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1 FABIANA NASCIMENTO DA SILVA MEIOS DE PROVAS NO DIREITO PROCESSUAL CIVIL Taboão da Serra 2022 2 FABIANA NASCIMENTO DA SILVA MEIOS DE PROVAS NO DIREITO PROCESSUAL CIVIL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Anhanguera de Taboão da Serra, como requisito parcial para obtenção do título de graduação em Direito. Orientador (a): Diana Gomes Alexandria Taboão da Serra 2022 3 FABIANA NASCIMENTO DA SILVA MEIOS DE PROVAS NO DIREITO PROCESSUAL CIVIL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Instituição Faculdade Anhanguera de Taboão da Serra, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito. BANCA EXAMINADORA Professor(a). Titulação Nome do Professor(a) Professor(a). Titulação Nome do Professor(a) Professor(a). Titulação Nome do Professor(a) Taboão da Serra, 25 de maio de 2022. 4 Dedico este trabalho a minha família que com amor e incentivo, nunca mediu esforços para que eu chegasse até esta etapa da minha vida. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus que permitiu que tudo isso acontecesse. Aos meus professores da graduação, que ao longo da minha vida acadêmica se disponibilizaram a sanar minhas dúvidas, me ajudaram a adquirir conhecimento, possibilitando dessa forma o meu crescimento pessoal e profissional. À minha professora orientadora, que me auxiliou para a apresentação de um bom trabalho. À minha família que me garantiu suporte e compreensão diante das dificuldades e empecilhos diários. Enfim, a todos que colaboraram de uma maneira ou outra durante essa longa caminhada, meus sinceros agradecimentos. 6 SILVA. FABIANA NASCIMENTO DA. MEIOS DE PROVAS NO DIREITO PROCESSUAL CIVIL. 2022. Fls. 50. Trabalho de Conclusão de Curso Graduação em Direito - Faculdade Anhanguera - Taboão da Serra – SP - 2022. RESUMO A presente monografia visa estudar a prova no processo civil. O trabalho abordará um breve histórico sobre a origem da prova, seguindo-se do conceito de prova no processo, suas características, o objeto da prova, relatando os fatos notórios, imorais, presumidos, as provas ilícitas, entre outras. Considerando que no procedimento ordinário existe a fase da postulação, saneamento, seguindo- se da fase probatória e concluindo com a fase decisória, importante um estudo sobre os momentos da prova, bem como a valoração que cada meio de prova pode assumir no contexto da lide, tendo em vista que são vários os meios de provas usadas no processo civil, ou seja, aquelas adotadas pelo Código de Processo Civil, quais sejam: depoimento pessoal, confissão, exibição de documento ou coisa, prova documental, prova testemunhal, prova pericial, inspeção judicial. Palavra-chave: Provas. Meios de Provas. 7 SILVA. FABIANA NASCIMENTO DA. MEIOS DE PROVAS NO DIREITO PROCESSUAL CIVIL. 2022 . fls. 50. Trabalho de Conclusão de Curso Graduação em Direito - Faculdade Anhanguera - Taboão da Serra – SP - 2022. ABSTRACT This monograph aims to study the evidence in civil proceedings. The work will address a brief history of the origin of the evidence, followed by the concept of evidence in the process, its characteristics, the object of the evidence, reporting the notorious, immoral, presumed facts, illegal evidence, among others. Considering that in the ordinary procedure there is the postulation, sanitation phase, followed by the evidentiary phase and concluding with the decision phase, it is important to study the moments of the test, as well as the valuation that each means of evidence can assume in the context of the dispute. , given that there are several means of evidence used in civil procedure, that is, those adopted by the Code of Civil Procedure, namely: personal testimony, confession, exhibition of document or thing, documentary evidence, testimonial evidence, expert evidence, judicial inspection. Keyword: Evidences. Means of Evidence. 8 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 10 2. DAS PROVAS .............................................................................................. 11 2.1 CONCEITO DE PROVAS .......................................................................... 11 2.2. CARACTERÍSTICAS DA PROVA ............................................................. 12 2.3. ÔNUS DA PROVA..................................................................................... 13 2.4. MEIOS DE PROVA ................................................................................... 14 2.5. CARACTERISTICA DAS PROVAS ........................................................... 15 3. FINALIDADE DA PROVA NO PROCESSO ................................................ 16 3.1. Destinatário da Prova ................................................................................ 18 3.2. Objeto da Prova ........................................................................................ 19 3.3. Fatos relevantes e controversos ............................................................... 22 3.4. Fatos Notórios ........................................................................................... 24 3.5. Fatos incontroversos ................................................................................. 26 3.6. Fatos presumidos ...................................................................................... 27 4. DAS PROVAS EM ESPÉCIE ....................................................................... 28 4.1. DO DEPOIMENTO PESSOAL .................................................................. 28 4.1.1. SUJEITOS .............................................................................................. 30 4.1.2. PROCEDIMENTOS ................................................................................ 32 4. 2 CONFISSÃO ............................................................................................. 35 4.2.1. REQUISITOS DA CONFISSÃO ............................................................. 36 4.2.2. EFEITOS DA CONFISSÃO .................................................................... 36 4.3. DA PROVA DOCUMENTAL ..................................................................... 39 4.3.1. DA PRODUÇÃO DA PROVA DOCUMENTAL ....................................... 39 4.4. DA PROVA TESTEMUNHAL ................................................................... 42 9 4.4.1. DA PRODUÇÃO DA PROVA TESTEMUNHAL ...................................... 43 4.5. DA PROVA PERICIAL .............................................................................. 44 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 48 10 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por objeto o estudo das provas no processo civil abrangendo inicialmente um breve histórico da Prova, os conceitos acerca de jurisdição, processo, ação, o Ônus da Prova, seguindo-se com os meios de prova, do Código de Processo Civil Brasileiro. A importância do estudo deste tema reside no fato de que, diante de um impasse surgido entre indivíduos, ou diante daquele que tem um direito lesado, é por meio do direito de ação que as partes buscam a jurisdição com o objetivo de que o Estado Juiz solucione a lide, porém, para se obter um julgamento justo, honesto, imprescindível o estudo das provas no processo, objeto deste trabalho, poisNESTE CASO, CUMPRE AO JUIZ, VERIFICANDO TAL VÍCIO OU IRREGULARIDADE, DETERMINAR O SUPRIMENTO ATRAVÉS DA DILIGENCIA CONTEMPLADA NO ART. 284, DO MESMO DIPLOMA LEGAL, EM PROVEITO DA FUNÇÃO INSTRUMENTAL DO PROCESSO, AFASTANDO-SE, ASSIM, A PRÁTICA DE EXACERBADO FORMALISMO. II - PRECEDENTES DO STJ. III - RECURSO CONHECIDO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. Acórdão POR UNANIMIDADE, CONHECER DO RECURSO ESPECIAL E LHE NEGAR PROVIMENTO. REsp 46386 / SP RECURSO ESPECIAL 1994/0009321-7 Relator(a) Ministro WALDEMAR ZVEITER (1085) Órgão Julgador T3 – TERCEIRA TURMA Data do Julgamento 14/06/1994 Data da Publicação/Fonte DJ 22.08.1994 p. 21263). Assim, constata-se que o Superior Tribunal de Justiça, vem afirmando seus posicionamentos no sentido de que Documento não considerado “indispensável” possa ser juntado em momento posterior, inclusive quando da interposição de recurso, desde que a parte contrária seja intimada. Nesse diapasão, leciona Greco Filho (1999, p.214): A jurisprudência, porém, tem sido liberal quanto à possibilidade de, a qualquer tempo, serem juntados Documentos novos, entendendo-se como novo não só o Documento que antes não existia, mas também o Documento obtido posteriormente ou todo aquele que não foi juntado anteriormente. 42 E por fim o art. 399 do CPC disciplina que o Juiz, em qualquer tempo, até em grau de recurso, poderá requisitar às repartições públicas, certidões, procedimentos administrativos em que forem interessados a União, Estado, Município, ou entidades da administração indireta. Pela lei n° 11,419 de19/12/2006, foi acrescido os parágrafos 1° e 2°. Do art. 399 do CPC. No parágrafo primeiro deverá o Juiz mandar extrair certidões, ou outro Documento, de ofício ou indicado pela parte, no prazo máximo de 30 dias, e devolvê-los à repartição de origem. O parágrafo 2° descreve que as repartições públicas podem fornecer todos os Documentos por meio de meio eletrônico, com o devido certificado de que é um Documento fiel ao que se encontra nos bancos de dados da repartição pública. 4.4. DA PROVA TESTEMUNHAL “Prova testemunhal é que se obtém com o depoimento oral de Testemunhas, sobre fatos constantes do litígio. Testemunha é a pessoa chamada a depor sobre esses fatos, narrando suas percepções sensoriais.” ( MARQUES, 2003, p.241) Para Alvim, (2005, p. 444): “A Prova testemunhal é aquela produzida oralmente perante o juiz através de depoimento de pessoa estranha à lide, exceto nos casos em que a lei vede esse meio de Prova (art. 400, caput, 1.ª frase, e incs. I e II).” No mesmo sentido Marinoni, Arenhart (2005, p.364): “Por meio da Prova testemunhal obtém-se, através das declarações de alguém estranho à relação processual, determinada versão de como se passaram certos fatos importantes para a definição do litígio.” Também para Didier Jr.; Braga; Oliveira (2007, p.153): “Testemunha é uma pessoa, distinta de um dos sujeitos processuais, que é chamada a juízo para dizer o que sabe sobre o fato probando.” 