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Psicologia social I-Aula 4

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Dai Ramos

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PSICOLOGIA SOCIAL I
A FORMAÇÃO DO SER SOCIAL
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Olá!
Através desta aula você irá:
1- Entender a formação do Eu no contexto social e as suas implicações;
2- Relacionar o processo de socialização e aprendizagem social com os fenômenos de autoconceito e
autopercepção;
3- Reconhecer a importância dos outros na formação do autoconceito, no desenvolvimento da moralidade e na
necessidade de autorrealização.
Refletindo...
Quando nos apresentamos, de que forma nos caracterizamos? Como finalizamos a frase: "eu sou..."?
Às vezes, fazemos isto sem pensar e, na verdade, através da informação que compartilhamos sobre nós mesmos
existem diferentes significados relacionados com a forma como nos autopercebemos.
Em outras palavras, no conteúdo da frase "eu sou isto ou aquilo", podemos visualizar em parte o autoconceito.
1 O autoconceito
O autoconceito representa as crenças específicas pelas quais definimos quem somos. Representa nossos
autoesquemas, ou seja, os modelos mentais que utilizamos para representar o que somos para nós mesmos.
Estes autoesquemas afetam de forma significativa a maneira como processamos as informações sociais.
Assim, a forma como percebemos, lembramos e julgamos os outros e a nós mesmos, depende desses
autoesquemas.
Por exemplo, se me considero muito capaz intelectualmente, terei uma grande tendência a avaliar aos outros em
termos de capacidade intelectual.
Terei uma forte inclinação em lembrar eventos relativos à atividade intelectual e me apresentarei como mais
disponível a informações coerentes e relativas a este autoesquema.
Exemplos
De acordo com o que vimos anteriormente, os autoesquemas constituem o autoconceito e facilitam a
recuperação e a classificação das informações que chegam até nós. Assim, as nossas experiências são, em parte,
determinadas pelo autoconceito.
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Um exemplo claro deste fenômeno está representado pelo efeito de autorreferência onde o nosso Eu acaba
influenciando a nossa memória.
A maioria das nossas memórias se formam em torno do interesse primário que somos nós mesmos.
Vejamos, a seguir, alguns exemplos disto.
Quantas vezes nós lembramos melhor das partes de uma história que estão diretamente associadas a nós, ou
aquelas relacionadas com os elementos com os quais nos identificamos?
Quantas vezes ao recordarmos de uma conversa, lembramos melhor das partes que dizem sobre nós mesmos?
Na verdade, temos a tendência de lembrar melhor dos detalhes e das questões relacionadas com a gente.
O “EU”
O sentido do Eu se encontra no centro de nossos mundos. Assim, podemos nos ver como atores principais das
nossas vidas e tendemos a nos ver como o palco central, como os protagonistas, e superestimamos o grau em
que o comportamento dos outros está relacionado com nós mesmos.
Este fenômeno passa a ser mais evidente em crianças as quais reconhecemos como egocêntricas. Mas, o
egocentrismo é uma característica presente em maior ou menor extensão, em todos nós.
Na verdade, os autoconceitos incluem não somente os autoesquemas em relação a nossa identidade atual.
No autoconceito podemos incluir também os “eus possíveis”, ou seja, o que gostaríamos ou desejamos ser no
futuro.
Além do mais, os autoconceitos englobam diversas características em diversos contextos, e assim, o conjunto
como um todo determina como nos sentimos com nós mesmos.
Desenvolvimento do Eu social
A socialização é um processo de preparação das pessoas para o desempenho de papéis sociais, e para isto elas
devem desenvolver habilidades psicológicas e físicas de maneira a serem capazes de preencher expectativas
comportamentais do grupo ao qual pertencem.
Origem do autoconceito
Diversos estudos apontam para vários fatores, entre eles os genéticos e os sociais.
