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DESCRIÇÃO Estudo de aspectos relacionados à ensilagem, tais como: principais espécies utilizadas, principais tipos de silos e cálculo de dimensionamento de silos, utilização da ensilagem na alimentação animal e transformações na massa ensilada. PROPÓSITO Compreender que os conceitos da ensilagem, silagem e silos e a obtenção do conhecimento de sua importância na alimentação animal é relevante para sua formação, pois auxiliará na sua atuação em sala de aula e no campo e facilitará a sua compreensão de disciplinas correlatas. PREPARAÇÃO Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha à mão uma calculadora para auxiliar nos cálculos. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever conceitos gerais e específicos do processo de ensilagem e as principais espécies utilizadas MÓDULO 2 Conhecer os principais tipos de silo e os cálculos para seu dimensionamento MÓDULO 3 Descrever os fundamentos da ensilagem aplicados na alimentação animal e as transformações na massa ensilada INTRODUÇÃO Neste tema, vamos aprender sobre os processos de ensilagem, as diferentes etapas, fases e seus conceitos, reconhecendo as principais espécies utilizadas. Realizaremos cálculos de dimensionamento de silos, adequando aos diferentes tipos de silos utilizados. Vamos relacionar a ensilagem, que é um processo de conservação da forragem, com a alimentação animal, principalmente, de ruminantes, que precisam de suprimento contínuo de boa qualidade para que possam expressar seu potencial de produção. MÓDULO 1  Descrever conceitos gerais e específicos do processo de ensilagem e as principais espécies utilizadas CONCEITOS GERAIS Ensilagem é o processo de conservação que envolve corte da forragem no campo, armazenamento no silo, compactação e proteção com a vedação do silo para que haja fermentação para a produção de silagem. Na conservação de forragens, busca-se criar condições em que o valor nutritivo seja preservado. Processos de conservação como a ensilagem buscam minimizar os efeitos das diferentes estações do ano sobre a produção de pastagens, fazendo com que forragens produzidas na estação chuvosa sejam armazenadas e conservadas, para serem utilizadas na estação seca, onde há escassez de alimento. A silagem é o material produzido por meio de um processo de fermentação anaeróbica da forragem. O silo, por sua vez, é o local onde é armazenado o material vegetal para formar a silagem, durante o processo de ensilagem. ENSILAGEM Em virtude das condições climáticas do nosso país, em certas épocas do ano, ocorre escassez de pastagem e em outras, mais favoráveis, temos excesso, tornando a produção bastante irregular. Portanto, a produção de silagem torna-se bastante relevante no campo. Podemos definir a ensilagem como um processo de conservação de forragens em meio ácido e anaeróbico. O processo da ensilagem, que dura, no mínimo, 21 dias, baseia-se na redução do pH da forragem, de 6,5 para valores abaixo de 4,0, por meio da conversão de açúcares a ácidos, especialmente, ácido lático, mediante o desenvolvimento de bactérias láticas. Para obter sucesso na produção de silagem, durante o processo de ensilagem, precisamos respeitar as seguintes etapas: COLHEITA DO MATERIAL VEGETAL A etapa da colheita é muito importante e possui grande impacto na qualidade do material a ser produzido. Esta etapa possui como objetivo a obtenção de alta produtividade da cultura vegetal, com a manutenção da qualidade da silagem. A colheita depende, dentre outros fatores, do estágio de maturidade vegetal. Plantas muito novas quando colhidas podem desencadear uma fermentação indesejada com produção de efluentes na silagem causando perdas na produtividade vegetal. Por outro lado, quando são colhidas muito maduras, também podemos observar consequências negativas, como menor digestibilidade, grande perda de material e dificuldades na compactação, podendo propiciar o surgimento de mofos na silagem. Estas perdas de material vegetal ocorrem devido ao processo de respiração das células vegetais, que continua após a colheita, processo este permitido pela presença de pH alto, oxigênio e açúcares disponíveis. Portanto, altas taxas de respiração celular podem representar perdas de nutrientes do material, reduzindo a qualidade da silagem. Precisamos, então, reduzir ao máximo o tempo entre colheita e compactação. Fonte: Shutterstock.com O momento do corte depende da fisiologia, que é afetada pela umidade, temperatura, fertilidade do solo etc. O ponto de corte do milho, um dos principais materiais utilizados para produção de silagem e do sorgo dependerá do grau de maturidade dos grãos. Nos capins, como o elefante, observam-se a digestibilidade e a produtividade vegetal para se obter o melhor aproveitamento do material. Para gramíneas tropicais, este equilíbrio ocorre entre 45 e 60 dias. PICAGEM A etapa da picagem ocorre após a colheita, sendo relevante para a compactação do material vegetal. O tamanho padrão das partículas situa-se entre 8 e 25 mm. Partículas menores, resultantes de picagem excessiva, prejudicam o animal, que necessita de certa quantidade de fibra longa na dieta. Por outro lado, partículas grandes dificultam a compactação do material vegetal no silo, prejudicando o processo de ensilagem, e permitem que os animais selecionem o alimento, causando prejuízos na nutrição, podendo ocasionar doenças como a acidose. A picagem promove o rompimento celular, provocando a degradação de amido e de hemicelulose (componente da parede celular vegetal), aumentando a porcentagem de açúcar no material a ser ensilado. Fonte: Shutterstock.com TRANSPORTE ATÉ O SILO Após a picagem, o material deve ser transportado até os silos. Nesta etapa, precisamos considerar a distância a ser percorrida e a capacidade dos carros transportadores, a fim de permitir que o espaço de tempo entre o corte e a compactação seja o menor possível. O transporte corresponde a uma parcela considerável dentro dos custos produtivos. Fonte: Shutterstock.com COMPACTAÇÃO NO SILO A compactação, etapa que segue o transporte e ocorre nos silos, tem o objetivo de retirar o ar entre as partículas de forragem. O oxigênio presente na massa vegetal é considerado um fator indesejável no processo de ensilagem, sendo, portanto, a compactação a grande responsável pela minimização deste componente, permitindo a criação de ambiente anaeróbio, condição esta ideal para o processo de fermentação.  ATENÇÃO Se a compactação não for realizada corretamente, o oxigênio permitirá que os microrganismos aeróbios causem a deterioração de parte ou de todo o material vegetal. Bolsões de ar propiciam o desenvolvimento de fungos e causam perdas de nutrientes, reduzindo a qualidade da silagem. A respiração celular vegetal continua no silo enquanto houver oxigênio e pH alto, estimulando o desenvolvimento de microrganismos aeróbios levando a perda de açúcares e redução no valor energético do material vegetal. Microrganismos e células vegetais competem pelos açúcares, com bactérias produtoras de ácido lático; bactérias essas responsáveis pela acidificação e estabilização da silagem. Nesta etapa, o material picado é colocado no silo, com camada entre 15 a 30 cm de espessura. O tempo recomendado para compactação deve ser de 1 a 4 minutos por tonelada de forragem. Precisamos nos ater ao fato de que o enchimento do silo e a compactação estão diretamente relacionados com as condições de aerobiose no alimento, pois possuem o objetivo de eliminar o ar remanescente no interior da massa, a fim de criar um ambiente anaeróbio, fundamental para que a silagem seja produzida com qualidade.  ATENÇÃO É quase impossível melhorar a compactação de camadas que não foram compactadas de forma correta e que já foram cobertas por outras camadas, portanto, a velocidade de chegada do material vegetal ao silo deve ser coerente com a capacidade de compactação. Fatores como o teor de matéria seca, tamanho da partícula após picagem, tipo de silo e trator usado na compactação influenciam a qualidade do processo.primeiros dias de vida, pois ela representa ótima fonte energética, importantíssima para seu crescimento. E) A recomendação de fornecimento de silagem para vacas leiteiras (por animal por dia) deve respeitar o consumo de 35% do seu peso vivo. 2. A SILAGEM NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL PERMITE O FORNECIMENTO DE ALIMENTOS COM ALTOS TEORES ENERGÉTICOS, BOA DIGESTIBILIDADE E, DEPENDENDO DA FONTE VEGETAL, TAMBÉM POSSUI BOA PALATABILIDADE, RESULTANDO ENTÃO EM EXCELENTE POTENCIAL PARA PRODUÇÃO ANIMAL. MARQUE A ALTERNATIVA INCORRETA. A) O fornecimento de silagem contaminada nas dietas dos animais possui uma grande influência sobre o desempenho, portanto as proporções de alimento que estiverem deterioradas devem ser eliminadas antes do fornecimento ao animal. B) A ensilagem afeta mais a digestibilidade dos nutrientes do que o consumo pelo animal, pois os ácidos, amônia e etanol (liberados com a fermentação) diminuem a digestibilidade, mas aumentam o consumo do alimento. C) O tempo entre a abertura do silo e o fornecimento da silagem ao animal deve ser o mais breve possível, para evitar a deterioração do material ensilado. D) As transformações que ocorrem na massa ensilada devem ser levadas em conta para que o animal receba alimento saudável e com qualidade, portanto o manejo correto na retirada da silagem dos silos deve ser respeitado. E) Silagem deteriorada fornecida ao animal promove a diminuição do consumo de matéria seca e reduz a digestibilidade de nutrientes, reduzindo o desempenho animal. GABARITO 1. A produção de silagem é um dos processos mais importantes na conservação de forragens a fim de servir de alimento para os animais durante o período de escassez de pastagem. Sobre a utilização da ensilagem na alimentação animal, marque a alternativa correta. A alternativa "B " está correta. A silagem pode ser fornecida para ruminantes, incluindo gado de corte além do gado leiteiro, e para equinos. Bezerros jovens devem receber a silagem entre 60 e 90 dias de vida (não no período inicial de aleitamento). A recomendação de consumo de silagem para vacas leiteiras é de 3% do peso vivo. 2. A silagem na alimentação animal permite o fornecimento de alimentos com altos teores energéticos, boa digestibilidade e, dependendo da fonte vegetal, também possui boa palatabilidade, resultando então em excelente potencial para produção animal. Marque a alternativa incorreta. A alternativa "C " está correta. A ensilagem afeta mais o consumo pelo animal do que a digestibilidade, pois os ácidos, amônia e etanol que são liberados com a fermentação da massa ensilada correlacionam-se negativamente com o consumo de silagem. