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Sistematização da assistência de enfermagem na realização de exames complementares Sistematização da assistência de enfermagem como ferramenta facilitadora na prática dos exames complementares em relação ao preparo do paciente, à coleta de material e à interpretação de exames. Prof. Monique Babinski 1. Itens iniciais Propósito Reconhecer a sistematização da assistência de enfermagem como ferramenta essencial para o exercício profissional do enfermeiro e a importância dos exames complementares no que se refere ao preparo do cliente, à coleta de material e à interpretação de exames laboratoriais. Preparação Antes de iniciar este conteúdo, acesse a Resolução Cofen 358/2009, que trata especificamente da sistematização da assistência e está disponível para acesso gratuito no portal do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). Objetivos Empregar uma assistência de enfermagem no preparo do paciente para a realização de exames complementares. Reconhecer o cuidado de enfermagem na coleta de material para exames complementares. Aplicar a sistematização da assistência na interpretação de exames laboratoriais complementares. Introdução Ao revisitarmos a história da enfermagem como uma profissão em construção, observamos que, apesar das preocupações de Florence Nightingale de que era necessário um embasamento teórico que norteasse e sistematizasse o exercício profissional, a enfermagem seguiu uma tendência imediatista e não sistematizada. Esse modelo de cuidado muito se assemelhou ao biomédico centrado na doença em detrimento das necessidades individuais e dos processos singulares de prevenção, tratamento e recuperação da saúde. Após algumas décadas, influências políticas, econômicas e sociais resultaram em um movimento legítimo de enfermeiras norte-americanas que questionaram o panorama da enfermagem e enxergaram a possibilidade de consolidar prática e ciência, sistematizando as práticas do enfermeiro e sua equipe. Nesse caminhar, o Cofen publicou a resolução 358/2009, dispondo sobre a sistematização da assistência de enfermagem e a implantação do processo de enfermagem em todos os ambientes em que exista a atuação da equipe de enfermagem. É explícito o quão recente é esse modelo de assistência no Brasil. Por sua importância para a organização da prática profissional, sobretudo pelos impactos positivos no curso da assistência prestada ao paciente, empregaremos nestes módulos a prática assistencial sistematizada no que tange aos exames complementares. REFLEXÃO A você, futuro enfermeiro: inicie este conteúdo refletindo sobre a importância do papel da enfermagem no que tange aos exames complementares e sobre os benefícios múltiplos de uma assistência sistematizada qualificada. Agora, vamos começar? • • • 1. Assistência de enfermagem Assistência de enfermagem no preparo do paciente para realização de exames complementares Em uma frequência cada vez maior de fluxo de trabalho e desafios diversos da vida cotidiana, não é incomum o sistema fisiológico humano apresentar necessidades de cuidado maior ou até adoecimento. Por essa razão, durante as consultas médicas ou de enfermagem, além de questionar o paciente sobre todos os sinais e sintomas para fins de levantamento de dados subjetivos (percepções e sensações do paciente), também é realizado o exame físico para pesquisa e detecção de dados objetivos (sinais vitais, como pressão arterial, febre ou identificação de queda capilar). Uma boa anamnese e o exame físico adequado são fundamentais e indispensáveis. No entanto, há patologias ou necessidades clínicas que exigem do profissional exames complementares que podem ser úteis para confirmação diagnóstica e/ou acompanhamento do curso do tratamento. Em 1993, Sannazzaro descreveu que os exames complementares surgiram após a metade do século XIX como consequência da inevitável modernização e do avanço da Medicina, especialmente nas áreas de bioquímica, microbiologia e citologia. Comentário Para fins de análise, amostras ou materiais colhidos dos pacientes são encaminhados a laboratórios que necessitam de alvará para funcionamento e principalmente de um profissional responsável. A Anvisa publicou, em 2005, a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) de número 302, segundo a qual o laboratório clínico tem como proposta a análise de amostras obtidas dos pacientes e possui como objetivo ofertar apoio ao diagnóstico clínico e consequentemente às fases de tratamento. A RDC nº 302 também define as condições para o funcionamento dos laboratórios clínicos e postos de coleta laboratoriais público ou privado que realizam atividades na área de análises clínicas, patologia clínica e citologia (ANVISA, 2005). Mas, afinal de contas, como o enfermeiro se insere nesse contexto? Comentário A enfermagem, seja ela hospitalar, ambulatorial e/ou em atendimento domiciliar, o chamado home care, está inserida no contexto de tratamento do paciente acometido por uma patologia. Por essa razão, é tão importante entender o papel do enfermeiro e de sua equipe de enfermagem quando discutimos os exames laboratoriais e de que maneira esse processo bem elaborado e executado se reflete direta e indiretamente no cuidado prestado ao paciente. Implementação da sistematização na coleta de exames Sistematizar a assistência significa organizar, dar continuidade, documentar, assegurar qualidade, e principalmente minimizar danos preveníveis. A sistematização da assistência de enfermagem (SAE) é um método maior que abrange o processo de enfermagem (PE), sendo o PE uma das maneiras de alcançar a sistematização da assistência. O PE é composto por cinco etapas independentes e inter-relacionados que, quando aplicadas, precisam obedecer à seguinte ordenação: consulta, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação de enfermagem. O Cofen, em sua resolução 358/2009, dispõe sobre a sistematização da assistência de enfermagem e a implantação do processo de enfermagem em todos os ambientes em que exista a atuação da equipe de enfermagem. Quando estamos no cenário de preparo do paciente para