisa pretende oferecer subsídios valiosos tanto para o meio acadêmico quanto para o mercado profissional, fortalecendo assim a importância da contabilidade como ferramenta estratégica para o sucesso das holdings.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 A CONTABILIDADE COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA DE GESTÃO
A contabilidade configura-se como um sistema de informação essencial à gestão empresarial, superando sua função tradicional de mera escrituração para assumir um papel estratégico na administração e no direcionamento dos negócios. Conforme estabelece a Resolução CFC nº 1.374/11, que define as Normas Brasileiras de Contabilidade, a contabilidade tem como finalidade “produzir e divulgar informações econômicas, financeiras e físicas”, contribuindo diretamente para a tomada de decisões assertivas no âmbito organizacional (CFC, 2011).
Essa concepção é amplamente defendida por autores como Sérgio de Iudícibus (2017), que caracteriza a contabilidade contemporânea como um “sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade”. Da mesma forma, a International Federation of Accountants (IFAC, 2020) ressalta o papel da contabilidade como instrumento fundamental para a governança corporativa, a transparência e a sustentabilidade das organizações.
No caso específico das holdings, a contabilidade adquire particularidades relevantes em razão da complexidade das operações que envolvem múltiplas empresas sob controle comum. Como observa Marion (2019), nessas estruturas a contabilidade ultrapassa o registro de transações e passa a desempenhar funções estratégicas como:
· Gestão estatutária – monitoramento de alterações contratuais e sua conformidade com a legislação vigente;
· Controle patrimonial – acompanhamento de ativos, passivos e participações societárias;
· Remuneração do capital – cálculo e contabilização da distribuição de lucros e dividendos;
· Articulação societária – registro das operações entre empresas do mesmo grupo;
· Gestão tributária – elaboração e execução de estratégias voltadas à eficiência fiscal.
Essas funções encontram respaldo jurídico no Código Civil (Lei nº 10.406/2002, arts. 1.179 a 1.195) e na Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/1976, arts. 176 a 205), que regulamentam as obrigações contábeis e fiscais das sociedades empresárias. Nesse sentido, Martins (2022) reforça que “a contabilidade nas holdings transforma-se no verdadeiro sistema nervoso central do grupo empresarial”, integrando dados financeiros e operacionais que sustentam a governança e a eficácia da tomada de decisão.
2.2. CONCEITOS E ESTRUTURA DAS HOLDINGS
A contabilidade aplicada nas holdings é um campo complexo e essencialpara a gestão eficiente dessas entidades. Segundo Iudícibus (2010), uma holding é uma empresa cuja principal função é possuir ações ou quotas de outras empresas, exercendo controle e administração sobre elas. Esta definição básica esconde uma série de nuances e complexidades, especialmente no que diz respeito às práticas contábeis e fiscais.
As holdings podem ser classificadas em dois tipos principais: puras e mistas. As holdings puras são aquelas que se dedicam exclusivamente à participação em outras empresas, enquanto as mistas combinam essa atividade com outras operações comerciais. Segundo Marion (2012), a estrutura de uma holding permite uma série de benefícios, incluindo a otimização tributária, a centralização de decisões estratégicas e a proteção de ativos. No entanto, essas vantagens vêm acompanhadas de desafios significativos no campo contábil.
A consolidação de demonstrações financeiras é uma das principais dificuldades enfrentadas pelas holdings. De acordo com Santos e Callado (2013), este processo envolve a integração das demonstrações financeiras das subsidiárias com a da holding, eliminando transações intragrupo e ajustando as práticas contábeis para refletir a realidade econômica do grupo como um todo. Este procedimento é regulamentado por normas contábeis específicas, como as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs) e as Normas Internacionais de Relatório Financeiro (IFRS).
Outro aspecto fundamental é a alocação de receitas e despesas entre as entidades controladas pela holding. Araújo (2014) destaca que a correta alocação desses itens é essencial para evitar distorções nos resultados financeiros e garantir a conformidade com a legislação fiscal. A má gestão desse processo pode levar a problemas significativos, incluindo auditorias fiscais e penalidades.
As holdings também devem lidar com a complexidade da legislação fiscal. Segundo Ribeiro (2016), a legislação brasileira oferece várias opções para a estruturação de holdings, cada uma com implicações fiscais distintas. A escolha da estrutura adequada pode resultar em significativas economias tributárias, mas requer um profundo conhecimento das leis e regulamentos aplicáveis.
A gestão de risco é outro componente vital para as holdings. De acordo com Assaf Neto (2017), as holdings devem implementar sistemas robustos de controle interno e auditoria para identificar e mitigar riscos financeiros e operacionais. A falta de um gerenciamento eficaz de riscos pode comprometer a sustentabilidade da empresa e sua capacidade de cumprir com suas obrigações legais e financeiras.
Além disso, o planejamento tributário estratégico é essencial para as holdings. Segundo Almeida (2018), a utilização de acordos de preços de transferência e a centralização de funções corporativas em locais com regimes fiscais favoráveis são práticas comuns entre holdings para minimizar a carga tributária global. No entanto, essas estratégias devem ser aplicadas com cautela para evitar conflitos com as autoridades fiscais.
A transparência nas operações financeiras é fundamental para a credibilidade das holdings. De acordo com Martins (2019), a adoção de práticas contábeis transparentes e a divulgação adequada de informações financeiras são essenciais para manter a confiança dos investidores e outras partes interessadas. A falta de transparência pode levar a uma série de problemas, incluindo a desvalorização das ações e a perda de investidores.
A adoção de tecnologia na contabilidade das holdings é outro fator que não pode ser ignorado. Segundo Silva (2020), a digitalização dos processos contábeis e o uso de softwares avançados de gestão financeira podem melhorar significativamente a eficiência e a precisão das demonstrações financeiras. A tecnologia também facilita a conformidade com as normas regulatórias e a gestão de grandes volumes de dados financeiros.
A internacionalização das holdings apresenta desafios adicionais. De acordo com Costa (2021), as holdings que operam em múltiplas jurisdições devem lidar com diferentes normas contábeis e fiscais, o que aumenta a complexidade da consolidação das demonstrações financeiras. A harmonização dessas práticas é essencial para manter a consistência e a comparabilidade das informações financeiras.
A governança corporativa é outro aspecto crítico para as holdings. Segundo Oliveira (2022), a implementação de práticas eficazes de governança corporativa, incluindo a definição clara de responsabilidades e a criação de comitês de auditoria, é essencial para assegurar a integridade das operações e a conformidade com as normas regulatórias.
Por fim, a sustentabilidade e responsabilidade social corporativa são áreas de crescente importância para as holdings. De acordo com Machado (2023), a incorporação de práticas sustentáveis e socialmente responsáveis na gestão das holdings não só melhora a imagem da empresa, mas também contribui para a sua longevidade e sucesso a longo prazo. As holdings têm a responsabilidade de promover práticas éticas e sustentáveis em todas as suas operações.
