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������� ������� Bloco 1 4 Anamnese, Relação Médico-Paciente E Dor 5 Exame Físico Geral 9 Sistema Respiratório 13 Sistema Cardiovascular 21 Semiologia do Abdome 28 Bloco 2 34 Sistema Geniturinário 35 Sistema Nervoso 40 Sistema Osteolocomotor 52 Semiologia do Idoso 59 Referências 65 � ���� �������������������� Taciano Fontes Filho 4 Taciano Fontes Filho A medicina é baseada em três pontos fundamentais: Ética, Relação médico-paciente e raciocínio clínico. Ter um paciente com uma dor e descobrir a causa, as consequências, um diagnóstico preciso, baseado na anamnese e exame físico, e como tratar. A clínica é soberana, não existe clínica sem anamnese; Uma boa anamnese permite diagnosticar cerca de 80% das enfermidades. Cabe ao médico reconhecer o estado de sofrimento do paciente e atuar sobre ele, agindo com continência e de maneira segura, para que seja estabelecida uma relação de confiança. São inerentes ao ato médico: Beneficência: buscar fazer sempre o bem para o paciente; Não maleficência: não fazer nada de mal ao paciente; Justiça: fazer sempre o que é justo ao paciente. Autonomia: que possibilita que o paciente decida sobre o tratamento, aceitando-o ou não, depois do devido esclarecimento. Além desses princípios bioéticos, outros valores se tornam cada vez mais necessários no cotidiano profissional, como o respeito à alteridade (respeitar a diferença no outro) e o sigilo (respeitar o segredo sobre as informações do paciente). O relacionamento médico-paciente se distingue em três níveis ou tipo: Médico ativo/paciente passivo: característica da medicina de urgência e emergência (SAMU, pronto-socorro e UTI); Médico direciona/paciente colabora: Enfermaria/quarto, atendimento ambulatorial (medico autoritário); Médico age/paciente participa ativamente: atendimento ambulatorial e visita domiciliar (aliança terapêutica). Os principais fenômenos psicodinâmicos da relação médico-paciente são: Transferência: diz respeito aos fenômenos afetivos que o paciente passa (transfere) para a relação que estabelece com o médico. Pode ser positiva ou negativa. Cotransferência: diz respeito aos fenômenos afetivos que o médico passa para o paciente. Resistência: é qualquer forma ou mecanismo psicológico inconsciente que comprometa ou atrapalhe a relação médico-paciente. O médico não pode se furtar de compreender e respeitar os aspectos culturais de seu paciente; nem tampouco acreditar que ele nada saiba sobre sua doença. Caso o médico deixe transparecer insegurança, dúvidas e receios, ou se mostre agressivo e autoritário, sua influência toma-se negativa e deletéria. O "médico ideal': portanto, seria aquele que tem uma personalidade amadurecida, conhece e domina os mecanismos psicológicos envolvidos na relação médico-paciente, dispõe de conhecimentos adequados da ciência médica e sabe aplicá-los dentro de uma visão humanística. O atendimento centrado na pessoa é composto em seis componentes: Explorar a doença e a experiência da doença; Através de anamnese, exames físicos e laboratoriais Dimensões da doença para o paciente, (sentimentos, ideias, interferência na vida). Entender a pessoa como um todo; O paciente é alguém contextualizado dentro de uma família, trabalho, comunidade. Elaborar um plano conjunto de manejo dos problemas; Definir as prioridades dos problemas, objetivo de tratamento, definindo os papéis do médico e o paciente. Incorporar prevenção e promoção de saúde, visando a redução dos riscos e a identificação precoce de doenças. Intensificar o relacionamento entre a pessoa atendida e o médico. TACIANO FONTES FILHO SEMIOLOGIA – SEMANA 1, BLOCO 1, P4 – 2021.2 Anamnese, Relação Médico-Paciente e Dor Visão Geral Relação médico-paciente e princípios bioéticos 5 Taciano Fontes Filho Aspectos Gerais A anamnese significa trazer de volta à mente todos os fatos relacionados com a doença e o paciente. Em essência, a anamnese é uma entrevista, e o instrumento de que nos valemos é a palavra falada. A anamnese é um instrumento para a triagem de sintomas anormais, problemas de saúde e preocupações, e registra as maneiras como a pessoa responde a essas situações, abrindo espaço para a promoção da saúde. A anamnese pode ser conduzida das seguintes maneiras: O médico deve deixar que o paciente relate livre e espontaneamente suas queixas sem nenhuma interferência, limitando-se a ouvi-lo. A anamnese dirigida, o médico, tendo em mente um esquema básico, conduz a entrevista mais objetivamente. Outra maneira seria o médico deixar, inicialmente, o paciente relatar de maneira espontânea suas queixas, para depois conduzir a entrevista de modo mais objetivo. Isso significa que uma boa anamnese é o que se retém do relato feito pelo paciente depois de ter passado por uma análise crítica, com o intuito de estabelecer o significado exato das expressões usadas e a coerência das correlações estabelecidas. Para que se faça uma entrevista de boa qualidade, antes de tudo o médico deve estar interessado no que o paciente tem a dizer. Ao mesmo tempo, é necessário demonstrar compreensão e desejo de ser útil àquela pessoa, com a qual assume um compromisso tácito que não tem similar em nenhuma outra relação inter- humana. Semiotécnica da anamnese O médico tem de estar imbuído da vontade de ajudar o paciente a relatar seus padecimentos. Para conseguir tal intento, sugere que o examinador utilize uma ou mais das seguintes técnicas: Apoio: despertam segurança no paciente; Facilitação: através da postura, de ações ou palavras que o encorajem Reflexão: Consiste basicamente na repetição das palavras que o médico considerar as mais significativas durante o relato do paciente. Esclarecimento: procura definir de maneira mais clara o que o paciente está relatando. Confrontação: consiste em mostrar ao paciente algo acerca de suas próprias palavras ou comportamento. Interpretação: observação a partir do que vai notando no relato ou no comportamento do paciente. Respostas empáticas: intervenção do médico mostrando "empatia’’, ou seja, compreensão e aceitação sobre algo relatado pelo paciente. Silêncio: pode ser o mais adequado quando o paciente se emociona ou chora. Elementos componentes da anamnese Identificação: é o perfil sociodemográfico do paciente que permite a interpretação de dados individuais e coletivos: - Nome; - Idade; - Sexo/gênero; - Cor/etnia; - Estado civil; - Profissão; - Local de trabalho; - Naturalidade; - Procedência; - Residência; - Religião - Filiação à órgãos/instituições previdenciárias e planos de saúde; - Nome do responsável, cuidador e/ou acompanhante; - Nome da mãe (sentido de diferenciar pacientes homônimos) Queixa principal: motivo(s) que levou o paciente a procurar o médico, repetindo, se possível, as expressões por ele utilizadas. É aquele que a levou a procurar atendimento médico ou o que mais a incomoda no momento. Geralmente, é uma anotação entre aspas para indicar que se trata das palavras exatas do paciente. Assim, se o paciente disser que seu problema é "pressão alta" ou "menopausa": procurar-se-á esclarecer o sintoma que ficou subentendido sob outra denominação. História da Doença Atual (HDA): é um registro cronológico e detalhado do motivo que levou o paciente a procurar assistência médica, desde o seu início até a data atual. Deixe que o paciente fale sobre sua doença e determine o sintoma-guia, que permite recompor a história da doença atual com mais facilidade e precisão. Esquema para análise de um sintoma: Início Características do sintoma Fatores de melhora ou piora Relação com outras queixas Anamneseestreitada: ocorre nos defeitos valvares, seja por estenose ou insuficiência das valvas, e defeitos congênitos. Passagem do sangue para uma zona dilatada: ocorre em defeitos valvares, aneurismas e rumor venoso. Passagem de sangue para uma membrana de borda livre: ocorre vibrações traduzidas como sopros. 25 Taciano Fontes Filho O sopro pode ter associação de 2 ou mais desses fatores citados. Sopros sistólicos: De ejeção: Ocorre após a 1ª bulha e termina antes da 2ª bulha, durante o período de ejeção ventricular. Causados por estenose da valva aórtica ou pulmonar. De Regurgitação: Aparece junto com a 1ª bulha e termina antes da 2ª bulha ou pode recobri-la também, durante a volta do sangue do ventrículo para o átrio. Ocorre na insuficiência mitral ou tricúspide. Sopros diastólicos: De ejeção: Ocorre no enchimento do ventrículo, após a 2ª bulha. Presente na estenose atrioventricular. De regurgitação: Ocorre quando essas valvas não se fecham completamente, levando ao refluxo de sangue. Presente na insuficiência das valvas aórtica e pulmonar. No sopro de Austin Flint, acontece uma regurgitação aórtica associada à mitral. Localização: nas áreas das auscultas cardíacas. Irradiação: É influenciado pela intensidade, pois quanto mais intenso, maior a área audível o sopro. Também tem influência da direção da corrente sanguínea, condicionando a irradiação do sopro. Por exemplo: na valva aórtica irradia para o pescoço; na valva mitral irradia para a axila. Intensidade: É adotado o sistema de cruzes, de 1 até 4 cruzes. Timbre e tonalidade: Estão relacionadas com a velocidade do fluxo e com o tipo de defeito causador do turbilhonamento sanguíneo. Inspeção e Palpação Procure evidenciar abaulamentos pulsáteis que são indicativos de aneurisma aórtico. Se a dilatação for da aorta ascendente, a dilatação projeta-se à direita do esterno, no nível do 2° e do 3° espaço intercostal. Quando a dilatação é da crossa aórtica, esta pode tornar-se visível e palpável no manúbrio estemal. Nos grandes aneurismas da aorta descendente, é possível encontrar um abaulamento pulsátil no dorso do paciente. Nos pacientes idosos, pode ocorrer alongamento e dilatação da aorta, em decorrência de alterações degenerativas -> Esclerose senil da aorta. Hipertensão arterial, a qual determina uma dilatação dinâmica da aorta -> Aortopatia hipertensiva. Se houver uma diferença maior que 10% entre a PA do braço direito e do esquerdo, pode ser indicativo de uma dissecção de aorta. Ausculta É realizada nas áreas de projeção dos vários segmentos da aorta, cumprindo ressaltar que os sopros originários na aorta descendente são mais audíveis na parte posterior do tórax, à esquerda da coluna vertebral. Pulso Radial Estado da parede arterial: não apresenta tortuosidades e é facilmente depressível. Na arteriosclerose, nota-se uma parede endurecida, irregular e totuosa. Manobra de Osler: faz a palpação da artéria radial após insuflação do manguito acima da pressão sistólica. É positiva quando a artéria permanece palpável, mas sem pulsações. Exame físico da aorta Pulsos 26 Taciano Fontes Filho Esta manobra é frequentemente positiva em idosos, sendo indicativa de HA. Frequência: Em pessoas adultas, considera-se normal a frequência de 60 a 100 bpm. Déficit de pulso: número de batimentos cardíacos é maior que o número das pulsações da artéria radial. Ritmo: Se elas ocorrem em intervalos iguais, diz-se que o ritmo é regular. Se os intervalos são variáveis, ora mais longos, ora mais curtos, trata-se de ritmo irregular. Amplitude ou magnitude: Está relacionada com o grau de enchimento da artéria durante a sístole e o esvaziamento durante a diástole. Sendo avaliada pela sensação captada em cada pulsação. Pulso amplo: insuficiência aórtica. Pulso pequeno: estenose aórtica. Tensão ou dureza: avaliado pela compressão progressiva da artéria. Pulso mole: pequena pressão necessária para interromper o fluxo. Pulso duro: pequena pressão necessária para interromper o fluxo. Tipos de onda: pulsos célere, anacrótico, dicrótico, bisferiens, alternante, filiforme, paradoxal. Comparação com a artéria homóloga: palpa simultaneamente as 2 artérias radiais, comparando a amplitude das pulsações. A sua desigualdade está presente nas oclusões ou constrição da aorta ou dos vasos que emergem dela. Pulsações das artérias carótidas Verifica o estado da parede arterial, amplitude do pulso. A diferença entre as homólogas indica estenose ou oclusão do vaso. Possível a ausculta do sopro aórtico irradiado. Ingurgitamento e pulsações das veias jugulares Veias jugulares permanecem túrgidas mesmo o paciente na posição semissentada ou sentada. Indica uma hipertensão venosa no sistema da veia cava superior. Síndrome clínica caracterizada pelo distúrbio do desempenho miocárdico. A insuficiência cardíaca sistólica é estabelecida por um distúrbio da contratilidade do ventrículo esquerdo (VE), medida por meio da fração de ejeção (FE). Podendo levar à congestão. Sinais e sintomas: dispneia, ortopneia, tonturas, palpitações, síncope, anorexia, tosse, dor abdominal, insônia e depressão do humor. Exame Físico: Estertores pulmonares: edema pulmonar cardiogênico agudo Macicez nas bases pulmonares: derrame pleural. Distensão venosa jugular. Edema, ascite e hepatomegalias. Sopro sistólico de regurgitação mitral. Em casos avançados, existem alterações na perfusão periférica e pulso alternante ou de amplitude baixa. Classificação: Estágio A: pacientes com alto risco de desenvolver insuficiência cardíaca, sem cardiopatia estrutural. Estágio B: pacientes com cardiopatia estrutural que ainda não desenvolveram sintomas de insuficiência cardíaca. Estágio C: pacientes com sintomas passados ou presentes de insuficiência cardíaca associados a cardiopatia estrutural subjacente. Estágio D: pacientes com insuficiência cardíaca em estágio final e que necessitam de tratamento avançado especializado. Insuficiência Cardíaca 27 Taciano Fontes Filho TACIANO FONTES FILHO SEMIOLOGIA – SEMANA 5, BLOCO 1, P4 – 2021.2 Principais achados clínicos (HDA): Dor: pode ter causa gastrointestinais, pépticas, obstrutivas, traumáticas, neoplasias, infeciosas. Anorexia Disfagia: as causas incluem acalasia, espasmo esofágico difuso, tumores, esclerodermia, inflamação na garganta e/ou esôfago, etc. Regurgitação Plenitude pós-prandial Náuseas e vômitos: frequência no dia, volume, presença de alimentos, se tem sangue, fatores desencadeantes, coloração, duração, etc. Hematêmese, melena e hematoquezia: podem indicar lesões no trato gástrico superior (hematêmese e melena) e inferior (hematoquezia), hemorragias, obstruções, infecções, etc. Distensão abdominal Constipação: duração, se é frequente, se sente dor ou inchaço, flatulências, etc. Diarreia: aspecto e cor das fezes, se tem mau cheiro, presença de sangue, volume, quantas vezes vai ao banheiro. Pacientes com pancreatite apresentam dor epigástrica ao se alimentar. Diferente da gastrite, que a dor aumenta em jejum. Pacientes cirróticos, podem ter varizes esofágicas e pancitopenia. Muitas vezes o paciente apresentará três ou quatro desses sintomas e todas as queixas devem ser descritas e detalhadas. Pode ser feita com a posição ortostática e decúbito dorsal. Divisão do abdome: Estática Pele: Coloração, presença de estrias, cicatrizes, manchas hemorrágicas e a distribuição de pelos. As cicatrizes podem indicar cirurgias anteriores: Sinal de Cullen: equimose periumbilical, resultante de hemorragia retroperitoneal. Pode surgir na pancreatite aguda e na ruptura de gravidez ectópica. Sinal de Gray-Turner:equimose dos flancos. Pode ocorrer na pancreatite necro-hemorrágica. Forma e volume do abdome: Variam de acordo com a idade, o sexo e o estado de nutrição do paciente. Podem ser: Atípico ou normal; Globoso ou protuberante: pode ser observado na gravidez avançada, ascite, distensão gasosa, obesidade, pneumoperitônio, obstrução instetinal, grandes tumores policísticos do ovário e hepatoesplenomegalia volumosa. Em ventre de batráquio: observado na ascite em regressão. Pendular ou ptótico: a causa mais comum é a flacidez do abdome no período puerperal e em pessoas emaciadas. Em avental: é encontrado em pessoas com obesidade de grau elevado. Escavado (escafoide ou côncavo): é visto em pessoas muito emagrecidas, geralmente portadoras de doenças consuntivas, principalmente neoplasias. Semiologia do Abdome Anamnese Inspeção 28 Taciano Fontes Filho Cicatriz umbilical: Apresenta forma plana ou levemente retraída na posição central. A sua protrusão pode indicar uma hérnia ou acumulo de líquido. Também é visto na gravidez. Infecções no umbigo (onfalites) é frequente em crianças, e podem ser acompanhadas de secreções serosa ou seropurulenta. Abaulamentos ou retrações localizadas: Nessa situação, o abdome torna-se assimétrico e irregular. As principais causas são: hepatomegalia, esplenomegalia, útero grávido, tumores do ovário e do útero, retenção urinária, tumores renais, tumores pancreáticos, linfomas, aneurisma da aorta abdominal (raro) e megacólon chagásico. Veias superficiais: Geralmente é pouco perceptível. Quando tornam- se visíveis pode caracterizar circulação colateral. Pode acontecer na cava inferior, periumbilical ou tipo porta e cava superior. Dinâmica Movimentos respiratórios: Em indivíduos normais, identifica-se a respiração toracoabdominal. Em processos inflamatórios do peritônio que se acompanha rigidez da parede abdominal e nas afecções dolorosas do andar superior do abdome, podem inverter a forma da respiração, passando a ser puramente torácica. Pulsações: São observadas (e apalpadas) em pessoas magras e quase sempre refletem pulsações da aorta abdominal. Na hipertrofia do ventrículo direito, podem surgir pulsações epigátricas. Movimentos Peristálticos Visíveis: Indicam obstrução em algum segmento do tubo digestivo (pilórica e intestino delgado), sendo importante analisar a sua localização e a direção das ondas peristálticas. Hérnias: Para uma melhor visualização é importante fazer a Manobra de Valsava. É importante que se realize a ausculta do abdome antes de se realizar a percussão e a palpação, pois estas podem estimular o peristaltismo e encobrir uma hipoatividade dos ruídos hidroaéreos. Em condições normais, ocorrem mais ou menos a cada 5 a 10 s ruídos de timbre agudo, de localização variável e de aparecimento imprevisível, decorrentes da movimentação dos líquidos e gases contidos no trato gastrintestinal. Nos casos de diarreia e de oclusão intestinal, os ruídos hidroaéreos tornam-se mais intensos em função do aumento do peristaltismo e são denominados borborigmos. O contrário ocorre no íleo paralítico. Além dos ruídos hidroaéreos, podem ser ouvidos no abdome sopros sistólicos ou sistodiastólicos (contínuos) indicativos de estreitamento do lúmen de um vaso (artéria renal ou aorta abdominal) ou de fístula arteriovenosa. São audíveis também, a partir do quinto mês de gestação, os sons do coração fetal e, às vezes, o sopro placentário. Na percussão (método digito-digital) do abdome, a posição fundamental do paciente é o decúbito dorsal. Em condições normais, obtém-se som maciço ao se percutirem as áreas de projeção do fígado e do baço e útero gravídico. Em ascite, tumores e cistos contendo líquido originam som maciço. Enquanto as vísceras que contêm alguma quantidade de gás – estômago, duodeno, intestino delgado e intestino grosso – produzem som timpânico. Na área de projeção do fundo do estômago (espaço de Traube), intestinal, no vólvulo, no pneumoperitônio, fala-se em hipertimpanismo. Ausculta Percussão 29 Taciano Fontes Filho Menor quantidade de ar ou superposição de uma víscera maciça sobre uma alça intestinal origina o som submaciço. A obtenção de som timpânico no hipocôndrio direito indica pneumoperitônio (sinal de Jobert) ou interposição do cólon entre a parede abdominal e o fígado. Hepatimetria Percute-se o hemitórax direito no nível da linha hemiclavicular direita desde sua origem na clavícula até o 4° ou 5° espaço intercostal, obtendo-se som claro pulmonar. Na altura do 5° ou 6° espaço intercostal, observa- se som maciço. Este ponto corresponde ao limite superior do fígado. Após identificada a borda superior, percute-se da porção da espinha ilíaca anterior direita (som timpânico), seguindo a linha hemiclavicular direita, até o encontro da borda inferior do fígado (som maciço). Diante disso, calcula a distância entre os dois pontos. O tamanho normal fica entre 6 e 12cm (4 a 8 polpas digitais). O não encontro da macicez hepática ocorre nas seguintes eventualidades: acentuada atrofia hepática; interposição de alça intestinal entre o fígado e a parede costal; e pneumoperitônio (sinal de Jobert). A dor à percussão do fígado caracteriza o sinal de Torres-Homem. Hepatimetria central: faz na linha média para analisar uma possível hepatomegalia direita. Pesquisa de Ascite Na ascite de grande volume, além do aspecto globoso do abdome e da cicatriz umbilical, o dado semiótico essencial é obtido por meio da percussão por piparote. O paciente adota o decúbito dorsal e ele próprio ou um auxiliar coloca a borda cubital da mão sobre a linha mediana do abdome. O examinador coloca-se do lado direito do paciente e repousa a mão esquerda no flanco do outro lado. Passa-se então a golpear com o indicador a face lateral do hemiabdome direito. Se houver líquido em quantidade suficiente na cavidade peritoneal, a mão esquerda captará os choques das ondas líquidas desencadeadas pelos piparotes. Na ascite de médio volume, o sinal do piparote pode ser negativo, tornando-se