Na compreensão deste processo, Myers (2000) destaca diversas experiências, tais como, os papéis que
desempenhamos as comparações sociais, as experiências de sucesso e o fracasso, os julgamentos das outras
pessoas e as relações do indivíduo com a sua cultura, como veremos a seguir.
Papeis sociais
No caso dos papéis que desempenhamos dentro de nosso grupo social, podemos entender como
progressivamente aprendemos e desenvolvemos aspectos de nós mesmos. Isto pode ser observado
especialmente ao assumirmos um novo rol.
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No começo, podemos nos sentir um pouco constrangidos, mas progressivamente incorporamos esse papel no
nosso Eu.
Os papéis sociais são sistemas de prescrições comportamentais objetivos com conteúdo socialmente definido.
O aprendizado destes papéis sociais confirma o processo de socialização que acontece de maneira contínua, ao
longo da existência de cada indivíduo no seu grupo social.
Em toda sociedade, estes papéis são diferenciados segundo sexo, idade, gênero, parentesco, diversas atividades
de subsistência e convivência, e nas relações de poder.
Além do mais, os indivíduos experimentam vários ritos de passagem quando transitam de um papel social para
outro.
Este processo de socialização acontece através da intervenção de pais, companheiros e adultos de uma forma
geral.
Estes agentes de socialização influenciam as crianças e os adolescentes durante o desenvolvimento de papéis
sociais básicos.
Comparações sociais
Sobre as comparações sociais, Myers (2000) ressalta como elas moldam a nossa identidade. Na verdade, o
autoconceito não se compõe unicamente pela identidade pessoal, mas também pela nossa identidade social.
E assim, a identidade social de quem somos implica, de alguma forma, uma definição de quem não somos. Ainda
quando nos sentimos parte de um grupo, temos consciência de nossa particularidade.
Assim, sempre estamos nos comparando com as outras pessoas ao nosso redor e isto, por sua vez, nos permite
entender melhor como diferimos deles.
Como Myers observa: “num lago pequeno, um peixe sente-se maior”
Experiências
Em relação às experiências de sucesso e de fracasso podemos entender que as mesmas alimentam o
autoconceito. Estas experiências cotidianas permitem que os indivíduos se autoavaliem.
Assim, ao assumir tarefas desafiadoras e ter sucesso possibilita nos sentir mais competentes.
Este é o princípio de que o sucesso alimenta a autoestima.
Em contraparte, problemas e fracassos parecem causar baixa autoestima.
E, segundo diversas pesquisas, esta baixa autoestima pode causar problemas. Podemos pensar então que os
sentimentos seguem, até certo ponto, a realidade.
Como Myers destaca: “A autoestima vem não apenas de dizer às crianças como elas são maravilhosas, mas
também das realizações conquistadas com esforço” (Myers, 2000, p. 24).
Para saber mais, clique: http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/GRA171/docs/a03_saiba_mais.pdf
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Autocontrole percebido
O autoconceito influencia o comportamento. Desta forma, o autocontrole percebido é muito importante na forma
como enfrentamos as coisas.
O autocontrole percebido difere da noção de autocontrole em si. De fato, o autocontrole exercido com esforço
pode esgotar as reservas de resistência que um indivíduo tem frente a uma determinada situação.
Quando tentamos nos autocontrolar para resistir a uma determinada tentação ou a uma determinada condição,
os esforços realizados são muitas das vezes ineficazes e acabamos nos dando por vencidos.
O autocontrole percebido é mais do que o esforço realizado para lutar contra, ele representa a nossa percepção
do quão forte podemos ser. Este conceito está relacionado com a teoria da autoeficácia de Bandura (1997).
Para este autor, uma convicção positiva das nossas possibilidades é altamente benéfica, pois permite que o
indivíduo seja mais persistente e mais centrado nos seus objetivos.
O grau de autoeficácia é a medida de quão competente nos sentimos para fazer alguma coisa.
