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Sistematização da assistência de
enfermagem na realização de exames
complementares
Sistematização da assistência de enfermagem como ferramenta facilitadora na prática dos exames
complementares em relação ao preparo do paciente, à coleta de material e à interpretação de exames.
Prof. Monique Babinski
1. Itens iniciais
Propósito
Reconhecer a sistematização da assistência de enfermagem como ferramenta essencial para o exercício
profissional do enfermeiro e a importância dos exames complementares no que se refere ao preparo do
cliente, à coleta de material e à interpretação de exames laboratoriais.
Preparação
Antes de iniciar este conteúdo, acesse a Resolução Cofen 358/2009, que trata especificamente da
sistematização da assistência e está disponível para acesso gratuito no portal do Conselho Federal de
Enfermagem (Cofen).
Objetivos
Empregar uma assistência de enfermagem no preparo do paciente para a realização de exames 
complementares.
Reconhecer o cuidado de enfermagem na coleta de material para exames complementares.
Aplicar a sistematização da assistência na interpretação de exames laboratoriais complementares.
Introdução
Ao revisitarmos a história da enfermagem como uma profissão em construção, observamos que, apesar das
preocupações de Florence Nightingale de que era necessário um embasamento teórico que norteasse e
sistematizasse o exercício profissional, a enfermagem seguiu uma tendência imediatista e não sistematizada.
Esse modelo de cuidado muito se assemelhou ao biomédico centrado na doença em detrimento das
necessidades individuais e dos processos singulares de prevenção, tratamento e recuperação da saúde. 
Após algumas décadas, influências políticas, econômicas e sociais resultaram em um movimento legítimo de
enfermeiras norte-americanas que questionaram o panorama da enfermagem e enxergaram a possibilidade de
consolidar prática e ciência, sistematizando as práticas do enfermeiro e sua equipe. 
Nesse caminhar, o Cofen publicou a resolução 358/2009, dispondo sobre a sistematização da assistência de
enfermagem e a implantação do processo de enfermagem em todos os ambientes em que exista a atuação da
equipe de enfermagem.
É explícito o quão recente é esse modelo de assistência no Brasil. Por sua importância para a organização da
prática profissional, sobretudo pelos impactos positivos no curso da assistência prestada ao paciente,
empregaremos nestes módulos a prática assistencial sistematizada no que tange aos exames
complementares. 
REFLEXÃO 
A você, futuro enfermeiro: inicie este conteúdo refletindo sobre a importância do papel da enfermagem no que
tange aos exames complementares e sobre os benefícios múltiplos de uma assistência sistematizada
qualificada. 
Agora, vamos começar? 
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• 
• 
1. Assistência de enfermagem
Assistência de enfermagem no preparo do paciente para
realização de exames complementares
Em uma frequência cada vez maior de fluxo de trabalho e desafios diversos da vida cotidiana, não é incomum
o sistema fisiológico humano apresentar necessidades de cuidado maior ou até adoecimento. Por essa razão,
durante as consultas médicas ou de enfermagem, além de questionar o paciente sobre todos os sinais e
sintomas para fins de levantamento de dados subjetivos (percepções e sensações do paciente), também é
realizado o exame físico para pesquisa e detecção de dados objetivos (sinais vitais, como pressão arterial,
febre ou identificação de queda capilar). Uma boa anamnese e o exame físico adequado são fundamentais e
indispensáveis. 
No entanto, há patologias ou necessidades clínicas que exigem do profissional exames complementares que
podem ser úteis para confirmação diagnóstica e/ou acompanhamento do curso do tratamento. 
Em 1993, Sannazzaro descreveu que os exames complementares surgiram após a metade do século XIX como
consequência da inevitável modernização e do avanço da Medicina, especialmente nas áreas de bioquímica,
microbiologia e citologia. 
Comentário
Para fins de análise, amostras ou materiais colhidos dos pacientes são encaminhados a laboratórios que
necessitam de alvará para funcionamento e principalmente de um profissional responsável. 
A Anvisa publicou, em 2005, a Resolução da Diretoria
Colegiada (RDC) de número 302, segundo a qual o
laboratório clínico tem como proposta a análise de amostras
obtidas dos pacientes e possui como objetivo ofertar apoio
ao diagnóstico clínico e consequentemente às fases de
tratamento.
A RDC nº 302 também define as condições para o
funcionamento dos laboratórios clínicos e postos de coleta
laboratoriais público ou privado que realizam atividades na
área de análises clínicas, patologia clínica e citologia
(ANVISA, 2005).
Mas, afinal de contas, como o enfermeiro se insere nesse contexto?
Comentário
A enfermagem, seja ela hospitalar, ambulatorial e/ou em atendimento domiciliar, o chamado home care,
está inserida no contexto de tratamento do paciente acometido por uma patologia. 
Por essa razão, é tão importante entender o papel do enfermeiro e de sua equipe de enfermagem quando
discutimos os exames laboratoriais e de que maneira esse processo bem elaborado e executado se reflete
direta e indiretamente no cuidado prestado ao paciente. 
Implementação da sistematização na coleta de exames
Sistematizar a assistência significa organizar, dar continuidade, documentar, assegurar qualidade, e
principalmente minimizar danos preveníveis. A sistematização da assistência de enfermagem (SAE) é um
método maior que abrange o processo de enfermagem (PE), sendo o PE uma das maneiras de alcançar a
sistematização da assistência.
O PE é composto por cinco etapas independentes e inter-relacionados que, quando aplicadas, precisam
obedecer à seguinte ordenação: consulta, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação de
enfermagem. 