necessário utilizar outra técnica, denominada pesquisa de macicez móvel: A primeira etapa consiste em percutir todo o abdome com o paciente em decúbito dorsal. Este procedimento possibilita a determinação de macicez nos flancos e som timpânico na parte média do abdome, o que levanta a suspeita de haver uma determinada quantidade de líquido na cavidade peritoneal. Em seguida, o paciente adota o outro decúbito lateral, percutindo-se de novo todo o abdome; se, de fato, houver ascite, o resultado desta percussão será o contrário do obtido na etapa anterior da manobra, ou seja, haverá timpanismo no hemiabdome direito e macicez no esquerdo. Na ascite de pequeno volume, o reconhecimento da ascite pode ser difícil e a técnica semiológica consiste em fazer a percussão por piparote na região do baixo ventre estando o paciente na posição de pé e com a bexiga vazia. A ultrassonografia abdominal é o método ideal para o diagnóstico de ascite de pequeno volume. Na pesquisa dos semicírculos de Skoda, percute-se o abdome a partir do epigástrio, radialmente em direção aos limites do abdome. Observa-se uma transição entre o som timpânico para o submaciço, e, posteriormente, para maciço, no sentido craniocaudal. A palpação do abdome faz-se com o paciente em decúbito dorsal, usando-se a técnica da palpação com a mão espalmada. Tem por objetivo: avaliar o estado da parede abdominal; explorar a sensibilidade abdominal; Palpação 30 Taciano Fontes Filho reconhecer as condições anatômicas das vísceras abdominais e detectar alterações de sua consistência. Palpação Superficial A técnica consiste em palpar de leve ou apenas roçar a paredeabdominal com objeto pontiagudo. Compreende o estudo da parede abdominal e das vísceras que podem alcançar a parede. Investigam-se a sensibilidade, a resistência da parede, a continuidade da parede abdominal, as pulsações e o reflexo cutâneoabdominal. Pontos dolorosos: Dor referidas de afecções torácicas e abdominais: Sinal de Blumberg: Dor que ocorre à descompressão brusca da parede abdominal. Pode ser aplicada em qualquer região da parede abdominal, e seu significado é sempre o mesmo, ou seja, peritonite. Palpação Profunda Por meio da palpação profunda investigam-se os órgãos contidos na cavidade abdominal e eventuais “massas palpáveis” ou “tumorações”. Vale ressaltar, que em condições normais não se consegue distinguir bem os órgãos. A palpação do ceco, colón transverso e sigmoide podem ser reconhecidos durante a palpação abdominal. Palpação do Fígado: Técnica de Lemos-Torres Executa-se a palpação junto à reborda costal, coordenando a com os movimentos respiratórios da seguinte maneira: Na inspiração, a mão do examinador, ao mesmo tempo que comprime, é movimentada para cima, buscando detectar a borda hepática. Técnica de Mathieu: Posiciona-se o paciente em decúbito semilateral esquerdo, enquanto o examinador se coloca ao seu lado direito, voltado para os seus pés. A(s) mão(s) do examinador, cujos dedos formam uma leve garra, repousa(m) sobre o hipocôndrio direito. À inspiração, quando o órgão se desloca para baixo, procura-se reconhecer sua borda. Palpação do Baço: Faz-se a Técnica de Mathieu, mas na região do hipocôndrio esquerdo, com o paciente na posição de Schuster. 31 Taciano Fontes Filho Palpação da Vesícula Biliar: Faz-se pelo Sinal de Murphy: Ao se comprimir este local, pede-se ao paciente que inspire profundamente. Neste momento, o diafragma fará o fígado descer, o que faz com que a vesícula biliar alcance a extremidade do dedo que está comprimindo a área. Nos casos de colecistite aguda, tal manobra desperta uma dor inesperada que obriga o paciente a interromper subitamente a inspiração. Regra de Courvoisier: a existência de uma vesícula biliar palpável em paciente ictérico é, portanto, sugestiva de neoplasia pancreática maligna, que, na maioria das vezes, localiza-se na cabeça do pâncreas. Palpação do Apêndice: Realiza o Sinal de Rovsing: Localiza o ponto apendicular deve ser comprimido, fazendo-se uma pressão progressiva, lenta e contínua, procurando-se averiguar se isso provoca sensação dolorosa, quando se suspeita de apendicite aguda. A dor abdominal na apendicite agua, também pode ser desencadeada por: Teste de psoas: dor no quadrante inferior direito que ocorre ao se fazer flexão ativa ou hiperextensão passiva do membro inferior direito. Teste do obturador: dor no quadrante inferior direito ao se fazer flexão passiva da perna sobre a coxa e da coxa sobre a pelve com rotação interna da coxa. Síndrome Ictérica A icterícia é uma síndrome caracterizada pelo aumento da bilirrubina no soro (valores acima de 2 mg/100 mℓ). A bilirrubina pode ser classificada em indireta (não conjugada, lipossolúvel) e direta (conjugada, hidrossolúvel). Pode ser causada em decorrência de hepatites causadas por vírus, por medicamentos, alcoolismo de cirrose hepática, febre amarela e enfermidades genéticas raras, como na Síndrome de Crigler- Najjar e na Síndrome de Gilbert. Anamnese: Histórico (primeiro episódio? É recorrente?) Tem início abrupto (hepatite aguda, coledocolitíase e pancreatite) ou insidioso (hepatopatia crônica ou neoplasia)? Coloração amarelada das conjuntivas, das mucosas, da pele e dos líquidos orgânicos. Alteração da coloração da urina (coliúria?) e das fezes (acolia?) Na icterícia pelo aumento da bilirrubina direta pode causar prurido generalizado. Dor abdominal Dor aguda antes da icterícia: coledocolitíase Dor em mesogástrio com irritação para o dorso + icterícia + perda de peso: tumor de cabeça de pâncreas. Dor surda, leve, mais perceptível à palpação: hepatites virais e medicamentosas agudas, congestão secundária a cardiopatia. Constipação, náusea e vômitos Deficiência proteica: perda de cabelo, unhas quebradiças, má distribuição de pelos e fâneros, edemas. Ascite Exame Físico Analisar e classificar a icterícia: A vesícula palpável (Sinal de Courvoisier) Já o sinal de Murphy é específico de colecistite. Hepatomegalia ou diminuição da Hepatimetria na hepatopatia crônica. -> Lemos-Torres, Mathieu Esplenomegalia: Mathieu Principais Síndromes Abdominais 32 Taciano Fontes Filho Ascite -> Piparote, macicez móvel, Semicírculo de Skoda. Síndrome Edemigênica É causada por um paciente que tem uma insuficiência cardíaca congestiva, insuficiência renal ou insuficiência hepática, que causa edemas que iniciam nos MMII e podem evoluir para anasarca, fazendo com que o paciente comece a ter sinais de congestão que causa ascite. Inspeção: Palidez cutânea Edema palpebral e membros Sinais de má perfusão e turgência jugular. Abaulamento global ou nos flancos (abdome em batráquio) Protusão da cicatriz umbilical Palpação: Cacifo Tensão aumentada em função do volume Piparote Positivo Técnica do Rechaço: o excesso de líquido faz com que os órgãos abdominais fiquem flutuando. Ao fazer uma compressão na palpação, os órgãos descem, voltam e tocam na superfície, sendo sentido pelo examinador. Percussão: Grande volume: macicez Volume moderado: macicez de declive ou de decúbito. Ausculta: Incaracterística, porque não causa alteração do peristaltismo; Às vezes pode ter alterações por compressões extrínsecas – muito líquido começa a comprimir o intestino e esse paciente começa a não ter o movimento peristáltico funcionando adequadamente. Síndrome de Irritação Peritoneal O paciente possui algo que está irritando o peritônio, fazendo com que ele ande encurvado devido à intensidade da dor. Inspeção: Fáceis de dor ou apreensão, associada à flexão do tronco. Respiração torácica rápida Palpação Aumento da tensão superficial Contratura muscular Compressão e descompressão dolorosas (Sinal de Blumberg positivo). Percussão: Dor com impedimento do ato Ausculta: Diminuição dos movimentos para não piorar a dor. Síndrome Obstrutiva Algo está impedindo o trânsito intestinal do paciente e pode ser por fecaloma, por doença inflamatória intestinal, por neoplasia, por volvo (torção no intestino). Paciente com doença de Chagas pode ter obstrução intestinal decorrente do megacólon, que pode causar volvo. Por não ter como eliminar as fezes pelo reto, pode ocorrer vômitos com resíduos gástricos e vômitos fecaloides. Inspeção: Fácies de dor Sinais de desidratação Abaulamento localizado ou global Ondas peristálticas visíveis Palpação: Tensão aumentada. Nenhuma evidência de aumento visceral. Pode encontrar o sinal de Gersuny (sinal de fecaloma), o qual encontra uma massa palpável na fossa ilíaca esquerda. Percussão: Hipertimpanismo em alguns casos, pelo excesso de gases. Ausculta: Peristaltismo de luta com posterior diminuição dos movimentos. Síndrome de aumento de órgão Inspeção: Aspecto normal ou de doença consumptiva (causa neoplásica); Emagrecimento Anemia Febre Sangramentos Lesões Cutâneas Abaulamento localizado ou generalizado Palpação: Aumento de tensão só na localização da massa ou em todo abdome. Percussão: Macicez no local do processo expansivo (órgão aumentado). Ausculta: Incaracterística, a não ser que cause uma síndrome obstrutiva associada. OBS: OS RINS FORAM RELATADOS NO RESUMO DE SEMIOLOGIA DO SISTEMA GENITURINÁRIO. 33 Taciano Fontes Filho 34Taciano Fontes Filho Cumpre ressaltar, de início, que uma parte dos pacientes com lesão renal apresenta queixas que não guardam relação direta com os rins ou com o trato urinário. Surgem, então, as mais variadas manifestações, incluindo astenia, náuseas, vômitos, anorexia, anemia e irritabilidade neuromuscular. Alterações da micção e do volume urinário Em condições normais de saúde e em clima ameno, uma pessoa adulta normal elimina de 700 a 2.000 ml de urina por dia. A capacidade da bexiga normal é de 400 a 600 ml e o indivíduo tende a esvaziá-la quando a quantidade de urina chega a 200 ml. Oligúria: excreção de um volume de urina inferior (36 Taciano Fontes Filho As principais causas são pielonefrite, cistite e prostatite. Nas infecções crônicas, a temperatura está discretamente aumentada ou com elevações intermitentes, às vezes acompanhadas de calafrios. O adenocarcinoma renal costuma acompanhar-se de febre. Exame dos rins O exame físico do sistema urinário deve começar pela inspeção do abdome, dos flancos e das costas, com o paciente sentado. Em seguida, deve-se fazer a palpação e a compressão dos ângulos costovertebrais. A palpação dos rins é feita com o paciente em decúbito dorsal da seguinte maneira: enquanto uma das mãos procura explorar os quadrantes superiores do abdome, a outra mão, espalmada, "empurra'' o flanco correspondente de baixo para cima, na tentativa de trazer o rim para uma posição mais anterior (palpação bimanual). Em pessoas magras, o polo inferior do rim direito (normal) pode ser palpado na inspiração, o que, geralmente, não acontece com o rim esquerdo. Rins facilmente palpáveis denotam, em geral, aumento de volume (hidronefrose, neoplasia ou cistos) ou pelo fato de serem anormalmente móveis (ptose renal), ou, ainda, por estarem deslocados por neoplasias retroperitoneais. Em geral, o aumento de ambos os rins decorre de doença policística ou de hidronefrose bilateral. OBS: a palpação do rim esquerdo se faz no lado esquerdo do paciente! Posteriormente, efetua-se a percussão com a face interna da mão fechada, chamada "punho- percussão". O aparecimento de dor à percussão (Sinal de Giordano positivo) sugere infecção renal, mas pode ser de origem musculoesquelética. Por fim, deve ser realizada ausculta abdominal, que será útil na verificação de sopros abdominais como ocorre na estenose de artérias renais. Exame dos ureteres Pela palpação profunda da parede abdominal anterior, é possível determinar dois pontos dolorosos quando existe infecção ou obstrução dos ureteres. Exame da Bexiga A bexiga vazia não é palpável, porém pode haver hipersensibilidade na área suprapúbica ao se fazer a palpação. Se houver retenção urinária, observam-se reação dolorosa intensa e ocorrência de um abaulamento no hipogástrio. À palpação, observa-se massa lisa e firme na linha média (globo vesical) Exame da próstata As características semiológicas a analisar são o tamanho, a consistência, a superfície, os contornos, o sulco mediano e a mobilidade da próstata. A próstata normal é palpável na parede anterior do reto como uma estrutura em formato de coração (pirâmide invertida, maçã, pera), com a base voltada para cima e o vértice para baixo. Seus lobos laterais são separados por um sulco mediano (encaixe, septo vertical ou sulco interlobular). Em condições normais, a próstata tem o tamanho de uma castanha grande, é regular, simétrica, depressível, apresenta superfície lisa, consistência elástica, lembrando borracha, contornos precisos e é discretamente móvel. O toque retal é indicado a partir dos 45 anos para homens cujo pai, avô ou irmão tiveram câncer de próstata antes dos 60 anos. Exame Físico 37 Taciano Fontes Filho 90% dos pacientes portadores do câncer de próstata têm mais de 55 anos, além de ser mais observado em pacientes obesos. Cistite e Uretrite Infecção urinária restrita à bexiga e/ou uretra, caracterizada por polaciúria, disúria, urgência e piúria. A cistite provoca desconforto e sensação dolorosa na região suprapúbica. Pielonefrite Caracteriza-se pela invasão bacteriana aguda do rim e da pelve renal e costuma ser unilateral. O aparecimento da infecção pode estar associado à ocorrência de algum tipo de obstrução do trato urinário, como hipertrofia prostática em homens, e obstrução ureteral pelo útero gravídico em mulheres. Cálculos, neoplasias e malformações anatômicas também predispõem a infecção Sintomas: febre, calafrios, dor nos flancos, urgência miccional, polaciúria e ardência (no final da urina). Uma pielonefrite aguda ou uma cistite pode evoluir para a forma crônica, em que o paciente apresentará sintomas semelhantes, mas com predisposição a ter redução do tecido renal funcionante devido à formação de fibrose. Consiste na associação das seguintes manifestações: proteinúria, hipoalbuminemia e edema, por alterações da permeabilidade da membrana basal glomerular e redução da pressão oncótica, seja por uma doença renal ou sistêmica. Pode acompanhar-se de hiperlipidemia, hipercolesterolemia e além de estado de hipercoagulabilidade (sendo trombose venosa a manifestação mais comum). Quando provoca uma parada cardíaca, é devido a um derrame pericárdico. É tratada com corticoides, imunossupressores. Decorre de processo inflamatório do capilar glomerular. Do ponto de vista clínico, caracteriza-se por disfunção renal de início abrupto, por graus variáveis de hematúria, cilindros hemáticos, edema, hipertensão arterial, oligúria e proteinúria subnefrótica. As causas incluem infecções bacterianas (estreptococcias, endocardite), deposição de imunocomplexos (lúpus eritematoso disseminado e nefropatia por IgA) e anticorpos circulantes que lesam a membrana basal glomerular (síndrome de Goodpasture). Glomerulonefrite aguda: Caracteriza-se pelo aparecimento súbito de urina escura, hipertensão arterial, edema (especialmente periorbitário pela manhã) e azotemia. Glomerulonefrite rapidamente progressiva (GNRP): É uma síndrome clínica caracterizada por perda rápida da função renal (dias a semanas), geralmente acompanhada de oligúria ou anúria e alterações urinárias características de glomerulonefrite (hematúria, cilindros hemáticos e proteinúria). Glomerulonefrite Crônica: Manifesta-se de modo insidioso, o paciente não se queixa, e a doença é descoberta em exames de rotina em pacientes com hipertensão arterial ou que relatam apenas edema discreto. Apresentam-se com elevação nos níveis séricos de ureia e creatinina, alterações do sedimento urinário com proteinúria e/ou hematúria. É a via final comum de todas as glomerulopatias que evoluem para cronicidade e insuficiência renal terminal. Quando provoca uma parada cardíaca, acontece por causa de uma congestão cardíaca. É tratada com diuréticos. Caracterizada pelo rápido declínio da taxa de filtração glomerular (FG), resultando em acúmulo no sangue de produtos do metabolismo nitrogenado, como a ureia e a creatinina, e incapacidade de manter o equilíbrio hidreletrolítico e acidobásico, acompanhada ou não de redução da diurese. Dentre as causas, destacam-se os distúrbios que levam à redução da perfusão renal, à utilização de substâncias nefrotóxicas ou à participação associada destes e de outros fatores que lesam os rins. Quanto à etiologia, LRA pode ser classificada em 3 categorias: pré-renal, renal e pós-renal. Síndromes Infeciosas Síndrome Nefrótica Síndrome Nefrítica Insuficiência Renal Aguda Doença Renal Crônica 38 Taciano Fontes Filho É definida como: Lesão do parênquima renal, com ou sem diminuição da filtração glomerular (FG), evidenciada por anormalidades histopatológicas ou por marcadores de lesão renal, incluindo anormalidades na composição do sangue ou da urina, alterações nos exames de imagem; FG menor que 60 ml/min com ou sem lesão renal, por um período igual ou superior a 3 meses. A perda progressiva da função renal ocasiona o aparecimento de um conjunto de sinais e sintomas decorrentes do acúmulo de toxinas urêmicas que recebem a denominação de uremia, caracterizando-a como uma síndrome urêmica: Xerose: impregnação de ureia. Pele enegrecida, enrugada. Prurido Anemia Diarreia, vômitos Ritmo respiratório anômalo (Respiração de Kussmaul, Cheyne-Stokes). Fáceis renal (edema periorbital) Hálito urêmico (acido) Formação de concreções calculosas nos rinse vias urinárias. Em cerca de 70 a 80% dos casos, são formadas por sais de cálcio (oxalato, fosfato), e os restantes 10%, por ácido úrico, cistina e estruvita. Caso os cálculos sejam maior do que 5mm, é necessário fazer Litotripsia Extracorpórea por Ondas de Choque (LECO). Litíase renal: caracterizada por dor localizada na região lombar ou no flanco somente ocorre se houver obstrução da junção ureteropélvica ou de um cálice renal; hematúria microscópica costuma ocorrer. Pode apresentar proteinúria discreta. Litíase Vesical: as manifestações clínicas principais são disúria, urgência e interrupção brusca do jato urinário quando o cálculo obstrui a uretra; são recorrentes manifestações de cistite, obstrução e estase urinária crônicas. A partir dos 40 anos de idade, o epitélio prostático periuretral inicia um crescimento lento e gradativo. A maioria dos homens, em tomo dos 60 anos de idade, apresenta evidências palpáveis de hiperplasia benigna da próstata; todavia, nem todos apresentam manifestações obstrutivas. Sintomas irritativos (fase de compensação): polaciúria, nictúria, urgência urinária, incontinência ou urgência ocasional. Nas fases mais avançadas, aparecem sinais e sintomas indicativos de complicações por obstrução urinária ou pelo esforço para urinar, destacando-se hérnia inguinal, hemorroidas, anemia e insuficiência renal. OBS: na HPB há o aumento da parte externa da próstata (de fora para dentro), enquanto que no Câncer de Próstata, há o aumento de dentro para fora, causando, inicialmente, sintomas obstrutivos. Litíase Hiperplasia Benigna da Próstata 39 Taciano Fontes Filho Modo de instalação da doença Para isso, também é importante saber a data do início da doença e a evolução cronológica dos sintomas, bem como o estado atual do enfermo. Quando o sistema nervoso é comprometido agudamente, costuma-se afirmar que, se não foi por traumatismo, terá sido por distúrbio vascular. Ao contrário, uma enfermidade de instalação lenta levanta a suspeita de processo degenerativo ou neoplásico. Antecedentes Antecedentes familiares: especial ênfase deve ser dada às doenças musculares e heredodegenerativas do sistema nervoso, ocorridas em pessoas da família. Antecedentes pessoais: Condições pré-natais: Anota-se a ocorrência de traumatismo, toxemia gravídica, infecções, uso de medicamentos teratogênicos, tentativas de abortamento, movimentos fetais. Condições do nascimento: É preciso esclarecer se o parto foi normal e a termo; se cesáreo, qual o motivo; se houve demora no trabalho do parto; se o fórceps foi usado; se existiu circular de cordão; se houve necessidade de manobra de reanimação ou de incubadora; o peso e a estatura do recém-nascido; se ocorreu icterícia, cianose ou palidez; se chorou ou não logo ao nascer. Condições do desenvolvimento psicomotor: Apura-se como ocorreu o aleitamento; em que época firmou a cabeça (normal até os 4 meses), sentou (normal até os 7 meses), andou e falou (normal até os 16 meses). Vacinações: Cumpre indagar sobre a vacinação anti poliomielite, antissarampo e outras. Doenças anteriores: Viroses comuns da infância, meningite, traumatismo cranioencefálico, teníase, tuberculose, doenças venéreas, tripanossomíase, alcoolismo, carência alimentar, intoxicações acidentais ou profissionais, doenças iatrogênicas, intervenções cirúrgicas, convulsões, diabetes melito, hipertensão arterial, cardiopatias, alergia. Hábitos de vida: alimentação, moradia, uso de bebidas alcoólicas e drogas ilícitas. Distúrbios da consciência Entre o estado de vigília ou plena consciência e o estado comatoso, existem diversas fases intermediárias: Obnubilação; Sonolência; Confusão mental ou delirium; Estupor ou topor; A consciência pode ser perdida de modo agudo e breve, como nas