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MEMBRO INFERIOR

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MEMBRO INFERIOR/Capa MMII.pdf
FISIOLOGIA ARTICULAR
À minha mulher
.::-.
A. I. KAPAN DJ I
Ex-Internodos Hospitaisde Paris
Ex-Chefede Clínica-Auxiliardos Hospitaisde Paris
Membro da SociedadeFrancesade OrtopediaeTraumatologia(S.O.F.C.O.T.)
Membro da SociedadeFrancesade Cirurgiada Mão (G.E.M.)
FISIOLOGIA ARTICULAR
ESQUEMAS COMENTADOS DE MECÂNICA HUMANA
VOLUME 11
5ªedição
MEMBRO INFERIOR
I. - O QUADRIL
11.- O JOELHO
111.- O TORNOZELO
IV. - O PÉ
V. - AABÓBADA PLANTAR
Com 690desenhosoriginaisdo autor
___ ~c.-.._;"~'~ __ o(',",~ _
• Este livro p&:'ie~<;e80 Sistema de Bibliote- •
cas da UC2.",··.~ sór entreguenos pra-
zos prevltilü, OJ quandO solkitado O aluno
será responsavelpelo livro e em caso de
danificaçãoou perda deverá repo-Io.
- EDITORIALMEDICA-
Cpanamericana-=:> ~TrMALOINE
Título do originalemfrancês
PHYSIOLOGIE ARTICULAIRE. 2. MembreInférieur
©ÉditionsMALOINE. 27,Rue de l'École deMédecine.75006Paris.
Traduçãode
EditorialMédica PanamericanaS.A.
RevisãoCientíficae Supervisãopor SorayaPachecoda Costa,fisioterapeuta
ISBN (do volume):85-303-0044-0
ISBN (obracompleta):85-303-0042-4
©2000ÉditionsMALOINE.
27,ruedel'École deMédecine.75006Paris.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ~
K26f
v.2
00-1624.
Kapandji,A. L (IbrahimAdalbert)
Fisiologia articular,volume2 : esquemascomentadosde
mecânicahumana/ A. r. Kapandji ; com desenhosoriginais
do autor; [traduçãoda5.ed.originalde Editorial Médica
PanamericanaS.A. : revisãocientíficae supervisãopor Soraya
PachecodaCosta].- SãoPaulo: Panamericana; Rio de
Janeiro: GuanabaraKoogan,2000
: 690il.
Traduçãode:Physiologiearticulaire,2 : membre
Ínférieur
Inclui bibliografia
Conteúdo:v.2.Membroinferior: O quadril- O joelho -
O tornozelo- O pé- A abóbadaplantar
ISBN 85-303-0044-0
1.Mecânicahumana.2. Articulações- Atlas. 3.
Articulações- Fisiologia - Atlas. L Título.
CDD 612.75
CDU 612.75
UNIVERSIDADE CAT()IICA
DE BRASil IA
Sistemade Bjtliiotecas
231100 241100 009948
Todos os direitosreservadospara a língua portuguesa.Excetuandocríticas e resenhascientífico-
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MedicinaPanamericanaEditorado Brasil LTDA,
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Fax: 21-2221-3202
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ImpresoenEspana
PREFÁCIO À EDIÇÃO EM PORTUGUÊS
Passarammaisde vintee cinco anosdesdeo momentoem quese escreveramestestrês volu-
mesde EsquemasComentadosde Fisiologia Articular obtendogrande sucessoentreos leitores de
todo tipo, estudantesde medicinaefisioterapia, médicos,fisioterapeutase cirurgiões. O fato de que
continueatual se deveaoparticular caráterdestasobras,cujo objetivo é o ensinodofuncionamento
do Aparelho Locomotorde maneiraatrativa,privilegiando a imagemdiante do texto: o princípio é
e).plicarumaúnica idéia atravésdo desenho,o qualpermitelima memorizaçãoe uma compreensão
definitivas.O fato dequeestesliiTos não tenhamcompetidorsério demonstranitidamenteo seuvalor
intrínseco.Na verdade,é a clarezada representaçãoespacialdofuncionamentodos músculose das
articulaçõeso quefaz com queseja tão evidente:estesesquemasnão integramunicamenteas três
dimensõesdo espaço,mastambémumaquartadimensão,a do Tempo,porque a Anatomia Funcional
está i'iva e, conseqiientemente,móvel- isto é. inscrita no Tempo.Isto diferencia a Biomecânica da
Mecânicapropriamentedita, ou Mecânica Industrial.A Biomecânicaé a Ciência das estruturasevo-
lutims, quese modificamsegundoos contratempose evoluememfunção das necessidades,capazes
de renovar-secOllStantementepara compensaro desuso.É lima mecânicasem eixo materializado,
móvelinclusivenopercursodo movimento.As suassupofícies articulares integramumjogo mecâni-
co queseria por completoimpossívelna mecânicaindustrial,porém lhe outorgapossibilidades adi-
clOnazs.
Eis aqui o espíritoqueimpregnaestesvolumes,ao mesmoternpoquedeixaa porta abertaaos
outrosmétodosde ensinopara ofuturo. Este é, na verdade,o segredoda suaperenidade.
A. I. KAPANDJI
ADVERTÊNCIA DO AUTOR À QUINTA EDIÇÃO
A partir de suaprimeira edição,há seteanos atrás, estelin'o, inspiradoprincipalmentepor
. DuchennedeBoulogne,o "grandeprecursor" da Biomecânica,permaneceufiel a si mesmo,exceção
feita por algumaspequenascorreções.Nestemomento,na oportunidadedo aparecimentoda quinta
edição,achamosnecessárioincluir modificaçõesimportantes,emespeciaino queserefereà mão.De
fato, o rápido desenvolvimentoda cirurgia da mão exigeum incessanteaprofundamentoquantoao
conhecimentode suafisiologia. Este é o motivopelo qual, à luz de recentestrabalhos,temosescritoe
desenhadonovamentetudorelacionadoao polegar e ao mecanismodeoposição:afunção da articu-
lação trapézio-metacarpeanana orientaçãoe rotaçãolongitudinalda colunadopolegarseexplicade
maneiramatemáticaapartir da teoriadasarticulaçõesdedois eixostipocardan:assimmesmo,sees-
clareceafunção da articulação metacarpofalangeanano "bloqueio" dapreensãodegrandesobjetos
e, enfim,afunção da articulação inteJfalangeanana "distribuição" da oposiçãodo polegar sobrea
polpa de cada umdos quatro dedos.A riquezana variedadedepreensãoepreensõesassociadasàs
açõesestáilustradacomnovosdesenhos.Temosapelfeiçoadoa definiçãodasdistintasposiçõesfzlll-
cionaisedeimobilização.Porfim, como O,bjetivodeestabelecerumbalançofzlllcionalrápidoda mão.
propõe-seumasériedeprovas de movimentos,as "preensõesmais ação" que,melhordo queas ,'a-
loraçõesanalíticasda amplitudede cada umadas articulaçõese dapotênciadecadamÚsculo,faci-
litam umaapreciaçãosintéticado valor da utilizaçãoda mão.
No final do livro suprimimosalgunsmodelosobsoletosou quenão oferecemmuitointeresse.
e substituímospor ummodeloda mãoqueexplica,nestecasode maneirasatisfatória,a oposiçãodo
poleg([J~
Em resumo,esteé umlivro renovadoe enriquecidoemprofundidade.
PREF ÁCIO À EDIÇÃO EM PORTUGUÊS
Passarammaisde vintee cinco anosdesdeo momentoemquese escreveramestestrês volu-
mesde EsquemasComentadosde Fisiologia Articular obtendogrande sucessoentre os leitores de
todo tipo, estudantesde medicinaefisioterapia, médicos,jisioterapeutase cirurgiões. O fato de que
continueatual se deveaoparticular caráterdestasobras,cujo objetivo é o ensinodofuncionamento
do Aparelho Locomotorde maneiraatratim, prh'ilegiando a imagemdiante do texto: o princípio é
explicar umaÚnicaidéia atravésdo desenho,o qualpermiteuma memorizaçãoe uma compreensão
definitivas.O fato dequeesteslii'J"OSnão tenhamcompetidorsério demonstranitidamenteo seuvalor
intrínseco.Na verdade,é a clarezada representaçãoespacialdofuncionamentodos mÚsculose das
articulaçõeso quefaz com queseja tão evidente:estesesquemasnão integramunicamenteas três
dimensõesdo espaço,mastambémumaquartadimellSão,a do Tempo,porque a Anatomia Funcional
estái'iva e, conseqiientemente,móvel- isto é, inscrita no Tempo.Isto diferencia a Biomecânica da
Mecânica propriamentedita, ou Mecânica Industrial.A Biomecânicaéa Ciência das estruturasevo-
lutims, quese modifIcamsegundoos contratempose evoluememfunção das necessidades,capazes
de renovar-seconstantementepara compensaro desuso.É uma mecânicasem eixo materializado,
móvelinclusivenopercursodo movimento.As suassupelfíciesarticulares integramumjogo mecâni-
co queseria por completoimpossívelna mecânicaindustrial,porém lhe outorgapossibilidades
adi-
CIOIICIlS.
Eis aqui o espíritoqueimpregnaestesi'olumes,ao mesmotempoquedeixaa porta abertaaos
outrosmétodosde ensinopara ofuturo. Este é, lia i'erdade,o segredoda suaperenidade.