Mas os sentimentos de competência e de eficácia dependem da maneira como explicamos os nossos reveses.
As pessoas bem sucedidas têm maior probabilidade de encarar os reveses com otimismo se sentindo capazes de
reverter a situação.
De acordo com o que vocêviu anteriormente, podemos dividir as pessoas em dois grandes grupos:
• Aqueles que apresentam um desamparo adquirido
No primeiro grupo temos as pessoas deprimidas que se tornam passivas porque acreditam que seus
esforços não têm qualquer efeito. 
Nestas pessoas predomina um sentimento de perda de controle sobre o que fazem e como consequência
os eventos desagradáveis se tornam profundamente estressantes.
• Aqueles que se apresentam com determinação
No segundo grupo temos pessoas que assumem o comando da própria vida para procurar realizar todo o
seu potencial. Estes sentimentos estão demonstrados que aumentam a saúde e a sobrevivência. 
Pessoas deste grupo são bem menos ansiosas e menos deprimidas, se adaptam com maior facilidade e
superam expectativas no desempenho das tarefas que realizam.
Tendenciosidade personalista
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A tendenciosidade personalista é o viés que adotamos quando justificamos nossos atos ou quando nos
comparamos aos outros. Com muita frequência aceitamos créditos quando nos informam de nossos sucessos,
mas somos altamente resistentes a aceitar os nossos fracassos.
Quando fracassamos colocamos a culpa fora de nós. Em relação a comparações é interessante observar que a
maioria das pessoas se considera melhor do que a média. Também apoiamos a autoimagem atribuindo
importância às coisas em que somos bons.
Mais ainda, temos uma particular tendência em aumentar a autoimagem distorcendo a extensão em que os
outros pensam sobre nós. É por isto que em questões de opinião encontramos apoio para nossos pensamentos
superestimando o grau em que os outros concordam conosco.
Myers (2000, p. 35) reúne algumas das explicações para estas diversas tendenciosidades personalistas:
“(...) o indicador de autoestima nos alerta para a ameaça de rejeição social, motivando-nos a agir com maior
sensibilidade
Estudos confirmam que a rejeição social baixa nossa autoestima, o que reforça nossa ansiedade por aprovação.
Rejeitados ou desprezados, sentimo-nos sem atrativos ou inadequados.
Essa dor pode motivar esforços para melhorar e uma busca por aceitação em outro lugar”.
Desta forma, podemos entender que a tendenciosidade personalista pode ser vista como um importante fator
adaptativo das pessoas, permitindo que as mesmas se protejam da depressão e da rejeição social.
Mas, por outro lado, a tendenciosidade personalista pode ser vista também como um fator desadaptativo. Nesse
caso, pessoas que culpam os outros pelos seus fracassos ou dificuldades sociais são, com frequência, mais
infelizes daquelas que conseguem reconhecer seus erros.
Além do mais, os reveses personalistas também inflam os julgamentos que as pessoas fazem de seus grupos,
achando que seu grupo é melhor que os dos outros.
Administração da imagem
Existe assim uma preocupação importante por parte de cada um de nós em relação à autoimagem. Em diversos
graus, estamos sempre administrando as impressões que criamos nos outros. Não podemos esquecer que, afinal
de contas, somos animais sociais e precisamos do outro para nos reafirmar.
A autorrepresentação relaciona-se com a nossa necessidade de representar tanto para uma audiência externa,
confirmada pelas outras pessoas, como para uma audiência interna, confirmada por nós mesmos, tudo isto com a
finalidade de escorar a autoestima e de confirmar a autoimagem.
A nossa consciência sobre o outro faz com que muitas vezes ajustemos nosso comportamento procurando um
acerto social. Isto pode ser visto como uma espécie de automonitoração.
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Este processo se apresenta em diversos graus em cada um, podendo estar presente em grande extensão em
alguns indivíduos que se comportam como camaleões ou em menor extensão em pessoas que se importam
menos com o que os outros pensam.