O Cofen, em sua resolução 358/2009, dispõe sobre a sistematização da assistência de enfermagem e a
implantação do processo de enfermagem em todos os ambientes em que exista a atuação da equipe de
enfermagem. Quando estamos no cenário de preparo do paciente para exames complementares, podemos
realizar a sistematização de diversas maneiras, mas o mais importante é que ela seja compatível com a
realidade na qual você estará inserido como profissional de saúde responsável pelo processo. No Brasil,
especificamente, sabemos que há múltiplas realidades e poderes econômicos.
Uma maneira objetiva e funcional para o
processo de cuidado, sobretudo quando ele
antecede procedimentos, é aplicar o checklist,
termo em inglês que significa “lista de
verificações”. O checklist surgiu em 1935 na
aviação após um grave acidente que resultou
na morte dos dois tripulantes a bordo.
Na época, a aeronave foi considerada uma das
mais seguras e sofisticadas, mas, após
investigações, verificou-se que a falha ocorreu
após o esquecimento de uma trava de
segurança. O possível excesso de segurança ou
o domínio na rotina do trabalho levou à falha dos tripulantes. Tornou-se importante, após esse tipo de
acidente, a adoção de medidas de checagem chamadas de checklist por empresas de aviação. Esse checklist
se tornou, desse modo, um item obrigatório para prevenção de falhas. 
Atenção
Com o mesmo propósito preventivo, os checklists chegaram à saúde, sendo ferramentas largamente
utilizadas por serem de fácil construção, entendimento e execução. Trata-se de uma ferramenta de
trabalho que agrupa informações e tarefas a serem realizadas, permitindo uma observação sistemática
(CARDOSO et al., 2009). Eles podem ser implementados de forma computadorizada ou em papel físico a
depender da realidade institucional. Portanto, acredite, é possível exercer uma assistência de qualidade
para sua equipe, seus pacientes e os familiares. 
De modo a garantir uma eficiência e para que o processo ocorra legitimando a segurança do paciente, é
preciso que estejamos atentos aos fatores intimamente relacionados às etapas dos exames complementares.
Assim, mais uma vez, o enfermeiro surge como o profissional capaz de desempenhar tal papel,detectando
precocemente possíveis erros. Os cuidados de preparo do paciente sofrerão variações e adaptações para se
atender melhor à demanda de cada tipo de exame. Entre outros exemplos, exames de sangue que exijam oito
horas de jejum ou os de urina em que seja necessário desprezar o primeiro jato. 
Confira a seguir alguns detalhes sobre as responsabilidades do enfermeiro: 
Cuidados
O enfermeiro é o profissional responsável por
elaborar esses cuidados com sua equipe, que
também os executa.
Planejamento
Planejar e implementar processos pode parecer
uma tarefa árdua, mas traz benefícios
incontáveis.
Ação
Nos protocolos assistenciais, é importante
deixar claro quem é o responsável pela ação.
Veremos agora algumas especificidades de exames complementares que necessitam de preparo para sua
realização e garantia de eficácia nos resultados. Comecemos pelo exame de sangue. 
Sangue
Reflexão
Será que todo material sanguíneo necessita de jejum? Caso a resposta seja sim, haveria um consenso
sobre a quantidade de horas? Vejamos algumas informações pertinentes que serão úteis para um
preparo adequado do nosso paciente! 
Durante uma busca literária sobre esse tópico, fica evidente a escassez de informações que tragam novas
evidências científicas ou consolidem protocolos já amplamente utilizados.
 
Confira o que se diz sobre o hemograma:
Tipo 
Trata-se de um tipo de exame de sangue que
avalia as células que compõem o tecido
sanguíneo, também conhecido como
hemograma completo. Esse exame identifica
a quantidade, o formato e o tamanho dessas
células, incluindo os glóbulos vermelhos, os
brancos e as plaquetas (BRONSTEIN 2021).
Preparo 
Para o preparo, são indicados uma dieta
leve, evitar exercícios físicos excessivos e
não ingerir bebidas alcóolicas 72 horas
antes do exame. Todas as orientações
fornecidas têm por objetivo mitigar as
possibilidades de desidratação do
paciente.
Amostra de escarro.
Saiba mais
Dosagens de glicose e de colesterol também são analisadas por meio de amostra de sangue; no entanto,
elas possuem outras finalidades. Por essa razão, não são necessários preparos, como, por exemplo, o
jejum e dieta leve no dia anterior. 
Para a hemocultura, não há preparo, uma vez que sua finalidade é detectar a presença de micro-organismos
na corrente sanguínea. 
Escarro
É um material espesso produzido pelos brônquios e que o paciente expectora ao tossir. É importante observar
atentamente o aspecto, a coloração e o volume dessa secreção, pois ela pode sugerir quadros infecciosos,
por exemplo. 
Na suspeita, é solicitada a coleta da amostra para a
identificação de micro-organismos que estejam causando
infecções pulmonares ou brônquicas. Para o preparo do
paciente, devemos proceder ou orientar a higienização
bucal por meio da escovação dos dentes, seguida de
bochecho com água. Na sequência, pedimos ao paciente
que o estimule ou provoque com o objetivo de mobilizar a
secreção e facilitar a expectoração. O material colhido
precisa ser imediatamente encaminhado para análise, mas
discutiremos isso melhor mais à frente, no módulo de coleta
de material para exames complementares.
Urina
No que tange às orientações ao paciente submetido ao
exame de urina, seu preparo versa sobre a orientação de
ele não ter se submetido a exames contrastados 48 horas antes. Deve ser coletada preferencialmente a
primeira urina da manhã. 
Amostra de urina.
Por também possuir finalidades distintas com o objetivo de atender aos objetivos clínicos, o preparo é
individualizado. Existem situações que inviabilizam que a primeira urina da manhã seja coletada; nesses casos,
orientamos que o paciente esteja há pelo menos duas horas sem desprezar sua diurese. 
Amostra de fezes.