43 Denota-se pela leitura da doutrina e dos artigos do CPC, que a prova testemunhal obrigatoriamente deve ser alguém que não faz parte da relação processual para depor em juízo para narrar o que sabe sobre o litígio em questão. 4.4.1. DA PRODUÇÃO DA PROVA TESTEMUNHAL “O momento adequado para requerer a Prova testemunhal é a petição inicial (art. 282, VI), para o autor, ou a contestação, para o réu (art. 300), ou então na fase de especificação de Prova, durante as providências preliminares (art. 324).” (THEODORO JR., 2007, p. 521). Greco Filho (1999, p. 219), acrescenta que: “A Prova testemunhal é requerida na inicial e na contestação e deferida na fase de saneamento. O depoimento da Testemunha é, em princípio, prestado na audiência de instrução e julgamento.” Esclarece Marinoni; Arenhart, (2005, p.367) que: “Trata-se de requerimento genérico, não sendo necessário que a parte apresente, nesses momentos, o rol das Testemunhas que deseja sejam ouvidas.” Destarte, prevê o art. 407 do CPC, que é da competência das partes, no prazo fixado para o juiz ao designar a da data da audiência, protocolar em cartório o rol das Testemunhas, devendo constar na petição o nome, profissão, residência e local de trabalho. Caso o juiz, não mencione no despacho o prazo para o depósito das Testemunhas, rol deverá ser apresentando 10 (dez) dias antes da audiência. Esclarece o parágrafo único do mesmo artigo que podem as partes apresentar rol de no máximo dez Testemunhas; no entanto, quando qualquer das partes apresentarem mais de três Testemunhas para cada fato, o juiz poderá não ouvir as restantes. 44 “O prazo do art. 407 é preclusivo (JTA 93/324, 112/41).” (NEGRÃO; GOUVÊA, 2007, p.510). “Não pode ser tomado o depoimento de Testemunhas cujo rol haja sido depositado sem observância do prazo legal. [...] Todavia, o juiz pode ouvir as Testemunhas, mesmo arroladas fora do prazo, quando se litigar sobre direito indisponível, [...] (RT613/162).” (NEGRÃO; GOUVÊA, 2007, p. 510). Quanto à substituição de Testemunha depois de apresentado o rol, só é possível nos casos descritos no art. 408 do CPC, ou seja, quando a Testemunha falecer; quando não puder depor por causa de enfermidade; e quando não for encontrada pelo oficial de justiça, por motivo de mudança de endereço. Didier Jr; Braga, Oliveira (2007, p.166) destacam: Curioso é que, embora o rigor do dispositivo nos remeta a uma visão mais inquisitorial do processo, é certo que a substituição indevida de uma Testemunha ou a desistência de um testemunho devem ser impugnados na primeira oportunidade que couber ao interessado falar nos autos, sob pena de preclusão. Conclui-se, pela leitura do Código e das doutrinas que o momento do requerimento das Testemunhas pelo autor é quando ingressa em juízo, com a inicial, e para o réu, na contestação, já a apresentação do rol, será determinado pelo juiz, quando este designar a data da audiência, o caso silencie o prazo para que as partes protocolem o rol em cartório será de 10 dias antes da data audiência. 4.5. DA PROVA PERICIAL Há muitas situações que envolvem um litígio, em que o juiz, não possui entendimento suficiente para resolver a questão e que somente uma pessoa qualificada ou especializada sobre o assunto poderá dizer ou atestar, sobre o assunto envolvido, que auxiliará o Magistrado a resolver a complexidade do caso concreto. 45 Para Didier Jr; Braga, Oliveira (2007, p.171) a Prova Pericial: é aquela pela qual a elucidação do fato se dá com o auxílio de um perito, especialista em determinado campo do saber, devidamente nomeado pelo juiz, que deve registrar sua opinião técnica e científica no chamado laudo pericial – que poderá ser objeto de discussão pelas partes e seus assistentes técnicos. Perito é a pessoa nomeada pelo juiz, em função da sua qualificação pessoal, como um engenheiro, médico, contador, economista, com o objetivo de efetuar um trabalho técnico, em que deverá analisar fatos e circunstâncias apresentadas pelos litigantes no processo. (AMORIM, 2004, p.325). O assistente técnico é aquela pessoa nomeada pelas partes, incumbindo a estas, indicarem em juízo seus assistentes, dentro do prazo de cinco dias contados do despacho que nomeou o perito. (art. 421, CPC). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS No decorrer da pesquisa efetuada em doutrinas, leis, jurisprudências, buscou-se explanar inicialmente, acerca do histórico Prova, seguindo-se de breves explanações sobre jurisdição, processo, ação, para após adentrarmos no estudo sobre prova, visando proporcionar melhor embasamento ao leitor. Inicialmente observou-se que desde a pré-história a Prova já existia como forma de julgamento que não proporcionava defesa ao acusado e eram realizadas de forma bárbara, como as ordálias, a prova de fogo, acreditando-se que os deuses influenciavam na descoberta da verdade, assim teria umjulgamento justo, mas que na verdade não passava de uma verdadeira atrocidade contra o ser humano. No entanto, com o passar dos séculos, o sistema de julgamento foi se modificando, por influência do direito romano e canônico surgiu o processo comum escrito, porém, muito lento e complicado. Concluiu-se com os estudos que somente após a Revolução Francesa, é que se iniciou uma nova fase no direito probatório, proporcionando ao Juiz utilizar seu livre convencimento ao julgar as lides. 46 Passada essa fase de evolução da Prova, buscou-se fazer uma abordagem acerca do direito processual civil, pois, por meio do direito a ação, o indivíduo pode exercer seus direitos ameaçados ou lesados, reclamando-os ao Estado-Juiz, isto é, representado pela Jurisdição que tem o poder dever de apresentar uma solução ao caso litigioso. Mas, para que Estado exerça sua função jurisdicional de julgar, vale-se de um instrumento denominado processo, que segue determinados passos regrados pelo Código de Processo Civil, entre os quais se encontram as normas vigentes sobre a “Prova” objeto de estudo desta pesquisa. Primeiramente, constatou-se que o objeto da Prova no processo são os fatos em litígio, isto é, os fatos que geram alguma controvérsia entre indivíduos, e que enseje um direito à parte juridicamente possível, considerando que o direito não se prova, pois o juiz conhece as leis, ou seja, quando a parte alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, poderá o juiz exigir- lhe a respectiva Prova. Portanto, observou-se que o método adotado em nossa legislação é de grande importância, pois fornece segurança jurídica às partes, uma vez que o juiz é obrigado a fundamentar seus julgados, mencionando por quais motivos ou embasado em quais provas o levou ao seu convencimento para julgar a demanda, o que com certeza enobrece o trabalho da justiça, pois suas decisões não são arbitrárias, mas são embasadas legalmente e ainda contam com o bom senso e imparcialidade do juiz, é o que esperamos. À frente disso, os estudos foram voltados para os meios de prova elencados no Código de Processo Civil, quais sejam: o depoimento pessoal, a confissão, exibição de documento ou coisa, prova documental, e testemunhal, perícia e inspeção judicial. Assim, verificou-se que o estudo da Prova é bastante complexo, mas de vital importância para o julgamento do processo, pois é com base nestas que o 47 Juiz, formará a sua convicção, seu convencimento, para solucionar o caso, mediante sua decisão fundamentada. Conclui-se também que, no processo civil, o que se busca é a verdade real, mas muitas vezes a prova dos autos conduz somente a uma verdade formal, pois o juiz, profere uma decisão embasado nas espécies de Provas elencadas ao longo do trabalho, não podendo julgar o que não consta nos autos. Verificou-se assim que, é grande a responsabilidade de um juiz, pois, este tem em suas mãos a decisão de muitas vidas, muitos futuros são definidos, em consequência da decisão judicial. Contudo, é evidente que o presente trabalho não esgota o estudo da Prova, pois é um tema muito amplo, extenso de se abordar e tendo em vista que são inúmeros são casos que chegam ao judiciário, exige-se determinado tipo de prova conforme o caso em litígio, e, sobretudo não se pode dizer que uma prova tem valor maior que a outra, pois tudo depende do contexto em que esta está inserida. Assim, diante de todas as explanações efetuadas nesta pesquisa, espera- se ter contribuído de alguma forma para a elucidação deste tema amplo e complexo e principalmente ao direito. 48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVIM, Arruda. Manual de Direito Processual Civil. 9. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2005. 2 v. AMORIM, José Roberto Neves. Fundamentos atuais do processo civil: processo de conhecimento. São Paulo: Manole. 2004. 1 v. BARROSO, Carlos Eduardo Ferraz de Mattos, Teoria Geral do Processo e Processo de Conhecimento. 3. ed. São Paulo: Saraiva. 2000. 11 v. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 40. ed. São Paulo: Saraiva, 2007, 464 p. LOPES, João Batista. A prova no direito processual civil. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. JÚNIOR, HUMBERTO THEODORO. Curso de Direito Processual Civil. Volume I, Teoria Geral do Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. 52ªED. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2011. Página 453. SILVA, DE PLÁCIDO E. Título: Vocabulário Jurídico. 30ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2013. Página 306 e 503. NERY JÚNIOR, Nélson e NERY, Rosa Maria Andrade. Código de Processo Civil comentado, 4. Ed. Rev. E ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1999, página. 864 e 865 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73 49 Código de Processo Civil Comentado. 10ª ed. Revista dos Tribunais. 2007. P. 626. THEODORO Jr, Humberto, Curso de Direito Processual Civil, Vol 1, 52ª Ed, P. 490 1. INTRODUÇÃO 2. DAS PROVAS 2.1 CONCEITO DE PROVAS 2.2. CARACTERÍSTICAS DA PROVA 2.3. ÔNUS DA PROVA 2.4. MEIOS DE PROVA 2.5. CARACTERISTICA DAS PROVAS 3. FINALIDADE DA PROVA NO PROCESSO 3.1. Destinatário da Prova 3.2. Objeto da Prova 3.3. Fatos relevantes e controversos 3.4. Fatos Notórios 3.5. Fatos incontroversos 3.6. Fatos presumidos 4. DAS PROVAS EM ESPÉCIE 4.1. DO DEPOIMENTO PESSOAL 4.1.1. SUJEITOS 4.1.2. PROCEDIMENTOS 4. 