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Entendemos o funcionamento do processo da ensilagem, espécies utilizadas e todas as etapas necessárias para produção de silagem com qualidade para os animais. Além disso, compreendemos o funcionamento básico dos silos, os tipos utilizados e como dimensionar os principais silos no Brasil. Como vimos, com os conhecimentos da ensilagem, a pecuária nacional possui uma ótima alternativa para conservação de alimento para atender ao rebanho nacional, com quantidade e qualidade, principalmente, na época de escassez alimentar. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS AANDRIGUETTO, J. M.; PERLY, L.; MINARDI, I.; GEMAEL, A.; FLEMMING, J. S.; SOUZA, G. A.; BONA FILHO, A. Nutrição Animal: As bases e os fundamentos da nutrição animal; os alimentos. 1. ed. São Paulo: Nobel, 2002. BERNARDES, T. F.; REGO, A. C. Study on the practices of silage production and utilization on Brazilian dairy farms. J. Dairy Sci., 2014. CARDOSO, E. G.; DA SILVA, J.M. Silos, Silagem e Ensilagem. CNPGC Divulga EMBRAPA - Campo Grande/Ms, 1995. IEZZI, G.; DOLCE, O.; DEGENSZAJN, D.; PÉRIGO, R. Matemática volume único. 6. ed. São Paulo: Atual Didáticos, 2019. PEDROSO, A. de F. Princípios básicos: produção - manejo. In: Curso de atualização em produção e uso de silagem para bovinos. São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste, 1998. SOUZA, R. C.; REIS, R. B.; LOPEZ, F. C. F. Efeito da adição de teores crescentes de ureia na cana-de-açúcar em dietas de vacas em lactação sobre a produção e composição do leite e viabilidade econômica. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., 2015. EXPLORE+ Para saber mais sobre os assuntos explorados neste tema: Veja: Como a EMPRABA (Centro de pesquisa de pecuária do sudeste) aborda o processo da ensilagem no curso: Produção e Manejo de Silagem, coordenado por Geraldo Maria da Cruz, André Luiz Monteiro Novo e André de Faria Pedroso, nos resumos das palestras disponibilizados no site da instituição. Leia: A abordagem de Luiz Gustavo Nussio sobre o processo de ensilagem no artigo: Ensilagem de Capins Tropicais, publicado em 2002. O livro de José Milton Andriguetto, onde são abordados temas relacionados à nutrição animal e alimentação: Nutrição Animal – as bases e os fundamentos da nutrição animal: os alimentos, publicado pela Nobel em 1994. CONTEUDISTA Thiago Ventura Scoralick Braga  CURRÍCULO LATTES javascript:void(0); javascript:void(0);Para compactação, usamos trator pesado com pneus (Figura 1), que é o mais recomendado, sempre levando em consideração que a largura do silo deve ser no mínimo o dobro da largura do trator, para evitar que a parte central do silo fique sem compactar. Fonte: Shutterstock.com  Figura 1. Trator compactando material vegetal no silo para processo de ensilagem. VEDAÇÃO DO SILO A etapa da vedação ocorre após a compactação do material vegetal. O silo deve ser coberto para proteção contra penetração de ar e águas da chuva, evitando a drenagem de elementos nutritivos. Este processo deve ser realizado com muito cuidado, pois, para que ocorra a fermentação, acidificação e estabilização da silagem, o ambiente do silo não pode ter oxigênio. Problemas na vedação com consequente entrada de ar, mesmo os valores menores que 1%, provocarão perdas de material com possível deterioração. A vedação pode ser realizada usando cobertura plástica no silo (Figura 2); esta não pode possuir furos e deve possuir de 0,15 a 0,20 mm de espessura, além de possuir proteção contra radiação solar. Uma situação muito comum no campo é o uso de materiais como terra, tijolos e pneus sobre a lona para aumentar o contato com a silagem e maximizar o processo de vedação. No entanto, estes materiais podem causar danos à lona, além de propiciar local para refúgio de roedores. Fonte: Shutterstock.com  Figura 2. Ilustração de silo de superfície com lona plástica e pesos. Após vedação do silo e com o ambiente anaeróbio alcançado, é observada a produção de efluentes, principalmente, devido ao rompimento das células vegetais. Estes efluentes representam perda de nutrientes solúveis. Durante esta fase, o desenvolvimento de microrganismos anaeróbios inicia, e as bactérias produtoras de ácido lático são as que possuem maior relevância no processo de ensilagem. O acúmulo de ácido lático na silagem causa queda no pH e propicia a estabilização do material ensilado. Este meio anaeróbio atingido após vedação do silo também permite o desenvolvimento de enterobactérias e clostridia, mas a queda do pH, proporcionada pelo ácido lático, inibe o desenvolvimento dessas bactérias indesejáveis que causam perdas de matéria seca e diminuem a palatabilidade das silagens.  ATENÇÃO Devemos ter muita atenção nesta fase, pois todos os esforços para produção de silagem poderão gerar danos consideráveis se o material deteriorar. Para que as bactérias produtoras de ácido lático possam proporcionar queda rápida de pH e estabilização da silagem, é necessário que o meio se torne anaeróbico o mais rápido possível (com enchimento rápido do silo e alta compactação) e que o material vegetal possua teor acima de 30% de matéria seca. Muitas das vezes, não é perceptível a deterioração, podendo causar danos aos animais, levando à morte. Com a correta vedação do silo e desenvolvimento de bactérias produtoras de ácido lático com consequente queda do pH, o material ensilado entra na fase estável, permitindo a produção de silagem de qualidade. Após um mês da vedação do silo, as reações de fermentação já ocorrem e a silagem já se encontra apta para ser consumida; porém, apenas quando os pastos se tornam escassos e o material ensilado se torna necessário, ocorrerá a abertura do silo, o que pode levar de 4 a 5 meses para ocorrer. RETIRADA DA SILAGEM Nas etapas já abordadas, foi verificado que o controle para evitar a exposição da silagem ao ar deve ser rigoroso, a fim de evitar a deterioração do material, prejudicando o processo de ensilagem. Nesta fase, após a abertura do silo e retirada da silagem, o material dentro do silo deve permanecer com o manejo, evitando o contato com o ar. Já o material fornecido ao animal entrará em contato com o ar. Portanto, o intervalo de tempo entre a abertura do silo para retirada da silagem até o fornecimento para o animal deve ser o mais curto possível. O dimensionamento do silo deve respeitar a retirada de fatia de, no mínimo, 15 cm de espessura de silagem, diminuindo a exposição ao ar e impedindo a deterioração do material conservado e manutenção da qualidade. FARDAGEM O processo de fardagem funciona para atender um mercado diferenciado, em que a forragem é enfardada com alta umidade e embalada, hermeticamente, com filme especial (Figuras 3 e 4), de forma a possibilitar um ambiente anaeróbio para que possa ocorrer a fermentação e conservação desse material vegetal em fardos. Fonte: Shutterstock.com  Figura 3. Fardo com silagem embalada com filme plástico. Fonte: Shutterstock.com  Figura 4. Fardos com silagem espalhadas no campo. Geralmente, são utilizadas forragens com alto teor de umidade, que possuem menos de 20% de matéria seca, sendo enfardadas para realização do processo de ensilagem e comercializados em fardos (200 a 600 kg). As forragens mais utilizadas são as gramíneas, como aveia, azevém, cevada e tiftons. O melhor momento para realização da ensilagem é quando o vegetal a ser utilizado possui entre 40 e 60% de matéria seca após pré-secagem. O período necessário para atingir o nível ideal de matéria seca com a secagem depende da porcentagem de umidade, vento, horas de luz e densidade da forragem.  