Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

Metodologia e prática de ensino de Ciências Naturais nos anos iniciais do Ensino Fundamental Unidade 4 - Educação ambiental como ferramenta para a sustentabilidadeMetodologia e Prática de Ensino de Ciências Naturais nos anos iniciais do Ensino Fundamental Unidade 4 Educação ambiental como ferramenta para a sustentabilidade Paola Lemes Introdução ambiente é a unidade complexa que envolve todos os elementos bióticos e abióticos existentes. Em uma determinada época de sua existência, a humanidade passou a olhar e estudar a natureza fragmentando seus elementos. Estamos habituados a aprender desde cedo a dividir e classificar os elementos da natureza, um método que pode ter atendido às demandas durante muito tempo. Entretanto, essa visão provocou uma perda de conexão, ser humano acabou por se distanciar de sua origem e passou a se considerar como um elemento alheio à natureza. O modelo mecanicista, que dicotomiza pensamento, é parte do problema que precisa ser superado. Nesta unidade, faremos uma reflexão sobre a relação da sociedade moderna com a natureza a partir de alguns conceitos-chave. Primeiramente, será feito um resgate histórico para entender a relação entre desenvolvimento da Ciência e desenvolvimento econômico, sua relação com aumento da qualidade de vida das populações e a consequente degradação ambiental que, historicamente, acompanhou este desenvolvimento. Em seguida, serão apresentados conceitos referentes às concepções de meio ambiente e 0 surgimento da ideia de desenvolvimento sustentável, seguidos de uma discussão a respeito das diferenças entre crescimento econômico e desenvolvimento econômico. Você já havia parado para pensar nessa questão? Seguiremos com a apresentação da abordagem da educação ambiental, seus pilares históricos no Brasil e no mundo e sua importância estratégica como ferramenta de conscientização e transformação socioambiental aliada ao ensino de ciências naturais. Finalmente, fecharemos a unidade apresentando as bases legais brasileiras para a conservação do meio ambiente e pensando em alternativas para diminuir os impactos e os vestígios deixados pela sociedade de consumos que somente começaram a ser questionados muito recentemente. Vamos juntos? EAD.brMetodologia e Prática de Ensino de Ciências Naturais nos anos iniciais do Ensino Fundamental Unidade 4 Educação ambiental como ferramenta para a sustentabilidade Bons estudos! 1. papel da Ciência para desenvolvimento econômico A relação de culto entre homem e a natureza e a visão de natureza como mãe provedora foram, por muitos séculos, permeadas por certa relação com elemento divino: a natureza era vista como uma divindade, da qual provinham todos os deuses, bem como os recursos necessários à existência. Como já discutimos brevemente em unidades anteriores, embora a exploração da natureza aconteça desde tempos imemoriais, essa visão de mundo intensificou-se a partir da expansão da visão mecanicista de mundo inserida pelo racionalismo cartesiano e concretizada com a revolução trazida pela matemática newtoniana no século XVIII. Neste momento, a sociedade ocidental moderna inaugura uma nova visão de natureza: a natureza como objeto, uma fonte inesgotável de recursos que poderiam ser explorados e dominados pelo homem. Figura 1. Réplica das representações artísticas encontradas no Caldeirão de Gundestrup (150 a. C), exemplo conhecido do trabalho de prata da Idade do Ferro na Europa, mostrando relação de dominação do homem com os elementos da natureza. Fonte: Blog História Ancestral Essa mudança de paradigma interferiu fortemente na relação humana com a natureza, já perdura por mais de dois séculos e revolucionou 0 mundo em que vivemos em diversos aspectos, inclusive na concepção de Ciência, na formação dos cientistas e na fragmentação dos saberes (por exemplo, a dicotomia entre ciências da natureza, ciências exatas e ciências humanas). As inovações tecnológicas EAD.brMetodologia e Prática de Ensino de Ciências Naturais nos anos iniciais do Ensino Fundamental Unidade 4 Educação ambiental como ferramenta para a sustentabilidade trouxeram a Ciência para toda parte: há Ciência nas construções