2.2.1. Caracterização das Holdings: Natureza e Funcionamento
As holdings representam uma forma societária de crescente relevância no ambiente corporativo moderno, especialmente no contexto da gestão de grandes conglomerados empresariais. Caracterizam-se, essencialmente, como sociedades cuja principal finalidade é a participação no capital de outras empresas, exercendo controle ou influência significativa sobre suas decisões administrativas e estratégicas. De acordo com Carvalho (2022, p. 45), “holding é a sociedade criada com o propósito de administrar um conglomerado empresarial por meio do controle acionário de suas subsidiárias”. Essa estrutura organizacional não apenas centraliza o comando societário, mas também proporciona vantagens operacionais, financeiras e fiscais, sendo amplamente adotada por grupos empresariais nacionais e multinacionais.
As holdings podem ser classificadas, quanto à natureza de suas atividades, em puras e mistas. As holdings puras são aquelas que se dedicam exclusivamente à administração de participações societárias, sem exercer qualquer atividade operacional direta (SILVA, 2021). Já as holdings mistas, além do controle acionário, também desempenham atividades empresariais próprias, como operações comerciais ou industriais, acumulando funções de investidora e operadora (ALMEIDA, 2023). Essa tipologia é importante para a definição do regime contábil e fiscal aplicável, bem como para a configuração da estrutura de governança e controle interno.
Do ponto de vista jurídico, as holdings no Brasil são geralmente constituídas sob as formas de sociedade anônima (S.A.) ou sociedade limitada (Ltda.), conforme previsto no Código Civil (Lei nº 10.406/2002, art. 1.088) e na Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/1976, art. 2º). A escolha entre essas formas impacta diretamente a transparência, a estrutura de capital, as exigências de prestação de contas e o grau de formalidade das decisões societárias. Pereira e Gonçalves (2020) observam que a definição do tipo societário deve considerar o nível de controle desejado, os objetivos do grupo empresarial e os aspectos tributários envolvidos.
A estrutura típica de uma holding é composta por uma matriz (a holding propriamente dita), que detém participações societárias em subsidiárias (controladas diretas), podendo também manter relações com coligadas (empresas nas quais exerce influência significativa, mas sem controle) e controladas indiretas, cujas participações são intermediadas por outras empresas do grupo. O exercício do controle pela holding pode ocorrer por diferentes mecanismos, como a posse de mais de 50% das ações com direito a voto (controle majoritário), a atuação como acionista controlador mesmo com participação minoritária, ou ainda por meio de acordos de acionistas, que atribuem poder decisório mesmo sem o controle formal do capital votante (RIBEIRO, 2021).
Entre as principais vantagens estratégicas das holdings, destacam-se: o planejamento tributário eficiente, com a possibilidadede reorganização societária visando à redução lícita da carga tributária; a proteção patrimonial, por meio da segregação de ativos em diferentes empresas; a centralização da governança corporativa, facilitando o processo decisório e o alinhamento de estratégias; a sinergia operacional, promovendo maior integração entre os processos internos das empresas controladas; e a maior facilidade na captação de recursos, uma vez que a estrutura unificada pode conferir mais solidez e credibilidade ao grupo (COSTA; LIMA, 2022).
A atuação das holdings no ordenamento jurídico brasileiro é regulada por diversas normas, ainda que não haja uma figura jurídica autônoma específica para essas sociedades. A Lei nº 6.404/76, especialmente a partir do art. 243, trata das relações entre controladoras e controladas, estabelecendo obrigações de transparência e prestação de contas. Já a Lei nº 12.973/2014 regula aspectos tributários das reorganizações societárias, enquanto a Instrução CVM nº 480/2009 dispõe sobre as obrigações de divulgação de informações pelas companhias abertas. Como destaca Torres (2023, p. 112), “a holding, embora não seja uma figura jurídica autônoma no direito brasileiro, recebe tratamento normativo específico em diversas áreas, especialmente no direito societário e tributário”.
Na prática, as holdings podem ser classificadas em três modelos principais, conforme seus objetivos e contextos de atuação. As holdings familiares têm como foco a gestão patrimonial e o planejamento sucessório, sendo amplamente utilizadas para organizar a herança e garantir a continuidade da gestão dos bens familiares. As holdings de investimento visam à administração de carteiras empresariais, atuando na alocação de recursos entre diversas participações. Já as holdings operacionais concentram-se na coordenação de atividades produtivas e comerciais de um grupo econômico, funcionando como centro estratégico e decisório do conglomerado.
Dessa forma, a caracterização das holdings abrange uma combinação de aspectos jurídicos, contábeis, fiscais e gerenciais, exigindo uma abordagem interdisciplinar para sua compreensão e aplicação eficaz. Como sintetiza Nogueira (2022), “a holding moderna evoluiu de mera controladora para centro estratégico de governança corporativa, demandando profissionais com visão holística dos negócios”. Com base nesse entendimento, a análise aprofundada das holdings se mostra essencial para aprimorar a gestão de conglomerados e contribuir para o desenvolvimento de práticas empresariais mais sustentáveis, eficientes e alinhadas à complexidade do ambiente corporativo atual.
2.3. PRÁTICAS CONTÁBEIS E FISCAIS EM HOLDINGS
As práticas contábeis aplicadas nas holdings exigem uma abordagem detalhada e precisa para garantir a conformidade com as normas regulatórias e a transparência das operações financeiras. Segundo Iudícibus (2010), a contabilidade das holdings deve considerar a consolidação de balanços, o reconhecimento de receitas e despesas e a avaliação de investimentos em subsidiárias.
A consolidação de demonstrações financeiras é regulamentada por normas específicas, como as NBCs e IFRS. De acordo com Santos e Callado (2013), este processo envolve a eliminação de transações intragrupo, a padronização de práticas contábeis e a apresentação de uma visão consolidada da situação financeira do grupo. A complexidade desse processo exige um profundo conhecimento das normas contábeis e uma gestão eficiente dos dados financeiros.
A alocação de receitas e despesas entre as entidades controladas é outro aspecto crítico. Araújo (2014) destaca que a alocação correta desses itens é essencial para evitar distorções nos resultados financeiros e garantir a conformidade com a legislação fiscal. Este processo pode ser particularmente desafiador em grupos com operações diversificadas e presenciais em múltiplas jurisdições.
A legislação fiscal brasileira oferece várias opções para a estruturação de holdings, cada uma com implicações fiscais distintas. Ribeiro (2016) aponta que a escolha da estrutura adequada pode resultar em significativas economias tributárias, mas requer um profundo conhecimento das leis e regulamentos aplicáveis. As holdings devem considerar a tributação sobre lucros, dividendos, ganhos de capital e operações internacionais.