É possível que essa coleta seja realizada pelo próprio paciente em sua residência ou no laboratório. Antes da
coleta, é extraordinariamente importante realizar a higienização com água e sabão das mãos e da região
íntima para evitar contaminação da amostra. Após a coleta da urina, deve-se levar o recipiente para o
laboratório em até duas horas para que seja feita a análise. 
Confira a seguir mais alguns detalhes sobre a coleta da urina: 
Tempo
Em alguns casos, para pacientes que
necessitam coletar urina de 24 horas, segue-se
o mesmo preparo já descrito; entretanto, ela é
coletada por um dia.
Coleta
O paciente, quando lúcido e orientado, realiza a
coleta em recipiente próprio fornecido pelo
laboratório.
Anotações
É importante anotar a data do início e do
término da coleta.
Fezes
O exame de fezes pode ser solicitado para
avaliar a quantidade de gordura nas fezes, as
funções digestivas ou os ovos de parasitas. É
uma análise bastante útil para conhecer a
saúde da pessoa. Assim como os demais
exames citados, o de fezes também possui
suas especificidades conforme os objetivos a
serem alcançados e as orientações para seu
preparo.
Uma pequena amostra das fezes deverá ser
encaminhada para a análise em recipiente
específico, atendendo a cada um dos tipos de
exame. Diante de todo esse contexto, é
importante pensar em estratégias que auxiliem
o paciente a realizar o preparo de maneira
correta, sobretudo quando essas coletas forem realizadas por ele mesmo, em sua residência, à exceção do
exame de sangue. 
Para vislumbrar uma possibilidade objetiva, elaboramos um material que nos auxilia na assistência e que
atenda ao objetivo proposto. Tendo isso em vista, faça o download para acessar o checklist ao clicar aqui. 
Saiba mais
Você viu um exemplo de checklist, contudo, cada instituição de saúde poderá criar o seu e adaptar
conforme a demanda. 
É de suma importância que o checklist esteja adequado às necessidades do setor no qual ele será empregado
e que seja avaliado pela equipe de qualidade da instituição para sua devida aprovação. Todo material precisa
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02996/docs/Checklist.pdf
estar em consonância com as atividades desenvolvidas pela equipe; caso contrário, ele não trará os
resultados traçados nos objetivos.
Atenção
Outro aspecto que se destaca é a necessidade de criar estratégias que atendam à população-alvo,
entendendo suas particularidades e seu nível de compreensão. A mensagem precisa alcançar a todos! 
Uma estratégia para que a comunicação seja efetiva é a elaboração de um material informativo ilustrativo e
com pouco texto para se evitar a contaminação visual. Outra possibilidade é solicitar ao paciente que repita
todas as informações importantes que você tenha acabado de transmitir a ele. 
Essa técnica é utilizada entre os profissionais de saúde para minimizar as falhas na comunicação. A qualidade
da informação fornecida pode ser empregada na troca de informações paciente x profissional. 
Portanto, percebe-se que a implementação de medidas de sistematização da assistência resulta em uma
linguagem adequada tanto para a troca de informações entre profissionais quanto para aquela ocorrida entre
profissionais e pacientes, tornando esse processo seguro e eficiente para ambos. 
Sistematização da assistência de enfermagem durante o preparo do
paciente para a coleta de material para interpretação de exames laboratoriais
complementares
Neste vídeo, a partir do relato de uma experiência pessoal, um especialista reflete sobre a implementação da
sistematização da assistência de enfermagem no preparo do paciente para a coleta de material com o objetivo
de interpretar exames laboratoriais complementares.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Verificando o aprendizado
Questão 1
O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), por meio da resolução 358/2009, aborda a sistematização da
assistência de enfermagem (SAE) e a implantação do processo de enfermagem. A esse respeito, é correto
afirmar que:
A
a SAE deve ser implementada apenas nos serviços privados em que exista a atuação da equipe de
enfermagem.
B
a SAE deve ser implementada apenas nos serviços públicos em que haja a atuação da equipe de enfermagem.
C
a SAE deve ser implementada em todos os ambientespúblicos ou privados em que ocorra a atuação da
equipe de enfermagem.
D
a SAE pode ser implementada apenas nos serviços públicos em que exista a atuação da equipe de
enfermagem.
E
a SAE pode ser implementada apenas nos serviços privados em que haja a atuação da equipe de
enfermagem.
A alternativa C está correta.
A Resolução nº 358/2009 traz a sistematização da assistência de enfermagem de forma obrigatória a todos
os serviços de saúde em que exista a atuação da equipe de enfermagem, seja na esfera pública ou privada.
Questão 2
Os checklists surgiram após um grave acidente aéreo por causas que poderiam ser evitadas. Atualmente, eles
são amplamente utilizados na saúde com os mesmos objetivos: mitigar erros preveníveis. Sua implementação
é facilitada, pois um checklist:
A
é de fácil construção, entendimento e execução.
B
é de fácil formatação.
C
agrada à equipe aérea que o criou.
D
agrada à equipe médico-hospitalar.
E
agrada à equipe técnica de enfermagem.
A alternativa A está correta.
Os checklists são de fácil construção, pois podem ser feitos em um sistema informatizado ou impresso,
além de seu entendimento e execução serem simples por eles possuírem perguntas objetivas.
2. Exames complementares
Assistência de enfermagem na coleta de material para
exames complementares 
No módulo anterior, discutimos acerca da criação de instrumentos que facilitem a prática assistencial de modo
que ela seja construída e conduzida de maneira sistematizada e integrada. Quando inserimos a assistência
que praticamos em um sistema, ela passa a ser alcançável por todos os membros que a executam e planejam.
O processo de cuidado torna-se integrado e contínuo - e isso se reflete na qualidade e na segurança que
ofertamos ao nosso paciente. 
A resistência à mudança por parte dos profissionais da saúde, de modo geral, é um dos maiores desafios
encontrados no momento da implementação de um novo processo. Mas não se assuste! É natural, pois
estamos trabalhando em um modelo que tem sua validação há pouco mais de dez anos no Brasil - e isso fica
evidenciado pela Resolução nº 358/2009. 