que elaboramos, nas comunidades que criamos, no alimento que consumimos e no modo como entendemos a natureza e até nosso próprio corpo. Figura 2.0 Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci (1490), analisando as proporções do corpo humano masculino. Fonte: Pinterest. A Ciência está sempre questionando por que as coisas são como são e como podem ser melhoradas. O que somos no grande plano do universo. Questiona de onde viemos e para onde iremos. Abrange desde as profundezas do universo, até O dispositivo que você está usando para acessar este trabalho. A partir da era moderna e, principalmente, durante iluminismo, as revoluções científicas trouxeram ideias sobre cálculo, a teoria atômica e a gravidade. A revolução industrial, por meio das inovações tecnológicas, provocou uma explosão de produção, crescimento e desenvolvimento social. EAD.brMetodologia e Prática de Ensino de Ciências Naturais nos anos iniciais do Ensino Fundamental Unidade 4 Educação ambiental como ferramenta para a sustentabilidade modo de funcionamento iterativo da Ciência, aliado ao seu método repetível e falseável, favoreceu a criação e 0 aperfeiçoamento de tecnologias, que podem ser substituídas ao tornarem-se obsoletas. Revolucionou os meios de transporte, inicialmente, cobrindo a Europa com uma malha ferroviária, que se expandiu para mundo, posteriormente, desenvolvendo carros e aviões. Revolucionou a agricultura, permitindo que aumentássemos exponencialmente a nossa produção de alimentos, contrariando as antigas previsões demográficas. E mais recentemente, na era digital, os cientistas ajudaram a conceber a internet como a conhecemos, para compartilharmos ideias e mais pesquisas. Os avanços na medicina e na agricultura salvaram mais vidas humanas do que aquelas perdidas em todas as guerras. Figura 3. Lente de contato smart, com câmeras integradas já são uma realidade. Fonte: Ipnoze Saiba mais! Veja mais inovações científicas e tecnológicas que você nunca imaginou aqui: cientificos-de-2019-ate-agora/Metodologia e Prática de Ensino de Ciências Naturais nos anos iniciais do Ensino Fundamental Unidade 4 Educação ambiental como ferramenta para a sustentabilidade 1.1. Qualidade de vida Qualidade de vida é um conceito bastante subjetivo, cuja concepção pode englobar diferentes interpretações e visões de mundo. Porém, restringindo-nos à concepção da sociedade ocidental moderna, podemos dizer que, em grande parte do tempo, este conceito esteve amparado na capacidade econômica ou financeira dos indivíduos. Por muitos anos, sua definição esteve atrelada ou foi confundida com a definição de crescimento ou desenvolvimento econômico que será discutida mais adiante. Mais recentemente, com a construção da ideia de desenvolvimento social e humano, a distinção torna-se mais clara. Assim, a qualidade de vida pode ser entendida como um método de avaliar as condições de vida de um ser humano, ou seja, conjunto de condições que contribuem para bem-estar físico e espiritual dos indivíduos em sociedade. Como é possível avaliar a qualidade de vida da população em um determinado país ou território? de Desenvolvimento Humano (IDH), proposto pela Organização das Nações Unidas busca responder a essa questão. O IDH foi criado em 1990 e consiste em uma média aritmética de indicadores em três campos distintos: economia, saúde e educação. A pesquisa é feita anualmente e a pontuação varia entre 0 e 1. Brasil possui um IDH de 0,759 ocupando a 79° posição no ranking global, no ano de 2018. Essa avaliação resulta na classificação dos países como desenvolvidos, em desenvolvimento ou subdesenvolvidos. Saiba mais! Veja 0 último ranking de IDH aqui: https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2018/09/14/idh-2018- brasil-ocupa-a-79-posicao-veja-a-lista-completa.htm Os indicadores da educação medem a taxa de alfabetização e a escolarização da população em geral. Os indicadores da saúde avaliam a expectativa de vida dos EAD.brMetodologia e Prática de Ensino de Ciências Naturais nos anos iniciais do Ensino Fundamental Unidade 4 Educação ambiental como ferramenta para a sustentabilidade indivíduos, ou seja, quanto tempo se espera que uma pessoa vá viver em determinado