A. I. KAPANDJI
ÍNDICE
oQUADRIL
Movimentosdeflexãodoquadril
Movimentosdeextensãodoquadril
Movimentosdeabduçãodoquadril
Movimentosdeaduçãodoquadril
Movimentosderotaçãolongitudinaldo quadril
O movimentodecircunduçãodo quadril
Orientaçãodacabeçafemorale do cótilo
Relaçõesdassuperfíciesarticulares
Arquiteturado fêmure dapelve
A orlacotilóidee o ligamentoredondo
A cápsulaarticulardoquadril
Os ligamentosdo quadril
Funçãodosligamentosnaflexão-extensão
Funçãodosligamentosnarotaçãoexterna-rotaçãointerna
Funçãodosligamentosnaadução-abdução
Fisiologiado ligamentoredondo
Fatoresdecoaptaçãodacoxo-femoral
Fatoresmuscularese ósseosdaestabilidadedoquadril
Os músculosflexoresdoquadril
Os músculosextensoresdoquadril
Os músculosabdutoresdoquadril
A abdução
O equilíbriotransversaldapelve
Os músculosadutoresdoquadril
Os músculosrotadoresexternosdo quadril
Os músculosrotadoresdoquadril
A inversãodasaçõesmusculares
Intervençãosucessivadosabdutores
oJOELHO
Os eixosdaarticulaçãodojoelho
Os deslocamentoslateraisdojoelho
Os movimentosdeflexão-extensão
A rotaçãoaxia1dojoelho
Arquiteturageraldomembroinferiore orientaçãodassuperfíciesarticulares
As superfíciesdaflexão-extensão
14
16
18
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22
24
26
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30
32
34
36
38
40
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46
48
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52
54
56
58
60
64
66
68
72
76
78
·80
82
84
86
8 ÍNDICE
As superfíciesemfunçãodarotaçãoaxial
Perfil doscôndilose.dasglenóides
Determinismodoperfil côndilo-troc1ear
Os movimentosdoscôndilossobreasglenóidesnaflexão-extensão
Os movimentosdoscôndilossobreasglenóidesnosmovimentosderotaçãoaxial
A cápsulaarticular
O ligamentoadiposo,aspregas,a capacidadearticular
Os meniscosinterarticulares
Os deslocamentosdosmeniscosnaflexão-extensão
Os deslocamentosdosmeniscosnarotaçãoaxial.Lesõesmeniscais
Os deslocamentosdapatelasobreo fêmur
As ligaçõesfêmoro-patelares
Os deslocamentosdapatelasobrea tíbia
Os ligamentoslateraisdojoelho
A estabilidadetransversaldojoelho
A estabilidadeântero-posteriordojoelho
As defesasperiféricasdojoelho
Os ligamentoscruzadosdojoelho
Ligaçõesdacápsulae dosligamentoscruzados
Direçãodosligamentoscruzados
Funçãomecânicadosligamentoscruzados
A estabilidaderotatóriadojoelhoemextensão
Os testesdinâmicosemrotaçãointerna
Os testesdinâmicosderupturado ligamentocruzadoântero-externo
Os testesdinâmicosemrotaçãoexterna
Os músculosextensoresdojoelho
Fisiologiado retoanterior
Os músculostlexoresdojoelho
Os músculosrOladoresdojoelho
A rotaçãoautomáticadojoelho
O equilíbriodinâmicodojoelho
o TORNOZELO
O complexoarticulardopé
A flexão-extensão
As superfíciesdatíbio-tarsiana
Os ligamentosdatíbio-tarsiana
Estabilidadeântero-posteriordotornozeloe fatoreslirnitantesdaflexão-extensão
Estabilidadetransversaldatíbio-tarsiana
As articulaçõestíbio-fibulares
Fisiologiadasarticulaçõestíbio-fibulares
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90
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166
168
170
172
174
OPÉ
Os movimentosderotaçãolongitudinale delateralidadedopé
As superfíciesarticularesdasubastragaliana
Congruênciae incongruênciadasubastragaliana
O astrágalo,um ossosingular
Os ligamentosda articulaçãosubastragaliana
A médio-tarsianae os seusligamentos
Os movimentosnasubastragaliana
Osmovimentosna subastragalianaenamédio-tarsiana
Os movimentosnamédio-tarsiana
Funcionamentoglobaldasarticulaçõesdo tarsoposterior
O cardãoheterocinéticodaparteposteriordopé
As cadeiasligamentaresdeinversãoe eversão
As articulaçõescúneo-escafóides,intercuneiformese tarso-metatarsianas
Movimentosnasarticulaçõesdotarsoanteriore nametatarsiana
A extensãodosdedosdopé
Músculosinterósseose lumbricais
Músculosdaplantadopé
Canaistendinososdo dorsoe daplantadopé
Os flexoresdo tornozelo
O trícepssural
Os outrosextensoresdotornozelo
Os músculosabdutores-pronadores:Os fibulares
Os músculosadutores-supinadores:Os tibiais
A ABÓBADA PLANTAR
A abóbadaplantaremconjunto
O arcointerno
O arcoexterno
O arcoanteriore acurvaturatransversal
Distribuiçãodascargase deformaçõesestáticasdaabóbadaplantar
O equilíbrioarquitetônicodopé
Deformaçõesdinâmicasdaabóbadaplantarduranteamarcha
Deformaçõesdinâmicassegundoa inclinaçãolateraldapernasobreo pé
Adaptaçãodaabóbadaplantaraoterreno
Os péscavos
Os péschatos
Os desequilíbriosdo arcoanterior
BIBLIOGRAFIA
MODELOS DE MECÂNICA ARTICULAR PARA CORTAR E ARMAR
ÍNDICE DE ABREVIATURAS
ÍNDICE 9
178
180
182
184
186
188
190
192
194
196
198
200
202
204
206
208
210
212
214
216
220
222
224
228
230
232
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236
238
240
242
244
246
248
250
253
255
279
MEMBRO INFERIOR/Cap�tulo 1 Quadril.pdf
10 FISIOLOGIA ARTICULAR
2.MEMBRO INFERIOR 11
12 FISIOLOGIA ARTICULAR
o quadril é a articulaçãoproximaldo
membroinferior: situadana raiz do membro
inferior,asuafunçãoéorientar-lheemtodasas
direçõesdoespaço,porissopossuitrêseixose
trêsgrausdeliberdade(fig.1-1):
- um eixo transversalXOX', situadono
planofrontal,aoredordoqualseexecu-
tamosmovimentosdefiexão-extensão;
- umeixoântero-posteriorYOY', situado
noplanosagital,quepassapelocentro
daarticulação,aoredordoqualsereali-
zamosmovimentosdeabdução-adução;
- um eixo verticalOZ, queseconfunde
como eixolongitudinalOR domembro
inferiorquandoo quadrilestánumapo-
siçãodealinhamento.Esteeixolongitu-
dinalpermiteosmovimentosderotação
externae rotaçãointerna.
Os movimentosdo quadrilsãorealizados
por umaúnicaarticulação:a articulaçãocoxo-
femoral,emformadeenartrosemuitocoapta-
da.Estacaracterísticaseopõetotalmenteà da
articulaçãodoombro,quesecaracterizaporser
umverdadeirocomplexoarticularcujaarticula-
çãoescápulo-umeralé umaenartrosecompou-
cacapacidadedecoaptaçãoeumagrandemobi-
lidadecomdetrimentodaestabilidade.Conse-
qüentemente,a articulaçãocoxofe~oraltem
menosamplitudedemovimento- compensa-
da,emcertamedida,pelacolunavertebrallom-
bar-; contudo,émuitomaisestáveleé aarti-
culaçãomaisdifícil de luxarde todoo corpo.
Todasestascaracterísticasprópriasdo quadril
estãocondicionadaspelasfunçõesdesuportedo
pesocorporale de locomoçãodesempenhadas
pelomembroinferior.
Foi justamenteporcausadaarticulaçãodo
quadrilquesurgiuaeradasprótesesarticulares,
transformandoacirurgiadoaparelholocomotor.
Estaarticulação,aparentementea maissimples
deamoldar,devidoàssuassuperfíciesarticula-
resmuitoparecidascomasdeumaesfera,ainda
hoje provocamuitosproblemas:dimensãoda
esferaprotética,naturezadassuperfíciesdecon-
tatocomrelaçãoaocoeficientedeatrito,resis-
tênciaaodesgaste,eventualtoxicidadedosresí-
duosdo desgaste;mas,principalmente,o pro-
blemamaisdifícil de abordaré a uniãocomo
ossovivo,soba controvérsiadeincrustaçãoou
não.Tambémgraçasaoquadril,a investigação
sobreasprótesesse desenvolveudetal forma
que a quantidadede modelosdisponíveisau-
mentoubastante.
Fig.1-1
z
2.MEMBRO INFERIOR 13
X'
14 FISIOLOGIA ARTICULAR
MOVIMENTOS DE FLEXÃO DO QUADRIL
A ftexãodoquadrilé o movimentoquepro-
duzo contatodaface anteriorda coxacomo
tronco,demodoquea coxae asporçõesrema-
nescentesdomembroinferiorultrapassamo pla-
no frontaldaarticulação,situando~sepordiante
dela.
A amplitude da flexãovariadependendode
diversosfatores:
No conjunto,aftexãoativadoquadrilnãoé
tãoamplacomoa passiva.A posiçãodojoelho
tambémintervémnaamplitudedaftexão:quando
o joelhoestáestendido(fig. 1-2),a ftexãonão
passados90°,aopassoquequandoojoelhoestá
fiexionado(fIg.1-3),atingeouultrapassaos120°.
No que diz respeitoà flexãopassiva,a
suaamplitudesempreultrapassaos 120°,po-
réma posiçãodojoelho é importante:seestá
estendido(fig. 1-4),a flexão é muito menor
quequandoestáflexionado(fig. 1-5);nesteúl-
timocaso,a amplitudeultrapassaos 140°e a
coxaquasetocatotalmenteo tórax.Constata-
remosmaisadiante(pág.150)comoa flexão
dojoelho,semprequeosísquio-tibiaisestejam
relaxados,permiteumamaiorflexão do qua-
dril.
Seambososquadrissefiexionamdeforma
passivaao mesmotempoestandoos joelhos
tambémfiexionados(fig. 1-6),a face anterior
das coxasmantémum amplocontatocom o
tronco,já que,alémdafiexãodasarticulações
coxofemorais,vemosaretroversãodapelvefa-
zendodesaparecera lordoselombar(seta).
Fig.1-3
Fig.1-4
Fig.1-6
J
Fig. 1-2
Fig.1-5
,--------t
I )
I /900
1-,.'·~
o'
16 FISIOLOGIA ARTICULAR
MOVIMENTOS DE EXTENSÃO DO QUADRIL
A extensãoleva o membroinferiorpara
trásdoplanofrontal.
A amplitudedaextensãodo quadrilé mui-
tomenorquea daflexão,estandolimitadapela
tensãodo ligamentoílio-femoral(verpág.36).
A extensãoativaédemenoramplitudeque
aextensãopassiva.Quandoojoelhoestáesten-
dido (fig. 1-7),a extensãoé maior (20°)que
quandoestátlexionado(fig.1-8),istosedeveao
fatodeos músculosísquio-tibiaisperderemto-
talmenteasuaeficáciacomoextensoresdoqua-
dril, porqueutilizamgrandepartede suaforça
decontraçãonaflexãodojoelho(verpág.150).
A extensãopassivaé de apenas20°no
passoparadiante(fig, 1-9); alcançaos 30°
quandoo membroinferior se situabempara
trás(fig. 1-10).
É necessáriodestacarque a extensãodo
quadrilaumentanotavelmentedevidoàbáscula
depelveproduzidapor umahiperlordoselom-
bar. Estaparticipaçãoda colunalombarpode
medir-senasfiguras1-7e 1-8peloângulocom-
preendidoentreavertical(traçosfinos)eaposi-
çãodealinhamentonormaldacoxa(traçosgros-
sos).Estaúltimaposiçãoseobtémgraçasaoân-
gulo invariávelquea coxaformacoma linha
queuneo centrodoquadrileaespinhailíacaân-
tero-superior.Todavia,esteângulovariadepen-
dendodecadasujeito,vistoquedependedaes-
táticadapelve,ou seja,do grauderetroversão
ouanteversãopélvica.
As amplitudescitadasaquisecorrespon-
dem com indivíduos "normais" sem treina-
mentoprévio.Estaspodemaumentar-seconsi-
deravelmentegraçasao exercícioe ao treina-
mentoapropriados;porexemplo,asbailarinas
podemrealizara aberturadeambasaspernas
semproblemas(fig, 1-11)inclusivesemapoio
nochão,graçasà flexibilidadedeseuligamen-
to deBertin;porém,é necessáriodestacarque
a escassaextensãorelativadacoxaposterioré
compensadacom uma importanteanteversão
dapelve.
Fig.1-9
2.MEMBRO INFERIOR 17
18 FISIOLOGIA ARTICULAR
MOVIMENTOS DE ABDUÇÃO DO QUADRIL
A abduçãodirigeo membroinferiordire-
tamentepara fora eo afastadoplanodesime-
triadocorpo.
Seteoricamenteépossívelrealizaraabdu-
çãodesóumquadril,napráticaa abduçãode
um quadril se acompanhade uma abdução
idênticaa dooutroquadril.Istoaconteceapar-
tir dos30°(fig. 1-12),amplitudeemqueseini-
ciaumabásculadapelvepelainclinaçãodalinha
queuneasduasfossaslateraise inferiores(que
correspondemà projeçãocutâneadasespinhas
ilíacas póstero-superiores).Prolongando-seo
eixodeambososmembrosinferiores,constata-
mosquesecortamnoeixosimétricodapelve:
portanto,podemosdeduzirquenestaposiçãoos
quadrisestãoemabduçãode15°.
Quandosecompletao movimento de ab-
dução (fig. 1-13),o ânguloformadopelosdois
membrosinferioresatingeos90°.A simetriade
abduçãode ambosos quadrisreaparece,então
deduzimosqueaamplitudemáximadeabdução
deum quadrilé de45°.Observe-seque,neste
precisoinstante,apelveapresentaumainclina-
çãode 45°comrespeitoà horizontal,do lado
quesuportaacarga.A colunavertebral,emcon-
junto,compensaestâinclinaçãoda pelvecom
umaconvexidadeparao ladoquesuportaacar-
ga.Denovoreapareceaparticipaçãodacoluna
nosmovimentosdoquadril.
A abduçãoestálimitadapelo impactoós-
seodo colo do fêmurcomo rebordocotilóide
(verpág.34),porémantesqueistoaconteça,in-
tervêmos músculosadutorese os ligamentos
ílio-femoraisepubofemorais(verpág.42).
Com exercícioe treinamentoadequados,é
possívelaumentara máximaamplitudedaabdu-
ção,comono casodasbailarinas,que podem
atingirde120°(fig.1-14)a 130°(fig.1-15)deab-
duçãoativa,istoé,semapoio.Na abduçãopassi-
va,osindivíduosquesetreinampodemalcançar
os 180°deabduçãofrontal(fig. 1-16a);nareali-
dade,nãosetratadeabduçãopura,vistoquepa-
radistenderosligamentosdeBertinapelvebas-
culaparadiante(fig. l-l6b), enquantoa coluna
lombaradquireumahiperlordose(seta)demodo
queo quadrilestáemabdução-flexão.