exames complementares, podemos realizar a sistematização de diversas maneiras, mas o mais importante é que ela seja compatível com a realidade na qual você estará inserido como profissional de saúde responsável pelo processo. No Brasil, especificamente, sabemos que há múltiplas realidades e poderes econômicos. Uma maneira objetiva e funcional para o processo de cuidado, sobretudo quando ele antecede procedimentos, é aplicar o checklist, termo em inglês que significa “lista de verificações”. O checklist surgiu em 1935 na aviação após um grave acidente que resultou na morte dos dois tripulantes a bordo. Na época, a aeronave foi considerada uma das mais seguras e sofisticadas, mas, após investigações, verificou-se que a falha ocorreu após o esquecimento de uma trava de segurança. O possível excesso de segurança ou o domínio na rotina do trabalho levou à falha dos tripulantes. Tornou-se importante, após esse tipo de acidente, a adoção de medidas de checagem chamadas de checklist por empresas de aviação. Esse checklist se tornou, desse modo, um item obrigatório para prevenção de falhas. Atenção Com o mesmo propósito preventivo, os checklists chegaram à saúde, sendo ferramentas largamente utilizadas por serem de fácil construção, entendimento e execução. Trata-se de uma ferramenta de trabalho que agrupa informações e tarefas a serem realizadas, permitindo uma observação sistemática (CARDOSO et al., 2009). Eles podem ser implementados de forma computadorizada ou em papel físico a depender da realidade institucional. Portanto, acredite, é possível exercer uma assistência de qualidade para sua equipe, seus pacientes e os familiares. De modo a garantir uma eficiência e para que o processo ocorra legitimando a segurança do paciente, é preciso que estejamos atentos aos fatores intimamente relacionados às etapas dos exames complementares. Assim, mais uma vez, o enfermeiro surge como o profissional capaz de desempenhar tal papel,detectando precocemente possíveis erros. Os cuidados de preparo do paciente sofrerão variações e adaptações para se atender melhor à demanda de cada tipo de exame. Entre outros exemplos, exames de sangue que exijam oito horas de jejum ou os de urina em que seja necessário desprezar o primeiro jato. Confira a seguir alguns detalhes sobre as responsabilidades do enfermeiro: Cuidados O enfermeiro é o profissional responsável por elaborar esses cuidados com sua equipe, que também os executa. Planejamento Planejar e implementar processos pode parecer uma tarefa árdua, mas traz benefícios incontáveis. Ação Nos protocolos assistenciais, é importante deixar claro quem é o responsável pela ação. Veremos agora algumas especificidades de exames complementares que necessitam de preparo para sua realização e garantia de eficácia nos resultados. Comecemos pelo exame de sangue. Sangue Reflexão Será que todo material sanguíneo necessita de jejum? Caso a resposta seja sim, haveria um consenso sobre a quantidade de horas? Vejamos algumas informações pertinentes que serão úteis para um preparo adequado do nosso paciente! Durante uma busca literária sobre esse tópico, fica evidente a escassez de informações que tragam novas evidências científicas ou consolidem protocolos já amplamente utilizados. Confira o que se diz sobre o hemograma: Tipo Trata-se de um tipo de exame de sangue que avalia as células que compõem o tecido sanguíneo, também conhecido como hemograma completo. Esse exame identifica a quantidade, o formato e o tamanho dessas células, incluindo os glóbulos vermelhos, os brancos e as plaquetas (BRONSTEIN 2021). Preparo Para o preparo, são indicados uma dieta leve, evitar exercícios físicos excessivos e não ingerir bebidas alcóolicas 72 horas antes do exame. Todas as orientações fornecidas têm por objetivo mitigar as possibilidades de desidratação do paciente. Amostra de escarro. Saiba mais Dosagens de glicose e de colesterol também são analisadas por meio de amostra de sangue; no entanto, elas possuem outras finalidades. Por essa razão, não são necessários preparos, como, por exemplo, o jejum e dieta leve no dia anterior. Para a hemocultura, não há preparo, uma vez que sua finalidade é detectar a presença de micro-organismos na corrente sanguínea. Escarro É um material espesso produzido pelos brônquios e que o paciente expectora ao tossir. É importante observar atentamente o aspecto, a coloração e o volume dessa secreção, pois ela pode sugerir quadros infecciosos, por exemplo. Na suspeita, é solicitada a coleta da amostra para a identificação de micro-organismos que estejam causando infecções pulmonares ou brônquicas. Para o preparo do paciente, devemos proceder ou orientar a higienização bucal por meio da escovação dos dentes, seguida de bochecho com água. Na sequência, pedimos ao paciente que o estimule ou provoque com o objetivo de mobilizar a secreção e facilitar a expectoração. O material colhido precisa ser imediatamente encaminhado para análise, mas discutiremos isso melhor mais à frente, no módulo de coleta de material para exames complementares. Urina No que tange às orientações ao paciente submetido ao exame de urina, seu preparo versa sobre a orientação de ele não ter se submetido a exames contrastados 48 horas antes. Deve ser coletada preferencialmente a primeira urina da manhã. Amostra de urina. Por também possuir finalidades distintas com o objetivo de atender aos objetivos clínicos, o preparo é individualizado. Existem situações que inviabilizam que a primeira urina da manhã seja coletada; nesses casos, orientamos que o paciente esteja há pelo menos duas horas sem desprezar sua diurese. Amostra de fezes. É possível que essa coleta seja realizada pelo próprio paciente em sua residência ou no laboratório. Antes da coleta, é extraordinariamente importante realizar a higienização com água e sabão das mãos e da região íntima para evitar contaminação da amostra. Após a coleta da urina, deve-se levar o recipiente para o laboratório em até duas horas para que seja feita a análise. Confira a seguir mais alguns detalhes sobre a coleta da urina: Tempo Em alguns casos, para pacientes que necessitam