SAIBA MAIS A silagem empacotada, enfardada, desde sua introdução na década de 1980 do século passado, mostrou-se uma alternativa interessante para produção de silagens nutritivas e com qualidade. Atualmente, existem várias enfardadeiras modernas e práticas que podem ser utilizadas, principalmente, as que produzem fardos redondos. Após a fardagem, a forragem é embalada com filme especial, com qualidade para permitir o processo de fermentação. Quando a forragem é ensilada com teores ideais de matéria seca, a compressão na enfardadora, a qualidade e a quantidade de filme plástico serão fundamentais para a conservação. Quando a fardagem é realizada de maneira correta, o período de armazenamento pode girar em torno de um ano após sua produção. ESPÉCIES UTILIZADAS PARA ENSILAGEM Grande parte dos materiais vegetais pode ser conservada pela ensilagem. Entre eles, plantas forrageiras, subprodutos e resíduos da agroindústria. O conhecimento da composição das forragens é de suma importância para o processo de ensilagem. Entre os componentes mais importantes, podemos citar o teor de umidade, a quantidade e a qualidade dos carboidratos, teor de proteínas, população de microrganismos e poder tampão. A escolha do material a ser conservado pela ensilagem deve levar em conta sua composição química e microbiológica. Fonte: Shutterstock.com Precisamos tomar cuidado com o material a ser utilizado no processo de ensilagem, que não deve ser muito seco, pois haverá dificuldade de compactação e poderá favorecer o desenvolvimento de mofos e leveduras. Por outro lado, se o material possuir umidade muito alta, propiciará o desenvolvimento de fermentação butírica, através do desenvolvimento de clostridia, com consequente produção de efluentes. De acordo com a literatura, o teor de umidade recomendado no processo de ensilagem é bem variável, mas situa-se entre 30 e 42% (PEDROSO, 1998). O teor de matéria seca do material vegetal a ser ensilado deve estar ao redor de 28 a 35%. Fonte: Shutterstock.com Em relação aos carboidratos, precisamos relembrar como eles podem ser classificados. As forragens possuem: carboidratos estruturais, como a celulose, hemicelulose e pectina; e carboidratos de reserva como o amido e carboidratos solúveis em água como a glicose, frutose e sacarose. A porcentagem de carboidrato varia com a espécie vegetal, com o clima, estágio de maturação, entre outros. Para que ocorra a fermentação lática de forma adequada durante o processo de ensilagem, a forragem deve possuir, no mínimo, 15 a 16% de carboidratos solúveis na matéria seca. Todavia, precisamos levar em conta que o teor de carboidratos necessário para uma fermentação adequada depende também do poder tampão e da umidade da forragem. Teores de umidade e poder tampão altos exigem alto teor de carboidratos para fermentação. EXEMPLO Vamos analisar o caso do milho, se ele tiver 20% de matéria seca, deverá ter 14% de carboidratos solúveis para que a força da fermentação seja eficiente para diminuir o pH da silagem; por outro lado, se ele tiver 35% de matéria seca, necessitamos de apenas 5% de carboidratos solúveis durante este processo. Portanto, podemos observar fatores dentro de um mesmo vegetal que influenciam na eficiência do processo de ensilagem, como também há essas diferenças quando consideramos espécies vegetais diferentes. Veja o caso da alfafa, com o mesmo teor de matéria seca do milho (35%); necessita de 14% de carboidratos solúveis (9% a mais que o milho) para que a fermentação seja eficiente, devido ao maior poder tampão. A capacidade tamponante, ou poder tampão, sinaliza a intensidade com que a forragem resiste à variação de pH durante o processo de ensilagem. Durante a ensilagem, o poder tampão deve ser baixo, ou seja, a massa ensilada deve permitir rápida queda do pH. Quanto maior o poder tampão, maior será a quantidade necessária de ácido para reduzir o pH da silagem, tornando o processo fermentativo muito longo, ocorrendo, então, alto consumo de carboidratos solúveis, com consequentes perdas de massa vegetal. Quando comparamos a capacidade tamponante de leguminosas com a de gramíneas, as primeiras possuem poder tampão três vezes maior do que as últimas. Em relação ao teor proteico, devemos nos ater às transformações que ocorrem nas forragens. Durante o processo de ensilagem, grande parte da proteína é convertida em compostos nitrogenados, como nitratos, aminoácidos livres, peptídeos, entre outros. Com o corte e a picagem da forragem, ocorre a solubilização das proteínas. O teor proteico é relevante do ponto de vista nutricional para os animais que necessitam de proteína em quantidade e qualidade no alimento fornecido a eles; é então um elemento negativo na ensilagem. Redução no pH, alto teor de matéria seca e baixa temperatura são os fatores que reduzem a solubilização das proteínas durante o processo de ensilagem. Fonte: Shutterstock.com Outro fator a ser considerado no processo de ensilagem são os microrganismos presentes no material vegetal no momento da colheita, que podem afetar a fermentação e a qualidade da silagem produzida. Durante a colheita do material a ser ensilado, precisamos tomar cuidado para evitar que material orgânico em decomposição, solo e plantas invasoras sejam também coletados, o que poderia propiciar a contaminação com microrganismos indesejáveis. Teor correto de matéria seca, material compactado e picado de forma correta favorecem o desenvolvimento de microrganismos desejáveis.  SAIBA MAIS As principais forrageiras utilizadas no processo de ensilagem são as que possuem um elevado teor de carboidrato solúvel em sua constituição. Dentre elas, podemos citar o milho e o sorgo como as principais culturas para ensilagem e o capim elefante, que possui um bom teor de carboidratos solúveis, possibilitando a produção de silagem de boa qualidade (BERNARDES & REGO, 2014). O capim elefante é uma exceção dentre os capins, que, geralmente, possuem baixo teor de carboidrato e não são indicados. Leguminosas também não são muito indicadas, pois possuem um alto poder tampão e resistem ao aumento da acidez, mas podem ser ensiladas com outro vegetal, como o próprio milho, sorgo e capim elefante. O milho é a planta mais adequada para produção de silagem, ao considerarmos todos os fatores necessários que um vegetal precisa ter, que foram citados e discutidos acima neste item. Recomenda-se ensilar o milho quando as espigas estiverem com os grãos no estado farináceo. Além da boa composição química, na época da colheita, o grão farináceo de milho apresenta teor de carboidratos solúveis de 7 a 15%, matéria seca entre 30 e 35% e baixo poder tampão. Em relação à quantidade de matéria seca por hectare produzida, a cultura do milho gira em torno de 15 a 22 t/ha, o que é muito interessante do ponto de vista econômico, pois a produção de matéria seca é o fator mais importante na redução de custo da silagem, sendo necessária a escolha de culturas altamente produtivas para o processo de ensilagem. Fonte: Shutterstock.com O ponto ideal para corte do milho ocorre entre 95 e 115 dias de crescimento, levando-se em consideração o híbrido e a região do país. Podemos observar grande variação na composição do milho, sendo necessária uma escolha criteriosa ao considerarmos o valor nutritivo e a ensilabilidade de cada cultivar. O milho é considerado um alimento concentrado energético e possui teores proteicos baixos. Portanto, ao ser fornecido ao animal, devemos corrigir a dieta neste aspecto para que o animal não fique deficiente com consequente efeito negativo em seu desempenho. O sorgo também é muito utilizado para produção de silagem; além de apresentar composição química semelhante ao milho, possui variedades no mercado e baixo custo de aquisição. O sorgo mais utilizado é o de duplo propósito, que atende à produção de grãos e de forragens para ensilagem. O sorgo deve ser ensilado quando se encontrar no estágio farináceo-pastoso (90 a 110 dias de crescimento). Uma vantagem do uso do sorgo em relação ao milho é a maior tolerância às condições adversas. Ele apresenta resistência maior à acidez e salinidade do solo e resiste bem à escassez hídrica. Outra vantagem está relacionada à maior facilidade de picagem do sorgo quando comparado ao milho, permitindo partículas mais uniformes, favorecendo a compactação. O sorgo possui também um rendimento superior ao milho, produzindo, aproximadamente, entre 40 e 60 toneladas de forragem por hectare. Fonte: Shutterstock.com Uma cultura vegetal que tem sido muito pesquisada e utilizada atualmente é a cana-de-açúcar, que vem atraindo grande interesse para produção de silagem. A cana é altamente energética e possui custo baixo, quando comparada com as culturas citadas acima. Ela possui teor adequado de matéria seca, mas teor elevado de carboidratos solúveis, o que desencadeia alta produção de álcool etílico pelas leveduras, reduzindo então a qualidade do produto, afetando a aceitabilidade pelos animais, com diminuição no consumo. No campo, é muito comum o aproveitamento de forragem das pastagens em excesso para produção de silagem para alimentar o gado, principalmente, na seca ou em sistema intensivo de produção, onde os animais são criados confinados. O alto potencial de produção de massa dos capins tropicais, que passam, às vezes, de 30 toneladas de matéria seca produzida por hectare e o menor risco de cultivo, quando comparamos com o milho e sorgo, tem estimulado a ensilagem de capins. Por outro lado, a observação de níveis baixos de produtividade vegetal, perdas durante colheita e ensilagem tem levado a resultados insatisfatórios com a obtenção de silagens com baixa qualidade e alto custo (SOUZA; REIS; LOPEZ, 2015). Capins tropicais possuem alta umidade e baixa concentração de carboidratos solúveis, quando atingem o estágio de crescimento para corte. A alta umidade observada propicia uma fermentação inadequada e, para se obter silagens de capim com boa qualidade, é necessário o uso de aditivos, como a polpa cítrica (10% na matéria seca), que permitam o aumento do teor de matéria seca e a concentração de carboidratos solúveis na massa ensilada. As leguminosas são plantas excelentes