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4 EDUCAÇÃO FINANCEIRA: ANÁLISE DE COMO DEVE OCORRER À PRÁTICA DOCENTE SOBRE O OLHAR DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR Diego Silva Santos diegosannttanna@gmail.com Metodologia do Ensino da Matemática Segunda Licenciatura em Pedagogia Saberes Matemáticos na Educação Infantil RESUMO A presente pesquisa buscou evidenciar a relevância de trabalhar no ensino básico a educação financeira, compreender a conexão entre a matemática financeira e educação financeira e investigar os documentos que legitimam o trabalho da educação financeira no campo escolar. A pesquisa foi construída por meio de revisão bibliográfica, e apresenta uma abordagem qualitativa. Nesse sentido, a finalidade dessa pesquisa é compreender os desafios dos professores de matemática frente a esse novo conteúdo. Dessa forma, após analisar o material de estudo, em artigos, monografias e teses, foi possível perceber que a BNCC ao trazer uma abordagem sobre educação financeira estabelece que esta deverá ser um tema transversal, capaz de dialogar com as demais disciplinas com uma aproximação interdisciplinar, e no que diz respeito ao currículo, o termo está presente no Ensino fundamental como conceito da unidade número, por outro lado, para acompanhar a dinâmica do trabalho docente no Ensino Médio, ela apresenta esse tema como possibilidade de discussão, por meio dos outros conteúdos, mas não há menção especifica ao termo educação financeira nessa etapa da educação básica. Palavras-chaves: Educação Financeira, professores, BNCC. ABSTRACT This research sought to highlight the company's work in financial education in basic education, to understand the connection between financial mathematics and financial education and to investigate the documents that legitimize the work of financial education in the school field. The research was built through a literature review, and presents a qualitative approach. In this sense, the significance of this research is understanding the challenges of mathematics teachers facing this new content. Thus, after analyzing the study material, in articles, monographs and theses, it was possible to see that a BNCC by bringing an approach to financial education, which is required to be a cross-cutting theme, capable of dialoguing with the other disciplines with an approach interdisciplinary , and with regard to the curriculum, the term is present in Elementary School as a concept of unit number, on the other hand, to follow the dynamics of teaching work in High School, it presents this theme as a possibility for discussion, through the other contents, but there is no specific mention of the term financial education in this stage of basic education. Keywords: Financial Education, teachers, BNCC. INTRODUÇÃO Para a construção da presente pesquisa foi pertinente seguir as etapas de uma pesquisa bibliográfica. De início, houve a delimitação do tema a ser pesquisado, período caracterizado pela ação de levantamento de variáveis sobre temas para serem abordados nessa produção. Logo após, foi definida a escolha do tema educação financeira delimitada a prática docente orientada pela Base Nacional Comum Curricular. Posteriormente, o levantamento do problema que se refere a falta de momentos formação para os professores que trabalham com a educação financeira no contexto escola. Gil (2017), salienta que a pesquisa bibliográfica deve ser desenvolvida por meio de material já elaborado, ela é produzida principalmente por meio da análise de livros e artigos científicos publicados Foram analisados 10 artigos científicos, 6 dissertações e 3 teses. Os dados e informações coletadas por meio deste levantamento bibliográfico foram analisados e organizados, pois no início as informações estavam sem a finalidade específica, por isso, foi pertinente organizá-los de acordo com a finalidade de compreender o objetivo da pesquisa, por meio da leitura foram analisados e interpretados os conceitos pertinentes a essas obras para a produção do presente material. Foram analisados 10 artigos científicos, 6 dissertações e 3 teses. Os dados e informações coletadas por meio deste levantamento bibliográfico foram analisados e organizados, pois no início as informações estavam sem a finalidade específica, por isso, foi pertinente organizá-los de acordo com a finalidade de compreender o objetivo da pesquisa, por meio da leitura foram analisados e interpretados os conceitos pertinentes a essas obras para a produção do presente material. A EDUCAÇÃO FINANCEIRA E PRÁTICA DOCENTE CONTEMPORÂNEA Ser professor no contexto atual não é tarefa fácil, pois as habilidades que compõem um bom docente