país. O cálculo da longevidade é fortemente influenciado pela mortalidade infantil e reflete com clareza as condições de saúde do local avaliado. Os indicadores da economia consideram PIB per capita em dólares americanos, deste modo, a diferença do poder de compra entre os diferentes países é eliminada por reconhecer as diferenças no custo de vida. IDH - Índice de Desenvolvimento Humano Figura 4. de Desenvolvimento Humano mundial em 2018, publicado pelo jornal Diário Zona Norte. Desde seu surgimento, IDH tem ajudado a avaliar a condição dos países em atender suas demandas. Entretanto, é preciso destacar que a complexidade do mundo extrapola estes três componentes e que essa maneira de avaliar a qualidade de vida possui graves limitações, como fato de desconsiderar completamente impacto ambiental causado. É preciso ter em mente que IDH é uma das maneiras padronizadas de se medir bem-estar da população, não retratando necessariamente a absoluta realidade de um país. 1.2. Degradação ambiental A sociedade ocidental moderna vem sofrendo vários tipos de análises críticas, dessas, três podem ser destacadas, devido a sua importância frente ao movimento ambientalista: (1) a desigualdade social promovida pelo sistema vigente; (2) a expansão do modo de vida capitalista (principalmente europeu), como se fosse único, muitas vezes, não respeitando outras formas de existência de outras culturas;Metodologia e Prática de Ensino de Ciências Naturais nos anos iniciais do Ensino Fundamental Unidade 4 Educação ambiental como ferramenta para a sustentabilidade (3) esclarecimento de que a sociedade ocidental moderna tem limites na sua relação com a natureza. modelo de desenvolvimento atual que beneficia uma pequena parcela da humanidade mostra-se insustentável e não pode ser generalizado e nem expandido. Figura 5. Degradação ambiental ameaça saúde do planeta. Fonte: Conexão Planeta. Desde a primeira revolução industrial, no século XVIII, há uma massiva emissão de gases do efeito estufa, devido à expansão da utilização de máquinas movidas à vapor, proveniente da utilização de carvão mineral como combustível. No final do século XIX, 0 surgimento de novas tecnologias promoveu uma transformação nas fontes de energia e deu início à corrida do petróleo. Paralelamente ao aumento das demandas, ocorreu um aumento do impacto ambiental. No século XX, a visão de natureza predominante até então passa a ser questionada com surgimento do movimento ambientalista. Você quer ver? No Brasil, um dos exemplos mais clássicos e bem-sucedidos dessa mudança de visão é caso da Cidade de Cubatão, considerada por anos, a mais poluída do mundo e que conseguiu reverter quase que totalmente este quadro. VejaMetodologia e Prática de Ensino de Ciências Naturais nos anos iniciais do Ensino Fundamental Unidade 4 Educação ambiental como ferramenta para a sustentabilidade mais no documentário dirigido por Bo Landim "Cubatão, vale da morte", de 1987, disponível aqui: Aprendemos desde cedo que problemas ambientais como desmatamento e poluição são provenientes do crescimento das cidades e da expansão da atividade industrial. Recentemente, as evidências da degradação ambiental causada pelo setor primário da economia têm aumentado paulatinamente. Entretanto, mais do que conhecer os impactos ambientais e suas fontes de origem, é importante lembrar que a questão ambiental e a degradação perpassam uma mera mudança de hábitos de consumo. A degradação ambiental está diretamente relacionada à ideia de expansão, que é O cerne do modelo econômico atual. Enquanto esta concepção não for mudada, pouco poderá ser feito a respeito. 