para produção de feno, mas não são recomendadas para a produção de silagem, devido ao alto poder tampão, baixo teor de carboidratos solúveis e, geralmente, ricas em umidade na época de ensilar. O produto da ensilagem de leguminosas possui baixa qualidade, logo, recomenda-se misturar com outras gramíneas. ESPÉCIES ALTERNATIVAS PARA A PRODUÇÃO DE SILAGEM VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. COMO VIMOS, A ENSILAGEM É UM MÉTODO DE CONSERVAÇÃO DE FORRAGEM QUE COMPREENDE PRÁTICAS QUE PROPORCIONAM AO PRODUTOR ARMAZENAR ALIMENTO COM QUALIDADE PARA SER FORNECIDO EM ÉPOCAS DE ESCASSEZ ALIMENTAR. DE ACORDO COM OS PRECEITOS CONTIDOS NESTA PRÁTICA,É CORRETO DIZER QUE: A) Após a vedação do silo, deve haver manejo de abertura semanal, durante o processo de ensilagem, para permitir ventilação do material ensilado com a entrada de ar. B) A ensilagem é um processo de conservação, que, além de conservar, pode aumentar o nível nutricional da forragem. C) Material vegetal considerado de boa qualidade para produção de silagem deve possuir 10% de umidade. D) A etapa da compactação consiste em utilizar lonas plásticas para fechar os silos com auxílio de pneus ou terra para aumentar a superfície de contato entre a lona e o material ensilado. E) O processo da ensilagem é baseado na redução do pH da forragem, por meio da conversão de açúcares a ácidos, especialmente, ácido lático, mediante desenvolvimento de bactérias láticas. 2. GRANDE PARTE DOS MATERIAIS VEGETAIS PODE SER CONSERVADA PELA ENSILAGEM E O CONHECIMENTO DA COMPOSIÇÃO DESSES MATERIAIS É DE SUMA IMPORTÂNCIA PARA A PRODUÇÃO DE SILAGEM COM QUALIDADE. BASEANDO-SE NOS CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS SOBRE O USO DAS DIFERENTES CULTURAS VEGETAIS NO PROCESSO DE ENSILAGEM, MARQUE ABAIXO A ALTERNATIVA INCORRETA. A) As principais forrageiras utilizadas no processo de ensilagem são as que possuem um elevado teor de carboidrato solúvel em sua constituição. B) Durante a colheita do material a ser ensilado, precisamos tomar muito cuidado para evitar que material orgânico em decomposição, solo e plantas invasoras sejam coletados também, o que poderia propiciar a contaminação com microrganismos indesejáveis. C) O sorgo deve ser ensilado quando se encontrar no estágio farináceo-pastoso, e o milho quando as espigas estiverem com os grãos no estado farináceo. D) Durante a ensilagem, o poder tampão deve ser alto, para permitir subida rápida do pH da massa ensilada. E) Para produção de silagem com qualidade, os componentes mais importantes do material vegetal a ser ensilado a serem considerados são o teor de umidade, a quantidade e qualidade dos carboidratos, teor de proteínas, população de microrganismos e poder tampão. GABARITO 1. Como vimos, a ensilagem é um método de conservação de forragem que compreende práticas que proporcionam ao produtor armazenar alimento com qualidade para ser fornecido em épocas de escassez alimentar. De acordo com os preceitos contidos nesta prática, é correto dizer que: A alternativa "E " está correta. Após vedação, deve-se manter fechado o silo até o término do processo de ensilagem; a ensilagem é um processo de conservação e não aumenta o nível nutricional do material ensilado; massa vegetal considerada de boa qualidade deve possuir teor de umidade entre 30 e 42%; a etapa da compactação consiste na retirada do ar com auxílio de caminhões, por exemplo, de forma homogênea, e as lonas plásticas são utilizadas na vedação do material ensilado. A última alternativa está correta, pois a ensilagem se baseia na diminuição do pH através dos carboidratos presentes no material vegetal. 2. Grande parte dos materiais vegetais pode ser conservada pela ensilagem e o conhecimento da composição desses materiais é de suma importância para a produção de silagem com qualidade. Baseando-se nos conhecimentos adquiridos sobre o uso das diferentes culturas vegetais no processo de ensilagem, marque abaixo a alternativa incorreta. A alternativa "D " está correta. Durante a ensilagem, o poder tampão deve ser baixo, para que possa rapidamente reduzir o pH da massa ensilada. MÓDULO 2  Conhecer os principais tipos de silo e os cálculos para seu dimensionamento CONCEITOS A disponibilidade alimentar é preponderante para uma produtividade satisfatória. A forma como a silagem será armazenada é de suma importância para garantir que os processos relacionados à fermentação anaeróbica ocorram de forma satisfatória. Logo, o arranjo ao qual o material ensilado é submetido é o que proporciona que todo oxigênio seja retirado ou consumido pela respiração vegetal, aumentando assim, o rendimento da matéria ensilada. Diversos são os fatores que interferem na escolha do tipo de silo a ser utilizado, tais como (CARDOSO & SILVA, 1995): FATORES ECONÔMICOS javascript:void(0) Disponibilidade inicial e manutenção da capacidade de investimento do produtor. FATORES TECNOLÓGICOS Capacidade de instalação e mão de obra especializada na manutenção. AS PERDAS GERADAS Escolha do tipo de silo estará diretamente ligada à eficiência alimentar da massa ensilada. FLEXIBILIDADE DE USO É de grande importância, uma vez que o custo com deslocamento do material a ser ensilado até o silo e, posteriormente, a sua retirada para a alimentação dos animais é significante em relação ao processo produtivo. TIPOS DE SILO MAIS UTILIZADOS Trincheira e superficial OUTROS TIPOS DE SILO UTILIZADOS NO SISTEMA PRODUTIVO BRASILEIRO Cisternas, aéreo, tipo bag e silo fardo bola SILO TRINCHEIRA Fonte: Shutterstock.com  Figura 5. Silo tipo trincheira. DEFINIÇÃO: É um tipo de silo de formato trapezoidal e, em geral, é construído utilizando-se de desnível em parte alta do terreno, construindo-se uma vala, que pode ser revestida de alvenaria, o que evita a degradação acelerada das paredes laterais (Figura 5). No entanto, exige um investimento inicial mais alto. O javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) dimensionamento correto desse tipo de silo é fundamental para que sejam atendidas as condições de inclinação necessárias para uma conservação satisfatória da matéria ensilada. Deve-se ter cuidado especial com a profundidade em relação ao lençol freático, para que ele não seja atingido. VANTAGENS Este tipo de silo tem como vantagem a sua facilidade de manejo. Por possuir as paredes laterais, promove melhor compactação da matéria ensilada e satisfatória quantidade de matéria pode ser abastecida e desabastecida. Quando comparado ao silo de superfície, apresenta menores taxas de perda de matéria ensilada.  DESVANTAGENS Possui um custo de implantação mais elevado quando comparado ao silo de superfície, exposição maior da massa ensilada ao oxigênio atmosférico, o que, como vimos no módulo anterior, não é o ideal. No tocante à logística, tem como desvantagem estar em local fixo. Logo, se, por qualquer necessidade, o produtor tiver uma troca da área de alimentação dos animais, haverá um incremento nos gastos com transporte e, como vimos no início do módulo, esse é um gasto considerável no processo produtivo. Não permite o armazenamento de silagens com tempo de maturação diferenciado. SILO SUPERFICIAL Fonte: Shutterstock.com  Figura 6. Silo tipo superfície. DEFINIÇÃO: Mais um silo de formato trapezoidal, mas que é construído sob o solo, sem qualquer escavação, com o acúmulo da matéria ensilada em cima do solo, posteriormente, sendo coberta por lona presa em suas laterais, por material que impeça a sua abertura involuntária. É necessário que o fundo do silo tenha uma leve declividade para que haja uma área de escoamento do chorume para fora da silagem. É interessante ainda a abertura de valetas no entorno do silo para evitar a possibilidade de contato com a água da chuva, o que prejudicaria a qualidade da silagem (Figura 6). VANTAGENS Tem como vantagem o menor custo de implantação, já que não se faz necessária qualquer obra. Tem flexibilidade em sua localização, permitindo o seu deslocamento de acordo com a necessidade do produtor. Pode ser construído em baixadas, sem preocupação de contato com o lençol freático; a mão de obra e os maquinários exigidos para abastecimento e desabastecimento são mais simples.  DESVANTAGENS Pode apresentar maiores perdas de matéria ensilada quando comparado ao silo tipo trincheira, assim como, maior dificuldade de compactação do material ensilado por conta da ausência das paredes laterais e exposição do material ensilado ao oxigênio atmosférico. Deve ser considerada a grande quantidade de material plástico utilizado para o isolamento. Além do ponto de vista econômico, deve-se ter um alerta a uma maior pressãoecológica, por conta do uso desse material em grande escala. SILO TIPO CISTERNAS DEFINIÇÃO: É um tipo de silo pouco utilizado atualmente; é construído abaixo da linha do solo e, por essa característica, tem de ser analisada a profundidade do lençol freático na área de construção. Sua área de utilização deve ser revestida, além de necessitar da construção de um telhado para evitar os efeitos da chuva. Utiliza um sistema de cordas e roldanas para a retirada da matéria ensilada. VANTAGENS Este tipo de silo tem um custo inferior aos silos aéreos, são de fácil abastecimento e facilitam a compactação.  