estão pautadas na formação continuada e prática inovadora no ambiente escolar. Desse modo, cada vez mais discute-se a função do professor diante de uma sociedade conectada, na qual, os alunos dominam os meios tecnológicos mais do que os professores, por isso é relevante repensar o ofício cotidianamente. Novóa (2011), colabora com esse pensamento ao afirmar que a prática docente deve estabelecer relação com atividades que conduzam os alunos à aprendizagem. Dessa forma, essa autonomia destaca o aluno como protagonista da sua aprendizagem. Silva (2016), em seu trabalho, salienta que os estudantes precisam dominar conceitos básicos do contexto financeiro, pois quando adultos estarão em contato com o dinheiro e por isso é preciso pensar a respeito da educação financeira nas escolas. Dessa forma, ao levar em consideração que a resposta do investimento em educação normalmente retorna a longo prazo é imensurável problematizar esse tema o quanto antes. A educação financeira no contexto escolar no Brasil não é prioridade do Ministério da Educação, por mais que tenham sido criadas ferramentas para potencializar a implantação dessa política pública, o que se observa na matriz curricular no ensino básico é uma pequena participação como tema transversal. No entanto, é inverídico afirmar que não houve avanço em relação a essa temática no contexto educacional brasileiro, pois se comparado a anos anteriores o trabalho com a educação financeira inexistia no ambiente escolar. Desse modo, a ação limitava-se a apenas ressaltar os conceitos que faziam parte desse eixo temático, mas não evidenciados como parte dele. Em contribuição a este pensamento Azevedo (2019), afirma que a matemática financeira está presente na matriz curricular com o propósito de trabalhar com os alunos, cálculos algébricos sobre juros, capital e montante. Dessa forma, quando há discussão sobre a educação financeira, ela está restrita há um trabalho transversal ou situação pontual sobre o tema, sem aprofundamento ou detalhamento da sua relevância para o desenvolvimento dos alunos. Infere-se que, ao ser abordado o tema finanças no contexto escolar, há predominância da matemática financeira como estratégia para trabalhar com exercícios de porcentagem, juros e montante. Esses, são restritos ao cálculo sistemático do processo, sem analisar os resultados e o caminho necessário para se obter ele. Desse modo, uma parte relevante da construção da resolução do problema, que se refere à interpretação dos dados e resultados obtidos é deixada de lado. Um fator que contribui para a continuidade dessa valorização do fazer matemática por meio de atividades sem interpretação dos resultados obtidos e do processo necessário para alcançá-los apresenta-se como a tardia integração do termo educação financeira nos documentos educacionais. Giordano, Assis e Coutinho (2019) ao analisar um desses documentos, especificamente os parâmetros curriculares nacionais na área de matemática, destaca que no período de elaboração dele, o termo educação financeira não fazia parte dos conteúdos apresentados pelo documento. Pode-se pontuar que, por não fazer parte de um documento importante para a educação brasileira no século vinte, o professor não teve suporte necessário para acompanhar de maneira eficiente a educação financeira no contexto da prática na sala de aula. Ao levar em consideração, a ausência de um norte documental apresentado pelo Ministérioda Educação para orientar a prática do professor enquanto esse tema. ANÁLISE SOBRE COMO A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR APRESENTA A EDUCAÇÃO FINANCEIRA NO ENSINO FUNDAMENTAL O Presente tópico visa discutir a presença da educação financeira como tema de estudo durante o ensino fundamental. Por isso, destaca-se as habilidades que envolvem essa área de prática docente e as unidades temáticas que apresentam a possibilidade de trazer no contexto escolar os conceitos de finanças. A princípio é pertinente ressaltar que, a educação financeira com a elaboração da BNCC foi potencializada no contexto escolar, ao levar em consideração que anteriormente quando o documento que norteava a prática docente era os parâmetros curriculares nacionais, o termo não fazia parte da sua elaboração, por isso, havia carência de práticas docentes voltadas para esse campo de estudo. Sendo assim, a elaboração da BNCC significou um importante marco para o trabalho com a educação financeira nas escolas brasileiras, pois desde o início com a instituição da estratégia nacional de educação financeira, buscou-se potencializar e inserir o mundo das finanças na abordagem da sala de aula, porém, apenas em 2017 houve a legitimação documental da necessidade de trazer uma abordagem sobre a educação financeira como proposta curricular. Segue o quadro 1 que apresenta as habilidades relacionadas a educação financeira, que compreende do primeiro ano ao quarto ano do ensino fundamental, presentes na unidade temática grandezas e medidas. Unidade Temática Ano Habilidade Grandezas e Medidas 1º (EF01MA19) Reconhecer e relacionar valores de moedas e cédulas do sistema monetário brasileiro para resolver situações simples do cotidiano do estudante. 