No entanto, quando olhamos as estatísticas mundiais de práticas assistenciais, fica notória a necessidade
urgente de um engajamento para esse fim. Gawande (2009) traz números alarmantes de óbitos em cirurgias
que têm como causa erros em procedimentos médicos: eles chegam a somar pelo menos 75 mil mortes nos
Estados Unidos. 
Comentário
Se buscarmos em nossas memórias, encontraremos títulos apavorantes em matérias de jornais que
descrevem erros em procedimentos hospitalares que resultaram em danos ao paciente. Além disso, não
é incomum eles estarem vinculados à imagem da enfermagem, já que ela é a maior profissão da saúde
em termos quantitativos dentro das unidades de saúde. Quando investigados, os relatos mostram sua
ligação com uma prática despreparada, sem supervisão e sem modelos capazes de guiar seus
profissionais por meio de boas práticas assistenciais a fim de que erros preveníveis não aconteçam. 
Procedimento operacional padrão 
O procedimento operacional padrão (POP) é um dos métodos de trabalho usado para tornar claras e
acessíveis a todos os profissionais, desde os mais antigos até os recém-contratados, as atividades
assistenciais, bem como para viabilizar que elas sejam gerenciadas de modo efetivo nas organizações
(CORRÊA et al., 2020). O POP também é denominado procedimento ou instrução de trabalho por Araújo
(2010). 
Já para Maranhão e Macieira (2010), o POP pode ser entendido como um protocolo, ou seja, é um documento
em que constam a definição e a descrição de que modo uma atividade deve ser realizada, além de constar
informações sobre ela (HARRIS, 2014; REEUWIJK; HOUBA, 1998). 
Atenção
O POP tem por objetivo viabilizar que uma atividade seja executada adequadamente e sempre da mesma
forma previamente determinada como eficaz, ainda que ela seja desempenhada por diferentes pessoas.
Com isso, é possível garantir segurança e eficiência ao atendimento prestado frente às necessidades
dos pacientes (CAMPOS, 2014). 
Nesse sentido, a enfermagem também adotou o uso dos POPs por eles serem uma ferramenta útil, de fácil
construção e custo baixo. A elaboração dos POPs em instituições grandes costuma ser gerenciada e
coordenada pelo setor de qualidade, contando sempre com a expertise dos profissionais que estão na ponta,
ou seja, na assistência direta ao paciente.
 
Por outro lado, o POP pode ser construído unicamente pelos enfermeiros envolvidos diretamente na
assistência. Independentemente da forma como se dá esse processo, o mais importante é que ele atenda às
demandas da população-alvo e esteja de acordo com as bibliografias atualizadas.
Saiba mais
Como construir um procedimento operacional padrão para coleta de sangue? A estrutura do POP é
comumente elaborada com um cabeçalho contendo o título, o logotipo da instituição, a identificação do
profissional que o elaborou, do que revisou e do que aprovou o material, assim como as datas em que
ocorreram tais eventos. Ele segue com a descrição dos objetivos, do conceito, dos materiais necessários
e das etapas do procedimento. Faça o download de um exemplo de POP para coleta de sangue ao clicar
aqui. 
Tubos de coleta de sangue
É comum que surjam dúvidas durante a escolha do frasco
para a coleta de sangue. Temos disponíveis algumas
unidades com cores e tamanhos variados, mas, afinal de
contas, qual deles se deve escolher? 
Tendo isso em vista, veremos a seguir a aplicabilidade de
cada tubo. 
Precisamos entender que, para atender a cada necessidade
e objetivo, os tubos possuem aditivos em seu interior que
colaborarão com a manutenção do material colhido. Por
essa razão, suas tampas são diferenciadas por cores. 
No que tange ao tamanho, os tubos se adequarão à quantidade de amostra colhida. Para um paciente
neonatal, colhemos uma quantidade menor de sangue para hemograma em comparação ao paciente adulto.
Confira a função de cada tubo de coleta de sangue de acordo com as cores:
Azul
Os tubos com tampa na cor azul são escolhidos para amostras com o
objetivo de análise de coagulação.
Preto
Os de tampa preta, para a análise da velocidade da hemossedimentação
(VHS).
Roxo
Os de tampa roxa são usados para estudos hematológicos, como
hemograma e hemoglobina glicada.
Amarelo
Os de tampa amarela são utilizados para sorologia, bioquímica,
hormônios e valores séricos de drogas terapêuticas. Eles possuem gel
separador com ativador de coágulos.
Verde e cinza
Os tubos com tampa nas cores verde e cinza são aplicados aos estudos
bioquímicos. A diferença entre ambos é que os verdes possuem heparina
(anticoagulante) em seu aditivo.
As cores podem variar de acordo com o fabricante e fornecedor do material. Elas são facilitadores do
processo e não dispensam a necessidade de leitura e verificação do rótulo do frasco. 
Agora veja como ocorre a coleta de sangue com alguns detalhes importantes: 
Coleta de sangue
Coleta de sangue é realizada por meio de um
dispositivo a vácuo que utilizada agulha e o
tubo de coleta. Caso não tenha o dispositivo de
vácuo o profissional de saúde poderá usar
seringa e agulha e após transferir o sangue para
a seringa , transferir para o tubo de coleta.
Garrote
Garrote é um dispositivo usado para barrar a
circulação sanguínea, no caso da coleta de
sangue é utilizado para melhor posicionamento
das veias tornando-as proeminentes, facilitando
a coleta sanguínea.
EPI
EPI: Os Equipamentos de Proteção Individual
são obrigatórios durante a coleta de materiais
biológicos. Protegem profissional e o paciente.
Atenção
O material que deve ser enviado para análise - nesse caso, o sangue - tem de ser colocado no frasco até
a marca sinalizadora. 