Fig.1-16
a
Fig.1-13
20 FISIOLOGIA ARTICULAR
MOVIMENTOS DE ADUÇÃO DO QUÂDRIL
A aduçãolevaomembroinferiorparaden-
tro eo aproximadoplanodesimetriadocorpo.
Comonaposiçãodereferênciaambososmem-
brosinferioresestãoemcontatoumcomooutro,
nãoexistemovimentodeadução"pura".
Pelo contrário,existemmovimentosde
aduçãorelativa(fig. 1-17)quando,a partirde
umaposiçãodeabdução,o membroinferiorse
dirigeparadentro.
Tambémexistemmovimentosde adução
combinadacom extensãodo quadril (fig. 1-
18)e movimentosdeaduçãocombinadacom
flexãodo quadril (fig.1-19). -
Finalmente,existemmovimentosde adu-
çãodeumquadrilcombinadacomumaabdu-
çãodooutroquadril (fig.1-20),acompanhados
deumainclinaçãodapelveedeumencurvamen-
todacoluna.Destacarqueapartirdomomento
emqueospésseseparam- eistoé necessário
paraasseguraro equilíbriodocorpo- o ângulo
de aduçãode um quadrilnãoé exatamenteo
mesmoqueoângulodeabduçãodooutroquadril
(fig.1-21):asuadiferençaéigualaoângulofor-
madopeloseixosdeambososmembrosinferio-
resnaposiçãosimétricadepartida.
Em todosestesmovimentosde adução
combinada,a amplitudemáximade aduçãoé
de30°.
Entretodosestesmovimentosde adução
combinada,existeum querealizaumaposição
bastantefreqüente(fig.1-22):aposiçãodesenta-
docomaspernascruzadas.Nestecaso,aadução
associa-seàflexãoeàrotaçãoexternas.É aposi-
çãomaisinstáveldoquadril(verpág.46).
2.MEMBRO INFERIOR 21
Fig.1-19Fig.1-18Fig.1-17
Fig.1-20 Fig.1-21 Fig.1-22
22 FISIOLOGIA ARTICULAR
MOVIMENTOS DE ROTAÇÃO LONGITUDINAL DO QUADRIL
Os movimentosderotaçãolongitudinaldo
quadrilserealizamaoredordo eixomecânico
domembroinferior(eixoOR nafigural-I). Na
posiçãonormalde alinhamento,esteeixo se
confundecom o eixo verticalda articulação
coxofemoral(eixoOZ, figo1-1).Nestascondi-
ções,arotaçãoexternaéomovimentoquele-
vaapontadopéparafora, enquantoarotação
interna levaapontadopépara dentro.Quan-
doojoelhoestátotalmenteestendidonãoexis-
te nenhummovimentode rotaçãonele (ver
pág.136),sendoo quadril,nestecaso,o único
responsávelpelosmovimentosderotação.
Contudo,estanãoéaposiçãoutilizadapa-
raapreciaraamplitudedosmovimentosderota-
ção.É preferívelrealizaresteestudocomo su-
jeito emdecúbitopronoouventral,ou sentado
sobreo bordodamesacomojoelhotlexionado
emânguloreto.
Emdecúbitoventral,aposiçãodereferên-
cia (fig. 1-23)seobtémquandoojoelhotlexio-
nadoemânguloretoestávertical.A partirdesta
posição,quandoapernasedirigeparafora, me-
de-sea rotaçãointerna(fig.1-24),cujaampli-
tudemáximaé de30a 40°.Quandoa pernase
dirigepara dentro,mede-sea rotaçãoexterna
(fig.1-25),cujaamplitudemáximaéde60°.
Estandoo sujeitosentadonobordodame-
sa de exame,quadrile joelho tlexionadosem
ânguloreto,a rotaçãoexternamede-sedames-
mamaneiraquenocasoanterior,quandoaper-
nasedirigeparadentro(fig.1-26),coma coxa
girandosobresi mesma,e a rotaçãointerna
quandoa pernasedirigeparafora (fig. 1-27).
Nestaposição,a amplitudemáximadarotação
externapodesermaiorquenaposiçãodedecú-
bitoventral,porqueatlexãodoquadrildistende
os ligamentosílio-femoraise pubofemorais,
quesãoosprincipaisfatoreslimitantesdarota-
çãoexterna(verpág.40).
Na posiçãodesentadocomaspernascru-
zadas(fig. 1-28),a rotaçãoexternasecombina
comumatlexãoqueultrapassaos 90°e com
umaabdução.OsadeptosdoYogachegamafor-
çara rotaçãoexternaatétalpontoqueoseixos
deambasaspernasficamparalelos,sobrepostos
ehorizontais(posiçãodenominadade"lótus").
A amplitudedasrotaçõesdependedoângu-
lo deanteversãodocolo do fêmur.Geralmente,
estaanteversãoestábastanteacentuadanacrian-
ça,o quelevaaumarotaçãointernadapel71a-
a criançacaminhacom"os pésparadentro"e
apresentacomfreqüênciaumpéplanovalgobi-
lateral-. Como crescimento,o ângulodeante-
versãovoltaa tero seuvalornorn1al,fazendo
comqueosproblemascitadosanteriormentede-
sapareçam.Contudo,énecessáriocitarumacir-
cunstâncianaquala anteversãopodepermane-
cerpereneeinclusiveexagerada:algumascrian-
çasadquiremo hábitodesentar-senochãoso-
breosseuscalcanharescomosjoelhostlexio-
nados;istolevaaumarotaçãointernadofêmur
e a umaanteversãoexageradadoscolosfemo-
rais,porquea plasticidadedoesqueletoaindaé
muitogrande.Umaformaderemediarestasi-
tuaçãoéobrigaracriançaarealizarumaatitude
inversa,ouseja,sentar-secomaspel71ascruza-
das,o melhorainda,naposiçãode Yoga,que,
comopassardotempo,amoldao colodofêmur
emretroversão.
Atépoucotempoatrásamedidadoângulo
de anteversãodoscolosfemoraissuscita,pelo
menoscomo métodoradiológicoclássico,algu-
masdificuldadesparainterpretarosresultados.
Atualmente,graçasà tomografiacomputadori-
zada,estamedidaserealizadeformasimplese
precisa.Portanto,convémutilizarestemétodo
quandoqueremosdiagnosticarrotaçõesdefei-
tuosasdosmembrosinferiores,vistoque,geral-
mente,~moléstia"origina-se"noquadril.
Fig.1-24
Fig.1-26
Fig.1-23
2. MEMBRO INFERIOR 23
Fig.1-25
24 FISIOLOGIA ARTICULAR
oMOVIMENTO DE CIRCUNDUÇÃO DO QUADRIL
Como no caso de todasas articulações
comtrêsgrausde liberdade,o movimentode
circunduçãodo quadrilsedefinecomoa com-
binaçãosimultâneade movimentoselemen-
taresrealizadosaoredordetrêseixos.Quan-
do a circunduçãoatingea suaamplitudemáxi-
ma,o eixodomembroinferiordescrevenoes-
paçoumconecujovérticeéo centrodaarticu-
lação coxofemoral:ele é o chamadoconede
circundução(fig. 1-29).
Esteconeestálongede serregular,por-
queasamplitudesmáximasnãosãoiguaisem
todasasdireçõesdo espaço;portanto,a traje-
tóriadescritapelaporçãodistaldomembroin-
feriornãoéumcírculo,masumacurvasinuo-
saquepercorrediversossetoresdoespaçode-
terminadospelaintersecçãodostrêsplanosde
referência:
A) Plano sagital,no qual se realizamos
movimentosdeflexão-extensão.
B) Planofrontal,no qualseexecutamos
movimentosdeabdução-adução.
C) Planohorizontal.
OsoitosetoresdoespaçonumeradosdeI a
VIII demonstramquea trajetóriaatravessasu-
cessivamenteossetoresIII, lI, I, IV, V eVIII*.
* Notadoautor:ossetoresVI, VII eVII nãosãovi-
síveisnafiguraporqueestãosituadosportrás,entreospla-
nosI e lI. Sãodeduzidosporraciocíniológico.
Observarcomo a trajetóriacontornao
membroquesuportao peso;seelesedesviasse,
a trajetóriasofreriaumlevedeslocamentopara
dentro.A setaR queprolongaomembroinferior
no setorIV parabaixo,paradiantee parafora
representao eixodo conedecircundução,que
correspondeàposiçãofuncionaledeimobiliza-
çãodoquadril.
Strasserpropôsprojetarestatrajetóriaso-
breumaesfera(fig. 1-30)cujo centroO está
ocupadopelocentroda articulaçãocoxofemo-
ral,cujoraioOL estáformadopelofêmure na
qualo eixodospólosEI é horizontal.Nestaes-
feraasamplitudesmáximaspodemserlocaliza-
dasgraçasaumsistemademeridianose depa-
ralelas(nãoilustradosnestafigura).
Este mesmosistemafoi propostoparaa
medidado ombro,emboranesteúltimo caso
sejacertamentemuitomais interessante,visto
quearotaçãosobreo eixolongitudinalé maior
parao membrosuperiordoqueparao inferior.
A partirdeumaposiçãodeterminadaOL dofêmur,a
articulaçãopoderealizarmovimentosdeabdução(setaAb)
oudeadução(setaAd) percorrendoo meridianohorizontal
(MH),movimentosderotaçãointerna(setarI) ouderotação
externa(rE)pelarotaçãoaoredordoeixoOL Quantoaos
movimentosdefiexão-extensão,estessãodedoistiposse-
gundoserealizamnosentidodoparalelo P - sedizentão
quea fiexãoFI é circumpolar- ou no sentidodo círculo
grandeC - emcujocasosediz quea f1exãoF2 é circun-
central-. Estasdistinçõesparecemnãotermuitautilidade
prática.
c
VI
V
--
B
Fig.1-29
E
2.MEMBRO INFERIOR 25
Fig.1-30
26 FISIOLOGIA ARTICULAR
ORIENTAÇÃO DA CABEÇA FEMORAL E DO CÓTILO
(as legendassão comunsa todasas figuras)
A articulaçãocoxofemoralé uma enartro-
se: assuassuperfíciesarticularessãoesféricas.
A cabeçafemoral (fig. 1-31,vista anterior)
estáconstituídapor 2/3 deumaesferade 40 a 50
mm de diâmetro.Pelo seucentrogeométricoO
passamos trêseixosdaarticulação:eixo horizon-
tal (1), eixovertical(2),eixo ântero-posterior(3).
O colo femoralservedesuporteparaa cabeçafe-
moral e asseguraa suauniãocom a diáfise.O ei-
xo do colo femoral(setaCf) é oblíquoparacima,
paradentroe paradiante,formandoassimo eixo
diafisário (D), ângulo denominado"de inclina-
ção",de 125°no adulto;eleformaum ângulocom
o planofrontal(fig. 1-37,vistasuperior)denomi-
nado "dedeclinação", de 10 a 30°,abertopara
dentroeparadianteetambémdenominadoângu-
lo de anteversão.Desta forma (fig. 1-34, vista
póstero-intema),o planofrontalverticalquepassa
pelocentrodacabeçafemoralepeloeixodoscôn-
dilos (planoP) deixaa diáfisefemorale a suaex-
tremidadesuperiorquasetotalmenteatrásdesi;
ditoplanoP contémo eixomecânicoMM' do
membroinferior,quejunto com o eixo diafisário
(D) forn1aumângulode5 a7°(verpág.76).
A formadacabeçaedocolovariasegundoos
indivíduos,demaneiraqueos antropólogoscons-
tataramqueelaerao resultadodeumadetermina-
da adaptaçãofuncional.Portanto,se distinguem
doistiposextremos(fig. 1-35segundoBellugue):
- um tipo "longilíneo" no qual a cabeça
representamais de 2/3 de uma esferae
os ânguloscérvico-diafisáriossãomáxi-
mos(I =125°,D =2SO). A diáfisefemo-
ral é fina e a pelvepequenae alta.Uma
morfologia como estafavorecegrandes
amplitudesarticularese correspondea
uma adaptaçãoà velocidadeda corrida
(esquemasa e c);
- um tipo "brevilíneo": a cabeçamal ul-
trapassaa semi-esfera,os ângulos são
pequenos(I =115°,D =10°),a diáfiseé
mais larga e a pelve maciça e larga. A
amplitudearticularnãoé tãogrande,po-
rém o que a articulaçãoperde em velo-
cidadeganhaemrobustez(b e d).É uma
morfologia de "força".