2 CONFISSÃO 4.2.1. REQUISITOS DA CONFISSÃO 4.2.2. EFEITOS DA CONFISSÃO 4.3. DA PROVA DOCUMENTAL 4.3.1. DA PRODUÇÃO DA PROVA DOCUMENTAL 4.4. DA PROVA TESTEMUNHAL 4.4.1. DA PRODUÇÃO DA PROVA TESTEMUNHAL 4.5. DA PROVA PERICIAL 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASnão há como julgar uma demanda judicial, sem provas. Pelos motivos expostos considera-se a fase probatória, de grande relevância para o direito, e para os profissionais que atuarão com justiça ética e moral, onde os meios legais de prova e os moralmente legítimos são empregados no processo "para provar a verdade dos fatos em que se funda a ação ou a defesa" (art 332). São, pois, os fatos litigiosos o objeto da prova. Posto isso, a finalidade da prova é a formação da convicção em torno dos fatos deduzidos pelas partes em juízo, já que a prova no processo se apresenta em momentos diversos, isto é, passa por três momentos, que são: o momento da proposta da Prova, à admissão pelo juiz e a produção da Prova pelas partes. Assim, os meios de provas especificados pelo Código de Processual Civil são os seguintes: depoimento pessoal, confissão, exibição de documentos ou coisa, prova documental, prova testemunhal, prova pericial e inspeção judicial. Com este itinerário, espera-se alcançar o intuito que ensejou a preferência por este estudo: a prova no processo civil e sua importância no julgamento do processo. 11 2. DAS PROVAS Segundo o dicionário Michaelis, provar significa aquilo que serve para estabelecer uma verdade por verificação ou demonstração, aquilo que mostra ou confirma a verdade de um fato. As partes em litígio devem provar o que sustentam, os fatos que alegam geradores da pretensão subjetiva fundados no direito material. Tais alegações precisam de esteio fático e do nexo causal com o direito pretendido erguidos sobre os pilares das provas. Sejam extintivos, impeditivos, constitutivos ou modificativos do direito. Neste diapasão, Humberto Theodoro Junior (pg. 641), citando João Monteiro, explica que de tal sorte, às partes não basta simplesmente alegar os fatos. “Para que a sentença declare o direito, isto é, para que a relação de direito litigioso fique definitivamente garantida pela regra de direito correspondente, preciso é, antes de tudo, que o juiz se certifique da verdade do fato alegado”. O que se dá através das provas. Destarte, do exame dos fatos e de sua adequação ao direito objetivo, o juiz extrairá a solução do litígio que será revelada na sentença. Por seu turno, Candido Rangel Dinamarco explica que “o resultado a ser obtido mediante a instrução probatória é o conhecimento dos fatos e consequente firmeza para proferir a decisão”. 2.1 CONCEITO DE PROVAS De acordo com o Código de Processo Civil em seu artigo 369, a prova é todo meio legal, bem como os meios moralmente legítimos, que tem a finalidade de provar a verdade dos fatos, seja na propositura da ação pelo autor, seja na defesa pelo réu. Segundo o professor Humberto Theodoro Júnior, a prova advém de fatos, que são alegados pelas partes com o intuito de convencer o juiz da verdade. Tal convencimento enseja na solução jurídica do litígio, que será revelada na sentença. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10700800/artigo-369-da-lei-n-5869-de-11-de-janeiro-de-1973 12 Entretanto, se o juiz não ficar convencido da veracidade de tais fatos alegados, não terá ocorrido a prova, mas sim a apresentação de elementos com que se pretendia provar, como documentos, perícia, testemunhas, etc. Portanto, para que a sentença solucione o conflito, não basta somente que as partes aleguem fatos, mas sim que o juiz se certifique da veracidade destes. De acordo com o mesmo doutrinador, a prova tem dois sentidos: a) O sentido objetivo que é "o instrumento ou o meio hábil para demonstrar a existência de um fato." b) O sentido subjetivo "que é a certeza (estado psíquico) originada quanto ao fato, em virtude da produção do instrumento probatório é a convicção formada no espírito julgador em torno do fato demonstrado." (THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 468). Por fim, o momento mais comum em que a prova é produzida pelas partes é na fase de instrução do processo, que se inicia após o despacho saneador e finaliza-se no momento em que o juiz abre para o debate oral. Porém, os artigos 320 e 434 do CPC, tratam da exceção, a prova documental, que poderá ser produzida na fase postulatória. 2.2. CARACTERÍSTICAS DA PROVA Toda prova tem um objeto, uma finalidade e um destinatário. Sendo assim, o objeto da prova são os fatos relevantes deduzidos pelas partes para o julgamento da ação. De acordo com Humberto Theodoro Jr., há dois tipos de provas, a prova direta, que “demonstra a existência do próprio fato narrado nos autos”, e a prova indireta, que está ligada diretamente a um fato não inserido nos autos, mas que a partir de um raciocínio lógico, se chega a uma conclusão dos fatos narrados nos autos. Este tipo de prova é a chamada prova por presunção. Somente os fatos juridicamente relevantes é que devem ser provados. É o que diz o artigo 374 do CPC, assim, os fatos notórios, os fatos afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária, os fatos incontroversos e os fatos em cujo favor milita presunção legal de existência ou veracidade, não necessitam http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10705384/artigo-320-da-lei-n-5869-de-11-de-janeiro-de-1973 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10693674/artigo-434-da-lei-n-5869-de-11-de-janeiro-de-1973 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10700220/artigo-374-da-lei-n-5869-de-11-de-janeiro-de-1973 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73 13 de comprovação. Portanto, cabe ao juiz definir em audiência, quais são os fatos relevantes a serem provados. Já a finalidade da prova é o convencimento do juiz da veracidade dos fatos alegados. E, portanto, o destinatário da prova será o juiz. É importante ressaltar que as provas produzidas no processo devem ser lícitas, de acordo com o artigo 369 do Código de Processo Civil, "meio moralmente legítimo". Porém, no que tangem as provas ilícitas, de acordo com o artigo 5, LVI da Constituição Federal, serão inadmitidas as provas ilícitas no processo, entretanto, a jurisprudência entende em uma de suas correntes que é possível que o juiz admita a prova produzida ilicitamente dependendo do modo como esta produção foi realizada. Sendo assim, o juiz aplicará o princípio da proporcionalidade, ou seja, se aquele meio de prova, obtido de forma ilícita for extremamente importante, ela será incorporada ao processo, mas quem a produziu poderá sofrer penalidades criminais. 2.3. ÔNUS DA PROVA “O ônus da prova consiste na conduta processual exigida pela parte para que a verdade dos fatos por ela arrolados seja admitida pelo juiz”, ou seja, ambas as partes têm a opção de provar o fato alegado, porém, escolhendo não os provar, o litigante assume o risco de não obter um resultado positivo do juiz perante a sua causa. Isto decorre da máxima antiga que diz que fato alegado e não provado é o mesmo que fato inexistente. De acordo com o artigo 373 do Código de Processo Civil, ao autor incumbe o ônus de provar o fato constitutivo do seu direito e ao réu cabe o ônus de provar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito que pretenda ser seu. Sendo assim, quando o réu contestar a alegação do autor, somente negando o fato pretendido por ele, cabe ao autor o ônus de provar a veracidade de seus fatos alegados, sob pena de não convencer o juiz que o pretendido direito é seu, ou seja, perder a causa. Entretanto, se o réu contestar alegando http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10700800/artigo-369-da-lei-n-5869-de-11-de-janeiro-de-1973 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10728274/inciso-lvi-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10700294/artigo-373-da-lei-n-5869-de-11-de-janeiro-de-1973 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73 14 fato modificativo, extintivo ou impeditivo de direito, o ônus da prova é seu, já que nestes casos o próprio réu assume, implicitamente, que as alegações do autor são verdadeiras, ou seja, os fatos alegados por ele são incontroversos, dispensando, portanto, qualquer prova. Há que se falar também da inversão do ônus da prova nos direitos do consumidor. De acordo com o artigo 6, VIII do Código de Defesa do Consumidor, a inversão do ônus da prova é a inversão da tarefa de provar do autor, que é o consumidor, ao réu que é o fornecedor. Caberá a inversão do ônus da prova somente em duas situações: quando há hipossuficiência do consumidor, ou seja, quando há dificuldade em provar o seu direito ou então quando o autor estiver vulnerável em relação ao réu. Ou então caberá está inversão quando presente a verossimilhança das alegações do consumidor. A inversão do ônus da prova somente ocorrerá se o juiz entender que estão presentes estes dois requisitos ou somente um deles, e esta decisão deve ser feita no momento de saneamento, antes da fase probatória, para que as partes possam ter conhecimento da inversão do ônus da prova e se desincumbirem das provas que lhe cabem. Sendo assim, competirá ao réu provar "fatos que possam exclui-lo da esfera de responsabilidade, diante do quadro evidenciado no processo, como, v. G, o caso fortuito, a culpa exclusiva da vítima, a falta de nexo entre o resultado danoso e o produto consumido." Por fim, vale ressaltar que o Código de Defesa do consumidor não teve a intenção de retirar do consumidor toda a tarefa de provar, "mas apenas de diminuir as possíveis dificuldades técnicas na produção das provas necessárias à defesa de seus direitos em juízo". 2.4. MEIOS DE PROVA De acordo com o Código de Processo Civil, os meios de provas são: depoimento pessoal; confissão; exibição de documento ou coisa; prova documental; prova testemunhal; prova pericial e inspeção judicial. http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10607666/artigo-6-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10607335/inciso-viii-do-artigo-6-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73 15 Há também outros meios de provas que não estão tipificados no Código de Processo Civil, como os “moralmente legítimos”, que diz o artigo 369, como já mencionado anteriormente. Sendo eles, como por exemplo, a prova emprestada que é a prova produzida em outro processo, mas que pode ser utilizada em um processo atual, por ter alguma relevância. Bem como a prova por presunção, já mencionada anteriormente. 