Coleta de urina tipo 1 ou exame EAS
Para uma adequada coleta da urina a ser analisada, o profissional de saúde precisa estar atento e ciente de
que o paciente tenha compreendido a informação fornecida e possua autonomia para realizar o procedimento.
Somente por meio da anamnese e do exame físico, ambosintegrantes do processo de enfermagem, o
profissional de saúde conseguirá se certificar disso de forma precisa. 
Frasco de coleta de urina.
Aos pacientes lúcidos e orientados do ponto de
vista neurológico, podemos conduzir uma
orientação sobre a higienização das mãos e da
uretra externa, assim como da coleta da urina,
quando nosso objetivo é o EAS (elementos
anormais do sedimento) ou a urina do tipo I. É
importante estar atento ao uso de termos
técnicos.
Nossa comunicação com o paciente precisa ser
eficaz. Para as crianças em idade escolar e pré-
escolar, orientaremos os responsáveis para a
efetiva coleta se ela for feita em âmbito
domiciliar. 
Os pacientes acamados ou restritos ao leito necessitarão de auxílio ou coleta pelo profissional de saúde - e o
técnico de enfermagem poderá executar esse procedimento. Outra condição de saúde que limita o paciente é
seu estado crítico, o que geralmente demanda o uso de cateter vesical de demora (CVD). 
Cateter vesical de demora.
Nesse caso, o profissional de enfermagem deverá manusear o cateter ou a sonda de maneira gentil, evitando
trações, pois o balão de sustentação encontra-se insuflado dentro da bexiga urinária, conforme mostra a
ilustração. As seguintes ações são necessárias: clampear o tubo do sistema abaixo do botton de coleta;
realizar a adequada desinfecção do lugar da coleta, que tem seu local apropriado; coletar a urina com seringa
e agulha; e, por fim, encaminhá-la imediatamente para análise. 
Atenção
Não é indicada a abertura do sistema para coleta, pois o risco de contaminação e as chances de
infecção são grandes. Também não é recomendado coletar a urina da bolsa coletora em virtude do
tempo em que ela está armazenada nesse local, favorecendo a proliferação de germes. 
Por fim, temos a urina de 24 horas, que é solicitada quando há a necessidade de avaliação mais confiável das
funções renais. Em pacientes lúcidos e com suas funções cognitivas e físicas preservadas, orientamos que,
após a primeira urina do dia desprezada no vaso sanitário, todas as demais sejam acondicionadas no
recipiente específico até o mesmo horário do dia seguinte. 
Coletor de urina infantil.
Coletor de fezes.
Os registros de enfermagem e as evoluções precisam ser
sempre frisados, inclusive para a análise da qualidade da
assistência, quinta fase do processo de enfermagem.
O coletor de urina infantil é utilizado para EAS em lactantes,
pré-escolares que ainda não controlam o esfíncter ou
quando o enfermeiro julgar oportuno o uso em situações de
gravidade do paciente pediátrico, por exemplo.
Coleta de fezes
A coleta de fezes em ambiente domiciliar também precisa
ser orientada pelo profissional de saúde. O paciente que
tem condições de realizá-la sozinho deve coletar uma
pequena amostra e acondicioná-la no frasco coletor.
Para isso, ele poderá utilizar o papel higiênico como
recurso, prendendo-o ao vaso sanitário como ilustra a
imagem abaixo ou eliminar as fezes em um recipiente
descartável, limpo apenas para a possível coleta das fezes
e logo após desprezar adequadamente. 
Confira a seguir mais alguns detalhes da coleta de fezes e
as orientações assistenciais para a enfemagem: 
A amostra
No ambiente hospitalar, a amostra poderá ser
coletada da fralda do paciente ou será possível
solicitar que ele as elimine em um coletor de
urina feminino (também conhecido como
comadre).
Os cuidados
É importante ressaltar que todo processo
assistencial precisa ser mensurado para fins de
análise de sua eficácia e/ou necessidade de
adaptações e revisões. Reavaliar o processo de
avaliação é tão fundamental quanto iniciá-lo, e
isso está previsto como última etapa do
processo de enfermagem.
As ações
Os protocolos institucionais não substituem
treinamentos, capacitações e reciclagens. Eles
são instrumentos de auxílio para que os
membros das equipes possam consultar e
executar os procedimentos de maneira
padronizada, culminando na redução de erro
preveníveis.
Atenção
Os POPs são amplamente utilizados por outras profissões, não sendo exclusivos para nortear as ações
de enfermagem. Médicos os utilizam para garantir a padronização em seus procedimentos, assim como
fisioterapeutas, nutricionistas e tantas outras profissões. Atualmente, encontramos esses documentos
digitalizados e inclusos em sistemas nas instituições de saúde, pois isso otimiza a localização e reduz a
quantidade de material impresso nos setores. 
Sistematização da assistência de enfermagem na coleta de material
biológico para exames laboratoriais complementares
Neste vídeo, a partir do relato de uma experiência pessoal, um especialista reflete sobre a implementação da
sistematização da assistência de enfermagem para a prática de coleta de material biológico com o objetivo de
realizar uma análise complementar.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Verificando o aprendizado
Questão 1
Vimos que o procedimento operacional padrão (POP) é um método que adotamos para sistematizar a
assistência de enfermagem. Selecione a seguir a única alternativa que define corretamente o que é POP.
A
É um documento exclusivo para laboratórios.
B
É um documento em que constam a descrição de como uma atividade deve ser realizada e as informações
relacionadas a essa atividade.
C
O objetivo do POP é treinar os técnicos de enfermagem sobre os novos procedimentos.
D
É um documento exclusivo para a equipe de enfermagem.
E
Organizar os POPs impressos e em pastas é a maneira mais adequada para disponibilizá-lo para a equipe.
