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Resumo Farmacologia-Módulo 14
Fisiologia Relacionada ao Sistema Digestório
· Funções: secreção gástrica, motilidade intestinal, vômito, expulsão de fezes, formação de bile.
· Controle: sistema nervoso entérico (plexo de Auerbach e Meissner) e hormônios (gastrina, histamina).
Secreção Gástrica
Células Parietais
· São responsáveis pela secreção de ácido clorídrico (HCl) no estômago.
· A secreção é estimulada por três vias principais:
1. Sistema Nervoso (via parassimpática)
· Acetilcolina (ACh) liberada dos nervos vagais.
· Atua em receptores muscarínicos M3 nas células parietais → aumento da secreção de HCl.
2. Estimulação Endócrina
· Gastrina, um hormônio produzido pelas células G do antro gástrico e duodeno.
· Gastrina atua em receptores CCK2 nas células parietais e também estimula liberação de histamina.
3. Estimulação Parácrina
· Histamina liberada pelas células enterocromafins-like (ECL).
· Atua nos receptores H2 das células parietais → maior produção de HCl.
Inibição da Secreção Ácida
· Prostaglandinas E2 e I2:
· Reduzem a secreção de HCl.
· Estimulam produção de muco e bicarbonato → importantes para proteger a mucosa gástrica.
Resumo Visual
	Estímulo
	Substância
	Receptor
	Efeito
	Nervoso
	Acetilcolina
	Muscarínico M3
	+ Secreção HCl
	Endócrino
	Gastrina
	CCK2
	+ Secreção HCl
	Parácrino
	Histamina
	H2
	+ Secreção HCl
	Protetor
	Prostaglandinas E2/I2
	Receptor EP3
	– Secreção HCl, + Muco/Bicarbonato
Principais Doenças Relacionadas ao Desequilíbrio da Secreção Ácida
Úlcera Péptica
· Definição: Lesão da mucosa gástrica ou duodenal exposta à secreção ácida.
· Fatores causais:
· Infecção por Helicobacter pylori → provoca inflamação crônica e lesão da mucosa.
· Uso crônico de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) → inibe prostaglandinas (proteção da mucosa).
· Hiperprodução de ácido e pepsina sem contrabalanceamento dos fatores protetores.
· Sintomas típicos:
· Dor epigástrica em queimação.
· Dor que melhora com alimentação (úlcera duodenal) ou piora com alimentação (úlcera gástrica).
· Complicações:
· Hemorragia digestiva, perfuração, estenose.
Esofagite de Refluxo (DRGE)
· Definição: Inflamação do esôfago causada pelo refluxo do conteúdo gástrico ácido.
· Fatores causais:
· Relaxamento do esfíncter esofágico inferior (EEI).
· Hipersecreção ácida.
· Sintomas:
· Pirose (queimação retroesternal).
· Regurgitação ácida.
· Complicações:
· Esofagite erosiva.
· Estenose esofágica.
· Esôfago de Barrett (risco aumentado de adenocarcinoma).
Síndrome de Zollinger-Ellison
· Definição: Tumor (gastrinoma) produtor de gastrina.
· Fisiopatologia:
· Hipersecreção de gastrina → estímulo excessivo da secreção de ácido → múltiplas úlceras gástricas e duodenais.
· Sintomas:
· Dor abdominal.
· Diarreia devido à acidificação do intestino delgado.
· Diagnóstico:
· Dosagem elevada de gastrina no sangue.
· Pesquisa de tumor no pâncreas ou duodeno (localização típica).
*Importante: Fatores de Proteção da Mucosa
· Muco: cria barreira física contra ácido e pepsina.
· Bicarbonato: neutraliza ácido no muco.
· Prostaglandinas: protegem mucosa, aumentam secreção de muco e bicarbonato, reduzem secreção ácida.
· Irrigação sanguínea adequada: necessária para manutenção da integridade da mucosa.
FÁRMACOS REDUTORES DA SECREÇÃO ÁCIDA
1. Antagonistas dos Receptores H2 da Histamina (Anti-histamínicos H2)
Mecanismo de Ação:
· Bloqueiam receptores H2 na membrana das células parietais gástricas.
· Inibem a ativação da adenilato ciclase → redução do AMPc intracelular → diminuição da atividade da bomba de prótons H+/K+ ATPase → menor secreção de HCl.
Exemplos:
· Cimetidina (Tagamet®)
· Ranitidina (Antak®) (retirada do mercado em vários países)
· Famotidina (Famoset®, Pepcid®)
· Nizatidina (Axid®)
Efeitos Adversos:
· Geralmente leves e raros:
· Diarreia
· Tontura
· Mialgia (dor muscular)
· Cimetidina:
· Inibe o citocromo P450, podendo causar várias interações medicamentosas.
· Pode causar ginecomastia e impotência em homens (efeito antiandrogênico).
· Em idosos ou em insuficiência renal, pode haver confusão mental.
Indicações:
· Úlcera péptica (gástrica e duodenal).
· Esofagite de refluxo leve a moderada.
· Profilaxia de úlceras por estresse em pacientes hospitalizados.
Observação:
· Tolerância ao efeito pode ocorrer com uso prolongado (taquifilaxia).
· Hoje, substituídos na maioria dos casos pelos Inibidores da Bomba de Prótons (IBPs), que são mais potentes.
