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Distúrbios Hidroeletrolíticos e Ácido-Básicos 1. Distúrbios do Sódio (Hiponatremia e Hipernatremia) 1.1. Hiponatremia ( 145 mEq/L) Definição e Causas: Concentração de sódio sérico maior que 145 mEq/L. Geralmente resulta de perdas hídricas (água livre), como febre, queimaduras, perdas gastrointestinais, ou doenças que afetam o ADH. Diabetes Insipidus (DI): Caracterizado por poliúria (volume urinário > 3 L/24h) e polidipsia. Central: Deficiência na produção de ADH (produzido no hipotálamo, armazenado na hipófise). Nefrogênico: Produção normal de ADH, mas o rim não responde a ele (defeito nos receptores do duto coletor). Causas incluem lítio e algumas drogas quimioterápicas. Teste de Restrição Hídrica: Usado para diagnosticar DI. Em um paciente normal desidratado, a urina se concentra (osmolaridade urinária alta). Se a urina continua diluída após a restrição, há um problema no ADH. Teste com DDAVP (administrar ADH exógeno ou desmopressina): Se a urina concentra após o DDAVP, o problema é central (falta de produção). Se não concentra, o problema é nefrogênico (o receptor no rim tem resistência ao ADH). Outras Causas de Poliúria: Diurese osmótica (ex: hiperglicemia descompensada, uso de manitol). Sintomas e Complicações: A célula cerebral fica desidratada. A correção rápida pode causar edema cerebral súbito (o oposto da mielinólise na hiponatremia). Tratamento: Quem irei tratar? Quem tem sintomas. Reposição de água (solução salina hipotônica, com pouco sódio). Deve ser lenta e gradual, mais rápida nas primeiras 3-4 horas e depois mais lenta para evitar edema cerebral. O tratamento da causa base é essencial (ex: repor ADH no DI central, suspender droga no DI nefrogênico quando possível). Alternativas: Diurético tiazídico (depleção volume com aumento da reabsorção no TCP); AINE (inibe ação inibitória das prostaglandinas sobre o ADH). Distúrbios do Potássio Função Essencial: O potássio é o principal íon intracelular e é crucial para o potencial de repouso das membranas celulares, sendo essencial para as funções neural e muscular. Hipercalemia: diminui eletronegatividade causando despolarização da membrana e aumento de sua excitabilidade Hipocalemia: aumento eletronegatividade causando aumento do potencial de repouso devido sua hiperpolarização, diminui excitabilidade Sintomas Comuns: Fraqueza muscular, arritmias cardíacas e distúrbios de condução cardíaca. Estes distúrbios "têm muito mais impacto a curto prazo do que os distúrbios do sódio, porque ele pode diretamente levar a arritmias cardíacas fatais". Homeostase do Potássio- Regulação Rápida: O fluxo de potássio para dentro da célula é regulado pela insulina, epinefrina* devem evitar alimentos ricos em oxalato (espinafre, nozes, tomate, chocolate) Entérica ● situações com má absorção de gorduras (cirurgia bypass), o cálcio se liga a gordura, deixando o oxalato ser absorvido Primária ● Doença autossômica recessiva - rara Cálculos de Ácido Úrico: Prevalência: Cerca de 7% de todos os cálculos. Fatores de Risco: Diabetes, obesidade, perda de peso, baixo volume urinário (um dos principais fatores). pH da urina: Formam-se mais frequentemente em pH ácido (pH baixo). Tem baixa eliminação de amônia. Não possuem inibidores naturais conhecidos. Cálculos de Estruvita (Cálculos Relacionados à Infecção): Prevalência: Cerca de 10% de todos os cálculos. Coraliformes: Mais de 75% dos cálculos coraliformes (grandes, volumosos, em forma de coral, ocupando a pelve e cálices renais) são de estruvita. Mais de 70% das vezes esses cálculos são formados a partir de fosfato, amônio e magnésio. Crescimento e Gravidade: Crescimento rápido, alta taxa de recorrência, maior morbidade e mortalidade devido à infecção. O tratamento deve ser completo. pH da Urina: Ocorrem em pH alto (alcalino). pH alcalino com a saturação de amônia, fosfato e magnésio. Mecanismo: Bactérias (ex: Proteus mirabilis) produzem a enzima urease, que quebra a ureia em amônia. A amônia se une ao fosfato e magnésio para formar o cálculo. Inibidores Naturais: Não possuem inibidores naturais conhecidos. Cálculos de Cistina: Etiologia: Doença autossômica recessiva, caracterizada pela diminuição da reabsorção renal de cistina e aumento de sua excreção (cistinúria). População Afetada: Mais frequente em jovens, crianças e adolescentes. Inibidores Naturais: Não possuem inibidores naturais conhecidos. Diagnóstico Avaliação clínica História: Dor (Cólica Renal): É uma das dores mais intensas, frequentemente descrita como pior que o parto. É causada pela migração do cálculo, que obstrui a via urinária e distende a cápsula renal (hidronefrose) e/ou causa espasmos ureterais. O que dói é o cálculo que está migrando, que está obstruindo a via. Hidropielonefrose distende a cápsula. E isso causa dor. Irradiação da Dor: A dor da cólica renal irradia anteriormente, podendo chegar à região genital (testicular). Não irradia para membros inferiores. Hematúria: Comum, macroscópica ou microscópica, devido à lesão da mucosa ureteral pelas espículas do cálculo durante a migração. Sintomas Associados: Náuseas e vômitos. Cálculos Assintomáticos: Cálculos parados dentro do rim, mesmo grandes (ex: coraliformes), podem não causar dor se não houver obstrução. Antecedentes pessoais/doenças (DM, gota, obesidade) Antecedentes familiares Hábitos/dieta Uso de medicamentos (anti-hipertensivos, indinavir, antibióticos) Exames de Imagem Tomografia Computadorizada (TC) de Abdome sem Contraste: É o exame de escolha para o diagnóstico. A tomografia computadorizada é um exame de maior sensibilidade e especificidade, chegando a quase 100% de identificação dos cálculos. Não requer contraste, pois o contraste pode atrapalhar a visualização do cálculo (ambos aparecem brancos na imagem). Auxilia na programação do tratamento, fornecendo informações sobre tamanho, localização e densidade do cálculo; cálculos de ácido úrico são mais moles e menos densos (até 400UH); cálculos de ox de cálcio são mais duros e mais densos (de 600 a 1200UH). Ultrassonografia: Exame de avaliação inicial, mas com limitações. Tem dificuldade em visualizar cálculos no ureter médio devido à interposição de gases intestinais. No trajeto médio ele não consegue ver por conta da interposição das alças intestinais. Tem muito gás todo aqui em cima, não consegue ver o cálculo. Radiografia Simples (RX): Menor sensibilidade e especificidade. Exames Laboratoriais Sumário de Urina e Urocultura: Para identificar infecção, especialmente importante em casos de urina parada. Exames de Sangue: Hemograma, creatinina, cálcio, sódio, potássio, PCR, ácido úrico. Investigação Metabólica (Urina de 24 horas e Sangue): Para determinar a composição do cálculo e identificar fatores metabólicos contribuintes. Urina de 24 horas: Cálcio, ácido úrico, oxalato, citrato, fosfato, sódio, volume, pH urinário. Sangue: Função renal (ureia, creatinina), cálcio, paratormônio, fosfato, oxalato e ácido úrico. Análise Físico-Química do Cálculo: Se o cálculo for eliminado ou removido cirurgicamente, sua análise é fundamental para determinar sua composição e guiar o tratamento preventivo. IV. Tratamento A. Tratamento Clínico e Expectante Eliminação Espontânea: Muitos cálculos podem ser eliminados espontaneamente, dependendo do tamanho e localização. Cálculos até 4 mm: 95% de chance de eliminação espontânea. Cálculos acima de 5 mm: 62% de chance. Cálculos no ureter superior: 49% de chance. Cálculos no ureter médio: 58% de chance. Cálculos no ureter distal (próximo à bexiga): 68% de chance. Terapia Expulsiva Medicamentosa: Alfabloqueadores: Relaxam a musculatura lisa do ureter, facilitando a eliminação do cálculo, especialmente para cálculos distais. Podem antecipar a eliminação em cerca de 3 dias e reduzir episódios de dor. Devem ser tentados por no máximo 4 a 6 semanas. Manejo da Dor: Anti-inflamatórios, analgésicos e, se necessário, opioides. Cálculos de Ácido Úrico: Redução da proteína animal. O alopurinol (que reduz o ácido úrico no sangue e na urina) não é necessariamente indicado, pois a formação do cálculo de ácido úrico frequentemente ocorre devido ao pH ácido da urina e baixa ingestão de líquidos, e não necessariamente a níveis elevados de ácido úrico. O citrato de potássio pode ser usado para alcalinizar a urina. Cálculos de Estruvita: Inibidores da urease (ácido aceto-hidroxâmico) melhores resultados após remoção dos cálculos. Tratamento cirúrgico é imperioso. Cálculos de Cistina: ○ Redução do sódio (sódio aumenta a excreção urinária de cistina) ○ Redução da proteína animal ( rica em cistina) ○ Aumentar injesta hídrica para 4L/dia ○ Citrato de potássio (para aumentar o pH) Ingestão Hídrica Importância: Aumentar a ingestão de líquidos é crucial para prevenir a formação de cálculos. Por isso que é importante todo formador do cálculo beber bastante líquido para não deixar a urina saturada. Uma urina mais diluída dificulta a precipitação de solutos. Dieta Cálcio na Dieta: Não se deve suprimir o cálcio da dieta. A supressão do cálcio dietético permite que o oxalato seja absorvido sozinho no intestino e excretado na urina, onde se une ao cálcio liberado dos ossos, aumentando a hiperoxalúria. Alimentos Ricos em Oxalato: Devem ser evitados por pacientes com aumento de oxalato na urina (hiperoxalúria). Exemplos: espinafre, nozes, tomate, chocolate. Sódio e Proteína Animal: Reduzir o sódio e a proteína animal na dieta para cálculos de cálcio, pois o sódio aumenta a excreção urinária de cálcio e a proteína aumenta a excreção de oxalato. Frutas e Verduras: Aumentar a ingestão para elevar os