A cavidade cotilóide (fig. 1-32,vistaexter-
na) recebea cabeçafemoral;ela estásituadana
face externado osso ilíaco, na união das três
partesqueo compõem.Ela temaformadesemi-
esferalimitadano seucontornopelo rebordoco-
tilóide(C). Apenas a periferia do cótilo estáre-
coberta de cartilagem: é a meia.:luaarticular
(Ml), interrompida na sua parte inferior pela
profunda incisura($quio-púbica.A partecentral
do cótilo está situada para trás em relação à
meia-luaarticulare,portanto,nãoentraemcon-
tato com a cabeçafemoral: é o fundocotilóide
(Tf) queumafina lâminaósseaseparadasuper-
fície endopélvicado osso ilíaco (fig. 1-33,osso
transparente).Veremos mais adiante(pág. 32)
como a orla acetabular(La) se encaixano re-
bordo cotilóide (Rc).
O cótilo nãoestáorientadodiretamentepara
fora,massimparabaixoeparadiante(asetaC'
representao eixo do cótilo). Sobreum cortever-
tical (fig. 1-36)estaorientaçãoparabaixo pode
sernitidamentevista:o eixo do cótilo formaum
ângulode30
a40°comahorizontal,istofaz com
quea partesuperiordo cótilo ultrapassea cabeça
parafora; estaultrapassagemsemedepeloângu-
lo de coberturaW, quegeralmenteé de 30°(ân-
gulo de Wiberg). No nível do teto do cótilo a
pressãodacabeçaémaioreacartilagemdelaeda
meia-luaarticularé maisgrossa.Sobreum corte
horizontal (fig. 1-37) aparecea orientaçãopara
diante:o eixo do cótilo (C') formaum ângulode
30 a 40°com o plano frontal.Distingue-setam-
bémo fundo (Tf) paratrásdameia-lua(Ml) e da
orla encaixadono rebordocotilóide (Rc). O pla-
no tangenteao rebordocotilóide (Pr) é oblíquo
paradiantee paradentro.
Na prática,pararealizarestesdoistiposdecortepo-
demosutilizar:
- parao cortevértico-frontal,a tomorradiogra-
fia, queofereceumaimagemsemelhanteàdafi-
gura1-36;
- parao cortehorizontal,ao exameescanográfico
doquadril,quenosdáumaimagemsemelhantea
dafigura1-37e permitemediro ângulodeante-
versãodocóti10edocolofemoral,queémuitoútil
parao diagnósticodasdisplasiasdoquadril.
2.MElviBRO I;-";FERlOR 27
Tf
Fig.1-33
Pr
Fig.1-35
Fig.1-31
- umaflexãopróximaaos90°(seta1);
- umaleveabdução(seta2);
- umaleverotaçãoexterna(seta3).
Nestanovaposição(fig.1-45),o eixodocó-
tiloC' estáalinhadoemCU como eixodocolo.
No esqueleto(fig. 1-41),épossívelconse-
guir a coincidênciadas superfíciesarticulares
graçasaosmesmosmovimentosdeflexão,ab-
duçãoe rotaçãoexterna:a cabeçase encaixa
totalmenteno cótilo. Esta posiçãodo quadril
correspondeà situaçãode quadrúpede(fig. 1-
42), queé, portanto,a autênticaposiçãofisio-
lógica do quadril.A evolução,que fez o ho-
mem passarda marcha quadrúpedepara a
marchabípede,é responsávelpela falta de
coincidênciadas superfícies articulares da
coxofemoral.Por outrolado,estafaltadecoin-
cidênciadas superfíciesarticularespode ser
utilizadacomo argumentoa favor da origem
quadrúpededohomem.
28 FISIOLOGIA ARTICULAR
RELAÇÕES DAS SUPERFÍCIES ARTICULARES
Quandoo quadrilestáem alinhamento totalmenteassuperfíciesarticularesdacabeçae
(fig. 1-38),o quecorrespondeà posiçãodepé o cótilo:nestecasoa meia-luapretadesaparece
tambémdenominadaposição"ereta"(fig.1-39)~ totalmente.GraçasaosplanosdereferênciaS e
a cabeçafemoralnãoestátotalmenterecoberta 'l\ é fácil comprovarqueparaqueassuperfícies
pelocótilo,todaa parteântero-superiordasua art;icularescoincidam,sãonecessáriostrêsmo-
cartilagemestádescoberta(seta,figura1-38).ls- vimentoselementares:
to deve-se(fig. 1-44,vistaemperspectivados
trêsplanosdereferênciadoquadrildireito)ao
fatodequeo eixodocolofemoral(Cf) oblíquo
paracima,paradianteeparadentronãoestáno
prolongamentodo eixodo cótilo (C') oblíquo
parabaixo,paradianteeparafora.Graçasaum
modelodaarticulaçãodoquadril(fig.1-40),po-
de-seconstataraseguintedisposição:umaesfe-
rasuportadaporumahasteencurvadasegundo
osângulosdeinclinaçãoededeclinação,o pla-
noD representao planoquepassapeloseixos
diafisárioe transversaldoscôndilos.Por outro
lado,umahemi-esferaconvenientementeorien-
tadanumplanosagitalS; umpequenoplanoF
representao planofrontalquepassapelocentro
dahemi-esfera.Na posiçãoereta,a esferafica
amplamentedescobertaporcimaepelafrente:a
meia-luapretarepresentaa partedacartilagem
quenãoestácoberta.
Fazendogirarde determinadamaneiraa
hemi-esfera-cótilocomrelaçãoà esfera-cabeça
femoral(fig. 1-43),chegamosa fazercoincidir
Cf
Fig.1-44
Fig.1-38
2. MEMBRO INFERIOR 29
Fig.1-43
C"
Fig.1-45
30 FISIOLOGIAARTICULAR
ARQUITETURA DO FÊlVIUR E DA PELVE
A cabeça,o colo e a diáfisedo fêmurformamum
conjuntoquerealizao quese denomina,emmecânica,
umsuportefalso. Na verdade,o pesodo corpoquerecai
sobrea cabeçafemoralse transmiteà diáfisefemoral
atravésdeumbraçodealavanca:o colo femoral.Pode-
mosobservaro mesmosistemade"suportefalso"numa
forca(fig. l-50), naquala forçaverticaltematendência
a "cortar"a barrahorizontalno pontodejunçãocoma
hastee fecharo ânguloqueformamambasaspeças.Pa-
ra evitarumacidentedestaenvergadura,bastaintercalar
obliquamenteumapernadeforça.
O colodofêmurconstituiabarrasuperiordaforcae.
observandoo membroinferiornoseuconjunto(fig.1--1-8),
sepodeconstatarqueo eixomecânico(traçosgrossos)no
qualsealinhamastrêsarticulaçõesdoquadril.joelhoetor-
nozelo,deixaparaforaaforcafemoral(observartambém
queo eixomecâniconãocoincidecomavertical,represen-
tadanafiguraporumalinhadetraçosintercaladosdeta-
manhosdiferentes).Veremosmaisadiante(fig. 1-128)o
interessemecânicodestadisposição.
Paraevitaro cortedabasedocolodefêmur(fig.1-
51),a extremidadesuperior do fêmur possuiumaes-
trutura bemvisívelsobreumcorteverticaldeossoseco
(fig. 1-46).As lâminasdo ossoesponjosoestãodispostas
emdoissistemasdetrabéculasquecorrespondema linhas
deforça mecânicas.
- um sistemaprincipal formadopor doisfeixes
detrabéculasqueseexpandemsobreo coloea
cabeça:
- o primeiro(1) origina-senacorticalexterna
dadiáfisee terminanaparteinferiordacor-
ticalcefálica.É o feixearciformedeGallois
eBosquette;
- o segundo(2)seexpandea partirdacortical
internadadiáfiseedacorticalinferiordoco-
lo e sedirigeverticalmenteparaa partesu-
periordacorticalcefálica:é o feixecefálico
oulequedesustentação.
Culmanndemonstrouquecarregandoexcentricamente
umtubodeensaioemformadecajadoougrua(fig.1-
49)podem-sefazeraparecerdois lequesde linhasde
força: umoblíquo,naconvexidade,quecorresponderia
aforças detraçãoerepresentaohomólogodofeixear-
ciforme;e outrovertical,naconcavidade.quecorres-
ponderiaaforças depressãoerepresentao feixecefá-
lico(hastedeforçadaforca):
- umsistemaacessórioformadopordoisfeixesque
seexpandememdireçãoaotrocântermaior:
- o primeiro(3),apartirdacorticalinternada
diáfise:é ofeixetrocanteriano:
- o segundo(4),demenorimportância.forma-
doporfibrasverticaisparalelasàcorticalex-
ternado trocântermaior.
É necessáriodestacartrêspontos:
1.No maciçotrocanterianoseconstituiumsistema
ogival pela convergênciados feixes arciforme
(1)e trocanteriano(3).O cruzamentodestesdois
pilaresformaumachavedearcomaisdensaque
descedaconicalsuperiordo colo. O pilar inter-
no é menossólidoe sedebilitacoma idade,de-
vidoà osteoporosesenil.
2.No coloenacabeçaseconstituiumoutrosistema
ogiralformadodestavezpelaconvergênciadofei-
xearciforme(I) edolequedesustentação(2).Na
intersecçãodestesdoisfeixes,umazonamaisden-
saformaonÚcleodacabeça.Estesistemacérvico-
cefálicoseapóia'numazonaextremamentesólida,
a corticalinferiordo colo,queformao esporão
cervicalinferiordeMerkel(Ep).tambémdenomi-
nadodeAdamsou"Calcar".
3.Entreo sistemaogivaldomaciçotrocanterianoe
o sistemadesustentaçãocérvico-cefálicoexiste
umazonademenorresistência(+) quea osteo-
poroseseniltornaaindamaisvulnerávele mais
frágil:estaéazonaondeselocalizamasfraturas
cérvico-trocanterianas(fig. I-51).
A estruturadacinturapélvica(fig. 1-46)tambémse
podeanalisardo mesmomodo.Formandoum aneltotal-
mentefechado,transmiteasforçasverticaisdacolunalom-
bar(setatracejadaedesdobrada)paraasduascoxofemorais.
Existemdois sistel1lusrrabecularesprincipais que
tr:msmitemasforçasatravésdafacetaauricular,emdireçãoao
cótiloporumladoeao tsquio.pelooutro(figs.1-46e 1-47).
- As trabéculassacrocotilóidesseorganizamsegun-
dodoissistemas:
1.O primeiro(5).procedentedapartesuperiorda
superfícieauricular.condensa-senobordoposte-
rior da incisuraciática- formandoo esporão
ciática (Ec)- paraexpandir-senaparteinferior
docótilo.ondecontinuacomastrabéculasdetra-
çãodocolofemoral(1).
2.O segundo(6),procedentedaparteinferiordasu-
perfícieauricular.condensa-senoníveldoestrei-
tosuperior- formandooesporãoinominado(Ei)
- paraexpandir-senapartesuperiordocótiloon-
decontinuacomastrabéculasdepressãodoleque
desustentação(2).
- As trabéculassacroisquiáticas(7)seoriginamnasu-
perfícieauricularcomosdoisfeixescitadosantetiormente,
paradesceratéo ísquio.Entrecruzam-secomastrabéculas
quenascemnorebordocotilóide(8).Estesistemadetrabécu-
Iasisquiáticassuportaopesodocorpoemposiçãosentada.
- Finalmente,astrabéculasqueseoriginamnoesporão
inominado(Ei)enoesporãociático(Ec)seinseremnoramo
horizontaldopúbis.completandoo anelpélvico.
2.MEMBRO INFERIOR 31
Fig.1-51
Fig.1-46
Fig.1-50
Fig.1-49
Fig.1-47
Fig.1-48
7
8
5
32 FISIOLOGIA ARTICULAR
A ORLA COTILÓIDE E O LIGAMENTO REDONDO
A orlacotilóide(Rc)éum anelfibro-car-
tilaginosoque se insereno rebordocotilóide
(fig.1-52),aumentandonotavelmenteaprofun-
didadeda cavidadecotilóide(ver pág.44) e
igualandoasirregularidadesdorebordo(C): se
removemosa palie superiorda orla,podemos
vera incisuraflio-púbica(IP). Quantoà incisu-
ra ísquio-púbica(IlP), amaisprofundadastrês,
aorlaformaumaponteinserindo-seno ligamen-
to transversodoacetábulo(LT), fixadoporsua
veznosdoisbordosdaincisura:noesquemaes-
tão"desmontados"LT eRc.No corte(fig.1-53),
aorlasefixacomfirmezanobordodoligamen-
totransverso(vertambémafigo1-36).