coletar urina de 24 horas, segue-se o mesmo preparo já descrito; entretanto, ela é coletada por um dia. Coleta O paciente, quando lúcido e orientado, realiza a coleta em recipiente próprio fornecido pelo laboratório. Anotações É importante anotar a data do início e do término da coleta. Fezes O exame de fezes pode ser solicitado para avaliar a quantidade de gordura nas fezes, as funções digestivas ou os ovos de parasitas. É uma análise bastante útil para conhecer a saúde da pessoa. Assim como os demais exames citados, o de fezes também possui suas especificidades conforme os objetivos a serem alcançados e as orientações para seu preparo. Uma pequena amostra das fezes deverá ser encaminhada para a análise em recipiente específico, atendendo a cada um dos tipos de exame. Diante de todo esse contexto, é importante pensar em estratégias que auxiliem o paciente a realizar o preparo de maneira correta, sobretudo quando essas coletas forem realizadas por ele mesmo, em sua residência, à exceção do exame de sangue. Para vislumbrar uma possibilidade objetiva, elaboramos um material que nos auxilia na assistência e que atenda ao objetivo proposto. Tendo isso em vista, faça o download para acessar o checklist ao clicar aqui. Saiba mais Você viu um exemplo de checklist, contudo, cada instituição de saúde poderá criar o seu e adaptar conforme a demanda. É de suma importância que o checklist esteja adequado às necessidades do setor no qual ele será empregado e que seja avaliado pela equipe de qualidade da instituição para sua devida aprovação. Todo material precisa https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02996/docs/Checklist.pdf estar em consonância com as atividades desenvolvidas pela equipe; caso contrário, ele não trará os resultados traçados nos objetivos. Atenção Outro aspecto que se destaca é a necessidade de criar estratégias que atendam à população-alvo, entendendo suas particularidades e seu nível de compreensão. A mensagem precisa alcançar a todos! Uma estratégia para que a comunicação seja efetiva é a elaboração de um material informativo ilustrativo e com pouco texto para se evitar a contaminação visual. Outra possibilidade é solicitar ao paciente que repita todas as informações importantes que você tenha acabado de transmitir a ele. Essa técnica é utilizada entre os profissionais de saúde para minimizar as falhas na comunicação. A qualidade da informação fornecida pode ser empregada na troca de informações paciente x profissional. Portanto, percebe-se que a implementação de medidas de sistematização da assistência resulta em uma linguagem adequada tanto para a troca de informações entre profissionais quanto para aquela ocorrida entre profissionais e pacientes, tornando esse processo seguro e eficiente para ambos. Sistematização da assistência de enfermagem durante o preparo do paciente para a coleta de material para interpretação de exames laboratoriais complementares Neste vídeo, a partir do relato de uma experiência pessoal, um especialista reflete sobre a implementação da sistematização da assistência de enfermagem no preparo do paciente para a coleta de material com o objetivo de interpretar exames laboratoriais complementares. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Verificando o aprendizado Questão 1 O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), por meio da resolução 358/2009, aborda a sistematização da assistência de enfermagem (SAE) e a implantação do processo de enfermagem. A esse respeito, é correto afirmar que: A a SAE deve ser implementada apenas nos serviços privados em que exista a atuação da equipe de enfermagem. B a SAE deve ser implementada apenas nos serviços públicos em que haja a atuação da equipe de enfermagem. C a SAE deve ser implementada em todos os ambientespúblicos ou privados em que ocorra a atuação da equipe de enfermagem. D a SAE pode ser implementada apenas nos serviços públicos em que exista a atuação da equipe de enfermagem. E a SAE pode ser implementada apenas nos serviços privados em que haja a atuação da equipe de enfermagem. A alternativa C está correta. A Resolução nº 358/2009 traz a sistematização da assistência de enfermagem de forma obrigatória a todos os serviços de saúde em que exista a atuação da equipe de enfermagem, seja na esfera pública ou privada. Questão 2 Os checklists surgiram após um grave acidente aéreo por causas que poderiam ser evitadas. Atualmente, eles são amplamente utilizados na saúde com os mesmos objetivos: mitigar erros preveníveis. Sua implementação é facilitada, pois um checklist: A é de fácil construção, entendimento e execução. B é de fácil formatação. C agrada à equipe aérea que o criou. D agrada à equipe médico-hospitalar. E agrada à equipe técnica de enfermagem. A alternativa A está correta. Os checklists são de fácil construção, pois podem ser feitos em um sistema informatizado ou impresso, além de seu entendimento e execução serem simples por eles possuírem perguntas objetivas. 2. Exames complementares Assistência de enfermagem na coleta de material para exames complementares No módulo anterior, discutimos acerca da criação de instrumentos que facilitem a prática assistencial de modo que ela seja construída e conduzida de maneira sistematizada e integrada. Quando inserimos a assistência que praticamos em um sistema, ela passa a ser alcançável por todos os membros que a executam e planejam. O processo de cuidado torna-se integrado e contínuo - e isso se reflete na qualidade e na segurança que ofertamos ao nosso paciente. A resistência à mudança por parte dos profissionais da saúde, de modo geral, é um dos maiores desafios encontrados no momento da implementação de um novo processo. Mas não se assuste! É natural, pois estamos trabalhando em um modelo que tem sua validação há pouco mais de dez anos no Brasil - e isso fica evidenciado pela Resolução nº 358/2009. No entanto, quando olhamos as estatísticas mundiais de práticas assistenciais, fica notória a necessidade urgente de um engajamento para esse fim. Gawande (2009) traz números alarmantes de óbitos em cirurgias que têm como causa erros em