2. Desenvolvimento e meio ambiente A Conferência das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente realizada em junho de 1972 em Estocolmo e Relatório do Clube de Roma suscitaram um grande debate nos meios intelectuais e políticos, levando a sociedade a um modo de pensar alinhado às demandas ambientais, a partir da década de 80. Entretanto, apenas em meados dos anos 90, termo desenvolvimento foi atrelado à discussão. Quando falamos em desenvolvimento, a primeira ideia que nos vem à mente relaciona-se com crescimento econômico e aumento de renda. crescimento econômico quando relacionado com desenvolvimento leva a crença que por si só pode proporcionar uma vida melhor para os cidadãos. No entanto, crescimento econômico é apenas um dos componentes necessários para processo de desenvolvimento, qual somente ocorre junto a outros fatores como social, ambiental e político. Estes fatores precisam estar inter-relacionados e tem que agir de maneira integrada para proporcionar desenvolvimento pleno. Durante desenvolvimento da sociedade moderna, criou-se um conceito de qualidade de vida atrelado ao consumo e ao acúmulo de riquezas e capital. Porém, novas abordagens propõem que a riqueza genuína não dependa de posses comerciais ou bens de consumo, valorize as relações sociais pacíficas e uma existência digna.Metodologia e Prática de Ensino de Ciências Naturais nos anos iniciais do Ensino Fundamental Unidade 4 Educação ambiental como ferramenta para a sustentabilidade Evidências empíricas comprovam que crescimento econômico isoladamente não conduz ao desenvolvimento ou ao progresso, ainda que crescimento material e aumento quantitativo sejam necessários para desenvolvimento humano genuíno. Na maioria dos países em desenvolvimento, PIB cresceu entre pós-guerra até 1972, não significando aumento do bem-estar social ou maior desenvolvimento. Figura 6. Desenvolvimento sustentável: a saúde do planeta está em nossas mãos. Fonte: Global Success Foundation. Neste contexto, é interessante mencionar Modelo de desenvolvimento autêntico proposto por Goulet (1997), no qual uma sociedade é mais desenvolvida não quando seus cidadãos podem ter mais, mas sim, quando todos podem ser mais. Ainda segundo este autor, as sociedades permanecerão subdesenvolvidas enquanto um pequeno grupo de indivíduos ou alguns grupos privilegiados possuírem abundância de bens e facilidades, ao custo da privação das necessidades básicas da maior parcela da população. Amartya Sen (2000) define desenvolvimento como um processo de expansão da liberdade, requerendo, assim, a remoção de quaisquer formas de privação da mesma: pobreza e tirania, carência de oportunidades econômicas, destituição social sistêmica, negligência dos serviços públicos ou interferência excessiva de estados repressivos. papel instrumental da liberdade diz respeito ao modo como os diferentes tipos de direitos, oportunidades e habilitações contribuem para alargamento da liberdade humana, promovendo desenvolvimento.Metodologia e Prática de Ensino de Ciências Naturais nos anos iniciais do Ensino Fundamental Unidade 4 Educação ambiental como ferramenta para a sustentabilidade Existem pelo menos cinco tipos de liberdades vistas como perspectivas instrumentais: (1) liberdade política; (2) poder econômico; (3) oportunidades sociais; (4) garantia de transparência e (5) proteção e segurança. Em um modelo de desenvolvimento baseado na liberdade, os dispositivos econômicos respeitam as oportunidades que os indivíduos dispõem para utilizar os recursos econômicos para consumo, produção ou troca. crescimento econômico, além de aumentar os rendimentos privados, permite a expansão dos serviços sociais pelo estado, paralelamente, 0 aumento das oportunidades sociais contribui para desenvolvimento econômico. Nurkse (1957) discorre sobre como os países têm dificuldades para sair da pobreza "uma constelação circular de forças, tendendo a agir e reagir uma sobre a outra de tal modo a conservar um país sob um estado de pobreza". Para que um país possa começar a vencer a pobreza material, intelectual e tecnológica é necessário quebrar círculo vicioso da pobreza. Por meio de políticas programadas de desenvolvimento e com a conscientização da população. 