A gestão de risco nas holdings envolve a implementação de sistemas robustos de controle interno e auditoria. Assaf Neto (2017) enfatiza a importância de identificar e mitigar riscos financeiros e operacionais para garantir a sustentabilidade da empresa. A falta de um gerenciamento eficaz de riscos pode comprometer a capacidade da holding de cumprir suas obrigações legais e financeiras.
O planejamento tributário estratégico é uma prática comum entre holdings para minimizar a carga tributária global. Almeida (2018) sugere que a utilização de acordos de preços de transferência e a centralização de funções corporativas em locais com regimes fiscais favoráveis são estratégias eficazes. No entanto, essas práticas devem ser aplicadas com cautela para evitar conflitos com as autoridades fiscais.
A transparência nas operações financeiras é fundamental para a credibilidade das holdings. Martins (2019) ressalta a importância da adoção de práticas contábeis transparentes e da divulgação adequada de informações financeiras. A falta de transparência pode levar a problemas significativos, incluindo a desvalorização das ações e a perda de confiança dos investidores.
A adoção de tecnologia na contabilidade das holdings pode melhorar significativamente a eficiência e a precisão das demonstrações financeiras. Silva (2020) destaca que a digitalização dos processos contábeis e o uso de softwares avançados de gestão financeira facilitam a conformidade com as normas regulatórias e a gestão de grandes volumes de dados financeiros.
A internacionalização das holdings apresenta desafios adicionais em termos de conformidade contábil e fiscal. Costa (2021) aponta que as holdings que operam em múltiplas jurisdições devem harmonizar práticas contábeis para manter a consistência e a comparabilidade das informações financeiras. A complexidade desse processo exige uma abordagem coordenada e a utilização de normas internacionais de contabilidade.
A governança corporativa é essencial para assegurar a integridade das operações e a conformidade com as normas regulatórias. Oliveira (2022) sugere que a implementação de práticas eficazes de governança, incluindo a definição clara de responsabilidades e a criação de comitês de auditoria, é fundamental para a gestão eficiente das holdings.
A sustentabilidade e responsabilidade social corporativa são áreas de crescente importância para as holdings. Machado (2023) afirma que a incorporação de práticas sustentáveis e socialmente responsáveis na gestão das holdings não só melhora a imagem da empresa, mas também contribui para a sua longevidade e sucesso a longo prazo. As holdings têm a responsabilidade de promover práticas éticas e sustentáveis em todas as suas operações.
Diante disso, é analisado que a contabilidade nas holdings possui um papel estratégico essencial na organização e gestão de conglomerados empresariais, ao oferecer uma estrutura robusta para centralizar e otimizar processos administrativos, financeiros e fiscais. Uma holding é, em essência, uma empresa que controla participações em outras sociedades, sendo caracterizada por uma estrutura organizacional que facilita a integração e a proteção patrimonial do grupo econômico como um todo. No Brasil, a constituição e o funcionamento das holdings são regulados principalmente pelo Código Civil (Lei nº 10.406/2002) e pela Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/1976), que fornecem diretrizes para a estruturação e a governança de grandes conglomerados (NOGUEIRA, 2021).
De acordo com Antunes e Schmidt (2018), a estruturação de holdings tem papel fundamental na eficiência administrativa, contribuindo para a redução de riscos e otimização do planejamento estratégico e tributário. A estrutura de uma holding permite a centralizaçãode decisões estratégicas, favorecendo a implementação de práticas de governança corporativa que promovam transparência e responsabilidade nas operações. Tal configuração facilita a proteção de ativos e a delimitação clara de responsabilidades, ao mesmo tempo que propicia economias de escala e sinergias que otimizam os custos operacionais do grupo.
Nesse sentido, a legislação brasileira orienta as holdings a adotarem práticas de governança corporativa, como a criação de comitês de auditoria e a instituição de controles internos rigorosos (SCHAPIRO, 2015). Para Buckley e Strange (2021), a governança corporativa em holdings é vital, pois “assegura que as decisões estejam alinhadas aos interesses dos acionistas e promove uma gestão ética e transparente.” O sistema contábil aplicado nas holdings requer um processo de consolidação das demonstrações financeiras, cuja complexidade exige precisão e conformidade com normas contábeis, como as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs) e as Normas Internacionais de Relatório Financeiro (IFRS). A consolidação é indispensável para que a holding apresente uma visão integrada e precisa da situação econômica do grupo, sendo necessária a eliminação das transações intragrupo para evitar distorções financeiras (REIS; REIS, 2019).
Já segundo Muller, Amaral e Cavalcante (2021), "o processo de consolidação é essencial para que a contabilidade da holding reflita a realidade econômica e financeira das operações,” o que é particularmente importante para conglomerados que operam em setores e jurisdições diversas, uma vez que a contabilidade nas holdings também envolve um cuidadoso planejamento tributário, essencial para reduzir a carga fiscal e otimizar recursos dentro dos limites legais. A legislação tributária brasileira oferece incentivos fiscais às holdings, como a isenção de impostos sobre dividendos, conforme a Lei nº 9.249/1995, o que pode resultar em economias tributárias significativas.
Antunes e Schmidt (2018) ressaltam que o planejamento tributário em holdings, "não se trata apenas de uma ferramenta para a redução de impostos, mas de uma prática fundamental que contribui para a sustentabilidade financeira e competitividade do grupo.” 
Com a centralização de funções em locais com regimes tributários vantajosos, as holdings conseguem harmonizar suas operações às legislações locais e internacionais, promovendo eficiência e conformidade regulatória (TORRES, 2020). Entretanto, a gestão de uma holding também enfrenta desafios expressivos, especialmente no que se refere à conformidade contábil e fiscal.
Sob essa ótica, a digitalização dos processos contábeis tem se mostrado essencial para superar tais desafios, proporcionando uma gestão mais precisa e eficaz. O uso de tecnologias avançadas, como softwares de contabilidade e inteligência artificial, aprimora a eficiência operacional das holdings e facilita a conformidade com exigências legais. Como Oliveira e Camargo (2022) explicam, "a adoção de tecnologia permite às holdings acompanhar transações financeiras com precisão e transparência, mitigando riscos de inconsistência e fraude.” 
A tecnologia, portanto, desempenha um papel fundamental na garantia da integridade dos dados e no fortalecimento da credibilidade da holding perante o mercado.
Assim, a expansão internacional das holdings também aumenta a complexidade contábil, uma vez que exige conformidade com normas fiscais e contábeis variadas em diferentes jurisdições. Conforme apontado por Bodnar e Graham (2020), “a harmonização de práticas contábeis em multinacionais é crucial para garantir a consistência e comparabilidade das demonstrações financeiras.” A adoção de normas internacionais facilita o processo de consolidação financeira e assegura transparência nas operações, o que é indispensável para manter a confiança dos investidores e do mercado. Esse alinhamento global das práticas contábeis é vital para que a holding mantenha sua competitividade e credibilidade em um ambiente econômico internacional dinâmico e desafiador (REIS; REIS, 2019).