2. Inibidores da Bomba de Prótons (IBPs)
Mecanismo de Ação:
· São pró-fármacos que são ativados no ambiente ácido dos canalículos secretores das células parietais.
· Ligam-se irreversivelmente à H+/K+ ATPase (bomba de prótons).
· Bloqueiam a etapa final da secreção de ácido → reduzem secreção ácida basal e estimulada.
Exemplos:
· Omeprazol (Losec®, Prilosec®)
· Pantoprazol (Pantozol®)
· Esomeprazol (Nexium®)
· Lanzoprazol (Lanzol®)
· Rabeprazol (Aciphex®)
· Dexlanzoprazol (Dexilant®)
Efeitos Adversos:
· Cefaleia
· Diarreia
· Exantema (erupção cutânea)
· Efeitos a longo prazo:
· Má absorção de vitamina B12, cálcio e ferro.
· Maior risco de fraturas ósseas (osteoporose).
· Infecções gastrointestinais (Clostridium difficile, pneumonia).
· Aumento de pólipos gástricos.
· Suspeita de associação com demência (não comprovada totalmente).
· Omeprazol interage com Clopidogrel (reduz seu efeito antiplaquetário).
Indicações:
· Úlcera gástrica e duodenal (incluindo induzida por AINEs).
· Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE).
· Síndrome de Zollinger-Ellison.
· Erradicação do Helicobacter pylori (em conjunto com antibióticos).
Observação:
· Melhor administrar antes da refeição (estômago vazio) para eficácia máxima.
· Devido à inibição irreversível da bomba, o efeito dura 24-48 horas mesmo após suspensão.
3. Antiácidos
Mecanismo de Ação:
· Neutralizam o ácido gástrico já secretado, elevando o pH intragástrico.
· Reação química rápida, não dependem de receptores ou enzimas.
Exemplos:
· Bicarbonato de Sódio: reação rápida, gera CO₂ → risco de distensão e alcalose metabólica.
· Carbonato de Cálcio: reação mais lenta, também gera CO₂; risco de alcalose e hipercalcemia se usado em excesso.
· Hidróxido de Magnésio: reação lenta, não gera gás, pode causar diarreia osmótica.
· Hidróxido de Alumínio: reação lenta, não gera gás, pode causar constipação.
Efeitos Adversos:
· Alcalose metabólica (bicarbonato e carbonato em excesso).
· Constipação (Alumínio) ou diarreia (Magnésio).
· Alteram a absorção de outros medicamentos → recomendação de intervalo de 2 horas.
Indicações:
· Alívio rápido da dor em dispepsia.
· Sintomas leves de refluxo ácido.
Observação:
· Usados como medicação sintomática.
· São componentes de preparações combinadas (ex: Mylanta®, Gastrol®).
4. Citoprotetores
Mecanismo de Ação:
· Aumentam a defesa da mucosa gástrica sem reduzir diretamente a secreção de ácido.
Exemplos:
· Sucralfato:
· Forma um gel viscoso em meio ácido.
· Liga-se às proteínas da úlcera formando uma barreira de proteção.
· Estimula produção local de prostaglandinas e bicarbonato.
· Efeito colateral: constipação.
· Subsalicilato de Bismuto:
· Atua como barreira física e tem efeito antimicrobiano contra H. pylori.
· Pode causar escurecimento da língua e fezes.
· Misoprostol:
· Análogo de prostaglandina E1.
· Estimula secreção de muco e bicarbonato e inibe secreção de HCl.
· Efeitos colaterais: diarreia e cólicas abdominais.
· Contraindicação: gravidez (risco de aborto por contração uterina).
Indicações:
· Sucralfato: Úlceras gástricas, proteção em sangramento gastrointestinal.
· Misoprostol: Prevenção de úlceras associadas a uso crônico de AINEs.
Resumo Comparativo
	Classe
	Mecanismo
	Exemplos
	Efeitos Adversos Principais
	Antagonistas H2
	Bloqueio competitivo do receptor H2
	Cimetidina, Ranitidina, Famotidina
	Diarreia, tontura, ginecomastia (cimetidina)
	IBP
	Inibição irreversível da bomba H+/K+ ATPase
	Omeprazol, Pantoprazol, Esomeprazol
	Deficiência de B12, fraturas, infecções
	Antiácidos
	Neutralização do HCl já existente
	Bicarbonato, Cálcio, Magnésio, Alumínio
	Alcalose, constipação/diarreia
	CitoprotetoresBarreira física, aumento de muco
	Sucralfato, Subsalicilato de bismuto, Misoprostol
	Constipação, diarreia, contraindicação na gravidez (misoprostol)
Tratamento da Infecção por H. pylori
Infecção por H. pylori
(Helicobacter pylori é uma bactéria Gram-negativa, espiralada, que coloniza a mucosa do estômago.)
Importância clínica:
· Forte associação com:
· Úlcera gástrica e duodenal.
· Gastrite crônica.
· Câncer gástrico (adenocarcinoma).
· Linfoma de tecido linfoide associado à mucosa (MALToma).
Objetivo do Tratamento
· Erradicar o H. pylori para:
· Curar a úlcera.
· Prevenir recidivas.
· Reduzir risco de câncer gástrico.