De fato,nocortepode-seapreciaraforma
triangular daorlaalémdastrês facesquese
descrevemacontinuação:umafaceinternaque
se inseretotalmenteno rebordoe ligamento
transverso;umafacecentral(queestáorienta-
da parao centroda articulação)recobertade
cartilagem,continuaçãoda meia-luaarticular
e,portanto,emcontatocoma cabeçafemoral,
umafaceperiféricanaqualseinsereacápsula
articular(Ca),emboraestainserçãocapsularsó
ocorranapartemaisinternadessaface,deixan-
do livre o bordocortantedaorladentrodaca-
vidadearticular;destaforma,apareceum re-
cessocirculardelimitadoentreaorlaeacápsu-
la (fig. l-54, segundoRouviere),denominado
pregaperilímbica(Pp).
O ligamentoredondo(LR) é umabanda
fibrosaachatada(fig. 1-56),de 30-35mm de
comprimento,queseestendedaincisuraísquio-
púbica (fig.1-52)atéacabeçafemorale seen-
caixanofundodocótilo(fig.1-53).Asua inser-
ção na cabeçafemoral(fig. 1-55)situa-sena
partesuperiorde umafossetalocalizadaum
poucoabaixoe portrásdocentrodasuperfície
cartilaginosa;naparteinferiordafosseta,o liga-
mentosomentedesliza-sesobreela.A bandase
divideemtrêsfeixes:
- umfeixeposteriorisquiático(fp),o de
maiorcomprimento,quesaipelaincisu-
ra ísquio-púbica,passandoporbaixodo
ligamentotransverso(fig:1-52),parain-
serir-seabaixoeatrásdocornoposterior
dameia-luaarticular,
- umfeixeanteriorpúbico(fa)quesefixa
namesmainéisura,portrásdocornoan-
teriordameia-luaarticular,
- umfeixemédio(fm)maisfino,quese
insereno bordosuperiordo ligamento
transverso(fig.1-52).
O ligamentoredondoselocaliza(fig.1-53),
junto comtecidocelularadiposo,na cavidade
posterior(CP),ondeestárecobertopelasinovial
(fig. 1-54);estamembranase insere,por uma
parte,nobordocentraldameia-luaarticulareno
bordosuperiordo ligamentotransversoe,pela
outra,nacabeçafemoral,nobordodafossetade
inserçãodoligamentoredondo.Portanto,asino-
vial temumaformatroncocônica,eporissole-
vao nomedetendado ligamentoredondo(Ts).
O ligamentoredondonãodesempenhauma
funçãomecânicaimportante,apesarde serex-
tremamenteresistente(cargade ruptura= 45
kg);contudo,contribuiparaavascularizaçãoda
cabeçafemoral.Defato(fig.1-57,vistainferior
segundoRouviere),doramoposteriordaartéria
obturatória(1)sedesprendeumaarteríola,aar-
tériado ligamentoredondo(6),quepassapor
baixodo ligamentotransversoe penetranaes-
pessuradoligamentoredondo.Por outrolado,a
cabeçae o coloestãovascularizadospelasarté-
riascapsulares(5),ramosdasartériascircunfle-
xasanterior(3)eposterior(4),colateraisdaar-
tériafemoralprofunda(2).
I00. SISTEMA DE BIBlIOIi:U! I
GM
T2
2.MEMBRO INFERIOR 33
Fig.1-52
Fig.1-57
34 FISIOLOGIA ARTICULAR
A CÁPSULA ARTICULAR DO QUADRIL
A cápsulado quadriltema formade bainha
cilíndrica (Fig. 1-58)queseestendedo ossoilíaco
atéaextremidadesuperiordofêmur.Estabainhaes-
táconstituídaporquatrotiposdefibras:
- fibraslongitudinais(1),deunião,paralelas
aoeixodo cilindro;
- fibrasoblíquas(2), tambémdeunião,po-
rémformandoumaespiral,maisoumenos
longa,aoredordocilindro;
- fibrasarciformes(3),cujaúnicainserçãoé
o osso ilíaco, expandidasem forma de
"guirlandas"deumpontoao outrodo re-
bordocotilóide,formamumarco,decom-
primentovariável,cujapartemaisproemi-
nentesobressaido centrodabainha.Estes
arcosfibrosos"envolvem"a cabeçafemo-
ral comosefossemumnódegravataeaju-
damamantê-Ianocótilo;
- fibrascirculares(4), semnenhumainser-
ção óssea.São abundantesno centroda
bainha,ao qualretraemligeiramente.So-
bressaem-sena face'profundada cápsula
formandooaneldeWeberouzonaorbicll-
lar, querodeiae estreitao colo.
Pela suaextremidadeinterna, a bainhacap-
sularsefixanorebordocotilóide(5),no ligamento
transversoe na superfícieperiféricada orla (ver
pág. 32), estabelecendorelaçõesestreitascom o
tendãodo retoanterior(RA, figo1-52).
o seufeixe direto(T) sefixa na espinhailíaca ântero-
inferior,o seu feixe reflexo(T,) se fixa na parteposteriorda
corredeirasupracotilóideapóshaver-sedeslizadopor umdes-
dobramentoda inserçãocapsular(fig. l-53) e do ligamento
ílio-tendino-pré-trocanteriano(Lit) que reforçaa partesupe-
rior dacápsula(verpág.36);o seufeixerecorrente(T,) refor-
çaa parteanteriordacápsula.
A extremidadeexternada bainhacapsular
não se insereno limite da cartilagemda cabeça,
masnabasedo colo,seguindoumalinhadeinser-
çãoquepassa:
- adiante,ao longo da linha intertrocante-
riana anterior(6);
- atrás(fig. l-59), nãona linha intertrocan-
tellanaposterior(7),masnauniãodo ter-
ço externoedosdoisterçosinternosdafa-
ceposteriordo colo (8),por cimada cor-
redeira (9) do tendãodo obturadorexter-
no, antesdefixar-senafossadigital(Fd);
- alinhadeinserçãocruza,obliquamente,os
bordossuperiore inferiordo colo.Embai-
xo,passapor cimadafossetapré-trocanti-
niana(10), e 1,5 cm acimae adiantedo
trocântermenor(Tme).Ás fibrasmaispro-
fundassobempelaparteinferior do colo
parafixar-senolimitedacartilagemdaca-
beça.Destaformaelevamaspregassino-
viais oufrenula capsulae(11),o maissa-
lientedetodosformaa pregapectíneo-fo-
vealdeAmantini(12).
A utilidadedestesfremtlacapsulaese toma
evidentenosmovimentosde abdução.De fato,se
emadução(fig. 1-60)aparteinferiordacápsula(1)
sedistendeenquantoasuapartesuperior(2)secon-
trai,duranteaabdução(fig.1-61)alongitudedapar-
teinferiordacápsula(1) seriainsuficientee limita-
ria o movimentoseasfrenulacapsulae(3), aode-
senrolar-se,não acrescentassemumafolga adicio-
nal.Podemosverdequemaneiraacápsulasedobra
paracima(2) enquantoo colobatecomo rebordo
cotilóideatravésda orla (4) quese deformae se
achata:estemecanismoexplicaquea orla aumente
aprofundidadedo cótilosemlimitaro movimento.
Nos movimentosde flexão extrema,a por-
çãoântero-superiordo colo faz impactocontrao
rebordo,o qualemalgunsindivíduosdeixanoco-
lo (fig. 1-58)a marcadeum trilho ilíaco (Ri) lo-
calizadoabaixodo limite dacartilagem.
Se infiltramosum produtoopacona cavidadearticular
podemosobter,radiologicamente,uma artrografia do qua-
dril (fig. 1-62),quepõeemevidênciaalgunsdetalhesdacáp-
sulae daorla.
O anelde Weberou zonaorbicular(9) formaumaretra~
çãoevidentequedivide a cavidadearticularemdois compar-
timentos:o compartimentoexterno(1) e o compartimentoin-
terno (2). Ambos constituemos recessossuperioresna sua
porçãosuperior(3) e os recessosinferioresna suaporçãoin-
ferior(4).Na porçãosuperiordo compartimentointernosera-
núficaum esporão,cujo vérticese orientaem direçãoao re-
bordocotilóide:é o recessosupralímbico(5) (compararcoma
figo1-53);de suaporçãoinferior sedesprendemduas"ilhas"
pequenase arredondadasseparadasporum profundo"golfo":
sãoos dois recessosacetabulares(6) e o trilhodepartedo li-
gamentoredondo(7). Finalmente,entrea cabeçae o cótilo fi-
cadesenhadaa interlinhaarticular (8).
Fig.1-62
Tme
3 352 8
Fig.1-60
2.MEMBRO INFERIOR 35
5
Fig.1-58
Fig.1-61
36 FISIOLOGIA ARTICULAR
OS LIGAMENTOS DO QUADRIL
---(asexplicaçõessãocomunsatodâsasfiguras)
A cápsuladaarticulaçãocoxofemoralestá
reforçadaporpotenfe-slig}tmentosnassuasfaces
anterioreposterior:
Na face anterior(fig. 1-63)seencontram
doisligamentos:
• o ligamentoQi.Q.:-femoralou ligamento
'deBgtin (LB), lequefibrosocujovérti-
'ce-seinserenó-b-ordü"ilnteriordo Osso
üíacoabaixodaespinhailíacaântero-in-
ferior (ondese insereo reto anterior:
RA) e cujabasese adereao fêmur,ao
longóde todaa linhaintertrocanteriana
anterior.Este lequeé maisfino na sua
porçãomé~~a(c),enquantoosseusdois
bordossãoespessadospor:
- o feixesuperiorou z1io-pré-trocante-
riano(fs),o maisfortedosligamentos
daarticulação(8a 10mmdeespessu-
ra),queterminaforanotubérculopré-
trocanterianoe na partesuperiorda
linha intertrocanteriana.Estáreforça-
do,acima,peloligamentotlio-tendino-
trocanteriano(Litt), o qual,segundo
Rouviere,estáformadopelauniãodo
tendãorecorrentedoretoanterior(Tr)
edeumalâminafibrosaquesaidore-
bordocotilóide(Lf). A faceprofunda
do glúteomínimo (Gm) desprende
umaexpansãoaponeurótica(Exa)que
sefundecoma parteexternadoliga-
mentoílio-pré-trocanteriano;
- o feixe inferiorou ílio-pré-trocanti-
niano (fi), cuja origemse confunde
com a do anterior,se inseremais
abaixo,naparteinferiorda linhain-
tertrocanterianaanterior.
• o ligamentopubofemoral(Lpf) seinse-
reacima,naparteanteriordaeminênCia
ílio-pectíneae a orla anteriorda corre-
d~irainfrapúbica,ondeassuasfibrasse
en{ÍeIaçair1'_c~rn.:li~s:efçãodOlfntsculo
péctíneo.Abaixo,se fixanap?-!:!eante-
rigLdafos~apré~{rocantiniana.
__1ifl1_~!!!!junto(fig. 1-64),estesdois liga-
mentosformamnafaceanteriordaarticuJaçãd~~
um:N deitado(We1cker)oumelhor,umZ cuJo
traçosuperior(hs),o feixeílio-pré-trocanteria-
no,équasehorizontal,o traçomédio(hi),o fei-
xe ílio-pré-trocantiniano,é quaseverticale o
traçoinferior(Lpf):o ligamentopubofemoral,é
horizontal.Entreo ligamentopubofemoraleo li-
gamentodeBertin(+),a cápsulamaisfinacor-
respondeàbolsaserosaquea separadotendão
do ílio-psoas(PI); àsvezes,a cápsulaestáper-
furadanestenível,o quefazcomqueacavida-
dearticulareabolsaserosadoílio-psoasseco-
mumquem.
.Nafaceposterior(fig.1-65)existeumúni-
co ligamento,o ligamento ísquio-femoral
-tLif): a suainserçãointernaocupaapartepos-
teriordorebordoedaorlacotilóides;suasfibras
,sedirigemparacimaeparafora,cruzandoafa-
ceposteriordocolo(h)parafixar-senafacein-
ternadotrocântermaiorpelafrentedafossadi-
gital;o obturadorexternoterminanestafossae
oseu tendãose desliza(setabranca)por uma
corr.e.deiraquepassaaoladodainserçãocapsu-
lar;!tambémpodem-sedistinguir(fig. 1-66)al-
gurnasfibras(i) quese dirigemdiretamenteà
zonaorbicular(j).