níveis de citrato na urina (em casos de hipocitratúria). Tratamento Cirúrgico Litotripsia Extracorpórea por Ondas de Choque (LEOC ou Litotripsia Corpórea): Mecanismo: Fragmenta o cálculo por ondas de choque focadas externamente, sem incisão (Não invasivo). A identificação é feita por raio-X ou ultrassom. Status Atual: Está em desuso. Foi popularizada na década de 80 antes da tecnologia a laser. Limitações: Não elimina o cálculo, apenas o fragmenta, exigindo a eliminação espontânea dos fragmentos. Não quebra cálculos com alta densidade (duros). Taxa de "stone free" (ausência de cálculos residuais) inferior à do laser. Contraindicações: Gravidez, coagulopatias, obstrução da via urinária (os fragmentos não sairiam) e infecção (risco de sepse). Indicações: Cálculos menores que 2 cm (especialmente em pelve ou cálices superiores), mas não é a primeira escolha para cálculos volumosos. Não é eficaz para cálculos em ureter inferior. Ureterorrenolitotripsia(Ureteroscopia com Laser): Mecanismo: Abordagem endoscópica que acessa o cálculo pela uretra, bexiga e ureter até o rim (caminhos naturais), utilizando um ureteroscópio (rígido ou flexível) e um laser para fragmentar o cálculo. Vantagens: Baixa taxa de complicações, não invasiva (sem incisão), serve para todos os tipos e tamanhos de cálculos, altas taxas de "stone free". Pode ser utilizada em gestantes, pacientes com infecção ou alteração de coagulação. Indicações: Cálculos ureterais: Tratamento de escolha para cálculos em qualquer segmento do ureter, de qualquer tamanho ou composição. "Cálculo de ureter: o que é que eu faço? Ureteroscopia." Cálculos renais: Para cálculos na pelve renal entre 1 e 2 cm, ou em cálices renais entre 1 e 2 cm. Também em cálice inferior com ângulo acentuado. Nefrolitotripsia Percutânea (NLP): Mecanismo: Acesso ao rim através de uma pequena incisão na pele (região lombar), dilatação do trajeto e inserção de uma bainha para introduzir um nefroscópio. O laser ou outras fontes de energia são usados para fragmentar e remover o cálculo. Vantagens: Eficaz para grandes massas de cálculos e cálculos volumosos. Alta taxa de "stone free" com baixo índice de complicações sérias. A "mini perc" utiliza um calibre menor, diminuindo o risco de sangramento. Indicações: Cálculos volumosos: Tratamento de escolha, como os cálculos coraliformes. Cálculo coral, cálculo volumoso, é a percutânea. Cálculos renais: Para cálculos na pelve renal ou cálices renais acima de 2 cm. Contraindicações: Alterações de coagulação e deformidades ósseas importantes (dificultam o acesso). Cirurgia Aberta Convencional / Laparoscópica / Robótica: Status Atual: Procedimento de exceção para cirurgia aberta. A abordagem laparoscópica ou robótica é preferível. Alta invasividade. Taxas de complicações maiores. Recuperação mais lenta Indicações: Usada em casos que exigem tratamento concomitante de outro problema, como estenose de junção ureteropélvica (JUP), que causa obstrução e formação recorrente de cálculos. Permite corrigir a estenose e remover o cálculo no mesmo procedimento. "Eu tenho que tratar isso aqui, ó. Se eu não tratar estenose de JUP, ele vai ficar formando cálculo." Vantagens (Laparoscopia/Robótica): Menos invasiva que a cirurgia aberta, com menor dor pós-operatória e recuperação mais rápida. C. Resumo do Tratamento Cirúrgico por Localização e Tamanho (Esquema Simplificado) Cálculo Ureteral (qualquer posição, tamanho, composição): Ureterorrenolitotripsia. Ureter superior ○ LECO ○ Ureterorrenolitotripsia ○ Percutânea/ laparoscopia (cálculos volumosos) Ureter médio e inferior ○ Ureterorrenolitotripsia Cálculo Renal (Pelve Renal): Menor que 1 cm (assintomático): Observação. Entre 1 e 2 cm: Ureterorrenolitotripsia ou LECO. Acima de 2 cm: Nefrolitotripsia Percutânea. Cálculo Renal (Cálice Renal): Menor que 1 cm (assintomático): Observação. Entre 1 e 2 cm: LECO ou Ureterorrenolitotripsia. Acima de 2 cm: Nefrolitotripsia Percutânea. Em cálice inferior- Ureterorrenolitotripsia ou percutânea Cálculo Coraliforme (volumoso): Nefrolitotripsia Percutânea. ● PSO, sexo masculino, 28 anos, admitido na emergência com dor lombar esquerda de forte intensidade e início súbito há 2 horas. Medicado com analgésicos, foi submetido à TC onde foi evidenciado cálculo de 0,3 cm em ureter distal esquerdo ao nível da junção uretero-vesical, com discreta hidronefrose. Sumário de urina mostra presença de inúmeras hemácias por campo e o leucograma é normal. Medicado com analgésicos, apresentou melhora significativa da dor, mas ainda assim o plantonista resolveu solicitar o parecer do urologista. 1. Qual das alternativas é mais adequada com relação à formação dos cálculos urinários: A. O Magnésio se liga ao Cálcio, impedindo a formação de cálculos, sendo considerado um inibidor dos cálculos de oxalato de cálcio- o magnésio se liga ao oxalato e impede que o cálcio se una. B. Pacientes com hiperparatiroidismo primário formam mais frequentemente cálculos de fosfato de cálcio- correta C. O fator mais importante na formação dos cálculos de ácido úrico é a elevação do PH urinário- seria a diminuição do pH urinário. D. Cerca de 10% dos cálculos coraliformes são formados a partir da saturação de fosfato, amônia e magnésio- está errado o percentual, são 70-75%. 2. Avaliação clínicas, laboratoriais e por imagens são importantes na avaliação da urolitíase. Qual das afirmativas está mais adequada quanto ao seu diagnóstico? A. A USG é importante exame de avaliação inicial, visualizando mais facilmente os cálculos que se encontram no terço médio do ureter- a USG não é um exame importante quando o cálculo está no ureter por conta da interposição dos órgãos que estão naquela zona. B. A dor lombar típica da cólica renal tem irradiação para membros inferiores e é decorrente do espasmo vesical- é causada pela distensão do ureter e dos rins e não pelo espasmo vesical. C. A microhematúria é achado comum no sumário de urina de pacientes com cálculo ureteral- correta. D. A TC é o exame de maior sensibilidade para diagnóstico dos cálculos urinários, sendo necessário a administração de contraste para avaliação da densidade dos mesmos- a TC tem que ser sem contraste. 3. Quanto ao tratamento clínico e profilaxia dos cálculos, qual afirmativa abaixo é a mais correta? A. Cerca de metade dos cálculos impactados no terço superior do ureter podem ser eliminados espontaneamente- correta. B. Em cálculos de oxalato de cálcio deve-se aumentar a ingesta de sódio e proteína animal- deve-se reduzir a ingesta de sódio e proteína animal. C. Pacientes com cálculos de ácido úrico devem sempre fazer uso de medicações que reduzam o ácido úrico no sangue e na urina- não necessariamente faz o uso dessas medicações, o mais indicado é alcalinizar a urina para não formar ácido úrico. D. Em pacientes com cálculo de estruvita, a administração de inibidores da urease tem como objetivo dissolver os mesmos, evitando o tratamento cirúrgico- o tratamento é cirúrgico 4. Qual das alternativas abaixo é mais correta considerando o tratamento intervencionista para os cálculos urinários? A. A litotripsia extra-corpórea (LECO) está em desuso tendo em vista as melhores taxas “stone free” com as técnicas endoscópicas- correta. B. A ureterorenolitotripsia flexível com laser não está indicada para cálculos acima de 1cm- se usa na maioria das vezes C. Cálculos volumosos em cálices renais são melhor tratados com a ureterolitotomia convencional- são tratados mais com nefrolitotripsia percutânea. D. Cirurgia percutânea não está indicada para pacientes com coagulopatia. Estes devem ser tratados com a litotripsia extra-corpórea (LECO)- para pacientes com coagulopatias não deve fazer nenhuma das duas. 5. Marque das alternativas abaixo a mais adequada: A. O paratormônio na urina de 24 horas deve ser dosado em portadores de cálculos de fosfato de cálcio B. O uso da TEM não deve ser recomendada após LECO, por aumentar a chance de retenção de fragmentos no ureter distal C. Em gestantes com cálculo ureteral refratário ao tratamento clínico deve-se indicar tratamento cirúrgico endoscópico D. A primeira linha de tratamento para cálculos coraliformes é a ureterorrenolitotripsia rígida à laser CASO CLÍNICO 1. Visão Geral da Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) A Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) é uma condição extremamente comum que afeta homens à medida que envelhecem. Caracteriza-se pelo aumento benigno da próstata, especificamente na zona de transição, que envolve a uretra. É o tumor benigno mais comum entre os homens. O envelhecimento é o principal fator de risco. Prevalência : 20% entre 41 e 50 anos 50% entre 51 e 60 anos 90% em maiores de 80 anos Presença de sintomas: 25% aos 55 anos 50% aos 75 anos • Sintomas oscilantes, com melhora e piora • 30a 60% referem alguma melhora qdo reavaliados após 6 meses • 1/3 o quadro piora nesse período • Predisposição genética: Traço autossômico dominante. Parentes de primeiro grau têm risco relativo aumentado em 4x A próstata é dividida em zonas Em amarelo: zona periférica da próstata Em azul: zona de transição A HPB é a hiperplasia que acontece na zona de transição, que comprime a uretra. 