A alternativa B está correta.
O procedimento operacional padrão (POP) é um documento que visa a descrever a atividade e seu
conceito, além de padronizar a forma como ela deve ser executada.
Questão 2
Implantar novos processos costuma gerar desconforto. O enfermeiro precisa estar preparado para administrar
essas situações, conduzindo-as de maneira clara e se pautandodo em evidências. Assim, é importante que ele
dessensibilize:
A
o líder político da cidade para que ele seja um apoiador.
B
o médico rotina do setor para que ele possa ordenar esse processo.
C
os familiares dos pacientes, pois eles estão sempre muito queixosos.
D
os auxiliares administrativos para que eles não enxerguem a mudança como mais um trabalho.
E
a equipe de enfermagem, pois a implantação da SAE está diretamente ligada às práticas da enfermagem.
A alternativa E está correta.
As equipes de enfermagem enfrentam um grande desafio diário: trabalhar, em sua grande maioria, com um
quantitativo de profissionais abaixo do ideal. Elas estão, portanto, sobrecarregadas e exaustas. É preciso
dessensibilizá-las com o objetivo de que elas compreendam os incontáveis benefícios para o paciente e a
valorização do trabalho da enfermagem.
Tubos de coleta.
3. Sistematização da assistência
Interpretação dos exames laboratoriais
A temática que envolve a interpretação de exames laboratoriais complementares tem impacto direto no tempo
hábil para uma intervenção antes que a hemodinâmica do paciente esteja comprometida. Quando pensamos
em um cenário crítico de terapia intensiva em que é realizada rotineiramente a dosagem de eletrólitos e gases,
aprender a interpretar uma gasometria arterial, por exemplo, significa ter a oportunidade de ajustar
rapidamente parâmetros ventilatórios que estejam em desequilíbrio e que foram descritos no resultado do
exame. Também é possível visualizar sua importância fora do cenário crítico hospitalar. 
Pensemos em uma gestante em acompanhamento sem
risco no grupo de pré-natal ou no paciente dislipidêmico e
diabético da atenção básica de saúde. São diversos os
cenários em que o enfermeiro poderá desenvolver suas
ações e necessitará desse domínio para uma tomada de
decisão.
Dito isso, vamos conhecer algumas análises?
Saiba mais
Os resultados dos exames vêm impressos dos laboratórios - e, em muitos deles, com valores de
referência. No entanto, existem distintas realidades em nosso país: ainda há instituições em que tais
valores vêm preenchidos à mão. 
Hemograma
Tão fundamentalquanto interpretar se um resultado está fora dos parâmetros desejados é compreender o que
significa cada análise. Tomaremos o hemograma como exemplo para compreendermos cada etapa da análise.
Além disso, não nos ateremos aos valores, pois eles podem variar, mesmo que levemente, entre os
laboratórios.
Como mencionamos no módulo anterior, o hemograma ou hemograma completo é uma análise
frequentemente solicitada. É muito comum nos depararmos com circunstâncias em que haja equívocos, sendo
todo “exame de sangue” visto como hemograma. Mas ele não é! Se nosso objetivo for uma análise de
colesterol, por exemplo, o exame a ser solicitado não será o hemograma completo, e sim o de triglicerídeos,
colesterol total e frações - e assim por diante. 
Representação do sangue.
Atenção
O hemograma é o exame utilizado para avaliar as três principais linhagens de células do sanguíneas:
hemácias, leucócitos e plaquetas. Ele é utilizado para o diagnóstico de diversas doenças, incluindo
anemia, infecções e até leucemias. 
Eritrograma
O eritrograma se refere ao primeiro bloco do
hemograma. Trata-se da análise dos eritrócitos
(também conhecidos como hemácias, glóbulos
vermelhos ou células vermelhas). Quando, em
uma análise sanguínea, buscamos avaliar se a
anemia do paciente foi corrigida, é para o
eritrograma que olhamos.
Para fins de interpretação, é importante que
analisemos, de forma conjunta, estes três
primeiros dados: contagem de hemácias,
hemoglobina e hematócrito. Em quadros
clínicos como a anemia, esses valores se
mostram reduzidos, havendo um baixo número
de glóbulos vermelhos no sangue. Em outras
condições clínicas, pode estar expresso o
excesso de hemácias circulantes, o que nos indicaria um quadro de policitemia, por exemplo. 
Exemplo
Você é enfermeiro, e sua prática de trabalho é sistematizada. Na preparação de seu paciente para uma
cirurgia de grande porte, você, em seu checklist de transferência da enfermaria para o centro cirúrgico,
verifica o resultado recente do eritrograma dele e visualiza que os valores de hemácias, hemoglobina e
hematócrito estão abaixo da referência. Agora você já sabe o que isso significa; além disso, seu checklist
indica que você contate a equipe cirúrgica, a qual, por sua vez, deverá tomar as decisões inerentes ao
caso. Resultado: você impediu que um erro previsível fosse cometido e assegurou a segurança do
paciente! 
Mais adiante, mas ainda no primeiro bloco, encontramos VCM, HCM, CHCM e RDW, que são preditores da
característica das hemácias. 
VCM
Significa volume corpuscular médio e retrata o tamanho da série vermelha. 
HCM
Significa hemoglobina corpuscular média, indicando o peso da hemoglobina.
CHCM
Significa concentração da hemoglobina corpuscular média, sendo o índice que representa a
quantidade de hemoglobina presente nas hemácias. 
RDW
Significa a representatividade da distribuição das células vermelhas. 
Leucograma
O segundo bloco trata do leucograma, que avalia os leucócitos (células brancas ou glóbulos brancos). Os
leucócitos são as células de defesa responsáveis por combater agentes invasores, formando um grupo de
diferentes células com funções distintas no sistema imune. 