2.1. sustentável Desenvolvimento sustentável pode ser entendido como um modelo de desenvolvimento global amparado na preocupação com a principal fonte recursos naturais: a natureza. Como já citado em outras unidades, entendimento da produção humana como causa da degradação ambiental veio em 1972, na Conferência de Estocolmo. Entretanto, 0 conceito de desenvolvimento sustentável é utilizado pela primeira vez em 1987, com a percepção do Relatório de Brundtland, em inglês, "Our common future". Este documento apresenta a proposta de busca por um equilíbrio econômico e ambiental. Podemos dizer que havia uma espécie de paradoxo: a produção precisa aumentar para atender a demanda da população, porém, a produção é a principal causa da degradação, assim, é necessário conciliá-la com a preocupação ambiental. As propostas do Relatório de Brundtland baseiam-se em três pilares principais, conservar as terras aráveis para manter seu potencial agrícola, conservar as áreas de floresta e manter a água limpa. O conceito mais aplicável da carta é onde as nações começam como a preocupação com desenvolvimento. Como satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir as suas próprias necessidades? A resposta não é tão complexa: fazendo uso EAD.brMetodologia e Prática de Ensino de Ciências Naturais nos anos iniciais do Ensino Fundamental Unidade 4 Educação ambiental como ferramenta para a sustentabilidade controlado da matéria prima, respeitando sua capacidade de reposição e a regeneração dos recursos naturais. Segundo as Nações Unidas, desenvolvimento sustentável tem três pilares principais (1) O crescimento econômico; (2) a inclusão social e (3) a proteção ambiental. Estes pilares, entretanto, não são simplesmente categorias, ambos se relacionam entre si e têm aspectos em comum. Para garantir a inter-relação que impulsionará a agenda, duas dimensões críticas foram adotadas (1) parceria: para fortalecer trabalho em conjunto e (2) paz: para fortalecer a justiça e a existência de instituições sólidas. Para compreender as dimensões do desenvolvimento sustentável, precisamos analisar a adoção da agenda 2030 e seus 17 objetivos, nos quais a comunidade mundial reafirmou seu compromisso com a garantia de desenvolvimento econômico sustentado e inclusivo, a inclusão social e a proteção ambiental, sendo feitos de forma colaborativa e pacífica. Agenda 2030 é universal, transformadora e baseada em direitos. É um plano de ação ambicioso para países, organismos da ONU e todos os outros agentes de desenvolvimento envolvidos. OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 1 ERRADICAÇÃO 2 FOMEZERO 3 4 EDUCAÇÃO 5 IGUALDADE DEQUALIDADE 6 7 ENERGIA EMPREGO DIGNO REDUCÃO DAS 8 9 10 11 12 CONSUMO DESIGUALDADES COMUNIDADES INFRAESTRUTURA RESPONSÁVEIS 13 14 VIDADEBAIXO 15 VIDA SOBRE 16 PAZ, JUSTICA 17 PARCERIAS EMPROL FORTES OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Figura 7. Os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Fonte: ecycle. Como uma das tendências atuais, os já conhecidos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) nos inspiram a pensar criativamente sobre os EAD.brMetodologia e Prática de Ensino de Ciências Naturais nos anos iniciais do Ensino Fundamental Unidade 4 Educação ambiental como ferramenta para a sustentabilidade desafios atuais da sustentabilidade, para desenvolver parcerias e tomar decisões concretas. Os ODS's possuem cinco componentes, os cinco P's: pessoas, prosperidade, parceria, planeta e paz. Representam uma abordagem holística para entender e enfrentar problemas, fazendo as perguntas certas, nos momentos adequados. Para alcançar a resolução, é necessário considerar os diversos desafios e tentar entender a relação e 0 impacto entre eles. Entender as interdependências auxilia a encontrar a raiz dos problemas e a criar soluções de longo prazo. PESSOAS Erradicar a pobreza e a de todas as maneiras e garantir a dignidade e a igualdade PLANETA( Proteger os recursos naturais e clima PROSPERIDADE do nosso planeta para as gerações Desenvolvimento Garantir vidas prósperas e futuras Sustentável em harmonia com a natureza PARCERIAS PAZ Implementar a agenda por meio de uma Promover sociedades parceria global sólida justas e inclusivas Figura 8. Os cinco P's da agenda 2030 da Fonte: Pinterest. 