2. Etiologia • A etiologia é Multifatorial Tem um controle endócrino 5 alfa-redutase: transforma testosterona em DHT DHT- responsável pela proliferação das células prostáticas Envelhecimento- principal fator de risco Desequilibrio entre crescimento celular e apoptose Genético - Traço autossômico dominante 3. Fisiopatologia e Sintomas • HPB se desenvolve na zona de transição Hiperplasia- aumento do número de células • Crescimento variável de: Estroma (Músculo liso e colágeno) e Epitélio. O componente (estroma ou epitélio) explica a melhor resposta terapêutica. Os sintomas da HPB resultam de dois mecanismos principais: obstrução urinária e resposta da bexiga. Mecanismos: • Sintomas Obstrutivos (sintomas de esvaziamento): Decorrem da compressão da uretra pelo aumento da próstata, dificultando o fluxo urinário. Pode ser ou a obstrução mecânica ou obstrução dinâmica (atividade alfa adrenérgica). • Sintomas Irritativos (sintomas de enchimento Vesical): São uma resposta da bexiga à obstrução, pois ela precisa se esforçar mais para expelir a urina. Classificação dos Sintomas: Sintomas Obstrutivos: Redução do calibre da força do jato, jato intermitente, hesitância (demora para começar a urinar), sensação de esvaziamento incompleto, micção em duas vezes, gotejamento terminal. Sintomas Irritativos (Armazenamento/Enchimento): Polaciúria (aumento da frequência), Nictúria (acordar à noite para urinar), Urgência miccional (dificuldade em segurar a urina). Natureza dos Sintomas: Os sintomas normalmente são oscilantes, principalmente na fase inicial, com melhora e piora. Cerca de 60% quase aí vai melhorar alguma coisa depois de seis meses, mas um terço pode piorar. *Pressão da micção alta e o fluxo baixo significa obstrução infra-vesical Pressão de micção baixa e fluxo urinario baixo significa hipocontratilidade Score I-PSS é um score de sintomas, dividindo em leves, moderados e severos é um questionario que o paciente deve responder, no fim faz a somatória é importante também para ver a resposta a tratamento (quando se reduz o score, significa que os sintomas estão diminuindo) 4. Diagnóstico e Avaliação O diagnóstico da HPB envolve uma combinação de avaliação clínica e exames complementares para confirmar o aumento da próstata, excluir câncer e avaliar a função urinária. Toque Retal: É fundamental para afastar o câncer de próstata, que se inicia majoritariamente na zona periférica, acessível ao toque. Na HPB, a próstata geralmente apresenta consistência fibroelástica e mobilidade. O tamanho da próstata não está relacionado à sintomatologia. PSA (Antígeno Prostático Específico): Importante para investigar câncer de próstata, pois a faixa etária de incidência da HPB e do câncer de próstata é semelhante. Sumário de Urina: Para afastar infecção urinária, comum devido à estase urinária causada pela obstrução. Ultrassonografia: Confirma o volume da próstata e avalia o resíduo pós-miccional, indicativo de obstrução. Cistoscopia: Avalia a uretra e a próstata internamente para planejar a abordagem cirúrgica, se necessária, e para diferenciar sangramento de HPB de tumor de bexiga. Urofluxometria: Mede o "volume por tempo" da urina, fornecendo um gráfico da força do jato urinário. A urofluxometria só me diz isso, se o jato tá normal ou se o jato tá fraco. Um jato fraco pode indicar obstrução ou hipocontratilidade da bexiga, mas não diferencia as duas condições. Estudo Urodinâmico: Na dúvida entre obstrução infravesical e hipocontratilidade, o estudo urodinâmico está indicado. Mede a pressão dentro da bexiga durante a micção. Obstrução: Fluxo urinário baixo, compressão de micção elevada. (jato fraco, bexiga fazendo muita força) Hipocontratilidade: Se a pressão de micção está baixa e o fluxo urinário está baixo. (jato fraco, bexiga com pouca força) 5. Tratamento Clínico O tratamento clínico da HPB visa aliviar os sintomas e, em alguns casos, reduzir o volume da próstata. Vigilância Ativa: Para pacientes com IPSS baixo (sintomas leves, IPSStoda essa zona de transição." Pode ser feita por cirurgia aberta, laparoscopia ou robótica. Geralmente "tem melhor resultado que RTU" por remover mais tecido, mas é mais invasiva. Incisão Transuretral da Próstata: Para pacientes sem condições de cirurgia maior, oferece alívio temporário. Realiza incisões na próstata para alargar a uretra. Enucleação com Laser (HoLEP - Holmium Laser Enucleation of the Prostate): Técnica crescente mundialmente. Tira muito mais do que RTU, serve para qualquer tamanho de próstata. Parece ser a técnica que veio para substituir a RTU por sua eficácia e aplicabilidade. Remove o adenoma, que é então morcelado (dissolvido) e aspirado. Pela uretra, tiro o adenoma e dissolve. Vaporização com Laser (GreenLight Laser): Apenas dissolve o tecido, mas não tira o tecido como tira a enucleação. UroLift (Grampeadores Uretrais): Implanta grampos para alargar a uretra, preservando a ejaculação. A eficácia é "muito pouca eficaz," podendo ser uma técnica que desaparece. Embolização das Artérias Prostáticas: Causa atrofia e necrose da próstata. Mencionada como "totalmente experimental" e "nunca se fez" de forma rotineira. 1- correta D A) Nem todos necessitam de tratamento clinico ou cirúrgico, somente acompanhamento. B) Nem todos os pacientes evoluem para retenção urinaria aguda. C) Não existe relação, são doenças diferentes. HPB não é fator de risco para câncer de próstata. 2- Correta C A) A enzima 5 alfa redutase transforma testosterona em DHT. B) se inibo essa enzima, diminui testosterona, e aumenta a próstata, nao tem a ver com relaxamento da musculatura lisa. D) seria hipercontratilidade, e em fases mais avançadas 3- Correta D A) misturou sintomas obstrutivos e irritativos. Nictúria e urgencia sao sintomas irritativos. B) O estudo urodinâmico realmente esta indicado, mas com fluxo urinario baixo teria que ter também pressão de micção baixa para ser hipocontratilidade C) Pico de fluxo teria que ter aumentado pós tratamento para ser boa resposta, 4- Correta D A) Eles não atuam no relaxamento da musculatura lisa (essa é a ação dos alfa- bloqueadores). Sua ação é na redução da conversão da testosterona em DHT, promovendo redução progressiva do tamanho da próstata. B) sintomas irritativos (urgência, noctúria, frequência aumentada) não são o alvo principal desses medicamentos. C) não são indicados para sintomas de esvaziamento, pois poderiam até piorar retenção urinária. 5- Correta A B) A prostatectomia simples pode ser feita por via aberta, laparoscópica ou robótica, mas a alternativa confunde com a incisão transuretral (TUIP), que é endoscópica, não robótica. C) A melhora do IPSS é semelhante entre RTU e técnicas minimamente invasivas, mas a RTU costuma ter tempo de internação um pouco maior. D) A ejaculação retrógrada é complicação comum tanto da RTU quanto da prostatectomia simples, portanto não é exclusiva. 35 gramas é discretamente aumentada. Usa alfa- bloqueador. Prostatectomia simples é para prostatas grandes. Distúrbios Hidroeletrolíticos e Ácido-Básicos 1. Distúrbios do Sódio (Hiponatremia e Hipernatremia) Distúrbios do Potássio Distúrbios Ácido-Básicos Questões Explicação Anatomia e embriologia do Sistema Urinário 1. Embriologia e Desenvolvimento Renal Anomalias Congênitas do Sistema Urinário Diagnóstico de Anomalias Renais Congênitas Anatomia do Rim e Ureter Doença Renal Crônica parte 2 1. Doença Renal do Diabetes (DRD) - Conceito e Fisiopatologia 2. Diagnóstico e Biópsia Renal 3. Fatores de Risco para DRD 4. Perfis de Evolução da DRD 5. Tratamento da DRD 6. Complicações da DRD 7. Terapias Renais Substitutivas (TRS) Como é o circuito extracorpóreo? 1. Linha Arterial (vermelha) 2. Linha Venosa (azul) O Dialisador (“filtro”) Resumindo o fluxo: Paciente → Linha arterial (vermelha) → Bomba → Filtro/dialisador → Linha venosa (azul) → Paciente Qual é o papel da água na diálise? Infecções do Trato Urinário (ITU) Epidemiologia e Fatores de Risco: Patogênese da ITU: Diagnóstico de ITU: Tratamento: ITU Recorrente e Profilaxia: Documento de Briefing: Litíase Urinária Formação dos Cálculos Renais Mecanismo de Formação Tipos Comuns de Cálculos e Suas Características Diagnóstico Exames de Imagem Exames Laboratoriais IV. Tratamento A. Tratamento Clínico e Expectante Ingestão Hídrica Tratamento Cirúrgico C. Resumo do Tratamento Cirúrgico por Localização e Tamanho (Esquema Simplificado) 1. Visão Geral da Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) 3. Fisiopatologia e Sintomas 4. Diagnóstico e Avaliação 5. Tratamento Clínico 6. Tratamento Cirúrgico(via receptores beta-adrenérgicos) e pela própria concentração plasmática de potássio. É um mecanismo rápido para lidar com flutuações agudas. Excreção Renal: O rim é a principal via de excreção. O potássio é reabsorvido no túbulo contorcido proximal, e a regulação fina ocorre no duto coletor via aldosterona (reabsorve sódio e água em troca de potássio). A aldosterona promove a síntese dos canais de potássio e sódio. Ela sintetiza esses canais e faz com que o sódio entre na célula e o potássio saia. Diuréticos poupadores de potássio (ex: espironolactona) bloqueiam a aldosterona e aumentam o potássio sérico. Hipercalemia (> 5.5 mEq/L) Valor normal 3,5- 5,5 mEq/L Causas: 1. Alteração do Influxo Celular: Deficiência de insulina (diabetes descompensado, tende a ter o potássio alto), exercício físico intenso, rabdomiólise (liberação súbita de potássio das células musculares danificadas), acidose metabólica (troca H+ por K+ para dentro da célula, elevando K+ extracelular). 