Esquemas de Tratamento
O tratamento clássico envolve uma terapia combinada, usando:
· 1 Inibidor da Bomba de Prótons (IBP) + 2 ou 3 antibióticos ± bismuto.
Isso é necessário porque:
· O H. pylori é difícil de erradicar.
· Monoterapia falha por resistência bacteriana.
Principais Esquemas (Primeira Linha)
1. Terapia Tripla Convencional (sem bismuto)
· IBP (ex: omeprazol, lansoprazol, esomeprazol) – dose padrão 2x ao dia.
· Amoxicilina 1g 2x ao dia.
· Claritromicina 500mg 2x ao dia.
Duração: 10-14 dias.
Obs: Em regiões com alta resistência à claritromicina (>15%), a eficácia diminui.
2. Terapia Quádrupla com Bismuto
· IBP 2x ao dia.
· Subsalicilato de bismuto ou subcitrato de bismuto (120mg 4x/dia).
· Metronidazol 500mg 3x/dia.
· Tetraciclina 500mg 4x/dia.
Duração: 10-14 dias.
Vantagem: Boa eficácia mesmo em cenários de resistência antibiótica.
3. Terapia Quádrupla Sem Bismuto ("Concomitante")
· IBP 2x ao dia.
· Amoxicilina 1g 2x ao dia.
· Claritromicina 500mg 2x ao dia.
· Metronidazol 500mg 2x ao dia.
Duração: 10-14 dias.
Obs: Mais eficaz que a terapia tripla isolada em áreas com resistência moderada.
Esquemas Comerciais Prontos
· Pyloripac®: combinação de lansoprazol + amoxicilina + claritromicina.
· Disponibilizam a associação para facilitar adesão do paciente.
Adesão ao Tratamento
· A adesão é crucial para sucesso.
· A taxa de erradicação é próxima a 80-90% com boa adesão.
· Efeitos colaterais (náuseas, diarreia, gosto metálico – principalmente claritromicina/metronidazol) podem prejudicar a continuidade do tratamento.
Testes Pós-Tratamento
· Confirmar erradicação é recomendado, principalmente se:
· Úlcera complicada.
· Linfoma MALT.
· História familiar de câncer gástrico.
· Exames usados para controle:
· Teste respiratório da ureia (preferido).
· Antígeno fecal.
· Endoscopia + biópsia (menos usada só para controle).
Atenção: Para não ter falso-negativo, o paciente deve suspender IBPs 2 semanas antes dos testes.
Opções em Caso de Falha de Tratamento
· Avaliar resistência local a antibióticos.
· Fazer cultura de H. pylori com antibiograma (pouco disponível no Brasil).
· Utilizar:
· Esquema quádruplo com bismuto se não usado antes.
· Uso de levofloxacino como antibiótico alternativo.
Resumo Visual
	Esquema
	Medicamentos
	Duração
	Observações
	Terapia Tripla
	IBP + Amoxicilina + Claritromicina
	10-14 dias
	Menor eficácia se resistência alta à claritromicina
	Terapia Quádrupla com Bismuto
	IBP + Bismuto + Tetraciclina + Metronidazol
	10-14 dias
	Boa para resistência elevada
	Terapia Quádrupla Sem Bismuto
	IBP + Amoxicilina + Claritromicina + Metronidazol
	10-14 dias
	Mais eficaz que a tripla
	Terapia Salvadora
	IBP + Amoxicilina + Levofloxacino
	10-14 dias
	Para falhas anteriores
Notas Finais
· O IBP ajuda tanto na cura da mucosa como em aumentar a eficácia dos antibióticos (ao elevar o pH gástrico).
· O tratamento de H. pylori também trata a úlcera péptica simultaneamente.
· Recomenda-se não usar IBP, bismuto ou antibióticos isoladamente para H. pylori → Altíssima taxa de falha.
FÁRMACOS ANTIEMÉTICOS
Objetivo
· Controlar ou prevenir náuseas e vômitos que podem ser causados por:
· Distúrbios gastrointestinais.
· Uso de medicamentos (quimioterapia, anestesia).
· Cinetose (enjoo de movimento).
· Gravidez.
· Infecções, enxaquecas, intoxicações.
Bases fisiológicas
O centro do vômito é regulado por:
· Centro do Vômito (tronco cerebral).
· Zona de Gatilho Quimiorreceptora (ZQG) (no assoalho do 4º ventrículo).
· Trato gastrointestinal (sinais periféricos).
Principais neurotransmissores envolvidos:
· Histamina (H1).
· Acetilcolina (muscarínico M1).
· Serotonina (5-HT3).
· Dopamina (D2).
Principais Classes de Antieméticos
1. Antagonistas dos Receptores H1 (Antihistamínicos)
Mecanismo de Ação:
· Bloqueiam os receptores H1 no SNC e no trato vestibular.
Exemplos:
· Dimenidrinato (Dramin®)
· Prometazina (Fenergan®)
· Meclizina, Cinarizina, Ciclizina
Indicações:
· Cinetose (enjoo de movimento) → primeira escolha!
· Náuseas leves a moderadas.
· Náuseas da gravidez (meclizina, prometazina).
Efeitos Adversos:
· Sonolência (efeito sedativo forte).
· Cefaleia.
· Boca seca (efeito anticolinérgico).
· Tontura.
