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Psicanalise

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Psicanálise 
 
Freud: o modelo estrutural-pulsional 
● Um conceito central da teoria: Trieb (Pulsão 
ou Instinto) 
○ Princípio da constância -> Princípio 
do prazer e desprazer 
○ 1º dualismo pulsional: Pulsões do 
Eu/Autoconservação X Pulsão Sexual 
○ 2º dualismo pulsional: Pulsão de Vida 
X Pulsão de Morte 
● O gradual desenvolvimento do psiquismo é 
fruto dos esforços para descarregar as 
excitações pulsionais e somáticas 
○ O bebê nasce apenas como puro Id e 
percepções, sofrendo excitações que 
devem ser descarregadas. 
○ Mecanismos, processos e estruturas 
mentais derivam da história de 
satisfação e frustração pulsional do 
indivíduo 
○ Os objetos do indivíduo são criados 
pela história de satisfação ou 
frustração pulsional, por estas 
experiências 
● O psiquismo se desenvolve numa estrutura 
funcional: o aparelho psíquico 
○ Primeira tópica: Ics - Pcs/Cs 
○ Segunda tópica: Id, Ego e Superego 
● Um conceito central para o desenvolvimento: 
Complexo de Édipo 
○ O evento infantil maior importante, 
dos 3 aos 5 anos aprox. 
○ Organiza o desenvolvimento anterior, 
e define o caráter e a personalidade 
do adulto (finaliza a Segunda Tópica) 
○ A psicopatologia do adulto deriva do 
modo como Édipo é vivido 
○ Conceito central para a clínica: 
transferência 
○ Crianças não fazem TF, estão no 
Édipo ou na latência, não são 
analisáveis 
○ Psicóticos, deprimidos não fazem 
transferência, não são tratáveis pela 
psicanálise 
Melanie Klein: uma teoria das relações objetais 
● Um conceito central para o desenvolvimento: 
relações objetais 
● enfatiza os primeiros meses de vida do 
bebê 
● um ego (primitivo) já existe desde o 
nascimento, com defesas e mecanismos 
próprios 
● o bebê (e a criança) “pensam” por 
fantasias inconscientes; simbolização 
● os objetos (primitivos) são parte da 
pulsão 
● o bebê (e a criança) constrói um mundo 
interno de relações com objetos 
introjetados. 
● “as relações objetais estão no centro da 
vida emocional” 
● o complexo de Édipo ocorre muito cedo, 
e de modo diferente 
● a pulsão de morte (e seus derivados) são 
muito mais importantes 
● ao invés de fases da libido, Klein fala de 
modos de funcionamento típicos: as 
posições: esquizoparanoide e depressiva 
Melanie Klein: uma clínica com as crianças, que 
explica os adultos 
● comparação com Freud: 
○ as crianças fazem TF e são 
analisáveis 
○ as psicoses e as depressões são 
analisáveis 
 
○ o brincar da criança é tão simbólico do 
seu inconsciente e de suas fantasias 
quando a associação livre do adulto 
○ conceito de fantasia inconsciente é 
diferente 
○ o seu modelo teórico deriva da 
observação e prática direta com as 
crianças 
○ estilo da escrita: difícil, confuso, 
violento; parece absurda: afirma 
observar fenômenos que só podiam 
ser inferidos 
A técnica psicanalítica através do brincar: sua 
história e significado 
Cintra & Figueiredo 
● Estilo de Klein é “bruto”, “violento” 
● Baseado no que via na clínica: observações 
nas análises de crianças 
● A dimensão vivencial e fenomenológica tem 
procedência, mas está misturada com 
especulação teórica 
● Muitas vezes descreve algo como fruto da 
observação direta, quando na verdade são 
interpretações e hipóteses 
● Klein não tinha conhecimento anterior de 
filosofia ou medicina 
● Chamou a atenção ao infantil que opera na 
mente do adulto 
● M. Klein considera que as construções 
teóricas que fez, e todo o entendimento que 
obteve a respeito dos processos psíquicos 
inconscientes foi possibilitado pela técnica 
do brincar. 
● Ela faz um apanhado histórico de como teria 
se desenvolvido sua técnica e apresenta no 
texto a contribuição de cada caso para sua 
construção teórica a respeito da técnica que 
desenvolvia. 
Caso Fritz 
● Primeiro caso clínico acompanhado por Klein 
(que na verdade era seu filho Erich). 
● Inicialmente Klein tentava influenciar a 
criança através das atitudes da mãe. Mas 
percebeu que não era suficiente. 