2.5. CARACTERISTICA DAS PROVAS No Código de Processo Civil, a seguinte disposição: “Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa. ” Vale lembrar que só o que consta regularmente nos autos pode servir de prova para o julgamento da lide. De tal sorte que o código permite meios de prova não especificados, desde que moralmente legítimos. Por seu turno, Humberto Theodoro Junior (pg. 462), ministra que toda prova há de ter um objeto, uma finalidade, um destinatário, e deverá ser obtida mediante meios e métodos determinados. Continuando, o exímio doutrinador, leciona que a prova judiciária tem como objeto os fatos deduzidos pelas partes em juízo. Sua finalidade é a formação da convicção em torno dos mesmos fatos. O destinatário é o juiz, pois é ele que deverá se convencer da verdade dos fatos para dar a solução jurídica ao litígio. Os meios de prova que o diploma legal em quadro especifica se encontram descritos nos artigos 332 a 443 e são, a saber: Depoimento Pessoal, Confissão, Exibição de Documento ou Coisa, Prova Documental, Prova Testemunhal, Prova Pericial, Inspeção Judicial. As indicações supracitadas são denominadas de Provas em Espécie e constituem instrumento probatório destinado ao convencimento do espírito do juiz, propiciando o juízo de certeza no magistrado findando, por conseguinte, na prolação da sentença, resolvendo o mérito. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10700800/artigo-369-da-lei-n-5869-de-11-de-janeiro-de-1973 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73 16 Caso as partes não requeiram a produção de prova necessária à sentença definitiva, cabe ao juiz de ofício, de forma suplementar e não afrontador do princípio da inércia, determinar a produção das provas necessárias à instrução do processo (art. 130). 3. FINALIDADE DA PROVA NO PROCESSO É por meio do processo, que o Estado Juiz, procura solucionar os conflitos, mas para isto, é fundamental saber qual das partes está com a razão, ou seja, quem realmente deve ser vencedora na pretensão discutida, e é por intermédio de “Provas”, que o Juiz vai encontrar subsídios, para dizer ao final, quem é o vencedor do direito postulado. Para Theodoro Júnior, o Juiz busca uma solução aos conflitos, por meio da verdade real, que consta no processo, (2007, p.468): O processo moderno procura solucionar os litígios à luz da verdade real e é, na Prova dos autos, que o Juiz busca localizar essa verdade. Como, todavia, o processo não pode deixar de prestar a tutela jurisdicional, isto é, não pode deixar de dar solução jurídica à lide, muitas vezes esta solução, na prática, não corresponde à verdade real. [...] Assim, se a parte não cuida de usar das faculdades processuais e a verdade real não transparece no processo, culpa não cabe ao juiz de não ter feito a justiça pura, que, sem dúvida, é a aspiração das partes e do próprio Estado. (THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 468). No mesmo sentido a jurisprudência do Estado de Santa Catarina, confirma a busca pela verdade real, conforme abaixo se analisa: SANTA CATARINA – TJ - APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO - ALEGAÇÃO DE FALSIDADE DAS ASSINATURAS DOS CONTRATOS NA CONTESTAÇÃO - SENTENÇA PROFERIDA COM BASE EM COMPARAÇÃO A OLHO NU - INVALIDADE - NECESSÁRIA PRODUÇÃO DE PERÍCIA GRAFOTÉCNICA - INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 389, II, 392, DO CPC - BUSCA DA VERDADE REAL - CERCEAMENTO DE DEFESA CONFIGURADO - NULIDADE DA SENTENÇA - RECURSO PROVIDO. Uma vez alegada, pelo devedor, a falsidade da assinatura constante em documento, cabe à parte adversa, que produziu o documento, o ônus de provar sua veracidade, em decorrência da aplicação do disposto no art. 389, II, do Código de Processo Civil. - Recebida pelo Magistrado singular a alegação de falsidade da assinatura, e intimada a parte que produziu o documento, o exame pericial deve ser produzido, a fim de se 17 privilegiar a busca da verdade real e em consonância com o art. 392, do Código de Processo Civil. No caso do Togado não determinar a produção da perícia e proferir de plano sentença que analisa a questão, declarando que a assinatura pertence a pessoa que se refere o documento, inviável torna-se a mesma, devendo ser decretada sua nulidade. (Acórdão: n° 2002.010472-3, Relator: Sérgio Roberto Baasch Luz Data da Decisão: 31/03/2005). Acesso em 10/05/2007 Observa-se, portanto, que compete às partes produzir Prova, oferecendo condiçõesao Juiz de prolatar uma sentença justa, vez que este não poderá julgar além do que restou demonstrado nos autos. Neste contexto, para segurança das partes envolvidas, só é lícito julgar segundo o que foi alegado e provado no processo. O que não está nos autos, para o juiz, não existe. Portanto, o direito processual satisfaz-se com a verdade processual, ou seja, a realidade que se encontra no processo. (THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 468). Sua finalidade, portanto, é a formar a convicção quanto à existência dos fatos envolvidos no litígio. A Prova, visa em primeiro lugar, investigar se os fatos alegados são certos, isto é, ter a certeza que eles, os fatos, existem. Deste modo, se forma a convicção a partir da certeza inabalável, pela exclusão de todos os motivos divergentes. (SANTOS, 2008, p.342). Diante do exposto, pode-se concluir que a Prova é destinada ao convencimento do juiz, é com base nelas que o juiz vai proferir sua decisão. Nesta linha de pensamento Wambier; Almeida; Talamini (2007, p. 409) lecionam que: O destinatário da Prova é, sempre, o juiz. A Prova não se destina ao seu autor nem à parte adversa, e uma vez produzida passa a integrar o processo, pouco importando quem teve a iniciativa de requerer sua produção. Sendo a Prova o modo pelo qual o juiz passa a ter conhecimento dos fatos que envolvem a relação jurídica posta à apreciação da jurisdição, é de todo evidente que o interesse em provar está intimamente ligado ao interesse de dirigir ao juiz a Prova, pois é a este que cabe dizer a solução adequada, a partir do convencimento que tiver dos fatos.Talamini (2007, p. 409) 18 No mesmo sentido, Barroso (2000, p. 158/159), também entende que a Prova tem como destinatário o Juiz e visa convencê-lo: Toda a Prova produzida nos autos tem como destinatário o juiz da causa e como finalidade a formação de seu convencimento. A ampla defesa visa justamente assegurar a utilização pelas partes de todos os meios legais à obtenção de uma sentença favorável, passando rigorosamente pela produção das Provas necessárias à consecução desse fim. Essa qualidade de destinatário exige do juiz a análise da pertinência, relevância e necessidade da prova a ser realizada, impondo, por outro lado, que o julgamento seja proferido apenas com base naquelas produzidas nos autos, vedada a decisão pelo conhecimento próprio do julgador dos fatos em litígio (o que não está nos autos não está no mundo). Barroso (2000, p. 158/159) Conclui-se, que a finalidade da Prova no Processo, é o convencimento do Juiz, devendo o magistrado julgar de acordo com o que está demonstrado no processo, por isso a importância da Prova, visando demonstrar o direito postulado. 3.1. Destinatário da Prova A Prova tem por finalidade convencer o juiz, assim o seu principal destinatário é ele, o Juiz, pois o Magistrado é quem precisa saber a verdade dos fatos, para que possa proferir uma decisão. (DIDIER JR., BRAGA, OLIVEIRA, 2007, p. 29). Portanto, o destinatário da Prova é, sempre, o juiz. A Prova não se destina ao seu autor nem à parte contrária, e uma vez produzida passa a integrar o processo. Sendo a Prova o modo pelo qual o juiz passa a ter conhecimento dos fatos que envolvem a relação jurídica posta à apreciação da jurisdição, é manifesto que o interesse em provar está totalmente ligado ao interesse de dirigir ao Juiz a Prova, pois é a este que cabe solucionar a questão jurídica mais adequada, a partir do convencimento que tiver dos fatos. (WAMBIER; ALMEIDA; TALAMINI, 2007, p. 409) Contudo, o entendimento não é unânime, Barroso (2000, p. 157) entende que: 19 É importante ao Juiz singular ter em mente não ser ele o único destinatário da Prova, ante a probabilidade efetiva de sua decisão ser recorrida pelas partes, surgindo sempre a necessidade de não se indeferir Prova possivelmente relevante a outro agente que receberá o processo em grau de recurso, sob pena de cerceamento de defesa. (Para Santos (2008, p.342): “O juiz é o destinatário principal e direto: na convicção, que formar, assentará a sentença. Destinatários, embora indiretos, também são as partes, que igualmente precisam ficar convencidas, a fim de acolherem como justa a decisão”. Barroso (2000, p. 157) Denota-se, portanto, que via de regra o destinatário da prova é o juiz, pois a ele compete a tarefa de julgar, tendo as partes interesse de convencê-lo com todos os meios de Provas lícitas possíveis no processo. 