O equilíbrio entre estes dois extremos não é fácil. Causar boa impressão como uma pessoa modesta, mas
competente, exige uma grande habilidade social. Neste fenômeno a cultura tem um papel importante.
Desta forma, a tendência para apresentar modéstia e otimismo contido é especialmente grande em sociedades
que valorizam o comedimento como algumas populações orientais.
Desenvolvimento da moralidade
As pesquisas do desenvolvimento da moralidade interessam a diferentes áreas, tais como, à Pedagogia, à
Filosofia e às Ciências Sociais em geral. Este ponto encontra-se relacionado com estudos psicossociológicos
referentes a comportamentos pró-sociais e de equidade.
Para falar do desenvolvimento da moralidade não podemos deixar de citar Kohlberg (1976), que assim como
Piaget (1896-1980), estudou a formação de estruturas psíquicas que dependem da interação do sujeito com
elementos socioambientais.
Para estes autores, há uma grande importância nas interações sociais que o indivíduo mantém com o que está a
sua volta, na busca de um equilíbrio entre o organismo e o meio ambiente.
O sistema de desenvolvimento da moralidade proposto por Kohlberg compreende três níveis, cada um com dois
estágios seguindo uma sequência progressiva, onde a passagem de um para o próximo depende da boa resolução
das demandas do estágio prévio.
Tais estágios são:
Punição e obediência;
Realismo instrumental;
Orientação segundo expectativas dos outros;
Lei e ordem;
Contrato social e direto;
Ética universal.
Desta forma, o sujeito vai evoluindo seus princípios morais partindo de uma ética concreta e dependente das
figuras parentais até uma ética mais individual e complexa.
A partir de testes fundamentados na teoria de Kohlberg observa-se que os dois últimos estágios são muito
difíceis de alcançar e que existem diferenças culturais na média atingida por um determinado grupo.
Desenvolvimento da necessidade de realização
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A socialização também está relacionada com o surgimento de motivos sociais como, por exemplo, a necessidade
de realização.
A necessidade de realização é uma motivação que também se desenvolve ao longo do processo de socialização e
que pode ser qualificada como proativa. Em vez de existir um déficit a ser corrigido na necessidade de realização,
destaca-se um fator de motivação e dinamização que orienta o comportamento em direção a alvos ou metas,
situados em planos distantes, em relação aos já alcançados pela pessoa.
Assim, a necessidade de realização se relaciona com padrões de busca de excelência no desempenho individual
em diversos setores, como, por exemplo, no aspecto profissional, acadêmico, artístico, financeiro, entre outros. A
partir das pesquisas realizadas observa-se que as principais fontes da necessidade de realização são encontradas
no ambiente familiar. É importante a criança vivenciar uma atmosfera que valorize elevados padrões de
qualidade na execução de tarefas para promover, inclusive, a independência nas diversas situações da vida.
Esta necessidade de realização tem consequências socioculturais importantes. Pessoas com alta necessidade de
realização têm uma maior tendência a ser orientar ao trabalho de forma competitiva, sendo autoconfiantes e
seguras. Isto pode derivar em efeitos macrossociais de grande relevância para a sociedade.
Assim, a necessidade de realização tem consequências tanto no plano individual como no plano macrossocial. Ao
lado de fatores socioculturais e históricos, a necessidade de realização pode ser considerada uma importante
variável psicológica a influir no desenvolvimento socioeconômico de um grupo cultural.
O que vem na próxima aula
•Afiliação, liderança e coesão grupal;
• ormação de normas sociais e conflito; F
• rocessos grupais como cooperação e competição P
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• aprendeu como acontece o processo de socialização e aprendizagem social;
• entendeu a importância do contexto social na formação do autoconceito e na autopercepção;
• conheceu melhor sobre o desenvolvimento da moralidade e da necessidade de realização.
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