2º (EF02MA20) Estabelecer a equivalência de valores entre moedas e cédulas do sistema monetário brasileiro para resolver situações cotidianas. 3º (EF03MA24) Resolver e elaborar problemas que envolvam a comparação e a equivalência de valores monetários do sistema brasileiro em situações de compra, venda e troca. 4º (EF04MA25) Resolver e elaborar problemas que envolvam situações de compra e venda e formas de pagamento, utilizando termos como troco e desconto, enfatizando o consumo ético, consciente e responsável. Quadro 1: Habilidades relacionadas a educação financeira por unidade temática do 1º ao 4º ano Fonte: Construção própria baseado em Brasil (2017). Ao analisar a BNCC estabelecendo relação com a educação financeira, percebe-se que o documento se preocupa em proporcionar na sua estrutura, o termo educação financeira. No entanto, a presença desse conceito nos anos iniciais, mais especificamente do primeiro ao quarto ano, ao se observar o quadro não está presente. O que temos são ações relacionadas ao conceito do mundo financeiro, todavia, o conceito educação financeira não está presente nas habilidades analisadas no ensino fundamental, do primeiro ao quarto ano. Dessa forma, por mais que essas habilidades estabelecem relação com o termo educação financeira, o mesmo não está escrito no documento como uma das habilidades na unidade temática grandezas e medidas. Além disso, é preciso destacar que a única unidade temática do 1º ao 4º ano que se preocupa em destacar os conceitos de finanças e do mundo financeiro compreende como a unidade temática, grandeza de medidas como citado no quadro anterior. O próximo quadro 2 apresenta na sua construção a unidade temática relacionada ao termo educação financeira e seus respectivos anos e habilidades que compreendem esse conceito. Unidade Temática Ano Habilidade Números 5º (EF05MA06) Associar as representações 10%, 25%, 50%, 75% e 100% respectivamente à décima parte, quarta parte, metade, três quartos e um inteiro, para calcular porcentagens, utilizando estratégias pessoais, cálculo mental e calculadora, em contextos de educação financeira, entre outros. 6º (EF06MA13) Resolver e elaborar problemas que envolvam porcentagens, com base na ideia de proporcionalidade, sem fazer uso da “regra de três”, utilizando estratégias pessoais, cálculo mental e calculadora, em contextos de educação financeira, entre outros. 7º (EF07MA02) Resolver e elaborar problemas que envolvam porcentagens, como os que lidam com acréscimos e decréscimos simples, utilizando estratégias pessoais, cálculo mental e calculadora, no contexto de educação financeira, entre outros. 9º (EF09MA05) Resolver e elaborar problemas que envolvam porcentagens, com a ideia de aplicação de percentuais sucessivos e a determinação das taxas percentuais, preferencialmente com o uso de tecnologias digitais, no contexto da educação financeira. Quadro 2: Habilidades relacionadas a educação financeira por unidade temática e ano 5º ao 9º ano. Fonte: Construção própria baseado em Brasil (2017). Ao analisar as habilidades presentes no quinto ao nono ano do ensino fundamental, percebe-se que diferente dos anos iniciais, o conceito educação financeira faz parte da construção das habilidades presentes nesses respectivos anos. É pertinente destacar que, o único ano na segunda etapa do ensino fundamental que não apresenta uma habilidade específica com o conceito de educação financeira, figura como o oitavo ano. No entanto, os demais possuem habilidades específicas para serem desenvolvidas nos estudantes, no que se refere ao contexto da educação financeira. Vale destacar que diferente dos anos iniciais, onde o trabalho com educação financeira estava limitado ao estabelecimento de relação entre o conceito e os assuntos que eram abordados, a segunda etapa do Ensino Fundamental apresenta de modo concreto o termo educação financeira, especificamente na unidade números, o que é antagônico a primeira etapa, pois essa apenas apresenta relação na unidade temática grandezas e medidas. ANÁLISE SOBRE COMO A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR APRESENTA A EDUCAÇÃO FINANCEIRA NO ENSINO MÉDIO Ao analisar as habilidades do ensino médio