2.2. Diferenças entre crescimento e desenvolvimento conceito de crescimento econômico diz respeito ao aumento contínuo da riqueza de um país ao longo do tempo. Este crescimento econômico reflete no aumento da renda per capita da população, na elevação do produto agregado do país e se manifesta no aumento contínuo do Produto Interno Bruto (PIB), variável quantitativa que avalia a renda agregada da população. Para falar de aumento de EAD.brMetodologia e Prática de Ensino de Ciências Naturais nos anos iniciais do Ensino Fundamental Unidade 4 Educação ambiental como ferramenta para a sustentabilidade renda e da produção nacional, precisamos resgatar os fatores de produção: a terra, capital e 0 trabalho. Estes são componentes essenciais para 0 aumento da capacidade produtiva e do crescimento econômico ao longo do tempo. Crescimento econômico é uma meta da política macroeconômica. VARIAÇÃO DO PIB DOS PAÍSES Resultado do 1° trimestre em relação ao 1° tri de 2018, em % 7,1 6,4 3,2 2,4 1,8 1,8 1,2 1,2 0,8 0,7 0,5 0,1 Armênia China EUA Espanha Portugal Reino Zona França Japão Alemanha Brasil Itália Unido do euro Infográfico elaborado em: 30/05/2019 Figura 9. Variação do PIB em algumas das principais economias do mundo. Fonte: G1. A ênfase desse crescimento poderá acontecer em curto prazo, com incentivo ao aumento de consumo da população, (por exemplo, facilitando crédito) ou com incremento dos gastos do governo. E poderá acontecer também em longo prazo, por meio de medidas mais duradouras que atuem nos fatores de produção. crescimento econômico depende também de outros fatores, como crescimento populacional, a acumulação de capital e desenvolvimento tecnológico, elementos que incrementam a força vital de trabalho do país, consequentemente, elevando suaMetodologia e Prática de Ensino de Ciências Naturais nos anos iniciais do Ensino Fundamental Unidade 4 Educação ambiental como ferramenta para a sustentabilidade capacidade produtiva. Entretanto, aumento da população deve ser acompanhado pelo aumento do crescimento econômico e aumento da renda per capita. Outro fator importante para um país elevar sua taxa de crescimento é a capacidade de poupar e financiar novos investimentos, aumentando a produção de capital, para a produção de bens e serviços suficientes para atender a demanda social como um todo. progresso tecnológico integrado aos processos de produção permite a transformação dos processos e técnicas de produção tradicionais, consequentemente aumentando a produtividade e trabalho e melhorando os índices de crescimento. É importante ressaltar que não se pode falar em crescimento econômico e progresso tecnológico sem considerar a educação, com ênfase na formação de capital humano, na acumulação de conhecimento e na geração de novas tecnologias. conceito de desenvolvimento econômico extrapola a ideia de crescimento e da quantidade de bens e serviços produzidos por uma economia, implicando em mudanças de caráter qualitativo, ou seja, na qualidade de vida da população. Para avaliar a qualidade de vida e desenvolvimento econômico de uma população, as Nações Unidas propuseram Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que considera uma série de fatores não necessariamente ligados à renda como condições sanitárias, expectativa de vida ao nascer, potencial científico e tecnológico, distribuição de renda, taxas de natalidade e mortalidade, entre outros. Estes fatores permeiam três dimensões: uma vida longa e saudável, acesso ao conhecimento e um padrão de vida decente, que, indiretamente, relacionam-se a concentração de renda (PIB per capita), conhecimento, alimentação e saúde. VOCÊ VIU JÁ SOMOS A MAIOR ECONOMIA DO MUNDO INDICE DE DESENVOLVIMENTO IDH Figura 10. Tirinha ilustrando a diferença entre crescimento econômico e desenvolvimento social. Fonte: Reticências Políticas.Metodologia e Prática de Ensino de Ciências Naturais nos anos iniciais do Ensino Fundamental Unidade 4 Educação ambiental como ferramenta para a sustentabilidade 3. Educação ambiental Educação é a maneira como homem aprende, entra em contato com outro e com a natureza, respeitando cada cultura. Educar é um processo que faz parte da vida em comunidade. Como já mencionado anteriormente, surgimento do movimento ambientalista no século XX influenciou fortemente a visão de natureza pelo ser humano e, consequentemente, a maneira como conceito de natureza é trabalhado na educação básica. Foi em 1972, na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, ocorrida em Estocolmo na Suécia, que surge a proposta da educação ambiental. Três anos depois, em 1975, ocorre em Belgrado, na Sérvia, um seminário