2. Antagonistas Muscarínicos (Anticolinérgicos)
Mecanismo de Ação:
· Bloqueiam receptores muscarínicos M1 no sistema vestibular e no centro do vômito.
Exemplos:
· Escopolamina (Buscopan®)
Indicações:
· Prevenção da cinetose (principal uso).
· Náuseas leves.
Efeitos Adversos:
· Boca seca.
· Visão turva.
· Sonolência.
· Retenção urinária.
3. Antagonistas dos Receptores 5-HT3 (Serotonina)
Mecanismo de Ação:
· Bloqueiam os receptores 5-HT3 na ZQG, no centro do vômito e no trato gastrointestinal.
Exemplos:
· Ondansetrona (Nausedron®, Vonau®)
· Granisetrona.
· Tropisetrona.
· Palonosetrona (ação mais prolongada).
Indicações:
· Náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia.
· Náuseas pós-operatórias.
· Náuseas pós-radioterapia.
Efeitos Adversos:
· Cefaleia.
· Constipação ou diarreia.
· Prolongamento do intervalo QT → risco de arritmias cardíacas.
· Inatividade na cinetose (não funciona bem para enjoo de movimento).
Observação especial:
· Uso com cautela na gravidez (associação discreta com fenda palatina).
4. Antagonistas dos Receptores D2 (Dopamina)
Mecanismo de Ação:
· Bloqueiam receptores dopaminérgicos D2 na ZQG e estimulam motilidade gástrica (ação pró-cinética).
Exemplos:
· Metoclopramida (Plasil®)
· Bromoprida (Digesan®)
· Domperidona (Motilium®)
Indicações:
· Náuseas e vômitos gerais.
· Vômitos induzidos por quimioterapia (baixa/moderada emetogenicidade).
· Gastroparesia diabética.
· Refluxo gastroesofágico.
Efeitos Adversos:
· Efeitos extrapiramidais (inquietação, distonia, movimentos involuntários).
· Sonolência.
· Galactorreia (hiperprolactinemia).
Observação:
· Domperidona atravessa menos a barreira hematoencefálica → menos efeitos extrapiramidais.
5. Outros Agentes
Piridoxina (Vitamina B6)
· Reduz náuseas na gravidez.
· Dimenidrinato + Vitamina B6 (Dramin B6®) é usado em náuseas gestacionais.
Corticosteroides (Dexametasona)
· Mecanismo não totalmente conhecido.
· Usada como adjuvante no tratamento de náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia.
Benzodiazepínicos (Lorazepam, Diazepam)
· Reduzem ansiedade que piora o vômito.
· Útil na antecipação de náuseas induzidas por quimioterapia.
Resumo Visual:
	Classe
	Exemplo
	Principal Indicação
	Efeitos Adversos
	Antagonista H1
	Dimenidrinato, Prometazina
	Cinetose, náusea leve
	Sonolência, boca seca
	Antagonista M1
	Escopolamina
	Cinetose
	Boca seca, visão turva
	Antagonista 5-HT3
	Ondansetrona
	Quimioterapia, pós-operatório
	Cefaleia, constipação, prolongamento QT
	Antagonista D2
	Metoclopramida, Domperidona
	Náuseas gerais, gastroparesia
	Distonia, sonolência
	Outros
	Dexametasona, Piridoxina
	Náuseas em quimioterapia e gravidez
	Poucos
Dicas Clínicas
· Para enjoo de viagem (cinetose): preferir antihistamínicos ou escopolamina.
· Para náuseas de quimioterapia: ondansetrona + dexametasona são padrão ouro.
· Para náuseas da gravidez: começar com piridoxina ou meclizina, eventualmente usar prometazina.
· Em vômitos refratários: pode-se combinar classes de fármacos.
FÁRMACOS ANTIDIARREICOS
Objetivo do uso:
· Reduzir a frequência e a gravidade da diarreia.
· Melhorar o conforto do paciente.
· Importante: nunca usar antidiarreicos sem avaliação médica em diarreias infecciosas severas, pois pode piorar a infecção (retençãode toxinas).
Tratamento inicial da diarreia
Antes de medicamentos:
· Reposição hidroeletrolítica é essencial:
· Soluções de reidratação oral (SRO) → compostas de água, sódio, glicose e potássio.
· Evita desidratação e complicações metabólicas.
Principais classes de Fármacos Antidiarreicos
1. Agentes Antimotilidade (Opioides periféricos)
Mecanismo de Ação:
· Agem nos receptores opioides μ na musculatura lisa intestinal.
· Diminuem a motilidade intestinal.
· Prolongam o tempo de trânsito intestinal → aumentam a absorção de água e eletrólitos.
Exemplos:
· Loperamida (Imosec®)
· Difenoxilato (com atropina – Lomotil®) (menos usado hoje)
Características da Loperamida:
· Atua apenas perifericamente (não atravessa a barreira hematoencefálica → sem efeito central/opióide típico).
· Alta eficácia na diarreia aguda e diarreia crônica funcional (como na síndrome do intestino irritável).
Indicações:
· Diarreia aguda inespecífica.
· Diarreias crônicas não infecciosas.
· Síndrome do intestino irritável com predomínio de diarreia.
Efeitos Adversos:
· Constipação.
· Distensão abdominal.