DESVANTAGENS Tem como desvantagens a dificuldade em ser feita a sua descarga, necessitando de um sistema de cordas e roldanas, e a obrigatoriedade de revestimento. Tem a profundidade do solo como fator limitante, uma vez que não pode atingir o lençol freático, limitando assim, sua capacidade de armazenagem. SILO AÉREO DEFINIÇÃO: Os silos do tipo aéreo possuem formato cilíndrico; para sua construção, faz-se necessário um projeto de estruturas e fundações mais detalhado. É um tipo de silo pouco utilizado no Brasil, devido ao alto custo inicial para sua implantação. VANTAGENS Tem como grande vantagem a capacidade de armazenamento e a eficiência na compactação da matéria, utilizando-se do próprio peso do material. Permite abrigo efetivo do material ensilado em relação às intempéries. Esse tipo de silo tem por característica ocupar pouca área para sua construção.  DESVANTAGENS Tem como desvantagem o alto valor inicial para sua instalação, a dificuldade de abastecimento e a retirada do material ensilado. Necessita de projetos mais complexos para a instalação. SILO TIPO BAG Fonte: Shutterstock.com  Figura 6. Silo tipo bag. DEFINIÇÃO: O silo bag ou silo bolsa tem estrutura tubular, horizontal, onde a massa ensilada, após ser mecanicamente picada, é armazenada em grandes sacolas (Figura 7) que podem ser confeccionadas com polietileno de origem petroquímica ou de origem verde. Esse tipo de silo tem a sua eficiência máxima em condições de baixa umidade, sendo 13% a ideal. VANTAGENS O silo bolsa ou bag apresenta a vantagem de flexibilizar sua área de armazenagem e transporte, além de permitir a armazenagem de matéria ensilada de diferentes glebas. Além disso, o silo do tipo bag apresenta menores índices de perdas quando comparado aos outros tipos de silo.  DESVANTAGENS O silo tipo bolsa apresenta como desvantagem o alto custo inicial em equipamentos para sua instalação, a dificuldade de adaptação às nossas condições climáticas, já que o sistema foi desenvolvido para locais de clima mais frio e com pluviosidade menos intensa, colaborando para a colheita de grãos mais limpos e secos. SILO FARDO OU SILO BOLA DEFINIÇÃO: Conforme foi visto no módulo 1, na parte sobre fardagem, o silo fardo ou silo bola consiste na armazenagem do material ensilado envolto em plástico filme. Essa metodologia é conhecida por ser a precursora no processo de comercialização de silagem, uma vez que permite uma logística simples de transporte. Esses fardos em formato de bola têm seu peso variando entre 200 e 600 kg. VANTAGENS Este modelo de silo possui como principal vantagem a possibilidade de comercialização do material ensilado, este pode ser preparado direto no campo, em unidades fragmentadas e menores.  DESVANTAGENS Esse modelo de silo possui como desvantagem o alto valor para sua instalação, além da necessidade de mão de obra especializada. O risco com as perdas por conta da estocagem também deve ser levado em conta. APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DE SILOS PARA PEQUENOS PRODUTORES CÁLCULOS PARA DIMENSIONAMENTO DOS SILOS Para o planejamento do tamanho do silo, precisamos saber a quantidade de animais a serem alimentados, a quantidade de silagem consumida por dia e a quantidade de dias em que a silagem será utilizada para a alimentação. Abaixo, calcularemos o dimensionamento para cada tipo de silo em separado (CARDOSO & SILVA, 1995). DIMENSIONAMENTO DO SILO DO TIPO TRINCHEIRA Como foi descrito nas definições do silo trincheira, este tem formato trapezoidal. Para realização dos cálculos de dimensionamento, vamos chamar a base menor de (b), correspondente ao fundo do silo. Para cada metro de altura até a base maior, aqui denominada de (B), a largura do topo deve possuir no mínimo 0,5 metro a mais que a largura da base menor (b), para a manutenção de uma inclinação de no mínimo 25%. A altura pode variar de 1,5 metro até 3 metros, dependendo das condições do terreno. Como estimativa para esse tipo de silo, assumimos que 1.000 kg de silagem ocupam 2 m3 de silo. Assim, obtemos o volume total necessário na trincheira. Fonte: Shutterstock.com O comprimento mínimo, aqui denominado (C) de um silo do tipo trincheira é obtido pelo produto do número de dias de alimentação da criação por 0,15 metro, uma vez que quinze centímetros deve ser a espessura mínima da fatia de silagem a ser retirada do silo depois de realizada a sua abertura. Considerando as informações acima, visando o dimensionamento de um silo trincheira, vamos utilizar as seguintes fórmulas (IEZZI et al., 2019):  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Onde V = Volume de silagem (m3); S = Superfície ou área de seção trapezoidal (m2); C = Comprimento do silo (m)  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Onde: S = Superfície ou área de seção trapezoidal (m2); B = Base maior (B); B = Base menor; A = Altura, todos os três em metros Para finalidade de exemplo de cálculo, vamos considerar uma propriedade onde 40 garrotes serão alimentados com silagem durante 100 dias. Para cada garrote, será fornecida a quantidade de 15 kg de silagem por dia. A declividade do terreno permite a escavação de 2,0 metros de profundidade para o silo (A). Para fins de exemplo, vamos considerar ainda uma perda de 10% durante o processo. 1º PASSO: CÁLCULO DE SILAGEM NECESSÁRIA (SN) Para chegar à quantidade de silagem necessária, é preciso multiplicar o número de garrotes alimentados (UA) pelo total de dias de alimentação (DA), utilizando a silagem pelo consumo diário de cada garrote (CD), considerando os dados do exemplo: V= S x C S = x AB + b 2 SN = UA xDA xCD ⇒ SN = 40 x 100 x 15 ⇒ SN = 60. 000 kg + 10% (perdas no processo) SN = 66. 000 kg  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal 2º PASSO: RELAÇÃO DE KG DE SILAGEM COM O VOLUME DE OCUPAÇÃO DO SILO Conforme vimos na parte de cálculo para dimensionamento do silo tipo trincheira, 1.000 kg de silagem ocupam 2 m3 de silo. Logo:  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Assim, obtemos o volume de silagem necessário (V) e, por conseguinte, o volume que o silo deve ter. 3º PASSO: COMPRIMENTO MÍNIMO DO SILO O comprimento do silo será definido pelo produto dos dias de alimentação (DA) pela espessura mínima da fatia de massa ensilada que é de 0,15 m, uma vez que quinze centímetros deve ser a espessura mínima da fatia de silagem a ser retirada do silo depois de realizada a sua abertura, conforme vimos anteriormente na parte de cálculos para dimensionamento do silo tipo trincheira. Logo:  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Logo, o comprimento mínimo do silo será de 15 metros. Vamos adotar essa medida para a continuidade dos cálculos. 4º PASSO: CÁLCULO DA SEÇÃO TRAPEZOIDAL Para chegarmos à seção trapezoidal do silo, vamos resgatar a fórmula V= S x C, vista no início deste tópico. Faz-se necessário também o resgate do volume do silo (V) e do comprimento do silo (C), ambos já calculados.  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Resgatando a fórmula que define os valores das bases do silo e, lembrando que a declividade do terreno permite a escavação de 2,0 metros de profundidade para o silo (A), temos:  Atenção! Para visualização completa daequação utilize a rolagem horizontal Como vimos acima, B+b = 8,8 m Assim: 1. 000 kg = 2m3 66. 000 kg = 132m3 C = DA x 0, 15 ⇒ C = 100 x 0, 15 ⇒ C = 15 metros V = S x C 132 m3 = S x 15 m ⇒ S = 132 m3/15 m ⇒ S = 8, 8 m2 S = x A ⇒ 8, 8m2 = x 2, 0m ⇒ B + b = ⇒ B + b = 8, 8mB+b 2 B+b 2 8,8m2 x 2 2,0m b + 0, 5A + b = 8, 8m ⇒ 2b + 0, 5 x 2m = 8, 8m ⇒ 2b + 1 m = 8, 8 m ⇒ 2b = 8, 8m – 1, 0m ⇒ 2b = 7, 8m ⇒ b = 3, 9m  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal 5º PASSO: DIMENSÕES DO SILO Assim, as dimensões do silo que atendem às necessidades do exemplo em questão são: 3,9 m de largura de base, 4,9 m de largura de topo, 2,0 m de altura e 15 metros de comprimento. DIMENSIONAMENTO DO SILO DO TIPO SUPERFÍCIE As fórmulas utilizadas para cálculo de silo de superfície são as mesmas utilizadas para o silo do tipo trincheira. No entanto, como ele é formado pelo amontoado e compactação da matéria em cima do solo, deve ser dado um formato aproximado do trapezoidal para melhor aplicação das equações. Uma diferença é a relação de volume desse tipo de silo; cada 1 m3 de um silo de superfície comporta aproximadamente 400 kg de silagem. Fonte: Shutterstock.com Vamos tomar como exemplo o mesmo caso utilizado para o silo de trincheira. Uma propriedade onde 40 garrotes serão alimentados com silagem durante 100 dias. Para cada garrote será fornecida a quantidade de 15 kg de silagem por dia. A área da lona que vai recobrir o silo permite uma altura (A) de 1,5 m. Vamos considerar ainda uma perda de 15% durante o processo, já que esse tipo de silo tende a ter maior perda que o silo de trincheira. 1º PASSO: CÁLCULO DE SILAGEM NECESSÁRIA (SN) Para chegar à quantidade de silagem necessária, é preciso multiplicar o número de garrotes alimentados (UA) pelo total de dias de alimentação (DA), utilizando a silagem pelo consumo diário de cada garrote (CD), considerando os dados do exemplo:  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal V oltemos à e x pressão B = b + 0, 5A, Logo : B = 3, 9m + 1 m ⇒ B = 4, 9m SN = UA x DA x CD ⇒ SN = 40 x 100 x 15 ⇒ SN = 60. 000kg + 15% (perdas do processo) SN = 69. 000kg 2º PASSO: RELAÇÃO DE KG DE SILAGEM COM VOLUME DE OCUPAÇÃO DO SILO Conforme vimos na parte de cálculo para dimensionamento do silo tipo superfície, 400 kg de silagem ocupam 1 m3 de silo. Logo:  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Assim obtemos o volume de silagem necessário (V) e, por conseguinte o volume que o silo deve ter. 3º PASSO: COMPRIMENTO MÍNIMO DO SILO O comprimento do silo será definido pelo produto dos dias de alimentação (DA) pela espessura mínima da fatia de massa ensilada, que é de 0,15 m. Para fins de cálculo, será mantido o tamanho de fatia de massa ensilada.  