Napassagemdaposiçãoquadrúpedeà posi-
çãobípede,apelveseestendesobreo fêmur(ver
pág.28),todososligamentosseenrolam,nomes-
mosentido,aoredordocolo(fig.1-67):numqua-
dril direito_"istopelasuafaceexterna,os liga-
mentosgiramno'sentidohorário(dirigindo-sedo
2ss0ilíacoparao fêmur),istosignificaque-aex-
te.nsãoenrolaosligamentosaoredordocoloen-
quantoaflexãoosdesenrolq.-
2.MEMBRO IJfFERIOR 37
Lpf
LB
fi
Fig. 1-67
Fig. 1-65
Fig.1-63
h
j
i
Fig.1-66
RA
PI ~1'1I// -.r _Tr
fs
fiLpf
••• ~•• ___ • ~ - - I'
~.I~.-~. - - - ..~,-
Lif
VE
38 FISIOLOGIA ARTICULAR
FUNÇÃO DOS LIGAMENTOS NA FLEXÃO-EXTENSÃO
Na posiçãode alinhamentonormal (re-
presentadana figo1-68),os ligamentosestão
moderadamentetensos.Istoestáesquematizado
sobre\) diagrama(fig. 1-69),ondea coroare-
presentaocótiloeo círculocentralrepresentaa
cabe~'ae o colo femoral:os ligamentos,que
aparecemrepresentadospor molas,estãodis-
postosentrea coroae o círculocentrale tam-
bémpodemosvero ligamentodeBertin(B) eo
ísquio-femoral(Lif) (o ligamentopubofemoral
nãoestárepresentadonafiguraparanãosobre-
canegaro desenho).
Naextensãodoquadril (fig.1-70)todosos
ligamentosentramf!mtensão(fig. 1-71),visto
queseenrolamno colofemoral.Contudo,entre
todoseles,ofeixeílio-pré-trocantinianodoliga-
mentodeBertiné o queapresentamaistensão,
devidoà suaposiçãoquasevertical(fig. 1-70):
portantoéo quelimita,essencialmente,a retro-
versãopélvica.
Na flexãodo quadril (fig. 1-72)produz-se
o inverso(fig. 1-73):todosos ligamentossedis-
tendem,tantoo ísquio-femoral,quantoo pubo-
femora1ouo ílio-femoral.
Fig. 1-71
Lif
Fig.1-68
2.MEMBRO INFERIOR 39
Fig.1-69
Fig.1-72
40 FISIOLOGIA ARTICULAR
FUNÇÃO DOS LIGAMENTOS NA ROTAÇÃO EXTERNA-ROTAÇÃO INTERNA
Quandoo quadrilrealizaumarotaçãoex-
terna(fig.1-75),alinhaintertrocanterianaante-
rior seafastado rebordocotilóide;demaneira
quetodosos ligamentosanterioresdo quadril
estãotensos,e,portanto,atensãoémáximanos
feixescujadireçãoé horizontal,istoé, o feixe
ílio-pré-trocanterianoe o ligamentopubofe-
moral. Esta tensãodos ligamentosanteriores
podeserobservadatantonumcortehorizontal
vistodesdecima(fig. 1-75)quantonumavista
póstero-superiordq articulação(fig. 1-76);de-
monstrandoquedurantea rotaçãoexternao li-
gamentoísquio-femoralestádistendido.
Pelo contrário, na rotação interna
(fig. 1-77),todosos ligamentosanterioresse
distendeme emparticularo feixeílio-pré-tro-
canterianoe o ligamentopubofemoral,en-
quantoo ligamentoísquio-femoralentra em
tensão(figs. 1-78e 1-79).
1- -
Fig.1-74
Fig.1-75
Fig.1-76
2.MEMBRO INFERIOR 41
Fig.1-79
42 FISIOLOGIAARTICULAR
FUNÇÃO DOS LIGAMENTOS NAADUÇÃO-ABDUÇÃO
Na posição de alinhamento normal
(fig. 1-80),em que os ligamentosanteriores
estãomoderadamentetensos,é simplescons-
tatarque:
- durante os movimentosde adução
(fig. 1-81),o feixe ílio-pré-trocante-
riano entraem tensãoe o ligamento
pubo-femoralse distende.Quantoao
feixeílio-pré-trocantiniano,esteentra
ligeiramenteemtensão;
- durante os.movimentosde abdução
(fig. 1-82)aconteceo contrário:o liga-
mentopubofemoralentraconsideravel-
menteemtensão,enquantoo feixeílio-
pré-trocanterianosedistende,assimco-
mo o feixe ílio-pré-trocantiniano,po-
rémesteúltimonumgraumenor.
Quantoao ligamentoísquio-femoral,vi-
sívelsomentenumavistaposterior,sedisten-
de durantea adução(fig. 1-83)e entraem
tensãodurantea abdução(fig. 1-84).
Fig.1-83
_____ n __ ~ _
2.MEMBRO INFERIOR 43
Fig.1-82
Fig.1-84
44 FISIOLOGIA ARTICULAR
FISIOLOGIA DO LIGAMENTO REDONDO
o ligamentoredondorepresentaumarelí-
quiaanatômicaedesempenhaumpapelbastan-
teinadvertidonalimitaçãodosmovimentosdo
quadril.
Na posição de alinhamento normal
(fig. 1-85,cortevértico-frontal)estálevemente
tensoe a suainserçãofemoralocupana parte
profunda(fig. 1-86,diagramadapartecotilóide
profundacomasdiferentesposiçõesdafosseta
do ligamentoredondo)suaposiçãomédia(1),
umpoucoabaixoe atrásdocentro(+).
Durantea flexãodo quadril (fig. 1-87),o
ligamentoredondosepregasobresi mesmoea
fosseta(fig. 1-86)acabasituadaacimae adiante
docentrodaparteprofunda(2).Por conseguin-
te,o ligamentoredondonãointervémnalimita-
çãodaflexão.
Durantea rotaçãointerna(fig. 1-88,corte
horizontal,vistasuperior),a fossetasedesloca
paraaparteposteriorea inserçãofemoraldoli-
gamentoentraemcontatocomaparteposterior
dameia-luaarticular(3).O ligamentoseman-
témligeiramentetenso.
Durantea rotaçãoexterna(fig. 1-89),a
fossetasedeslocaparadianteeo ligamentoen-
traemcontatocomaparteanteriordameia-lua
articular(4).O ligamento,novamente,sóapare-
ce ligeiramentetenso.Observaro impactoda
faceposteriordo colo no rebordocotilóidere-
presentadopelaorladeslocadae comprimida.
Na abdução~fig.1-90),afossetadesceem
direçãoàincisuraísquio-púbica(5)eo ligamen-
to estádobradosobresi mesmo.A orla está
comprimidaentreo bordosuperiordo coloe o
rebordocotilóide.
Finalmente,a adução(fig. 1-91)deslocaa
fossetaparacima(6)atéo contatocomo limite
superiordaparteprofunda.Estaéaúnicaposição
ondeo ligamentoestáverdadeiramentetenso.A
parteinferiordocoloempurraligeiramentetanto
aorlaquantoo ligamentotransverso.
Assim sendo,parecequea partecotilóide
profundarepresentaa localizaçãoemtodasas
posiçõespossíveisdafossetado ligamentore-
dondo,incluindoasincisurasposterior(7)e an-
terior(8):defato,nelasselocalizaafossetadu-
ranteos movimentosde adução-extensão-rota-
çãointerna(7) e adução-flexão-rotaçãoexterna
(8).Entreambasasincisurasaparteproeminen-
te e arredondadada cartilagemcorrespondeà
posiçãonaquala aduçãoestámaislimitadano
planofrontal,pelo obstáculoquerepresentao
outromembroinferior.Portanto,o perfilinterno
dameia-luaarticularnãoédevidoaoacaso,mas
representaa linhadasposiçõesextremasdafos-
setadoligamentoredondo.
J Fig.1-85
Fig.1-91
2.MEMBRO INFERIOR 4S
Fig.1-90
46 FISIOLOGIA ARTICULAR
FATORES DE COAPTAÇÃO DA COXOFEMORAL
Ao contráriodaarticulaçãoescápulo-ume-
ral,quepodepadecerumdeslocamentopelafor-
çadagravidade,a articulaçãodo quadrilsebe-
neficiacomestaforça, pelomenosna posição
de alinhamentonormal(fig. 1-92):na medida
emqueo tetodocótilorecobrea cabeçafemo-
ral.estaseencaixanocótilopelaforçadereação
(setabrancaascendente)queseopõeaopesodo
corpo(setabrancadescendente).
Sabemosqueacavidadecotilóideósseare-
presenta,apenas,umasemi-esfera;portanto,não
existeo queemmecânicasedenominaumajun-
tadeencaixe:dopontodevistamecânico,o có-
tiloósseonãopodereteracabeçafemoraldevi-
doÜ suaformasemi-esférica.Porém,a orla co-
tilóideprolongaasuperfíciedocótiloe lhepro-
porcionamaisprofundidade,emboratodaa ca-
,'idadecotiláide ultrapassea semi-esfera(setas
pretas),criandoumpardeencaixefibroso:aor-
la retéma cabeçacomajudadazonaorbicular
dacápsulacujocorteestádesignadoporpeque-
nassetasbrancas,equeapertao colo.
A pressãoatmosféricaé um fatorimpor-
tantenacoaptaçãodoquadril,comofoi provado
pelaexperiênciados irmãosWeber.Defato,eles
constataramque, seccionandotodasas partes
molesqueunemo ossoilíacoaofêmur(incluí-
daa cápsula),a cabeçafemoralnãosaíaespon-
taneamentedo cótilo,e que,inclusive,precisa-
va-sedeumaforçamuitogrande(fig. 1-93)pa-
raextrairacabeçadoseuencaixe.Contudo(fig.
1-94),realizandoumpequenofuronofundodo
cótilo,a cabeçafemorale o membroinferior
caíampeloseuprópriopeso.A experiênciain-
versa,queconsistiaemtaparo orifício apóster
reintegradoacabeçanocótilo,demonstravaque,
comono princípio,a cabeçapermaneciano có-
tilo.Estaexperiênciaécomparávelcomaclássi-
caexperiênciados hemisfériosdeMagdebourg,
naqualéimpossívelsepararoshemisfériosapós
seterfeitoo vácuono seuinterior(fig. 1-95),
tomando-semuitofácil separá-losquandoo ar
entraatravésdeumaabertura(fig.1-96).
Osligamentoseosmúsculosdesempenham
umpapelessencialnamanutençãodassuperfícies
articulares.É necessáriodestacar(fig.1-97,corte
horizontal)queexisteum determinado"equilí-
brio"entresuasrespectivasfunções:nafaceante-
riordaarticulaçãonãoexistemmuitosmúsculos
(setabrancaA), masos ligamentossãopotentes
(setapreta),enquantonafaceposterioraconteceo
contrário:predominamosmúsculos(B).
Tambémé necessáriodestacarquea ação
dosligamentosé diferentesegundoà posição
do quadril: emalinhamentonormalouemex-
tensão(fig. 1-98),os ligamentosestãotensose
acoaptaçãoligamentaréeficaz;porém,emfle-
xão(fig. 1-99)os ligamentosestãodistendidos
(verpág.38)e a cabeçanãoestácoaptadano
cótilocomamesmaforça.É fácil compreender
estemecanismocomum modelo(fig. 1-100):
entredoiscírculosdemadeiraestãoestendidos
fiosparalelos(a),de formaquequandosefaz
girarum doscírculosemrelaçãoaooutro(b)
elesseaproximam.
Portanto,a posição deflexão do quadril é
umaposição instávelpara a articulação, devi-
doaorelaxamentoligamentar.Quandosesoma
a adução,comonaposiçãodesentadocomas
pernascruzadas(fig. 1-101),bastaumchoque
relativamentepequenona direçãodo eixo do
fêmur(seta)paraprovocarumaluxaçãoposte-
rior do quadrilcom fraturaou nãodo bordo
posteriordo cótilo (choquecomo painelnos
acidentesdecarro).
2.MEMBRO Th'FERIOR 47
~4'!', + Fig.1-96
.~~0»
o Fig. 1-94 .- -.