2. Diminuição da Excreção Renal: Doença renal crônica, lesão renal aguda, hipoaldosteronismo (ex: doença de Addison, uso de IECA), uso de diuréticos poupadores de potássio. Consequências: Aumento do potencial de repouso das células, células ficam menos excitadas Manifestações Eletrocardiográficas: Aumento da onda T (apiculada), aumento do intervalo PR, achatamento da onda P, QRS alargado, podendo evoluir para fibrilação ventricular. O paciente para por hipercapnia Tratamento: Proteção do Miocárdio (Emergência): Paciente com potássio alto, sua primeira conduta é pedir um eletrocardiograma. Se tiver alguma alteração, deve-se primeiro proteger o miocárdio para depois tirar o potássio. Administrar gluconato de cálcio IV para estabilizar a membrana miocárdica. Deslocamento de Potássio para o Interior da Célula: Insulina + Glicose (Solução Polarizante/Glicoinsulinoterapia): A insulina faz com que o potássio entre dentro da célula, deve-se acompanhar a glicemia. Beta-adrenérgicos (nebulização com salbutamol/fenoterol). Bicarbonato de sódio (se houver acidose metabólica). Remoção de Potássio do Corpo: Diuréticos de alça (ex: furosemida IV) - se o rim estiver funcionando. Resinas de troca (via oral) para impedir absorção intestinal. Diálise (se outras medidas falharem ou em caso de insuficiência renal grave). Hipocalemia ( 3 mEq/L: Reposição oral (xarope de KCl ou ampolas de KCl diluídas em suco/água). Potássioas anomalias congênitas dos rins e ureteres, é mais correto afirmar: A. No rim em ferradura, mais comumente a pelve renal se encontra posteriormente ao parênquima B. A estenose de JUP pode ter como causa um defeito intrínseco ou presença de um vaso anômalo, promovendo uma dilatação da pelve renal e cálices C. Na duplicação ureteral incompleta, os ureteres se cruzam em algum ponto D. A duplicação ureteral completa tem como causa a bifurcação do broto ureteral Explicação A- se encontra anterior B- correta C- não se cruzam quando é incompleta D- na duplicação ureteral completa saem dois brotos. Não ocorre bifurcação de um broto só. 4- Considerando a anatomia do sistema urinário, qual das afirmativas é a mais adequada? A. A parte excretora é composta pelo córtex renal, cálices, pelve e ureter B. O rim está localizado na frente do peritônio parietal posterior, tornando-o um órgão intra-peritonial C. O rim é mantido em posição graças ao pedículo renal, gordura peri-renal, tônus da musculatura abdominal e vísceras D. Fazem parte do pedículo renal: Artéria mesentérica superior, veia renal e ureter Explicação: A- córtex renal não faz parte da via excretora B- o rim está localizado atrás do peritônio, é um órgão retroperitoneal. C- correta D- o pedículo renal é composto por artéria renal, veia renal e ureter. 5- Considerando a anatomia cirúrgica do rim e vias excretoras, qual das afirmativas abaixo é mais apropriada? A. No homem, a bexiga limita-se posteriormente com as vesículas seminais, deferentes, ureteres e o reto B. Os cálices são sempre intra-renais, enquanto a pelve tem uma porção localizada fora do rim C. O ureter apresenta 3 estreitamentos fisiológicos, sendo eles: cruzamento com a artéria renal, cruzamento com os vasos ilíacos e na porção intra-mural da bexiga D. A cúpula e a parede posterior da bexiga são recobertos por peritônio, por isso constituem a parte extra-peritoneal da mesma Explicação: A- correta B- a pelve pode ser intra-renal também C- os estreitamentos são: junção pieloureteral, cruzamento com vasos ilíacos e junção ureterovesical D- essa parte citada seria a parte intra-peritoneal da bexiga Anatomia e embriologia do Sistema Urinário 1. Embriologia e Desenvolvimento Renal O rim inicia seu desenvolvimento na pelve. O desenvolvimento do sistema urinário ocorre em estágios: Pronefro: Estrutura rudimentar que involui rapidamente (2-3 semanas). Mesonefro (Ducto Mesonéfrico/Ducto de Wolff): Conecta-se à cloaca (estrutura comum para os aparelhos digestivo e urinário no início do desenvolvimento). Broto Ureteral (Divertículo Metanéfrico): Surge do ducto mesonéfrico e vai dar origem a toda a via excretora: Ureter, pelve renal e cálices. É uma estrutura com lúmen. Blastema Metanéfrico: Grupo de células que se desenvolve na extremidade do broto ureteral e vai dar origem ao rim definitivo. Ascensão e Rotação Renal: No início do desenvolvimento, a pelve renal está anteriorizada. Durante a ascensão do rim para a região lombar, ele sofre uma rotação medial de 90º, fazendo com que a pelve renal se torne medial. Qualquer anomalia ou dificuldade no processo de ascensão do rim para a região lombar pode comprometer sua rotação completa. Nesses casos, ocorre uma anomalia de rotação, na qual a pelve renal permanece anteriorizada, o que pode gerar repercussões clínicas. Durante a ascensão, o rim traciona o broto ureteral, o que justifica o comprimento final do ureter. Anomalias Congênitas do Sistema Urinário As anomalias congênitas são relativamente frequentes, ocorrendo em cerca de 3 a 4% dos nascimentos. A maioria delas não precisa de nenhum tratamento resolutivo, não precisa operar, simplesmente acompanhar durante a vida. Anomalias de forma e posição são as mais comuns 2.1. Anomalias de Tamanho: Rim Hipoplásico: Rim menor que o normal, mas funcional. Difere da atrofia renal (rim que era normal e perdeu função devido a alguma doença). O rim hipoplásico tem função, obviamente com um percentual menor da filtração. Rim Hiperplásico: Rim aumentado de tamanho, geralmente como compensação pela agenesia renal contralateral ou nefrectomia. 2.2. Anomalias de Forma e Fusão: Rim em Ferradura: Fusão dos dois rins pelos polos inferiores em forma de ferradura. Ocorre na linha média. Frequentemente associado à dificuldade de ascensão renal e má rotação, com a pelve e ureteres passando anteriormente ao parênquima renal. Implicações: A passagem do ureter por cima do parênquima pode levar à compressão, dificultando a drenagem de urina e causando hidronefrose (dilatação dos cálices e pelve renal). Urina parada, urina estagnada, aumenta a chance de infecção e aumenta a chance de formação de cálculos. Todo rim que não está na sua posição anatômica pode ter uma variação na sua vascularização. Ectopia Renal Cruzada com Fusão: Ambos os rins estão do mesmo lado e fundidos (ex: polo inferior de um com polo superior do outro). Rim em Bolo/Rim em Panqueca: Fusão completa dos dois rins na linha média, formando uma massa única. 2.3. Anomalias de Posição (Ectopia Renal): Ectopia Renal Simples: O rim não ascende completamente, permanecendo em uma posição mais baixa (ex: rim pélvico – o mais frequente). Nesses casos, a pelve renal geralmente fica anteriorizada devido à má rotação. Ectopia Renal Cruzada: O rim cruza a linha média para o lado oposto. Pode ser: Sem Fusão: O rim cruza, mas não se une ao outro rim. Com Fusão: O rim cruza e se funde ao rim contralateral. Detalhe Importante: Nos casos de ectopia renal cruzada, os ureteres são implantados na posição anatômica, apenas o rim girou para o outro lado. Ou seja, apesar dos rins estarem no mesmo lado, cada ureter mantém sua implantação normal na bexiga no lado de origem. 2.4. Anomalias de Rotação: O rim não gira completamente durante a ascensão, resultando na pelve renal anteriorizada. 2.5. Anomalias de Número: Agenesia Renal: Ausência de um ou ambos os rins. A agenesia unilateral é algo que se descobre muitas vezes quando se é adulto, porque criança pode nascer com um só, tem uma vida completamente normal. Não necessariamente vai levar a um quadro de insuficiência renal. A agenesia bilateral é mais grave e incompatível com a vida sem intervenção Rim Supranumerário: Presença de três ou mais rins. Extremamente raro. 2.6. Anomalias da Pelve e do Ureter: Estenose de JUP (Junção Ureteropiélica): Estreitamento na junção da pelve renal com o ureter. Causas: Pode ser intrínseca (problema na luz do ureter) ou extrínseca (compressão por um vaso anômalo, como uma artéria renal acessória para o polo inferior). Manifestação: Causa hidronefrose acima da estenose, com o ureter distal à estenose de calibre normal. É uma das principais causas de dilatação do sistema urinário. Duplicação Ureteral Incompleta: Um único broto ureteral se bifurca, formando dois ureteres que se unem antes de chegar à bexiga. Normalmente não há nenhum problema. Completa: Ocorre a duplicação do broto ureteral, resultando em dois ureteres independentes desde o rim até a bexiga. Lei de Weigert-Meyer: Na duplicação ureteral completa, o ureter inferior drena o polo superior do rim e o ureter superior drena o polo inferior do rim. Isso faz com que os ureteres se cruzam em algum ponto. Implicações: O cruzamento pode levar à compressão de um ureter pelo outro, causando hidronefrose e aumentando o risco de cálculos e infecções. O ureter inferior tende a ser o anômalo, podendo ter implantação ectópica (fora da bexiga, ex: na uretra). Diagnóstico de Anomalias Renais Congênitas A Tomografia Computadorizada é o exame de escolha em relação à ultrassonografia para o diagnóstico de anomalias renais, apresentando maior sensibilidade e especificidade.A Ultrassonografia, por sua vez, não é o método ideal para a detecção de anomalias congênitas, especialmente quando o rim se encontra em posição pélvica, pois a presença de gás intestinal dificulta a visualização. Por esse motivo, um laudo ultrassonográfico que não identifica um rim não é conclusivo para agenesia renal, podendo tratar-se de um rim ectópico. Anatomia do Rim e Ureter 4.1. Anatomia Renal: Localização: Órgão retroperitoneal, localizado na frente do peritônio parietal posterior. O rim direito é ligeiramente mais baixo devido ao fígado. Fixação: Mantido em posição pelo pedículo renal, gordura perirrenal, tônus da musculatura abdominal e vísceras. Estrutura: Córtex Renal: Parte funcional, onde ocorre a filtração glomerular. Medula Renal: Contém as pirâmides renais. Via Excretora: Cálices menores, cálices maiores, pelve renal e ureter. Hilo Renal (Pedículo Renal): Contém a artéria renal, veia renal e pelve renal. Ordem (Anterior para Posterior): Veia Renal > Artéria Renal > Pelve Renal. Vascularização: Artéria Renal: Ramo da aorta abdominal. A artéria renal esquerda é mais curta que a direita (pois a aorta está à esquerda). Veia Renal: Tributária da veia cava. A veia renal direita é mais curta que a esquerda (pois a veia cava está à direita). Normalmente, o rim é irrigado por uma única artéria (renal) 4.2. Anatomia do Ureter: Estreitamentos Fisiológicos: O ureter possui três estreitamentos naturais, importantes para a compreensão da passagem de cálculos renais: Junção Ureteropiélica (JUP): Saída da pelve renal. Cruzamento com os Vasos Ilíacos: Porção Intramural da Bexiga (Junção Ureterovesical): A mais estreita, onde o ureter atravessa a parede muscular da bexiga. O conhecimento desses estreitamentos é crucial para o raciocínio clínico em casos de cólica renal e cálculos, pois indica a probabilidade de um cálculo passar espontaneamente. 