3.2. Objeto da Prova A finalidade da Prova é convencer o juiz quanto à existência ou não dos fatos em litígio. Estes fatos, portanto, constituem o seu objeto. (SANTOS, 2008, p. 347) “Nem tudo o que se discute no processo precisa ser comprovado. O objeto da Prova são exclusivamente os fatos. O direito não se prova, porque deve ser do conhecimento do Juiz”. (GONÇALVES, 2005, p. 420). Em concordância, Marques (2003, p. 186) aborda que: “Objeto da Prova, ou thema probandum10, refere-se aos fatos que devem ser demonstrados no processo para o Juiz formar sua convicção”. Noutro sentido é o entendimento de Marinoni; Arenhart (2005, p. 262), os quais fundamentam que a definição do objeto da Prova “não se destina a provar fatos, mas sim afirmações de fato. É, com efeito, a alegação, e não o fato, que pode corresponder ou não à realidade daquilo que se passou fora do processo. ” Já para Theodoro Júnior (2007, p. 467): “Os meios legais de Prova e os moralmente legítimos são empregados no processo “para provar a verdade dos 20 fatos em que se funda a ação ou a defesa” (art. 332). São, pois, os fatos litigiosos o objeto da Prova”. Complementando, Montenegro Filho (2005, p. 461) explana que: O objeto da Prova é o fato, e não o direito debatido no processo, visto que, nesse último particular, anotamos a aplicação dos aforismas jura novit cúria e da mihi factum, dabo tibi jus (daí-me o fato que eu te darei o direito), exigindo a lei que o magistrado conheça do direito vigente na área territorial em que exerce sua jurisdição, carreando às partes, apenas, o ônus de se desincumbir da Prova da certeza da existência e da veracidade dos fatos que alegam em juízo. Montenegro Filho (2005, p. 461) Quanto à matéria de direito, é pacífico que não há necessidade de Provas, no entanto, conforme o art. 337 do CPC, Theodoro Júnior (2007, p. 467) leciona que: “O direito ordinariamente não se Prova, pois jura novit cúria11. Mas, quando a parte alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, poderá o juiz exigir-lhe a respectiva Prova (art. 337)”. Ainda, no que diz respeito à matéria de direito não requerer Provas, Montenegro Filho enfatiza, que essa regra não é absoluta, pois de acordo com o art. 337 do CPC, quem alegar a incidência de direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, é que deve provar o conteúdo e a vigência, se assim o Juiz fixar. Uma vez que o art. 337 do CPC pondera a possibilidade de que tendo em vista que o texto da lei possa ser de difícil acesso, uma vez que pode não ser de uso cotidiano do Magistrado. (Montenegro Filho, 2005, p. 461). No mesmo diapasão, Santos (2008, p. 354/355) ensina que as questões de direito em certos casos também necessitam de prova: O princípio de que as regras de direito independem de Prova, entretanto, não é absoluto. O que se presume conhecido de todos, não podendo as partes alegar ignorá-la ou o juiz deixar de aplicá-la sob pretexto de que a desconhece, é a lei, no sentido de direito comum. Isenta-se de Prova o direito comum, por ser conhecido do juiz [...]. Seria mesmo contrário à razão presumirem-se do conhecimento do juiz brasileiro todas as leis estrangeiras, todos os costumes, dos mais variados e longínquos países, todas as leis e atos, posturas e regulamentos de todos os Estados e municípios 21 brasileiros. Daí, àquela regra, de que o direito não carece de Prova, se oferecer aexceção preceituada no art. 337 do Código de Processo Civil: “A parte, que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o juiz”. Santos (2008, p. 354/355) Marinoni; Arenhart (2005, p. 263) ressalta que: “[...] muito embora o artigo fale em Prova da alegação do direito, tentando fazer acreditar que se está provando alegação de fato, a verdade é que direito não se alega; direito invoca- se, supondo-se, em virtude do princípio “iura novit cúria”, que o Juiz o conheça”. Santos ressalta ainda, que ninguém possa escusar-se de cumprir a lei sob a alegação que a desconhece. Assim, não sendo lícito às partes alegarem desconhecimento da lei, ao juiz também não é permitido que deixe de proferir sua decisão ou despachar nos autos, sob nenhum pretexto, como consequência a lei não precisa ser provada. E, tendo em vista que a lei é a fonte principal, imediata e direta do direito, generaliza-se como aceito, de que as regras de direito não dependem de prova, e principalmente porque o juiz conhece o direito. (SANTOS, 2008, p. 354). Lopes destaca que as alegações do autor na petição inicial e a defesa do réu, manifestada na contestação, podem estar baseadas em fatos e em normas jurídicas ou somente em fatos, ou, somente em normas de direito. (LOPES, 2002, p. 25). Sendo as questões opostas pelas partes exclusivamente de direito (v.g., interpretação da lei, aplicação de súmulas, princípios gerais de direito etc.), competirá ao juiz resolvê-las logo após a fase postulatória. No entanto, se as questões discutidas nos autos versarem sobre fatos, ou seja, acontecimentos da vida de que decorrem consequências jurídicas, poderá ser necessário demonstrar-lhe a existência, quando negada. À demonstração dos fatos, ou melhor, das alegações sobre fatos, é que se dá o nome de Prova. (LOPES, 2002, p. 25). No mesmo diapasão Gonçalves (2008, p. 426): 22 A Prova é tema fundamental do processo civil. Existem muitos processos em que a questão controvertida é apenas de direito, e a produção de Provas não se faz necessária. Mas o mais comum é que, para julgar, o Juiz precise examinar a veracidade de fatos que, no curso do processo, tenham-se tornado controvertidos. Para isso, será indispensável que ele analise as Provas produzidas no processo, que visam demonstrar a veracidade dos fatos alegados pelas partes. É por meio das atividades probatórias que o Juiz terá elementos para decidir sobre a veracidade e a credibilidade das alegações. Gonçalves (2008, p. 426) Importante frisar que quando a questão versar sobre matéria de fatos e de direito, é que se tornará necessária a produção de provas, pois se for somente matéria de direito não há necessidade, pois se subentende que o Juiz já tenha conhecimento da matéria de direito, sem que isto acarrete cerceamento de defesa, com exceção do art. 337 do CPC, o qual discorre que a parte que alegar a incidência de direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, deve provar o conteúdo e a vigência. 3.3. Fatos relevantes e controversos “O Juiz não deverá deferir a produção de Provas quando elas não tenham qualquer repercussão para o julgamento da causa. São irrelevantes os fatos que não têm nenhuma importância, que não influenciarão o julgamento do pedido ou que não guardam pertinência com a questão litigiosa”. GONÇALVES (2005, p.420). Diante das considerações retro, Lopes (2002, p. 32) explica que “[...] nem todos os fatos precisam ser provados. De acordo com a doutrina, só precisam ser provados os fatos relevantes, pertinentes, controversos e precisos”. Porém, para Marinoni; Arenhart (2005, p. 262): [...] somente fatos pertinentes e relevantes para o processo constituem objeto de Prova. Assim, pouco interessa para o processo a afirmação e, consequentemente, a Prova de fatos não importantes à solução do litígio – por exemplo, nenhuma relevância existiria na afirmação, e consequente prova, quanto às circunstâncias em que a petição inicial foi elaborada, se estava chovendo naquele instante ou não, se a aceitação da causa foi ou não difícil etc. – já que não constituem esses elementos pontos (ou questões) sobre os quais se possam controverter no processo. 23 “Fatos relevantes são os acontecimentos da vida que influenciam o julgamento da lide (v.g.: tráfego na contramão de direção para caracterizar a culpa numa ação de reparação de dano; conduta desonrosa como causa de separação judicial etc.)”. (LOPES, 2002, p.32). Para Amorim (2004, p.281): “Os fatos relevantes são aqueles que, pela relação com o objeto da demanda, podem influenciar o juiz no momento da decisão. Como, a apreciação da Prova é subjetiva do julgador, dependerá dele o critério de relevância”. Arenhart (2005, p. 262) Já os fatos pertinentes, controversos e precisos para Lopes (2002, p. 32- 33) são: [...] os que têm relação direta ou indireta com a causa. (v.g.: em acidente de trânsito, é pertinente saber a extensão dos danos, a posição em que ficaram os veículos após o evento, a existência de placas de sinalização no local etc.; mas é impertinente saber se o réu é proprietário do prédio em que mora, se é solteiro ou casado etc.). Lopes (2002, p. 32-33) Os fatos controvertidos, por sua vez, são aqueles contestados pela parte contrária, conforme narra Lopes em sua obra, (2002, p. 33): Fatos controversos (ou controvertidos) são os que, afirmados por uma das partes, venham a ser impugnados pelo adversário (v.g., na ação de reparação de dano retro mencionada, poderá ocorrer que o réu impugne a alegação de culpa pelo acidente, mas deixe de impugnar o valor pleiteado pelo autor pelos danos sofridos). (LOPES 2002, p. 33) Embora determinado fato não seja contestado, em algumas circunstâncias haja a necessidade de Prova, podendo ocorrer quando juiz assim o requerer para formar com mais segurança o seu convencimento; quando o litígio versar sobre direitos indisponíveis como nas ações de anulação de casamento; ou ainda, quando a lei determinar que a Prova do ato jurídico seja revestida de forma especial, como nas ações que exijam prova de propriedade imobiliária, de casamento de separação, etc. (SANTOS, 2008, p.349) 24 E por fim os “Fatos precisos são os que determinam ou especificam situações ou circunstâncias importantes para a causa. Alegações genéricas ou vagas não comportam Prova”. (LOPES, 2002, p. 33). Por outro lado, há fatos que, exclusivamente por opção legislativa, não dependem de Prova, pois são admitidos como verdadeiros independentemente de sua concreta demonstração nos autos. (WAMBIER; ALMEIDA; TALAMINI, 2007, p. 411). Os fatos que por disposição da lei não necessitam de Provas são aqueles considerados de Prova impossível: os alegados por uma presunção iuris et de iure12. A lei proíbe o Prova de tais fatos tendo em vista que é inútil, pois subsistirá tal presunção. E ainda, determinados fatos que não podem produzir consequências jurídicas, em função do seu caráter. Por exemplo o cônjuge adúltero, não pode invocar o próprio crime para pedir a separação. (SANTOS, 2008, p. 350). 3.4. Fatos Notórios Portanto, segundo o art. 334, do CPC, não dependem de Prova os Fatos Notórios, os fatos incontroversos, os fatos afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária e, ainda aqueles em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade. “O conceito de Fato Notório não é muito preciso na doutrina. Deve-se afastar, porém, a ideia de que notório seja o fato conhecido de todos, porque, em nível processual, raros são os fatos que possuem esse atributo”. (LOPES, 2002, p. 33). Acerca, do retro postulado, cita-se como exemplo a circulação de veículos na cidade de São Paulo, em que é proibido o tráfego de veículos particulares na Rua Direita ou de motocicletas no Parque Ibirapuera, mas para quem nãoconhece a localidade, não sabe desta regra de trânsito, portanto, o que é notório para determinadas pessoas poderá não o ser para outras. (LOPES, 2002. p.33). 