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Sendo assim, o comprimento mínimo do silo será de 15 metros. Vamos adotar essa medida para a continuidade dos cálculos. 4º PASSO: CÁLCULO DA SEÇÃO TRAPEZOIDAL Para chegarmos à secção trapezoidal do silo, vamos resgatar a fórmula V= S x C (IEZZI et al., 2019), vista no início deste tópico. Faz se necessário também o resgate do volume do silo (V) e do comprimento do silo (C), ambos já calculados.  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Resgatando a fórmula que define os valores das bases do silo e lembrando que a lona que vai recobrir o silo permite uma altura (A) de 1,5 m temos:  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Para realizar os cálculos das bases do silo de superfície, vamos considerar B como a base maior, nesse caso, a que se encontra em contato com o solo, e b a base menor, nesse caso, o topo, por conta do posicionamento espacial desse tipo de silo. Mantendo a diferença de 0,5 metro entre as bases para cada metro de altura visando à manutenção de uma inclinação de no mínimo 25%. Logo, temos B = b+0,5 A Como vimos acima, B+b = 15,33 m 400kg = 1m3 ⇒ 69. 000kg = 172, 5 m3 C = DA x 0, 15 ⇒ C = 100 x 0, 15 ⇒ C = 15 metros V = S x C 172, 5 m3 = S x 15 m ⇒ S = 132m3/15 m ⇒ S = 11, 5 m2 S = xA ⇒ 11, 5m2 = x 1, 5m ⇒B+b 2 B+b 2 B + b = ⇒ B + b = 15, 33m 11,5m2 x 2 1,5m Assim:  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Voltemos a expressão B=b+0,5A, Logo:  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal 5º PASSO: DIMENSÕES DO SILO Logo, as dimensões do silo que atendem às necessidades do exemplo em questão são: 8,04 m de largura de base, 7,29 m de largura de topo, 1,5 m de altura e 15 metros de comprimento. DIMENSIONAMENTO DO SILO DO TIPO CISTERNA Por conta das limitações já exemplificadas quando da descrição desse tipo de silo, o dimensionamento dele será feito de forma unitária e assim expandido conforme a necessidade de matéria ensilada. Vamos considerar que o limite de profundidade por conta do lençol freático foi atingido com 5 metros. Por conta do conjunto de cordas e roldanas, o raio escolhido para o nosso silo cisterna será de 2 metros. Cada 1 m3 de um silo de cisterna comporta aproximadamente 600 kg de silagem. Vamos tomar como exemplo o mesmo caso utilizado para o silo de trincheira: uma propriedade onde 40 garrotes serão alimentados com silagem durante 100 dias. Para cada garrote será fornecida a quantidade de 15 kg de silagem por dia. Para este tipo de silo, vamos considerar as perdas em 15%. 1º PASSO: CÁLCULO DE SILAGEM NECESSÁRIA (SN) Para chegar à quantidade de silagem necessária, é preciso multiplicar o número de garrotes alimentados (UA) pelo total de dias de alimentação (DA), utilizando a silagem pelo consumo diário de cada garrote (CD), considerando os dados do exemplo: b + 0, 5A + b = 15, 33 ⇒ 2b + 0, 5 x 1, 5m = 15, 33m ⇒ 2b + 0, 75m = 15, 33m ⇒ 2b = 15, 33m − 0, 75m ⇒ 2b = 14, 58m ⇒ b = 7, 29m B = 7, 29m + 0, 75m ⇒ B = 8, 04m SN = UA xDA xCD ⇒ SN = 40 x 100 x 15 ⇒ SN = 60. 000kg + 15% (perdas do processo)  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal 2º PASSO: CÁLCULO DA SEÇÃO TRANSVERSAL DO SILO Ar = p x r2 (IEZZI et al., 2019). Onde: Ar = Área da seção transversal (m2); p = Constante 3,14; r = Raio do círculo (m) Logo:  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal 3º PASSO: CÁLCULO DO VOLUME DO SILO  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal 4º PASSO: RELAÇÃO DE KG DE SILAGEM COM VOLUME DE OCUPAÇÃO DO SILO  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal 5º PASSO: QUANTIFICAÇÃO DO NÚMERO DE SILOS CISTERNA NECESSÁRIOS Capacidade de massa ensilada em um silo cisterna = 37.680 kg Silagem necessária (conforme primeiro passo) = 69.000 kg Número de silos cisterna necessários = silagem necessária/capacidade de massa ensilada em um silo Número de silos = 69.000/37.680 Número de silos = 1,83 Logo, para suprir a demanda de massa ensilada para alimentação dos animais do exemplo serão necessários dois silos do tipo cisterna com profundidade de 5 metros e raio de 2 metros. DIMENSIONAMENTO DO SILO DO TIPO AÉREO Os silos aéreos têm por característica maior complexidade para o cálculo de suas dimensões. Com o intuito de facilitar a compreensão do dimensionamento deste tipo de silo, vamos dividir em duas partes, denominadas cilindro e cone. Primeiro, calculamos o volume do cilindro, aqui denominado de V1, que será obtido através da fórmula: SN = 69. 000kg Ar = 3, 14 x 22 Ar = 12, 56m2 V = Ar x A (altura) ⇒ V = 12, 56 x 5 ⇒ V = 62, 8 m3 600 kg = 1m3 ⇒ 62, 8m3 = 37. 68kg (massa ensilada)  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Segundo, vamos calcular o volume do cone, aqui denominado de V2,que será obtido através da fórmula:  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Cada 1 m3 de um silo de cisterna comporta aproximadamente 600 kg de silagem. De forma geral, a altura de um silo cilíndrico aéreo é de 2,5 a 3,0 vezes o seu diâmetro. Para o nosso exemplo, vamos adotar um diâmetro de 4 metros e uma altura de 12 metros. Vamos tomar um exemplo similar ao utilizado para o silo de trincheira. Uma propriedade onde 70 garrotes serão alimentados com silagem durante 100 dias. Para cada garrote, será fornecida a quantidade de 15 kg de silagem por dia. Para este tipo de silo, vamos considerar as perdas em 10%. 1º PASSO: CÁLCULO DE SILAGEM NECESSÁRIA (SN) Para chegar à quantidade de silagem necessária, é preciso multiplicar o número de garrotes alimentados (UA) pelo total de dias de alimentação (DA), utilizando a silagem pelo consumo diário de cada garrote (CD), considerando os dados do exemplo:  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal 2º PASSO: CÁLCULO DO VOLUME DO CILINDRO (V1)  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal 3º PASSO: CÁLCULO DO VOLUME DO CONE (V2)  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal V = Ab x H (Onde Ab é a área da base p x r2) e H é a altura (IEZZI et al. , 2019) V 2 = V 1/3 SN = UA x DA x CD ⇒ SN = 70 x 100 x 15 ⇒ SN = 105. 000kg + 10% (perdas do processo) ⇒ SN = 115. 500kg SN = 115. 500kg V 1 = Ab x H ⇒ V = p x r2 x 12 ⇒ V 1 = 3, 14 x 4 x 12 ⇒ V 1 = 150, 72 m3 V 2 = V 1/3 ⇒ V 2 = 150, 72/3 ⇒ V 2 = 50, 24 M 3 4º PASSO: CÁLCULO DO VOLUME TOTAL DO SILO (V1+V2)  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal 5º PASSO: RELAÇÃO DE KG DE SILAGEM COM VOLUME DE OCUPAÇÃO DO SILO  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Considerando que a necessidade de massa ensilada para suprir as necessidades alimentares dos animais durante o período em questão é de 115.500 kg e o silo dimensionado é capaz de armazenar 120.576 kg, podemos concluir que, com as dimensões utilizadas, o silo será capaz de suprir as necessidades de massa ensilada dos animais. DIMENSIONAMENTO DO SILO DO TIPO BAG Os silos do tipo bag possuem variedade em relação ao seu tamanho, tanto em relação ao diâmetro, podendo variar entre 1,8 até 3,6 metros, quanto em relação ao seu comprimento, com 30, 60 ou 90 metros. O mercado brasileiro em sua maioria adota as dimensões de 1,8 de diâmetro por 60 metros de comprimento. Para esse tipo de silo, devemos nos atentar que o comprimento da bag não é totalmente preenchido pela silagem. Fonte: Shutterstock.com Para isso, devemos utilizar como fator de correção do comprimento efetivo com silagem (CES). Vamos utilizar a seguinte fórmula:  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Obtendo o valor do CES, calculamos o volume do silo bag, através da fórmula:  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal V T = V 1 + V 2 ⇒ V T = 150, 72 + 50, 24 ⇒ 200, 96 M 3 600 kg = 1 m3 ⇒ 200, 96 m3 = 120. 576 kg (massa ensilada) : CES = Comprimento da bag – (2 x diâmetro) (IEZZI et al. , 2019). V = 3, 14 x r2 x CES Finalmente, deve-se estabelecer a relação de toneladas de material ensilado por M3. O ideal para este tipo de silo é trabalhar com valores observados nos próprios silos da propriedade durante o manejo. Na impossibilidade de obtenção desses números, os valores aceitos estão compreendidos entre 150 a 230 kg/m3. Vamos tomar como exemplo um similar ao utilizado para o silo de trincheira. Uma propriedade onde 40 garrotes serão alimentados com silagem durante 100 dias. Para cada garrote, será fornecida a quantidade de 15 kg de silagem por dia. Para este tipo de silo, vamos considerar as perdas em 10%. As dimensões escolhidas para o nosso exemplo serão: 2,0 metros de diâmetro e 60 metros de comprimento. A relação de matéria ensilada por volume será considerada de 200 kg por metro cúbico. 1º PASSO: CÁLCULO DE SILAGEM NECESSÁRIA (SN) Para chegar à quantidade de silagem necessária, é preciso multiplicar o número de garrotes alimentados (UA) pelo total de dias de alimentação (DA) utilizando a silagem pelo consumo diário de cada garrote (CD), considerando os dados do exemplo:  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal 2º PASSO: CÁLCULO DO COMPRIMENTO EFETIVO COM SILAGEM (CES)  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal 3º PASSO: CÁLCULO DO VOLUME DO SILO BAG  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal 4º PASSO: RELAÇÃO DE T (TONELADA) DE SILAGEM COM VOLUME DE OCUPAÇÃO DO SILO  Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Considerando que a necessidade de massa ensilada para suprir as necessidades alimentares dos animais durante o período em questão é de 66.000 kg e o silo dimensionado é capaz de armazenar 35.168 kg, obtemos o número de silos bag necessários para suprir as necessidades alimentares dos animais dividindo a silagem necessária (SN) pela capacidade de armazenagem de um silo, ou seja, 66.000/35.168 = 1,87 silo. Logo, para atender a esta demanda, serão necessários 2 silos com 2,0 metros de diâmetro e 60 metros de comprimento. SN = UA x DA x CD ⇒ SN = 40 x 100 x 15 ⇒ SN = 60. 