Alguns leucócitos atuam diretamente contra o invasor, outros produzem anticorpos e alguns apenas fazem a
identificação do micro-organismo invasor. Quando observamos valores aumentados dos leucócitos,
chamamos de leucocitose; quando eles estão diminuídos, trata-se das chamadas leucopenias (WILLIAMSON,
2018). 
Atenção
Os seis tipos de leucócitos são neutrófilos, segmentados e bastões, linfócitos, monócitos, eosinófilos e
basófilos. 
Plaquetas
O terceiro e último bloco do hemograma traz resultados referentes às plaquetas, que são fragmentos de
células responsáveis pelo início do processo de coagulação. Quando nosso corpo sofre qualquer tipo de lesão,
o organismo destina as plaquetas ao local lesionado. Em seguida, elas se agrupam, formando trombos que
serão extremamente necessários para estancar o sangramento. 
Exemplo
Você é enfermeiro. Em sua instituição, já existe um protocolo para medicamento de alto risco. Antes de
administrar uma heparina, você obrigatoriamente precisa verificar e registrar os dados referentes às
plaquetas do paciente. O valor o alerta para uma plaquetopenia, ou seja, baixa concentração de
plaquetas e risco de sangramento espontâneo. Você não a administra: em vez disso, comunica a equipe
médica, registra o caso e impede que um erro previsível seja cometido. Você, com isso, assegurou a
segurança do paciente! 
Veja a seguir a exemplificação de um protocolo com perguntas direcionadas ao paciente e dados de resultado
da análise laboratorial, os quais, por sua vez, canalizam o profissional para a tomada de decisão correta. 
Checklist 
Preparo do paciente para cirurgia segura
Identificação do paciente 
Nome completo: _________________________________________ 
Data de nascimento: ____/____/_____
Resultado laboratorial checado? ( ) Sim ( ) Não
Contagem de plaquetas: _______ Contagem do hematócrito: ______ 
Contagem de leucócitos: _______
Resultados dentro da normalidade? ( ) Sim ( ) Não* 
*Se não, comunicar imediatamente à equipe de cirurgia.
Jejum realizado? ( ) Sim ( ) Não Quantas horas? ________
Acesso venoso pérvio? ( ) Sim ( ) Não
As informações sobre o preparo foram registradas em prontuário? ( ) Sim ( ) Não
O paciente foi esclarecido sobre o procedimento a ser realizado? ( ) Sim ( ) Não
O termo de consentimento (se necessário) está assinado? ( ) Sim ( ) Não
A pulseira de Identificação do paciente está adequada? ( ) Sim ( ) Não
Assinatura e carimbo do profissional: 
Data e hora:
Quadro: Checklist de preparo do paciente para cirurgia segura. Elaborado por: Monique Babinski
Precisamos voltar a esclarecer mais alguns detalhes importantes acerca dos exames de escarro, urina e fezes.
Observe a seguir: 
Escarro
O exame do escarro pode ser solicitado quando há necessidade diagnóstica da presença de um ou
mais patógenos na via aérea inferior. Para fins diagnósticos da tuberculose, por exemplo, é rotineira a
pesquisa do bacilo de Koch (BK) no BAAR (bacilo álcool ácido resistente).
A interpretação do BAAR positivo pode significar a presença da M. tuberculosis ou de outra
microbactéria. Desse modo, a análise deve ser complementada com a cultura para identificação da
espécie e realização de teste de sensibilidade às drogas.
Urina
Os protocolos do Ministério da Saúde aprovam, no âmbito da atenção primária à saúde, a requisição
de exames pelo enfermeiro, assim como outras demandas, como prescrição medicamentosa e
consultas de enfermagem (BRASIL, 2017). Nessa perspectiva, encaixamos o exame de urina como um
exame complementar à demanda de acompanhamento do pré-natal, por exemplo, desenvolvido pelo
enfermeiro.
O exame de urina, também chamado de urina tipo 1 ou exame EAS (elementos anormais do
sedimento), é solicitado para identificar alterações no sistema urinário e renal, devendo ser feito por
meio da análise da primeira urina do dia por ela encontrar-se mais concentrada. Em situações de
impedimento, orientamos ao paciente que ele faça uma retenção urinária de, pelo menos, duas horas.
HCG
No contexto do atendimento à saúde da mulher, o exame de urina também pode ser solicitado para o
diagnóstico da gravidez, pois é possível o rastreio do hormônio gonadotrofina coriônica humana
(hCG) quantitativo. Na gravidez, esse hormônio é produzido para favorecer o desenvolvimento do
embrião. Apesar de ser confiável, ele não é o método de primeira escolha para esse objetivo em
virtude de a baixa quantidade do hCG circulante no início da gestação poder ser um preditor de um
resultado falso negativo.
Urina tipo 1
O exame de urina tipo I, além de verificar densidade e PH, em que os valores de referências podem
sofrer leves variações entre os laboratórios de análise, também avalia características que não
divergem. Espera-se que haja ausência de glicose, proteína, sangue e leucócitos, principalmente, pois
sua presença indica lesão renal.
Fezes
O parasitológicode fezes, por exemplo, é solicitado para identificar parasitas responsáveis por
alterações gastrointestinais, podendo ser identificados cistos, trofozoítos, ovos ou vermes adultos
nas fezes, sendo o último caso o mais raro de se identificar.
Esse exame pode ser realizado por técnicas diferentes para atender a cada objetivo desejado e
possui um resultado mais simplificado para interpretação. Seus resultados evidenciam presença ou
não desses parasitas.
Lembre-se de que é fundamental que o enfermeiro assistencial e o gestor estejam sempre atualizados e em
conformidade com os manuais do Ministério da Saúde para que possam exercer suas profissões respaldados
pela legislação. Além disso, eles devem estar ativos, dialogando do ponto de vista intelectual e buscando
constantes atualizações. 