procedimentos médicos: eles chegam a somar pelo menos 75 mil mortes nos Estados Unidos. Comentário Se buscarmos em nossas memórias, encontraremos títulos apavorantes em matérias de jornais que descrevem erros em procedimentos hospitalares que resultaram em danos ao paciente. Além disso, não é incomum eles estarem vinculados à imagem da enfermagem, já que ela é a maior profissão da saúde em termos quantitativos dentro das unidades de saúde. Quando investigados, os relatos mostram sua ligação com uma prática despreparada, sem supervisão e sem modelos capazes de guiar seus profissionais por meio de boas práticas assistenciais a fim de que erros preveníveis não aconteçam. Procedimento operacional padrão O procedimento operacional padrão (POP) é um dos métodos de trabalho usado para tornar claras e acessíveis a todos os profissionais, desde os mais antigos até os recém-contratados, as atividades assistenciais, bem como para viabilizar que elas sejam gerenciadas de modo efetivo nas organizações (CORRÊA et al., 2020). O POP também é denominado procedimento ou instrução de trabalho por Araújo (2010). Já para Maranhão e Macieira (2010), o POP pode ser entendido como um protocolo, ou seja, é um documento em que constam a definição e a descrição de que modo uma atividade deve ser realizada, além de constar informações sobre ela (HARRIS, 2014; REEUWIJK; HOUBA, 1998). Atenção O POP tem por objetivo viabilizar que uma atividade seja executada adequadamente e sempre da mesma forma previamente determinada como eficaz, ainda que ela seja desempenhada por diferentes pessoas. Com isso, é possível garantir segurança e eficiência ao atendimento prestado frente às necessidades dos pacientes (CAMPOS, 2014). Nesse sentido, a enfermagem também adotou o uso dos POPs por eles serem uma ferramenta útil, de fácil construção e custo baixo. A elaboração dos POPs em instituições grandes costuma ser gerenciada e coordenada pelo setor de qualidade, contando sempre com a expertise dos profissionais que estão na ponta, ou seja, na assistência direta ao paciente. Por outro lado, o POP pode ser construído unicamente pelos enfermeiros envolvidos diretamente na assistência. Independentemente da forma como se dá esse processo, o mais importante é que ele atenda às demandas da população-alvo e esteja de acordo com as bibliografias atualizadas. Saiba mais Como construir um procedimento operacional padrão para coleta de sangue? A estrutura do POP é comumente elaborada com um cabeçalho contendo o título, o logotipo da instituição, a identificação do profissional que o elaborou, do que revisou e do que aprovou o material, assim como as datas em que ocorreram tais eventos. Ele segue com a descrição dos objetivos, do conceito, dos materiais necessários e das etapas do procedimento. Faça o download de um exemplo de POP para coleta de sangue ao clicar aqui. Tubos de coleta de sangue É comum que surjam dúvidas durante a escolha do frasco para a coleta de sangue. Temos disponíveis algumas unidades com cores e tamanhos variados, mas, afinal de contas, qual deles se deve escolher? Tendo isso em vista, veremos a seguir a aplicabilidade de cada tubo. Precisamos entender que, para atender a cada necessidade e objetivo, os tubos possuem aditivos em seu interior que colaborarão com a manutenção do material colhido. Por essa razão, suas tampas são diferenciadas por cores. No que tange ao tamanho, os tubos se adequarão à quantidade de amostra colhida. Para um paciente neonatal, colhemos uma quantidade menor de sangue para hemograma em comparação ao paciente adulto. Confira a função de cada tubo de coleta de sangue de acordo com as cores: Azul Os tubos com tampa na cor azul são escolhidos para amostras com o objetivo de análise de coagulação. Preto Os de tampa preta, para a análise da velocidade da hemossedimentação (VHS). Roxo Os de tampa roxa são usados para estudos hematológicos, como hemograma e hemoglobina glicada. Amarelo Os de tampa amarela são utilizados para sorologia, bioquímica, hormônios e valores séricos de drogas terapêuticas. Eles possuem gel separador com ativador de coágulos. Verde e cinza Os tubos com tampa nas cores verde e cinza são aplicados aos estudos bioquímicos. A diferença entre ambos é que os verdes possuem heparina (anticoagulante) em seu aditivo. As cores podem variar de acordo com o fabricante e fornecedor do material. Elas são facilitadores do processo e não dispensam a necessidade de leitura e verificação do rótulo do frasco. Agora veja como ocorre a coleta de sangue com alguns detalhes importantes: Coleta de sangue Coleta de sangue é realizada por meio de um dispositivo a vácuo que utilizada agulha e o tubo de coleta. Caso não tenha o dispositivo de vácuo o profissional de saúde poderá usar seringa e agulha e após transferir o sangue para a seringa , transferir para o tubo de coleta. Garrote Garrote é um dispositivo usado para barrar a circulação sanguínea, no caso da coleta de sangue é utilizado para melhor posicionamento das veias tornando-as proeminentes, facilitando a coleta sanguínea. EPI EPI: Os Equipamentos de Proteção Individual são obrigatórios durante a coleta de materiais biológicos. Protegem profissional e o paciente. Atenção O material que deve ser enviado para análise - nesse caso, o sangue - tem de ser colocado no frasco até a marca sinalizadora. Coleta de urina tipo 1 ou exame EAS Para uma adequada coleta da urina a ser analisada, o profissional de saúde precisa estar atento e ciente de que o paciente tenha compreendido a informação fornecida e possua autonomia para realizar o procedimento. Somente por meio da anamnese e do exame físico, ambosintegrantes do processo de enfermagem, o profissional de saúde conseguirá se certificar disso de forma precisa. Frasco de coleta de urina. Aos pacientes lúcidos e orientados do ponto de vista neurológico, podemos conduzir uma orientação sobre a higienização das mãos e da uretra externa, assim como da coleta da urina, quando nosso objetivo é o EAS (elementos anormais do sedimento) ou a urina do tipo I. É importante estar atento ao uso de termos técnicos. Nossa comunicação com o