4.3. Anatomia da Bexiga: Possui uma porção intraperitoneal (coberta por peritônio, como a cúpula e a parede posterior) e uma porção extraperitoneal (sem contato com o peritônio, como a porção anterior). Implicação Clínica: Perfurações na porção intraperitoneal resultam em extravasamento de urina para a cavidade abdominal (tratamento cirúrgico), enquanto perfurações na porção extraperitoneal podem ser tratadas conservadoramente (com sonda). Relações Anatômicas: Homem: Posteriormente com vesículas seminais, ductos deferentes, próstata e reto. Mulher: Posteriormente com vagina, útero e reto. Doença Renal Crônica (DRC) Definição, Diagnóstico e Estadiamento da DRC A Doença Renal Crônica (DRC) é caracterizada por uma lesão renal com perda progressiva e irreversível da função dos rins. É crucial entender que, uma vez que o néfron é lesionado e perde sua função, não há reversão. O rim apresenta 3 funções importantes: 1. Função glomerular (filtração) 2. Função tubular (reabsorção e excreção de substancias) 3. Função endocrina (produzir hormônios como eritropoetina e conversão da vitamina D) Definição Formal da DRC: A DRC é definida por: • Taxa de filtração glomerular (TFG) menor que 60 ml/minuto • E/OU • Presença de lesões estruturais ou funcionais nos rins (mesmo que a TFG seja maior que 60 ml/minuto). É fundamental que essas condições persistam por mais de 3 meses. O fator tempo é um componente essencial da definição. Manifestações de Lesões Estruturais/Funcionais: As lesões podem se manifestar como: • Albuminúria: Presença de albumina na urina. • Alterações do sedimento urinário: Como hematúria persistente, cilindros, leucocitúria. • Tubulopatias: Alterações nos túbulos (fibrose, atrofia). • Alterações histológicas nos glomérulos. • Alterações estruturais anatômicas: Rim policístico, rim em ferradura, hidronefrose persistente. • Pós-transplante renal: Pacientes transplantados são considerados portadores de DRC devido ao rim único. • Avaliação da Função Renal (TFG): A TFG reflete a capacidade do rim de depurar uma substância. • Creatinina sérica: Embora seja o método mais difundido e acessível, a creatinina isolada não é um marcador adequado para avaliar a função renal. Ela é diretamente relacionada à massa muscular, podendo ser superestimada em pessoas musculosas (ou que usam creatina) e subestimada em idosos sarcopênicos ou amputados. Nos estados iniciais, pequenas variações na creatinina indicam grande perda da taxa de filtração glomerular, sendo assim, a creatinina isoladamente não é marcador adequado para avaliar a função renal. Não varia com a ingestão de proteínas. • Ureia: Não é um marcador estável, pois sua concentração sérica varia ao longo do dia, dependendo da ingestão de proteínas e sofrendo interferências de diversas situações clínicas e medicamentos. • Cistatina C: Uma proteína sintetizada por todas as células (não apenas musculares), filtrada livremente e não é secretada na urina (então não posso medir o clearance urinario). É um marcador mais fidedigno da TFG, pois não depende da massa muscular. No entanto, não é coberta pelos planos de saúde no Brasil e não está disponível no SUS. É medida no sangue. Dificulta sua utilização • Inulina: Considerada a substância mais fidedigna para avaliar a TFG, pois não é produzida nem reabsorvida pelo organismo. Contudo, é extremamente cara e de difícil aplicação na prática clínica (usada principalmente em pesquisa). • Cálculo da TFG na Prática Clínica: A TFG é calculada usando fórmulas específicas. • As diretrizes internacionais (KDIGO 2021) recomendam o uso da fórmula CKD-EPI 2021 com creatinina. • Também é autorizado o uso de fórmulas que combinam creatinina e cistatina C (quando disponível), ou apenas cistatina C. • Essas fórmulas podem ser facilmente encontradas em aplicativos médicos. • O clearence de creatinina urinária de 24 horas pode ser usado em casos específicos (gestantes, desnutridos, obesos extremos), mas depende da coleta correta pelo paciente. • Existe o aplicativo National kidney foundation. • Estadiamento da DRC (KDIGO): O estadiamento da DRC é crucial para determinar o prognóstico e a conduta terapêutica. Ele é feito com base em duas categorias (estagio da TFG e níveis de albuminuria) 1. Estágio da TFG (G1 a G5): antigamente via somente quem tivesse TFG alterada, mas agora vê quem tem TFG normal mas com alguma evidencia de dano renal (que pode vir a alterar a TFG) • • G1: TFG ≥ 90 ml/min (TFG normal ou alta, mas com evidência de dano renal, ex: rim único, albuminúria). • G2: TFG 60-89 ml/min (Levemente diminuída, com evidência de dano renal). • G3a: TFG 45-59 ml/min (Leve a moderadamente diminuída). • G3b: TFG 30-44 ml/min (Moderada a gravemente diminuída). • G4: TFG 15-29 ml/min (Gravemente diminuída). • G5: TFG 300 mg/dia (Albuminúria gravemente aumentada). • O estadiamento é expresso pela combinação de G e A (ex: G4 A3). A presença ou não de proteína (albuminuria) está relacionada à velocidade de progressão da doença, e está relacionada também a outra coisa muito importante que é o risco cardiovascular. Precisa saber essa tabela!!! Fisiopatologia da DRC: A DRC é uma patologia de caráter progressivo. Compreender sua fisiopatologia é vital para intervenções que retardem sua evolução. O Ciclo da Progressão da DRC (Hipótese do Néfron Remanescente): • Perda Inicial de Néfrons: Por qualquer causa (diabetes, hipertensão, etc.), alguns néfrons morrem ou esclerosam. • Compensação dos Néfrons Remanescentes: Os néfrons saudáveis restantes precisamtrabalhar mais para compensar a perda. Isso leva a um hiperfluxo glomerular e hiperfiltração. O sangue, que antes era distribuído entre todos os néfrons, passa a ser direcionado a um número reduzido deles. Dessa forma, tanto a pressão intraglomerular quanto o volume de sangue filtrado tornam-se maiores. • Lesão Podocitária (podócitos- células que formam uma barreira e que repelem proteínas): O aumento do fluxo e da pressão dentro do glomérulo faz com que os podócitos (células especializadas na filtração) se afastem e, eventualmente, se desprendam. A barreira de filtração é comprometida. O vaso tá maior, o que é que os podócitos começam a fazer? Afastar. Quanto mais afastado menos consegue repelir. • Proteinúria: Com a barreira comprometida, proteínas começam a passar para o túbulo renal, que não está preparado para reabsorvê-las. • Toxicidade Tubular e Fibrose Intersticial: As proteínas nos túbulos são tóxicas para as células tubulares, levando à lesão, inflamação e fibrose intersticial (atrofia do túbulo). • Ativação do Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (SRAA): A lesão tubular e a subsequente dificuldade de reabsorção de sódio (ou outras substâncias) sinalizam à mácula densa que há baixa perfusão renal. Isso dispara a liberação de renina, ativando o SRAA, que por sua vez causa vasodilatação da arteríola aferente (entrada de sangue) e vasoconstrição da eferente (saída de sangue), aumentando ainda mais a pressão intraglomerular e perpetuando o hiperfluxo. • Morte de Mais Néfrons: O ciclo se repete, levando à morte de mais néfrons e à progressão irreversível da doença. Principais Causas da DRC As causas mais comuns da DRC são: • Diabetes Mellitus: A hiperglicemia leva à hiperatividade do cotransportador SGLT2 no túbulo proximal, reabsorvendo mais sódio e glicose. Isso diminui o sódio na mácula densa, ativando o SRAA e levando a vasodilatação aferente e vasoconstrição eferente, resultando em hiperfluxo. Por isso surgiu os medicamentos inibidores do SGLT2. Serve mesmo em pacientes que não tem diabetes, ja que bloqueia o receptor com a intenção de diminuir o hiperfluxo e parar o sistema renina-angiotensina- aldosterona. A glicose também é irritativa para as células mesangiais (células que tem função de sustentar os capilares), levando à produção excessiva de matriz e formação de nódulos de Kimmelstiel-Wilson (patognomônicos da nefropatia diabética). • Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS): Causa esclerose dos vasos glomerulares e hipertrofia da camada média. A pressão arterial elevada diretamente ao longo do tempo danifica os vasos, levando à morte de néfrons e, subsequentemente, à cascata de progressão da DRC. Em casos de hipertensão maligna, ocorre um destacamento súbito das camadas do vaso (lesão em casca de cebola). • Glomerulopatias: Doenças que afetam diretamente os glomérulos. • Doença Renal Policística Autossômica Dominante (DRPAD): Doença hereditária causada por mutações nos genes PKD1 (mais comum, grave e precoce) ou PKD2 (menos comum, menos grave). Essas mutações afetam a produção de policistina, uma proteína essencial para a drenagem de líquidos intracelulares nas células tubulares. O acúmulo de líquido forma cistos que crescem e