000 kg + 10% (perdas do processo) SN = 66. 000 kg CES = Comprimento da bag – (2 x diâmetro) ⇒ CES = 60 − (2 x 2, 0) ⇒ CES = 60 – 4 CES = 56 m V = 3, 14 x r2 x CES ⇒ V = 3, 14 x 12 x 56 ⇒ V = 175, 84 m3 200 kg = 1m3 ⇒ 175, 84 m3 = 35. 168 kg (massa ensilada) VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O BRASIL É UM PAÍS COM ESTAÇÕES DO ANO NÃO MUITO BEM DEFINIDAS, NO ENTANTO, COM BOA DIVISÃO ENTRE PERÍODO SECO E CHUVOSO. HAJA VISTA A MANUTENÇÃO DA DISPONIBILIDADE ALIMENTAR DURANTE TODO O ANO PARA A CRIAÇÃO ANIMAL, OS PRODUTORES RECORREM À ENSILAGEM PARA FORNECIMENTO DE ALIMENTO DE QUALIDADE DURANTE O PERÍODO DE MENOR DISPONIBILIDADE DE ALIMENTOS. ESSE MATERIAL ENSILADO É ACONDICIONADO EM SILOS. BASEADO NOS SEUS CONHECIMENTOS, MARQUE A ALTERNATIVA INCORRETA RELACIONADA ÀS VANTAGENS APRESENTADAS PELO SILO DO TIPO TRINCHEIRA: A) Facilidade de manejo. B) Permite o seu deslocamento espacial do silo conforme necessidade do produtor. C) Boa capacidade de abastecimento e desabastecimento do silo. D) Possui menores perdas de matéria ensilada quando comparado ao silo superfície. E) Possui paredes laterais, o que facilita a compactação da silagem. 2) O PROCESSO DE DIMENSIONAMENTO DO SILO É DE GRANDE IMPORTÂNCIA PARA O PRODUTOR, ENVOLVENDO QUESTÕES COMO NECESSIDADE ALIMENTAR, NÚMERO DE DIAS COM NECESSIDADE DA ENSILAGEM E NÚMERO DE ANIMAIS A SEREM ALIMENTADOS. VAMOS CONSIDERAR UMA FAZENDA COM 50 VACAS EM LACTAÇÃO, CUJA NECESSIDADE DE ALIMENTAÇÃO COM A UTILIZAÇÃO DA ENSILAGEM SERÁ DE 20 KG/ANIMAL/DIA, DURANTE 180 DIAS, E ASSUMIR UTILIZAÇÃO DE SILOS DO TIPO BAG, COM AS SEGUINTES DIMENSÕES: DIÂMETRO DE 1,8 METRO E COMPRIMENTO DE 30 METROS. EM OBSERVAÇÕES PASSADAS NESTA MESMA PROPRIEDADE E UTILIZANDO O MESMO TIPO DE SILO, O PRODUTOR OBSERVOU QUE A DENSIDADE DE MASSA FOI 200 KG/1M3. INDIQUE A QUANTIDADE MÍNIMA DE SILOS NECESSÁRIOS PARA SUPRIR AS NECESSIDADES ALIMENTARES DESSAS VACAS. A) 12 silos B) 13 silos C) 14 silos D) 15 silos E) 16 silos GABARITO 1. O Brasil é um país com estações do ano não muito bem definidas, no entanto, com boa divisão entre período seco e chuvoso. Haja vista a manutenção da disponibilidade alimentar durante todo o ano para a criação animal, os produtores recorrem à ensilagem para fornecimento de alimento de qualidade durante o período de menor disponibilidade de alimentos. Esse material ensilado é acondicionado em silos. Baseado nos seus conhecimentos, marque a alternativa incorreta relacionadaàs vantagens apresentadas pelo silo do tipo trincheira: A alternativa "B " está correta. O silo trincheira possui estrutura fixa, portanto, não permite deslocamento. 2) O processo de dimensionamento do silo é de grande importância para o produtor, envolvendo questões como necessidade alimentar, número de dias com necessidade da ensilagem e número de animais a serem alimentados. Vamos considerar uma fazenda com 50 vacas em lactação, cuja necessidade de alimentação com a utilização da ensilagem será de 20 kg/animal/dia, durante 180 dias, e assumir utilização de silos do tipo bag, com as seguintes dimensões: Diâmetro de 1,8 metro e comprimento de 30 metros. Em observações passadas nesta mesma propriedade e utilizando o mesmo tipo de silo, o produtor observou que a densidade de massa foi 200 kg/1m3. Indique a quantidade mínima de silos necessários para suprir as necessidades alimentares dessas vacas. A alternativa "C " está correta. Cálculo da silagem necessária (SN): SN = UA x DA x CD= 198.000 kg; Cálculo do comprimento efetivo com silagem (CES): CES = Comprimento da bag – (2x diâmetro) = 26,4 metros. Cálculo do volume do silo bag (V): V = 3,14 x r2 x CES= 67,14 m³. Relação kg de silagem por m³ de volume, 1 m³ = 200 kg, logo 67,14 m³ = 13.428 kg. Divisão da necessidade total de silagem pela capacidade de um único silo, 198.000/13.428 = 14,74 silos, ou seja, 15 silos. MÓDULO 3  Descrever os fundamentos da ensilagem aplicados na alimentação animal e as transformações na massa ensilada CONSIDERAÇÕES GERAIS O potencial produtivo de plantas forrageiras no Brasil é enorme, principalmente, devido às condições favoráveis. Possuímos extensão, umidade, luz e temperatura ideais ou próximo de ideais em diferentes regiões do país. Este potencial produtivo favorece a pecuária nacional, principalmente, bovinocultura e equinocultura, animais herbívoros que se alimentam de fonte vegetal.  SAIBA MAIS Um dos fatores que afetam o consumo de forragens no Brasil é a estacionalidade, tornando a produção irregular, sendo necessárias alternativas para manter durante o ano o fornecimento de alimento em quantidade e com qualidade para os animais. Portanto, a produção de silagem representa ferramenta-chave, sendo um dos processos mais importantes na conservação de forragens, para servir como alimento para a pecuária, principalmente, durante períodos de escassez alimentar. RECOMENDAÇÕES E UTILIZAÇÃO DA SILAGEM NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL Foi discutido, nos módulos anteriores, que a silagem exposta ao ar se deteriora rapidamente, portanto, a retirada do silo para fornecimento aos animais deve respeitar a quantidade de silagem que eles possam ingerir em cada alimentação. Toda silagem deteriorada deve ser refugada, pois a presença de microrganismos maléficos poderá acarretar diarreias e outros distúrbios ao animal. As recomendações e utilização da silagem para os animais possuem variações entre as espécies e dentro das diferentes espécies que a consomem. As recomendações variam com idade, fase fisiológica e objetivo da produção (ANDRIGUETTO et al., 2002). Na bovinocultura, bezerros jovens podem receber silagem após 60 a 90 dias de idade. Devemos iniciar com o fornecimento de pequenas e crescentes quantidades de silagem até atingir o nível recomendado, para evitar distúrbios metabólicos. Em relação às vacas leiteiras, devemos tomar cuidado ao fornecer silagem, pois existe a possibilidade de ela transmitir cheiro e sabor ao leite. A fim de evitar este inconveniente, devemos fornecer a silagem em local aberto e bem ventilado. Na tabela abaixo (Tabela 1), encontram-se as recomendações para consumo de silagem por animal por dia para as diferentes espécies. Categoria animal (espécie) Recomendação por animal por dia Vacas leiteiras 3% do peso vivo (até 20 kg) Vacas secas 9 a 15 kg Bovinos no sobreano e novilhas 1,5% do peso vivo Bovinos em engorda 5 a 6 kg Ovinos 1 a 2 kg Equinos e muares Até 7 kg  Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal  Fonte: Adaptada de ANDRIGUETTO et al., 2002. De modo geral, o produtor deve calcular a quantidade de silagem a ser fornecida para o gado na entressafra, considerando exigências nutricionais de silagem por dia e por animal, que representará a quantidade de silagem necessária para armazenamento. Fonte: Shutterstock.com A silagem é mais utilizada como alimento para ruminantes, principalmente, o gado leiteiro (Figura 8), mas ela também pode ser fornecida para equinos. A utilização de silagens nas propriedades rurais tem crescido nos últimos anos. Muitos produtores têm utilizado silagem de milho para reduzir o fornecimento de alimentos concentrados (que possuem menos de 18% de fibra bruta em sua constituição), com a possibilidade de reduzir ocorrências de distúrbios metabólicos em equinos, após ingerir alta concentração de amido. Animais não adaptados ao consumo de silagem devem passar por uma adaptação gradual, com fornecimentos parcelados, aumentando-se diariamente a quantidade. Todavia, por se tratar de alimento extremamente energético, a silagem não deve ser utilizada como única fonte alimentar para equinos. Além do fato de os equinos serem animais muito sensíveis, podendo estranhar o cheiro e o gosto da silagem. Ao focarmos na nutrição, a suplementação com silagem para equinos se mostra viável, principalmente, no inverno. Além de observar a quantidade que será ofertada aos animais, precisamos levar em consideração o balanceamento com outras fontes alimentares nos níveis necessários para atender às exigências dos animais e proporcionar bom desempenho. SILAGEM VERSUS PRODUTIVIDADE ANIMAL TRANSFORMAÇÕES NA MASSA ENSILADA O manejo correto na retirada da silagem dos silos para fornecimento ao animal é fundamental para manter o alimento saudável e com qualidade. Perdas por fermentação, após contato do material com o ar, sempre ocorrem em diversas proporções, e a eliminação do material contaminado e deteriorado, infelizmente, nem sempre é prática comum em propriedades rurais. O fornecimento de silagem contaminada nas dietas dos animais possui uma grande influência sobre o desempenho. O fornecimento de silagem deteriorada para os animais diminui o consumo de matéria seca e reduz a digestibilidade de nutrientes, principalmente, de proteína bruta e de fibra em detergente neutro (FDN), além de influenciar negativamente a na produtividade animal. Portanto, a eliminação das porções contaminadas e deterioradas da silagem de silos deve ser realizada. A ensilagem é um método de conservação