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Aula sobre Raiva 2016

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Universidade Estadual Paulista 
Faculdade de Medicina de Botucatu 
Departamento de Enfermagem 
Disciplina: Enfermagem em Doenças Transmissíveis 
Raiva Humana 
Profa Dra Rúbia de Aguiar Alencar 
 
O que é a raiva? 
 
• A raiva é uma doença que acomete mamíferos, e 
que pode ser transmitida aos homens, sendo 
portanto, uma zoonose. 
 
• É causada por um vírus mortal, tanto para os 
homens quanto para os animais. 
 
 
 
 
O que é a raiva? 
 
 
Em alguns países desenvolvidos, a raiva humana está erradicada e a raiva nos 
animais domésticos está controlada, mas ainda é efetuada vigilância epidemiológica 
em função dos animais silvestres. 
 
No Brasil, a raiva humana ainda faz vítimas. Mesmo no Estado de São Paulo existem 
regiões com epizootia (epidemia entre animais), devendo haver, principalmente por 
parte dos municípios, um melhor desempenho nas atividades de controle da raiva 
animal. 
 
 
 
 
 
Descrição da raiva: 
• É uma zoonose causada por vírus; 
• Envolve o sistema nervoso central, levando ao óbito 
após curta evolução da doença; 
• Todos os animais mamíferos são suscetíveis à 
doença; 
• A imunidade pode ser adquirida através da 
vacinação. 
 
 
 
 
Modos de transmissão 
 • A transmissão ocorre quando o vírus da raiva existente na saliva do animal 
infectado penetra no organismo, através da pele ou mucosas, por 
mordedura, arranhadura ou lambedura, mesmo não existindo 
necessariamente agressão. 
 
• No Brasil, o principal animal que transmite a raiva ao homem é o cão. 
 
• O morcego hematófago é um importante transmissor da raiva, pois pode 
infectar bovinos, equinos e morcegos de outras espécies. Todos estes 
animais podem transmitir a raiva para o homem. 
 
 
 
Modos de transmissão 
 
• Forma mais comum: contato com saliva de animais doentes, através de 
mordeduras, arranhões ou lambeduras em pele lesada ou mucosa. 
 
- Na literatura só há referências de transmissão inter-humana através do 
transplante de córnea. 
 
- A fonte de infecção é o animal infectado pelo vírus da raiva. Em espaços 
urbanos, o principal transmissor é o cão, seguido do gato. Em espaços 
rurais é o morcego. 
 
- Animais silvestres são os reservatórios naturais do vírus, propiciando a 
contaminação de animais domésticos. 
 
 
Período de incubação 
 
• No homem, varia de 2 a 10 semanas, em média 45 dias. 
Porém, há relato na literatura mencionando um período de 
incubação de até 6 anos. 
 
• Depende da quantidade de vírus inoculado, proximidade do 
sistema nervoso central e gravidade da lesão. Em animais 
silvestres este período é bastante variável, não havendo 
definição clara para a grande maioria deles. 
 
Sinais indicativos da raiva 
 
• Variam conforme a espécie. Quando a doença acomete animais carnívoros, 
com maior frequência eles se tornam agressivos (raiva furiosa) e, quando 
ocorre em animais herbívoros, sua manifestação é a de uma paralisia 
(raiva paralítica). 
 
• Nos cães, o latido torna-se diferente do normal, parecendo um "uivo 
rouco", e os morcegos, com a mudança de hábito, podem ser encontrados 
durante o dia, em hora e locais não habituais. 
 
 
 
Sinais indicativos da raiva 
 
• No entanto, em todos animais costumam ocorrer os seguintes sintomas: 
- dificuldade para engolir 
- salivação abundante 
- mudança de comportamento 
- mudança de hábitos alimentares 
- mudança de hábitos 
- paralisia das patas traseiras 
 
 
 
Sinais indicativos da raiva 
 Quadro clínico - raiva furiosa (canina e felina) 
 
Fase inicial: alterações de comportamento, agitação, anorexia. 
 