25 De acordo com Wambier; Almeida; Talamini (2007, p. 412), o conceito de fatos notórios não é unânime na doutrina: O conceito de Fatos Notórios não é unânime na doutrina. Alguns afirmam que são notórios os fatos de conhecimento geral, como as datas históricas, ou os acontecimentos notavelmente relevantes (o impeachment do Presidente da República, por exemplo). Outros restringem o conceito de fatos notórios à região e época em que o litígio se instaurou, [...] Uma terceira vertente é aquela que diz que são notórios os fatos sobre os quais nenhum dos sujeitos processuais (ou seja, naquele específico processo, não em outro) possui qualquer dúvida. Se o juiz conhece o fato, porque para ele é notório, mas a parte não tem idêntica noção, a ela cabe a Prova. e vice-versa [...]. Somente está dispensada a Prova quando todos os integrantes da relação jurídica processual estiverem de acordo em que aquele fato é por todos conhecido. Assim, a notoriedade dos fatos, é relativa, porque essa circunstância só será usada quando for de conhecimento de toda a coletividade. [...] Por outro lado, o fato não pode ser notório apenas para o juiz, em caráter privado, caso em que se tornaria testemunha. (AMORIM, 2004, p.282). Santos afirma que a notoriedade é um conceito muito relativo. Há fatos conhecidos em todo o mundo cristão, sabe-se que dia 25 de dezembro é natal; há Fatos Notórios apenas em relação a um determinado país, Estado ou região. No entanto, não é necessário, que para um fato ser considerado notório, tenha relação direta com os componentes de cada esfera social. (SANTOS, 2008, p. 352). Ainda Wambier; Almeida; Talamini (2007, p. 412), comenta que: “O certo é que o conceito de notoriedade não pode ser tão amplo. Não parece lícito dizer que somente são notórios os fatos por todos conhecidos, extrapolando a abrangência do local e época em que se desenvolve o processo”. 26 Montenegro Filho segue a corrente que compreende que os Fatos Notórios devem ser de conhecimento geral, uma vez que cita como exemplos o fato de uma pessoa ocupar um cargo público de renome, e visibilidade inquestionável; o fato de certo prédio de apartamento ter ruído, com grande ênfase na imprensa. (MONTENEGRO FILHO, 2005, p.462) Como se observou, há divergências acerca do conceito de Fatos Notórios, isto é, dos fatos que não necessitam de provas por já ser de conhecimento público. No entanto, tendo em vista a livre apreciação do juiz, a ele competirá estabelecer se o fato em questão é considerado notório ou não, dependendo de qual linha de pensamento adota. 3.5. Fatos incontroversos Fato incontroverso (ou fato admitido no processo como incontroverso) é aquele que, por não ter sido impugnado, posto em dúvida ou discutido, deverá admitir-se como verdadeiro. (MARQUES, 2003, p. 187). Também o fato incontroverso não é objeto de Prova, porque prová-lo seria inutilidade e pura perda de tempo, em detrimento da celeridade processual que é almejada como ideal do processo moderno. (THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 468). Portanto, incontroversos são aqueles fatos não discutidos pelas partes. Tendo em vista que compete ao réu impugnar os fatos articulados pelo autor, aqueles não impugnados, pode- se dizer que são tidos como verdadeiros, não necessitando de Prova, pois sobre estes fatos não pairam dúvidas. O mesmo se aplica aos casos em que uma das partes reconhece expressamente os fatos afirmados pela parte contrária (art. 334, II). (WAMBIER; ALMEIDA; TALAMINI, 2007, p. 411). Já para Tabosa, (2005, p.1054): 27 os fatos não são admitidos como incontroversos (tal qual pudesse ser presumida essa qualidade); simplesmente, são, ou não, incontroversos,[...]. Na hipótese positiva, fica a parte que os afirmou eximida de apresentar Provas, pois em tais condições a veracidade dos mesmos é desde logo admitida pelo juiz. Tabosa, (2005, p.1054) No entanto, com relação aos direitos indisponíveis há a necessidade de Prova, mesmo os fatos incontroversos, como os provenientes do estado da pessoa natural, a falta de contestação não dispensa a parte do ônus de provar mesmo os fatos incontroversos. É o que acontece, por exemplo, nas ações de anulação de casamento, nas negatórias de paternidade etc. (THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 468). O inciso II, do art. 334, do CPC, menciona que os fatos afirmados por uma parte e confessados pela outra, também independem de Prova, porém a redação é enganosa, pois se trata da confissão, que é uma forma de Prova, sendo mencionada e estudada nos arts. 348-354 do CPC. (MARCATO, 2005, p. 1053). Na mesma linha, Didier Jr.; Braga, Oliveira (2007, p. 27) ensinam que: “[...] há um equívoco do legislador em dizer que eles independem de Prova. Na verdade, a própria Confissão, conforme se verá mais adiante, é um meio de Prova. Assim, mais correto seria dizer que, quando confessados, os fatos independem de outro meio de Prova”. Quanto à Confissão será mais bem abordada no segundo capítulo deste trabalho. 3.6. Fatos presumidos O inciso IV, do art. 334, do CPC, trata da presunção legal de existência ou veracidade, sobre a qual o legislador, em alguns artigos do Código Civil de 2002, enumera casos em que se presume como verdadeiros os fatos – p.ex., no art. 1597do CC, há presunção da filiação quando a criança nascer após 180 dias do início do relacionamento conjugal ou nos 300 dias após o seu fim; no art. 324 do CC há presunção de pagamento do título quando este foi entregue ao 28 devedor; no art. 8° do CC, há presunção de simultaneidade da morte quanto às pessoas falecidas na mesma ocasião etc. Portanto, nestes casos, aquele que alega a ocorrência de algum desses fatos está dispensado de prová-lo. Quando a presunção legal for relativa, poderá a parte contrária produzir Prova de que a afirmação é falsa; na presunção absoluta, é defeso discutir a ocorrência de fato presumido. (DIDIER JR., BRAGA, OLIVEIRA, 2007, p.28). A presunção legal, ou seja, descrita pelo legislador é classificada em relativa e absoluta, a relativa ou juris tantum, é aquela que admite Prova em contrário, e a presunção absoluta, ou júris et de jure, não admite Prova contrária. (GONÇALVES, 2008, p. 429). Deste modo, a alegação, à qual se presume ser verdadeira, não enseja Prova. Porém, se tal presunção for relativa, a parte que alegou não terá o ônus de prová-la, mas seu adversário poderá fazê-lo com o intuito de tornar evidente que tal fato não é verídico, como é o caso da revelia, que pode ceder ante os elementos contrários, que auxiliarão no convencimento do juiz. Com a presunção é absoluta, isto não ocorre, pois esta não admite Prova em contrário. (GONÇALVES, 2008, p. 429). Verifica-se, que a presunção legal decorre de previsão expressa do legislador, das quais se referem o art. 334, inciso IV, do CPC, ou seja, não dependem de Provas os fatos considerados verdadeiros em face de uma presunção da lei. 4. DAS PROVAS EM ESPÉCIE 4.1. DO DEPOIMENTO PESSOAL As provas em espécie estão distribuídas no Código de Processo Civil, nos artigo 342 a 443, iniciando-se pelo Depoimento Pessoal. Vejamos, em seguida como os doutrinadores conceituam: Depoimento Pessoal é o meio de Prova que tem como objeto principal obter a Confissão, espontânea ou provocada, da parte 29 contrária sobre fatos relevantes à solução da causa. (NERY JUNIOR; ANDRADE NERY, 2004, p. 808). Na concepção dos doutrinadores Wambier Almeida e Talamini: “Depoimento Pessoal é o meio de Prova pelo qual o juiz conhece dos fatos em discussão no litígio ouvindo as partes pessoalmente”. (WAMBIER; ALMEIDA; TALAMINI, 2007, p. 429). Já para Marques (2003, p. 199): “Depoimento Pessoal, ou interrogatório da parte,é o ato instrutório em que o juiz ouve as partes sobre as questões de fato do litígio ou causa”. Para Nery Junior; Andrade Nery (2004, p.807) interrogatório tem função um pouco diferente de Depoimento Pessoal: O interrogatório, conquanto também possa servir como meio de Prova, é mecanismo de que se vale o juiz para aclarar pontos do processo que ele repute importantes para a decisão da causa. Durante o interrogatório, pode sobrevir a Confissão da parte, mas não é da essência do interrogatório, como o é do Depoimento Pessoal, a obtenção da Confissão. Por causa disso, nada obsta que as partes, indistintamente, façam reperguntas aos interrogandos. No mesmo diapasão, Barroso explica que Depoimento Pessoal e interrogatório são dois institutos diferentes, conforme análise das características a seguir descritas: o Depoimento Pessoal é requerido pela parte, é meio de Prova, há pena de confesso, é realizado apenas uma vez, em audiência de instrução e julgamento, enquanto que o interrogatório é determinado de ofício, é meio de convencimento, não há pena de confesso, pode ser realizada a qualquer tempo, no curso do processo. (BARROSO, 2000, p. 164). Para Barroso (2000, p.164): “O interrogatório não é propriamente uma modalidade de Prova, mas sim meio de convencimento do juiz, o qual não visa a obtenção de Confissão. Portanto, a ausência da parte intimada para interrogatório não gera a aplicação de Confissão”. 30 Embora Barroso mencione que o Depoimento Pessoal é requerido pela parte e o interrogatório determinado de ofício, os artigos 342 e 343 do CPC assim preceituam: Art. 342. O juiz pode de ofício, em qualquer estado do processo, determinar o comparecimento pessoal das partes, a fim de interrogá-las sobre os fatos da causa. Art. 343. Quando o juiz não o determinar de ofício, compete a cada parte requerer o Depoimento Pessoal da outra, a fim de interrogá-la na audiência de instrução e julgamento. Assim, claro está pelos artigos retros que tanto o juiz quanto às partes (autor e réu) podem requerem o Depoimento Pessoal das partes. Amorim (2004, p.287) por sua vez, explica que: “O Depoimento Pessoal está ligado diretamente à parte, porque é ela, pessoalmente, que deverá prestá- lo, desde que expressamente requerido ou por determinação do juiz (CPC, art.343)”. Didier Jr.; Braga; Oliveira (2007, p.71) consideram a denominação depoimento da parte mais correta segundo explica: “É mais correta a designação depoimento da parte, em vez de Depoimento Pessoal, opção do CPC, “porque são pessoais os depoimentos das Testemunhas e a Confissão em depoimento da parte pode ser por procurador”.” 4.1.1. SUJEITOS Marques (2003, p.201) consigna que: “O Depoimento Pessoal é ato personalíssimo, pelo que, nem mesmo com poderes expressos, poderia o advogado prestá-lo em lugar ou em nome da parte”. No mesmo sentido, Alvim (2005, p.464) leciona: “Como regra geral, praticamente absoluta, somente poderá a própria parte depor. O depoimento, portanto, justamente porque pessoal, é, em regra, insuscetível de “delegação”. 