· Em doses muito altas → pode atravessar BHE e causar efeitos centrais (raramente).
· Cuidado em crianças pequenas e diarreias infecciosas graves (risco de megacólon tóxico).
2. Agentes Antissecretores
Mecanismo de Ação:
· Reduzem a secreção intestinal de água e eletrólitos.
Exemplos:
· Subsalicilato de Bismuto (Pepto-Bismol®)
Características:
· Além da ação antissecretora:
· Propriedades anti-inflamatórias (derivado do ácido acetilsalicílico).
· Antimicrobiano leve contra algumas bactérias (inclusive H. pylori).
· Indicado em:
· Diarreia do viajante.
· Diarreia infecciosa leve a moderada.
· Diarreias inflamatórias leves.
Efeitos Adversos:
· Escurecimento da língua e fezes (reação benigna).
· Náusea, constipação.
· Evitar em alérgicos a AAS ou crianças com febre (risco de síndrome de Reye).
3. Agentes Adsorventes
Mecanismo de Ação:
· Adsorvem toxinas e microrganismos no intestino.
· Formam um complexo que reduz irritação da mucosa.
Exemplos:
· Caolim/Pectina (antigos, pouco usados hoje).
· Diosmectita (Smecta®).
Características:
· São menos eficazes que opioides, mas seguros.
· Usados principalmente em:
· Diarreias leves.
· Em combinação com reidratação oral.
Efeitos Adversos:
· Constipação se usados em excesso.
4. Agentes Antiespasmódicos (Antimuscarínicos)
Mecanismo de Ação:
· Inibem a contração do músculo liso intestinal.
Exemplos:
· Escopolamina (Buscopan®)
· Hioscina
Indicações:
· Controle da dor e cólica abdominal associada à diarreia.
Efeitos Adversos:
· Boca seca.
· Retenção urinária.
· Visão turva (efeitos anticolinérgicos típicos).
Resumo Visual:
	Classe
	Exemplo
	Mecanismo de Ação
	Indicações
	Efeitos Adversos
	Antimotilidade
	Loperamida
	Reduz motilidade intestinal
	Diarreia aguda/crônica
	Constipação, risco de megacólon tóxico
	Antissecretor
	Subsalicilato de bismuto
	Reduz secreção intestinal e é antimicrobiano
	Diarreia do viajante
	Fezes/língua escurecidas
	Adsorventes
	Diosmectita
	Adsorve toxinas e microrganismos
	Diarreias leves
	Constipação leve
	Antiespasmódicos
	Escopolamina
	Relaxa músculo liso intestinal
	Cólica intestinal
	Boca seca, visão turva
Notas importantes para prática clínica:
· Primeira medida em diarreias: reidratar o paciente (não usar antidiarreicos isoladamente em diarreias infecciosas graves).
· Evitar Loperamida em:
· Infecções bacterianas graves (ex: Salmonella, Shigella, E. coli enteroinvasiva).
· Pacientes febris ou com sangue nas fezes (risco de complicações como megacólon tóxico).
· Subsalicilato de bismuto é útil para prevenção e tratamento da diarreia do viajante.
· Em crianças: preferir sempre reidratação oral antes de qualquer remédio.
Exemplo de Manejo da Diarreia Aguda:
1. Hidratar oralmente (ou IV se necessário).
2. Se necessário, usar Loperamida (se não infecciosa e sem sangue).
3. Em diarreias infecciosas leves: considerar Subsalicilato de Bismuto.
4. Investigar etiologia se não houver melhora em 48h.
FÁRMACOS LAXANTES
Definição:
Laxantes são substâncias que promovem ou facilitam a evacuação intestinal.
São usados para tratar constipação (prisão de ventre) e preparar o intestino para procedimentos diagnósticos ou cirúrgicos.
Classificação dos Laxantes
Dividem-se em 4 principais tipos:
	Tipo
	Mecanismo de Ação
	Exemplo Clássico
	Formadores de massa
	Aumentam o volume e a umidade das fezes
	Psyllium, Metilcelulose
	Amolecedores de fezes
	Facilitam a penetração de água nas fezes
	Docusato, Óleo mineral
	Osmóticos
	Promovem retenção de água no lúmen intestinal
	Lactulose, Sorbitol
	Estimulantes (catárticos)
	Estimulam diretamente o sistema nervoso entérico
	Sene, Bisacodil
1. Laxantes Formadores de Massa
Mecanismo de Ação:
· São fibras não digeríveis que:
· Absorvem água no intestino.
· Aumentam o volume das fezes.
· Estimulam o peristaltismo fisiológico pela distensão da parede intestinal.
Exemplos:
· Psyllium (Plantago ovata – Fibra natural)
· Metilcelulose (fibra sintética)
· Policarbofila cálcica
Indicações:
· Constipação crônica.
· Prevenção da constipação em pacientes com doenças anorretais.
· Síndrome do intestino irritável com predomínio de constipação.
Efeitos Adversos:
· Flatulência.
· Distensão abdominal.
· Risco de obstrução intestinal se não ingerir bastante água junto!
Observações Clínicas:
· Primeira escolha para constipação leve a moderada.
· Exige hidratação adequada (mínimo 2 litros/dia).
2. Laxantes Amolecedores de Fezes (Emolientes)
Mecanismo de Ação:
· Reduzem a tensão superficial das fezes.