síncopes, convulsões, na concussão cerebral por traumatismo de crânio leve. Para fazer a avaliação da consciência, utiliza-se a escala de coma de Glasgow (EG): Cefaleia Pode ser motivada por causas diversas e apresentar-se sob diferentes tipos, de intensidade variável: Cefaleia vascular: Enxaqueca: geralmente hemicraniana (frontotemporal), de intensidade crescente, às vezes precedida por alterações visuais transitórias (escotomas cintilantes, hemianopsias, escurecimento visual), fotofobias, náuseas e vômitos, ou por parestesias fugazes. TACIANO FONTES FILHO SEMIOLOGIA – SEMANA 2, BLOCO 2, P4 – 2021.2 Sistema Nervoso Anamnese Sinais e Sintomas 40 Taciano Fontes Filho Cefaleia em salvas: episódios de dor muito intensa, de caráter pulsátil ou não pulsátil, na região frontotempororbitária, com períodos de acalmia. Cefaleia da hipertensão intracraniana: Os sintomas associados mais comuns são náuseas e vômitos, diplopia, diminuição da acuidade visual, convulsões, alterações psíquicas que variam desde a apatia e indiferença até a excitação e agressividade. Cefaleia tensional: A dor é descrita como constritiva, em aperto, às vezes como um peso na cabeça. Dor na face Podem ocorrer diversos tipos de dor facial, mas é importante chamar atenção, embora pouco frequente, da neuralgia essencial do trigêmeo. Trata-se de e uma dor extremamente intensa, evidenciada por meio de agulhada (como se fosse choque ou faísca) no território de um dos três ramos periféricos do V nervo craniano. Esse fato obriga o paciente a não sorrir, conversar ou mastigar, sempre com o intuito de não mover os lábios. Tontura e Vertigem Tontura é uma sensação de desequilíbrio corporal, uma instabilidade que pode ser do tipo rotatória ou não. As vertigens são as tonturas do tipo rotatório caracterizadas pela ilusão de que o ambiente está se movendo ao seu redor. Movimentos Involuntários Convulsões: as etiologias eventualmente detectadas e a elas relacionadas (neoplasias cerebrais, neurocisticercose, sequelas de traumatismos cranioencefálicos, sequelas de acidentes vasculares cerebrais etc.), os estados hipoglicêmicos, as intoxicações exógenas, as meningites, a síndrome de Stokes-Adams ou mesmo os episódios febris em crianças. Crises epilépticas generalizadas: ocorrem quando as descargas afetam a maior parte do córtex cerebral. Tônicas: se caracterizam por serem sustentadas e imobilizarem as articulações. Clônicas: são rítmicas, alternando-se contrações e relaxamentos musculares em ritmo mais ou menos rápido. Tônico-clônicas Crises epilépticas parciais ou focais: ocorrem devido a descargas bioelétricas em locais restritos do encéfalo. Parciais simples: não existe alteração de nível de consciência e de contato com o ambiente. Parciais complexas: as descargas ocorrem em áreas nas quais existe alteração do estado de consciência. Tetania: É uma forma particular de movimento involuntário e caracteriza-se por crises exclusivamente tônicas, quase sempre localizadas nas mãos e nos pés, por isso denominadas espasmos carpopodais. Para avaliar um espasmo carpal, chamado de sinal de Trousseau, infla-se o manguito do esfigmomanômetro em um valor médio entre a PAS e PAD por 3 a 10 minutos. A tetania ocorre nas hipocalcemias (hipoparatireoidismo, por exemplo) e na alcalose respiratória por hiperventilação. Fasciculações: São contrações breves, arrítmicas e limitadas a um feixe muscular. Acontecem em virtude da perda da inervação muscular, ocorrendo nas neuropatias periféricas e, principalmente, em doenças do corno anterior da medula. Amnésia Bastante característica é a amnésia pós- traumática, em que pode ser parcial ou total. Distúrbios Visuais A ambliopia redução da acuidade visual e a amaurose é a perda total da visão. Estão habitualmente na dependência de lesões da retina, da papila ou do nervo óptico. Podem também ocorrer por descolamento da retina, hemorragia e glaucoma. Hemianopsia: perda da visão da metade do campo visual, podendo ser homônima ou heterônima. O defeito é por lesão do quiasma óptico (neoplasia da região selar, aracnoidite), Diplopia: é um sintoma bastante incômodo, no qual a pessoa vê em dobro as imagens. Ocorre nos casos de estrabismo convergente e divergente, uni ou bilateral, refletindo paresia ou paralisia de um ou mais músculos ligados aos movimentos dos olhos (III, IV e VI). Distúrbios auditivos Hipoacusia ou acusia são perturbações auditivo- deficitárias, respectivamente parcial e total, podendo situar-se em um ou em ambos os lados. Estão relacionadas com as várias partes do aparelho auditivo: cerume, corpo estranho e atresia da orelha externa; otite, otosclerose e colesteatoma na orelha média; defeitos neurossensoriais (congênitos, presbiacusia, 41 Taciano Fontes Filho neoplasia do ângulo pontocerebelar, síndrome de Méniere, traumatismo, labirintite, medicamentos) referentes à orelha interna. O zumbido ou tinido, uni ou bilateral, constante ou não, deve ser encarado como um processo de estimulação anormal do ramo coclear do VIII nervo craniano. Náuseas e vômitos Ambas as manifestações são frequentes em distúrbios do aparelho digestivo, nas labirintopatias e na enxaqueca, mas podem ser encontradas em doenças neurológicas, agudas ou crônicas, que aumentam a pressão intracraniana. Disfalgia As principais alterações localizam-se nos nervos cranianos bulbares, isolados ou não, surgindo, então, paralisia da língua (XII) e do palato faríngeo (IX e X). Dores radiculares As dores radiculares mais frequentes são as cervicobraquialgias, as nevralgias intercostais e as lombocitalgias. Bexiga neurogênica As causas mais frequentes de bexiga neurogênica são a polirradiculoneurite, para as que envolvem as raízes sensorial e motora; poliomielite, neoplasia, traumatismo raquimedular, para as lesões do centro sacral; traumatismo raquimedular, infecções, neoplasia e angioma, para o comprometimento das vias suprassegmentares (ascendente e descendente), acima do centro reflexógeno, em nível medular. Distúrbio do sono Constitui-se em um estado peculiar de consciência, diverso do coma e da anestesia, por ser fisiológico e periódico, isto é, espontaneamente reversível e recorrente. Distúrbios da comunicação Disfonia: Consiste principalmente na alteração do timbre da voz, que se torna rouca ou bitonal, e depende da disfunção das cordas vocais por lesão do nervo acessório (XI par). Disartria: Caracteriza-se por alteração da articulação da palavra falada ou fala. Sobressaem: paralisia pseudobulbar (misto de anasalada e explosiva), parkinsonismo (arrastada, lenta), síndrome cerebelar (escandida, explosiva). Quanto à disartria por problemas periféricos, menciona-se a lesão dos nervos cranianos VII, IX, X e XII (voz fanhosa). Dislalia: A fisiológica observa-se na criança até 4 anos de idade e consiste na troca de sílabas ou letras; a que é acompanhada de retardo psicomotor, prolongando-se, em geral, até os 10 anos de idade; a secundária a lesões do palato, língua, dentes, lábios e mandíbula. Disritmolalia: Trata-se da perturbação do ritmo da fala, destacando-se: taquilalia e gagueira. Dislexia: condição de natureza genética, consiste na dificuldade de capacitar-se para a leitura convencionalmente ensinada. Disgrafia: Existem a disgrafia espacial ou de evolução, na qual não se observam distúrbios neurológicos, e a disgrafia secundária a problemas orgânicos, como o parkinsonismo (micrografia) e a cerebelopatia (macrografia). Afasias: Motora ou verbal (Afasia de Broca): há dificuldade de variável intensidade para expressar-se pela fala ou escrita e, habitualmente, associa-se a hemiparesia ou hemiplegia direita, por lesão do opérculo frontal e da área motora adjacente do hemisfério esquerdo. Receptiva ou sensorial (Afasia de Wernicke): paciente apresenta de leve a extrema dificuldade para a compreensão da fala e da escrita desacompanhada de outro déficit motor, por comprometimento do giro superior e posterior do lobo temporal esquerdo. Global: Decorrente de lesão das duas regiões anteriormente mencionadas. Afasia de Condução: Trata-se de um tipo de afasia em que a maior dificuldade é a repetição de palavras. Embora consiga ler e falar razoavelmente, o paciente não é capaz de repetir frases que lhe são ditas. Amnéstica: O paciente apresenta incapacidade para designar ou nomear os vocábulos ou o nome de objetos, conservando, contudo, sua finalidade. Decorre de lesão de pequena área na junção dos lobos parietal, temporal e occipital esquerdos. Transcortical: Na sensorial existe transtorno importante da compreensão, com uma expressão verbal fluente, muitas vezes em forma de jargão semântico. A repetição, porém, está preservada. Na motora, existe importante alteração da expressão verbal, com compreensão conservada e boa capacidade de repetição. 42 Taciano Fontes Filho Distúrbios das gnosias As agnosias mais importantes são para o reconhecimento dos sons (agnosia auditiva), da visão de objetos (cegueira cortical ou psíquica), dos objetos colocados em sua mão ao ser suprimida a visão (estereoagnosia), do próprio corpo em relação ao espaço (somatoagnosia), da fisionomia alheia (prosopoagnosia) ou de sua própria (autoprosopoagnosia). Distúrbios das praxias Apraxia construtiva: Corresponde à perda dos gestos normalmente organizados, tais como: desenhar, modelar ou copiar modelos. Apraxia ideomotora: Reflete a dificuldade ou a incapacidade para a execução de gestos simples, permanecendo inalteradas a atividade automática e a ideia do ato a ser realizado. Apraxia ideatória: Ocorre quando diferentes gestos simples, realizados isoladamente, ao serem constituídos em um ato mais complexo, perdem ou reduzem a sua sequência lógica e harmoniosa. Apraxia do vestir; Apraxia da marcha; Apraxia bucolinguofacial; De modo geral, admite-se que a topografia lesional das apraxias situa-se nos lobos frontal e parietal do hemisfério dominante, mas outras regiões, tais como o corpo caloso, lobos temporais do mesmo lado ou do lado não dominante, também podem produzir alguns tipos de apraxia. Pescoço e coluna cervical Carótidas: Procede-se à palpação e à ausculta de ambas as carótidas em separado, comparando-se a amplitude e averiguando se existe frêmito e/ou sopro. Região supraclavicular: faz a ausculta, pois é nesse ponto que a artéria vertebral tem origem da subclávia. Limite dos movimentos: Pede-se ao paciente que execute movimentos de extensão, flexão, rotação e lateralização da cabeça. Eventual dificuldade ou limitação talvez esteja na dependência de doenças osteoarticulares, musculares, meningites, radiculopatias e hemorragia subaracnóidea. Rigidez da nuca: Caso o movimento tenha uma resistência, é encontrada na meningite e na hemorragia subaracnóidea. Prova de Brudzinski: acontece na meningite, em que a reflexão passiva do pescoço estica as raízes nervosas pelas meninges inflamadas, causando dor e movimento involuntário dos membros inferiores. Coluna Lombossacra Limitação dos movimentos: solicita-se ao paciente executar movimentos de flexão, extensão, rotação e lateralização da coluna e observa-se a eventual existência de limitação na amplitude dos movimentos e em que grau. As causas são as mesmas citadas para a coluna cervical. Provas de estiramento da raiz nervosa: são utilizadas para o diagnóstico de meningite, hemorragia subaracnóidea e radiculopatia ciática. Prova de Lasègue: É positiva quando o paciente reclama de dor na face posterior do membro examinado, logo no início da prova (cerca de 30° de elevação). Pode indicar também hérnia de disco. Prova de Kernig: Considera-se a prova positiva quando o paciente sente dor ao longodo trajeto do nervo ciático e tenta impedir o movimento. Exame Físico 43 Taciano Fontes Filho Marchas ou equilíbrio dinâmico Ceifante, helicópode ou hemiplégica: Aparece nos pacientes que apresentam hemiplegia, cuja causa mais comum é acidente vascular cerebral. Anserina ou do pato: É encontrada em doenças musculares e traduz diminuição da força dos músculos pélvicos e das coxas. Parkinsoniana; Cerebelar ou de ébrio: acontece em decorrência de lesões do cerebelo. Escarvante: Quando o doente tem paralisia do movimento de flexão dorsal do pé. Espástica ou em terousa: é frequente nas manifestações espásticas da paralisia cerebral. Claudicante: Ocorre na insuficiência arterial periférica e em lesões do aparelho locomotor. De Pequenos passos: Aparece na paralisia pseudobulbar e na atrofia cortical da senilidade. Tablética: Aparece na tabes dorsalis (neurolues), na mielose funicular, mielopatia vacuolar (ligada ao vírus HIV), mielopatia por deficiência de cobre após cirurgias bariátricas, nas compressões posteriores da medula (mielopatia cervical). Equilíbrio Dinâmico Prova de Romberg: é positiva nas em alterações neurológicas, principalmente cerebelar, tendendo a cair para frente e nas labirintopatias, em que costumam tender cair para os lados. Para sensibilizar esse teste, pede para o paciente fechar os olhos, e colocar um pé na frente do outro. Motricidade Voluntária Motricidade espontânea: Solicita-se ao paciente executar uma série de movimentos, tais como: abrir e fechar a mão, estender e fletir o antebraço, abduzir e elevar o braço, fletir a coxa, fletir e estender a perna e o pé. Durante a execução desses movimentos, é importante observar se eles são realizados em toda a sua amplitude. Nas síndromes piramidais, existe diminuição da velocidade dos movimentos. Nas extrapiramidais, como a parkinsoniana, há também diminuição da velocidade dos movimentos (roda denteada); Força muscular: paciente procura fazer os mesmos movimentos mencionados no exame da motricidade espontânea, só que, desta vez, com oposição aplicada pelo examinador. O grau da força é definido da seguinte forma: Grau V: força normal Grau IV: movimento completo contra a força da gravidade e contra certa resistência aplicada pelo examinador. Grau III: movimento contra a força da gravidade. Grau II: movimento completo sem a força da gravidade. Grau I: discreta contração muscular. Grau 0: nenhum movimento. Tônus Muscular O exame do tônus é realizado com o paciente deitado e em completo relaxamento muscular, obedecendo-se à seguinte técnica: Inspeção: Verifica-se a existência ou não de achatamento das massas musculares de encontro ao plano do leito. Palpação das massas musculares: Averigua-se o grau de consistência muscular, a qual se mostra aumentada nas lesões motoras centrais e diminuída nas periféricas. Movimentos passivos: Imprimem-se movimentos naturais de flexão e extensão nos membros e observam-se: Passividade com resistência (tônus aumentado) ou aquém do normal (tônus diminuído). Extensibilidade aumentado ou não. Fala-se que o tônus tá diminuído quando o calcanhar toca o glúteo, na flexão da perna sobre a coxa. Balanço passivo: o examinador segura e balança o antebraço ou a perna e observa se o movimento da mão ou do pé é de forma normal, exagerado (hipotonia) ou diminuída (hipertonia). Na hipotonia, observam-se achatamento das massas musculares no plano do leito, consistência muscular diminuída, passividade aumentada, extensibilidade aumentada. É encontrada nas lesões do cerebelo, no coma profundo, no estado de choque do SNC, nas lesões das vias da sensibilidade proprioceptiva consciente, das pontas anteriores da medula, dos nervos, na coreia aguda e em algumas encefalopatias (mongolismo). 44 Taciano Fontes Filho Na hipertonia encontram-se consistência muscular aumentada, passividade diminuída e extensibilidade aumentada. Está presente nas lesões das vias motoras piramidal e extrapiramidal. Coordenação Coordenação adequada traduz o bom funcionamento de, pelo menos, 2 setores do sistema nervoso: o cerebelo (centro coordenador) e a sensibilidade proprioceptiva. A perda de coordenação é denominada ataxia, a qual pode ser de três tipos: cerebelar, sensorial e mista. Para isso, faz-se os seguintes testes (que devem ser feitos com olhos abertos e fechados): Prova dedo-nariz: Prova calcanhar-joelho: Prova de movimentos alternados: tais como: abrir e fechar a mão, movimento de supinação e pronação, extensão e flexão dos pés. Tais movimentos denominam-se diadococinesia, e a capacidade de realizá-los é chamada eudiadococinesia. Sua dificuldade é designada disdiadococinesia e a incapacidade de realizá-los recebe o nome de adiadococinesia. Reflexos exteroceptivos ou superficiais: Cutâneo-Plantar: a resposta normal é representada pela flexão dos dedos. Quando acontece a extensão dos dedos, constitui o sinal de Babinski, que indica lesão da via piramidal ou corticoespinal, e é normal em recém-nascidos. Cutâneo-abdominais: A resposta normal é a contração dos músculos abdominais. Podem estar abolidos na lesão da via piramidal e, às vezes, mesmo na ausência de alterações do sistema nervoso (obesidade, pessoas idosas, multíparas). Reflexos proprioceptivos, profundos, musculares ou miotáticos Os reflexos miotáticos fásicos podem estar: normais, abolidos, diminuídos, vivos ou exaltados. Suas alterações podem ser simétricas ou não. Devem ser classificados da seguinte maneira: Arreflexia: 0 Hiporreflexia: - Normorreflexia: + Reflexo vivo: ++ Hiper-reflexia: +++ A arreflexia ou hiporreflexia são encontradas comumente nas lesões que interrompem o arco reflexo (poliomielite, polineuropatia periférica, miopatia), e a hiper-reflexia nas lesões da via piramidal (acidente vascular cerebral, neoplasia, doença desmielinizante, traumatismo). Os reflexos testados são: Triciptal: Biciptal: Pronador: Supinador: 45 Taciano Fontes Filho Flexor dos dedos: Patelar: Aquileu: Reflexo de Automatismo ou de defesa Representa reação normal de retirada do membro a um estímulo nociceptivo, habitualmente aplicado no pé. Em condições normais, o membro estimulado permanece na mesma posição ou apresenta discreta retirada, caso o estímulo seja muito forte. A resposta anormal é uma resposta exagerada, representada pela flexão do pé sobre a perna, desta sobre a coxa e da coxa sobre a bacia. É encontrada na lesão piramidal, especialmente de nível medular. Sensibilidade Superficial Tátil: Dolorosa: Térmica: Sensibilidade Profunda Vibratória (palestesia): Cinético-postural (batiestesia): Pressão (barestesia): é verificada mediante compressão digital ou manual em qualquer parte do corpo, especialmente de massas musculares. Dolorosa profunda: é avaliada mediante compressão moderada de massas musculares e tendões, o que, normalmente, não desperta dor. Se o paciente acusar dor, é sinal de que há neurites e miosites. Estereognosia Significa a capacidade de reconhecer um objeto com a mão sem o auxílio da visão. Quando se perde essa função, diz-se astereognosia ou agnosia tátil, indicativa de lesão do lobo parietal contralateral. Grafestesia Significa sentido pelo qual se reconhece o que se escreve na mão, podendo ser letras, números ou objetos sem o auxílio da visão. 