• Em 1 a 3 dias, os sintomas acentuam-se. 
• O animal torna-se mais agressivo, atacando o próprio dono. Não apresenta coordenação 
motora, paralisia dos músculos da deglutição e da mandíbula (salivação e dificuldade de 
deglutição). 
• Pode caminhar grandes distâncias. 
• O latido anormal é um sinal importante. 
A duração da doença é de 1 a 11 dias. 
• O animal morre por convulsões e paralisia. 
 
 
Fisiopatologia 
 
• A transmissão ocorre quando o vírus contido na saliva e secreções do 
animal infectado penetra no tecido, principalmente através de mordedura e, 
mais raramente, pela arranhadura e lambedura de mucosas e/ou pele 
lesionada. Em seguida, multiplica-se no ponto de inoculação, atinge o sistema 
nervoso periférico e migra para o SNC protegido pela camada de mielina. 
 
• O vírus da raiva e neurotrópico e sua ação no sistema nervoso central – 
SNC causa quadro clínico característico de encefalomielite aguda, decorrente 
da sua replicação viral nos neurônios. 
 
Evite 
- Tocar em animais estranhos, feridos e doentes. 
- Perturbar animais quando estiverem comendo, bebendo ou dormindo. 
- Separar animais que estejam brigando. 
- Entrar em grutas ou furnas e tocar em qualquer tipo de morcego (vivo ou 
morto). 
- Criar animais silvestres ou tirá-los de seu "habitat" natural. 
 
 
 
O que fazer quando agredido por um animal, 
mesmo se ele estiver vacinado contra a raiva 
 
 
- Lavar imediatamente o ferimento com água e sabão. 
 
- Procurar com urgência o Serviço de Saúde mais próximo. 
 
- Não matar o animal, e sim deixá-lo em observação durante 10 dias, para 
que se possa identificar qualquer sinal indicativo da raiva. 
 
- O animal deverá receber água e alimentação normalmente, num local 
seguro, para que não possa fugir ou atacar outras pessoas ou animais. 
 
- Se o animal adoecer, morrer, desaparecer ou mudar de comportamento, 
voltar imediatamente ao Serviço de Saúde. 
 
- Nunca interromper o tratamento preventivo sem ordens médicas. 
 
- Quando um animal apresentar comportamento diferente, mesmo que ele 
não tenha agredido ninguém, não o mate e procure o Serviço de Saúde. 
 
Distribuição da raiva 
 
- Tem ocorrência quase universal. 
 
- Atualmente erradicada em algumas ilhas, como Japão, Reino Unido, Havaí e algumas ilhas 
do pacífico. 
 
- O único continente livre da doença é a Oceania. 
 
- Na Europa, a principal fonte de infecção é a raposa. 
 
- Nos Estados Unidos e Canadá, é encontrada em animais silvestres. 
 
- Na América Latina, Caribe, África e Ásia, o ciclo predominante é o urbano, onde o cão é o 
principal transmissor. 
 
Dosagem de anticorpos anti-rábicos humanos 
• O Instituto Pasteur realiza avaliação sorológica, que é obrigatória para todas as pessoas 
submetidas ao tratamento profilático pré-exposição. 
 
• Deve ser realizada a partir do 10º dia da administração da última dose da vacina. 
Somente títulos iguais ou acima de 0,5 UI/mL de anticorpos neutralizantes são 
satisfatórios. 
 
• A avaliação sorológica deve ser repetida semestralmente ou anualmente, de acordo 
com a intensidade e/ou gravidade de risco a que está exposto o profissional. 
 
• Pessoas com exposição continuada, como pesquisadores, profissionais de laboratório 
que manipulam o vírus e veterinários que atuam em áreas de epizootia, devem ser 
avaliadas semestralmente. 
 
Dosagem de anticorpos anti-rábicos humanos 
• Profissionais com menor risco de exposição, como os que só 
trabalham nas campanhas anuais de vacinação contra a raiva, devem 
ser avaliados anualmente. 
 