● Se deu conta de que deveria atingir camadas 
mais profundas da mente e o que que mais 
lhe interessava eram as suas ansiedades e 
as defesas que a criança construía. Esse 
passou a ser o foco de seu trabalho. 
● Klein as interpretava para a criança e 
percebia que, mesmo ocorrendo um 
aumento na intensidade da ansiedade, em 
dado momento ela cessava. 
Klein enfatiza: ansiedade - defesa - fantasia 
O Método do Brincar 
● Klein interpretava o significado das 
ansiedades e defesas expressos pela 
criança em seu brincar. 
● O resultado dessa interpretação aparecia 
em um estágio posterior de seu brincar. O 
brincar é entendido enquanto a 
“Associação Livre” da criança. 
● A isso Klein adiciona a ideia fundamental de 
que o objetivo da análise infantil seria o de 
explorar o inconsciente da criança. 
● E o meio para atingir isso seria a partir da 
análise da transferência. 
Papel do analista infantil 
● Seria função do analista interpretar, com 
frequência, as fantasias, sentimentos, 
ansiedades, e todas as experiências, 
expressos no brincar. 
● Interpretar se a criança consegue brincar 
e os motivos de uma possível inibição. 
● Klein iniciou os atendimentos nos domicílios 
das crianças, mas rapidamente viu a 
necessidade de atendê-las em um local 
neutro, em um setting específico. 
Caso Rita - 2 anos, 9 meses (Klein): 
● Sintomas – terrores noturnos e fobias de 
animais. Certa inibição no brincar e 
dificuldade para lidar com frustrações; 
muito ambivalente em relação à mãe. 
 
● Durante a primeira sessão Klein percebe 
certa transferência negativa (quando Rita 
se mostra inibida ao ficar sozinha com a 
analista em seu quarto e apresenta certa 
melhora quando as duas vão para o 
jardim). 
● Klein interpreta a transferência para a 
menina dizendo que ela parecia sentir 
medo de que ela lhe pudesse atacar, 
assim como sente medo de que alguém 
possa invadir seu quarto e lhe atacar 
quando vai dormir a noite. 
● Após a interpretação Rita aceita voltar para 
seu quarto com Klein. 
Transferência 
● Klein percebe também que é através do 
brincar e da transferência que a criança 
consegue manifestar seu inconsciente, 
especialmente em casos de inibição. 
● Assim como na análise de adultos, Klein 
conclui que a transferência é a “espinha 
dorsal” do tratamento com as crianças: as 
interpretações fazem efeito na transferência. 
● A relação transferencial demanda uma 
privacidade e intimidade, e deve 
acontecer e um local separado da vida da 
criança, onde não haja qualquer 
interferência da moralidade. 
A caixa lúdica e dramatização 
● Klein percebe que os brinquedos devem 
permitir a expressão das fantasias 
inconscientes. 
● Por esse motivo, devem ser simples, não 
mecânicos, permitindo a expressão do 
mundo interno com mais facilidade. 
● Klein se utilizava de uma “gaveta individual” 
na qual cada criança tinha seus próprios 
brinquedos armazenados (correspondendo 
à relação privada e íntima de cada analista). 
● O brincar envolve dramatização, recurso 
do qual a criança se utiliza para se 
expressar 
● Os conteúdos internos são expressos de 
forma muito intensa na relação transferencial 
que a criança estabelece com seu analista. 
Se tornando fundamental que este se atente 
a esse aspecto e que perceba em que 
momentos da análise seus impulsos 
destrutivos podem surgir. 
A criança deve expressar suas emoções e 
fantasias no brincar 
● A analista deve permitir a expressão da 
agressividade também (menos a física, 
contra ela) 
● Uma variedade grande de situações 
emocionais, reprimidas ou que nem sempre 
podem surgir na vida da criança, podem ser 
expressas na sala de análise (parte III) 
● A expressão de eventos reais, misturados 
com as fantasias, também surgem na análise 
● A interpretação da analista é sobre este 
material e sobre a relação transferencial 
● O brincar é simbólico dos processos e 
vivencias da mente da criança 
As interpretações 
● Klein fazia interpretações que buscavam 
acessar ansiedadese angústias cada vez 
mais profundas. 
● A analista deve permitir a expressão de 
todos os afetos e fantasias. Não deve 
punir, desaprovar ou tentar educar a 
criança. Nem a encorajar a expressar a 
agressividade. 
○ Exemplo: pode interpretar a atitude de 
uma criança diante de um brinquedo 
que danificou à vivência de uma 
possível ansiedade persecutória. A 
criança projeta no brinquedo sua 
própria agressividade, e se sente 
ameaçada por ele (perseguidor). 