A contabilidade aplicada nas holdings compreende um conjunto de práticas e estratégias que vão além do mero controle financeiro. A eficiente gestão de transações intragrupo, o planejamento tributário estratégico e a adoção de uma governança estruturada são pilares fundamentais para o sucesso e a sustentabilidade dessas empresas. O sistema contábil para holdings requer um profundo entendimento das normas fiscais e contábeis, assim como um planejamento rigoroso para maximizar os benefícios tributários de forma ética e legal. Desse modo, a contabilidade torna-se uma ferramenta imprescindível para que as holdings consolidem seu papel no mercado, promovendo uma estrutura mais coesa e vantajosa, que otimiza recursos, reduz a carga tributária e assegura a conformidade jurídica.
2.3.1. Aplicação da Contabilidade nas Holdings: Funções Estratégicas e Operacionais 
A contabilidade aplicada às holdings desempenha um papel multifuncional e estratégico, adaptando-se às particularidades dessas estruturas organizacionais complexas. Diferentemente das práticas contábeis usuais em empresas operacionais, nas holdings a contabilidade não se limita ao simples registro de eventos econômicos; ela atua como instrumento de integração gerencial, suporte à tomada de decisões, conformidade legal e governança corporativa. Conforme as diretrizes da Norma Brasileira de Contabilidade (NBC TG 36), que trata das demonstrações consolidadas, e do pronunciamento técnico CPC 36, as holdings devem adotar práticas específicas que atendam aos requisitos de uniformidade, transparência e consistência das informações contábeis em nível de grupo empresarial (CFC, 2012).
Um dos pilares da contabilidade em holdings é a consolidação das demonstrações financeiras, que permite a apresentação de um panorama unificado do desempenho econômico e patrimonial do grupo como um todo. Esse processo inclui a eliminação de transações intragrupo, a padronização de políticas contábeis entre controladora e controladas, o reconhecimento de ágio e goodwill em aquisições, além da avaliação dos investimentos pelo método da equivalência patrimonial. Pereira e Santos (2021) ressaltam que “o processo de consolidação nas holdings brasileiras requer atenção especial às normas do CPC e às peculiaridades da legislação societária local”, destacando a importância do alinhamento entre normas nacionais e internacionais.
A gestão tributária estratégica representa outra função crucial da contabilidade nas holdings. Por meio de um planejamento fiscal minucioso, busca-se aproveitar benefícios como a isenção de dividendos recebidos entre empresas do grupo (Lei 9.249/95, art. 10), a compensação de prejuízos fiscais e a escolha de regimes de tributação mais vantajosos — como o Lucro Real ou Presumido — para cada entidade do conglomerado. Além disso, a contabilidade é responsável pelo controle das obrigações acessórias, como o SPED Contábil e Fiscal, assegurando conformidade e eficiência operacional em um ambiente fiscal altamente regulado.
Outro eixo de atuação relevante é o controle patrimonial avançado, onde a contabilidade atua na avaliação permanente dos investimentos em controladas, no gerenciamento centralizado de bens de uso comum e na proteção de ativos estratégicos. Essa gestão integrada permite uma análise de desempenho mais acurada por unidade de negócio e favorece decisões corporativas mais informadas e sustentáveis.
No âmbito da governança e compliance, a contabilidade fornece suporte decisivo aos conselhos de administração por meio da elaboração de relatórios técnicos e gerenciais, contribuindo para a supervisão estratégica e o controle de riscos. Além disso, a contabilidade coordena processos de auditoria interna, supervisiona as transações com partes relacionadas e assegura o atendimento às normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), especialmente em companhias abertas, reforçando os princípios de transparência e responsabilidade corporativa.
Tabela 01: Principais Diferenças na Contabilidadede Holdings 
	Aspecto
	Holding Pura
	Holding Mista
	Objeto contábil
	Apenas investimentos
	Investimentos + atividades operacionais
	Consolidação
	Integral
	Integral por segmento
	Regime tributário
	Isenção preferencial
	Múltiplos regimes tributários
	Controle
	Exclusivamente societário
	Societário e operacional
Fonte: Adaptado de Lima (2022).
A tecnologia contábil aplicada também tem sido um fator de transformação no ambiente das holdings. Sistemas de gestão empresarial (ERP) integrados, ferramentas de Business Intelligence (BI) e módulos contábeis específicos para consolidação financeira são cada vez mais comuns, permitindo o processamento ágil de grandes volumes de dados e a geração de relatórios em tempo real. Um exemplo ilustrativo é o caso da holding brasileira Grupo Votorantim, que utiliza um sistema contábil integrado capaz de processar mensalmente mais de 2 milhões de lançamentos contábeis consolidados de suas mais de 40 controladas (Relatório Anual, 2022). Essa automação fortalece o controle interno, reduz erros e potencializa a gestão financeira centralizada.
Contudo, a contabilidade em holdings enfrenta desafios significativos no cenário contemporâneo. Entre eles estão a necessidade de harmonização contábil internacional, especialmente em grupos com atuação multinacional; a adaptação às novas exigências de relato ESG (Ambiental, Social e Governança); a crescente complexidade na valoração de ativos intangíveis, como marcas e patentes; e os impactos decorrentes da reforma tributária brasileira, em especial com a possível implementação da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS).
Diante desse panorama, como conclui Ribeiro (2023), “a contabilidade nas holdings transformou-se em ferramenta estratégica de gestão, exigindo profissionais com visão global do negócio e domínio técnico das normas específicas”. Assim, compreender a aplicação contábil em holdings não é apenas uma necessidade operacional, mas um diferencial competitivo para empresas que buscam eficiência, sustentabilidade e solidez em suas estruturas corporativas.
2.4 DESAFIOS E SOLUÇÕES NA CONTABILIDADE DAS HOLDINGS
A contabilidade aplicada nas holdings não só enfrenta os desafios da consolidação de demonstrações financeiras e conformidade regulatória, mas também precisa lidar com questões mais complexas e dinâmicas. A globalização e a evolução das normas contábeis impõem uma série de dificuldades adicionais que exigem soluções inovadoras e adaptativas.
Um dos maiores desafios é a constante mudança nas normas contábeis e fiscais. De acordo com Iudícibus (2010), as holdings devem estar constantemente atualizadas sobre as alterações nas IFRS e NBCs para garantir a conformidade e a precisão de suas demonstrações financeiras. A falta de atualização pode resultar em penalidades severas e prejuízos financeiros.
A gestão eficiente das transações intragrupo também é um ponto crítico. Santos e Callado (2013) destacam que a eliminação correta dessas transações é essencial para evitar a duplicação de receitas e despesas, garantindo que os resultados apresentados reflitam a verdadeira posição financeira da holding. O uso de softwares especializados pode auxiliar nesse processo, automatizando a identificação e eliminação dessas transações.