46 Taciano Fontes Filho Nervo Olfatório (I) No exame da olfação, empregam -se substâncias com odores conhecidos: café, canela, cravo, tabaco, álcool etc. Hiposmia e anosmia dependem de distúrbios neurológicos, como sífilis nervosa, fratura do andar anterior da base do crânio e neoplasia da goteira olfatória.Nervo óptico (II) Acuidade visual: Pede-se ao paciente que diga o que vê na tabela de Snellen, ou na própria sala de exame (na parede, na mesa), obedecendo uma distância de 5 metros. Campo visual: As alterações campimétricas causadas por neoplasias, infecções e desmielinização são anotadas em relação ao campo visual, e não à retina. Fundoscopia: Com o uso do oftalmoscópio, podem ser reconhecidos o tecido nervoso (retina e papila óptica) e os vasos (artérias, veias e capilares). Entre as alterações que podem ser encontradas, destacam-se: a palidez da papila, a qual significa atrofia do nervo óptico; a estase bilateral da papila, que traduz hipertensão intracraniana, e as modificações das arteríolas, que aparecem na hipertensão arterial. Nervo Oculomotor (III), Nervo Troclear (IV) e nervo abducente (VI) Motilidade extrínseca: O exame é feito em cada olho separadamente e, depois, simultaneamente, da seguinte maneira: estando o paciente com a cabeça imóvel, o examinador solicita a ele que desloque os olhos nos sentidos horizontal e vertical. As causas mais frequentes de lesões dos nervos oculomotores são traumatismos, diabetes melito, aneurisma intracraniano, hipertensão intracraniana e neoplasias da região selar. Estrabismo: é um desvio do olho de seu eixo normal, por paresia de algum dos músculos ou paralisia de seu antagonista, que pode ser horirontal (convergente ou divergente) ou vertical (superior ou inferior). Nervos Cranianos 47 Taciano Fontes Filho Motilidade intrínseca: O exame da pupila é feito em seguida, analisando o seu diâmetro (2-4mm), sua forma (circular) e posição (centrada), assim como o seu reflexo. A irregularidade do contorno pupilar é chamada discoria; quando o diâmetro se acha aumentado, fala-se em midríase; o contrário, miose; a igualdade de diâmetros denomina-se isocoria; e a desigualdade, anisocoria. O examinador incide o feixe de luz em uma pupila e observa a resposta nos dois lados. Chama-se reflexo fotomotor direto a contração da pupila na qual se fez o estímulo, e de reflexo fotomotor consensual a contração da pupila oposta. Nervo trigêmeo (V) Raiz motora: representada pelo nervo mastigador, que inerva os músculos destinados à mastigação (temporal, masseter e pterigóideos). No exame físico, avalia se o paciente tem dificuldade em abrir a boca, trincar os dentes ou lateralizar a mandíbula. Raízes sensoriais: compreendem os nervos oftálmico (I), maxilar (II) e mandibular (III). O exame é feito com uma mecha de algodão, que roça na pele do rosto do paciente. Além disso, faz-se o reflexo córneo-palpebral, no qual usa uma mecha de algodão que toca suavemente entre a esclerótica e a córnea, avaliando se existe a contração orbicular das pálpebras. As alterações do trigêmeo podem ser consequência de herpes-zóster, traumatismo e neoplasias. Nervo Facial (VII) Para fazer o exame do nervo facial, solicita-se ao paciente enrugar a testa, franzir os supercílios, fechar as pálpebras, mostrar os dentes, abrir a boca, assobiar, inflar a boca e contrair o platisma ou músculo cutilar do pescoço. Na paralisia unilateral, observam-se lagoftalmia (o olho permanece sempre aberto); ausência do ato de piscar; epífora (lacrimejamento); desvio da boca para o lado normal, sobretudo quando se pede ao paciente que mostre os dentes ou abra amplamente a boca, e incapacidade para contrair o platisma, assobiar e manter a boca inflada. A paralisia da face se chama prosopoplegia e, quando bilateral, fala-se em diplegia facial. Admite-se, atualmente, que essas paralisias sejam provocadas por infecções virais, acompanhadas de reação edematosa do nervo. Outras causas incluem o diabetes melito, as neoplasias, a otite média, os traumatismos, o herpes-zóster e a hanseníase. Nervo vestíbulococlear (VIII) Raiz coclear: é avaliada pelos seguintes dados e manobras: Diminuição gradativa da intensidade da voz natural. Voz cochichada. Atrito suave das polpas digitais próximo ao ouvido. Prova de Rinne: consiste em aplicar o diapasão na região mastoide. Quando o paciente deixar de ouvir a vibração, coloca-se o aparelho próximo ao conduto auditivo. Em condições normais, o paciente acusa a percepção do som (Rinne positivo). Transmissão óssea mais prolongada que a aérea (Rinne negativo) significa deficiência auditiva de condução. Prova de Weber: Busca comparar a condutividade óssea (CO) de ambas as orelhas e determinar se a perda auditiva tem origem neural ou condutiva. Quando se lateraliza mais para um lado, este pode apresentar alguma alteração. Para diferenciar se essa alteração é de origem neural ou condutiva, faz-se a prova de Rinne. 48 Taciano Fontes Filho Raiz Vestibular: é reconhecível pela anamnese, quando as queixas do paciente incluem estado vertiginoso, náuseas, vômitos e desequilíbrio. A investigação da raiz vestibular compreende a pesquisa de nistagmo, desvio lateral durante a marcha, desvio postural, sinal de Romberg e provas calórica e rotatória. Manobra de Dix-Hallpike: Em pacientes com vertigem posicional paroxística benigna (VPPB), o nistagmo geralmente aparece com uma latência de alguns segundos e dura menos de 30 segundos. Depois de parar e o paciente se sentar, o nistagmo voltará a ocorrer, mas na direção oposta. Nervo glossofaríngeo (IX) e nervo vago (X) Na lesão unilateral do IX e do X nervos, observam- se: desvio do véu palatino para o lado normal, quando o paciente pronuncia as vogais a ou e; desvio da parede posterior da faringe para o lado normal (sinal da cortina) pela cuidadosa estimulação; disfagia com regurgitação de líquidos pelo nariz, e diminuição ou abolição do reflexo velopalatino. A lesão isolada do X nervo, a qual envolve apenas o ramo laríngeo, determina considerável disfonia. As causas mais frequentes de lesão dos nervos IX e X, ou de seus ramos, são: neuropatia diftérica, neoplasia do mediastino, esclerose lateral amiotrófica, siringobulbia e traumatismo. Nervo acessório (XI) Inerva os músculos esternocleidomastóideo e a porção superior do trapézio. A lesão do acessório por traumatismo, esclerose lateral amiotrófica ou siringomielia tem como consequência atrofia desses músculos, deficiência na elevação do ombro (trapézio) e na rotação da cabeça para o lado oposto (esternocleidomastóideo) do músculo comprometido. Nervo Hipoglosso (XII) Investiga-se o hipoglosso pela inspeção da língua (no interior da boca ou exteriorizada), movimentando-a para todos os lados, forçando-a de modo que vá de encontro à bochecha e, por fim, palpando-a, para avaliação de sua consistência. Nas lesões unilaterais do hipoglosso, observam-se atrofia e fasciculação na metade comprometida. Ao ser exteriorizada, a ponta da língua se desvia para o lado da lesão. Nas lesões bilaterais, as manifestações compreendem atrofia, fasciculação, paralisia, acentuada disartria e dificuldade para mastigar e deglutir. Abrange simples perguntas quanto à orientação temporoespacial, memória e linguagem, que serão pontuadas no seguinte questionário: Consideram-se normais valores de 27 a 30 pontos; 24 a 27 pontos é um valor tolerado como normal; abaixo de 23 caracteriza o comprometimento do estado mental. Deve-se levar em conta o nível de escolaridade da pessoa examinada. Síndromes Piramidais O trato piramidal é formado por: Avaliação do estado mental Síndromes Neurológicas 49 Taciano Fontes Filho Trato corticoespinal anterior (10-25%): motricidade axial e proximal dos membros em ambos os lados do corpo. Trato corticosespinal lateral (75-90%): motricidade distal, responsável pelos movimentos finos e delicados. Síndrome do Primeiro Neurônio Motor: São lesões centrais. Sinais deficitários (Fase Inicial): Perda ou diminuição damotricidade, acometendo globalmente os membros; Diminuição ou abolição do reflexo cutâneo abdominal ou cremastérico; Atrofia muscular; Sinais de liberação (Fase Tardia): Sincinesias; Sinal de Babinski; Exagero do reflexo de automatismo ou de defesa; Hiper-reflexia profunda ou sinreflexia; Espasticidade; Síndrome do Segundo Neurônio Motor São lesões periféricas: Paralisias: são segmentares e assimétricas, interessando o grupo muscular inervado pelos neurônios lesados. Hipotonia; Arreflexia superficial e profunda; Fasciculações; Atrofia; As síndromes do segundo neurônio motor se dividem em: Mononeuropatia: envolvimento focal do tronco nervoso único, por trauma ou compressão. Por ex.: Neuropatia do N. ulnar, do N. mediano na Síndrome do Túnel do Carpo. Mononeuropatia Múltipla: envolvimento simultâneo ou sequencial de troncos nervosos individuais e não contíguos: Axonal: vasculites; Desmielinizante: com bloqueio de condução focal. Exemplo: diabetes – neuropatia diabética. Mista Polineuropatias: Axonal: a. Aguda: evolui em dias. Exemplos: porfiria, intoxicação por tálio. b. Subaguda: evolui em semanas a meses. Exemplo: toxinas, doenças sistêmicas. c. Crônica: evolui em anos (rever a história familiar, examinar membros da família). Dedmielinizante: a. Lentificação uniforme crônica: revisar história familiar. b. Lentificação não uniforme e com bloqueio de condução: Se agudo: Polineuropatia desmielinizante inflamatória aguda (Síndrome de Guillain Barré); Se crônico: Polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica. c. Mista Síndromes Extrapiramidais Síndrome Hipertônico-Hipocinético: Leva à: Redução da atividade espontânea e dos movimentos associados. Aumento do tônus muscular e dos movimentos involuntários. Sítio da lesão → globo pálido e substância negra. Ex.: síndrome Parkinsoniano. Síndrome Parkinsoniano: Doença neurodegenerativa progressa e crônica que se manifesta pela tétrade bradicinesia: rigidez, tremor de repouso e instabilidade postural. Causa: tremor de repouso; sensações vagas e inespecíficas de fraqueza, amortecimento ou dor; fadiga; perda de peso; aumento da fenda palpebral, marcha lentificada, mímica fácial pobre, fala monótona, etc. Síndrome Hipotônica-Hipercinética: Leva à: Movimentos irregulares e involuntários de localização variável. Intervalo reduzido de tônus muscular de repouso. Sítio da lesão – putâmen e núcleo caudado. Ex.: coreia, atetose, balismo e distonias. Coreia: apresenta movimentos breves, involuntários, bruscos, arrítmicos, desordenados. A mais comum é a coreia de Sydenham – acomete principalmente crianças em idade escolar eraramente vista em pacientes com mais de 40 anos. Síndrome Cerebelar É constituída de alterações da coordenação e do tônus muscular. As principais causas da síndrome cerebelar são: neoplasias, infecções, distúrbios vasculares (isquemia, hemorragia), intoxicações exógenas (álcool), uso de medicamentos (hidantoinato, piperazina), doença desmielinizante (esclerose múltipla), doenças heredodegenerativas e traumatismos. 50 Taciano Fontes Filho Os sinais e sintomas que constituem essa síndrome são: Alterações dos movimentos ativos (ataxia): Dismetria: verificável pelas provas dedo-nariz, calcanhar-joelho e das linhas horizontais. Dis ou adiadococinesia; Tremor; Dis ou assinergia Disartria; Disgrafia; Distúrbios dos movimentos oculares; Disbasia: marcha cerebelar Alterações do tônus (hipotonia): Exagero do balanço das extremidades distais dos membros; Aumento da passividade; Aumento da extensibilidade; Reflexos patelar e tricipital pendulares. Sinal de Romberg pode ser positivo. Síndrome da Hipertensão Intercraniana Quando a evolução é gradual, caracteriza-se pelos sintomas mencionados a seguir: Cefaleia com piora progressiva; Vômitos: pela manhã e sem náusea, por irritação dos centros eméticos bulbares; Vertigens: em neoplasias de fossa posterior; Edema de papila; Diplopia; Distúrbios do VI Par Craniano; Distúrbios psíquicos: apatia, irritabilidade; Tríade de Cushing: bradicardia, HAS e insuficiência respiratória; Síndromes Medulares Síndrome Medular Posterior: É causado por marcha de Tabes Dorsalis, ataxia de Friedreich e Degeneração subaguda de medula. O paciente vai apresentar os seguintes sinais e sintomas: Disbasia ataxo-talonante; Aumento da base de sustentação; Prova de Romberg positiva; Ataxia sensitiva Hipotonia bem evidente; Abolição dos reflexos profundos; Abolição da sensibilidade vibratória, cinético- postural e tátil-epicrítica. Síndrome Medular Central: Causado por seringomielia, neoplasia medular, infarto medular hipotensivo e trauma raquimedular. O paciente vai apresentar os seguintes sinais e sintomas: Fraqueza do Neurônio Motor inferior em braços (mais comuns). Fraqueza variável de membros inferiores e espasticidade. Dor severa importante e hiperpatia. Perda espinotalâmica em braços. Disfunção esfincteriana e retenção urinária. Síndrome Medular Anterior Normalmente causado por traumas ou por infarto da artéria espinal anterior, que causa perda do espinotalâmica bilateral, mas preserva a sensibilidade em coluna posterior. Pode levar à: Lesão de neurônio motor superior abaixo do nível da lesão: Sinais da síndrome do primeiro neurônio motor. Lesão de neurônio motor inferior ao nível da lesão: Sinais da síndrome do segundo neurônio motor. Disfunção esficteriana. 51 Taciano Fontes Filho Com relação à idade Febre reumática, dos 5 aos 15 anos; Doença reumatoide, dos 20 aos 40 anos; Lúpus eritematoso sistêmico, entre 20 e 40 anos; Gota, após a quinta década. Quanto ao sexo Sexo Feminino: é mais frequente o lúpus eritematoso disseminado, a doença reumatoide, a esclerose sistêmica progressiva, os nódulos de Heberden e a osteoporose. Sexo Masculino: é predominante a espondilite anquilosante, a gota e a poliarterite nodosa. Não se deve esquecer, contudo, que algumas doenças reumáticas não apresentam preferência quanto ao sexo, como é o caso da moléstia reumática, das artroses em geral e da lombociatalgia. Quanto a ocupação do paciente Lavadeiras: síndrome do túnel do carpo; Digitadores: tendinite do ombro; Tenistas: epicondilite; Pessoas que se mantém por longos períodos sentadas ou trabalham com má postura: lombalgia; História da doença atual Duração da queixa articular: menos de 1 mês na febre reumática, podendo durar anos na doença reumatoide. Modo de início: insidioso na doença reumatoide e abrupto na gota e na bursite. Presença de sinais e sintomas: Dor, calor, rubor e edema, nos processos reumáticos em atividade. Crepitação ou estalidos nos processos degenerativos. Apenas artralgias na maioria das colagenoses. Dor: pode ser aguda (gota, bursite), surda (artrose), localizada (doença reumatoide) e com irradiação para o trajeto do nervo comprometido (cervicobraquialgia ou lombociatalgia). Rigidez pós-repouso: reumatismos de natureza inflamatória persiste durante horas e degenerativa (artroses), cede rapidamente. Manifestações sistêmicas: febre, anorexia, perda de peso, fraqueza. Tratamentos realizados; Evolução; Comprometimento extra-articular; Antecedentes pessoais e familiares; A avaliação clínica deve ser feita com o paciente nas posições de pé, sentado e deitado, com boa iluminação e as áreas a serem examinadas descobertas. Inspeção A marcha do paciente pode estar alterada quando há deformidades, como varismo ou valgismo dos joelhos, lesões dos tornozelos ou desvio lateral da coluna vertebral. Às vezes, detecta-se aumento de um segmento ósseo, como o alargamento da6 Taciano Fontes Filho Evolução Situação atual Interrogatório sintomatológico: é um complemento da história da doença atual. O interrogatório sintomatológico documenta a existência ou ausência de sintomas comuns relacionados com cada um dos principais sistemas corporais. É comum o paciente não relatar um ou vários sintomas durante a elaboração da história da doença atual. Simples esquecimento ou medo inconsciente de determinados diagnósticos podem levar o paciente a não se referir a padecimentos de valor crucial para chegar a um diagnóstico. Outra importante função do interrogatório sintomatológico é avaliar práticas de promoção à saúde. Sistematização do interrogatório sintomatológico: - Sintomas gerais; - Pele e fâneros; - Abdome; - Tórax; - Sist. Geniturinário; - Sist. endócrino - Sist. Hemolinfopoiético; - Músculos - Coluna vertebral, ossos, articulações e extremidades; - Artérias, veias, linfáticos e microcirculação; - Sistema Nervoso - Exame psíquico e avaliação das condições emocionais. Antecedentes pessoais e familiares: considera-se avaliação do estado de saúde passado e presente do paciente, conhecendo fatores pessoais e familiares que influenciam seu processo saúde- doença. A avaliação dos antecedentes pessoais fisiológicos inclui os seguintes itens: gestação e nascimento, desenvolvimento psicomotor e neural e desenvolvimento sexual. A avaliação dos antecedentes pessoais patológicos compreende os seguintes itens: doenças sofridas pelo paciente, alergia, cirurgias, traumatismo, transfusões sanguíneas, história obstétrica, vacinas e medicamentos em uso. Hábitos e estilo de vida: documenta hábitos e estilo de vida do paciente e está desdobrado nos seguintes tópicos: alimentação, ocupação atual e anteriores, atividades físicas e hábitos. Condições socioeconômicas e culturais: As condições socioeconômicas e culturais avaliam a situação financeira, vínculos afetivos familiares, filiação religiosa e crenças espirituais do paciente, bem como condições de moradia e grau de escolaridade. Características semiológicas da dor Todo paciente deve ser sistematicamente avaliado, levando-se em consideração as 10 características semiológicas da dor: 1. Localização: Refere-se à região onde o paciente sente a dor. Também é relevante a avaliação da sensibilidade na área de distribuição da dor e adjacências. *A hipoestesia é evocada de dor neuropática, tendo queimação e formigamento (disestesia). 2. Irradiação: A dor pode ser irradiada ou referida. O reconhecimento da localização inicial da dor e de sua irradiação pode indicar a estrutura nervosa comprometida. 3. Qualidade ou Caráter: descrição da dor com relação ao tipo de sensação e emoção ela lhe traz. Pode ser: espontânea e/ou evocada (alodínia, hiperpatia, hiperalgesia). A dor espontânea pode ainda ser constante ou intermitente (esporádica). Alodínia: é uma sensação desagradável, dolorosa, provocada pela estimulação tátil, sobretudo se repetitiva, de uma área com limiar aumentado de excitabilidade. Hiperpatia: é uma sensação de dor maior que o comum, provocada pela estimulação nóxica, sobretudo a repetitiva, de uma área com limiar de excitabilidade aumentado. Hiperalgesia: é a resposta exagerada aos estímulos aplicados em uma região que está com reduzido limiar de excitabilidade, que pode se manifestar sob a forma de dor a estímulos inócuos ou de dor intensa a estímulos leves ou moderadamente nóxicos. 4. Intensidade: Resulta da interpretação global dos seus aspectos sensoriais, emocionais e culturais. Para a sua medição utiliza-se a escala analógica visual, que vai de 0 a 10, sendo 10 a pior dor que o paciente já sentiu. 5. Duração: calcula-se a duração de acordo com o tempo transcorrido entre seu início e o momento da anamnese. 6. Evolução: revela a maneira como a dor evoluiu, desde o seu início até o momento da anamnese. 7. Relação com funções orgânicas: é avaliada de acordo com a localização da dor e os órgãos e estruturas situados na mesma área. Dor 7 Taciano Fontes Filho 8. Fatores desencadeantes ou agravantes: São os fatores que desencadeiam a dor, em sua ausência, ou que a agravam, se estiverem presentes. 9. Fatores atenuantes: São aqueles que aliviam a dor, como algumas funções orgânicas, posturas ou atitudes que resguardam a estrutura ou órgão onde esta é originada. Pode ser medicamentos, fisioterapia, distração, ambiente apropriado, procedimentos cirúrgicos, etc. 10. Manifestações concomitantes: manifestações neurovegetativas, que se devem à estimulação do sistema nervoso autônomo pelos impulsos dolorosos, incluindo sudorese, palidez, taquicardia, hipertensão arterial, mal-estar, náuseas e vômitos. 8 Taciano Fontes Filho O paciente deve ser examinado nas posições de decúbito, sentada, de pé e andando, seguindo a forma que deixe o paciente mais confortável. Avaliação do estado geral É uma avaliação subjetiva do que aparenta o paciente, visto em sua totalidade. Para descrever a impressão obtida, usa-se a seguinte nomenclatura: Estado geral bom (EGB); Estado geral regular (EGR); Estado geral comprometido (EGC). Tem utilidade prática, principalmente para se compreender até que ponto a doença atingiu o organismo visto como um todo. Avaliação do nível de consciência Implica na avaliação neurológica e psiquiátrica. A percepção consciente do mundo exterior e de si mesmo caracteriza o estado de vigília. Entre o estado de vigília e o estado de coma grau IV, é possível distinguir diversas fases intermediárias em uma graduação cujo principal elemento indicativo é o nível de consciência. Obnubilado é quando o paciente apresenta apenas distúrbios de ideação e certa confusão mental. Para o exame do nível da consciência, deve-se considerar os seguintes fatores: Perceptividade: capacidade para responder a perguntas simples (p. ex., "Como vai?") ou informar aspectos corriqueiros. Reatividade: capacidade de reagir a estímulos inespecíficos, como a dor ou pressão. Deglutição: capacidade de levar alimentos à boca e degluti-los Reflexos: resposta às manobras de alguns reflexos tendinosos (p. ex., patelar), plantares, cutâneos, abdominais e pupilares. Fala e linguagem As alterações da fala classificam-se da seguinte maneira: Normal; Disfonia ou afonia: alteração no timbre da voz, tornando-se rouca, fanhosa ou bitonal; Dislalia: alterações menores da fala, como trocar letras nas palavras. Disritmolalia, compreende distúrbios no ritmo da fala, tais como a gagueira e a taquilalia. Disartria: decorre de alterações nos músculos da fonação: incoordenação cerebral (voz arrastada, escandida), hipertonia no parkinsonismo (voz baixa, monótona e lenta) ou perda do controle piramidal (paralisia pseudobulbar). Disfasia: perturbação na elaboração cortical da fala. Pode ser de recepção ou sensorial (o paciente não entende o que se diz a ele), ou de expressão ou motora (o paciente entende, mas não consegue se expressar), ou ainda do tipo misto, que é, aliás, o mais frequente. Outros distúrbios: retardo do desenvolvimento da fala, a disgrafia e a dislexia. Avaliação do estado de hidratação É avaliado tendo-se em conta os seguintes parâmetros: Alteração abrupta do peso; Alterações da pele quanto a umidade, elasticidade e turgor; Alterações das mucosas quanto à umidade; Fontanelas (em crianças) Alterações oculares; Estado geral. Um paciente estará normalmente hidratado quando a oferta de líquidos e eletrólitos estiver de acordo com as necessidades do organismo e quando não houver perdas extras (diarreia, vômitos, febre, taquipneia, sudorese excessiva), sem reposição adequada. Peso IMC: P/A2 Baixo peso: IMC menor do que 19,99 kg/m2 Normal: IMC de 20 a 24,99 kg/m2 Sobrepeso: IMC de 25 a 29,99 kg/m2caixa craniana na doença de Paget, em algumas neoplasias ou em infecções, como a paracoccidioidomicose. Palpação O aumento de volume deve ser definido na palpação, quanto às suas características de consistência, formato, localização, tamanho e relação com os tecidos moles. Sinais flogísticos (edema, calor, rubor) na área correspondente ao