paciente precisa ser eficaz. Para as crianças em idade escolar e pré- escolar, orientaremos os responsáveis para a efetiva coleta se ela for feita em âmbito domiciliar. Os pacientes acamados ou restritos ao leito necessitarão de auxílio ou coleta pelo profissional de saúde - e o técnico de enfermagem poderá executar esse procedimento. Outra condição de saúde que limita o paciente é seu estado crítico, o que geralmente demanda o uso de cateter vesical de demora (CVD). Cateter vesical de demora. Nesse caso, o profissional de enfermagem deverá manusear o cateter ou a sonda de maneira gentil, evitando trações, pois o balão de sustentação encontra-se insuflado dentro da bexiga urinária, conforme mostra a ilustração. As seguintes ações são necessárias: clampear o tubo do sistema abaixo do botton de coleta; realizar a adequada desinfecção do lugar da coleta, que tem seu local apropriado; coletar a urina com seringa e agulha; e, por fim, encaminhá-la imediatamente para análise. Atenção Não é indicada a abertura do sistema para coleta, pois o risco de contaminação e as chances de infecção são grandes. Também não é recomendado coletar a urina da bolsa coletora em virtude do tempo em que ela está armazenada nesse local, favorecendo a proliferação de germes. Por fim, temos a urina de 24 horas, que é solicitada quando há a necessidade de avaliação mais confiável das funções renais. Em pacientes lúcidos e com suas funções cognitivas e físicas preservadas, orientamos que, após a primeira urina do dia desprezada no vaso sanitário, todas as demais sejam acondicionadas no recipiente específico até o mesmo horário do dia seguinte. Coletor de urina infantil. Coletor de fezes. Os registros de enfermagem e as evoluções precisam ser sempre frisados, inclusive para a análise da qualidade da assistência, quinta fase do processo de enfermagem. O coletor de urina infantil é utilizado para EAS em lactantes, pré-escolares que ainda não controlam o esfíncter ou quando o enfermeiro julgar oportuno o uso em situações de gravidade do paciente pediátrico, por exemplo. Coleta de fezes A coleta de fezes em ambiente domiciliar também precisa ser orientada pelo profissional de saúde. O paciente que tem condições de realizá-la sozinho deve coletar uma pequena amostra e acondicioná-la no frasco coletor. Para isso, ele poderá utilizar o papel higiênico como recurso, prendendo-o ao vaso sanitário como ilustra a imagem abaixo ou eliminar as fezes em um recipiente descartável, limpo apenas para a possível coleta das fezes e logo após desprezar adequadamente. Confira a seguir mais alguns detalhes da coleta de fezes e as orientações assistenciais para a enfemagem: A amostra No ambiente hospitalar, a amostra poderá ser coletada da fralda do paciente ou será possível solicitar que ele as elimine em um coletor de urina feminino (também conhecido como comadre). Os cuidados É importante ressaltar que todo processo assistencial precisa ser mensurado para fins de análise de sua eficácia e/ou necessidade de adaptações e revisões. Reavaliar o processo de avaliação é tão fundamental quanto iniciá-lo, e isso está previsto como última etapa do processo de enfermagem. As ações Os protocolos institucionais não substituem treinamentos, capacitações e reciclagens. Eles são instrumentos de auxílio para que os membros das equipes possam consultar e executar os procedimentos de maneira padronizada, culminando na redução de erro preveníveis. Atenção Os POPs são amplamente utilizados por outras profissões, não sendo exclusivos para nortear as ações de enfermagem. Médicos os utilizam para garantir a padronização em seus procedimentos, assim como fisioterapeutas, nutricionistas e tantas outras profissões. Atualmente, encontramos esses documentos digitalizados e inclusos em sistemas nas instituições de saúde, pois isso otimiza a localização e reduz a quantidade de material impresso nos setores. Sistematização da assistência de enfermagem na coleta de material biológico para exames laboratoriais complementares Neste vídeo, a partir do relato de uma experiência pessoal, um especialista reflete sobre a implementação da sistematização da assistência de enfermagem para a prática de coleta de material biológico com o objetivo de realizar uma análise complementar. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Verificando o aprendizado Questão 1 Vimos que o procedimento operacional padrão (POP) é um método que adotamos para sistematizar a assistência de enfermagem. Selecione a seguir a única alternativa que define corretamente o que é POP. A É um documento exclusivo para laboratórios. B É um documento em que constam a descrição de como uma atividade deve ser realizada e as informações relacionadas a essa atividade. C O objetivo do POP é treinar os técnicos de enfermagem sobre os novos procedimentos. D É um documento exclusivo para a equipe de enfermagem. E Organizar os POPs impressos e em pastas é a maneira mais adequada para disponibilizá-lo para a equipe. A alternativa B está correta. O procedimento operacional padrão (POP) é um documento que visa a descrever a atividade e seu conceito, além de padronizar a forma como ela deve ser executada. Questão 2 Implantar novos processos costuma gerar desconforto. O enfermeiro precisa estar preparado para administrar essas situações, conduzindo-as de maneira clara e se pautandodo em evidências. Assim, é importante que ele dessensibilize: A o líder político da cidade para que ele seja um apoiador. B o médico rotina do setor para que ele possa ordenar esse processo. C os familiares dos pacientes, pois eles estão sempre muito queixosos. D os auxiliares administrativos para que eles não enxerguem a mudança como mais um trabalho. E a equipe de enfermagem, pois a implantação da SAE está diretamente ligada às práticas da enfermagem. A alternativa E está correta. As equipes de enfermagem enfrentam um grande desafio diário: trabalhar, em sua grande maioria, com um quantitativo de profissionais abaixo do ideal. Elas estão, portanto, sobrecarregadas e exaustas. É preciso dessensibilizá-las com o objetivo de que elas compreendam os incontáveis benefícios para o paciente e a valorização do trabalho da enfermagem. Tubos de coleta. 