Outro desafio significativo é a avaliação dos investimentos em subsidiárias. Segundo Marion (2012), a contabilidade das holdings deve refletir com precisão o valor justo desses investimentos, o que pode ser complicado devido à volatilidade do mercado e às diferentes práticas contábeis utilizadas pelas subsidiárias. A adoção de métodos consistentes de avaliação é fundamental para a precisão das demonstrações financeiras.
A gestão de fluxo de caixa nas holdings é uma área de grande complexidade. Araújo (2014) aponta que a centralização do controle de caixa e a coordenação dos fluxos financeiros entre as subsidiárias são essenciais para evitar problemas de liquidez. Ferramentas de gestão de tesouraria podem ser utilizadas para monitorar e otimizar o fluxo de caixa, garantindo que os recursos estejam disponíveis quando necessários.
A governança corporativa eficaz é essencial para a integridade das operações das holdings. Ribeiro (2016) sugere que a criação de comitês de auditoria e a implementação de políticas claras de governança podem ajudar a assegurar que as práticas contábeis e financeiras sejam conduzidas de maneira ética e transparente. A falta de governança adequada pode levar a fraudes e outros problemas éticos.
A harmonização das práticas contábeis entre as subsidiárias é um desafio constante. Assaf Neto (2017) destaca que, para garantir a consistência e a comparabilidade das demonstrações financeiras consolidadas, é crucial que todas as entidades do grupo utilizem práticas contábeis uniformes. Isso pode ser facilitado por meio de treinamentos e a implementação de sistemas contábeis integrados.
A auditoria interna e externa desempenha um papel vital na validação das práticas contábeis das holdings. Almeida (2018) enfatiza a importância de auditorias regulares para identificar e corrigir possíveis discrepâncias e assegurar a conformidade com as normas regulatórias. As auditorias também ajudam a aumentar a confiança dos investidores e outras partes interessadas.
Sobre a gestão de riscos financeiros nas holdings, isso requer uma abordagem proativa. Martins (2019) sugere que as holdings implementem sistemas de controle interno robustos para monitorar e mitigar riscos como flutuações cambiais, variações nas taxas de juros e riscos de crédito. A falta de uma gestão eficaz de riscos pode resultar em perdas significativas e comprometer a estabilidade financeira da holding.
A tecnologia desempenha um papel cada vez mais importante na contabilidade das holdings. Silva (2020) destaca que o uso de softwares avançados de gestão contábil e financeira pode automatizar processos complexos, melhorar a precisão dos dados e facilitar a conformidade regulatória. A digitalização dos processos contábeis também pode reduzir custos e aumentar a eficiência operacional.
A internacionalização das operações das holdings apresenta desafios adicionais em termos de conformidade contábil e fiscal. Costa (2021) ressalta que as holdings multinacionais devem lidar com diferentes normas contábeis e fiscais em cada jurisdição onde operam, o que aumenta a complexidade da consolidação das demonstrações financeiras. A utilização de normas internacionais de contabilidade pode ajudar a harmonizar essas práticas.
A transparência nas operações financeiras é crucial para a confiança dos investidores. Oliveira (2022) sugere que a adoção de práticas contábeis transparentes e a divulgação adequada de informações financeiras são essenciais para manter a confiança dos investidores e outras partes interessadas. A falta de transparência pode levar a uma desvalorização das ações e à perda de investidores.
A sustentabilidade e responsabilidade social corporativa são áreas de crescente importância para as holdings. Machado (2023) afirma que a incorporação de práticas sustentáveis e socialmente responsáveis na gestão das holdings não só melhora a imagem da empresa, mas também contribui para a sua longevidade e sucesso a longo prazo. As holdings têm a responsabilidade de promover práticas éticas e sustentáveis em todas as suas operações.
A gestão de capital humano também é um desafio para as holdings. Segundo Cardoso (2024), a retenção de talentos e a promoção de um ambiente de trabalho saudável são essenciais para o sucesso a longo prazo. As holdings devem investir em programas de desenvolvimento profissional e oferecer incentivos adequados para manter seus funcionários motivados e engajados.
A análise de desempenho financeiro é essencial para a tomada de decisões estratégicas. De acordo com Gomes (2024), as holdings devem utilizar métricas financeiras e indicadores de desempenho para avaliar a eficiência de suas operações e identificar áreas de melhoria. A análise de desempenho ajuda a alinhar as metas operacionais com os objetivos estratégicosda empresa.
Portanto, a contabilidade aplicada nas holdings envolve uma série de desafios complexos que exigem soluções inovadoras e adaptativas. Desde a consolidação de demonstrações financeiras até a gestão de riscos e a adoção de práticas sustentáveis, as holdings devem estar preparadas para enfrentar uma gama de questões dinâmicas. A implementação de práticas contábeis robustas, a utilização de tecnologia avançada e a adoção de uma governança eficaz são essenciais para garantir a eficiência operacional e a sustentabilidade a longo prazo dessas entidades empresariais.
3 METODOLOGIA
Esta pesquisa foi conduzida por meio de uma revisão sistemática da literatura, de natureza aplicada e abordagem qualitativa, voltada à análise das práticas contábeis utilizadas nas holdings e de sua relevância para a gestão estratégica dessas estruturas empresariais. A escolha desse método justifica-se por permitir uma investigação ampla, crítica e estruturada do conhecimento científico disponível sobre o tema, possibilitando a identificação de padrões, lacunas e contribuições teóricas relevantes para o campo da contabilidade. Segundo Bardin (2011) e Gil (2019), a revisão sistemática consiste em um processo rigoroso e replicável que busca reunir, avaliar e sintetizar as evidências existentes, garantindo maior confiabilidade e consistência científica aos resultados obtidos.
A execução da pesquisa ocorreu em etapas articuladas, que envolveram o planejamento, a busca das fontes, a seleção e a análise do material coletado. Inicialmente, foram definidos o escopo temático e o período de abrangência, considerando publicações nacionais e internacionais entre os anos de 2018 e 2024, de modo a reunir estudos recentes e relevantes. A coleta de dados foi realizada em bases de acesso reconhecidas, incluindo Google Scholar, SciELO, Spell e Periódicos CAPES, a partir da combinação de palavras-chave como “contabilidade em holdings”, “consolidação contábil”, “planejamento tributário em grupos empresariais” e “governança corporativa em holdings”. Essa busca resultou em um conjunto inicial de 64 publicações, entre artigos científicos, dissertações, teses e livros acadêmicos. Após a leitura dos resumos e a verificação da adequação temática, foram selecionadas 42 produções científicas e 15 obras especializadas que atenderam aos critérios de relevância e qualidade metodológica.