comprimem o parênquima renal, levando à isquemia, morte de néfrons e progressão da DRC. Os cistos podem afetar outros órgãos (fígado, pâncreas, coração (defeito de válvula), cérebro – risco de aneurisma intracraniano). O diagnóstico depende da idade e do número de cistos ao ultrassom Para dar diagnostico para pessoa acima de 40 anos, precisa ter mais de 2 cistos em cada rim. • Uropatias Obstrutivas: Obstrução do fluxo urinário (ex: hidronefrose) leva ao acúmulo de urina e aumento da pressão hidrostática contrária à filtração. A estagnação da urina e seus componentes tóxicos (como ureia) lesionam as células tubulares, causando atrofia, fibrose e morte dos néfrons. Nefropatias tubulo-Intersticial: Morte tubular por infecções urinárias de repetição (pielonefrite crônica), obstrução ou nefropatia por drogas (AINES, alguns antibióticos). Os AINES podem causar dano renal por vários mecanismos. Quadro Clínico e Sintomas da DRC Quanto menor a TFG, mais sintomas Os sintomas da DRC estão diretamente relacionados aos níveis de ureia e ao estágio da doença, e não à creatinina. • Estágios 1 e 2 (TFG > 60 ml/min): Geralmente assintomáticos. • Estágio 3 (TFG 20 ml/min (não iniciar em diálise, mas não interromper se a TFG cair abaixo de 20 e o paciente ainda não estiver em diálise). Devem ser iniciados após a otimização da dose de IECA/BRA. Manejar o risco cardiovascular:Controle da pressão arterial: Metas mais rigorosas (até 130/80 mmHg). Controle da dislipidemia: Todo paciente com DRC é considerado de muito alto risco cardiovascular, com meta de LDLpois "nefropatia diabética" implicava na presença de albuminúria, mas observa-se que alguns pacientes diabéticos desenvolvem disfunção renal sem essa condição. Definição Atual: DRD é a presença de albuminúria e/ou queda da taxa de filtração glomerular (TFG) para menos de 60 ml/min. Um paciente diabético sem albuminúria, mas com TFG 4mL/min/ano) Sedimento Urinário Alterado: Hematúria, cilindros, leucócitos não se justificam pela fisiopatologia da DRD, indicando outra glomerulopatia. Sinais de Doenças Sistêmicas: Anemia desproporcional, sinais de colagenose, febre, perda de peso importante. Alteração Rápida da TFGe, acima de 30%, apos o inicio de IECAs ou BRA Indicações Maiores e Menores de Biópsia (Resumo): Maior Recomendação: Suspeita de doença sistêmica, injúria renal aguda de causa indeterminada, hematúria, síndrome nefrótica ou proteinúria nefrótica (> 3,5g) em pacientes com menos de 5 anos de diagnóstico de diabetes e sem retinopatia. Menor Recomendação: Aumento rápido da proteinúria em pacientes com menos de 5 anos de diagnóstico. Albuminuria sem retinopatia. 3. Fatores de Risco para DRD Nem todo diabético evolui para DRD, mas alguns fatores aumentam essa chance: Estilo de Vida: Tabagismo, sedentarismo, obesidade. Descontrole Metabólico: Dislipidemia, glicose descontrolada (hiperglicemia persistente). Hipertensão Arterial: Pressão arterial elevada. Idade: Idosos. Etnia: Pacientes negros (maior chance de desenvolver DRD). 4. Perfis de Evolução da DRD Quatro tipos de perfis de evolução são observados: A- Paciente NÃO albuminúrico - piora da FR antes de ter albuminúria B- Rápido progressor- paciente progride rapido C- Regressão da proteinúria após tratamento D- Doença Diabética Clássica: micro> macro> DRC 5. Tratamento da DRD O tratamento da DRD baseia-se em pilares: Modificação do Estilo de Vida: Cessar tabagismo, exercício físico, controle da pressão arterial, controle glicêmico. Tratamento da Doença de Base (Diabetes): Primeira Linha (Drogas de Escolha): Metformina associada a um inibidor de SGLT2 (SGLT2i). Outras Opções (se não houver controle glicêmico): Análogos de GLP1 (se disponível e paciente puder custear), Insulina, Inibidores de DPP4. Metformina: Iniciar com dose plena (1g 12/12h) se TFG > 45. Ajustar dose (1g/dia) se TGF entre 30-45. Suspender se TFG 20 ml/min. Uma vez iniciado, pode ser mantido até o paciente entrar em diálise. Alvo Glicêmico (Hemoglobina Glicada HbA1c): Varia de 6,5% a 8,5% dependendo do perfil do paciente. Pacientes Jovens, Poucas Comorbidades, Boa Expectativa de Vida: Controle mais rigoroso, HbA1c mais próximo de 6,5%. Pacientes Idosos, Acamados, Múltiplas Comorbidades, Expectativa de Vida Reduzida, Risco de Hipoglicemia: Alvo mais tolerante, HbA1c mais próximo de 8,0% ou 8,5%. Evitar hipoglicemia grave nesses pacientes. Retardo da Progressão da Doença (Nefroproteção): IECA/BRA (Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina / Bloqueadores do Receptor de Angiotensina): São drogas de escolha na dose máxima tolerada. Se não houver controle da proteinúria, pode-se associar com iSGLT2. IECA/BRA também são cardioprotetores. Monitorização: Necessário monitorar função renal e potássio, pois podem causar hipercalemia e discreta elevação da creatinina. Suspensão: Suspender se aumento da creatinina > 30% sem outra causa. Em caso de hipercalemia, tentar outras medidas (diuréticos de alça, tratar acidose) antes de suspender, devido ao grande benefício cardiovascular. Inibidores de SGLT2 (SGLT2i): Além do controle glicêmico, também têm benefício no retardo da progressão da doença renal. Análogos de GLP1: Evidências mostram efeito antiproteinúrico e retardo da progressão. Tratamento dos Danos Renais e Prevenção de Risco Cardiovascular: Dieta Hipoproteica: 0,8g/kg/dia de proteína, preferencialmente vegetal. Restrição de Sódio: 6): Hospitalização para monitorização e tratamento. Grave: Medicação intravenosa e monitorização cardíaca. Crônica: Dieta pobre em potássio, revisão de medicações. Se IECA/BRA estiverem causando, tentar diminuir dose, associar diurético de alça, tratar acidose. Suspender apenas se refratário. Manter IECA/BRA pelo benefício cardiovascular. 6.2. Acidose Metabólica é proporcional a perda da função renal. Frequência: Presente em 30-40% dos pacientes nos estágios mais avançados da DRC. Reposição de Bicarbonato: Antigamente, repunha-se bicarbonato seos tecidos. Componente M da hemoglobina: necessita do ferro Hepcidina: Proteína de fase aguda que aumenta em estados inflamatórios (comum na DRC). Bloqueia a ferroportina, impedindo a absorção e mobilização do ferro estocado (fígado, baço), levando a um "bloqueio funcional" do ferro. Avaliação da Deficiência de Ferro no paciente com DRC: Absoluta: Ferritina e saturação da transferrina baixas (falta ferro). Paciente tem ferropenia, não consegue formar a hemácia. Eu trato primeiro a deficiência de ferro. Relativa: Ferritina normal/alta, saturação de transferrina baixa (ferro estocado, mas não circula). Tem anemia mas não tem ferropenia. Eu trato primeiro a anemia com eritropoetina. Tratamento: Primeiro Foco: Deficiência de Ferro: Repor ferro se houver deficiência absoluta, mesmo sem anemia, pois melhora a sobrevida. Ferro Oral: Eficácia limitada na DRC devido ao bloqueio da ferroportina. Dose de 100-300mg de ferro elementar/dia Ferro Intravenoso: Mais eficaz, mas caro e difícil de aplicar em nível SUS. Dose em pulso (1g de ferro elementar dividido em aplicações). Segundo Foco: Anemia (Hemoglobina 12 aumentam a mortalidade (eventos cardiovasculares devido ao aumento da viscosidade sanguínea). Dose de Eritropoetina: 20-50 unidades/kg, 3 vezes/semana, via subcutânea. 6.4. Distúrbios do Metabolismo Ósseo e Mineral Definição: Anormalidades nos níveis de cálcio, fósforo, PTH ou vitamina D em pacientes com DRC, que afetam a renovação e mineralização óssea. Osteodistrofia Renal: Alteração histológica óssea (diagnóstico por biópsia). Apresentações clínicas (fenótipos) ● Osteíte fibrosa: Destruição óssea aumentada, aumento da atividade dos osteoclastos e osteoblastos, fibrose trabecular e aumento do turnover ósseo. ● Osteomalácia: mineralização defeituosa do osteóide recém-formado (deposição de alumínio, e nao de cálcio e fósforo como deveria ser) ● Doença óssea adinâmica: renovação óssea baixa. ● Osteopenia/osteoporose ● Doença mista Fisiopatologia do Distúrbio Ósseo-Mineral na DRC: 1. O rim perde a capacidade de excretar fósforo (por diminuição da função renal) 2. Osteócitos produzem FGF23, que tenta aumentar a excreção renal de fósforo e diminuir a produção de vitamina D ativa (calcitriol). E na paratireoide o FGF23 inibe a síntese de PTH. 3. Queda de Vitamina D Ativa: Níveis baixos de calcitriol levam à menor absorção intestinal de cálcio e fósforo. 4. Hipocalcemia: O excesso de fósforo diminui os níveis séricos de cálcio 5. Hiperparatireoidismo Secundário: A hipocalcemia estimula a paratireoide a produzir PTH, que atua no osso liberando cálcio e fósforo. 6. O aumento de cálcio e fósforo circulantes leva à sua quelação e deposição nos vasos e partes moles, aumentando o risco cardiovascular (infarto, AVC) e fragilidade óssea. Fases iniciais da DRC Fases avançadas da DRC Tratamento: Controle de Fósforo: ● Dieta Pobre em Fósforo: 800-900mg/dia ● A partir do estágio 3 da DRC: utilizar quelantes de fósforo: Usar se fósforo > 6mg/dL. Objetivo: manter o Fósforo menor que 4,5 ● Carbonato de Cálcio: Primeira escolha (1-2g de cálcio elementar/dia distribuído nas refeições). ● Sevelamer: Se não houver resposta ao carbonato de cálcio ou se o paciente tiver hipercalcemia (distribuído via SUS). Reposição de Vitamina D: Apenas se níveis 400). 