3. Sistematização da assistência Interpretação dos exames laboratoriais A temática que envolve a interpretação de exames laboratoriais complementares tem impacto direto no tempo hábil para uma intervenção antes que a hemodinâmica do paciente esteja comprometida. Quando pensamos em um cenário crítico de terapia intensiva em que é realizada rotineiramente a dosagem de eletrólitos e gases, aprender a interpretar uma gasometria arterial, por exemplo, significa ter a oportunidade de ajustar rapidamente parâmetros ventilatórios que estejam em desequilíbrio e que foram descritos no resultado do exame. Também é possível visualizar sua importância fora do cenário crítico hospitalar. Pensemos em uma gestante em acompanhamento sem risco no grupo de pré-natal ou no paciente dislipidêmico e diabético da atenção básica de saúde. São diversos os cenários em que o enfermeiro poderá desenvolver suas ações e necessitará desse domínio para uma tomada de decisão. Dito isso, vamos conhecer algumas análises? Saiba mais Os resultados dos exames vêm impressos dos laboratórios - e, em muitos deles, com valores de referência. No entanto, existem distintas realidades em nosso país: ainda há instituições em que tais valores vêm preenchidos à mão. Hemograma Tão fundamentalquanto interpretar se um resultado está fora dos parâmetros desejados é compreender o que significa cada análise. Tomaremos o hemograma como exemplo para compreendermos cada etapa da análise. Além disso, não nos ateremos aos valores, pois eles podem variar, mesmo que levemente, entre os laboratórios. Como mencionamos no módulo anterior, o hemograma ou hemograma completo é uma análise frequentemente solicitada. É muito comum nos depararmos com circunstâncias em que haja equívocos, sendo todo “exame de sangue” visto como hemograma. Mas ele não é! Se nosso objetivo for uma análise de colesterol, por exemplo, o exame a ser solicitado não será o hemograma completo, e sim o de triglicerídeos, colesterol total e frações - e assim por diante. Representação do sangue. Atenção O hemograma é o exame utilizado para avaliar as três principais linhagens de células do sanguíneas: hemácias, leucócitos e plaquetas. Ele é utilizado para o diagnóstico de diversas doenças, incluindo anemia, infecções e até leucemias. Eritrograma O eritrograma se refere ao primeiro bloco do hemograma. Trata-se da análise dos eritrócitos (também conhecidos como hemácias, glóbulos vermelhos ou células vermelhas). Quando, em uma análise sanguínea, buscamos avaliar se a anemia do paciente foi corrigida, é para o eritrograma que olhamos. Para fins de interpretação, é importante que analisemos, de forma conjunta, estes três primeiros dados: contagem de hemácias, hemoglobina e hematócrito. Em quadros clínicos como a anemia, esses valores se mostram reduzidos, havendo um baixo número de glóbulos vermelhos no sangue. Em outras condições clínicas, pode estar expresso o excesso de hemácias circulantes, o que nos indicaria um quadro de policitemia, por exemplo. Exemplo Você é enfermeiro, e sua prática de trabalho é sistematizada. Na preparação de seu paciente para uma cirurgia de grande porte, você, em seu checklist de transferência da enfermaria para o centro cirúrgico, verifica o resultado recente do eritrograma dele e visualiza que os valores de hemácias, hemoglobina e hematócrito estão abaixo da referência. Agora você já sabe o que isso significa; além disso, seu checklist indica que você contate a equipe cirúrgica, a qual, por sua vez, deverá tomar as decisões inerentes ao caso. Resultado: você impediu que um erro previsível fosse cometido e assegurou a segurança do paciente! Mais adiante, mas ainda no primeiro bloco, encontramos VCM, HCM, CHCM e RDW, que são preditores da característica das hemácias. VCM Significa volume corpuscular médio e retrata o tamanho da série vermelha. HCM Significa hemoglobina corpuscular média, indicando o peso da hemoglobina. CHCM Significa concentração da hemoglobina corpuscular média, sendo o índice que representa a quantidade de hemoglobina presente nas hemácias. RDW Significa a representatividade da distribuição das células vermelhas. Leucograma O segundo bloco trata do leucograma, que avalia os leucócitos (células brancas ou glóbulos brancos). Os leucócitos são as células de defesa responsáveis por combater agentes invasores, formando um grupo de diferentes células com funções distintas no sistema imune. Alguns leucócitos atuam diretamente contra o invasor, outros produzem anticorpos e alguns apenas fazem a identificação do micro-organismo invasor. Quando observamos valores aumentados dos leucócitos, chamamos de leucocitose; quando eles estão diminuídos, trata-se das chamadas leucopenias (WILLIAMSON, 2018). Atenção Os seis tipos de leucócitos são neutrófilos, segmentados e bastões, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos. Plaquetas O terceiro e último bloco do hemograma traz resultados referentes às plaquetas, que são fragmentos de células responsáveis pelo início do processo de coagulação. Quando nosso corpo sofre qualquer tipo de lesão, o organismo destina as plaquetas ao local lesionado. Em seguida, elas se agrupam, formando trombos que serão extremamente necessários para estancar o sangramento. Exemplo Você é enfermeiro. Em sua instituição, já existe um protocolo para medicamento de alto risco. Antes de administrar uma heparina, você obrigatoriamente precisa verificar e registrar os dados referentes às plaquetas do paciente. O valor o alerta para uma plaquetopenia, ou seja, baixa concentração de plaquetas e risco de sangramento espontâneo. Você não a administra: em vez disso, comunica a equipe médica, registra o caso e impede que um erro previsível seja cometido. Você, com isso, assegurou a segurança do paciente! Veja a seguir a exemplificação de um protocolo com perguntas direcionadas ao paciente e dados de resultado da análise laboratorial, os quais, por sua vez, canalizam o profissional para a tomada de decisão correta. Checklist Preparo do paciente para cirurgia