● Na sala de análise a criança deve poder 
expressar sua agressividade e outros 
sentimentos (inveja, ciúmes, amor, ódio, 
culpa) de forma livre e espontânea. 
● A ansiedade persecutória (muito presente 
nas crianças pequenas) pode estar 
relacionada a sentimentos de culpa e desejo 
de reparação. 
O tratamento 
 
● A criança entenderá a interpretação, que fará 
efeito, se usar as palavras dela, for sucinta e 
clara 
● A interpretação faz o analista “entrar em 
contato com aquelas emoções e ansiedades 
que estão mais operantes no momento [na 
criança]” “Até em crianças bem pequenas... 
[se encontra] uma capacidade de insight que 
frequentemente é bem maior que a de 
adultos” 
● “As capacidades intelectuais do bebê 
também são frequentemente subestimadas 
e que, de fato, ele compreende mais do que 
se acredita” (IV, p. 160) 
● Klein descobriu que mesmo em bebês já 
existem fantasias, ansiedades e defesas 
arcaicas 
● Expressar as fantasias e afetos, e vivê-las 
com a analista na transferência, permite que 
as interpretações tenham um efeito muito 
transformador sobre a vida atual e o 
desenvolvimento posterior da criança 
○ Ex.: Peter recusa, mas depois mostra 
compreende claramente as 
interpretações (p.160) 
● No brincar a criança expressa conteúdos 
reprimidos, que provocam a vivência de 
emoções intensas. Quando o material 
inconsciente é acessado pelas 
interpretações, e a criança libera o afeto 
estrangulado, ela pode retomar seu 
processo de desenvolvimento emocional. 
● A história da criança, fornecida pelos pais, é 
de suma importância por sugerir pistas 
acerca de seus conflitos inconscientes. 
● A análise da transferência: Klein aponta para 
a necessidade de interpretar a transferência 
para a criança, colocando as ansiedades e 
fantasias que colorem a relação analítica em 
seu lugar de origem. 
● A capacidade de insight da criança pequena 
é muito favorecida pela proximidade entre 
consciente e inconsciente (ainda são poucas 
as defesas). 
A mente infantil: o papel das fantasias 
● Cada vez mais profundas, as interpretações 
kleinianas vão atingindo camadas da mente 
muito primitivas e arcaicas. As formulações 
teóricas kleinianas vão se basear nas 
vivências mais primitivas do bebê, e daí 
entender também os adultos 
● O bebê experimenta o sofrimento (o 
representa, a fantasia) como ataques ao 
próprio corpo; também realiza ataques ao 
corpo da mãe e outros: fantasias 
sádicoanais, uretrais e orais) 
● Fantasias agressivas e sádicas, “traduzindo” 
as vivências, a introjeção de objetos, o 
atacar e ser atacado, a mãe como 
perseguidora primitiva, a ansiedade 
persecutória, o medo de retaliação, a 
depressão e a culpa: componentes comuns 
do inconsciente dos bebês e das crianças 
pequenas (nas posições). 
● As fantasias infantis são os modos de 
representar da criança, modos de 
vivenciar seu mundo interno, e são 
pautadas em impulsos inconscientes. 
Delas derivam uma série de ansiedades. 
A mente infantil: o mundo das relações de 
objeto 
● As relações de objeto se iniciam com a 
amamentação, mais especificamente com 
o seio (bom e mau); o sadismo oral – 
depois uretral, anal – desempenha um 
papel importante 
● Todos os aspectos da vida mental estão 
relacionados às relações de objetos 
internalizados, e externos: o mundo 
interno da criança; 
● Existiriam duas posições (modos de 
funcionamento do bebê): a esquizo-
paranoide, onde prevalece a cisão dos 
objetos e do ego; e a depressiva, na qual 
prevalece a síntese desses. 
A mente infantil: ansiedade, ego e superego 
primitivos 
● O bebê já tem um ego primitivo, que vai 
usar se utilizar de defesas também 
primitivas para lidar com essas 
ansiedades 
 
● Tendência a fazer reparações: muito 
importante (p. 162): processo psíquico 
através do qual o ego sente que desfez o 
dano realizado ao objeto (em fantasia). 
● O superego das crianças surge antes do que 
Freud pensava. 
● Rita, com 2,5 anos, já tem forte 
ambivalência para com a mãe, 
necessidade de ser punida, sentimentos 
de culpa gerando terrores noturnos, etc.: 
já possui um superego “severo e 
implacável”. 