31 Para Wambier; Almeida,Talamini (2007, p.430): “Presta depoimento quem tiver a condição jurídica de parte, ou seja, além do autor e do réu, todos aqueles terceiros intervenientes que assumem a posição de parte, como, por exemplo, o litisdenunciado”. Segundo Lopes (2002, p.105): “Em se tratando de pessoa física, porém, não deve ser admitido depoimento por procurador, em razão do caráter personalíssimo do ato”. Até o momento falou-se de Depoimento Pessoal de pessoas físicas, mas e com relação às pessoas jurídicas, quem deve prestar o Depoimento Pessoal? Vejamos: Quando os litígios em que são partes pessoas jurídicas, as soluções podem ser diversificadas. Pois, conforme o tamanho da sociedade civil23 ou comercial24, o diretor formalmente pelo estatuto, muitas vezes não tem conhecimento direto dos fatos ou circunstâncias do caso. Por isso, nesses casos, os representantes legais da pessoa jurídica, podem incumbir ao preposto que presta o Depoimento Pessoal em juízo. Portanto, este deve estar devidamente documentado, para prestar o depoimento em nome da empresa que representa, tendo inclusive poderes para confessar, fato este que acarretará as consequências da Confissão, sem a possibilidade de discussão sobre a legitimidade do preposto. (ALVIM , 2005, p.464). No mesmo diapasão, Wambier; Almeida,Talamini (2007, p.430): Quando a parte for pessoa jurídica, em determinadas situações é usual que a pessoa que tem conhecimento dos fatos conflituosos não seja aquele cujo contrato social (ou estatutos) apontam para representá-la em juízo. Seria inócua a produção desse meio de prova, caso fosse ouvido alguém que nada soubesse da realidade fática subjacente à demanda, porque distante dos fatos. [...] Ressalva-se, apenas, que, nesse caso, é necessário que o preposto esteja expressamente autorizado pela pessoa jurídica a prestar o depoimento, inclusive com poderes para confessar. Em sentido diverso, Marinoni; Arenhart (2005, p. 310-311): O problema se põe na medida em que tais pessoas não são propriamente partes no processo, figurando nos atos processuais apenas porque a verdadeira parte (incapaz, pessoa jurídica ou pessoal formal) não pode expressar sua vontade, validamente, por si própria. Ora, se o representante não é a parte, parece claro que não pode ele ser sujeito do Depoimento Pessoal. [...] Não obstante a aparente tranquilidade da conclusão é certo que a jurisprudência vem admitindo o Depoimento Pessoal de representante (especialmente de pessoas jurídicas). 32 Colhe-se da jurisprudência do Estado do Rio Grande do Sul a esse respeito: EMENTA: DEPOIMENTO PESSOAL. POSSIBILIDADE DE REPRESENTACAO POR PREPOSTO AUTORIZADO E COM PODERES PARA CONFESSAR. E POSSIVEL QUE O AGRAVANTE SE FACA REPRESENTAR, EM AUDIENCIA, PELO SEU GERENTE, DESDE QUE TENHA RECEBIDO PODERES ESPECIFICOS PARA PRESTAR DEPOIMENTO PESSOAL E PARA CONFESSAR, ALEM DE CONHECIMENTO DIRETO E PESSOAL A RESPEITO DOS FATOS DISCUTIDOS NO PROCESSO, VISANDO, COM ISSO, TRAZER ELEMENTOS UTEIS AO JUIZ PARA O ESCLARECIMENTO DAS CIRCUNSTANCIAS DE FATO. AGRAVO PROVIDO. (TJ-RS – Agravo de Instrumento Nº 196175319, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Alçada do RS, Relator: Perciano de Castilhos Bertoluci, Julgado em 20/11/1996) Portanto, observa-se que os prepostos de uma empresa, desde que os representantes da pessoa jurídica transfiram a este poderes específicos para representá-los em juízo, inclusive para confessar, é ele quem o deve fazê-lo. 4.1.2. PROCEDIMENTOS Segundo dispõe o art. 343 do CPC, “in verbis”: Art. 343. Quando o juiz não o determinar de ofício, compete a cada parte requerer o Depoimento Pessoal da outra, a fim de interrogá-la na audiência de instrução e julgamento. (BRASIL, 2015) § 1o A parte será intimada pessoalmente, constando do mandado que se presumirão confessados os fatos contra ela alegados, caso não compareça ou, comparecendo, se recuse a depor. (BRASIL, 2015) § 2o Se a parte intimada não comparecer, ou comparecendo, se recusar a depor, o juiz Ihe aplicará a pena de Confissão. (BRASIL, 2015) Art. 344. A parte será interrogada na forma prescrita para a inquirição de Testemunhas. (BRASIL, 2015) Parágrafo único. É defeso, a quem ainda não depôs, assistir ao interrogatório da outra parte. (BRASIL, 2015) Portanto, observa-se que o Depoimento Pessoal do réu será requerido ao juiz pelo autor em petição escrita e, vice-versa, o depoimento daquele será requerido pelo réu. O interrogatório efetuar-se-á na audiência de instrução e julgamento (art. 343, caput). (MARQUES, 2003, p. 200). 33 Montenegro Filho (2004, p. 531) leciona que: No que se refere ao momento da Prova, nessa espécie, anotamos que a propositura da Prova se dá com o ingresso da petição inicial e com a apresentação da contestação. [...] Contudo, não é definitiva a proposituramanifestada no início do processo. Pode a parte autora, após a apresentação da contestação, verificar que não há mais necessidade de ser tomado o Depoimento Pessoal do réu, sendo dispensado por ocasião da realização da audiência preliminar a que alude o art. 331 do CPC. Importante, frisar que a parte que requerer o Depoimento Pessoal do seu adversário deverá fazê-lo pelo menos cinco dias antes da audiência. A intimação da parte para prestar depoimento deverá ser feita pessoalmente, devendo constar no mandado que “caso não compareça, ou comparecendo se recuse a depor, os fatos alegados contra ela serão tidos como verdadeiros. (THEODORO JÚNIOR, 2007, p.482). Ainda, Theodoro Júnior (2007, p.482): “Na audiência, o depoimento das partes será tomado antes da ouvida das Testemunhas, primeiro o do autor e depois o do réu (art. 452,II)”. Se houver mais de um réu ou autor, será ouvida primeiramente a parte ativa da demanda, após os passivos. Será seguida a mesma ordem se houver reconvenção Segundo o artigo 344 do CPC, as partes serão interrogadas na forma prescrita para a inquirição das testemunhas, e em seu parágrafo único, menciona que é proibida a parte que ainda não prestou depoimento, assistir o interrogatório da outra. Marinoni; Arenhart, ( 2005, p.313) explicam acerca do art. 344 do CPC que: “ A inquirição da parte obedece, no que for compatível, ao procedimento prevista para a oitiva das Testemunhas. Isto é, a parte, no início de seu depoimento, será qualificada, passando a ser arguida pelo juiz diretamente”. Outros pontos se obtêm a partir dos arts. 345 e 346 do CPC como a recusa em depor: 34 Art. 345. Quando a parte, sem motivo justificado, deixar de responder ao que Ihe for perguntado, ou empregar evasivas, o juiz, apreciando as demais circunstâncias e elementos de Prova, declarará, na sentença, se houve recusa de depor. (BRASIL, 2015) Art. 346. A parte responderá pessoalmente sobre os fatos articulados, não podendo servir-se de escritos adrede preparados; o juiz Ihe permitirá, todavia, a consulta a notas breves, desde que objetivem completar esclarecimentos. (BRASIL, 2015) Referente o art. 345 do CPC, Nery Júnior; Andrade Nery (2004, p. 809), mencionam: “Cabe ao prudente critério do juiz, em decisão devidamente fundamentada, fixar os pontos do depoimento da parte que entendeu serem reveladores da intenção de não depor”. Já com relação ao advogado da parte que está prestando o depoimento não é permitido fazer perguntas. Somente o procurador pode intervir, no final do interrogatório de seu cliente, para esclarecer alguma dúvida ou obscuridade na narrativa do depoimento do depoente. (THEODORO JÚNIOR, 2007, p.483). Na mesma linha, Wambier; Almeida,Talamini (2007, p.433): Quando se cuida de Depoimento Pessoal propriamente dito, após o juiz concluir as perguntas à parte, pode o procurador da parte adversa formular perguntas, como acontece com o meio testemunhal. Não, pode, todavia, o próprio procurador da parte depoente reperguntar, pois o objetivo primordial do depoente requerido pelo litigante é obter a Confissão. Assim, como não interessa à parte depoente a Confissão, seu procurador não formulará reperguntas. Todavia, tem-se admitido a sua intervenção, solicitando a palavra pela ordem, quando algum esclarecimento relevante houver que ser feito. Quando o advogado litiga em causa própria, sendo intimado para Depoimento Pessoal, não poderá permanecer na sala de audiência quando a outra parte estiver prestando depoimento. O juiz deve ao menos nesse ato, fazer com outro profissional o represente. (NERY JUNIOR; ANDRADE NERY, 2004, p. 809). 35 De acordo com o que leciona Montenegro Filho (2005, p.531): A admissão do Depoimento Pessoal se dá no momento da realização da audiência preliminar do art. 331 do CPC. Havendo despacho de inadmissão, pode a parte interpor agravo de instrumento, evitando a preclusão da matéria, alegando ter sido cerceada no seu direito de defesa, com infração ao art. 5° inciso LIV, da CF. A produção da Prova ocorre no ambiente da audiência de instrução e julgamento, quando pela parte contrária, considerando que o magistrado pode determinar a sua produção em qualquer momento do processo. Nos litígios de procedimento ordinário, o Depoimento Pessoal deve ser requerido na petição inicial e o réu na contestação. Na reconvenção, pelo reconvinte e pelo reconvindo em contestação. O juiz, no despacho saneador, decidirá sobre o deferimento do que foi requerido na inicial, podendo também o juiz fazê-lo de ofício. (AMORIM, 2004, p.291). Denota-se das narrativas retro que a parte ao ser intimada deverá ser advertida que deve comparecer a audiência para prestar depoimento Pessoal, caso não compareça incorrerá na pena de confesso, assim, importante a intimação pessoal. Quanto à parte requerer o Depoimento Pessoal da outra no prazo de cinco dias antes da audiência, na prática é inviável, pois pelo volume de processos e intimações que sobrecarregam o Judiciário e os Oficiais de Justiça, se todos os advogados resolvessem fazê-lo neste prazo, seria muito difícil o seu cumprimento e consequentemente a realização desta audiência. 4. 