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2° ATIVIDADE Acordão é uma decisão final proferida sobre um processo por tribunal superior, que funciona como paradigma para solucionar casos análogos. Trata-se de AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 14.861/05, DO ESTADO DO PARANÁ. No julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade que questionava a constitucionalidade da Lei Estadual nº 14.861/2005, do Estado do Paraná, a Ministra Ellen Gracie, relatora do processo, apresentou voto no sentido de declarar a inconstitucionalidade da norma estadual e de seu decreto regulamentador. A Ministra, rejeitou a preliminar suscitada pelo Governador do Paraná, que defendia a necessidade de confrontar a lei estadual impugnada com o Decreto Federal nº 4.680/2003. Destacou que, em sede de ação direta, não se examina a compatibilidade entre normas infraconstitucionais, mas sim a relação direta da norma questionada com a Constituição. Portanto, não se tratava de inconstitucionalidade reflexa, mas de análise direta da repartição de competências prevista na Constituição Federal. Em seguida, a relatora ressaltou que o tema da rotulagem de alimentos transgênicos já se encontrava disciplinado em âmbito federal, tanto pela Lei nº 11.105/2005 quanto por regulamentações específicas da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, além do próprio Decreto nº 4.680/2003. Assim, não havia qualquer lacuna legislativa que autorizasse a atuação plena do Estado-membro, como prevê o art. 24, § 3º, da Constituição. De acordo com a página 13, aqui está uma citação direta da Ministra Ellen Gracie sobre que: No presente caso, da mesma forma, pretende-se a substituição - е não a suplementação - das regras federais que cuidam das exigências, procedimentos e penalidades relativos à rotulagem informativa de produtos transgênicos por norma estadual que dispõe sobre o tema de maneira igualmente abrangente. O legislador local extrapolou a autorização constitucional que, na sistemática da competência concorrente, objetiva o preenchimento de lacunas acaso verificadas na legislação federal. A Ministra destacou que os Estados somente podem editar normas suplementares quando houver ausência ou insuficiência da legislação federal. Entretanto, no caso concreto, a lei estadual paranaense não suplementava, mas substituía a disciplina federal, ao reduzir a tolerância de organismos geneticamente modificados nos alimentos para zero, em contrariedade ao limite de até 1% estabelecido pelas normas federais. Tal contradição configurava clara extrapolação da competência legislativa estadual. A Ministra também enfatizou que não competia ao Supremo Tribunal Federal discutir aspectos técnico-científicos sobre a quantidade adequada de organismos geneticamente modificados em alimentos, já que essa atribuição pertence à CTNBio, órgão técnico e multidisciplinar responsável pelo tema. Ao final, a Ministra julgou procedente o pedido formulado na ação direta, declarando a inconstitucionalidade da Lei Estadual nº 14.861/2005 e de seu decreto regulamentador. O fundamento central de sua decisão foi o vício formal de competência, pois o Estado do Paraná ultrapassou os limites de sua competência legislativa concorrente, invadindo campo normativo já regulado pela União. Diante do exposto o Tribunal, por unanimidade, julgou procedente a ação direta para declarar a inconstitucionalidade da lei n° 14.861, de 26 de outubro de 2005. Em decisão no dia 31/05/2006.