● A teoria de Klein abriu espaço para a análise 
de pacientes psicóticos e esquizofrênicos, já 
que ofereciam a possibilidade de 
compreensão das camadas mais profundas 
da mente: funcionamento psicótico precede 
o neurótico, e é normal em bebês. 
Estágios Iniciais do Conflito Edipiano 
● é importante considerar o significado 
simbólico ou metafórico de seus conceitos e 
especulações 
● As fantasias e fenômenos que ela interpreta 
em crianças de 4 anos ou mais são supostas 
de existirem no bebês 
● O bebê já apresenta um ego primitivo, 
arcaico, desde o nascimento. 
● O bebê vive as primeiras experiências 
corporais de prazer (satisfação) e 
desprazer, e o ego as representa como 
fantasias inconscientes. 
● As experiências de desprazer/sofrimento 
são vividas como uma agressão recebida. 
● diferente de Freud, a agressividade e 
destrutividade ligadas a estas vivências, 
representações e fantasias são 
fundamentais para a teoria de Melanie Klein 
● Mas o primeiro aspecto fundamental de seu 
sistema de pensamento era a precocidade 
dos processos que atuam desde o primeiro 
ano de vida do bebê, em particular a do 
aparecimento do conflito edipiano e do 
supereu... 
○ Para Freud, o Édipo desenrolava-se 
entre os dois e os cinco anos de 
idade. E o supereu era herdeiro do 
complexo de Édipo. 
○ Para Klein os conflitos edipianos 
acontecem no segundo semestre 
do primeiro ano de vida do bebê. E 
constatou nesse mesmo período o 
aparecimento de um supereu 
precoce e feroz. 
O sadismo domina as pulsões 
● Essa fase de apogeu do sadismo 
caracteriza-se pelo fato de que todas as 
pulsões se concentram, reúnem-se em torno 
de uma mesma dominante: a dominante 
sádica. 
● De início, são as pulsões orais que se 
tornam pulsões sádicas orais e se 
caracterizam por fantasias de “morder”, 
“devorar o seio”; 
● Depois, vêm as pulsões sádicas anais, 
“tomar”, “atacar”, “destruir o seio da 
mãe”; 
● Por último, vêm as pulsões sádicas 
uretrais, “queimar a mãe”. 
● O sadismo oral é o mais brutal, porém o 
auge do sadismo é atingido quando todas 
as pulsões verdadeiramente se somam, 
concentrando-se nos ataques sádicos 
dirigidos contra o seio, depois contra a 
mãe e, por fim, contra o ventre materno e 
seus conteúdos, que passam a constituir 
o objeto do sadismo máximo. 
● A relação do sadismo com as pulsões. O 
começo do sadismo máximo é 
desencadeado pelo do desmame, com o 
desejo canibalesco de devorar o seio, o 
que é uma consequência da frustração 
sofrida pelo bebê. 
A agressividade é um tema dominante no início 
da vida 
● desprazer do bebê é vivido, representado, 
como uma agressão sofrida. 
● Melanie Klein: “há uma primeira etapa do 
desenvolvimento mental em que se ativa o 
sadismo em cada uma das diversas fontes 
de prazer libidinoso” (1930). 
 
● A sexualidade (prazer, satisfação, apego, 
pulsões de vida) está misturada com a 
agressividade no bebê (sadismo oral, 
destrutividade, retaliação, pulsões de 
morte. 
● Impulsos sexuais e agressivos ora de 
misturam, ora entram em conflito, no 
funcionamento da mente do bebê (por 
meio de fantasias inconscientes) 
● Nele predominam impulsos sádico-orais e 
sádico-anais os impulsos genitais só 
aparecem mais tarde). 
● O ego é arcaico, ainda não está muito 
desenvolvido. Há um superego arcaico 
presente, muito severo. O bebê experimente 
dor, ódio, ansiedades e medos, que são 
ansiedadesbásicas 
“A conclusão a que cheguei lá é que as tendências 
edipianas são liberadas como consequência da 
frustração sentida pela criança com o desmame, e 
que se manifestam no final do primeiro e início do 
segundo ano de vida; elas são reforçadas pelas 
frustrações anais sofridas durante o treinamento 
dos hábitos de higiene. O próximo elemento que 
influencia de forma determinante os processos 
mentais é a diferença anatômica entre os sexos.” 