Sistematização da assistência de enfermagem na interpretação de exames
laboratoriais complementares
Neste vídeo, a partir do relato de uma experiência pessoal, um especialista reflete sobre a implementação da
sistematização da assistência de enfermagem para a prática de interpretação dos exames complementares.
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Durante a consulta de enfermagem, o enfermeiro tem autonomia para examinar e solicitar exames
complementares de seu paciente dentro dos parâmetros descritos pelo Ministério da Saúde. Em outros
cenários de atuação profissional, o enfermeiro, quando não os solicita, precisa compreender os resultados dos
exames. Por que é fundamental que ele saiba interpretá-los?
A
Se o médico está presente, o enfermeiro não precisa saber interpretar.
B
Isso é fundamental apenas para poder preencher os dados do sistema.
C
Não é fundamental que o enfermeiro saiba interpretar.
D
É fundamental, pois o enfermeiro também é responsável pela assistência e pela saúde do paciente; ao
interpretar, existe a oportunidade de intervir em tempo hábil.
E
Só será fundamental saber interpretar se os laboratórios não enviarem os resultados com valores de
referência ao lado.
A alternativa D está correta.
O enfermeiro é um profissional habilitado para consultas e exames. Por isso, é fundamental que ele saiba
interpretar os resultados dos exames que solicita. Nos cenários em que não puder solicitar, o enfermeiro
também precisará compreender os resultados, pois sua conduta rápida diante de um cenário de
descompensação hemodinâmica impacta diretamente na saúde do paciente.
Questão 2
Para fins didáticos de interpretação do hemograma, podemos dividi-lo em três blocos, pois cada um deles faz
referência a um grupo celular. Quando um paciente está plaquetopênico, onde se encontra essa alteração?
A
Eritrograma.
B
Leucograma.
C
Plaquetas.
D
Leucograma e eritograma.
E
Todos os blocos do hemograma.
A alternativa C está correta.
O primeiro bloco do hemograma, eritrograma, avalia as células vermelhas. O segundo bloco dele,
leucograma, afere as células brancas. Já o terceiro bloco, as plaquetas, faz referência à contagem das
plaquetas responsáveis pelo fator de coagulação. Dessa forma, somente o terceiro e último bloco do
hemograma é responsável pela contagem delas.
4. Conclusão
Considerações finais
Como vimos neste conteúdo, a sistematização da assistência de enfermagem configura algo relativamente
novo no Brasil, embora ela já seja utilizada pela enfermagem mundial, o que evidencia sua importância para a
organização e a valorização da assistência. O responsável pela implantação desse processo nos
estabelecimentos de saúde é o enfermeiro, e a sistematização é executada por ele privativamente em
algumas etapas do processo de enfermagem, assim como por sua equipe técnica. 
Destacamos ainda que a sistematização da assistência em enfermagem (SAE) é um item obrigatório segundo
o Conselho Federal de Enfermagem, devendo ocorrer em todos os ambientes em que exista a assistência de
enfermagem independentemente de tais serviços de saúde serem públicos ou privados. No contexto dos
exames complementares, a SAE novamente representa a oportunidade de conduzir a assistência de forma
segura e livre de danos.
Pontuamos também que uma das maneiras de implantar um processo de enfermagem para reduzir o risco de
danos ao paciente é por meio do checklist, que é amplamente empregado para nortear as ações e mitigar os
erros preveníveis. Por fim, demonstramos que o procedimento operacional padrão (POP) também constitui
uma forma de implantar protocolos assistenciais nas instituições, já que o POP busca padronizar a assistência
prestada. Ambos podem ser desenvolvidos de modo impresso ou (preferencialmente) digital. 
Podcast
Neste podcast, você saberá um pouco mais sobre a sistematização da assistência de enfermagem
durante a interpretação de exames complementares.
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aplicação e no aprimoramento no cotidiano do profissional de enfermagem.
Referências
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Janeiro: Gerenciamento Verde Consultoria Editora, 2010, v. 2.
 
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WILLIAMSON, A. M.; SNYDER, L. M. Wallach: interpretação de exames laboratoriais. 10. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2018.
	Sistematização da assistência de enfermagem na realização de exames complementares
	1. Itens iniciais
	Propósito
	Preparação
	Objetivos
	Introdução
	1. Assistência de enfermagem
	Assistência de enfermagem no preparo do paciente para realização de exames complementares
	Comentário
	Comentário
	Implementação da sistematização na coleta de exames
	Atenção
	Cuidados
	Planejamento
	Ação
	Sangue
	Reflexão
	Saiba mais
	Escarro
	Urina
	Tempo
	Coleta
	Anotações
	Fezes
	Saiba mais
	Atenção
	Sistematização da assistência de enfermagem durante o preparo do paciente para a coleta de material para interpretação de exames laboratoriais complementares
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	2. Exames complementares
	Assistência de enfermagem na coleta de material para exames complementares
	Comentário
	Procedimento operacional padrão
	Atenção
	Saiba mais
	Tubos de coleta de sangue
	Azul
	Preto
	Roxo
	Amarelo
	Verde e cinza
	Coleta de sangue
	Garrote
	EPI
	Atenção
	Coleta de urina tipo 1 ou exame EAS
	Atenção
	Coleta de fezes
	A amostra
	Os cuidados
	As ações
	Atenção
	Sistematização da assistência de enfermagem na coleta de material biológico para exames laboratoriais complementares
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	3. Sistematização da assistência
	Interpretação dos exames laboratoriais
	Saiba mais
	Hemograma
	Atenção
	Eritrograma
	Exemplo
	VCM
	HCM
	CHCM
	RDW
	Leucograma
	Atenção
	Plaquetas
	Exemplo
	Escarro
	Urina
	Fezes
	Sistematização da assistência de enfermagem na interpretação de exames laboratoriais complementares
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	4. Conclusão
	Considerações finais
	Podcast
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	Referências

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