osso afetado podem sugerir osteomielite. A ocorrência de fístulas no segmento afetado indica um processo infeccioso crônico, como tuberculose, sífilis ou micose. A presença de crepitação é sugestiva de fratura, podendo ser traumática ou patológica. Quando é no osso subcondral, no nível de uma articulação, é característica de osteoartrose. As síndromes dolorosas (cervicalgia, dorsalgia e lombociatalgia) podem ser relacionadas com alterações posturais, desvios da coluna e diferentes afecções que comprometem a coluna vertebral (degeneração discal, hérnia de disco, artrose, artrite reumatoide, espondilite TACIANO FONTES FILHO SEMIOLOGIA – SEMANA 3, BLOCO 2, P4 – 2021.2 Sistema Osteolocomotor Anamnese Ossos Coluna Vertebral 52 Taciano Fontes Filho anquilosante, osteoporose, estenose do canal medular, tuberculose vertebral, neoplasias, espondilolistese, fraturas), mas, também, podem decorrer de afecções de estruturas extratorácicas ou abdominais, bem como de obesidade e tensão nervosa. Inspeção Com o paciente de pé, ereto, deve-se observar o perfil da coluna vertebral. São normais as curvas cervical, torácica e lombar. Além dessa posição, deve-se solicitar ao paciente que se incline para frente, flexionando o tronco tanto quanto possível com os joelhos estendidos. Essa posição e essa manobra é conhecida como Teste de Adams e permite reconhecer com facilidade a presença de escoliose. No Teste da Flexão Global, o paciente tem que ter pelo menos uma flexibilidade que seja aceitável, como conseguir pegar algo do chão, algo que é complicado para quem tem espondilite anquilosante. Junto com esse teste, pode ser feito o Teste de Schober, em que faz a medição da distância entre as cristas ilíacas, e compara com o valor encontrado do paciente em posição ereta e em flexão. É positivo quando a distância entre os pontos é menor que 5cm. Completa-se o exame solicitando-se ao paciente que faça movimentos de extensão, rotação e lateralidade, observando se existem possíveis limitações ou presença de dor ao executar esses movimentos. Palpação Devem ser palpadas as massas musculares, principalmente as da goteira vertebral, procurando hipertrofias e retificação da coluna. A palpação das apófises espinhosas e dos espaços intervertebrais é também fundamental nas afecções inflamatórias e compressivas, pois acarreta dor. Deve ser realizada com delicadeza, podendo despertar dor intensa, como nos casos de hérnia discal. Testes Especiais (Manobras Sacroilíacas) Teste de Volkmann: O paciente deve estar deitado e o examinador faz compressão nas cristas ilíacas anteriores. O teste é positivo se o paciente sentir dor. Teste de Patrick-Febere: O paciente faz “um 4” com as pernas e o examinador vai com uma mão afastando o joelho, enquanto a outra mão afasta a espinha ilíaca contralateral. Esse teste é positivo se causar dor, comum na espondilite anquilosante Teste de Thomas: O examinador pede para o paciente abraçar o joelho, fazendo uma pequena elevação na perna contralateral, isso é o normal. Quando existe uma inflamação nessa crista ilíaca, essa elevação é muito maior, porque causa dor. Então, nesse caso, Teste de Thomas positivo Reflexos Nos casos de compressão radicular, como ocorre nas hérnias discais, podem estar diminuídos ou abolidos: Biciptal: integridade de C5 Braquirradial: integridade de C6 Tricipital: integridade de C7 Patelar: integridade de L4 Patelar e aquileu: integridade de L5 e S1 Testes de compressão Estreitamento do forame de conjugação: Teste de Valsava: acarreta aumento da pressão intratecal. Se houver afecção expansiva ou 53 Taciano Fontes Filho compressiva (neoplasias, hérnia discal), o paciente relata dor ao fazer a manobra. Sinal de Lasègue: Se houver compressão, ocorre dor até 30° sugerem hérnia discal. Sinal de Bragard: consiste na dorsiflexão do pé quando o membro estiver elevado, provocando exacerbação da dor, sensibilizando o Sinal de Lasègue. Pressão sobre as superfícies articulares: Para sua avaliação, faz-se a Manobra de Spurling, na qual deve-se pressionar para baixo a cabeça do paciente, que deve, de preferência, permanecer sentado. Inspeção O examinador deve sempre comparar articulações homólogas. Procura-se reconhecer aumento de volume, rubor, atrofia, desalinhamento articular, deformidades, fístulas e nódulos. O aumento do volume de uma articulação pode ser decorrente de várias causas, como edema das partes moles, excesso de líquido sinovial, espessamento da membrana sinovial, crescimento ósseo (osteófitos, periostite, exostose) e depósitos de uratos ou cálcio. O desalinhamento articular pode ser a causa de uma artropatia degenerativa, como acontece nos casos de geno valgo ou varo, ou decorrência do comprometimento articular, como se observa na doença reumatoide. Pode haver atrofia dos interósseos das mãos e dos pés nos casos de doença reumatoide, atrofia do quadríceps na artrite ou nas lesões meniscais e ligamentares dos joelhos e assim por diante. Sinais inflamatórios, como edema, calor, rubor e impotência funcional, indicam a existência de artrite, sendo este achado muito importante no diagnóstico das afecções reumáticas. A modificação das estruturas circunjacentes inclui fístulas, tumores e irregularidades. Pela análise da postura (com o paciente em posição ortostática), é possível reconhecer genu varum, genu valgum, pé plano ou cavo, cifose, escoliose e cifoescoliose. Observa-se também a marcha do paciente, pois ela costuma modificar-se nas enfermidades vertebrais e osteoarticulares dos membros inferiores (traumáticas, metabólicas, congênitas, inflamatórias e degenerativas). Palpação É possível determinar a causa do aumento do volume articular, a presença de pontos hipersensíveis no nível da linha interarticular e em outras áreas, a presença de tumorações (nódulos, ossificações, neoplasias propriamente ditas) e o aumento da temperatura local (para isso, utiliza-se o dorso da mão, iniciando o exame das regiões próximas à articulação). Ainda pela palpação, é possível caracterizar crepitações que, quando grosseiras e no nível das articulações, denotam comprometimento da cartilagem articular, significando degeneração articular (artrose). Crepitação no nível de um osso significa fratura do mesmo. A palpação dolorosa no cotovelo, indica epicondilite lateral (tendinite do tenista), epicondilite medial ou bursite olecraniana. Exames do Ombro Arco doloroso do ombro: Se o paciente já não conseguir fazer os movimentos dos primeiros 60º, a hipótese principal é tendinite. Já entre 60 e 120° a principal hipótese é artrose da articulação glenoumeral. Se a dor for no final do movimento então a lesão é na articulação acromioclavicular. Teste “Palm-Up” (Speed): é positivo quando o paciente sente dor na região do bíceps e ombro, porque não vai conseguir vencer a resistência. Teste de Yergarson: é positiva quando palpa a cabeça longa do bíceps, que normalmente não é palpável, pois passa pelo sulco do úmero e por cima dela existe uma aponeurose que impede que esse tendão se desloque desse sulco. Articulações 54 Taciano Fontes Filho Manobra de Jobe: se o movimento causar dor está relacionada à tendinite do supraespinhal. Caso o paciente não consiga segurar o braço, pode indicar uma ruptura do ligamento supraespinhal. Teste de Patte: Se isso for doloroso: tendinite do infraespinhal.Caso o paciente não consiga nem segurar o braço à resistência, provocando a queda do mesmo: lesão ligamentar, ruptura ligamentar do infraespinhal. OBS: O Manguito Rotador é composto pelos músculos supraespinhal, infraespinhal, subescapular e redondo menor. Teste de Neer: caso tenha dor é indicativo de bursite subacromial. Exames do Punho Testes da Síndrome do Túnel do Carpo: Essa doença causa dor no punho e dormência nos dedos (no polegar, indicador e no dedo médio), porque o nervo mediano que passa no túnel do carpo normalmente inerva esses 3 dedos. Manobra de Tinel: percussão do canal cárpico, provocando dos sintomas. Teste de Durkan: faz a compressão do nervo mediano por 30 segundos. Manobra de Phalen: coloca o punho na posição de flexão extrema durante 1 minuto. Também pode ser feito de forma invertida. Manobra de Finkelstein: caso exista dor, pode ser indicativo de uma tenossinovite de De Quervain (tendão do 1° dedo). É muito comum ser positivo, pois está intimamente ligado ao uso de celulares. Exames do Joelho Sinal de Clarke: ao pressionar a patela e fazer leve deslocamento lateral, o paciente sentirá dor caso tenha uma disfunção do ligamento patelar. Sinal da Tecla de Piano: faz-se percussões na patela, a qual pode, diante de um derrame articular, submergir e emergir. Teste da Gaveta: Se empurrar a perna e ela for, como se fosse uma gaveta se fechando, isso é lesão de ligamento cruzado posterior. Se puxar a perna e ela vier, como se fosse uma gaveta se abrindo, lesão de ligamento cruzado anterior. 55 Taciano Fontes Filho Teste de Apley: faz compressão e rotação do pé, porque aí vai comprimir e rodar, traumatizando o menisco que está dentro da articulação do joelho. Caso seja doloroso, indica uma inflamação nesta articulação. Testes de estresse: Em Valgo: vê o ligamento colateral externo, empurra o joelho para dentro e puxa a perna para fora. Em Varo: vê o ligamento colateral interno, o movimento é inverso, empurra o joelho para fora e a perna para dentro. Articulações e seus movimentos Movimentos da coluna cervical (pescoço): Movimentos da coluna torácica e lombar: Movimentos do ombro: Movimentos do cotovelo: Movimentos do punho: 56 Taciano Fontes Filho Movimentos das articulações metacarpofalangeanas e interfalageanas: Movimentos do Quadril: Movimentos dos Joelhos: Movimentos do tornozelo e das articulações metatarsofalangeanas: Extremidades superiores No ombro, as alterações mais frequentes compreendem as luxações, com referência especial à luxação recidivante, as fraturas, as atrofias musculares, os tumores e as afecções reumáticas. Braço hemiplégico: as articulações do cotovelo, do punho e da mão encontram-se em flexão e em adução. A causa principal é acidente vascular encefálico (AVE). Mão pendular: a mão, em flexão, fica pendente. A causa é a paralisia radial. Mão acromegálica: relacionado à hiperprodução de GH e IGFI em pessoas adultas. Mão da tetania: a tetania pode ser espontânea ou provocada por manobra. O sinal de Trousseau é indicativo de hipoparatireoidismo. Mão em garra: Pode aparecer na hanseníase, na pelagra e na distrofia muscular progressiva. Mão com dedos em fuso: os dedos tornam-se fusiformes em consequência de sinovite e capsulite das interfalangianas proximais (artrite reumatoide). Atrofia tenar e hipotenar: a atrofia dos músculos da eminência tenar sugere distúrbio do nervo mediano. A compressão do nervo no nível do punho constitui a síndrome do túnel do carpo. Atrofia hipotenar sugere distúrbio do nervo ulnar (síndrome do túnel cubital). Cistos sinoviais: são tumefações císticas, arredondadas, em geral indolores, localizadas ao longo das bainhas tendinosas ou das cápsulas articulares. Mãos quentes e úmidas: o aspecto quente e úmido é normal em crianças. Essa condição pode surgir no hipertireoidismo. Edema da mão Mãos frias e sudorentas: pacientes ansiosos. Hipocratismo digital ou Baqueteamento digital: é um sinal caracterizado pelo aumento (hipertrofia) das falanges distais dos dedos e das unhas da mão que está associado a diversas doenças, em sua maioria cardíacas e pulmonares. Extremidades 57 Taciano Fontes Filho Contratura Isquêmica de Volkmann: é uma contratura permanente de flexão da mão sobre o punho resultando em uma deformidade em forma de garra da mão e dos dedos. Nodosidades: Nódulos de Heberden: pequenos nódulos duros, localizados nas articulações interfalangianas distais dos dedos das mãos, e que surgem na osteoartrose. Nódulos de Bouchard: Quando esses nódulos da osteoartrose se situam nas interfalangianas proximais. Nódulos de Osler: minúsculos nódulos dolorosos, situados nas polpas digitais, cuja causa principal é a endocardite infecciosa. Nódulos reumáticos: situados nas faces extensoras dos tendões, no nível das articulações proximais. Alterações da movimentação: movimentos anormais incluem, além de outros, movimentos coreicos, atetósicos e tremores. Outras alterações: polidactilia, focomelia, atrofias musculares e lesões traumáticas. Extremidades inferiores O encurtamento de um dos membros inferiores resulta de redução incorreta de uma fratura, luxação do quadril, de paralisia infantil ou de raquitismo. Na cintura pélvica, podem ser encontradas fraturas dos ossos da bacia, coccigodinia (dor no cóccix), bursite e perturbação da mobilidade das coxofemorais. Nas virilhas, são frequentes os aumentos de volume dos gânglios linfáticos (adenomegalias), hérnias, criptorquidias e alterações vasculares (aneurismas e fístulas arteriovenosas). Nos joelhos, podem ser vistas alterações quanto a volume, contorno e mobilidade articular. As afecções mais comuns são artrose, artrite, derrames intraarticulares, fraturas e anquilose. O joelho varo (genu varum) caracteriza-se pelo arqueamento do fêmur e das tíbias com afastamento dos joelhos. Esta alteração, na quase totalidade dos casos, é de origem congênita; mais raramente é consequência de raquitismo, acondroplasia e doença de Paget. No joelho valgo (genu valgum), os joelhos se aproximam de maneira anormal. Pode ser congênito ou consequência de raquitismo. Hipertrofia das panturrilhas: é observada nas distrofias musculares (tipo Duchenne). Com a evolução da doença, além da fraqueza muscular progressiva, os músculos vão reduzindo de volume. Edema Varizes Elefantíase Úlcera crônica: a úlcera crônica dos membros inferiores é encontrada em diferentes enfermidades – veias varicosas, doença reumatoide (por angiite necrosante), sífilis, anemia de células falciformes, isquemia crônica –. Tíbia em sabre: significa encurvamento para diante da borda anterior da tíbia, decorre de sífilis congênita. Pé plano: É uma anomalia de origem congênita ou adquirida que provoca graves consequências para o funcionamento dos membros inferiores. Pé cavo: é o contrário do pé plano. Pode ser congênito ou adquirido Pé torto congênito Joanete (hallux valgus): é constituído por um desvio medial da cabeça do primeiro metatarsiano. Mal perfurante plantar: significa a existência de uma ou mais ulcerações crônicas na planta dos pés. Ocorre em hanseníase, diabetes melito, siringomielia, tabes dorsalis e insuficiência arterial crônica. Gangrena dos dedos: a pele torna-se escura, a princípio edemaciada, e em seguida mumificada. Indica isquemia grave que pode ser causada por aterosclerose, tromboangiite obliterante ou embolia arterial Tumefações localizadas: Podem ser de origem neoplásica ou inflamatória. 58 Taciano Fontes Filho Do ponto de vista biológico, conceitua-se o envelhecimento como um fenômeno caracterizado pela perda progressiva da reserva funcional, quetorna o indivíduo mais propenso a ter doenças e aumenta a chance de óbito. Costuma-se dividir os idoso conforme a faixa etária: Idosos jovens: 60 a 69 anos. Idosos velhos: 70 a 79 anos. Muito idosos: 80 anos ou mais. A classificação do envelhecimento em três tipos: Bem sucedido: quando predominam fisiológicas do envelhecimento (senescência), sem perdas funcionais significativas. Malsucedido: quando predominam as alterações provocadas por doenças (senilidade) associadas a perdas funcionais significativas. Envelhecimento usual: situa-se entre os dois polos, com doenças interagindo com as perdas funcionais. O paciente informa pouco sobre sua doença, seja porque a aceita como inevitável, seja por considerar seus sintomas uma consequência natural do processo de envelhecimento. O paciente esconde os sintomas ou nega a doença por não querer fazer exames ou ser internado, ou até por receio de ter gastos. O processo de envelhecimento pode alterar as manifestações clínicas de muitas doenças, por exemplo: diminuição do limiar da dor nos casos de infarto do miocárdio, abdome agudo e fratura óssea. Os tipos mais comuns de apresentações atípicas são o delirium, as quedas e a perda funcional. As doenças que mais se manifestam de maneira atípica são as infecções (pneumonias, infecções urinárias), os efeitos adversos de medicamentos (principalmente psicotrópicos) e as doenças cardiovasculares (insuficiência cardíaca, infarto agudo do miocárdio). É importante ter conhecimento dos medicamentos que o idoso faz uso, pois tanto podem interferir nas manifestações clínicas como ser responsáveis principais pelos sintomas relatados pelo paciente. Para essa verificação pode ser feito o “método da sacola”. A anamnese deve ser realizada pesquisando todos os sistemas orgânicos como no adulto jovem. Pele e fâneros A pele torna-se flácida, formando pregas nos braços, nas coxas e no abdome. Em virtude da redução do número das glândulas sudoríparas e sebáceas, a pele torna-se rugosa e seca. Os pelos do corpo diminuem, os cabelos embranquecem, podendo surgir calvície. As unhas passam a crescer mais lentamente do que nos jovens e tornam-se espessas e curvas, de modo que as unhas dos pés podem adquirir formato irregular e tamanho excepcional (onicogrifose). Os pavilhões auriculares aumentam com a idade pelo crescimento de cartilagens e acúmulo de gordura. A acuidade auditiva vai se reduzindo, predominando para sons agudos (presbiacusia). Observam-se, com frequência, hiperpigmentação, edema das pálpebras inferiores e queda das superiores (ptose palpebral). É interessante investigar se existe a presença de ulceras por pressão (escaras), comum em idosos que ficam deitados em uma posição só por muito tempo, durante o dia. Sistema Osteolocomotor É importante saber: Alterações da marcha e necessidade de uso de dispositivos auxiliares como bengala e andador. Alterações da mobilidade, flexibilidade e força muscular em membros e tronco. Episódios de quedas, avaliando o número e as situações facilitadoras ou desencadeadoras. Fadiga crônica Os ossos, as articulações e os músculos sofrem modificações importantes, incluindo perda de tecido ósseo (osteoporose), desgaste dos ossos maxilares e da mandíbula, ancilose das articulações costocondrais, fazendo com que a caixa torácica perca sua elasticidade e mobilidade. TACIANO FONTES FILHO SEMIOLOGIA – SEMANA 4, BLOCO 2, P4 – 2021.2 Semiologia do Idoso Visão Geral Anamnese, Sintomas e Sinais 59 Taciano Fontes Filho As curvaturas da coluna vertebral acentuam-se em virtude da diminuição da espessura dos discos intervertebrais. A cifose é a curvatura dorsal mais comum, e por consequência há o aumento do diâmetro anteroposterior do tórax, podendo atingir o tórax em tonel. Ocorrem, também, perdas dos arcos dos pés. Essas alterações resultam em diminuição da estatura. Os músculos atrofiam, com substituição das fibras musculares por fibras colágenas, enquanto os ligamentos perdem parte de sua força de tensão. Pode haver reabsorção óssea e alterações degenerativas da articulação temporomandibular (ATM), facilitando o deslocamento da mandíbula. Sistema Cardiovascular e Respiratório Destacam-se o endurecimento e a tortuosidade de veias e artérias, alterações que não podem ser confundidas com aterosclerose. Em virtude do aumento do diâmetro anteroposterior do tórax, fica mais difícil detectar o ictus cordis. O envelhecimento espessa a base das cúspides aórticas, a expensas de aumento do tecido fibroso, seguindo-se de calcificação, originando vibrações audíveis (sopro sistólico). No início, não há prejuízo do fluxo sanguíneo, mas, com a evolução do processo, pode surgir uma estenose aórtica verdadeira com obstrução ao fluxo de sangue. Os pulmões perdem a capacidade de retração elástica. Sistema Geniturinário É interessante investigar se apresenta incontinência urinária ou disfunções sexuais. No homem: Observa-se diminuição dos testículos, das vesículas seminais e das dimensões do pênis, que perde sua elasticidade. O volume prostático aumenta na maioria dos idosos, mas suas glândulas atrofiam-se. Na mulher: A função ovariana começa a diminuir durante a quinta década de vida da mulher, e os ciclos menstruais cessam entre 45 e 50 anos de idade. Os ligamentos que sustentam o útero afrouxam-se, favorecendo a ptose do órgão. Os lábios e o clitóris ficam menores. A vagina diminui em comprimento e largura, sua mucosa atrofia e torna-se fina e ressecada. As mamas tornam-se flácidas e pendentes, e o tecido glandular é substituído por tecido fibroso, mudando sua textura. Sistema Nervoso É importante investigar: Deficiência de memória imediata, recente e remota. Deficiência visual e auditiva Transtornos de comportamento. Tontura, vertigem e síncope. Alterações do nível de consciência. Sintomas de ansiedade e depressão Modificação do padrão do sono Traumatismos Às vezes, é difícil distinguir as alterações decorrentes do envelhecimento normal daquelas associadas às doenças mais comuns nesta fase da vida. Os reflexos podem diminuir de intensidade, e o tremor é comum. Sistema Endócrino Importante investigar: Distúrbios alimentares. Necessidade de dietas especiais Perda ou ganho de peso As glândulas submandibulares ficam mais fáceis de palpar. À medida que se envelhece, a tireoide sofre atrofia, com substituição do tecido glandular por tecido fibroso e gordura. Outras alterações O processo de envelhecimento afeta os tecidos oculares e em torno dos olhos. O globo ocular pode afundar um pouco na órbita. A pálpebra inferior pode afastar-se ou sofrer uma eversão, resultando no que se chama ectrópio. Há diminuição da secreção lacrimal com ressecamento ocular. As alterações bucais são comuns, principalmente quando não foram cultivados hábitos adequados de higiene. Sendo, assim, importante investigar afecções da cavidade oral, estado de conservação dos dentes, alterações de gengivas e mucosas, presença e adaptação de próteses, ferimentos, tumores, úlceras, dor e dificuldade ao mastigar A perda de dentes é quase inevitável nestes casos. A doença periodontal é frequente, sendo a principal causa de halitose nos idosos. 