segura Identificação do paciente Nome completo: _________________________________________ Data de nascimento: ____/____/_____ Resultado laboratorial checado? ( ) Sim ( ) Não Contagem de plaquetas: _______ Contagem do hematócrito: ______ Contagem de leucócitos: _______ Resultados dentro da normalidade? ( ) Sim ( ) Não* *Se não, comunicar imediatamente à equipe de cirurgia. Jejum realizado? ( ) Sim ( ) Não Quantas horas? ________ Acesso venoso pérvio? ( ) Sim ( ) Não As informações sobre o preparo foram registradas em prontuário? ( ) Sim ( ) Não O paciente foi esclarecido sobre o procedimento a ser realizado? ( ) Sim ( ) Não O termo de consentimento (se necessário) está assinado? ( ) Sim ( ) Não A pulseira de Identificação do paciente está adequada? ( ) Sim ( ) Não Assinatura e carimbo do profissional: Data e hora: Quadro: Checklist de preparo do paciente para cirurgia segura. Elaborado por: Monique Babinski Precisamos voltar a esclarecer mais alguns detalhes importantes acerca dos exames de escarro, urina e fezes. Observe a seguir: Escarro O exame do escarro pode ser solicitado quando há necessidade diagnóstica da presença de um ou mais patógenos na via aérea inferior. Para fins diagnósticos da tuberculose, por exemplo, é rotineira a pesquisa do bacilo de Koch (BK) no BAAR (bacilo álcool ácido resistente). A interpretação do BAAR positivo pode significar a presença da M. tuberculosis ou de outra microbactéria. Desse modo, a análise deve ser complementada com a cultura para identificação da espécie e realização de teste de sensibilidade às drogas. Urina Os protocolos do Ministério da Saúde aprovam, no âmbito da atenção primária à saúde, a requisição de exames pelo enfermeiro, assim como outras demandas, como prescrição medicamentosa e consultas de enfermagem (BRASIL, 2017). Nessa perspectiva, encaixamos o exame de urina como um exame complementar à demanda de acompanhamento do pré-natal, por exemplo, desenvolvido pelo enfermeiro. O exame de urina, também chamado de urina tipo 1 ou exame EAS (elementos anormais do sedimento), é solicitado para identificar alterações no sistema urinário e renal, devendo ser feito por meio da análise da primeira urina do dia por ela encontrar-se mais concentrada. Em situações de impedimento, orientamos ao paciente que ele faça uma retenção urinária de, pelo menos, duas horas. HCG No contexto do atendimento à saúde da mulher, o exame de urina também pode ser solicitado para o diagnóstico da gravidez, pois é possível o rastreio do hormônio gonadotrofina coriônica humana (hCG) quantitativo. Na gravidez, esse hormônio é produzido para favorecer o desenvolvimento do embrião. Apesar de ser confiável, ele não é o método de primeira escolha para esse objetivo em virtude de a baixa quantidade do hCG circulante no início da gestação poder ser um preditor de um resultado falso negativo. Urina tipo 1 O exame de urina tipo I, além de verificar densidade e PH, em que os valores de referências podem sofrer leves variações entre os laboratórios de análise, também avalia características que não divergem. Espera-se que haja ausência de glicose, proteína, sangue e leucócitos, principalmente, pois sua presença indica lesão renal. Fezes O parasitológicode fezes, por exemplo, é solicitado para identificar parasitas responsáveis por alterações gastrointestinais, podendo ser identificados cistos, trofozoítos, ovos ou vermes adultos nas fezes, sendo o último caso o mais raro de se identificar. Esse exame pode ser realizado por técnicas diferentes para atender a cada objetivo desejado e possui um resultado mais simplificado para interpretação. Seus resultados evidenciam presença ou não desses parasitas. Lembre-se de que é fundamental que o enfermeiro assistencial e o gestor estejam sempre atualizados e em conformidade com os manuais do Ministério da Saúde para que possam exercer suas profissões respaldados pela legislação. Além disso, eles devem estar ativos, dialogando do ponto de vista intelectual e buscando constantes atualizações. Sistematização da assistência de enfermagem na interpretação de exames laboratoriais complementares Neste vídeo, a partir do relato de uma experiência pessoal, um especialista reflete sobre a implementação da sistematização da assistência de enfermagem para a prática de interpretação dos exames complementares. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Verificando o aprendizado Questão 1 Durante a consulta de enfermagem, o enfermeiro tem autonomia para examinar e solicitar exames complementares de seu paciente dentro dos parâmetros descritos pelo Ministério da Saúde. Em outros cenários de atuação profissional, o enfermeiro, quando não os solicita, precisa compreender os resultados dos exames. Por que é fundamental que ele saiba interpretá-los? A Se o médico está presente, o enfermeiro não precisa saber interpretar. B Isso é fundamental apenas para poder preencher os dados do sistema. C Não é fundamental que o enfermeiro saiba interpretar. D É fundamental, pois o enfermeiro também é responsável pela assistência e pela saúde do paciente; ao interpretar, existe a oportunidade de intervir em tempo hábil. E Só será fundamental saber interpretar se os laboratórios não enviarem os resultados com valores de referência ao lado. A alternativa D está correta. O enfermeiro é um profissional habilitado para consultas e exames. Por isso, é fundamental que ele saiba interpretar os resultados dos exames que solicita. Nos cenários em que não puder solicitar, o enfermeiro também precisará compreender os resultados, pois sua conduta rápida diante de um cenário de descompensação hemodinâmica impacta diretamente na saúde do paciente. Questão 2 Para fins didáticos de interpretação do hemograma, podemos dividi-lo em três blocos, pois cada um deles faz referência a um grupo celular. Quando um paciente está plaquetopênico, onde se encontra essa alteração? A Eritrograma. B Leucograma. C Plaquetas. D Leucograma e eritograma. E Todos os blocos do hemograma. A alternativa C está correta. O primeiro bloco do hemograma, eritrograma, avalia as células vermelhas. O segundo bloco dele, leucograma, afere as células brancas. Já o terceiro bloco, as plaquetas, faz referência à contagem das plaquetas responsáveis pelo fator de coagulação. Dessa forma, somente o terceiro e último bloco do hemograma é responsável pela contagem delas. 