· Facilitam a mistura de água e lipídios com o bolo fecal → fezes mais macias e fáceis de eliminar.
Exemplos:
· Docusato de sódio (Doss®).
· Supositório de glicerina (uso local em crianças e idosos).
· Óleo mineral (parafina líquida).
Indicações:
· Prevenção de constipação em pós-operatórios.
· Após infarto agudo do miocárdio (para evitar esforço evacuatório).
· Hemorroidas, fissuras anais (reduzem dor na evacuação).
Efeitos Adversos:
· Docusato: poucos efeitos, mas ocasionalmente cólicas leves.
· Óleo mineral:
· Risco de pneumonite lipídica se aspirado (especialmente em idosos).
· Pode interferir na absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K).
3. Laxantes Osmóticos
Mecanismo de Ação:
· São substâncias osmoticamente ativas.
· Retêm água no lúmen intestinal por osmose.
· Amolecem o bolo fecal e estimulam o peristaltismo.
Exemplos:
· Lactulose.
· Sorbitol.
· Polietilenoglicol (PEG) – (Ex: Muvinlax®, usados para preparo de colonoscopia).
· Sais de magnésio (Hidróxido de magnésio, Sulfato de magnésio).
Indicações:
· Constipação aguda ou crônica.
· Encefalopatia hepática (lactulose reduz amônia no sangue).
· Preparo de intestino para exames endoscópicos.
Efeitos Adversos:
· Diarreia.
· Distensão abdominal e flatulência (principalmente lactulose e sorbitol).
· Desequilíbrios eletrolíticos (se usados em excesso).
Observações Clínicas:
· A lactulose é especialmente usada em pacientes com cirrose para tratar encefalopatia hepática (↓amônia plasmática).
4. Laxantes Estimulantes (Catárticos)
Mecanismo de Ação:
· Aumentam a motilidade do cólon ao estimular diretamente o plexo mioentérico.
· Estimulam secreção de água e eletrólitos para o lúmen intestinal.
Exemplos:
· Sene (extrato de Cassia spp.).
· Bisacodil (Dulcolax®).
· Cáscara sagrada.
Indicações:
· Constipação de curta duração.
· Limpeza intestinal pré-operatória ou pré-exames (junto com laxantes osmóticos).
Efeitos Adversos:
· Cólicas intestinais intensas.
· Hipocalemia (perda de potássio).
· Uso crônico → colite catártica (inflamação crônica do cólon).
· Dependência de laxantes: necessidade contínua de estímulo químico para evacuar.
Observações Clínicas:
· Não usar por longos períodos (>1 semana) sem orientação médica!
· Uso repetido pode danificar o plexo mioentérico e levar à atonia colônica (cólon inativo).
Cuidados Gerais no Uso de Laxantes
· Constipação leve e funcional → começar sempre com medidas não medicamentosas:
· Dieta rica em fibras (vegetais, frutas, grãos integrais).
· Hidratação adequada.· Atividade física regular.
· Evitar uso crônico de laxantes estimulantes → risco de dependência.
· Contraindicações absolutas ao uso de laxantes:
· Suspeita de obstrução intestinal.
· Dor abdominal sem diagnóstico.
· Perfuração intestinal.
Resumo Visual:
	Tipo
	Exemplo
	Mecanismo
	Uso principal
	Riscos principais
	Formador de massa
	Psyllium
	Aumenta volume fecal
	Constipação leve/crônica
	Obstrução (sem hidratação adequada)
	Amolecedor
	Docusato
	Penetração de água nas fezes
	Pós-cirurgia, fissuras
	Pneumonite lipídica (óleo mineral)
	Osmótico
	Lactulose
	Retém água por osmose
	Constipação, encefalopatia hepática
	Desequilíbrios eletrolíticos
	Estimulante
	Sene, Bisacodil
	Estimula nervos entéricos
	Constipação aguda, limpeza pré-cirurgia
	Dependência, dano mioentérico
Notas Importantes para Prática Clínica
· Primeira escolha para constipação crônica: formadores de massa + mudanças no estilo de vida.
· Alívio rápido (porém com cautela): laxantes estimulantes e osmóticos.
· Em idosos e pós-operatório, preferir laxantes suaves (docusato ou glicerina).
· Nunca iniciar laxante sem investigar constipação secundária (ex: hipotiroidismo, neoplasias).
FÁRMACOS PRÓCINÉTICOS
Definição:
Prócinéticos são medicamentos que aumentam a motilidade do trato gastrointestinal sem estimular diretamente a secreção gástrica, favorecendo o esvaziamento gástrico e o trânsito intestinal.
Mecanismos Gerais de Ação
1. Antagonismo dos receptores dopaminérgicos D2:
· Dopamina inibe a motilidade gastrointestinal → ao bloquear D2, os prócinéticos aumentam o tônus e a contração da musculatura lisa.
2. Agonismo parcial de receptores serotoninérgicos 5-HT4 (em alguns prócinéticos):
· Estimula liberação de acetilcolina nos plexos mioentéricos, aumentando ainda mais o peristaltismo.
Principais Fármacos Prócinéticos
1. Metoclopramida (Plasil®)
Mecanismo de Ação:
· Antagonista D2 central e periférico.
· Agonista 5-HT4 leve → estimula liberação de ACh no trato GI.