60 Taciano Fontes Filho Os objetivos da avaliação funcional são: Melhorar a precisão diagnóstica. Determinar o grau e a extensão da incapacidade (motora, mental e cognitiva). Servir de guia para a escolha de medidas que visam restaurar e preservar a saúde (farmacoterapia, fisioterapia, terapia ocupacional, psicoterapia). Identificar fatores que predispõem à iatrogenia e estabelecer medidas para sua prevenção. Estabelecer critérios para a indicação de internação einstitucionalização. Função Cognitiva O teste mais utilizado é o Miniexame do estado mental. A pontuação máxima é 30, sendo normal acima de 26 pontos. Valores abaixo de 24 indicam comprometimento cognitivo (demência) e valores entre 24 e 26 são considerados limítrofes. É importante lembrar que os resultados são influenciados pela escolaridade do paciente. São necessários pelo menos 8 anos de escolaridade para que o teste tenha valor. Quando o analfabetismo e a baixa escolaridade estão presentes, sugere-se o Questionário Resumido do Estado Mental. Para cada resposta errada conta-se 1 ponto. O máximo são 10 pontos, e a avaliação é a seguinte: 0-2: estado mental intacto 3-4: dano intelectual leve 5-7: dano intelectual moderado 8-10: dano intelectual grave Também pode ser feito a Prova do Relógio, a qual o examinador pele para o paciente desenhar um relógio e seus ponteiros, a fim de observar se é capaz de saber que horas são. Condições Emocionais Os distúrbios do humor, a angústia, a ansiedade e o luto podem contribuir para a diminuição da capacidade funcional. O idoso deprimido costuma apresentar mais alterações de memória, fadiga crônica, perda do interesse pelas atividades habituais, irritabilidade, afastamento social e somatização do que as queixas clássicas de depressão representadas por tristeza, choro fácil, pessimismo, desesperança e desejo suicida. É importante pesquisar depressão em todos os pacientes idosos, e um dos instrumentos mais utilizados é a Escala de depressão geriátrica de Yessavage: Até 5: normal 7 ou mais: depressão 11 ou mais: depressão grave Avaliação Funcional do Idoso 61 Taciano Fontes Filho Disponibilidade e adequação de suporte familiar e social É importante indagar: O paciente sente-se satisfeito e pode contar com familiares para ajudá-lo a resolver seus problemas? O paciente participa da vida familiar e oferece seu apoio quando os outros membros têm problemas? Há conflitos entre as gerações que compõem a família? As opiniões emitidas pelo paciente são acatadas e respeitadas pelos membros do núcleo familiar? O paciente aceita e respeita as opiniões dos demais membros da família? O paciente participa da vida comunitária e da sociedade em que vive? O paciente tem amigos e pode contar com eles nos momentos difíceis? O paciente apoia os seus amigos quando eles têm problemas? Um grave problema relaciona-se aos “maus tratos” (físico, psíquico, material, sexual e negligência) infligidos por familiares ou outras pessoas da sua convivência. Condições ambientais É necessário avaliar a possibilidade de introduzir modificações que podem tornar a casa mais conveniente às limitações do paciente, procurando garantir para ele o máximo de autonomia possível. Como exemplo, pode-se lembrar o fato de que um paciente com comprometimento motor pode não usar o vaso sanitário por não conseguir sentar-se e levantar-se (a simples elevação do assento resolve o problema); Ou o de que um paciente cai com frequência e se torna cada vez mais dependente porque as escadas e o piso de sua residência são inadequados (basta eliminar esses problemas para melhorar o seu estado funcional). Força Muscular, Equilíbrio e Mobilidade Deve-se quantificar a força muscular, que pode ser a causa de alterações do equilíbrio, mobilidade e dificuldade para execução de atividades da vida diária: Grau 0: nenhum movimento do músculo Grau 1: esboço de contração muscular. Grau 2: movimento completo, mas não vence a força da gravidade. Grau 3: movimento completo que vence a força da gravidade. Grau 4: movimento que vence certa resistência imposta pelo examinador. Grau 5: força normal. Para o equilíbrio e mobilidade, pode-se avaliar o Teste do levantar e andar, indispensável naqueles que sofrem quedas com frequência. Observa-se se há instabilidade postural, o tipo de marcha e o tempo de execução do teste. Idosos normais levantam-se da cadeira, caminham 3 metros e voltam em 10 s. Um teste com 30 s ou mais de duração está relacionado com incapacidade moderada e alto risco de quedas. Ademais, pode ser feito também o teste de Romberg e realizar o Índice de Tinetti, o qual vai avaliar o equilíbrio (pontua até 16) e a marcha (pontua até 12), somando no total até 28 pontos. O paciente que tenha menos que 19 pontos apresenta um grande risco de quedas. 62 Taciano Fontes Filho Capacidade para executar as atividades da vida diária Englobam todas as tarefas que uma pessoa precisa realizar para cuidar de si própria. Comer, tomar banho, vestir-se, ir ao banheiro. Deambulação com ou sem ajuda, transferência da cama para a cadeira, mobilidade na cama. Continência urinária, fecal. A incapacidade de executar essas tarefas implica alto grau de dependência. A escala de Barthel é de fácil aplicação e permite uma ampla graduação, entre máxima dependência (0 ponto) e máxima independência (100 pontos). Pacientes com pontuação abaixo de 70 necessitam de supervisão. Capacidade para executar as atividades instrumentais da vida diária Compreendem a habilidade do idoso para administrar o ambiente em que vive, incluindo procurar e preparar comida, lavar as roupas, cuidar da casa, movimentar-se fora de casa para fazer compras, ir ao médico e comparecer aos compromissos sociais. Sugerimos utilizar para esta avaliação a escala de Lawton, por ser de fácil aplicabilidade, variando de 8 pontos (total incapacidade para AIVD) até 24 pontos (total independência para AIVD). Síndrome de Imobilidade Caracterizada pela diminuição da capacidade de desempenhar atividades da vida diária devido a deterioração das funções motoras. Ou também pode ser designada como a incapacidade progressiva de deslocação do idoso no seu espaço vital até à sua confinação ao leito. Nesta situação, as escalas de Katz e a de Lawton estarão alteradas. Fatores de risco: viver sozinho, ausência de contatos sociais, luto recente, mudança de residência, diminuição sensório-motora, alterações da marcha/equilíbrio, deterioração intelectual, doenças, hospitalização recente e iatrogenia. Prevenção: programas de educação para a saúde, estimulando a atividade física, detecção de fatores de risco intrínsecos e diminuição dos riscos ambientais. Síndrome da Instabilidade É a diminuição ou perda da capacidade de manter ou restabelecer o equilíbrio, na marcha ou no repouso. São avaliados pela escala de Tinetti. Pode ser causada por alterações anatomo funcionais do envelhecimento, alterações neurológicas e neurosensoriais, alterações de marcha e do equilíbrio, patologias (aparelho locomotor, cardiovasculares, neurológicas, etc) e fármacos (como os benzodiazepínicos e os relaxantes musculares). Previne-se a queda através de exercícios físicos, da organização do leito desse paciente, do ambiente que ele se encontra, diminuindo o número de escadas, de rampas e retirando a grande maioria das coisas que possam levar esse idoso a sofrer muitas quedas. Síndrome da Incontinência Um paciente que tem incontinência urinaria ou fecal é aquele idoso que começa a não querer mais sair de casa, que começa a não querer mais ficar com a família, que vai se privando, se deprimindo e que de repente apresenta demência, é o idoso que a família muitas vezes o leva para instituições para o cuidado de idosos e acaba o abandonando. Nesses casos, é importante saber conduzir, mas primeiro para conduzir deve-se identificar quais são as possíveis causas, para depois ver as consequências disso, que são: infecções, estados depressivos, aumento do custo com os cuidados e rejeição familiar. As causas podem ser o próprio envelhecimento, mas podem ser doenças urológicas, ginecológicas, neurológicas, cardiovasculares, metabólicas ou usode alguns fármacos. Síndrome da Insuficiência Cerebral Essa é a síndrome que é menos comum, está muito relacionada ao quadro de desorientação, de confusões mentais e diminuição cognitiva, alterações de linguagem e agitação psicomotora. Síndromes Geriátricas 63 Taciano Fontes Filho Esse é o paciente que tem que ser tratado junto com o neurologista. Síndrome Iatrogênica Essa é a síndrome do idoso que faz uso desorganizado de muitos medicamentos, essa síndrome faz com que esse idoso que era pra tomar medicação uma vez ao dia comece a tomar 3 vezes ao dia, comece a ter episódios de hipoglicemia, hipotensão, sinais de doenças gastresofágicas em virtude do uso exagerado de remédios e pode começar a ter episódios de queda. A síndrome de iatrogenia pode levar a qualquer uma das outras síndromes. O uso de alguns medicamentos pode aumentar a diurese, pode fazer incontinência fecal e pode levar a várias outras doenças. Síndrome da Fragilidade É uma situação de enfraquecimento físico generalizado, mesmo na ausência de doenças agudas ou crônicas. Caracterizado por: perda de peso, perda de massa muscular, diminuição da força, lentidão dos movimentos e diminuição da capacidade de fazer pequenas atividades físicas. 64 Semiologia Porto & Porto. Semiologia Médica 7° edição. Guanabara Koogan, 2014. Porto & Porto.. Exame Clínico (Portinho). 8° edição. Guanabra Koogan, 2017. 65Taciano Fontes Filho Obesidade: IMC de 30 a 39,99 kg/m2 Obesidade mórbida: IMC acima de 40 kg/m2 Circunferência abdominal: Útil na avaliação de risco de doença, pois o excesso de gordura abdominal está relacionado com alterações metabólicas. Obesidade central (tipo android): Dá a morfologia corporal a forma de maçã, tendo relação com o acúmulo de gordura visceral. Comum em homens. Obesidade periférica (tipo ginecoide): O corpo lembra a forma de uma pera, caracterizado pelo TACIANO FONTES FILHO SEMIOLOGIA – SEMANA 2, BLOCO 1, P4 – 2021.2 Exame Físico Geral Semiotécnica 9 Taciano Fontes Filho acúmulo de gordura nos quadris e nas coxas. Comum em mulheres. Avaliação do estado geral de nutrição O estado de nutrição deve ser sistematicamente avaliado de acordo com os seguintes parâmetros: Peso; Musculatura; Panículo adiposo; Desenvolvimento físico; Estado geral; Pele, pelos e olhos; No estado de nutrição normal, os elementos antes referidos se encontram nos limites normais. Obesidade ou sobrepeso é a designação clínica para o excesso de peso decorrente do acúmulo de gordura. Hiponutrição ou desnutrição é uma condição na qual o peso está abaixo dos valores mínimos normais, a musculatura é hipotrófica e o panículo adiposo escasso. Magreza: abaixo do peso mínimo, pode ser constitucional (genético) ou patológica (doente). Caquexia: extrema magreza. Desenvolvimento físico Avalia-se por meio da altura e da estrutura somática. Os achados podem ser enquadrados nas seguintes alternativas: Desenvolvimento normal; Hiperdesenvolvimento: gigantismo Hipodesenvolvimento: nanismo Hábito grácil corresponde à constituição corporal frágil e delgada. Infantilismo: refere-se à persistência anormal das características infantis na idade adulta. Fácies É o conjunto de dados exibidos na face do paciente: os elementos estáticos, a expressão do olhar, os movimentos das asas do nariz e a posição da boca. Os principais tipos de fácies são: Fácies normal ou atípica: sinais indicativos de tristeza, ansiedade, medo, indiferença, apreensão. Fácies hipocrática: olhos fundos, parados e inexpressivos, sudorese, palidez cutânea e cianose labial. Indica uma doença grave. Fácies renal: caracteriza-se pelo edema que predomina ao redor dos olhos. É observada nas doenças difusas dos rins. Fácies leonina: as alterações que a compõem são produzidas pelas lesões da hanseníase. Fácies adenoidiana: nariz pequeno e afilado e a boca sempre entreaberta. Presente em portadores de adenoides hipertrofiadas. Fácies parkinsoniana: a cabeça inclina-se um pouco para frente e permanece imóvel nesta posição. Fácies basedowiana: olhos salientes (exoftalmia) e brilhantes, destacando-se sobremaneira no rosto magro. Indica hipertiroidismo. Fácies mixedematosa: constituída por um rosto arredondado, nariz e lábios grossos, pele seca, espessada e com acentuação de seus sulcos. Aparece em hipotireoidismo ou mixedema. Fácies acromegálica; Fácies cushingoide ou de lua cheia; Fácies mongoloide; Fácies de depressão; Fácies pseudobulbar: súbitas crises de choro ou riso; Fácies de paralisia facial periférica; Fácies miastênica ou de Hutchinson: ptose palpebral bilateral; Fácies do deficiente mental; Fácies etílica; Fácies esclerodérmica: a quase completa imobilidade facial. Atitude e decúbito preferido no leito Atitude define-se como a posição adotada por comodidade, hábito ou com o objetivo de conseguir alívio para algum padecimento. Atitudes voluntárias: Ortopneica: Ele permanece sentado à beira do leito para aliviar a falta de ar decorrente de insuficiência cardíaca, asma brônquica e ascites volumosas. Genupeitoral: posiciona-se de joelhos com o tronco fletido sobre as coxas, enquanto a face anterior do tórax (peito) põe-se em contato com o solo ou colchão. O rosto descansa sobre as mãos, que também ficam apoiadas no solo ou colchão. Essa posição facilita o enchimento do coração nos casos de derrame pericárdico. Posição de cócoras: é observada em crianças com cardiopatia congênita cianótica. Parkinsoniana: ao se pôr de pé, apresenta semiflexão da cabeça, tronco e membros inferiores e, ao caminhar. Decúbito: Lateral (D ou E): dor de origem pleurítica. Ele se deita sobre o lado da dor. 10 Taciano Fontes Filho Dorsal: processos inflamatórios pelviperitoneais. Ventral: portadores de cólica intestinal. Atitudes Involuntárias: Passiva: observada nos pacientes inconscientes ou comatosos. Ortótono: tronco e os membros estão rígidos, sem se curvarem. Opistótono: contratura da musculatura lombar, emborcando-se como arco, sendo observada nos casos de tétano e meningite. Emprostótono: concavidade voltada pra frente, contrário do opistótono, observado no tétano, na meningite e na raiva. Pleurostótono: o corpo se curva lateralmente, observado no tétano, na meningite e na raiva. Posição em gatilho: hiperextensão da cabeça, flexão das pernas sobre as coxas e encurvamento do tronco com concavidade para diante. Encontrada em irritação meníngea. Torcicolo e mão pêndula da paralisia radial; Musculatura Para a sua investigação semiológica, empregam -se a inspeção e a palpação. Assim procedendo, conseguem-se informações quanto à: Troficidade: musculatura normal, hipertrófica e hipotrófica. Tonicidade: tônus normal, hipertonicidade (espasticidade ou rigidez) e hipotonicidade (flacidez) Movimentos Involuntários Os principais são: Tremores; Mov. Coreicos: movimentos amplos, desordenados, de ocorrência inesperada e arrítmicos, multiformes e sem finalidade. Manifestação da Síndrome Coreica. Mov. Atestósicos: ocorrem nas extremidades e são lentos e estereotipados, lembrando tentáculos do polvo. Atetose são as lesões dos núcleos da base. Hemibalismo: movimentos abruptos, violentos, de grande amplitude, rápidos e geralmente limitados a uma metade do corpo. Decorrem de lesões extrapiramidais. Mioclonias: musculares breves, rítmicas ou arrítmicas, localizadas ou difusas, presentes na epilepsia tipo pequeno mal. Mioquinias: contrações fibrilares de tipo ondulatório que surgem em músculos íntegros, principalmente no orbicular das pálpebras, quadríceps e gêmeos. Asterix (flapping): movimentos rápidos, de amplitude variável, que ocorrem nos segmentos distais e apresentam certa semelhança com o bater de asas das aves. Tiques: motores (simples e complexos) e vocais (tônicas, clônicas e tônico-clônicas). Convulsão; Tetania; Fasciculações: contrações breves, arrítmicas e limitadas a um feixe muscular. Não devem ser confundidas com as mioquínias. Discinesias orofaciais; Distonias: são parecidos com os atetoides, mas costumam envolver porções maiores do corpo. Circulação colateral Significa a presença de circuito venoso anormal visível ao exame da pele. A circulação colateral deve ser analisada sob os seguintes aspectos: Localização, direção do fluxo sanguíneo e existência de frêmito e/ou sopro. Edema Do ponto de vista semiológico interessa-nos apenas o edema cutâneo, ou seja, a infiltração de líquido no espaço intersticial dos tecidos que constituem a pele e a tela celular subcutânea. A investigação semiológica do edema tem início na anamnese, quando se indaga sobre tempo de duração, localização e evolução. No exame físico completa-se a análise, investigando-se os seguintes parâmetros: Localização e distribuição: localizado ou generalizado. Intensidade: é estabelecida de acordo com profundidade da fóvea, graduada em cruzes. Consistência: mole ou dura. Elasticidade: elástico ou inelástico. Temperatura da pele circunjacente: normal, quente (inflamatório) ou frio (comprometimento da irrigação sanguínea na área). Sensibilidade da pele circunjacente: doloroso(inflamação) ou indolor. Outras alterações da pele adjacente. Temperatura corporal Temperatura axilar normal: 35,5 a 37 ºC, com média de 36 a 36,5 ºC; Temperatura bucal: 36 a 37,4 ºC Temperatura retal: 36 a 37,5 ºC. Febre: deve-se analisar os seguintes pontos: Início: súbito ou gradual; 11 Taciano Fontes Filho Intensidade: leve (37,5 ºC), moderada (38,5ºC) e alta. Duração; Modo de evolução; Término Postura ou atitude na posição do pé Pode ser classificado em: Boa postura; Postura sofrível; Má postura; Biotipo ou tipo morfológico Longilíneo: Pessoa alta e magra; Musculatura delgada e do panículo adiposo pouco desenvolvido; Os membros são maiores que o tronco. Mediolíneo: É o intermediário; Desenvolvimento harmônico na musculatura e do panículo adiposo. Brevilíneo: Pessoa baixa e gorda; Musculatura desenvolvida e panículo adiposo espesso; Tórax alargado e volumoso. Marcha Pode sofrer variações em relação a particularidades individuais ("cada pessoa tem seu jeito característico de andar"), ou em razão de distúrbios do aparelho locomotor. Com o envelhecimento, a marcha também pode alterar-se, mesmo na ausência de qualquer doença. Mucosas, pele e fâneros Alterações na coloração da pele: Cianose: pode ser central ou periférica; Icterícia: coloração amarelada da mucosa (oculosa ou na conjuntiva). Palidez cutânea das mucosas; Mucosas normocoradas Lesões elementares Sensibilidade na pele Frequência respiratória Eupneia: FR entre 12 e 18 ipm Taquipneia: FR maior de 18 ipm. Bradipneia: FR menor de 12 ipm. Obs: Dispneia é a dificuldade de respirar. Frequência cardíaca Normocardico: 60 a 100/110 bpm Bradicárdico Taquicárdico Na avaliação é importante dizer qual o pulso avaliado, normalmente é o radial. Pressão arterial Sistólica normal: 100-120 mmHg Diastólica normal: 70-80 mmHg Podem ser: hipotenso, normotenso e hipertenso 12 Taciano Fontes Filho TACIANO FONTES FILHO SEMIOLOGIA – SEMANA 3, BLOCO 1, P4 – 2021.2 Identificação Idade: Existem malformações congênitas ligadas diretamente ao sistema respiratório ou com repercussão sobre ele, como atresia do esôfago e fístulas. Sexo: devido a exposição ocupacional e pelo tabagismo o homem têm mais risco de desenvolver certas doenças respiratórias. Cor da pele: a tuberculose e a sarcoidose predominam entre os negros. As colagenases entre os caucasianos. Procedência, profissão e ocupação: nas regiões mais industrializadas há uma prevalência de pneumoconioses. Antecedentes pessoais e familiares Infecções pulmonares graves e extensas na infância ou juventude podem reduzir as reservas respiratórias, em razão da fibrose pulmonar. Antecedentes traumáticos, com ou sem fraturas, podem causar pneumotórax, hemotórax ou hérnias diafragmática. Indivíduos com passado alérgico, eczema, desidrose, dermatite seborreica e conjuntivite primaveril podem vir a apresentar rinite alérgica, bronquite, asma e edema angioneurótico. As doenças autoimunes possuem manifestações pulmonares bem conhecidas. Diabéticos são vulneráveis à tuberculose. O uso de corticoides, imunodepressores e antibióticos prescritos indiscriminadamente e em doses elevadas faz suspeitar da existência de agentes oportunistas. Paciente mastectomizada pode apresentar, anos mais tarde, um nódulo de natureza maligna, seguido de derrame pleural. Hábitos da vida O tabagismo apresenta relações diretas com a bronquite, a asma, o enfisema e o carcinoma brônquico. O etilismo é fator decisivo na eclosão de determinadas pneumonias. Pacientes que fazem da nebulização um hábito, correm maior risco de exacerbar a atividade de certas bactérias. Superdose de heroína provoca edema pulmonar. Interrogatório sintomatológico A indagação metódica de todos os sintomas pode ser necessária para que possamos esclarecer se estamos diante de uma doença primitivamente pulmonar ou se o pulmão está funcionando como espelho de uma doença geral. Por exemplo: Sinusite e cefaleia na bronquite crônica; Sinubronquite, rinite crônica e conjuntivite na asma alérgica; Insuficiência cardíaca provocando edema pulmonar; Dor torácica É importante descrevê-la bem com relação à localização, irradiação e referência. Causas mais comuns: Isquemia do miocárdio manifestada pelo quadro de angina do peito ou de infarto do miocárdio; Pleurites Alterações musculoesqueléticas; Disfunções do esôfago; Afecções pericárdicas. Tosse Os estímulos podem ser de natureza: Inflamatória: hiperemia, edema, secreções e ulcerações; Mecânica: poeira, corpo estranho, aumento ou diminuição da pressão pleural; Química: gases irritantes; Térmica: frio ou calor excessivo. Sua investigação clínica inclui: Frequência, intensidade, tonalidade, existência ou não de expectoração, relações com o decúbito, período do dia em que é maior sua intensidade. Tipos de Tosse: Produtiva ou úmida: acompanhada de secreção; Seca: apenas irritação das vias respiratórias; Quintosa: Surge em acesso, com intervalos curtos de acalmia, acompanhada de vômitos e sensação de asfixia. Síncope: Após crise intensa, resulta na perda de consciência. Sistema Respiratório Anamnese Sintomas e Sinais 13 Taciano Fontes Filho Bitonal: Deve-se a paresia ou paralisia de uma das cordas vocais. Rouca: própria da laringite crônica, comum nos tabagistas Reprimida: É aquela que o paciente evita, em razão da dor torácica ou abdominal que ela provoca. Características semiológicas da tosse: 1. Há quanto tempo apresenta a tosse? 