7. Terapias Renais Substitutivas (TRS) 7.1. Diálise (Hemodiálise e Diálise Peritoneal) Indicações Absolutas para Início de TRS: ● Hipercalemia refratária. ● Acidose refratária. ● Hipervolemia refratária. ● Sintomas urêmicos (náuseas, vômitos, confusão, mesmo com ureia não tão alta; não é o nível de ureia que define). A. Hemodiálise: Tudo acontece no capilar (que contém microfibras) Princípio: O sangue do paciente é filtrado por uma máquina. O sangue passa por microfibras permeáveis e é banhado por uma solução (dialisato) pobre em toxinas (ureia, potássio). A saída de moléculas ocorre por difusão (diferença de concentração) e a remoção de água por ultrafiltração (pressão). A hemodiálise é um tratamento usado em pacientes com doença renal crônica avançada ou em insuficiência renal aguda para substituir temporariamente a função dos rins. ● O sangue do paciente é retirado do corpo, ● Passa por um filtro especial (o dialisador, também chamado de “rim artificial”), ● Onde ocorre a remoção de toxinas, excesso de água e correção de eletrólitos, ● E depois o sangue “limpo” retorna ao paciente. Como é o circuito extracorpóreo? O sistema é feito por linhas (tubos de PVC estéreis) conectadas à máquina de diálise e ao acesso vascular (fístula arteriovenosa, cateter venoso central ou prótese vascular). Existem duas linhas principais: 1. Linha Arterial (vermelha) ● Conectada ao acesso vascular na saída do sangue (ex.: artéria da fístula). ● Leva o sangue do paciente até a máquina de hemodiálise. ● Contém sensores de pressão, bomba peristáltica que puxa o sangue, e às vezes um reservatório para detectar bolhas. ● O sangue passa pelo dialisador, onde é filtrado contra o líquido de diálise (banho dialisante). 2. Linha Venosa (azul) ● Conectada ao retorno venoso do paciente. ● Devolve o sangue “limpo” e filtrado ao paciente. ● Possui detector de bolhas e monitor de pressão, para evitar que ar entre na circulação (embolia gasosa). ● Também é monitorada para segurança: se houver coagulação, pressão anormal ou obstrução, a máquina dispara alarmes. O Dialisador (“filtro”) ● É formado por milhares de fibras ocas (membranas semipermeáveis). ● O sangue passa dentro das fibras, enquanto o líquido de diálise (com composição semelhante ao plasma, mas sem toxinas) circula por fora. ● Isso permite: ○ Difusão: toxinas (ureia, creatinina, fósforo) saem do sangue para o dialisato. ○ Ultrafiltração: excesso de água é removido por diferença de pressão. ○ Troca de eletrólitos: ajusta sódio, potássio, cálcio, bicarbonato. Resumindo o fluxo: Paciente → Linha arterial (vermelha) → Bomba → Filtro/dialisador → Linha venosa (azul) → Paciente Qual é o papel da água na diálise? ● O banho de diálise (dialisato) é preparado pela máquina misturando: ○ Água tratada, ○ Concentrado ácido (com eletrólitos como sódio, potássio, cálcio, magnésio, cloreto), ○ Concentrado básico (bicarbonato de sódio). ● Esse dialisato circula ao redor das fibras do filtro (dialisador), nunca entrando em contato direto com o sangue. ● Através da membrana semipermeável, ocorre a difusão (toxinas passando do sangue para o banho) e a ultrafiltração (remoção de água). ● Como o paciente entra em contato indireto com centenas de litros de água por sessão (cerca de 120 a 150 L em 4h), qualquer impureza pode causar intoxicação grave, hemólise ou sepse. Tratamento da água Por isso, as clínicas de diálise têm um sistema de tratamento de água, geralmente com: 1. Pré-tratamento: filtros de areia, carvão ativado e abrandador. 2. Osmose reversa: retira sais, metais, microrganismos. 3. Filtros de polimento e radiação UV: garantem esterilidade. 4. Distribuição em anel: leva a água purificada até as máquinas. Acessos Vasculares para a hemodiálise: Cateteres (NÃO tunelizados ou TUNELIZADOS - Permicath): Para uso imediato, comum em emergências, mas com alto risco de infecção e menor efetividade do que a da fístula. Fístula Arteriovenosa (FAV): Melhor acesso. Criação cirúrgica de uma comunicação entre uma artériae uma veia. A veia se "arterializa" (engrossa), permitindo maior fluxo. Vantagens: Melhor fluxo, menor risco de infecção, melhor qualidade de vida. Desvantagens: Leva tempo para maturação da veia (45-60 dias). Necessita de planejamento antecipado. B. Diálise Peritoneal: Princípio: O peritônio do paciente atua como membrana semipermeável. Um líquido de diálise (com glicose para puxar água, sem toxinas) é infundido na cavidade peritoneal e depois drenado. Cateter: Cateter de Tenckhoff, que fica permanentemente na barriga. Vantagens: O paciente pode realizar em casa (manual ou automatizada à noite). Desvantagens: Requer condições de higiene em casa. Contraindicações: Peritônio não funcionante, histórico de múltiplas cirurgias abdominais (aderências), hérnias grandes, ostomias, obesidade grave, rins policísticos muito grandes. Complicações: Infecção do cateter (tunelite), perda de filtração do peritônio (a glicose irrita o peritônio com o tempo), hiperglicemia (devido à glicose no dialisato - não é ideal para diabéticos), aumento de triglicerídeos, hérnias. Eficácia: Tem a mesma eficácia da hemodiálise. A escolha depende do paciente e suas contraindicações. 7.2. Transplante Renal: Conceito: Não é cura para a DRC (doença irreversível), mas uma forma de substituir a função renal com um rim de outra pessoa. Não há remoção dos rins nativos do paciente . Tipos de Doadores: ● Doador Vivo Relacionado: Parentes até 4º grau (pais, filhos, irmãos, primos, cônjuges). ● Doador Vivo Não Relacionado: Amigos. ● Doador Falecido: Lista de transplante, priorizada por compatibilidade (sistema ABO e HLA). Processo de Compatibilidade: Sistema ABO (tipagem sanguínea) e HLA (complexo principal de histocompatibilidade) avaliam a compatibilidade entre doador e receptor. O soro do receptor é guardado para testes. Seleção: Os três pacientes mais compatíveis são chamados. Rejeição: Rejeições Hiperagudas: mediadas por Ac pré-formados oriundos de sensibilização prévia contra os antígenos do doador Rejeições agudas: nos 3 primeiros meses pós-transplante Avaliação da compatibilidade: HLA A, B e DR Prova Cruzada pré-tx Reatividade contra-painel Imunossupressão: O paciente usará imunossupressores por toda a vida, com intensidade variável (maior no primeiro ano). Objetivo: equilíbrio entre risco de infecção e risco de rejeição Contraindicações para Doador Vivo (Absolutas): Incapacidade de dar consentimento (demência, deficiência intelectual). Evidência de coação (avaliação psicológica/social). Hipertensão com lesão de órgão-alvo. Neoplasias. HIV ou HTLV. Diabetes ou intolerância à glicose Trombofilias. Doença renal pré-existente no doador. Infecções do Trato Urinário (ITU) Questão 1 A) seria as anormalidades congênitas. B) correta C) mais frequente no sexo feminino D) é difícil o tratamento pois a vascularização renal é diminuida. Questão 2 A) correta B) Via ascendente é a mais comum na pielonefrite. C) Fimbrias tipo 1 são as sensíveis. D) o calculo obstrui a via, favorecendo a proliferação pela estase urinaria. Questão 3 A) para definir o agente é necessário urocultura. B) se tiver sintomas ja trato. C) correta. D) dor lombar não afasta o diagnostico. Questão 4 A) ITU recorrente: 2x em 6 meses ou 3x em 1 ano B) não tem alteração anatômica C) correta. D) seria o uso tópico de estrógenos Questão 5 A) em adolescentes, uma bacteriuria assintomática não deve ser tratada (Somente quando ha fatores de risco) B) Para ITU não complicada são 3 dias. C) correta D) o tratamento inicial é antibiótico (24/48h) Epidemiologia e Fatores de Risco: Prevalência por Gênero e Idade: Até 1 ano de idade: Mais frequente no sexo masculino (2,7%- 0,7%), sendo a única faixa etária com essa característica. É maior em não circuncisados (pacientes com fimose). Anomalias congênitas é a causa mais frequente. Entre 1 e 5 anos é maior em meninas (4,5% X 0,5%) Até 5 anos a maioria está relacionada à malformações congênitas Entre 6 e 15 anos - disfunções miccionais Mortalidade: Maior em pacientes com menos de 1 ano e acima de 65 anos, devido à imaturidade ou declínio do sistema imunológico. Na adolescência a incidência chega a 20% em mulheres O pico de maior incidência se dá no início da atividade sexual, gestação e menopausa Entre 36 e 65 anos: • nas mulheres 35% - cir gineco, prolapsos • nos homens 20% - obstrução prostática Fatores de Risco no Sexo Feminino (Adulto): Atividade Sexual: O atrito do pênis na vagina por conta da flora que existe na vagina facilita a ascensão dessas bactérias. Gestação: Alterações no esvaziamento vesical devido à compressão uterina. Embora questionada, a ITU em gestantes está associada a risco de aborto e parto prematuro. Menopausa: Deficiência estrogênica leva à redução da população de lactobacilos (bactérias protetoras) na vagina, favorecendo a ascensão de outras bactérias. Cai a população de lactobacilos, ou seja, cai a população de bactérias protetoras na vagina e isso vai fortalecer o aparecimento da infecção urinária. Uso de espermicidas e duchas vaginais: Manipulação da vagina pode facilitar infecções. Uso de forros de proteção diários: Também pode favorecer infecções. Fatores de Risco no Sexo Masculino: Até 1 ano de idade: Anomalias congênitas são a causa mais frequente, não a fimose em si. No entanto, meninos com fimose têm maior risco de infecção urinária do que aqueles sem. Após 50 anos: a Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) pode causar obstrução ao fluxo urinário, o que aumenta o risco de infecções do trato urinário (ITU). A obstrução favorece a estase urinária, criando condições propícias para a proliferação bacteriana. Por esse motivo, em homens adultos acima dessa faixa etária, a incidência de ITU tende a ser maior em comparação à juventude, devido à presença da HPB. Entretanto, a infecção urinária continua sendo mais prevalente em mulheres em todas as faixas etárias. Fatores de Risco Gerais: Idosos Diabetes: Maior risco de pielonefrite. Doença microvascular. Vasculopatia