· Bloqueia também receptores 5-HT3 (em altas doses).
Efeitos no TGI:
· Aumenta o tônus do esfíncter esofágico inferior (EEI) → útil no refluxo.
· Acelera o esvaziamento gástrico.
· Aumenta motilidade do intestino delgado.
Indicações Clínicas:
· Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE).
· Gastroparesia diabética (esvaziamento gástrico lento em diabéticos).
· Náuseas e vômitos de diversas causas (inclusive induzidos por quimioterapia moderada).
Efeitos Adversos:
· Reações extrapiramidais:
· Distonia aguda (movimentos involuntários, torções musculares).
· Acatisia (inquietação motora intensa).
· Sonolência e fadiga.
· Hiperprolactinemia → galactorreia, ginecomastia (com uso prolongado).
· Discinesia tardia (movimentos involuntários irreversíveis com uso crônico).
Observação Clínica:
· Uso deve ser limitado em duração (preferir ≤ 12 semanas).
· Atenção especial em idosos, que são mais sensíveis a efeitos extrapiramidais.
2. Bromoprida (Digesan®)
Mecanismo de Ação:
· Semelhante à metoclopramida:
· Antagonista D2 periférico e central.
Indicações:
· Gastroparesia.
· DRGE.
· Náuseas e vômitos.
Efeitos Adversos:
· Mesmos da metoclopramida, mas geralmente menos intensos.
· Ainda assim pode causar reações extrapiramidais.
Observação Clínica:
· Alternativa para quem não tolera metoclopramida, mas ainda com risco neurológico.
3. Domperidona (Motilium®)
Mecanismo de Ação:
· Antagonista D2 predominantemente periférico (não atravessa facilmente a barreira hematoencefálica).
Efeitos no TGI:
· Aumenta pressão do EEI.
· Acelera o esvaziamento gástrico.
Indicações Clínicas:
· Gastroparesia (inclusive em pacientes diabéticos).
· DRGE.
· Náuseas e vômitos.
Efeitos Adversos:
· Muito menos reações extrapiramidais (por não agir no SNC).
· Risco cardíaco:
· Pode prolongar o intervalo QT → risco de arritmias ventriculares graves (especialmente em idosos ou em doses elevadas).
Observação Clínica:
· Cautela em pacientes com fatores de risco cardiovascular.
· Restrição de uso pela ANVISA e EMA (Agência Europeia de Medicamentos) para doses ≤ 30 mg/dia.
Resumo Comparativo
	Fármaco
	Mecanismo
	Indicações
	Efeitos adversos principais
	Metoclopramida
	Antagonista D2 (central e periférico) + agonista 5-HT4
	DRGE, gastroparesia, náuseas
	Reações extrapiramidais, sonolência, discinesia tardia
	Bromoprida
	Antagonista D2 (central e periférico)
	DRGE, náuseas e vômitos
	Reações extrapiramidais (menos intensas)
	Domperidona
	Antagonista D2 (periférico)
	DRGE, gastroparesia, náuseas
	Prolongamento do intervalo QT, risco cardíaco
Outros Prócinéticos (em uso mais especializado)
· Cisaprida (retirado do mercado na maioria dos países):
· Forte agonista 5-HT4 → estimula muito o trânsito intestinal.
· Causava arritmias fatais (prolongava QT).
· Prucaloprida:
· Agonista seletivo 5-HT4.
· Usado em constipação crônica refratária (não no Brasil amplamente).
Indicações Clínicas Gerais para Prócinéticos
✅Doença do refluxo gastroesofágico (em adição a IBP em casos refratários).
✅Gastroparesia diabética (sintomas: náuseas, saciedade precoce, vômitos).
✅Náuseas e vômitos pós-operatórios ou induzidos por medicamentos.
✅Retardo do esvaziamento gástrico (especialmente em pacientes neurológicos).
Notas Práticas Importantes
· Metoclopramida é a mais versátil, mas deve ser usada por tempo limitado.
· Domperidona é preferida quando se deseja evitar efeitos extrapiramidais, mas atenção para risco cardíaco.
· Recomendações clínicas atuais são para:
· Dose mínima eficaz.
· Duração mínima possível.
· Monitoramento clínico, especialmente em idosos e cardiopatas.
Dicas para provas e prática clínica
· Se o paciente tem sintomas extrapiramidais → preferir Domperidona.
· Se o paciente tem cardiopatia (prolongamento do intervalo QT) → preferir Metoclopramida em doses baixas e controladas.
· Na gastroparesia diabética → ambos (Metoclopramida ou Domperidona) são boas escolhas.
· Não usar prócinéticos se houver obstrução intestinal ou perfuração!
Condutas dos Casos Clínicos
1. Úlcera Péptica + Infecção por H. pylori
Problema:
· Lesão de mucosa gástrica.
· Agravada pelo uso de AINEs (reduz prostaglandinas protetoras).
· Infecção ativa por H. pylori.
Conduta:
· ERRADICAR o H. pylori:
· IBP (omeprazol, lansoprazol, esomeprazol) → reduz acidez, facilita cicatrização da mucosa.
· Amoxicilina + Claritromicina → ação antibacteriana combinada.
· Duração da terapia:
· Antibióticos: 14 dias.