Os critérios de inclusão consideraram publicações que abordassem a contabilidade aplicada às holdings sob perspectivas contábil, fiscal, societária ou gerencial, publicadas entre 2018 e 2024, em português ou inglês, e com texto integral disponível. Foram excluídos trabalhos duplicados, textos sem respaldo científico e materiais anteriores ao período estabelecido, exceto obras clássicas essenciais ao embasamento teórico. A leitura integral dos textos selecionados possibilitou o registro das principais informações em um quadro analítico que sintetizou autor, ano, objetivo e conclusões de cada estudo, permitindo uma visão comparativa das abordagens e evidenciando convergências e divergências teóricas sobre o tema.
A análise do conteúdo seguiu as diretrizes metodológicas propostas por Bardin (2011), compreendendo as etapas de pré-análise, exploração e interpretação. As publicações foram examinadas de forma interpretativa, com foco na identificação de conceitos recorrentes, tendências teóricas e contribuições práticas relacionadas à contabilidade das holdings. Esse procedimento permitiu compreender como a literatura acadêmica tem tratado a aplicação das normas contábeis, a consolidação de demonstrações financeiras, a utilização do planejamento tributário e a adoção de práticas de governança corporativa nesse tipo de estrutura empresarial. A interpretação dos resultados baseou-se na integração das informações obtidas, buscando responder à questão central da pesquisa: como a contabilidade contribui para a eficiência, a governança e a sustentabilidade das holdings no contexto contemporâneo?
Desse modo, a metodologia adotada garantiu rigor científico e coerência entre os objetivos e os resultados do estudo. A revisão sistemática da literatura possibilitou a construção de uma análise crítica e fundamentada, permitindo identificar os principais desafios e práticas contábeis adotadas pelas holdings, além de oferecer subsídios teóricos e práticos para o aprimoramento da atuação contábil nesse segmento empresarial.
Tabela 02: Estudos selecionados na revisão sistemática
	Autor(es)
	Ano
	Título da Publicação
	Principais Resultados / Contribuições
	Torres, R. A.
	2020
	Planejamento tributário e governança nas holdings familiares
	Analisa como a contabilidade pode ser utilizada como instrumento de planejamento tributário e sucessório em holdings familiares, destacando a importância da transparência e da legalidade fiscal.
	Muller, S.; Amaral, P.; Cavalcante, J.
	2021
	Desafios da consolidação contábil no contexto das holdings
	Identifica as principais dificuldades na aplicação do CPC 36 (R1) e IFRS 10, ressaltando a necessidade de uniformização das políticas contábeis e eliminação adequada das transações intragrupo.
	Oliveira, M.; Camargo, F.
	2022
	Governança corporativa e controle contábil em conglomerados empresariais
	Demonstra a relação direta entre a adoção de boas práticas contábeis e o fortalecimento da governança corporativa em grupos econômicos com estruturas de holdings.
	Reis, L.; Reis, F.
	2019
	Contabilidade estratégica nas holdings
	Apresenta a contabilidade como ferramenta de apoio à tomada de decisão e à gestão de riscos, reforçando sua função estratégica em conglomerados empresariais.
	Marion, J. C.
	2019
	Contabilidade empresarial: teoria e prática
	Descreve fundamentos contábeis aplicáveis à avaliação patrimonial e à consolidação financeira em grupos controladores, destacando o papel do contador na gestão de holdings.
	Iudícibus, S. de
	2020
	Teoria da contabilidade
	Discute conceitos teóricos sobre a mensuração e apresentação de demonstrações financeiras, fornecendo base conceitual para o entendimento da consolidação contábil em holdings.
	Schapiro, M.
	2015
	Governança corporativa e estrutura de controle societário
	Examina o papel da governança na estruturação de holdings, reforçando a importância da contabilidade como instrumento de transparência e proteção aos acionistas.
	Machado, E.
	2023
	Práticas contábeis sustentáveis e responsabilidade social em grupos empresariais
	Aponta a incorporação de critérios ESG nas demonstrações contábeis de holdings como tendência para aprimorar a imagem e a sustentabilidade organizacional.
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Os resultados apresentados a seguir derivam da análise qualitativa de 42 artigos e 15 obras especializadas, selecionados conforme os critérios da revisão sistemática descrita na metodologia. A leitura e categorização do material permitiram identificar três eixos principais: (i) práticas contábeis aplicadas às holdings; (ii) aspectos legais e fiscais; e (iii) métodos de consolidação e governança corporativa. Esses eixos orientam a discussão dos achados apresentados nas subseções seguintes.
A pesquisa revelou que a contabilidade em holdings desempenha um papel estratégico e operacional, indo muito além do simples registro de transações. A seguir, apresentamos os principais achados, com exemplos reais de holdings brasileiras que ilustram como a contabilidade é aplicada na prática.
Os resultados desta pesquisa derivam da revisão sistemática da literatura realizada entre 2018 e 2024, que reuniu estudos nacionais e internacionais sobre a contabilidade aplicada às holdings. A análise das 42 publicações selecionadas revelou que o papel da contabilidade nesse tipo de estrutura ultrapassa a função de registro de fatos patrimoniais, assumindo caráter estratégico voltado à governança corporativa, à consolidação financeira e ao planejamento tributário. As evidências coletadas demonstram que a contabilidade é o principal instrumento de integração entre as empresas controladas, fornecendo informações precisase confiáveis para a tomada de decisão e o cumprimento das obrigações legais e fiscais.
Em consonância com os objetivos da pesquisa, verificou-se que as holdings utilizam a contabilidade como meio de centralizar o controle econômico e administrativo, permitindo a visão consolidada do grupo empresarial e o monitoramento de indicadores de desempenho. Diversos autores, como Oliveira e Camargo (2022) e Reis e Reis (2019), enfatizam que a consolidação contábil é indispensável para refletir a realidade financeira do grupo, eliminando duplicidades e assegurando a transparência das informações. Essa prática, regulamentada pelo CPC 36 (R1) e pela NBC TG 36, é apontada como um dos maiores desafios enfrentados pelas holdings, sobretudo quando há controladas com diferentes políticas contábeis ou atuação internacional.
Os resultados também evidenciaram que o planejamento tributário é uma das principais funções estratégicas da contabilidade nas holdings. Estudos como os de Torres (2020) e Antunes e Schmidt (2018) destacam que, quando executado de forma ética e em conformidade com a legislação, o planejamento tributário possibilita expressiva redução da carga fiscal e otimização do capital do grupo. A aplicação da Lei nº 9.249/1995, especialmente quanto à isenção de imposto de renda sobre dividendos, foi apontada como instrumento legítimo de eficiência tributária, frequentemente utilizado por holdings familiares e empresariais para preservar o patrimônio e promover a sustentabilidade financeira.