2. Foi súbita ou gradual? 3. Qual o período do dia que é pior? 4. A tosse é diária ou sazonal? 5. Tosse seca ou produtiva? (qual a característica do escarro (seroso, mucoso, purulento, hemoptoico) 6. Qualidade da tosse? (Rouca, reprimida, etc) 7. A tosse piora ao decúbito? 8. Sintomas de IVAS (infecções agudas de via aérea) prévio? Pigarro? 9. É acompanhada de febre, dor torácica ou dispneia? 10. É acompanhada de edema ou aumento do volume abdominal? 11. É acompanhada de regurgitação ou pós-alimentar? Duração: Aguda (8 semanas): Subaguda + DPOC, IC, Tuberculose pulmonar, Carcinoma broncogênico. Sazonal: asma Expectoração Costuma ser consequência da tosse. As características semiológicas da expectoração compreendem o volume, a cor, a transparência e a consistência. Escarro seroso: expectoração do edema pulmonar agudo, rico em espuma. Escarro mucoide: expectoração do asmático, com alta viscosidade. Escarro purulento: Sinal de infecção, por exemplo em bronquite crônica. Escarro hemoptoico: Contém sangue na secreção. É característico de tuberculose pulmonar. Hemoptise Eliminação de sangue pela boca, podendo estar relacionado com hemorragias brônquicas ou alveolares. Em adultos fumantes, pode ser uma lesão grave brônquica maligna. Em jovem aparentemente saudável, possibilita um diagnóstico precoce da tuberculose. Na infância, pode ser uma pneumonia bacteriana ou corpos estranhos. Em paciente submetidos a intervenção cirúrgica recente faz pensar em embolia pulmonar. Importante diferenciar de: Epistaxes: são devidas a traumatismo, manipulações e espirros. Hematêmese: o sangue eliminado tem aspecto de borra de café com odor ácido, podendo conter ou não restos de alimentos. Vômica É a eliminação mais ou menos brusca, através da glote, de uma quantidade abundante de pus ou líquido de outra natureza. Tem como causa comum: o abscesso pulmonar, o empiema, as mediastinites supuradas e o abscesso subfrênico. Dispneia É a dificuldadepara respirar, podendo o paciente ter ou não consciência desse estado. Relacionando a dispneia com as atividades físicas, pode-se classificá-la em dispneia aos grandes, médios e pequenos esforços. Dispneia de repouso é a dificuldade respiratória mesmo em repouso. A dispneia pode acompanhar- se de taquipneia (frequência aumentada) ou hiperpneia (amplitude aumentada). Ortopneia é a dispneia que impede o paciente de ficar deitado e o obriga a sentar-se ou a ficar de pé para obter algum alívio. Comum em pacientes com insuficiência cardíaca e disfunções no diafragma. Trepopneia é a dispneia que aparece em determinado decúbito lateral, como acontece nos pacientes com derrame pleural que se deitam sobre o lado são. Causas da dispneia: Atmosféricas: quando a composição atmosférica for pobre em oxigênio ou estiver diminuída. Obstrutivas: quando a faringe ou bronquíolos sofrem redução de calibre. Pode ser brônquica, laríngea e da traqueia. Pleurais: provoca dor que aumenta com a inspiração. Parenquimatosas: todas as afecções que possam reduzir a área de hematose de modo intenso. Toracopulmonares: alterações que reduzem a sua elasticidade e sua movimentação, provocando assimetria entre os hemitórax. Diafragmáticas: causado principalmente por paralisia, hérnias e elevações uni ou bilaterais. Cardíaca: sua insuficiência causa congestão passiva que causa no pulmão. 14 Taciano Fontes Filho Teciduais: resposta fisiológica. Ligadas ao SNC: causas psicogênicas ou alterações do ritmo respiratório. Características semiológicas da dispneia 1. Há quanto tempo apresenta dispneia? 2. Foi súbita ou gradual? 3. Quando o período do dia é pior? 4. A dispneia é diária (persistentes) ou ocorre em crises intermitentes? 5. A dispneia é relacionada aos esforços? (escala de dispneia) 6. Dispneia piora ao deitar e melhora ao sentar? (ortopneia) 7. Dispneia piora ao sentar e melhora ao deitar? (platipneia) 8. Dispneia piora em algum decúbito lateral? (trepopneia) 9. É acompanhada de febre, dor torácica, chieira ou tosse? 10. É acompanhada de edema ou aumento do volume abdominal? 11. É acompanhada de regurgitação ou pós-alimentar? Sibilância Chiado ou “chiadeira” predominante na fase expiratória da respiração, quase sempre acompanhado de dispneia O chiado resulta da redução da árvore brônquica, devida principalmente a espasmo. As principais causas brônquicas e pulmonares de sibilos são a asma, a bronquite aguda e crônica, os infiltrados eosinofílicos, a tuberculose brônquica, as neoplasias malignas e benignas, as embolias pulmonares, certos fármacos colinérgicos, bloqueadores beta-adrenérgicos, inalantes químicos, vegetais e animais. Rouquidão ou disfonia Mudança do timbre da voz traduz alteração na dinâmica das cordas vocais As lesões das cordas vocais podem ser laríngeas ou extralaríngeas. Cornagem É a dificuldade inspiratória por redução do calibre das vias respiratórias superiores, na altura da laringe, e que se manifesta por um ruído (estridor) e tiragem. O paciente, para facilitar a entrada do ar, desloca a cabeça para trás, em extensão forçada. As causas mais comuns são a laringite, a difteria, o edema da glote e os corpos estranhos. Na inspeção estática examinam-se a forma do tórax e suas anomalias congênitas ou adquiridas, localizadas ou difusas, simétricas ou não. Na inspeção dinâmica observam-se os movimentos respiratórios, suas características e alterações. Na pele observam-se a coloração e o grau de hidratação, bem como se há lesões elementares sólidas, correlacionando-as com as doenças pulmonares. A contratura da musculatura paravertebral torácica unilateral constitui o sinal de Ramond, que denuncia o comprometimento pleural inflamatório homolateral. O sinal de Lemos Torres, caracterizado pelo abaulamento dos espaços intercostais durante a expiração, é sinal fidedigno de derrame pleural. Tipos de tórax Chato ou plano: encontra-se em alguns portadores de doença pulmonar crônica. Em tonel ou globoso: Observado nos enfisematosos do tipo PP. No processo natural de envelhecimento, pode-se verificar o esboço desse tórax. Infundibuliforme: em geral, de natureza congênita. Cariniforme: Assemelha-se ao tórax do pombo. Pode ser de origem congênita ou adquirida com o raquitismo na infância. Cônico ou em sino: encontrado nas hepatoesplenomegalias e ascites volumosas. Cifótico: Pode ser de origem congênita, resultar de postura defeituosa, tuberculose óssea (mal de pott), osteomielite ou neoplasias. Cifoescoliótico: É uma cifose mais um desvio da coluna (escoliose); Tipos respiratórios Para o reconhecimento do tipo respiratório, observar a movimentação do tórax e do abdome, Inspeção 15 Taciano Fontes Filho com o objetivo de reconhecer em que regiões os movimentos são mais amplos. Em pessoas sadias, na posição sentada ou de pé, predomina a respiração torácica ou costal. Enquanto que deitado predomina a diafragmática. A observação do tipo respiratório tem importância no diagnóstico da fadiga e da paralisia diafragmática, condições em que a parede abdominal tende a se retrair na inspiração, ao contrário do que ocorre na respiração diafragmática normal. Ritmo respiratório Normalmente a inspiração dura quase o mesmo tempo que a expiração. Respiração de Cheyne-Stokes: frequente na insuficiência cardíaca, na hipertensão intracraniana, nos acidentes vasculares cerebrais e nos traumatismos cranioencefálicos. Respiração de Biot: as causas desse ritmo são as mesmas da respiração de Cheyne-Stokes. Respiração de Kussmaul: acidose, principalmente diabética, é a sua causa principal. Respiração suspirosa: Traduz tensão emocional e ansiedade. Dispneia: Demanda ventilatória excessiva, por causas multifatoriais, podendo ser metabólico, cardiovasculares, asma, broncoespasmos. Além de complementar a inspeção, avaliando a mobilidade da caixa torácica, a palpação torna possível que lesões superficiais sejam mais bem examinadas quanto a sua forma, seu volume e sua consistência. Expansibilidade Expansibilidade dos ápices pulmonares e das bases pulmonares. Médico fica atrás do paciente em posição sentada que deve respirar profunda e pausadamente. Útil na identificação dos processos localizados nas bases e que reduzem a mobilidade da região Frêmito Toracovocal (FTV) São vibrações das cordas vocais transmitidas à parede torácica. Fazer o paciente pronunciar “trinta e três”. Para a palpação da face posterior do tórax, o médico deve colocar-se à esquerda do paciente usando sua mão direita, deslocando de cima para baixo. A seguir, passa para diante e à direita do paciente, apoiando a mão sobre o hemitórax esquerdo e direito, alternadamente, seguindo a linha médio- esternal de cima para baixo. Há redução ou abolição do FTV: Em derrames pleurais líquidos ou gasosos, por afastarem o pulmão da parede torácica, dificultando a transmissão da vibração. Obstrução dos brônquios (atelectasia), o som não consegue se propagar. Há aumento do FTV: Nas condensações pulmonares, pois a consolidação do parênquima facilita a transmissão da vibração. Frêmitos brônquico e pleural Frêmito brônquico: equivalente tátil dos estertores. Frêmito pleural: resulta da sensação tátil do ruído de atrito provocado pelas duas superfícies rugosas Palpação 16 Taciano Fontes Filho dos folhetos pleurais e que muitas vezes precede os derrames. Deve-se iniciar a percussão do tórax despido pela sua face posterior, de cima para baixo. Ficando o médico atrás e à esquerda do paciente. Percute-se separadamente cada hemitórax. Em uma segunda etapa, percutir comparativa e simetricamente as várias regiões. Quatro tonalidades de som são obtidas: Somclaro pulmonar: nas regiões de projeção dos pulmões. Som timpânico: no espaço de Traube. Som submaciço: na região inferior do esterno. Som maciço: na região inframamária direita (macicez hepática) e na região precordial. Algumas condições podem alterar a nitidez ou percepção do som: Obesidades, massas musculares hipertrofiadas e edema: submaciço ou maciço. Derrame pleural: macicez na região infraescapular e na área de projeção dos seios diafragmáticos costovertebrais posteriores. Hidropneumotórax: Quando além de líquido há ar na cavidade pleural. Acima da área de macicez encontra-se timpanismo. Pneumotórax: som timpânico devido à presença de ar na cavidade pleural. O paciente deve estar com o tórax despido e respirar pausada e profundamente, com a boca entreaberta, sem fazer ruído, e tussa várias vezes. A ausculta se inicia pela face posterior do tórax, passando, a seguir, para as faces laterais e anterior. Deve-se ter em mente que os limites dos pulmões estão aproximadamente a quatro dedos transversos abaixo da ponta da omoplata. Os pontos de ausculta são os mesmos dos pontos de percussão. Sons respiratórios normais Som Traqueal: som inspiratório curto com som expiratório mais prolongado, havendo um intervalo silencioso entre as duas fases da respiração. Som Brônquico: assemelha-se ao som traqueal, mas o componente expiratório é menos intenso. Murmúrio vesicular: O murmúrio vesicular é mais fraco e suave do que o som brônquico. Ruídos respiratórios ouvidos na maior parte do tórax. Diminuição do MV: presença de ar (pneumotórax), líquido (hidrotórax) ou tecido sólido (espessamento pleural) na cavidade pleural; enfisema pulmonar, dor torácica de qualquer etiologia que impeça ou diminua a movimentação do tórax, obstrução das vias respiratórias superiores (espasmo ou edema da glote, obstrução da traqueia), oclusão parcial ou total de brônquios ou bronquíolos. Prolongamento da fase expiratória do MV: aparece na asma brônquica, no enfisema e na bronquite espastiforme e traduz de modo objetivo a dificuldade de saída do ar. Som broncovesicular: Características do som brônquico + do murmúrio vesicular. Esse tipo de som surge quando há área lesionada com alvéolos mais ou menos normais capazes de originar som do tipo vesicular. Sons ou ruídos anormais descontínuos São representados pelos estertores, que são ruídos audíveis na inspiração ou na expiração, superpondo-se aos sons respiratórios normais. Estertores finos ou crepitantes: podem estar presentes na pneumonia e na congestão pulmonar da insuficiência ventricular esquerda, ou em doenças intersticiais pulmonares. Estertores grossos ou bolhosos: São comuns na bronquite crônica e nas bronquiectasias. Indicam presença de conteúdo líquido ou inflamatório nas vias aéreas. Sons ou ruídos anormais contínuos Roncos: constituídos por sons graves, formados de baixa frequência. Sugerem secreção nas vias aéreas. Sibilos: constituído por sons agudos, formados por ondas de alta frequência. Presentes quando há estreitamento dos ductos brônquicos por espasmos ou edema. Como ocorre na asma brônquica, nas bronquites, nas bronquiectasias e nas obstruções localizadas. Aparecem na inspiração e predominantemente na expiração. Surgem e desaparecem em curto período de tempo, são mutáveis e fugazes. Percussão Ausculta 17 Taciano Fontes Filho Estridor: produzido pela semiobstrução da laringe ou da traqueia. Pode aparecer na difteria, laringites agudas, câncer de laringe e estenose da traqueia. Sopros: Tem o sopro normal e o patológicos, quando o pulmão perde sua textura normal, como nas pneumonias bacterianas e no pneumotórax hipertensivo. Atrito pleural: Presente nos casos de pleurites, mais intensos nas inspirações. Tem como causa principal a pleurite seca, e a instalação de derrame pleural determina seu desaparecimento. Ausculta da voz Auscultam-se a voz nitidamente pronunciada e a voz cochichada através da pronúncia das palavras “trinta e três”. Constituem o que se chama ressonância vocal: em condições normais, a voz falada e a cochichada são incompreensíveis. Condições de alteração da ressonância vocal: Transmissão facilitada (broncofonia): quando está consolidado, com pneumonia ou infarto pulmonar, causa inflamatórias, neoplásicas ou pericavitária. Diminuição da ressonância vocal: na atelectasia, no espessamento pleural e nos derrames. Na ausculta podem-se observar: Broncofonia: Ausculta-se a voz sem nitidez. Pectorilóquia fônica: ausculta-se a voz nitidamente. Pectorilóquia afônica: ausculta-se a voz mesmo se cochichada. Egofonia: uma forma especial de broncofonia, aparece na parte superior dos derrames pleurais e na condensação pulmonar. Síndromes Brônquicas Asma brônquica: Caracterizada por sibilos, roncos e/ou estertores grossos. Inspeção e palpação podem estar normais. Pode haver aumento da FR. Pode haver redução bilateral da expansibilidade se o paciente estiver hiperinsuflado (asma em crise). Nesse caso haverá também hipersonoridade, redução do frêmito toracovocal e do murmúrio vesicular bilateralmente. Bronquite crônica da DPOC: Caracterizada por excessiva secreção de muco na árvore brônquica. Presença de tosse com expectoração mucopurulenta de pequeno volume. Presença de estertores grossos disseminados em ambos o hemitórax. Roncos e sibilos são frequentes. Pode-se encontrar redução bilateral da expansibilidade, hipersonoridade e redução do frêmito toracovocal e do murmúrio vesicular nos indivíduos com enfisema associado. Bronquiectasia: Dilatação irreversível dos brônquios, que comprometem segmentos, lobos pulmonares em ambos os pulmões. Apresenta tosse produtiva, com expectoração mucopurulenta abundante, principalmente pela manhã. Hemoptises são frequentes. Com o aumento da bronquiectasia, a inspeção pode revelar anormalidades, como aumento da frequência respiratória e redução da expansibilidade, e diminuição no frêmito toracovocal, devido à broncoconstrição associada. Nessa situação pode haver hipersonoridade à percussão e redução do murmúrio vesicular. Infecções brônquicas: Bronquite aguda geralmente causada por vírus, comprometendo as vias respiratórias. Presença de sintomas gerais (febre, cefaléia), rouquidão, tosse seca, seguida após alguns dias de expectoração mucosa. A inspeção, palpação e percussão, nada de anormal se observa. Na ausculta, o principal achado são estertores grossos em ambos os pulmões. Podem-se ouvir, também, roncos e sibilos esparsos, inconstantes. Síndrome Brônquica: Sintomas: podem ou não ter dispneia e tosse. Inspeção: dispneia, tórax em posição de inspiração profunda e tiragem. Palpação: frêmito toracovocal normal ou diminuído. Percussão: normal ou hipersonoridade. Ausculta: diminuição do murmúrio vesicular com expiração prolongada, sibilos predominantemente expiratórios em ambos os campos pulmonares. Pode haver roncos e estertores grossos. Síndromes Parenquimatosas Síndrome de consolidação pulmonar: Caracteriza-se pela ocupação dos espaços alveolares por células e exsudato. Síndromes Broncopulmonares e Pleurais 18 Taciano Fontes Filho Sintomas: tosse produtiva, dispnéia, dor torácica. ○ Quando há expectoração, é comum achados de sangue misturado com muco ou pus (expectoração hemoptoica). Inspeção: expansibilidade diminuída. Palpação: expansibilidade diminuída e frêmito toracovocal aumentado. Percussão: submacicez ou macicez. Ausculta: respiração brônquica substituindo o murmúrio vesicular, sopro tubário, broncofonia ou egofonia, pectorilóquia e estertores finos. Atelectasia: Tem como elemento principal o desaparecimento de ar dos alvéolos sem que o espaço alveolar seja ocupado porcélulas ou exsudato. As causas mais comuns são as neoplasias e os corpos estranhos que ocluem o lúmen dos brônquios. Sintomas: dispneia, tosse seca. Inspeção: retração do hemitórax e tiragem. Palpação: expansibilidade diminuída e frêmito toracovocal diminuído ou abolido. Percussão: submacicez ou macicez. Ausculta: som broncovesicular. Ressonância vocal diminuída Enfisema Pulmonar: Hiperaeração como resultado da alteração anatômica anormal dos espaços aéreos distais ao bronquíolo terminal. Sintomas: dispneia. Inspeção: expansibilidade diminuída e tórax em tonel nos casos avançados. Palpação: expansibilidade diminuída, frêmito toracovocal diminuído. Percussão: sonoridade pulmonar normal no início e hipersonoridade à medida que a enfermidade se agrava. Ausculta: murmúrio vesicular diminuído. Fase expiratória prolongada. Ressonância vocal diminuída. Congestão passiva dos pulmões: Edema pulmonar, tem como principais causas a insuficiência ventricular esquerda e a estenose mitral. Sintomas: dispneia, ortopneia, tosse seca ou com expectoração rósea e sibilância eventualmente. Inspeção: expansibilidade normal ou diminuída. Palpação: frêmito toracovocal normal ou aumentado. Percussão: submacicez nas bases pulmonares. Ausculta: estertores finos nas bases dos pulmões (principal achado). Prolongamento do componente expiratório quando há broncospasmo. Ressonância vocal normal. Escavação ou caverna pulmonar: São consequências de eliminação de parênquima em uma área que sofreu necrobiose. Uma das principais causas é a tuberculose. Sintomas: tosse seca com expectoração purulenta ou hemóptica. Inspeção: expansibilidade diminuída na região afetada. Palpação: frêmito toracovocal aumentado (se houver secreção). Percussão: sonoridade normal ou som timpânico Ausculta: som broncovesicular ou brônquico no lugar do murmúrio vesicular, ressonância vocal aumentada ou pectorilóquia. Síndrome pleurais Síndrome pleurítica: É a inflamação dos folhetos pleurais. Caracterizada pela presença do atrito pleural. Pode ocorrer em tuberculoses, pneumonias, moléstia reumática e outras colagenoses, viroses e as neoplasias da pleura e pulmão. Pode evoluir para síndrome de derrame pleural à medida que a inflamação evolui com produção de líquido que se acumula no espaço pleural. ○ Essa evolução também causa do desaparecimento da dor pleurítica e do atrito pleural. Sintomas: dor torácica ventilatória dependente. Inspeção: expansibilidade diminuída. Palpação: expansibilidade e frêmito toracovocal diminuídos. Percussão: sonoridade normal ou submacicez. Ausculta: atrito pleural. Síndrome do derrame pleural: Observado nas pleurites, pneumonias, neoplasias, colagenoses, síndrome nefrótica e na insuficiência cardíaca. Sintomas: dispneia, tosse, dor torácica ○ A dispneia tem a intensidade dependente do volume do líquido acumulado. Inspeção: expansibilidade diminuída. Palpação: expansibilidade diminuída e frêmito toracovocal abolido na área do derrame e aumentado na área do pulmão em contato com o líquido pleural. Percussão: macicez. Ausculta: murmúrio vesicular abolido na área do derrame, egofonia e estertores finos na área do pulmão em contato com o líquido pleural na parte mais alta do derrame. Síndrome pleural aérea ou de pneumotórax: 19 Taciano Fontes Filho Acúmulo de ar no espaço pleural, que penetra através de lesão traumática, ruptura de bolha subpleural, ou em certas afecções pulmonares que põem em comunicação um ducto com o espaço pleural. Em casos de tuberculose, pneumoconiose e neoplasias. Sintomas: dispneia, dor torácica Inspeção: normal ou abaulamento dos espaços intercostais quando a quantidade de ar é grande. Palpação: expansibilidade e frêmito toracovocal diminuídos. Percussão: hipersonoridade ou som timpânico, sendo este o dado que mais chama a atenção. Ausculta: murmúrio vesicular diminuído. Ressonância vocal diminuída 20 Taciano Fontes Filho TACIANO FONTES FILHO SEMIOLOGIA – SEMANA 4, BLOCO 1, P4 – 2021.2 Com relação à idade: Crianças e jovens: anomalias congênitas e episódios de moléstias reumáticas. 