relacionadas a educação financeira é possível perceber que não há menção específica para o conceito. Dessa forma, são apenas estabelecidas relações com outras habilidades que possibilitam o trabalho com a educação financeira, mas sem menção a sua parte conceitual em relação à escrita das habilidades na base nacional comum curricular. Entende-se que, por ser abordado durante o ensino fundamental a parte conceitual do termo educação financeira, os estudantes que estão na última etapa da educação básica, compreendem bem o termo e, por isso, as habilidades que estão presentes apenas estabelecem relação com a parte conceitual da educação financeira, porém não devem discutir o conceito, mas as competências necessárias para o domínio financeiro pessoal. Dentre as habilidades aqui estão relacionadas à educação financeira no ensino médio pode-se citar as seguintes: “Interpretar situações econômicas, sociais e das Ciências da Natureza que envolvem a variação de duas grandezas, pela análise dos gráficos das funções representadas e das taxas de variação com ou sem apoio de tecnologias digitais” (BRASIL, 2017, p. 525). “Planejar e executar ações envolvendo a criação e a utilização de aplicativos, jogos (digitais ou não), planilhas para o controle de orçamento familiar, simuladores de cálculos de juros compostos, dentre outros, para aplicar conceitos matemáticos e tomar decisões” (BRASIL, 2017, p. 526) É possível afirmar que essas habilidades buscam potencializar os estudos que foram feitos anteriormente no ensino fundamental. Nesse sentido, é essencial que o aluno tenha compreendido o conceito de educação financeira e desenvolvido as habilidades necessárias durante a segunda etapa do ensino fundamental. Mesmo com a carência do termo educação financeira na construção da base nacional comum curricular na etapa do ensino médio é possível afirmar que ela significa um avanço pertinente, ao levar em consideração outras habilidades que fazem parte da sua elaboração, estabelecem relação com o conceito educação financeira e, por isso, são capazes de potencializar ashabilidades que já foram desenvolvidas nos anos anteriores. Outro ponto importante que precisa ser evidenciado é o estabelecimento de relação que o professor deve ter com a utilização de recursos digitais, para que se possa trabalhar a educação financeira nesse período da educação. Dessa forma, o docente deve buscar fazer uso contínuo de recurso como simuladores e aplicativos como citados na habilidade da BNCC. O ENSINO DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA POR MEIO DA MATEMÁTICA FINANCEIRA A abordagem da matemática financeira no contexto do ensino médio vem acontecendo com uma estrutura tradicional que perpétua o cálculo sistemático e ações que não desenvolvem a capacidade de pensar dos alunos. Nesse sentido, a prática em que é trabalhada essa disciplina fica restrita ao cálculo sistemático, sem análise dos resultados e os procedimentos necessários para alcançá-los. De acordo com Gallas (2013), a matemática financeira, diante da sociedade do conhecimento em que estamos inseridos pode auxiliar na aprendizagem e no cálculo de operações financeiras. No entanto, a disciplina deve ser capaz de proporcionar aos alunos a facilidade de compreender as operações financeiras presentes no cotidiano, assim como, os serviços e desenvolver o pensamento crítico nos alunos Do ponto de vista da sua aplicação, a matemática financeira presente na educação básica se limita a abordagem dos conceitos de montante, capital e juros, por meio de questões que são criadas para serem executadas sem a interpretação dos resultados e análise dos procedimentos necessários para conseguir alcançá-los. Lima e Sá (2010) afirmam que a matemática financeira era trabalhada desde o início das primeiras civilizações, pois no cotidiano as pessoas utilizavam de conceitos básicos sobre finanças para cobrar empréstimos, entre outros serviços. Dessa forma, é possível afirmar que ela faz parte da vida das pessoas desde o do surgimento das primeiras civilizações. Por isso, a abordagem dessa disciplina quando feita por meio do método tradicional, colabora com o desinteresse dos alunos em estudar a matemática financeira, assim como outras áreas de estudo da matemática que estão presentes no ensino básico, pois não há por parte do professor um trabalho de contextualização e aplicação dos conteúdos que são ministrados por ele. Molinari e Theodorovsk (2016) contribuem com esse pensamento ao afirmarem que os alunos estão inseridos no mundo das finanças desde a fase inicial, pois na sociedade contemporânea, estão presentes os conceitos como taxas de juros e outros indicadores e, por serem