4. Conclusão Considerações finais Como vimos neste conteúdo, a sistematização da assistência de enfermagem configura algo relativamente novo no Brasil, embora ela já seja utilizada pela enfermagem mundial, o que evidencia sua importância para a organização e a valorização da assistência. O responsável pela implantação desse processo nos estabelecimentos de saúde é o enfermeiro, e a sistematização é executada por ele privativamente em algumas etapas do processo de enfermagem, assim como por sua equipe técnica. Destacamos ainda que a sistematização da assistência em enfermagem (SAE) é um item obrigatório segundo o Conselho Federal de Enfermagem, devendo ocorrer em todos os ambientes em que exista a assistência de enfermagem independentemente de tais serviços de saúde serem públicos ou privados. No contexto dos exames complementares, a SAE novamente representa a oportunidade de conduzir a assistência de forma segura e livre de danos. Pontuamos também que uma das maneiras de implantar um processo de enfermagem para reduzir o risco de danos ao paciente é por meio do checklist, que é amplamente empregado para nortear as ações e mitigar os erros preveníveis. Por fim, demonstramos que o procedimento operacional padrão (POP) também constitui uma forma de implantar protocolos assistenciais nas instituições, já que o POP busca padronizar a assistência prestada. Ambos podem ser desenvolvidos de modo impresso ou (preferencialmente) digital. Podcast Neste podcast, você saberá um pouco mais sobre a sistematização da assistência de enfermagem durante a interpretação de exames complementares. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para ouvir o áudio. Explore + Leia estes artigos: O Cuidado em Enfermagem: uma aproximação teórica Veja como Maria de Lourdes Souza, Vicente Volnei de Bona Sartor, Maria Itayra Coelho de Souza Padilha e Marta Lenise do Prado abordam a aproximação da teoria com a dinâmica prática do cuidado de enfermagem. Avaliação de variáveis pré-analíticas em exames laboratoriais de pacientes atendidos no laboratório central de Vitória da Conquista, Bahia, Brasil Observe como Ludmila R. Ramos, Márcio V. Oliveira e Cláudio L. Souza discutem a avaliação da influência de variáveis pré-analíticas em exames laboratoriais. Conheça o documento Processo de enfermagem: guia para a prática, do Conselho Regional de Enfermagem (Coren) de São Paulo, e saiba como Alba Lúcia B. L. de Barros, Cristiane Garcia Sanchez, Juliana de Lima Lopes, Magda Cristina Queiroz Dell’Acqua, Maria Helena Baena de Moraes Lopes e Rita de Cassia Gengo e Silva debatem e refletem sobre a sistematização da assistência em enfermagem (SAE) do Coren-SP na aplicação e no aprimoramento no cotidiano do profissional de enfermagem. Referências ARAÚJO, G. M. Elementos do Sistema de Gestão de SMSQRS: Sistema de Gestão Integrada 2. ed. Rio de Janeiro: Gerenciamento Verde Consultoria Editora, 2010, v. 2. BRASIL. Resolução RDC nº 302, de 13 de outubro de 2005. Regulamento Técnico para funcionamento de Laboratórios Clínicos. Brasília: ANVISA, 2005. BRASIL. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. BRONSTEIN. Exame de sangue: tudo sobre hemograma e como o exame é feito. Consultado na internet em: 15 jun. 2021. CAMPOS, V. F. Qualidade total: padronização de empresas. 2. ed. Nova Lima: Falconi, 2014. CARDOSO, A. S. F; et al. Elaboração e validação de checklist para administração de medicamentos para pacientes em protocolos de pesquisa. Revista Gaúcha de Enfermagem 40 (spe), 2019. CORRÊA, G. T.; ARCHER, A. B.; PEREIRA, G. K.; VIECILI, J. Uso de Procedimentos Operacionais Padrão (POPs) comportamentais na realização de atividades profissionais. Revista Psicologia: Organizações e Trabalho, 2020, v. 20, n. 2, p. 1011-1017. GAWANDE, A. The checklist manifesto: how to get things right. New York: Picador, 2009. HARRIS, T. E. Applied Organizational Communication: Principles and Pragmatics for Future Practice. 2. ed. New York: Psychology Press, 2014. LEMOS, Marcela. Exame de urina (EAS): para que serve, preparo e resultados. Consultado na internet em: 18 jun. 2021. MARANHÃO, M.; MACIEIRA, M. E. B. O processo nosso de cada dia: modelagem de processos de trabalho. 2. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2010. REEUWIJK, L. P. van.; HOUBA, V. J. G. Guidelines for Quality Management in Soil and Plant Laboratories. 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Assistência de enfermagem Assistência de enfermagem no preparo do paciente para realização de exames complementares Comentário Comentário Implementação da sistematização na coleta de exames Atenção Cuidados Planejamento Ação Sangue Reflexão Saiba mais Escarro Urina Tempo Coleta Anotações Fezes Saiba mais Atenção Sistematização da assistência de enfermagem durante o preparo do paciente para a coleta de material para interpretação de exames laboratoriais complementares Conteúdo interativo Verificando o aprendizado 2. Exames complementares Assistência de enfermagem na coleta de material para exames complementares Comentário Procedimento operacional padrão Atenção Saiba mais Tubos de coleta de sangue Azul Preto Roxo Amarelo Verde e cinza Coleta de sangue Garrote EPI Atenção Coleta de urina tipo 1 ou exame EAS Atenção Coleta de fezes A amostra Os cuidados As ações Atenção Sistematização da assistência de enfermagem na coleta de material biológico para exames laboratoriais complementares Conteúdo interativo Verificando o aprendizado 3. Sistematização da assistência Interpretação dos exames laboratoriais Saiba mais Hemograma Atenção Eritrograma Exemplo VCM HCM CHCM RDW Leucograma Atenção Plaquetas Exemplo Escarro Urina Fezes Sistematização da assistência de enfermagem na interpretação de exames laboratoriais complementares Conteúdo interativo Verificando o aprendizado 4. Conclusão Considerações finais Podcast Conteúdo interativo Explore + Referências