I ba
Fig.1-100
Fig.1-97
Fig.1-101
Fig.1-98
48 FISIOLOGIA ARTICULAR
FATORES MUSCULARES E ÓSSEOS DA ESTABILIDADE DO QUADRIL
Os músculostêmuma função essencialna es-
tabilidade do quadril, porémcoma condiçãodeque
tenhamumadireçãotransversal.De fato (fig. 1-102),
os músculos cuja direçãoé semelhanteà do colo
mantêma cabeçano cótilo; isto é rigorosamentever-
dadeirono casodos pelvitrocanterianos(aqui apare-
cem representadoso piramidal (Pm) e o obturador
externo(Obe); a mesmacoisa acontececom os glú-
teos,principalmenteo glúteomínimo e o glúteomé-
dio (GM), cujo componentede coaptação(setapre-
ta) é muito importante,e graçasà sua potênciade-
sempenhamuma função primordial, por isso se de-
nominammúsculossuspensoresdoquadril.
Contudo,osmúsculosquetêmumadireçãolon-
gitudinal,como é o caso dos adutores(Ad), têm a
tendênciadeluxar a cabeçafemoralparacima do có-
tilo (lado direitodafigo1-102)especialmenteseo te-
to do cótilo estáachatado;estamalformaçãodo cóti-
10 pode-seobservarnasluxaçõescongênitasdo qua-
dril e se identificacom facilidadenuma radiografia
ântero-posteriordapelve(fig. 1-103):normalmente
o ângulodeHilgenreiner,localizadoentrea linha ho-
rizontalquepassapelascartilagensemY (denomina-
da"Iinha dosY") e a linha tangenteao tetodo cótilo,
éde25°norecém-nascidoede 15°no finaldo primei-
ro ano;quandoesteânguloultrapassaos 30°se pode
afirmar que existe uma malformaçãocongênitado
cótilo. A luxaçãopodeser diagnosticadapela subida
do núcleocefálicopor cimada linha dosY (signo de
Putti) e pela inversão do ângulo de Wiberg (ver
figo1-36).Quandoexisteumamalformaçãodo cóti-
10.aaçãoluxantedosadutores(-I-') estámaisacentua-
daquandoapernaestáemadução(fig. 1-102),porém
o componentede luxaçãodos adutoresdiminui com
a abdução(fig. 1-104)de forma que acabamsendo
coaptadoresemabduçãomáxima.
A orientaçãodo colo femoral intervém,de ma-
neiraimportante,na estabilidadedo quadril,conside-
randosuaorientaçãotantono planofrontalquantono
plano horizontal.Já vimos (pág. 24), que no plano
frontal,o eixo do colo do fêmurformaum ângulode
inclinaçãode120-125°como eixodiafisário(a, figo1-
105,diagramado quadril,vistadefrente);na luxação
congênitadoquadrilexisteumaaberturado ângulode
inclinação(coxavalga)quepodealcançaros 140°(b);
durantea adução(c), o eixo do colo estará"adianta-
do" 20°comrelaçãoà suaposiçãonormal:uma adu-
çãode30°nocasodeumquadrilpatológico(P) corres-
ponde,portanto,a uma aduçãode 50° num quadril
normal; contudo, como vimos anteriormente,uma
aduçãodestetipo reforça o componentede luxação
dos adutores.A coxa valga favorece a luxação pato-
lógica. Pelo contrário,estequadrilmalformadoestará
estabilizadocom uma posiçãoem abdução,o queex-
plica as posiçõesutilizadaspara o tratamentoortopé-
dico da luxação congênitado quadril, consistindoa
primeiramanobranuma abduçãode 90° (fig. 1-106).
No plano horizontal (fig. 1-to7, diagramado
quadril vista superior), o valor médio do ângulode
declinaçãoéde20°(a), devido à orientação diver-
gentedo colo e dó cótilo na posição bípede, tal co-
mo vimos anteriormente(pág. 26), a parte anterior
da cabeçafemoral nãó estácobertapelo cótilo; se o
colo estámais orientado para frente por um aumen-
to, por exemplo, de 40° do ângulo de declinação
(b), podemos dizer que existe uma anteversãodo
colo e a cabeçase encontra mais exposta à luxação
anterior. De fato, numa rotação externa de 25° (c),
o eixo de um colo normal ainda "cai" no cótilo (N),
enquantoo eixo do colo em anteversão(P), situado
20°pela frente do colo normal, "cai" sobre o rebor-
do cotilóide: o quadril estáprestesa sofrer uma lu-
xação anterior. A anteversão do colo favorece a
luxação patológica. Pelo contrário, a retroversão
do colo femoral é um fator de estabilidade; assim
como a rotação interna (d); isto explica por que
a
posição 3 de redução ortopédica da luxação congê-
nita (fig. 1-106) se realiza em alinhamento normal
e rotaçãointerna.
Estes fatores arquitetônicose musculares são
muito importantesna estabilidade das próteses. Na
artroplastiatotal do quadril, o cirurgião deve cuidar
especificamente:
- a orientaçãocorretado colo: que não tenha
muita anteversão, especialmentese opera
por via anteriore vice-versa;
- a orientaçãocorretado cótilo protéticoque,
como o cótilo natural,deve"orientar-se"pa-
ra baixo (fig. 1-106) (inclinação máximaso-
bre a horizontal: 45-50°)e ligeiramentepara
diante(15°);
- o restabelecimentode um "comprimentofi-
siológico" do colo femoral, isto é, um braço
de alavancanormal dos glúteos,que desem-
penhamuma função essencialna estabilida-
de daspróteses.
Tambémdeve-seter em contaa importânciada
escolha da via de abordagem,para alterar o menos
possível o equilíbrio muscular.
2.MEMBRO INFERIOR 49
Fig. 1-104
Patológico
20
.t J
Normal
Fig.1-106
b
oJU
'~P
"Fi9.1-105~'p
\
N
~ •• N
N
~;p
N
~Np\ 20 dc
ba
50 FISIOLOGIAARTICULAR
OS MÚSCULOS FLEXORES DO QUADRIL
Os músculosflexoresdo quadrilestãosi-
tuadospelafrentedoplanofrontalquepassa
pelo centroda articulação(fig. 1-108),todos
elespassamadiantedo eixodefiexão-extensão
XX' incluídonesteplanofrontal.
Os músculosflexoresdo quadrilsãomui-
tos,porémosmaisimportantessão(fig.1-109):
- opsoas(Ps)eo ilíaco(I),cujostendões,
unidos,se fixamno trocanter.Ele é o
maispotentede todosos flexorese o
quetemumtrajetomaislongo(asfibras
maissuperioresdopsoasseinseremna
D12).Emborao seutendãopassepor
dentrodo eixoântero-posterior,muitos
autoresdiscutemasuaaçãoadutora;es-
taausênciadeaduçãopoderiaserexpli-
cadapelofatodequeo vérticedo tro-
cantermenorseprojetasobreoeixome-
cânicodo membroinferior(verfigo1-
48).Contudo,afavordasuaaçãoaduto-
ra podeconstatar-se,no esqueleto,que
emflexão-adução-rotaçãoexternaadis-
tânciaentreo trocântermenore a emi-
nênciaílio-pectíneaé menor.O ílio-
psoastambémérotadorexterno;
- o sartório(Sa)é,principalmente,flexor
doquadrileagecomoacessórionaabdu-
çãoe rotaçãoexterna(fig. 1-110);tam-
bémparticipanojoelho(flexão-rotação
interna;verpág.152).Suapotência(2
kg) nãodeve-sedesprezar,vistoqueas
suas9/1O partessãoutilizadasnaflexão;
- o retoanterior(RA) é umpotentefle-
xor (5kg),porémasuaaçãonoquadril
dependedo graude flexãodo joelho:
quantomaiorsejaa flexãodeste,maior
é a eficáciado retoanteriorno quadril
(verpág.148).Ele intervém,principal-
mente,nosmovimentosqueassociama
extensãodojoelhocomaflexãodoqua-
dril, comonafasedeoscilaçãodamar-
chaquandoo membroinferioravança
(fig.1-111);
- o tensor da fáscialata (TFL), alémda
suaaçãoestabilizadorada pelve (ver
pág.58) e suapotenteaçãode abdu-
ção,possuium grandecomponentede
flexão.
Algunsmúsculospossuem,acessoriamen-
te, um componentede flexãosobreo quadril,
açãocoadjuvantequenãodevedesprezar-se;são
osseguintes: _
- o pectíneo(Pec)principalmenteadutor,
etambém
- o adutormédio(AM), queflexionaaté
umdeterminadoponto(verpág.68),
- o retointerno(VI) e,finalmente,
- os feixesmais anterioresdos glúteos
mínimo(Gm)emédio(GM).
Todosos flexoresdo quadriltêm,como
açõessecundárias,componentesde adução-ab-
duçãoouderotaçãoexterna-interna,detal for-
maque,sobestepontodevista,podemclassifi-
car-seemdoisgrupos:
Noprimeirogruposeincluemosfeixesan-
terioresdosglúteosmínimoemédio(GmeGM)
e o tensordafáscialata(TFL): sãoosfiexores-
abdutores-rotadoresinternos(pernadireitada
figo1-109),cujacontraçãoisoladaou predomi-
nantedeterminao movimentodojogadordefu-
tebol(fig.1-112).
No segundogruposeincluemo ílio-psoas
(PI), o pectíneo(Pec)e o adutormédio(AM),
querealizamomovimentodefiexão-adução-ro-
taçãoexterna(pernaesquerdadafigo1-109),co-
monojogadordefuteboldafigura1-113.
Durantea flexãodireta,comoacontecena
marcha(fig.1-111),é necessárioqueambosos
gruposrealizemumacontraçãosinérgica-anta-
gonistaequilibrada.A flexão-adução-rotação
interna(fig. 1-114)necessitade quepredomi-
nemosadutorese o tensordafáscialata,assim
comoosglúteosmínimoe médiocomorotado-
resinternos.
2.MEMBRO INFERIOR 51
Fig.1-114
Fig.1-108
Fig.1-110
Fig.1-109
Fig.1-111
XI
Fig.1-113
Fig.1-112
52 FISIOLOGIA ARTICULAR
OS MÚSCULOS EXTENSORES DO QUADRIL
Osmúsculosextensoresdoquadrilestãosi-
tuados atrás do plano frontal que passa pelo
centro da articulação (fig. 1-115),esteplano
contémo eixotransversalXX' defiexão-exten-
são.
Distinguem-sedois grandes grupos de
músculosextensoresdependendoseelessein-
seremnaextremidadesuperiordo fêmurou ao
redordojoelho(fig.1-116).
No primeiro grupo, o maisimportanteé o
glúteomáximo(G eG'); é o músculomaispo-
tentedocorpo(34kg paraumcomprimentode
15cm),tambémé o demaiortamanho(66cm2
de secção)e, naturalmente,o maisforte(238
kg).A suaaçãoestácomplementadapelosfeixes
maisposterioresdosglúteosmédios(GM) emí-
nimo (Om).Estesmúsculostambémsãorotado-
resexternos(verpág.64).
No segundogrupo figuramessencialmente
osmúsculosísquio-tibiais:porçãolongadobí-
cepsfemoral(B), semitendinoso(ST) e semi-
membranoso(SM),cujapotênciatotaléde22kg
(istoé, 2/3da do glúteomáximo).Trata-sede
músculosbiarticulareseasuaeficáciano quadril
dependeda posição do joelho: o bloqueiodo
joelhoemextensãofavoreceasuaaçãodeexten-
sãosobreo quadril;portanto,existeumarelação
deantagonismo-sinergiaentreosísquio-tibiaise
o quadríceps(principalmenteo reto anterior).
Umapartedosadutoresdeveincluir-seentrees-
tesmúsculosextensores(verpág.62)eemparti-
cularo terceiroadutor(A'), cujafunçãoacessó-
ria éaextensãodoquadril.
Os músculosextensoresdo quadrilpos-
suemaçõessecundáriasdependendodasuapo-
siçãocomrelaçãoaoeixoântero-posteriorYY'
deabdução-adução:
- aquelescujotrajetopassaacimado eixo
YY' determinamumaabduçãosimultâ-
neaà extensão,comonomovimentode
dançada figura 1-117:são os feixes
mais posterioresdos glúteosmínimo
(Gm) e médio(GM) e os feixesmais
elevadosdoglúteomáximo(G');
- aquelescujotrajetopassaabaixo do ei-
xo YY' sãotantoextensoresquantoadu-
tores,comoilustraafigura1-118:sãoos
ísquio-tibiais,osadutores{osqueestão
situadospor trásdo planofrontal)e a
maiorpartedoglúteomáximo(G).