(Klein, 1928, p.216) 
O desmame é fundamental 
● Marca a intensificação do sadismo e o início 
da vivência do complexo de Édipo, pelo bebê 
● Klein antecipa o Édipo freudiano e o 
descreve com diferenças 
● Desmame é um “trauma” que frustra a 
criança, aumenta seu sadismo e a insere no 
Édipo 
● O seio/a mãe não existe só para ela, ela se 
ausenta, abandona 
● “as tendências edipianas são liberadas como 
consequência da frustração sentida pela 
criança com o desmame...” p.216 
● A frustração do desmame (oral) é reforçada 
pela frustração do treino dos esfíncteres 
(anal) 
● Descrições de Freud do complexo de édipo 
positivo (normal) e negativo (invertido), e do 
édipo do menino e da menina; da castração, 
ansiedades, etc. 
● Klein vai descrevendo tanto algumas 
continuidades e quanto suas diferenças 
teóricas em relação a estes autores. 
Mudança na posição e no objetivo (nos 
meninos) 
● “O menino, quando se vê impelido a trocar a 
posição oral e anal pela genital, passa a ter 
o objetivo da penetração associado à posse 
do pênis.” 
● mudança na posição libidinal e no 
objetivo, mantendo assim o objeto. Da 
posição oral e anal (introjeção) passam 
para a posse do pênis como elemento que 
penetra, ou seja, ativo. 
Mudança na posição e no objetivo (nas 
meninas) 
● “No caso da menina, por outro lado, o 
objetivo receptivo passa da posição oral para 
a genital: ela muda sua posição libidinal, mas 
mantém o mesmo objetivo, que já levou à 
frustração em relação à mãe.” 
● Há mudança da posição libidinal (oral e anal 
para genital) mas mantém o objetivo 
(receptividade). Receptividade para o pênis 
e amorosidade em relação ao pai. 
● Os desejos edipianos ficam associados ao 
medo da castração e a sentimentos de culpa 
incipientes. 
O sentimento arcaico de culpa 
● Klein: impulsos e fixações pré-genitais 
carregam um sentimento de culpa. 
● Ferenczi: supõe que há uma "espécie de 
precursor fisiológico do superego" associado 
aos impulsos uretrais e anais, a que dá o 
nome de "moralidade esfincteriana". 
● Abraham: a ansiedade aparece pela primeira 
vez no nível canibalesco, enquanto o 
sentimento de culpa surge na fase sádico-
anal arcaica posterior. 
● Klein: o sentimento de culpa associado à 
fixação pré-genital já é efeito direto do 
conflito edipiano. O sentimento de culpa na 
verdade é o resultado da introjeção 
 
(completa, ou -eu acrescentaria -ainda em 
andamento) dos objetos edipianos: isto é, o 
sentimento de culpa é produto da 
formação do superego. 
Superego e Édipo arcaicos 
● O superego é muito sádico e cruel no 
bebê 
● Porque é criado por uma série de 
identificações [introjeções] de objetos 
edipianos durante as fases oral-sádica e 
anal-sádica – quando o sadismo está 
aumentando 
● O superego “contém” identificações que “têm 
caráter surpreendentemente contraditório: 
uma bondade excessiva pode conviver lado 
a lado com uma severidade desmedida.” 
● “Não parece claro que uma criança de quatro 
anos, por exemplo, deveria criar em sua 
mente uma imagem irreal e fantástica de 
pais que devoram, cortam e mordem. No 
entanto, é fácil explicar por que numa criança 
com cerca de um ano a ansiedade criada 
pelo início do conflito edipiano toma a forma 
do medo de ser devorada e destruída. A 
própria criança deseja destruir o objeto 
libidinal, mordendo-o, devorando-o e 
cortando-o em pedaços. Isso dá origem à 
ansiedade, pois o despertar das tendências 
edipianas é seguido pela introjeção do 
objeto, do qual agora se espera punição. A 
criança passa a temer um castigo que 
corresponda à ofensa: o superego se torna 
algo que morde, devora e corta”(p.217). 
Conexão do Superego com fases pré-genitais 
● Sendo assim: sentimentos de culpa estão 
ligados a fase sádico-oral e sádico-anal 
● O ego arcaico ainda é muito fraco e sem 
recursos e só pode se defender desse rigor 
superegóico por meio de repressão. 
● As frustrações orais e anais são protótipo de 
todas as outras frustrações e são 
significadas como punição dando origem as 
ansiedades. 
● Avalanche de indagações e curiosidades 
sexuais, somadas a incapacidade de fala, 
ficam sem resposta e aumentam ansiedade, 
geram ódio. 
● Sofrimento de cunho epistemofílico (desejo 
de saber) gerando ódio 
Fase sádico-anal + impulso epistemofílico 
● Impulso epistemofílico + sadismo (pulsão) 
ativados pela tendência edipiana levam a 
curiosidade e vontade de se apossar do 
corpo da mãe (primeiro objeto de 
aprendizagem). 