diabética compromete a vascularização renal, dificultando a chegada de leucócitos de defesa e a filtração. Neuropatia diabética pode afetar a inervação da bexiga, comprometendo seu esvaziamento e aumentando o resíduo urinário. Diabetes é uma das causas mais frequentes de insuficiência renal. Doenças Imunossupressoras/Uso de Imunossupressores: Pacientes com AIDS, em quimioterapia, ou idosos com declínio da imunidade têm maior risco de ITUs graves. Obstrução ao Fluxo Urinário: Urina parada, estagnada, aumenta a chance de infecção e aumenta a chance de cálculo. Patogênese da ITU: Desequilíbrio Virulência x Defesa do Hospedeiro: A infecção ocorre quando há um aumento na virulência da bactéria ou uma redução nas defesas do hospedeiro. Vias de Contaminação: Ascendente (mais comum): Bactérias do meio externo (perineal, vaginal, uretral) sobem para a bexiga e podem ascender aos rins. Hematogênica: Menos comum, mas pode ocorrer, por exemplo, na tuberculose renal. Por Linfáticos: Questionável. Contaminação Direta: Fístulas (e.g., vésico-vaginal pós-histerectomia, fístula divertículo-vesical) ou abscessos (e.g., prostático, perirretal) podem permitir a passagem direta de bactérias. Mecanismos de Defesa do Hospedeiro: • Fluxo Urinário Não Obstruído: Micção regular "lava" a via urinária. Aumentar a ingestão hídrica e urinar frequentemente são medidas profiláticas. • Características da Urina: pH ácido, uréia, osmolaridade • Resposta Imunológica: Comprometida nos extremos da vida e em condições imunossupressoras. • Flora Bacteriana Periuretral: Lactobacilos na vagina são protetores e dependem do estrogênio (por isso caem na menopausa quando não tem mais estrogênio) • Epitélio Urinário: Barreira de defesa. Virulência Bacteriana: • Adesinas (Fímbrias): As bactérias utilizam fímbrias para aderir ao epitélio urinário.Quanto mais aderida estiver, mais grave a infecção. • Escherichia coli: Principal agente etiológico, responsável por 80-85% das ITUs. Possui fímbrias tipo 1 (manose-sensíveis, menos causadoras de pielonefrite) e tipo 2 (manose-resistentes, mais propensas a causar pielonefrite devido à maior resistência à fagocitose). Diagnóstico de ITU: História Clínica e Exame Físico: São fundamentais para o diagnóstico, mesmo sem exames complementares. A história clínica vai favorecer o diagnóstico. A gente pode fechar o diagnóstico de infecção urinária mesmo sem nenhum exame complementar, só com a história clínica. Importante investigar fatores de risco (diabetes, gestação, uso de imunossupressores, manipulação urológica prévia). Sintomas Típicos: Cistite (ITU não complicada): Sintomas irritativos vesicais (disúria, polaciúria, urgência miccional). Dor lombar e supra-pubica, urina turva, hematúria podem ocorrer, mas febre e sintomas sistêmicos são raros. Pielonefrite (ITU complicada): Dor lombar, febre alta, calafrios, astenia, anorexia, queda do estado geral. Sintomas irritativos vesicais também podem estar presentes, pois a bactéria passa pela bexiga. Sinal de Giordano positivo. Exames Laboratoriais: Sumário de Urina: Ajuda no diagnóstico rápido. Pode detectar nitrito (indica presença de bactérias que transformam nitrato em nitrito) e leucócitos. A presença de cilindros leucocitários no sumário de urina é patognomônica de pielonefrite, indicando que os leucócitos vêm do rim. Urocultura: Padrão ouro para identificar a bactéria e seu perfil de sensibilidade. No entanto, o resultado leva tempo (4-5 dias). Antigamente, considerava-se infecção acima de 100.000 colônias. Hoje, pacientes sintomáticos devem ser tratados mesmo com menos de 100.000 colônias. Exames de Imagem: Cistite: Geralmente não requer exames de imagem (ultrassom, urografia). Pielonefrite: Pode ser necessário, principalmente tomografia com contraste para confirmar o diagnóstico e avaliar complicações. Tratamento: Bacteriúria Assintomática: Regra Geral: Não deve ser tratada em pacientes sem fatores de risco. Bacteriúria assintomática em pacientes que não tem fator de risco, não se trata. Exceções (quando tratar): Gestantes, pacientes que farão manipulação urológica (passagem de sonda), diabéticos, pacientes imunocomprometidos (quimioterapia). ITU Não Complicada (Cistite): Pode ser tratada com dose única ou por 3 dias (e.g., fosfomicina em dose única, nitrofurantoína, cefalosporinas). Sulfametoxazol/trimetoprima (sulfas) está em desuso como primeira escolha devido à alta resistência bacteriana. ITU Complicada (Pielonefrite): Tratamento de no mínimo 7 dias, frequentemente com quinolonas ou cefalosporinas de terceira geração. Internamento: Indicado se houver comprometimento do estado geral (febre alta, astenia, prostração), para administração de antibiótico venoso. Abscesso Renal: O tratamento inicial é com antibióticos. Se não houver melhora em 48-72 horas, a drenagem pode ser necessária. Abscessos perirrenais (fora do rim), geralmente associados a trauma, requerem drenagem imediata. ITU Recorrente e Profilaxia: Definição de Recorrência: Dois ou mais episódios em 6 meses, ou 3 ou mais episódios em um ano. Causas: Fatores de risco persistentes como hipoestrogenismo, alteração da flora vaginal, diabetes, atividade sexual, incontinência urinária, gestação, uso de espermicidas. Investigação: Geralmente, pacientes com cistite recorrente não apresentam alterações anatômicas no trato urinário, não sendo necessário realizar exames como cistoscopia ou exames contrastados de rotina. Abordagens Profiláticas: Orientações Comportamentais: Aumento da ingestão hídrica e micção frequente (principalmente após relação sexual). Melhora da lubrificação durante a atividade sexual para diminuir o atrito. Evitar duchas vaginais e uso diário de protetores íntimos. O tratamento da recorrência envolve antibioticoprofilaxia baseada no antibiograma. Antibioticoprofilaxia: Contínua: Doses baixas de antibióticos por períodos prolongados (6 meses a 2-3 anos), baseadas em urocultura prévia para identificar a bactéria e resistência. Pós-coito: Indicada para pacientes onde a infecção está estritamente associada à atividade sexual. A interrupção da profilaxia pode levar ao retorno dos episódios. Estrogênio Tópico Vaginal: Em mulheres na menopausa, a administração tópica de estrogênio previne a recorrência de ITU ao restaurar a flora vaginal. O estrogênio oral não tem o mesmo efeito para ITU. Cranberry: Demonstra eficácia em pequenos grupos, diminuindo a adesão bacteriana ao epitélio. Imunoterapia: Vacinas com bactérias lisadas (e.g., E. coli) são promissoras, mas ainda não são usadas rotineiramente e funcionam apenas para infecções por E. coli. Caso Clínico Paciente do sexo feminino, 58 anos, hipertensa controlada, apresenta quadro de dor lombar direita com febre há 3 dias. Relata que há 10 dias fez tratamento para cistite com Nitrofurantoina, com melhora discreta dos sintomas. Ao exame físico, apresenta EGB, corada, hidratada, 37,8°, FC 100bpm. Abdome plano, flácido, doloroso em hipogastro Giordano positivo à direita. Justificativas: A) correta. B) Não se usa por conta da alta resistencia. C) Não é uma ITU recorrente. D) Não, para um paciente com febre e dor não é viável esperar 5 dias para iniciar tratamento. Justificativas: A) verdadeira. B) verdadeira. C) não é o segundo episodio, é um episodio não solucionado. D) verdadeira. Documento de Briefing: Litíase Urinária Formação dos Cálculos Renais A formação de cálculos renais é um processo complexo que envolve a supersaturação da urina e a ausência de inibidores naturais. Mecanismo de Formação ● Supersaturação: Para haver a formação do cálculo, a urina precisa estar saturada, saturada de cálcio, saturada de oxalato. Assim como o sal em água, quando a urina está supersaturada com certas substâncias, elas não conseguem mais se dissolver e começam a decantar. ● Nucleação: formação de um núcleo, por exemplo, fosfato com cálcio, oxalato com cálcio ● Agregação: agregação de outras partículas, levando à retenção e formação do cálculo. ● Retenção e formação do cálculo Tipos Comuns de Cálculos e Suas Características Cálculos de Oxalato de Cálcio: Prevalência: Cerca de 80% de todos os cálculos são de oxalato de cálcio. Formação: O oxalato na urina se une ao cálcio, formando partículas que se agregam. Inibidores Naturais: ● Citrato: Liga-se ao cálcio, impedindo a ligação do cálcio com o oxalato.. Quando ele se liga ao cálcio, automaticamente ele está impedindo que o oxalato se ligue ao cálcio. Níveis baixos de citrato na urina podem justificar a formação de cálculos. ● Magnésio: Liga-se ao oxalato, não o deixando sozinho para se ligar ao cálcio. ● Pirofosfato: inibe os cálculos de fosfato de cálcio ● Glicoproteínas: inibem os cálculos de oxalato de cálcio *Ácido úrico, estruvita e cistina não possuem inibidores Cálculos com Cálcio: ○ 80%- Oxalato de cálcio (mono ou di-hidratado) ○ 1 a 10% - Fosfato de cálcio (Apatita, Brushita) ○ Recorrência - 30 % em 10 anos; 75% em 20 anos Maioria desses pacientes não apresentam nenhuma alteração Hipercalciúria idiopática- 30 a 60 % ○ Aumento da excreção de cálcio urinário sem nenhuma causa ○ Cálcio, fósforo e PTH séricos normais. ○ Maioria forma cálculo de oxalato de cálcio Hiperparatiroidismo primário- 5% → CÁLCULO DE FOSFATO DE Ca ○ Hipercalcemia (aumento da reabsorção) ○ Aumento do fosfato urinário e diminuição do sérico ○ PTH elevado * Hipercalcemia com PTH normal ou alto - suspeitar de hiperpara Doenças granulomatosas ● Aumento do cálcio sérico e urinário Hipocitratúria ● Citrato se liga ao cálcio e forma um complexo solúvel (não tem a inibição) Hiperoxalúria ● Da dieta - pobres em cálcio aumentam a absorção do oxalato