• Uma dose de reforço deve ser aplicada, caso o título seja inferior a 
0,5 UI/mL, repetindo-se 20 dias após a avaliação sorológica. 
 
• Ninguém deve ser exposto conscientemente a riscos, sem a 
confirmação sorológica de títulos iguais ou superiores a 0,5 UI/mL 
 
 
Produtos 
 
Vacina: Vacina de cultivo celular. São vacinas potentese seguras, 
produzidas em cultura de células (diploides humanas, células vero, células 
de embrião de galinha etc.) e apresentadas sob a forma liofilizada, 
acompanhadas de diluente. 
 
Soro (heterólogo) anti-rábico de origem eqüina (SAR). 
 
Imunoglobulina humana (homólogo) anti-rábica (IGHAR). 
 
Pré-exposição 
Vacinas de vírus inativados preparada sobre célula vero - 3 doses, nos dias 0, 7 e 
28. 
• 0,5ml 
• Via = Intramuscular 
• Local = terço médio do vasto lateral da coxa (para menores de 2 anos) ou no 
deltoide, acima de 2 anos. 
 
• Nota - É necessário o controle sorológico a partir do 10º dia após a última 
dose. São considerados satisfatórios os resultados iguais ou superiores a 0,5 
UI/mL de anticorpos neutralizantes. 
Agendamento 
Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado 
1 2 3 (dia 0) 4 5 
6 7 8 9 10 (dia 7) 11 12 
13 14 15 16 17 18 19 
20 21 22 23 24 25 26 
27 28 29 30 
Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado 
1 (dia 28) 2 3 
4 5 6 7 8 9 10 
11 12 13 14 15 16 17 
18 19 20 21 22 23 24 
25 26 27 28 29 30 31 
Pós-exposição 
É de fundamental importância lavar os ferimentos, o mais 
rapidamente possível, com água e sabão. Não é recomendável suturar 
as lesões; no entanto, caso haja necessidade, e o soro anti-rábico 
estiver indicado, a infiltração do soro deve anteceder a sutura em pelo 
menos 30 minutos. 
 
Pós-exposição 
A escolha do esquema para a profilaxia da raiva pós-exposição, indicada no 
Quadro 1, depende de: 
• espécie e condição do animal agressor 
• circunstância da agressão 
• situação da raiva na área geográfica de ocorrência do acidente 
• natureza da lesão 
• possibilidade de observação do animal agressor, no caso de cão ou gato, por 
10 dias 
• resultado do exame laboratorial do cérebro do animal agressor, quando 
possível 
• história de imunização anterior da pessoa agredida 
 
Pós-exposição 
Classificação do acidente 
O acidente deve ser classificado como leve caracterizado por: 
• ferimento superficial no tronco, membros, exceto mãos e pés. 
• lambedura de lesões superficiais. 
 
O acidente deve ser classificado como grave quando caracterizado por: 
• ferimento em mucosas, no segmento cefálico, mas mãos e pés. 
• ferimento profundo, mesmo que puntiforme 
• ferimentos múltiplos ou extensos, em qualquer região do corpo; 
• lambedura de lesões profundas ou de mucosas, mesmo que intactas 
• ferimento por morcego, independente do local, da extensão e 
profundidade. 
 
• No caso de ferimento leve, a profilaxia é realizada apenas com a 
vacina. 
 
• Nos casos de acidente grave, a profilaxia é realizada com vacina, SAR 
ou IGHAR. 
 
Pós-exposição 
• 1. Esquema de duas doses de vacina (quando se consegue 
observar o animal por 10 dias) – 2 doses: nos dias 0 e 3. 
 
• 2. Esquema de vacinação – 5 doses: nos dias 0, 3, 7, 14 e 28. 
 
• 3. Esquema de soro-vacinação – 5 doses: nos dias 0, 3, 7, 14 e 28. 
Aplicar o soro anti-rábico no primeiro dia de tratamento (dia 
zero). 
 
 
Vacina 
 • Composição: vírus da raiva inativado, cepa WISTAR PM/WI 38-1503-3M 
cultivados sobre células vero. 
 