● Na fase sádico-anal há a revivência do 
trauma do desmame, agora relacionado ao 
treino esfincteriano. Criança tente a querer 
se apossar da mãe e buscar conhecimento, 
e ao mesmo tempo se sente culpada. Fusão 
do sadismo oral com o anal. 
● Impulsos sádicos + Conflito edipiano 
incipiente + impulso epistemofílico = 
estabelecem (em ambos os sexos) o 
complexo de feminilidade 
Fase de Feminilidade 
● Período de ligação intensa com a mãe, de 
identificação massiva, ocorrida na fase 
sádico-anal. 
● As fezes passam a ser igualadas ao bebê 
que a criança espera ter. O desejo de 
roubar a mãe agora se aplica ao bebê, 
assim como às fezes. 
● Dois objetivos que se fundem: desejo de 
ter bebês, de se apropriar deles; e ódio de 
irmãos e o desejo dos destruir dentro da 
mãe. 
● No caso dos meninos há um terceiro 
objetivo: destruir o pênis do pai (também 
fantasiado com estando dentro da mãe) 
Fase de feminilidade (menino) 
● Tem um desejo frustrado de possuir um 
órgão de fecundação, um seio (órgão de 
fartura), ligado à fase oral. 
● Desejo de ter um filho + o impulso 
epistemofílico = deslocamento intelectual 
para a supervalorização do pênis. 
● Vive uma ansiedade parecida com a 
ansiedade de castração das meninas (não 
possuir o falo; inveja.) 
 
● “Nesse período, a mãe que toma as fezes do 
menino também representa uma mãe que o 
desmembra e castra” (Klein, p. 220). 
● Quando há fixação sádica resulta em 
supervalorização narcísica do pênis e 
rivalidade intelectual com as mulheres 
● Tendência à agressividade excessiva estão 
ligadas ao complexo de feminilidade 
● Desprezo pelo sexo feminino e sentimento 
de “saber melhor” 
● Tendências de sadismo extremo e 
antissociais 
● Quantidade de fixações sádicas determinará 
o tipo de relação genital que terá com o 
masculino ou feminino. 
Fase de feminilidade (meninas) 
● Na menina, percebe-se uma atitude passiva 
diante do pai. 
● Seu complexo de feminilidade irá atuar 
provocando o desejo de ser mãe, de ter um 
bebê e obtê-lo através da relação com seu 
pai. 
● Nesse caso, lhe é oferecido um substituto ao 
falo perdido. 
● Apesar da identificação com a mãe, a 
menina também promove ataques ao útero e 
ao seio. (Provenientes de fantasias anais 
sádicas). 
Ansiedades e defesas relativas ao Édipo 
Arcaico 
● Outro fator que poderá intervir na vivência 
das ansiedades primitivas relacionadas ao 
édipo, é a vinda de irmãos. Os ciúmes 
poderão se estabelecer de forma intensa, e 
a criança passa a estabelecer fantasias que 
mutilam, devoram e castram o pênis e o 
útero. 
● Uma das saídas defensivas do bebê diante 
de toda a ansiedade promovida por esse 
estágio é a fantasia dos pais combinados; a 
criança, de forma onipotente, cria uma figura 
única que possui seios, útero e pênis. Uma 
criatura que é introjetada em seu mundo 
interno e passa a ser experimentada como 
perseguidor (pesadelos, p.ex.) 
Complexo de Édipo Clássico x Arcaico 
● No momento da vivência do complexo de 
édipo clássico (3 aos 5 anos), toda essa 
experiência arcaica iráatuar. As ansiedades 
experimentadas pela criança serão 
fortemente intensificadas pelo ódio 
proveniente das frustrações anteriores e pelo 
superego anteriormente desenvolvido. As 
tendências sádicas ganham espaço e 
também influenciam a forma como a criança 
ira “fechar” o édipo. 
● Klein aponta para a importância das fixações 
sádicas no momento do édipo. Elas 
influenciariam fortemente o medo de ser 
castrado, assim como a quantidade de ódio 
que o menino sente pela mãe. 
Exemplo clínico (Hanna Segal) 
● “Uma figura de pais combinados aparece no 
sonho que uma paciente, em fase maníaca, 
teve pouco antes das férias de verão. Ela 
sonhou que estava numa feira e que havia 
uma pequena exibição. Ai, um homem 
monstruosamente gordo, grávido, com 
enormes dentes, exibia-se e fazia discursos. 