internacional que cria primeiro e um dos mais importantes documentos sobre a educação ambiental: a Carta de Belgrado, que propõe a adoção de uma nova ética global, voltada para combate à fome, à miséria, ao analfabetismo, à poluição e à exploração do homem pelo homem. Neste momento, questões sociais passaram a ser consideradas juntamente com as questões ambientais. Na cidade de Tbilisi, na Rússia em 1977, chefes de estado de 50 países reúnem-se na primeira conferência internacional de educação ambiental, reafirmando as posições do evento anterior em Belgrado e confirmando a necessidade de considerar de forma igualitária meio cultural, social e ecológico nas diferentes abordagens humanas. A Conferência de Tbilisi estabeleceu as diretrizes que fizeram a educação ambiental ser concebida dentro de um novo ângulo, como um projeto transformador da sociedade, crítica e politicamente. Entretanto, durante muitos anos e, principalmente nos países mais desenvolvidos, a educação ambiental era vista apenas como ferramenta de preservação da natureza. A partir de 1992, com a ocorrência da Conferência RIO-92, uma abordagem crítica que integra também meio social começou a ganhar espaço, principalmente entre os países em desenvolvimento, consolidando conceito de desenvolvimento sustentável. Foi produzido também neste evento Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis, que consolida a educação ambiental como ferramenta de conscientização. EAD.brMetodologia e Prática de Ensino de Ciências Naturais nos anos iniciais do Ensino Fundamental Unidade 4 Educação ambiental como ferramenta para a sustentabilidade Figura 11. Educação Ambiental como instrumento transformador da realidade. Fonte: Fia. Neste contexto, a educação ambiental, não deve ser entendida como uma disciplina escolar, mas sim, deve ser trabalhada de maneira permanente, na educação formal e não formal e voltada para a vida. Deve ser um componente essencial em todas as etapas da educação básica, desde a educação infantil até ensino superior. Segundo Philippi Junior (2014), a educação ambiental é entendida como educação política de formação para a cidadania ativa, visando uma ação transformadora da realidade socioambiental. No Brasil, temos a Lei 9795/99 que institui a Política Nacional de Educação Ambiental. Brasil foi primeiro país da América Latina a reconhecer a educação ambiental como instrumento para buscar padrões mais sustentáveis de sociedade. Segundo essa lei: "Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade." Política Nacional de Educação Ambiental Lei 9795/1999, Art Você quer Ler? Você pode conferir algumas outras definições de educaçãoMetodologia e Prática de Ensino de Ciências Naturais nos anos iniciais do Ensino Fundamental Unidade 4 Educação ambiental como ferramenta para a sustentabilidade ambiental segundo outros documentos e conferências importantes no site do ministério do meio ambiente (MMA): http://www.mma.gov.br/educacao- ambiental/politica-de-educacao-ambienta 3.1. ensino de Ciências Naturais como estratégico para a educação A educação ambiental nasce em um contexto de defesa do meio ambiente e da necessidade de mudança de um paradigma. Todo processo de mudança de hábitos em uma sociedade acaba necessariamente passando por uma etapa de convencimento, que é por si só, um processo educativo. No ano de 1993, surge no Brasil projeto de lei que dá origem à Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) e, em 1994, é assinado pelo presidente da república Programa Nacional de Educação Ambiental a ser desenvolvido em parceria pelos ministérios da Educação (MEC), do Meio Ambiente (MMA) e da Ciência e Tecnologia (MCTIC). As perspectivas de ação do programa envolvem O aprofundamento e sistematização da educação ambiental para as futuras gerações tendo sistema escolar como instrumento. Em 1997, há surgimento da Rede Brasileira de Educação Ambiental (REBEA) e inicia-se O processo de reorientação curricular por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) que introduzem tema Meio Ambiente como um dos temas transversais. Após a publicação da Política Nacional de Educação ambiental em 1999, as autoridades começam a compreender caráter integrador