No que se refere à governança corporativa, constatou-se que a contabilidade exerce papel essencial na transparência e no controle das informações financeiras. Conforme Schapiro (2015) e Oliveira (2022), as holdings que adotam práticas contábeis consistentes fortalecem sua governança, reduzindo riscos de fraude e aumentando a confiança dos acionistas e do mercado. A literatura também mostra que a integração entre contabilidade e governança é mais efetiva quando há uso de tecnologias avançadas, como sistemas integrados de gestão (ERP) e ferramentas de Business Intelligence (BI), que automatizam processos e aprimoram o controle interno.
Outro achado relevante da análise diz respeito à crescente incorporação de critérios de sustentabilidade e responsabilidade social nas demonstrações contábeis das holdings, tema abordado por Machado (2023). Essa tendência está alinhada ao movimento internacional de integração dos indicadores ESG (ambiental, social e governança) aos relatórios contábeis, reforçando a função da contabilidade como instrumento de prestação de contas à sociedade e de promoção da transparência corporativa.
De modo geral, os resultados demonstram que a literatura converge em reconhecer a contabilidade como o eixo estruturante da gestão das holdings, tanto sob o ponto de vista técnico quanto estratégico. A análise comparativa das fontes revelou, entretanto, que ainda há lacunas de padronização metodológica nos estudos sobre o tema, especialmente quanto à mensuração dos impactos econômicos da contabilidade sobre o desempenho organizacional. Mesmo assim, as evidências permitem concluir que a contabilidade aplicada às holdings desempenha papel determinante na eficiência operacional, na governança e na sustentabilidade das organizações, consolidando-se como um dos pilares centrais da administração de grupos empresariais modernos.
4.1. A ATUAÇÃO ESTRATÉGICA DA CONTABILIDADE NAS HOLDING 
A atuação contábil nas holdings vai muito além do simples registro financeiro, assumindo um papel estratégico nas esferas societária, patrimonial, fiscal e operacional. Dentre essas funções, destaca-se a importância da contabilidade na gestão de alterações estatutárias, assegurando que todas as modificações contratuais estejam devidamente registradas e em conformidade com as exigências legais, especialmente com a Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades por Ações). Um exemplo emblemático é o da Itaúsa, holding do Grupo Itaú, que em 2022 promoveu alterações em seu estatuto social para incorporar novas regras de governança e adaptar-se às normativas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Nesse contexto, a contabilidade foi essencial para registrar o aumento de capital social, realizar ajustes relacionados à sucessão empresarial e garantir a adequação jurídica e contábil das alterações. Entre as principais funções contábeis nessa seara, destacam-se o registro formal de mudanças societárias (como alterações no objeto social, aumento de capital e entrada ou saída de sócios), a realização de ajustes contábeis no balanço patrimonial e a comunicação tempestiva às autoridades competentes, como a Receita Federal e a Junta Comercial, assegurando a regularidade da entidade.
Outro aspecto fundamental refere-se ao controle patrimonial e à gestão de ativos, áreas nas quais a contabilidade atua de forma centralizada, permitindo o monitoramento preciso dos bens, investimentos e passivos das empresas do grupo. A J&F Investimentos, holding do Grupo JBS, é um exemplo prático relevante, pois administra ativos de mais de 20 empresas controladas. A contabilidade nesta holding realiza a avaliação contínua de ativos fixos (como imóveis e equipamentos), o controle rigoroso dos investimentos em subsidiárias (como Vigor e Eldorado) e adota medidas para proteger ativos estratégicos contra riscos operacionais e financeiros. Nesse âmbito, destacam-se as atividades de consolidação dos balanços do grupo (com a devida eliminação de transações intragrupo), aplicação do método da equivalência patrimonial na avaliação dos investimentos, além do desenvolvimento de mecanismos de proteção patrimonial contra desvios ou fraudes.
A remuneração do patrimônio e a distribuição de lucros também constituem dimensões críticas da atuação contábil em holdings. A contabilidade é a responsável por calcular, documentar e executar a distribuição de proventos, observando critérios de eficiência fiscal e transparência junto aos acionistas. Um caso ilustrativo é o da Ultrapar, holding que controla empresas como Ipiranga, Ultragaz e Oxiteno, e que distribuiu, em 2023, cerca de R$ 1,2 bilhão em dividendos. Esse processo envolveu o aproveitamento da isenção de imposto de renda sobre dividendos, conforme previsto no art. 10 da Lei nº 9.249/95, e o uso de instrumentos como os Juros sobre o Capital Próprio (JCP) para fins de planejamento tributário. As funções contábeis nesse processo incluem o cálculo preciso de dividendos e JCP, elaboração da DCTF (Declaração de Débitos Tributários Federais) e a comunicação formal aos acionistas, com todos os informes pertinentes às distribuições e retenções realizadas.
Por fim, é essencial considerar o papel da contabilidade nas relações com controladas e no controle das transações intragrupo, aspecto que assegura a integridade das demonstrações consolidadas e evita conflitos de interesse no conglomerado. A Vale S.A., enquanto holding do setor de mineração, é um exemplo prático relevante. A contabilidade da empresa supervisiona e padroniza as operações com suas subsidiárias, como Vale Fertilizantes e Vale Energia, garantindo a adoção de preços de transferência compatíveis com a legislação fiscal, a eliminação de duplicidades contábeis nas demonstrações financeiras e o cumprimento das obrigações acessórias, como o SPED Contábil e Fiscal. Entre as funções contábeis nesse âmbito, destacam-se o controle de operações entre empresas do grupo (empréstimos, vendas, serviços), a aplicação rigorosa das normas de preços de transferência para evitar autuações fiscais, bem como a integração dos sistemas contábeis entre holding e controladas, promovendo maior eficiência e confiabilidade na gestão das informações.
Desse modo, verifica-se que a contabilidade nas holdings exerce papel central e multifuncional na organização e controle dos grupos empresariais, sendo indispensável para a governança corporativa, o planejamento estratégico e a conformidade regulatória no ambiente corporativo contemporâneo.
4.2. LEGISLAÇÃO CONTÁBIL E FISCAL APLICÁVEL ÀS HOLDINGS NO BRASIL
As holdings,enquanto estruturas empresariais cuja função primordial é o controle societário e a gestão estratégica de participações em outras empresas, estão sujeitas a um arcabouço jurídico-contábil complexo e específico. A legislação brasileira estabelece obrigações claras tanto no campo societário quanto no contábil e tributário, exigindo conformidade rigorosa com normas legais e técnicas para garantir a fidedignidade das informações e a adequada governança do grupo econômico.
A Lei nº 6.404/1976, conhecida como Lei das Sociedades por Ações (Lei das S/A), é o principal instrumento normativo que regula a atuação das holdings no Brasil. Dentre suas disposições mais relevantes para essas entidades, destacam-se os artigos 243 a 256, que disciplinam as relações entre sociedades controladoras e controladas. Em especial, o art. 249 determina a obrigatoriedade da consolidação das demonstrações financeiras pela controladora, exigindo a apresentação de um conjunto de informações contábeis que reflitam a realidade econômica do grupo como uma entidade única. Ainda, o art. 248 estabelece os critérios de avaliação dos investimentos em controladas com base no método da equivalência patrimonial (MEP), reforçando a necessidade de alinhamento entre os resultados das investidas e os registros contábeis da holding.