Todo mundo por perto estava rindo e ela não 
sabia se deveria ter pena do homem, nojo, 
ou se deveria rir com todo mundo. A paciente 
não teve associações diretas com o 
caso...passou grande parte da sessão 
atacando-me com desprezo e ridículo. Ao 
final da sessão contou-me o que acabara de 
ouvir a meu respeito. Algumas semanas 
antes, alguém lhe contara que eu ia fazer 
uma conferência em Cambridge. Pensara 
que seria numa das grandes faculdades, 
mas acabara de ouvir que seria apenas uma 
palestra para uma associação de 
estudantes. Essa associação esclareceu 
imediatamente o sonho. A exibição era a 
associação de estudantes e o homem 
gravido e gordo que se exibia era eu lendo 
minha palestra...sabemos a partir de material 
anterior, que a paciente invejava 
extremamente o fato de eu ler meus 
trabalhos; isso representava pra ela, a um só 
tempo, minha potência masculina e minha 
fertilidade feminina. Às vezes, meus 
trabalhos representavam bebes feitos em 
conjuntamente, numa boa relação sexual, 
por mim e por meu marido” (p. 122) 
As origens da transferência 
 
● klein: transferências para freud 
● São novas edições ou fac-símiles dos 
impulsos e fantasias que são despertados e 
tornados conscientes durante o andamento 
da análise. 
● Substituem uma pessoa anterior [ou várias] 
pela pessoa do médico. 
● Toda uma série de experiências psicológicas 
é revivida não como algo que pertence ao 
passado, mas que se aplica ao médico no 
presente momento (atualização). 
● Uma forma de reviver o passado na terapia. 
● Opera ao longo da vida, mas é intensificada 
(catalisada) pela situação terapêutica. 
● Freud no início: a análise funciona ao tornar 
consciente os conflitos inconscientes; 
● Freud posterior: a análise funciona pelo 
manejo da transferência; 
● Verdadeiro motor da análise: reviver estes 
impulsos e fantasias com o analista é a 
chance do paciente para modificá-los, 
elaborá-los (Durcharbeitung), por meio das 
interpretações e ações do analista 
○ OBS: Elaboração, perlaboração: 
processo ou trabalho psíquico pelo 
qual a análise leva o paciente a 
superar as suas resistências e 
integrar as interpretações do analista, 
libertar-se dos mecanismos 
patológicos repetitivos e ressignificar 
suas experiências e relações 
KLEIN: TRANSFERÊNCIA 
● Seus conflitos e ansiedades são 
reativados, na análise; 
● O paciente desloca para o analista as 
suas experiências primitivas, relações de 
objeto e emoções; 
● Conflitos e ansiedades são reativados, e 
o paciente lida com estes com os 
mesmos mecanismos e defesas; 
A PRIMEIRA FORMA DE ANSIEDADE É A 
PERSECUTÓRIA 
● Ansiedade e sentimentos persecutórios 
se originam de: 
○ Da pulsão de morte (fonte interna) 
que atua sobre o organismo, 
gerando o medo de aniquilamento; 
○ Dos impulsos destrutivos (fonte 
interna) dirigidos para o objeto 
primordial, que geram medo de 
retaliação; 
○ Das experiências de frustração e 
desprazer do bebê (fonte externa) 
que são vividas como ataques 
contra ele; 
POSIÇÃO ESQUIZOPARANÓIDE 
● Conforto e cuidados vividos pelo bebê 
(ex., as primeiras experiências de 
amamentação): 
● vem de “forças boas” = objeto bons 
● Bebê sente amor e gratidão pelo seio bom; 
sentimentos de perseguição e impulsos 
destrutivos são dirigidos para as forças 
frustradoras e sofredoras, os seios maus 
● A cisão está em alta: amor e ódio, e todos os 
aspectos “bons” e “maus” vividos pelo bebê, 
são mantidos separados no psiquismo 
● Busca por segurança: usar os mecanismos 
de defesa (cisão, negação, idealização, 
onipotência) para: 
○ transformar o objeto bom em objeto 
ideal (que protege contra o objeto 
perigoso e persecutório) 
○ A ansiedade persecutória provoca a 
idealização 
○ Dura 3 a 4 meses. 
INTROJEÇÃO 
● A libido e agressividade são projetados no 
seio materno: é a base para as relações de 
objeto externas 
● Introjeção no ego do seio materno e outros 
objetos: cria as relações com objetos 
internos 
● Início da formação do superego 
 
● Pai logo é introjetado também e se torna um 
objeto interno 
● Introjeção e projeção vão ocorrendo ao 
mesmo tempo: as relações de objeto 
internas e externas interagem 
constantemente, no bebê. 