2 CONFISSÃO A Confissão está disposta no capítulo VI do CPC, “Das Provas”, na Seção III, especificamente dos arts. 348 a 354. Vejamos o que menciona o art. 348 do CPC, in verbis: 36 Art. 348. Há Confissão, quando a parte admite a verdade de um fato, contrário ao seu interesse e favorável ao adversário. A Confissão é judicial ou extrajudicial. (BRASIL, 2015) Para alguns autores como Lopes e Gonçalves, a Confissão não é meio de Prova, conforme escrevem em suas obras: Para Lopes (2002, p.23): “A Confissão já foi considerada a “rainha das provas”, mas atualmente não é qualificada sequer como meio de Prova”. Gonçalves (2005, p.481) explica que a Confissão: “Não pode ser considerada como um meio de Prova, porque não constitui mecanismo colocado à disposição das partes para obter informações a respeito de fatos relevantes para o processo”. No entanto, para a maioria dos autores pesquisados, como Wambier, Theodoro Júnior, Alvim, etc, a “Confissão” é considerada meio de Prova, conforme estudaremos logo abaixo. 4.2.1. REQUISITOS DA CONFISSÃO Para que a Confissão produza efeitos legais, são necessários alguns requisitos: Lopes (2002, p.23) explica que os requisitos são os seguintes: renunciabilidade do direito a que se refere o fato (por exemplo será ineficaz a confissão que implicar renúncia de alimentos, ao uso do nome, ao estado civil etc.); b) inexigibilidade de forma especial para Prova do fato (v.g., será ineficaz a Confissão da compra e venda de um imóvel); c) capacidade civil do confitente. Acrescentam-se além da capacidade civil, os representantes legais dos incapazes não podem confessar os fatos por eles; da inexigibilidade; exemplifica para haver Confissão de um casamento é necessário a demonstração de que este foi realizado por meio de uma solenidade legal; e por fim a disponibilidade do direito em relação ao fato que está sendo confessado. (Theodoro Júnior, 2007, p. 485-486). 4.2.2. EFEITOS DA CONFISSÃO Alvim (2005, p.480) leciona que a Confissão: “Prova que é (art.350), tem valor ou eficácia probante. Ela atinge a pessoa que confessou, isto é, a parte e 37 os seus herdeiros e sucessores, no que tange a seu objeto, cuja Confissão pode levar à perda respectiva”. Assim, de acordo com o art. 350 do CPC, a Confissão faz Prova contra quem confessa, não prejudicando os litisconsortes. Para Wambier; Almeida,Talamini (2007, p.438): Se um dos litisconsortes confessa um fato que, pela posição processual que ocupa em relação aos demais, for a todos prejudicial, esta Confissão, sozinha, não pode ser admitida. O fato se terá como provado apenas se outros elementos vierem a corroborá-lo, pois a confissão feita isoladamentenão pode alcançar aqueles que não confessaram. Ainda, o parágrafo único do art. 350 do CPC esclarece que nas demandas que tratar sobre bens imóveis ou direitos sobre imóveis alheios, a confissão de um cônjuge não valerá sem a do outro. “O legislador procurou, com isso, evitar que um dos cônjuges pudesse prejudicar, de maneira intencional ou não, a sociedade conjugal. Em face disso, para que a Confissão seja eficaz, [...] é imprescindível que seja manifestada por ambos os cônjuges. ” (CARMO). O art. 351 do CPC menciona acerca dos direitos indisponíveis, ou seja, não é válido a confissão em juízo, referente à fatos relativos a direitos indisponíveis. “Direitos indisponíveis. São assim considerados os que versam sobre os direitos fundamentais do homem, como a saúde, a vida, a liberdade, a cidadania, o estado familiar, nacional, social da pessoa. ” (NERY JUNIOR; ANDRADE NERY, 2004, p.812) (grifo do autor). O art. 352 do mesmo diploma trata dos casos em que pode ser revogada a Confissão, isto é, só quando houver erro, dolo ou coação, por meio de uma ação anulatória, se pendente o processo em que foi feita, e por ação rescisória, após o trânsito em julgado as sentença, da qual constituir o único fundamento. 38 Explica, porém, em seu parágrafo único que compete ao confessor o direito de propor tal ação, nos casos mencionados neste parágrafo, no entanto, se iniciada, passa aos seus sucessores. Denota-se pela exposição do artigo retro que compete ao confitente à iniciativa de propor a demanda visando revogar tal ato, e consequentemente o ônus de comprovar a ocorrência do vício. Todavia, se este falecer no curso do processo, a ação passará a seus herdeiros (CPC, art. 352, § único). Didier Jr.; Braga, Oliveira (2007, p.93) leciona que: “o legislador do novo Código Civil eliminou a possibilidade de invalidação da Confissão por dolo, que estava prevista no art. 352 do CPC, que, no particular, está revogado”. O novo Código Civil, em seu art. 214 assim dispõe: Art. 214. A Confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se decorreu de erro de fato ou de coação (BRASIL, 2002) Percebe-se pela leitura do artigo acima do novo Código Civil mudou em parte o art. 352 do CPC, pois não prevê a revogação por dolo, ou seja, trata de anulação e não revogação. Didier Jr.; Braga, Oliveira (2007, p.93) explicam que: De fato, o dolo somente é relevante para o direito privado enquanto tenha sido capaz de levar outrem a erro. A circunstância de o confitente declarar o fato por dolo de outrem somente tem relevância jurídica, para fins de invalidação, se o dolo tiver sido apto a gerar erro. Se houve dolo, mas não houve erro, não se pode invalidar a confissão. Eis a razão pela qual se preferiu a expressão “erro de fato”, como síntese da hipótese de invalidade: o que importa é a falsa percepção da realidade; se o erro foi espontâneo ou provocado, pouco importa. O art. 354 do CPC trata da indivisibilidade da Confissão, ditando que: 39 Art. 354 A Confissão é, de regra, indivisível, não podendo a parte, que a quiser como Prova, aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável. Cindir-se-á, todavia, quando o confitente lhe aduzir fatos novos, suscetíveis de constituir fundamento de defesa de direito material ou reconvenção. (BRASIL, 2015) Em geral, toda prova é indivisível, mas quanto à Confissão o art. 354 do Código de Processo Civil foi expresso. A Confissão para ter valor probatório, não pode ser cindível, ou seja, não pode apenas conter parte que favoreça o interesse do litigante. Quanto a possibilidade de divisibilidade estampada na segunda parte do art. 354 do mesmo diploma, quer dizer que o litigante não pode por meio da Confissão, querer fazer Prova somente em seu favor. E tendo em vista que a Confissão é meio de Prova, com ela, ficam provados fatos que são desfavoráveis àquele que confessa, e não o contrário. A estes fatos novos, aplicam-se as regras do Ônus da Prova. (WAMBIER; ALMEIDA,TALAMINI, 2007, p.436). Para Theodoro Júnior (2007, p.487) a segunda parte do art. 354 do CPC deve-se levar em conta as regras do Ônus da Prova, conforme discorre: A questão de indivisibilidade da confissão, no entanto, não pode ser examinada sem se atentar para as regras do Ônus da Prova. Assim, se o réu, ao confessar, tem o ônus de provar fato extintivo ou modificativo do direito do autor, sua confissão pode perfeitamente ser cindida. Como se denota do art. 354 do Código de Processo Civil, a Confissão é indivisível, não podendo o réu confessar somente fatos que lhe favoreçam e oculte fatos que lhe sejam desfavoráveis, no entanto, poderá cindir-se se aduzir fatos novos, fatos estes em que o réu deverá prová-los. 4.3. DA PROVA DOCUMENTAL 4.3.1. DA PRODUÇÃO DA PROVA DOCUMENTAL “A Prova documental tem seus momentos de produção fixados para a petição inicial e contestação, abrindo o Código de Processo Civil chance para juntada de Documento novo no curso da lide, [...].” (BARROSO, 2000, p.167). 40 Para Didier Jr.; Braga; Oliveira (2007, p.135); Em regra, os momentos de proposição e de produção da Prova documental são absolutamente os mesmos. [...] De uma forma geral, tem-se que a petição inicial e a contestação devem estar acompanhados, sob pena de invalidade, dos chamados documentos indispensáveis, que podem ser classificados em substanciais e fundamentais. Os Documentos substanciais são os que a lei expressamente exige para a proposição da lide. Como exemplo numa ação de execução, o título executivo, a procuração; na ação monitória, a Prova escrita; certidão de casamento na separação judicial; no caso de pessoa jurídica, o comprovante de que é empresa ou microempresa. Etc. Entende-se por fundamentais os Documentos indispensáveis que o autor mencionou na inicial, como o fundamento do pedido. (SANTOS, 1999 apud, DIDIER JR.; BRAGA; OLIVEIRA, 2007, p.136). Em sentido contrário Lopes (2002, p.118) classifica os documentos juntados aos autos em substanciais ou fundamentais e secundários, a seguir descritos: “Documentos substanciais ou fundamentais são aqueles em que se escoram o pedido29 e a causa de pedir30. Secundários os que se presta a demonstrar outras alegações das partes que elucidam pontos ou completam afirmações”. Exemplo é no caso de uma ação reivindicatória, é essencial que acompanhe a inicial, o título de domínio do imóvel. Em outro momento o autor poderá juntar plantas, exame topográfico, com o intuito de sanar dúvidas quanto à localização do imóvel. (LOPES, 2002, p. 118). Marinoni; Arenhart (2005, p.356) com relação aos Documentos juntados posteriormente citam: “Eventualmente, para comprovação de fato novo, pode-se apresentar Documentos ulteriormente (art. 397 do CPC).” Denota-se, assim, pela leitura do citado artigo que a lei permite às partes, em qualquer tempo, juntar Documentos aos autos, se ocorrer fato novo, em data 41 posterior àqueles que já constam no processo, ou para contestar os que já foram exibidos. Pelo art. 398 do CPC, uma vez juntados Documentos novos, deverá ser dado oportunidade a parte contrária para ciência e manifestação querendo, no prazo de cinco dias. Com relação ao que se está sendo enfocado neste subtítulo, a Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, confirma: BRASIL – STJ - PROCESSUAL CIVIL - AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO - CÉDULA DE CRÉDITO COMERCIAL - ORÇAMENTO - JUNTADA COM AS RAZÕES DE APELAÇÃO. I - A TEOR DO DISPOSTO NO ART. 283, DO CPC, OS DOCUMENTOS NÃO CONSIDERADOS "INDISPENSAVEIS" A PROPOSITURA DA AÇÃO NÃO PRECISAM VIR, NECESSARIAMENTE, COM A INICIAL, PODENDO SER OFERECIDOS EM OUTRAS OPORTUNIDADES OU ATE MESMO POR OCASIÃO DA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO; DESDE QUE, SOBRE ELES, SE MANIFESTE A OUTRA PARTE (ART. 398). O SIMPLES FATO DA PETIÇÃO INICIAL NÃO SE FAZER ACOMPANHADA DESSAS PEÇAS NÃO IMPLICA DE PRONTO SEU INDEFERIMENTO.