influenciadas, não há a compreensão dos conceitos que estão presentes e interagindo com essas crianças, mas a sua consequência é nítida. Desse modo, no que se refere a tomada de decisões financeiras por parte dessas pessoas, sem instrução para compreender esse eixo de discussão, se não for trabalhada na escola pode proporcionar sérios problemas. É nessa perspectiva que surge a necessidade de mudança da forma que é ministrada às aulas de matemática financeira, pois no contexto atual o professor deve preocupar-se em formar um sujeito crítico da realidade em que está inserido e, no campo financeiro não deve ser diferente as suas ações em prol do desenvolvimento integral dos estudantes. Por outro lado, Gouveia (2006), afirma que o método que a matemática financeira é abordada num contexto escolar, ao ser ministrada, não estabelece relação com o contexto que o aluno está inserido. Desse modo, na maioria das vezes as ações do professor são pautadas a levar o aluno a memorizar fórmulas para resolver problemas irreais que não fazem parte do seu dia a dia. Gallas (2013), colabora com o pensamento citado anteriormente ao afirmar que, a matemática financeira estudada no ensino fundamental deve se preocupar em apresentar aos alunos conceitos pertinentes a essa área. Por outro lado, no ensino médio, esses conceitos devem ser abordados por meio de situações problemas e atividades multidisciplinares, para que o mesmo possa desenvolver a capacidade crítica de pensar a matemática. Dessa forma, por se tratar da última etapa da educação básica no ensino médio os estudantes estão a todo momento diante de situações de consumo, por isso, é relevante que eles tenham domínio em relação às suas finanças e consciência crítica das ações que as envolve. Ao levar em consideração essas afirmações o trabalho com a matemática financeira deve, a todo momento, estabelecer relação com o cotidiano dos alunos e buscar apresentar a situação dos problemas que fazem parte da vivência desses estudantes com a finalidade de despertar o interesse para com a disciplina. Do ponto de vista da abordagem dos conteúdos de matemática financeira Lima e Sá (2010) salientam que ela deve ser trabalhada desde o ensino fundamental, pois os conteúdos pertinentes a essa área podem ser abordados de maneira lúdica, por meio de atividades e contextos reais como histórias em quadrinhos e simulações de compra e venda. Problematizar os conteúdos nunca foi fácil, pois o ato de ministrar a aula pelo método tradicional, caracterizado pelo professor de matemática executar às ações de copiar o conteúdo e explica-lo, como também passar a lista de exercícios que não colaboram com a aprendizagem dos estudantes, apresenta como de simples execução, por isso, a maioria dos professores ministram aula no modo tradicional. No que se refere a abordagem da matemática financeira, ela deve ser feita desde o período em que a criança está inserida no ambiente escolar, de acordo com Teixeira (2015), pois elas precisam ser bem preparadas para lidar com o dinheiro, mas além das ações da escola, a família também deve colaborar para a construção de novos padrões comportamentais no indivíduo ao incentivar as ações desenvolvidas pela escola. Todavia, no cenário atual, a matemática financeira ganha novos nuances e uma abordagem diferente no contexto escolar, pois com a inserção da abordagem transversal do tema educação financeira, à disciplina matemática financeira pode estabelecer relação com essa área, na medida em que deve proporcionar análise da situação e o desenvolvimento crítico do pensamento dos alunos. Nessa perspectiva da abordagem da educação financeira Muniz (2010), salienta que a aplicação dos conceitos pertinentes a essa área no período do ensino médio deve colaborar com o desenvolvimento da capacidade de reflexão dos alunos em relação as competências como ao ato de comprar à vista ou a prazo, a depender da situação em que ele está inserido, como também a análise da taxa de juros e cálculo de financiamento, o aluno deve ser capaz de, no exercício pleno da sua cidadania, compreender esses conceitos e aplicá-los no cotidiano. Do ponto de vista dessa análise, à educação financeira pode ser inserida como tema de discussão com os assuntos da matemática financeira, ao serem construídas as aprendizagens por meio dá interpretação do contexto em que está inserido o estudante. Diante desse pensamento Gallas (2013) pontua que o docente deve apresentar situações problemas para os alunos resolverem em relação à matemática financeira, pois, espera-se que o aluno desenvolva o raciocínio lógico e que, diante dessa situação, se posicione ao estabelecer uma estratégia para solucionar o problema matemático