Quandoqueremosobterummovimentode
extensãodireta (fig. 1-119),ou seja,semcom-
ponentedeabduçãonemdeadução,énecessá-
rio queestesdoisgruposmuscularesentremem
açãoemcontraçãoaptagonista-sinérgicaequili-
brada.
Os extensoresdoquadriltêmumafunção
essencialnaestabilizaçãodapelveno sentido
ântero-posterior(fig.1-120).
- quandoapelveébasculadaparatrás(a),
istoé,nosentidodaextensão,aestabili-
dadeseconsegueunicamenteatravésda
tensãodo ligamentodeBertin(LB) -
quelimitaaextensão(verpág.38)-;
- existeumaposição(b)naqualo centro
degravidade(C) selocalizaexatamente
acimadocentrodoquadril:nemosfle-
xoresnemos extensoresintervêm,po-
rémo equilíbrioé instável;
- quandoa pelvebasculaparadiante(c),
o centrode gravidade(C) passapela
frentedalinhadosquadrise os ísquio-
tibiais(IT) sãoos primeirosa iniciara
açãoparaendireitarapelve;
- nosesforçosdeextensãosobreumapel-
vemuitobasculada(d)oglúteomáximo
(G) secontraienergicamente,assimco-
mo os ísquio-tibiais,cuja eficáciaau-
mentaseo joelhoestiveremextensão
(posiçãode pé, troncoinclinadopara
frente,mãostocandoospés).
Durante a marcha normal, os ísquio-ti-
biais realizama extensãoe o glúteo máximo
não intervém.Nãoaconteceomesmoaocorrer,
saltar ou caminharnum plano ascendente,
quandoo glúteomáximoéindispensáveletem
umpapelprincipal.
2. MEMBRO INFERIOR 53
Fig.1-118
Xl
f)
d
IT
Fig.1-115
....•-
c
IT
Fig.1-120
[)
b
VI
Xl
a
Fig.1-116
54 FISIOLOGIA ARTICULAR
OS
MÚSCULOS ABDUTORES DO QUADRIL
São músculosque estãogeralmentesi-
tuadosfora do plano sagitalquepassapelo
centro da articulação(fig. 1-121)e cujotra-
jeto passaporforaeporcimado eixoântero-
posterior YY' de abdução-aduçãocontido
nesteplano.
O principalmúsculoabdutordo quadrilé
o glúteomédio(GM): comseus40cm2desu-
perfície de secçãoe 11cm de longitude,ele
realizaumapotênciade 16kg. Ele é deuma
grandeeficácia,vistoquea suadireçãoé qua-
seperpendicularaoseubraçodealavancaOT
(fig. 1-122).Podemosconstatartambémque
eledesempenhaumafunçãoessencialjuntoao
glúteomínimo,na estabilidadetransversalda
pelve(verpág.58).
O glúteomínimo (Gm) é principalmente
abdutor(fig.1-123),suasecçãode 15cm2eseu
comprimentode9 cmlhedãournapotênciatrês
vezesmenorqueadoglúteomédio(4,9kg).
O tensordafáscialata(TFL) éumpoten-
te abdutorcomo quadrilemalinhamentonor-
mal;a suapotênciaé aproximadamenteameta-
dedadoglúteomédio(7,6kg),emboraseubra-
çodealavancasejamuitomaislongo.Ele tam-
bémestabilizaapelve.
O glúteomáximo(G) sóé abdutoratravés
de seusfeixesmaissuperiores(na suamaior
parte,estemúsculoé adutor)e da suaporção
maissuperficial,queformapartedo glúteodel-
tóide(fig.1-127).
O piramidª.l da pelve (Pm) possuiuma
açãoabdutorainegávelporémdifícil deapreciar
experimentalmente.devidoà sua localização
profunda.
Dependendodassuasfunçõessecundárias
naflexão-extensãoe abdução-adução,podemos
classificaros músculosabdutoresemdoisgru-
pos.
No primeirogrupo se incluemtodosos
músculosabdutoressituadospelafrentedopla-
nofrontalquepassapelocentrodaarticulação:
o tensordafáscialata,quasetodososfeixesan-
terioresdosglúteosmédioemínimo.Estesmús-
culosdeterminam,pelasuacontraçãoisoladaou
predominante,um movimentodeabdução-fle-
xão-rotaçãointerna(fig.1-124).
No segundogruposeencontramosfeixes
posterioresdosglúteosmínimoemédio(osque
estãosituadospor trásdo planofrontal),assim
comoosfeixesabdutoresdoglúteomáximo.Es-
tes músculosdeterminam,pela sua contração
isoladaoupredominante,um movimentodeab-
dução-extensão-rotaçãoexterna(fig.1-125).
Para obterurnaabduçãodireta (fig. 1-
126),istoé, semnenhumcomponenteparasita,
é necessárioque ambosos gruposentremem
contraçãoantagonista-sinérgicaequilibrada.
2.MEMBRO INFERIOR 55
Fig.1-123
Fig.1-121
Fig.1-124
Fig.1-122
56 FISIOLOGIA ARTICULAR
AABDUÇÃO
(continuação)
o glúteo deltóide (Farabeuf)forma um
amplolequemuscular(fig.1-127)nafaceexter-
nadaperna,noníveldoquadril.Suadenomina-
ção se deveà suaforma triangularcom uma
pontainferiore à suaanalogiatantoanatômica
quantofuncionalcomo deltóidebraquial.Con-
tudo,nãoestáformadoporumacamadamuscu-
lar contínua,maspor dois corposmusculares
queocupamos bordosanteriore posteriordo
triângulo;pelafrente,o tensordafáscia lata
(TFL), queseinserenaespinhailíacaanteriore
superior(Eil), sedirigeobliquamenteparabaixo
eparatrás;portrás,aporçãosuperficialdoglú-
teomáximo(G),quesefixanoterçoposteriorda
cristailíaca e cristasacra,paradirigir-separa
baixoe adiante.Ambosos músculosfinalizam
comum desdobramentodobordoanteriore do
bordoposteriordabandaílio-femoralou banda
deMaissiat(CM), espessamentolongitudinalda
fáscialata (porçãoexternada aponeuroseCfU-
ral);destemodo,apartirdainserçãodotensore
doglúteosuperficial,estabandaseconverteno
tendãoterminaldoglúteodeltóide(DG) queirá
fixar-sena faceexternada tuberosidadetibial
externa,no tubérculode Gerdy(TG). Entreo
tensore o glúteomáximo,a aponeuroseglútea
(AO) recobreo glúteomédio.Naturalmente,as
duasporçõesmuscularesdoglúteodeltóidepo-
demcontrair-sedeformaisolada,porémquando
agemde maneiraequilibradaa traçãosobreo
tendãoserealizanoeixolongitudinale o glúteo
deltóiderealizaumaabduçãopura.
A eficáciadosglúteosmédioe mínimoes-
tá condicionadapelo comprimentodo colofe-
moral(fig. 1-128).Defato,supondoqueacabe-
çafemoralesteja"colocada"diretamentesobre
adiáfise,aamplitudetotaldaabduçãoaumenta-
riaconsideravelmente,porémobraçodealavan-
ca OT/ do glúteomédioseriaquasetrêsvezes
maiscurto,o qualdividiriaportrêssuapotência
muscular.Destaformapodemos"explicar"ra-
cionalmentea montagemdacabeçafemoralno
"postigo"(verpág.30),soluçãomecânicamais
frágil quelimitamaisrapidamentea abdução,
porémreforçaaaçãodoglúteomédio,indispen-
sávelparaaestabilidadetransversaldapelve.
A açãodo glúteomédio(fig.1-129)sobre
o braçode alavancado colo femoralvariade
acordocomo graudeabdução:-na posiçãode
alinhamentonormaldo quadril(a),a forçado
músculoF nãoéperpendicularaobraçodeala-
vancaOTj; deformaquepodeserdecomposta
numvetorfU dirigid<?aocentrodaarticulaçãoe
portantocentrípeto,componentecoaptadordo
glúteomédio(fig.1-102)enumvetorperpendi-
cularf/, e portantotangencial,querepresentaa
força eficazdo músculono início daabdução.
Porisso,àmedidaqueaabduçãoaumenta(b),o
vetorfU tematendênciaadiminuir,enquantoo
vetorf' aumenta.Por conseguinte,o glúteomé-
dioécadavezmenoscoaptadoremaisabdutor.
Suamáximaeficáciasedesenvolveemabdução
de35°aproximadamente:nestemomento,a di-
reçãodasuaforçaé perpendicularaobraçode
alavancaOT2 er seconfundecomF - todaa
forçadomúsculoseutilizapararealizaraabdu-
ção. O músculoencurtou-senumalongitude
TjTZ' querepresentaaproximadamenteumterço
doseucomprimento:porémconservaumsexto
deste.
A açãodotensordafáscialata(fig.1-130)
podeseranalisadadomesmomodo(a).Suafor-
çaF aplicadanaespinhailíacaCI sedecompõe
emdoisvetores:flu centrípetoe fi' tangencial
quefazembascularapelve.À medidaquea ab-
duçãoseconsolida(b)o componentef2/ aumen-
ta,porémnuncapoderáserigualà forçaglobalF
domúsculo.Por outrolado,é fácilvernestees-
quemaqueo encurtamentoCITz domúsculore-
presentaumafraçãomínimadoseucomprimento
total,daespinhaaotubérculo:istoexplicaqueo
corpomuscularsejacurtocomrelaçãoaocom-
primentodo tendão,vistoquesabemosqueo
comprimentomáximodeummúsculonãoultra-
passaa metadedo comprimentodassuasfibras
contráteis.
Fig.1-128
Eil
AG
eM
G
T TFL
DG
TG
2.1IEMBROINFERIOR 57
Fig.1-127
a b a
Fig.1-130
b
58 FISIOLOGIA ARTICULAR
oEQUILÍBRIO TRANSVERSAL DA PELVE
Quandoa pelveestáem apoio bilateral
(fig.1-131),seuequilíbriotransversalestáasse-
guradopelaaçãosimultâneaebilateraldosadu-
torese abdutores.Quandoestasaçõesantago-
nistasestãoequilibradas(a),a pelveé estável
numaposiçãosimétrica,comona "posiçãode
sentido"porexemplo.
Se,porumlado,osabdutoresdominam,en-
quantodo outropredominamos adutores(b),a
pelvese deslocarálateralmenteparao lado no
qualpredominamosadutores;senãoserestabele-
ceoequihôriomuscularseproduzaquedalateral.
Quandoa pelveestáemapoiounilateral
(fig. 1-132),o equilíbriotransversalseassegu-
raunicamentesoba açãodosabdutoresdo la-
do do apoio:solicitadopelopesodo corpoP
aplicadoaocentrodegravidade,a pelvetema
tendênciaa bascularemvoltado quadrilque
suportao peso.Nestecasopodemosconsiderar
a cinturapélvicacomoumbraçode alavanca
deprimeirogênero(fig. 1-133),cujopontode
apoioestáconstituídopeloquadrilquecarrega
O, a resistênciapelopesodocorpoP aplicado
aocentrodegravidadeG e apotênciapelafor-
çadoglúteomédioGM aplicadaà fossailíaca
ântero-superior.Paraquea linha dos quadris
permaneçahorizontalemapoiounilateraléne-
cessárioquea forçadoglúteomédiosejasufi-
cienteparaequilibraro pesodo corpo,tendo
emcontaadesigualdadedosbraçosdealavan-
caOE eOG. Nesteequilíbriodapelve,osglú-
teosmédioe mínimonãoestãosozinhos,con-
tamcoma poderosaajudadotensordafáscia
lataTFL (fig. 1-132).
Seumdestesmúsculossedebilitar(fig. 1-
132,b), a açãodagravidadenãoestarácontra-
balançadaeveremoscomoapelvese"inclina"
do lado oposto,de um ânguloa queaumenta
segundoaimportânciadaparalisia.O tensorda
fáscialataestabiliza,nãosomente,apelve,mas
tambémo joelho: comose demonstrarámais
adiante(ver pág. 118),é um verdadeiroliga-
mentolateralexternoativo,portantoa suade-
bilidadepode,depoisdealgumtempo,favore-

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