· IBP: 28 a 56 dias (continuar após antibióticos para completa cicatrização da úlcera).
· Suspender AINEs:
· Evitar mais agressão à mucosa.
· Profilaxia de úlcera em uso futuro de AINEs:
· Se for imprescindível o uso, associar sempre IBP preventivamente.
· Controle da anemia:
· A anemia é leve (Hb 11,1 g/dL), pode se corrigir com a resolução da úlcera.
· Se persistir, considerar ferro oral.
2. Interação Medicamentosa: Omeprazol x Itraconazol
Problema:
· Uso prolongado e inadequado de IBP (automedicação).
· Tratamento antifúngico (itraconazol) falhou porque:
· Itraconazol depende de pH ácido para absorção → omeprazol aumentou pH gástrico → má absorção.
Conduta:
· Suspender o omeprazol temporariamente enquanto durar o tratamento antifúngico.
· Orientação:
· Uso racional de medicamentos.
· Explicar que IBPs devem ser usados sob prescrição médica.
· Alternativas:
· Em casos extremos, usar formulações de itraconazol com ciclodextrina (que não dependem tanto do pH).
3. DRGE (Doença do Refluxo Gastroesofágico) em Adultos
Problema:
· Refluxo ácido confirmado por exames (endoscopia, pHmetria).
Conduta:
· IBP de alta potência:
· Ex: Esomeprazol 40 mg/dia ou Pantoprazol 40-80 mg/dia.
· Preferência para IBPs porque:
· Antagonistas H2 são menos eficazes para esofagite erosiva (cicatrizam menos de 50% dos casos).
· Tempo de tratamento inicial:
· Pelo menos 8 semanas.
· Medidas comportamentais:
· Perder peso (se necessário).
· Evitar alimentos gatilho: café, chocolate, frituras, álcool.
· Não deitar logo após refeições.
· Elevar a cabeceira da cama 10-15 cm.
Nota: Manometria esofágica normal → reforça diagnóstico funcional (não necessidade cirúrgica imediata).
4. DRGEem Lactente
Problema:
· Refluxo pós-mamada em bebê de 2 meses.
Conduta:
· Sem medicação inicialmente:
· Em bebês, refluxo é fisiológico, relacionado à imaturidade do esfíncter esofágico inferior.
· Orientações práticas:
· Posição vertical por 20-30 minutos após mamada.
· Fracionar mamadas (menor volume).
· Evitar excesso de movimentação após mamar.
· Medicar apenas se:
· Há sinais de alarme: recusa alimentar, falha no ganho de peso, sintomas respiratórios recorrentes.
5. DRGE na Gestação
Problema:
· Refluxo é comum na gestação devido à ação hormonal (progesterona relaxa o esfíncter esofágico).
Conduta:
1. Medidas não farmacológicas:
· Pequenas refeições frequentes.
· Evitar alimentos irritantes.
· Elevar a cabeceira da cama.
2. Medicação segura:
· Antiácidos à base de hidróxido de magnésio ou alumínio (não absorvíveis).
· Se sintomas persistirem:
· IBP: lansoprazol ou pantoprazol (considerados mais seguros na gestação).
· Evitar omeprazol no primeiro trimestre (por precaução).
6. Vômitos induzidos por excesso de Álcool
Problema:
· Vômitos repetitivos → irritação da mucosa esofágica → pequena hematêmese.
Conduta:
· Reidratar:
· Preferência venosa se houver dificuldade para manter via oral.
· Antieméticos:
· Ondansetrona ou Metoclopramida.
· Avaliação da gravidade:
· Se hematêmese volumosa → endoscopia para descartar laceração grave (Mallory-Weiss).
· Orientação:
· Abstinência alcoólica.
· Acompanhamento médico se persistirem vômitos ou sinais de sangramento.
7. Hiperêmese Gravídica
Problema:
· Náuseas e vômitos severos na gravidez, com perda de peso.
Conduta:
1. Reposição de líquidos e eletrólitos:
· Soroterapia intravenosa se necessário.
· Corrigir distúrbios de potássio, sódio.
2. Terapia medicamentosa:
· Piridoxina (Vitamina B6): primeira linha (seguro e eficaz).
· Se piridoxina isolada for insuficiente:
· Associar Doxilamina (anti-histamínico).
· Se necessário, Prometazina (anti-histamínico H1).
· Ondansetrona: opção em casos refratários (risco mínimo de malformação, mas usar com cautela no primeiro trimestre).
3. Nutrição:
· Se perda de peso persistente, considerar nutrição parenteral em casos graves.
Resumo das Condutas
	Situação
	Objetivo Principal
	Estratégia
	Úlcera + H. pylori
	Erradicação bacteriana + cicatrização
	IBP + antibióticos
	Interação Medicamentosa
	Corrigir absorção do antifúngico
	Suspender IBP
	DRGE Adulto
	Reduzir refluxo e inflamação
	IBP alta dose + medidas comportamentais
	DRGE Lactente
	Conduta expectante
	Medidas posturais
	DRGE Gestante
	Alívio seguro dos sintomas
	Antiácidos + IBP se necessário
	Vômitos Alcoólicos
	Corrigir desidratação e náusea
	Hidratação + antiemético
	Hiperêmese Gravídica
	Hidratação + controlar vômito
	Soroterapia + Vitamina B6 + antieméticos

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