do alimento que afeta mais o consumo pelo animal do que a digestibilidade, pois os ácidos amônia e etanol, que são liberados com a fermentação da massa ensilada, correlacionam-se negativamente com o consumo de silagem. Portanto, as recomendações de consumo da silagem, discutidas no item anterior, devem ser respeitadas para melhor aproveitamento pelo animal. O uso da silagem na alimentação animal permite o fornecimento de alimentos com altos teores energéticos, boa digestibilidade e, dependendo da fonte vegetal, também possui boa palatabilidade; isso resulta em excelente potencial para produção animal. Dentro dos fatores mais importantes relacionados com a nutrição animal, encontram-se os teores de matéria seca e de proteína bruta da planta. Portanto, as metodologias utilizadas para análise de qualidade da silagem a ser fornecida ao animal se baseiam no percentual de nitrogênio amoniacal em relação ao nitrogênio total e no pH. Quando a porcentagem de amônia nas silagens aumenta, ocorre neutralização dos ácidos desejáveis para fermentação, fazendo com que o material ensilado possua qualidade inferior. Fonte: Shutterstock.com Na produção animal, a alimentação representa quase 70% dos custos totais, seja no sistema extensivo, seja no intensivo de criação. O uso da silagem como alternativa para alimentação, principalmente em épocas de escassez, representa um custo ao produtor (mesmo que baixo); logo, o processo de ensilageme o manejo após abertura dos silos devem ser respeitados para que o produto tenha qualidade e não representem custos adicionais ao produtor, devido às perdas que poderiam ocorrer.  ATENÇÃO Na intenção de minimizar as perdas geradas com o material ensilado e a fim de maximizar o processo de fermentação, tem-se utilizado inoculantes durante o processo de ensilagem. Podemos destacar como as principais vantagens do uso de inoculantes a rápida redução do pH, assim como a diminuição de microrganismos, como fungos e leveduras maléficas para o processo de fermentação, redução da formação de gases e ácidos indesejáveis e a vantagem da estabilidade aeróbica após a abertura do silo. Dentre os principais aditivos utilizados como inoculantes, podemos citar a polpa cítrica peletizada (Figura 9), o farelo de trigo e o fubá de milho, a fim de promover a redução da umidade da massa ensilada (ANDRIGUETTO et al., 2002).  Figura 9: Polpa cítrica peletizada Fonte: Shutterstock.com Não podemos deixar de citar os aditivos bacterianos, que são compostos por bactérias benéficas, promovendo melhor qualidade e rapidez no processo fermentativo. Devemos utilizar os diferentes inoculantes, de acordo com o material vegetal e suas características. Como discutido no módulo 1, cada material representa um tempo mínimo na abertura dos silos, pois temos forragens mais úmidas, sendo algumas com a tendência a produzir mais ácidos indesejáveis e outras com maior tendência para produção de álcool (etanol). Quando utilizamos inoculantes de boa qualidade, observamos a produção quase ótima da silagem. Existem inoculantes que possuem enzimas em sua constituição, que disponibilizarão carboidratos da forragem para as bactérias se desenvolverem e promoverem uma fermentação ótima durante a ensilagem. Estes mesmos inoculantes permitem aumento considerável da população microbiana com rapidez, como as bactérias produtoras de ácido lático, fazendo com que a fermentação ocorra mais rápido, evitando perdas que ocorrem no processo comum (sem uso de inoculantes). O processo de ensilagem com uso de inoculantes é bem mais rápido, tanto que a abertura dos silos pode ocorrer após 7 dias de ensilagem, enquanto em um processo normal o silo é aberto após 21 a 30 dias, no mínimo, após início do processo de ensilagem.  ATENÇÃO É importante ressaltar que o uso de inoculantes representa uma ferramenta complementar e não deve ser utilizada para corrigir alguma situação adversa. Assim, devemos priorizar o manejo apropriado em todas as etapas, desde a escolha correta da espécie vegetal, o momento certo da colheita, picagem, transporte, compactação, armazenamento e a vedação do silo. Como em qualquer sistema produtivo, o custo/benefício do uso de inoculantes deve ser levado em consideração. Quando usado de forma correta, podemos observar aumentos na taxa de recuperação de aproximadamente 5%, o que representa a cada tonelada de massa ensilada uma recuperação de 50 kg a mais com uso de inoculantes. Outros aditivos que podem ser utilizados como artifícios durante a ensilagem são os preservativos, substâncias que inibem reações químicas no silo. Dentre os principais, podemos citar os antibióticos, bissulfito de sódio e o formaldeído. O antibiótico a ser utilizado deve possuir uma ação microbiana específica sem ser tóxico para o animal e não deve ter ação terapêutica. Ele deve inibir microrganismos indesejáveis como os fungos e leveduras, sem atacar as bactérias produtoras de ácido lático. O principal limitante de seu uso como preservativo na ensilagem é o custo que ainda é considerado alto pelos produtores.  ATENÇÃO Tanto o bissulfito de sódio quanto o formaldeído reduzem a degradação proteica durante a fermentação, porém eles podem trazer alguns resultados negativos, como a redução do coeficiente de digestibilidade (ANDRIGUETTO et al., 2002). Outras substâncias que também podem auxiliar o processo de ensilagem e manter as transformações na massa dentro dos padrões para que a silagem produzida tenha qualidade são os auxiliadores da acidificação. Este processo, que é realizado em escala laboratorial devido à limitação de material no mercado, envolve a inoculação com bactérias produtoras de ácido lático ou com outras bactérias e pode favorecer o processo de ensilagem. Para que os auxiliadores da acidificação tenham êxito, é necessário o cumprimento dos seguintes requisitos: FERMENTAÇÃO ADEQUADA DA MASSA ENSILADA AMBIENTE ANAERÓBIO E QUE JÁ TENHA PRESENTE NA MASSA ENSILADA SUFICIENTE NÚMERO DE BACTÉRIAS PRODUTORAS DE ÁCIDO LÁTICO PARA QUE ELAS PREDOMINEM SOBRE OUTRAS BACTÉRIAS RAPIDAMENTE. Nos últimos anos, uma metodologia que tem sido implementada é a acidificação direta durante o processo de ensilagem, com intuito de reduzir o pH para 3,5 a 4,0 e, assim, controlar o desenvolvimento de microrganismos indesejáveis e a respiração celular. A acidificação direta pode ser realizada com o uso de ácidos minerais ou orgânicos. Quando usamos ácidos, a silagem produzida tende a ter boa qualidade e possuir boa palatabilidade, porém o seu consumo continuado pode ocasionar problemas ao animal (distúrbios fisiológicos), devendo então utilizar como neutralizante o calcário ou o bicarbonato de sódio. A adição de ácidos minerais é uma prática muito eficiente, porém, devido ao alto custo envolvido, não é muito utilizada, além de ser trabalhoso, necessitando de equipamentos e cuidados especiais durante seu processo. Já os ácidos orgânicos são mais simples de serem aplicados e menos custosos e visam também a redução do pH, mas não são tão eficientes como os ácidos minerais.  SAIBA MAIS Quando consideramos os efeitos do uso de aditivos sobre a digestibilidade animal, assim como sobre o desempenho animal, observamos resultados contraditórios no campo. Este representando, então, o principal fator limitante do seu uso por produtores no Brasil. Outro artifício utilizado no processo da ensilagem, a fim de agir sobre a massa ensilada e controlar as transformações que ocorrem nela é o murchamento ou pré-secagem, que nada mais é do que a redução do excesso de água da forrageira a ser ensilada. Esta prática apresenta inúmeros resultados favoráveis e é muito apreciada no campo. Como sabemos, as forragens, geralmente, possuem entre 75 e 80% de umidade na ensilagem, o que dificulta a formação e conservação da silagem. Portanto, a prática da pré-secagem em materiais vegetais que serão submetidos ao processo de ensilagem e possuem excesso de umidade favorece a produção de material com melhor qualidade a ser fornecido ao animal.  SAIBA MAIS Para a realização da pré-secagem ou murchamento, há necessidade de condições climáticas favoráveis, a fim de reduzir a umidade até os níveis ideais para se chegar ao produto ideal com boa conservação. Como discutido anteriormente neste item, uma silagem com níveis de fermentação adequados possuirá um valor nutricional conservado, que é o objetivo da realização do processo de ensilagem, possibilitando aos animais acesso a alimentos com qualidade, proporcionando melhor desempenho animal, ao final, permitirá uma maior lucratividade para o produtor. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A PRODUÇÃO DE SILAGEM É UM DOS PROCESSOS MAIS IMPORTANTES NA CONSERVAÇÃO DE FORRAGENS A FIM DE SERVIR DE ALIMENTO PARA OS ANIMAIS DURANTE O PERÍODO DE ESCASSEZ DE PASTAGEM. SOBRE A UTILIZAÇÃO DA ENSILAGEM NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL, MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA. A) A silagem é uma ótima fonte alimentar para o gado leiteiro, mas não deve ser fornecida para bovinos de corte, uma vez que reduz o desempenho animal. B) Equinos não devem receber a silagem como única fonte alimentar, por representar alimento com alto potencial energético, podendo acarretar distúrbios. C) A silagem é utilizada como alimento apenas para animais ruminantes. Equinos, que são classificados como monogástricos, não podem receber material conservado e fermentado. D) Bezerros jovens podem receber a silagem como fonte alimentar logo após o nascimento, nos