No campo fiscal, a Lei nº 9.249/1995 apresenta disposições fundamentais para o planejamento tributário de holdings, especialmente por meio do art. 10, que estabelece a isenção de Imposto de Renda (IR) sobre os lucros distribuídos a título de dividendos. Essa prerrogativa é amplamente utilizada por grupos econômicos para otimizar a carga tributária, facilitando a movimentação de recursos entre empresas vinculadas. A eficácia dessa estratégia pode ser ilustrada pelo caso da Ultrapar, importante holding brasileira do setor de energia, que, conforme divulgado em seu Relatório Anual de 2023, faz uso recorrente dessa isenção legal para realizar distribuições eficientes de lucros entre suas controladas e acionistas, maximizando o retorno sem incorrer em tributações adicionais.
Outro aspecto essencial para a conformidade fiscal das holdings diz respeito às transações com partes relacionadas, regulamentadas pela Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012. Essa norma impõe a obrigatoriedade de documentação e justificativa contábil detalhada para os preços praticados em operações intercompany, assegurando a aplicação do princípio do valor de mercado e prevenindo práticas de evasão fiscal. Tal exigência reforça o papel da contabilidade na manutenção da integridade e transparência das informações financeiras entre entidades do mesmo grupo.
Do ponto de vista técnico-contábil, destaca-se o Pronunciamento Técnico CPC 36 (R1) – Demonstrações Consolidadas, que, em consonância com a NBC TG 36, estabelece as diretrizes para a apresentação das demonstrações financeiras consolidadas. Entre os principais requisitos, estão: a eliminação das transações intragrupo, a uniformização das políticas contábeis entre as entidades consolidadas e o tratamento específico de ágio e goodwill em combinações de negócios. Esses procedimentos são fundamentais para garantir que os usuários das demonstrações financeiras — como investidores, credores e órgãos reguladores — tenham acesso a informações consistentes, comparáveis e transparentes.
Adicionalmente, a aplicação coordenada dessas normas exige que os profissionais da contabilidade dominem não apenas os aspectos técnicos das NBCs e CPCs, mas também compreendam profundamente os efeitos tributários e societários das decisões contábeis tomadas no âmbito da holding. A crescente complexidade das operações interempresariais e a necessidade de conformidade com normas internacionais de contabilidade (IFRS) reforçam esse desafio.
Para melhor visualização e compreensão do arcabouço normativo que rege a contabilidade e a tributação das holdings no Brasil, apresenta-se a seguir um quadro síntese com as principais legislações e normas técnicas aplicáveis. O objetivo é evidenciar os fundamentos legais que estruturam a atuação contábil e fiscal dessas entidades, bem como destacar suas implicações práticas na gestão de grupos empresariais.
Tabela 03: Principais Normas Contábeis e Fiscais Aplicáveis às Holdings no Brasil
	Norma / Legislação
	Descrição
	Aplicação Prática nas Holdings
	Lei nº 6.404/1976 (Lei das S/A)
	Regula as sociedades por ações e estabelece obrigações das controladoras (arts. 243 a 256), incluindo consolidação e avaliação por equivalência patrimonial.
	Consolidação obrigatória das demonstrações financeiras (art. 249); avaliação de investimentos em controladas (art. 248).
	Lei nº 9.249/1995 (art. 10)
	Dispõe sobre a isenção de Imposto de Renda sobre lucros distribuídos como dividendos.
	Permite otimização fiscal na distribuição de lucros entre empresas do grupo, sem incidência de IR.
	IN RFB nº 1.312/2012
	Estabelece regras sobre preços de transferência e documentação de transações entre partes relacionadas.
	Exige documentação contábil detalhada de operações intragrupo; reforça o princípio do valor de mercado.
	CPC 36 (R1) – Demonstrações Consolidadas
	Define critérios para elaboração e apresentação de demonstrações financeiras consolidadas segundo as normas internacionais.
	Eliminação de transações entre empresas do grupo; padronização de políticas contábeis; apuração de goodwill e ajustes de MEP.
	NBC TG 36 – Consolidação
	Versão brasileira das IFRS para demonstrações consolidadas, emitida pelo CFC.
	Complementa o CPC 36 com orientações normativas para contadores no Brasil.
	Exemplo Prático: Grupo Ultrapar
	Empresa brasileira que utiliza estratégias previstas na legislação para consolidar resultados e distribuir dividendos de forma eficiente.
	Utilização da isenção prevista na Lei nº 9.249/95 para otimização tributária em sua estrutura de distribuição de lucros.
Fonte: Elaboração própria com base em CFC (2012), CPC (2011), RFB (2012), e legislação vigente.
Dessa forma, o ordenamento jurídico-contábil aplicável às holdings no Brasil estabelece um conjunto articulado de regras que vão muito além das exigências básicas de escrituração, exigindo uma abordagem estratégica e multidisciplinar da contabilidade. A adequada observância dessas normas não apenas assegura a legalidade e a transparência das operações, mas também confere às holdings instrumentos eficazes para o planejamento tributário, a governança corporativa e a geração de valor sustentável no longo prazo.
4.3 MÉTODOS DE CONSOLIDAÇÃO CONTÁBIL EM HOLDINGS À LUZ DAS NBCS E IFRS
No contexto das holdings empresariais, a consolidação contábil representa uma das práticas fundamentais para a transparência e fidedignidade das informações financeiras do grupo econômico. As normas brasileiras convergentes com os padrões internacionais, especialmente o Pronunciamento Técnico CPC 36 (R1) – que corresponde ao IFRS 10 – Demonstrações Consolidadas, estabelecem os critérios para identificação do controle, a forma de apresentação das demonstrações consolidadas e os métodos contábeis aplicáveis a diferentes tipos de investimentos societários.
O principal método adotado pelas holdings com controle efetivo sobre suas subsidiárias é a consolidação integral, obrigatória para participações superiores a 50% do capital votante. Nesse processo, todos os ativos, passivos, receitas e despesas das empresas controladas são combinados às demonstrações da holding, sendo eliminadas as transações intragrupo, tais como receitas e custos decorrentes de vendas internas ou transferências de ativos. Além disso, realiza-se o reconhecimento do ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill), caso o valor pago na aquisição exceda o valor justo dos ativos líquidos adquiridos. Um exemplo prático dessa aplicação é o da J&F Investimentos, que consolidou aproximadamente R$ 66,5 bilhões em ativos no exercício de 2023, eliminando internamente as operações entre suas controladas, como JBS, Eldorado Brasil e PicPay (Relatório Anual J&F, 2023).
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