20-50 anos: doença de Chagas e a HA. >50 anos: a doença arterial coronariana (angina de peito e infarto agudo do miocárdio). Quanto ao sexo: Mulheres jovens: lesões mitrais; Homens >45 anos: aterosclerose coronariana. Com relação ao fator racial, os negros tem mais propensão de ter anemia falciforme e hipertensão. Com relação a sua profissão, é interessante observar se ela oferece um intenso esforço físico ou o fator emocional envolvido. A naturalidade e o local de residência relacionam- se com as doenças endêmicas, como doença de Chagas. Dentre os antecedentes pessoais, destacam-se a relação entre as infecções estreptocócicas, e as lesões orovalvares de etiologia reumática. Além de investigar problemas renais, alimentação rica em lipídios e perturbações emocionais. A análise dos antecedentes familiares deve ser feita devido à influência genética com relação a HA e a cardiopatia isquêmica. As condições socioeconômicas e culturais estão intimamente ligadas com as regiões endêmicas da doença de Chagas e histórico de febre reumática por infecções estreptocócicas. Dor precordial Pode ter origem em órgãos circunvizinhos, como o estômago, esôfago, pleura, mediastino e parede torácica. Quando relacionada ao coração e à aorta, tem origem isquêmica, pericárdica e aórtica. A dor na isquemia miocárdica normalmente é ocasionada por causa de aterosclerose, assumindo características especiais na angina de peito e IAM. Importante investigar por meio das características semiológicas da dor: Localização: a mais típica é a retroesternal à esquerda, raramente à direita. Irradiação: A dor por obstrução de uma artéria coronária pode ter diversas irradiações: para os pavilhões auriculares, maxilar inferior, nuca, região cervical, membros superiores, ombros, região epigástrica e região interescapulovertebral. Caráter ou qualidade: a dor anginosa é quase sempre do tipo constritiva, sendo descrita como aperto, queimação e sufocação. Duração: a dor da angina é rápida, durando cerca de 2 a 3 min. Na angina instável pode chegar a 20 min. No IAM, geralmente, dura mais de 20 min. Intensidade: Dor leve é quando o paciente a sente, mas não se fixa nela. Dor moderada é quando incomoda bastante o paciente e agrava-se com os exercícios físicos. Dor intensa é aquela que inflige grande sofrimento, que se agrava com os movimentos ou pequenos esforços. Fatores desencadeantes ou agravantes: a dor anginosa ocorre após algum esforço físico ou após condições emocionais. No IAM costuma iniciar em repouso. Fatores atenuantes: pelo repouso ou uso de drogas vasodilatadoras coronarianas. Manifestações concomitantes: Precordialgia intensa, acompanhada de náuseas, vômitos e sudorese fria, sugere IAM. Dor precordial durante crise de palpitações pode decorrer de isquemia provocada por taquiarritmia. Na dor de origem pericárdica é do tipo constritiva sendo mais aguda que a da angina de peito, localiza-se na região retroesternal esquerdo e irradia-se para o pescoço e as costas. Agrava-se com a respiração em decúbito dorsal, com a deglutição e com a movimentação do tronco. O paciente tem alivio ao se inclinar pra frente na posição genupeitoral. A dor de origem aórtica é ocasionada pela dissecção aguda da aorta, que determina quadro doloroso importante, com início súbito, muito intensa, do tipo lancinante, de localização retroesternal ou face anterior do tórax, com irradiação para o pescoço, região interescapular e ombros. Sistema Cardiovascular Anamnese Sintomas e Sinais 21 Taciano Fontes Filho Palpitações São contraçõescardíacas mais fortes e mais intensas, lentas ou rápidas, rítmicas ou arrítmicas, decorrentes de transtornos do ritmo ou da frequência cardíaca. Palpitação de esforço: ocorrem durante a execução de esforço físico e desaparecem com o repouso. Palpitação por alterações do ritmo cardíaco: relatada como ‘’falhas’’, ‘’arrancos’’ e ‘’tremor’’, indica quase sempre a ocorrência de extrassístoles. Quando têm início e fim súbitos, costumam ser indicativas de taquicardia paroxística. Palpitação que acompanha os transtornos emocionais: podem fazer parte, juntamente com a precordialgia e a dispneia suspirosa, da síndrome de astenia neurocirculatória ou neurose cardíaca, cuja origem reside nas agressões emocionais sofridas. Dispneia A dispneia em paciente com lesão cardíaca indica congestão pulmonar. A dispneia de esforço é o tipo mais comum na insuficiência ventricular esquerda: Aos grandes esforços: subir escada, andar depressa, praticar esporte, caminhar em uma rampa, etc. Aos médios esforços: andar em local plano a passo normal ou subir poucos degraus. Aos pequenos esforços: escovar os dentes, tomar banho, trocar de roupa, etc. A dispneia de decúbito surge quando o paciente apresenta um aumento da congestão pulmonar nesta posição pelo maior afluxo de sangue proveniente dos membros inferiores e do leito esplâncnico. Para melhorá-la pode ser usado travesseiros para elevar a cabeça. Em casos avançados, o paciente apresenta ortopneia. A dispneia paroxística ocorre com mais frequência a noite e consiste no fato de o paciente acordar com intensa dispneia, acompanhada de sufocação, tosse seca e opressão torácica, sendo obrigado a sentar-se na beira do leito ou levantar-se da cama. Durante crise dispneica, pode haver broncoespasmos e sibilos, sendo, assim, chamada de asma cardíaca. Em casos mais graves, também há tosse com expectoração branca ou rosada, se caracterizando como um edema agudo de pulmão. Os pacientes que apresentam falência ventricular esquerda aguda (IAM), ou que têm uma estenose mitral são os mais propensos a desenvolver um quadro de edema agudo do pulmão. A dispneia periódica ou de Cheyne-Stokes caracteriza-se por períodos de apneia, seguidos de movimentos respiratórios, superficiais a princípio, mas que se tornam cada vez mais profundos, até chegar a um máximo; depois, diminuem paulatinamente de amplitude até uma nova fase de apneia, após o que se repetem os mesmos fenômenos. Surge de preferência nos portadores de enfermidades cardiovasculares, destacando-se HA, insuficiência ventricular esquerda e DAC. Tosse e expectoração A tosse é um sintoma frequente na insuficiência ventricular esquerda, ela é seca e mais presente à noite. No edema agudo de pulmão está acompanhada de expectoração rósea. Nos aneurismas de aorta, pericardite e grande dilatação do átrio esquerdo, podem ocorrer acessos de tosse por compressão brônquica, irritação do vago ou do ramo recorrente. Na estenose mitral e necrose hemorrágica de alvéolos, pode ocorrer na tosse com sangue. Sibilância, chieira ou chiado O sibilo é um som musical, contínuo, prolongado, predominantemente expiratório, e pode ocorrer também durante a inspiração. Por mais que seja mais presentes em doenças respiratórias, pode ocorrer na dispneia paroxística e na asma cardíaca. Hemoptise É a expectoração ou eliminação de sangue pelas vias respiratórias. Pode ser precedida de sintomas prodrômicos, tais como calor retroesternal, prurido na laringe e sensação de gosto de sangue na boca. Pode também desencadear acessos de náusea. Sua causa pode ser tanto de procedência respiratória como cardíaca, sendo importante investigar pelas características semiológicas. Síncope e lipotimia (desmaio) A síncope é a perda súbita e transitória da consciência e do tônus muscular postural. Caso haja uma perda parcial da consciência, é denominada pré-síncope ou lipotimia. Pode ser de causa: Cardíaca: quando há a diminuição do fluxo sanguíneo cerebral; arritmias, diminuição do débito cardíaco, hipovolemia aguda, regulação 22 Taciano Fontes Filho vasomotora anormal e diminuição mecânica do retorno venoso. Extracardíaca: pode ser de causa neurogênica, metabólica, obstrução extracardíaca do fluxo de sangue e psicogênica. Alterações do sono A insônia é um sintoma frequente nos pacientes com insuficiência ventricular esquerda. Na insuficiência cardíaca grave, a insônia é acompanhada de excitação e obnubilação, alternando-se com períodos de sonolência e prostração. Cianose É um sinal importante de enfermidade cardíaca, principalmente na infância. No exame observa-se os lábios, a ponta do nariz, a região malar, os lóbulos das orelhas, a língua, o palato, a faringe e as extremidades das mãos e dos pés. Cianose na ponta dos dedos com influência do frio é sugestivo de Síndrome de Raynaud. Pode ser classificada como: Generalizada ou segmentar. Leve, moderada ou grave. Acompanhada de sintomas adjacentes: irritabilidade, sonolência, torpor, crises convulsivas, dor anginosa, hipocratismo digital, nanismo ou infantilismo. Caso seja presente desde a infância, indica doença cardíaca congênita. O baqueteamento sem cianose é frequente em pacientes com endocardite infeciosa subaguda. Enquanto que, com cianose, indica cardiopatia congênita ou doença pulmonar. Há quatro tipos de cianose: Central: transtorno na perfusão em consequência de cardiopatias congênitas, grave insuficiência ventricular direita e outros problemas pulmonares. Diminui ou desaparece com a inalação de O2. Periférica: Pode aparecer na insuficiência cardíaca congestiva. Intervém com água quente e a elevação do membro cianótico. Mista: Associação da central com a periférica. Presente na insuficiência cardíaca congestiva grave. Por alteração da hemoglobina: Hemoglobina perde afinidade pelo oxigênio. Surge pela inalação de substâncias tóxicas. Edema É o resultado do aumento do líquido intersticial, proveniente do plasma sanguíneo. No exame físico completa-se a análise, investigando-se os seguintes parâmetros: Localização e distribuição: localizado ou generalizado. Intensidade: é estabelecida de acordo com profundidade da fóvea, graduada em cruzes. Consistência: mole ou dura. Elasticidade: elástico ou inelástico. Temperatura da pele circunjacente: normal, quente (inflamatório) ou frio (comprometimento da irrigação sanguínea na área). Sensibilidade da pele circunjacente: doloroso (inflamação) ou indolor. Outras alterações da pele adjacente. Aparece em muitas enfermidades, podendo ser: Localizado: edema angioneurótico ou inflamatório e na compressão de vasos linfáticos e venosos. Generalizado: resultante de afecções cardíacas, renais, hepáticas, carenciais e do uso de medicamentos. Quando é recente: a pele da região edemaciada torna-se lisa e brilhante. De longa duração: a pele adquire o aspecto de "casca de laranja". A causa básica do edema cardíaco é a insuficiência ventricular direita por aumento da pressão hidrostática associado à retenção de sódio. Primeiramente, localiza-se nos membros inferiores, bilateralmente, pela ação da gravidade, iniciando-se em torno dos maléolos. À medida que vai progredindo, acomete pernas e coxas, podendo alcançar a raiz dos membros inferiores e o corpo todo (anasarca). Astenia É uma sensação de fraqueza generalizada. Nos pacientes com insuficiência cardíaca, a astenia relaciona-se principalmente com a diminuição do débito cardíaco e com oxigenação insuficiente dos músculos esqueléticos. A astenia dos cardiopatas pode estar relacionada também com atrofia muscular. Posição de cócoras É um tipo de dispneia de esforço, próprio dos portadores de cardiopatia congênita cianótica com fluxo sanguíneo pulmonar diminuído. Realizam-se a inspeção e a palpação simultaneamente porque os achados semióticos Inspeção e Palpação 23 Taciano Fontes Filho tornam-se mais significativos quando analisados em conjunto. Abaulamento Deve-se observar a região precordial 2 incidências: tangencial e frontal. Abaulamento desta região pode indicar a ocorrência de aneurisma da aorta, cardiomegalia, derrame pericárdico e alterações da própria caixa torácica. As cardiopatias congênitas e as lesões valvares reumáticas são as causas mais frequentes de abaulamento precordial. Ictus cordis Nos portadores de enfisema pulmonar ou quando há obesidade, musculatura muito desenvolvida ou grandes mamas, o ictus cordis pode tornar-se invisível e impalpável. O deslocamento do ictus cordis indica dilatação e/ ou hipertrofia do ventrículo esquerdo. Para o seu estudo é importante avaliar as seguintes características: Localização: nos mediolíneos, situa-se na linha hemiclavicular no 5° espaço intercostal. Já nos brevilíneos, situa-se no 4° espaço intercostal. Extensão: Em condições normais, corresponde a 1 ou 2 polpas digitais. Nos casos de hipertrofia ventricular, são necessárias 3 polpas ou mais. Mobilidade: Em condições normais, desloca-se 1 a 2 em com as mudanças de posição (decúbito dorsal e lateral). Intensidade: em pessoas normais, sua intensidade varia, sendo mais forte em pessoas magras ou após situações que provocam o aumento da atividade cardíaca. É mais vigoroso nas hipertrofias ventriculares. Tipo de impulsão: Difuso: quando sua área corresponde a 3 ou mais polpas digitais. Indica dilatação. Propulsivo: quando a mão que o palpa é levantada a cada contração. Indica hipertrofia. Pela ausculta, é possível analisar melhor o ritmo e a frequência do coração. Batimentos ou movimentos Além do ictus cordis, podem ser encontrados no precórdio e áreas vizinhas outros batimentos visíveis ou palpáveis: Retração sistólica apical: aparece em casos de hipertrofia direita. Durante a sístole, em vez de um impulso, o que se percebe é uma retração. Levantamento em massa do precórdio: ocorre na hipertrofia do ventrículo direito e é percebido como um impulso sistólico que movimenta uma área relativamente grande da parede torácica nas proximidades do esterno. Choque Valvar: Quando as bulhas cardíacas se tornam hiperfonéticas, podem ser sentidas pela mão como um choque de curta duração. Pulsações epigástricas: consiste na transmissão à parede abdominal das pulsações da aorta. Podem ser normais, ou denunciar hipertrofia ventricular direita, quando muito intensas. Pulsação supraesternal: pode ser observada em pessoas normais e depende das pulsações da crossa da aorta. Quando muito intensas, levantam a suspeita de HA, esclerose senil da aorta, aneurisma da aorta ou síndrome hipercinética. Frêmito Cardiovascular É a designação aplicada à sensação tátil determinada por vibrações produzidas no coração ou nos vasos. Os frêmitos correspondem aos sopros. Ao encontrar-se um frêmito, precisam ser investigadas: Localização: áreas de ausculta. Situação no ciclo cardíaco: frêmitos sistólico, diastólico e sistodiastólico. Intensidade: avaliada em cruzes ( + a++++). Focos de ausculta Aórtico: situa-se no 2° espaço intercostal direito, justaesternal. Pulmonar: localiza-se no 2º espaço intercostal esquerdo, junto ao esterno. Análise dos desdobramentos da 2° bulha pulmonar. Tricúspide: corresponde à base do apêndice xifoide, ligeiramente para a esquerda. Ausculta o sopro sistólico indicativo da insuficiência da valva tricúspide, contudo mais percebido nas proximidades da área mitral. Mitral: situa-se no 5° espaço intercostal esquerdo na linha hemiclavicular e corresponde ao ictus cordis. Aórtico acessório: área compreendida entre o 3° e o 4º espaço intercostal esquerdo, nas proximidades do esterno. Local para perceber os fenômenos acústicos de origem aórtica. Bulhas Cardíacas Primeira Bulha (B1): é formada pelo fechamento das valvas mitral e tricúspide, no início da sístole ventricular. Ausculta 24 Taciano Fontes Filho Coincide com o pulso carotídeo e ictus cordis, sendo melhor audível no foco mitral. É representada pelo "TUM". Segunda Bulha (B2): são audíveis as originadas pelo fechamento das valvas aórtica e pulmonar, na diástole vestricular. É mais intensa nos focos da base (aórtico e pulmonar). Representada pelo "TA". Terceira Bulha (B3): é um ruído protodiastólico de baixa frequência que se origina das vibrações da parede ventricular subitamente distendida pela corrente sanguínea que penetra na cavidade durante o enchimento ventricular rápido (diástole). Indica sobrecarga de volume. É expressado pelo "TU" e melhor audível no foco mitral. Quarta Bulha (B4): é um ruído débil que ocorre no fim da diástole ou pré-sístole, indica queda da complacência ventricular. Desdobramento de B2 (TRA): acontece na inspiração pela diminuição da pressão intratorácica, o que traz mais sangue para o ventrículo direito e retarda o fechamento da válvula pulmonar. OBS: A sístole e a diástole são divididas nas seguintes partes: proto, meso e telessístole; proto, meso e telediástole. Ritmo e frequência Cardíaca Normalmente, são 2 bulhas (ritmo cardíaco em 2 tempos) e as vezes 3 bulhas (3 tempos). A 4° bulha sempre é patológica. Em adultos: menos de 60 bpm chama-se bradicardia e mais de 100, taquicardia. Taquicardia sinusal: pode ser fisiológico ou patológico, em adultos pode chegar até 150bpm e em crianças 180bpm. Bradicardia sinusal: tem causa fisiológica ou patológica. Geralmente, em torno de 40-50 bpm. Arritmia sinusal: variação na frequência cardíaca, geralmente relacionada com a respiração: na fase inspiratória, há aumento do número de batimentos cardíacos e, na expiratória, diminuição. Extrassístoles: ocorrem em um momento anterior ao da sístole normal. São manifestações de baixo débito cardíaco, estando presentes nas cardiopatias chagásica crônica e isquêmica. São classificadas como: Supraventriculares: o estímulo origina-se nos átrios ou na junção atrioventricular. Ventriculares: originam-se nos ventrículos. Taquicardia paroxística: frequência cardíaca uniforme e rápida (160-220 bpm), que começa e termina subitamente. Comumente ocorre em pacientes com miocárdio lesado. Fibrilação atrial: A atividade do nó sinusal é substituída por estímulos nascidos na musculatura atrial. Por isso, a FC é lenta, entre 30 e 40 bpm. Tem como causas: estenose mitral, doença de Chagas, cardiopatia isquêmica e hipertireoidismo. Cliques e estalidos Diastólicos: Estalido de abertura mitral: presente na estenose mitral. Estalido de abertura tricúspide: presente na estenose tricúspide reumática, e concomitantemente estenose da valva mitral. Protossistólicos (pulmonar e aórtico): ruídos de ejeção, por indicarem súbita ejeção de sangue nos vasos da base. Sua origem é vascular e são produzidos, portanto, pelas vibrações da parede do vaso. Mesossistólicos e Telessistólicos: trata-se de um ruído entre a 1° e 2° bulha, cuja origem pode ser uma brida pericárdica ou pleuropericárdica ou o prolapso da valva mitral. Sopros Para melhor auscultar sopros aórticos, pode-se pedir para o paciente sentado se inclinar um pouco para frente, expire completamente e prenda a respiração. Após isso, ausculta-se a região da borda esternal esquerda e do ápice, interrompendo o exame momentaneamente para que o paciente respire normalmente. São produzidos por vibrações decorrentes de alterações do fluxo sanguíneo: Aumento da velocidade da corrente sanguínea: ocorre após exercício físico, na anemia, no hipertireoidismo e na síndrome febril. Diminuição da viscosidade sanguínea: ocorre na anemia. Passagem do sangue através de uma zona