em questão, pois a matemática financeira não deve se restringir ao ato de reprodução mecânica de fórmulas, mas analisar de forma crítica o que está sendo trabalhado. É nessa perspectiva que surgem a necessidade de contextualizar a matemática financeira e criar situações problemas em que o aluno possa observar o seu cotidiano por meio de situações reais. Para Muniz (2010), o trabalho com a educação financeira deve ser capaz de estabelecer relação com a matemática financeira e construir competências necessárias para fortalecer a cidadania dos alunos e aumentar a capacidade de análise em relação às situações financeiras. Nesse sentido, espera-se que o consumidor possua a competência de compreender a matemática envolvida nessas situações e exercer seu pleno direito à cidadania.Nesse sentido, a matemática financeira e a educação financeira são conceitos diferentes, mas que podem ser usados para potencializar o ensino de matemática, com relação às competências de finanças dos alunos. Dessa forma, é prioritário que ao fazer uma abordagem da matemática financeira na sala de aula, o professor problematize a situação apresentada e seja capaz de desenvolver nos estudantes, as competências e habilidades financeiras necessárias para tomar uma decisão correta, logo após obter o resultado do processo sistemático do cálculo da matemática financeira. Gallas (2013), pontua que a matemática financeira possuí um ponto positivo que deve ser evidenciado durante o planejamento do professor, no que se refere à questão da aplicabilidade dos assuntos em situações comuns do dia a dia. Dessa forma, é preciso trabalhar o contexto social do aluno e o envolver por meio de situações reais. Por isso, a principal diferença entre a matemática financeira e a educação financeira figura como a primeira se restringe ao apresentar para o aluno um processo sistemático de cálculos para alcançar finalidades e resultados diante de questões e problemas matemáticos, mas que não são contextualizadas após obter o resultado nem analisadas com o senso crítico desenvolvido pela educação financeira. É nesse viés que a educação financeira deve ser capaz de desenvolver no aluno as habilidades relacionadas às finanças, para que ele, ao obter um resultado de um exercício de matemática financeira, possa analisar se o mesmo possui qualidade em relação às competências que foram desenvolvidas por ele no campo socioemocional, na disciplina educação financeira. Diante da discussão, pode-se afirmar que é preciso na prática docente a abordagem da matemática financeira por meio de aulas pautadas na contextualização e problematização do assunto para que o estudante além de executar cálculos, compreenda a situação em que ele estar inserido. Para tanto, o professor deve deixar de ser o centro do processo de ensino e tornar o aluno o principal sujeito desse processo. Nesse sentido o docente deve dar as ferramentas para potencializar os conhecimentos do aluno e formar um sujeito crítico da realidade social em que ele está inserido. CONSIDERAÇÕES FINAIS A presente pesquisa foi construída por meio de estudos bibliográficos em relação ao tema educação financeira, limitado a prática docente sobre a orientação da BNCC. Dessa forma, por se tratar de uma área nova da educação matemática, esse tema é palco das principais discussões em relação à educação brasileira, por ser uma necessidade educativa dos alunos serem alfabetizados financeiramente. A princípio é relevante destacar que, a pesquisa contribui significativamente com a comunidade acadêmica em futuros estudos sobre educação financeira escolar, pois ao ser elaborada houve o levantamento da perspectiva histórica do tema como também a apresentação dos caminhos que levaram ao auge das discussões em relação a ele. Do ponto de vista da descoberta, foi possível identificar que a educação financeira é um tema que há um tempo significativo vem sendo adotada pelas escolas em países desenvolvidos, no território Nacional apenas em 2010 com a elaboração da estratégia nacional de educação financeira o governo brasileiro passa a dialogar a respeito de como essa área deveria ser abordada no contexto escolar. No que se refere a análise documental, foi possível perceber que a discussão em torno dos conceitos pertinentes à educação financeira estavam relacionados a formação dos alunos em relação a gestão dos seus recursos financeiros, mas que os paramentos curriculares nacionais abordavam essa questão de forma superficial, sem a menção ao termo educação financeira, o que impossibilitava ao professor um trabalho mais aprofundado sobre as atitudes que os estudantes deve ter diante de situações que envolve a escolha financeira. Do