• Apresentação: 1 ampola com liófilo e 1 ampola com diluente. 
 
• Aplicar via IM. Volume: 0,5 ml (dependendo do laboratório produtor), 
por via intramuscular; no vasto lateral da coxa, em crianças menores de 
dois anos, ou no deltoide acima desta faixa etária. 
 
• Frasco de dose única. Conservar entre 2 a 8°C. 
 
• Agulha 20x5,5; 25x7; 30x7. Seringa de 3ml. 
 
• 0,1 mL por via intradérmica; somente em esquemas de pré-exposição e 
com vacinas produzidas em cultivo celular (mas não com as produzidas 
em embrião de pato). 
 
 
 
Contra- indicação: 
 
 
• Em virtude da evolução fatal da infecção pelo vírus rábico, a profilaxia 
pós-exposição não apresenta contraindicação. 
 
• Em caso de vacinação preventiva (profilaxia pré-exposição): 
- Hipersensibilidade a qualquer componente da vacina. 
- Estado febril e doença infecciosa aguda, uma vez que os sintomas da 
doença podem ser confundidos com eventuais eventos adversos da vacina. 
- Doença infecciosa aguda. 
- Doença aguda ou crônica em evolução. 
- Gravidez (vide item 'Uso na gravidez e lactação'). 
 
 
 
Reações Adversas 
 • Em geral, de intensidade leve e tendem desaparecer espontaneamente em 48 
horas. 
 
• Reações locais benignas, tais como, dor, eritema, enduração e prurido foram 
relatadas mais frequentemente, persistindo por 1 a 2 dias. 
 
• Também foram relatadas, com incidência menos frequente, reações sistêmicas 
como: febre moderada, cefaleia , mialgia, astenia , desconforto generalizado e 
linfadenopatia . 
 
• A ocorrência de anafilaxia é rara. Além disso, foram descritos raros casos de 
alterações neurológicas cujas causas não foram bem estabelecidas. 
• Soro anti-rábico: 40 UI/kg de peso. 
 
• Imunoglobulina humana anti-rábica: 20 UI/kg de peso. 
 
• O volume total, ou o máximo possível, do soro anti-rábico ou 
imunoglobulina humana antirábica, deve ser infiltrado na região do 
ferimento; se for necessário (por exemplo, ferimentos múltiplos), diluir com 
soro fisiológico para permitir a infiltração de toda área lesada. 
 
• Se a lesão for pequena, infiltrar o maior volume possível e aplicar o restante 
por via intramuscular, em uma ou mais injeções, podendo ser utilizada a 
região glútea 
 
• Nota: Aplicar o soro em locais com infraestrutura para atendimento de quadro de choque anafilático. 
 
• Nota: Manter o paciente em observação pelo período mínimo de duas horas após a administração do 
soro. 
 
• Nota: Interrogar o paciente sobre quadros de hipersensibilidade, uso prévio de imunoglobulinas de 
origem animal e contatos frequentes com animais, principalmente equídeos, o que aumentaria o risco de 
hipersensibilidade. No caso de resposta positiva, substituir o soro pela imunoglobulina humana anti-
rábica, se disponível. 
 
• Nota: Se o soro não for administrado no início da vacinação (dia zero), deve-se aplicá-lo assim que 
possível. Não se deve utilizar a mesma agulha e/ou seringa para a aplicação do soro (ou imunoglobulina) e 
vacina. Nunca aplicar o soro (ou imunoglobulina) e a vacina em regiões anatomicamente próximas. 
 
Referência 
• Site do Instituto Pasteur – Secretaria de Estado de Saúde - SP 
http://www.saude.sp.gov.br/instituto-pasteur 
 
Raiva on-line (Instituto Pasteur) 
http://www.pasteur.saude.sp.gov.br/online/online.htm 
 
Manual Técnico do Instituto Pasteur. 
http://www.saude.sp.gov.br/resources/instituto-
pasteur/pdf/manuais/manual_08.pdf 
 
Portal Saúde – Raiva 
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-
ministerio/principal/secretarias/svs/raiva

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