● (É uma das principais formas do bebê lidar 
com suas pulsões e se relacionar com o 
mundo.) 
A SEGUNDA FORMA DE ANSIEDADE É A 
DEPRESSIVA 
● A partir dos 3, 4 meses: há uma crescente 
capacidade de síntese e integração do ego 
● Cada vez mais o bebê percebe a mãe e a 
introjeta como um pessoa total 
● Os impulsos agressivos e destrutivos, antes 
dirigidos ao seio mau, agora são também 
dirigidos contra o seio bom – isto é, contra a 
mãe como objeto completo 
● Bebê: sente que a voracidade e agressões 
incontroláveis vão destruir a mãe (processos 
semelhantes ocorrem com o pai e outros 
membros da família) 
● Resultado: ansiedade, depressão e culpa, 
frente ao medo e possibilidade de perda ou 
destruição dos objetos amados 
● Impulso para viver o Édipo: necessidade de 
separar sentimentos e desejos negativos e 
positivos em objetos diferentes 
● Impulso para largar os objetos orais e 
introjetar os genitais 
● Vários fatores atuam aqui: prova de 
realidade crescente, desmame, etc. 
● É a Posição Depressiva, cujo pico é aos 6 
meses 
DIFERENÇAS COM FREUD 
● Freud: autoerotismo e narcisismo são 
estados anteriores às relações de objeto. 
● Klein: autoerotismo e narcisismo 
ocorrem junto com as primeiras relações 
de objeto (externas e internas). 
○ Estados narcisistas e autoeróticos: o 
ego está se relacionando com 
objeto interno amado (o seio bom), 
que é fantasiado como parte do 
corpo e do self; 
○ Desde os primeiros dias de vida, o 
objeto bom primordial é logo 
internalizado (incorporado) dentro do 
ego, e se torna um dos motores do 
seu desenvolvimento; 
○ “as identificações são o resultado de 
introjeções”. 
● Não existem desejos, libido, ansiedades, 
fantasias, defesas ou processos mentais 
“soltos” no psiquismo, estão sempre ligados 
a algum objeto: “as relações de objeto estão 
no centro da vida emocional” (p.76) 
TRANSFERÊNCIA VEM DOS PROCESSO 
PRIMÁRIOS 
● Transferências positivas e negativas estão 
ligadas ao Inter jogo e flutuações entre 
objetos amados e odiados, internos e 
externos; 
● A transferência negativa tem de ser 
analisada (interpretada) também, e 
especialmente em conexão com a positiva; 
● Ao contrário do que pensava Freud, 
pacientes esquizofrênicos fazem as duas 
formas de TF, pois tem dificuldades 
justamente nas primeiras relações de objeto 
(posição esquizoparanóide); 
● O analista pode ser colocado pela 
transferência não apenas no papel de pai e 
mãe, mas também no de superego, id e ego: 
pode representar o papel de qualquer objeto 
do mundo interno do paciente 
● A transferência com o analista contém 
aspectos destas relações do passado, mais 
também de relações atuais 
A TRANSFERÊNCIA NA ANÁLISE 
● Na análise (às vezes numa só sessão) 
ocorrem flutuações e rápidas alternâncias na 
transferência: entre pai e mãe, objetos 
bondosos e perseguidores, figuras externas 
ou internas, mais reais ou mais fantasiados, 
objetos e partes do self, etc. 
 
● O analista podeser sentido como uma 
combinação dos pais, hostil e ameaçadora 
(vinda do início do Édipo, da inveja e 
frustrações infantis): é a fantasia de pais que 
se gratificam e excluem a criança, negam-lhe 
o amor; 
● Situação total: ansiedades, sentimentos, 
relações de objeto, fantasias, defesas, etc.., 
são transferidos 
● Podem ser deslocados – sentimentos e 
atitudes – do analista para pessoas da vida 
cotidiana no presente (acting-out) 
● Com a compreensão da TF e sua análise, o 
passado e o presente podem ser integrados; 
pode se diminuir a cisão nos processos 
mentais; ajudar o paciente a integrar mais o 
ego; a “evoluir” da posição esquizoparanóide 
para a depressiva, etc. 
● “Quando as ansiedades persecutória e 
depressiva e a culpa diminuem, há menos 
premência a repetir continuamente 
experiências fundamentais e, em 
consequência, antigos padrões e modos de 
sentir são mantidos com menor 
tenacidade”(p.79).

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