ponto de vista dos estudos relacionados à BNCC, é possível concluir que o documento oportuniza aos docentes o trabalho específico com a educação financeira. Desse modo, ele apresenta na sua construção o conceito de educação financeira para serem trabalhados nas turmas do ensino básico, principalmente no ensino fundamental, onde há menção específica ao termo educação financeira, por outro lado, durante os anos finais da educação básica, devido a maiorias dos estudantes serem formados por adolescentes, com maior consciência crítica, o termo não é abordado no ensino médio, mas contextualizado a partir de outros conceitos pertinentes a área da matemática financeira. Além disso, é possível afirmar que a educação financeira presente no âmbito curricular deve estabelecer relação com a matemática financeira e potencializar o desenvolvimento de habilidades nos alunos em relação às suas decisões no campo financeiro. Logo, formar um sujeito com consciência crítica em relação às suas finanças deve ser a principal finalidade ao trabalhar a educação financeira no ambiente escolar. Soma-se a isso, a prática docente, que deve proporcionar o assunto na aula por meio de problematização dos conteúdos e a formação socioemocional do estudante. Diante do cenário educacional atual o professor de matemática não pode se limitar há uma prática pedagógica voltada para o tradicionalismo. Nesse sentido, suas atividades em relação à educação financeira devem priorizar a contextualização e a formação de estudantes, construída por meio do diálogo e análise crítica da situação social em que ele está inserido. No que se refere à formação docente para ministrar aulas específicas de educação financeira, pontua-se que por ser adicionada apenas em 2017 na BNCC, ela encontra-se fragilizada na maioria dos municípios brasileiros. Dessa forma, é necessário investir em formação continuada desses profissionais em relação a esse eixo, pois na maioria das vezes o professor não possui a habilidade de ministrar os conceitos pertinentes a finanças, restringindo a sua prática ao cálculo. Do ponto de vista da relação da matemática financeira com a educação financeira é pertinente destacar que, a primeira se restringe ao trabalho de cálculo sistemático de questões envolvendo os juros, porcentagem e outros assuntos. Dessa maneira, não há a interpretação do resultado e análise dos caminhos que foram levantados para alcançá-los. Nesse sentido, não há a problematização, por isso, a educação financeira rompe fronteiras com o tradicional e possibilita ao professor destacar essa disciplina com mais engajamento por parte dos alunos. Esse, como qualquer outro estudo apresenta imitações, uma dessas limitações está relacionada a análise de materiais, pois a coleta de dados aconteceu apenas por meio bibliográfico. Visto que, diante de cenários diferentes, onde não estivesse presente uma pandemia, essa pesquisa poderia ser feita por meio de análise de questionários aplicados a professores do ensino básico, em relação à formação que eles têm para trabalhar a educação financeira escolar. Outro limite a ser destacado está relacionado à questão do tempo. Desse modo, por ser um estudo com tempo limite de seis meses, não foi possível pesquisar outras questões específicas do tema. Dessa forma, o autor concentrou-se apenas em construir um linear histórico da educação financeira, desde o início dessa política pública até a sua implementação e análise desses documentos de maneira crítica. Essa pesquisa apresenta-se como uma oportunidade para que estudos posteriores sejam desenvolvidos através da interpretação dos resultados levantados no decorrer dessa produção. Nesse sentido, um dos campos que podem ser destaque da pesquisa está relacionado a formação de professores para mediar aulas, em relação a educação financeira escolar, pois muitas vezes estes desconhecem o conceito e podem confundir com a matemática financeira. Portanto, percebe-se que a educação financeira escolar é um tema que desperta o interesse da comunidade acadêmica, principalmente da área de educação matemática, pois é esse eixo de discussão o principal do século XXI nessa área.Dessa forma, trabalhos como essa pesquisa são fundamentais para que se possa compreender a necessidade de o professor ministrar aulas de educação financeira com a finalidade de formar estudantes críticos da sua realidade social e, com habilidade de domínio das competências socioemocionais nas decisões cotidianas que envolvem o mercado financeiro. REFERÊNCIAS AZEVEDO, Suedy Santos de. Educação financeira nos livros didáticos de matemática dos anos finais do ensino fundamental. 2019. 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