deste tema e a buscar a transversalidade entre diferentes setores da educação forma e não formal. Segundo Fábio Feldmann, ambientalista e ex-secretário estadual do meio ambiente, de maneira geral, devido a diversos fatores, movimento ambientalista caminhou de forma mais efetiva na educação não formal, um equívoco que precisa ser corrigido. É preciso trabalhar na capacitação de professores de todos os níveis de ensino para que a educação ambiental desempenhe seu papel transformador da realidade. De forma prática e devido ao modelo de ensino atual em que as disciplinas ainda são ministradas de forma fragmentada, apesar dos esforços para promoção da interdisciplinaridade, a maioria dos conteúdos relativos à temática ambiental recai sobre a disciplina de ciências naturais. Deste modo, devem ser abordados grandes EAD.brMetodologia e Prática de Ensino de Ciências Naturais nos anos iniciais do Ensino Fundamental Unidade 4 Educação ambiental como ferramenta para a sustentabilidade temas atuais, de conhecimento dos alunos como mudança climática, uso de plástico, etc. São questões apresentadas pela mídia e que acabam por suscitar interesse dos alunos. Entretanto, é necessário atentar para a falta de neutralidade das informações e para risco de manipulações, uma vez que há uma grande quantidade de informações disponíveis que, muitas vezes, não possuem evidências científicas, fazendo com que informações ambientais incorretas ou enviesadas sejam amplamente compartilhadas. ensino de ciências naturais é considerado estratégico para a introdução do conceito de educação ambiental, pois seu eixo de trabalho permite a utilização de métodos de ensino que promovem resultados bastante positivos. A aula de ciências possibilita a criação ou a retomada de vínculos afetivos com a natureza e com 0 ambiente de estudo, desenvolvendo a capacidade de preocupação com aquele ambiente e, consequentemente, extrapolando essa preocupação para uma escala maior. É importante ressaltar que atividades dinâmicas que envolvam a participação ativa dos estudantes costumam promover maior engajamento do que abordagens discursivas e expositivas. Entretanto, promover a reconexão dos alunos com O ambiente natural é uma tarefa extremamente desafiadora, uma vez que vêm de uma vida urbana, vivendo dentro de condomínios fechados e shoppings. educador precisa de roteiros de atividade muito bem estabelecidos para possibilitar a construção de uma percepção ambiental nos educandos para promover a transformação de sintonia entre ambiente urbano e ambiente natural. trabalho de educação ambiental está incluso no processo ensino aprendizagem, e como tal não é constituído apenas de transmissão de informação e, sim, com um conjunto de percepções corporais, promovendo sensações que acabam se tornando memórias afetivas e, dificilmente, serão esquecidas. 4. Conservação e proteção ambiental Um dos modos mais tradicionais que a sociedade atual encontrou para praticar minimamente a proteção ambiental diminuindo os seus impactos no desenvolvimento econômico foi a implementação de unidades de conservação. Mas que vem a ser este termo? Nas unidades passadas já discutimos a sua diferença com termo "preservação ambiental", que é basicamente permitir uso da área e dos recursos de forma controlada e regulamentada. A Constituição Federal de 1988 EAD.brMetodologia e Prática de Ensino de Ciências Naturais nos anos iniciais do Ensino Fundamental Unidade 4 Educação ambiental como ferramenta para a sustentabilidade implementa a obrigatoriedade do estabelecimento de áreas de proteção ambiental em todos os estados da federação, as quais só podem ser suprimidas ou alteradas perante a Lei. Neste contexto, as Unidades de Conservação são uma das categorias de espaços territorialmente protegidos e consagrados pela Constituição Federal. A Lei 9985 de 2000, que regulamenta 0 Sistema Brasileiro de Unidades de Conservação (SNUC) define unidade de conservação como espaço territorial e seus recursos naturais, incluindo as águas jurisdicionais, instituído pelo poder público que tenha a finalidade de conservação. BIOMA AMAZÔNICO 52% BIOMA CAATINGA UCS COM PLANO DE MANEJO BIOMA 42% AND CERRADO DE 48% BIOMA MARINHO-COSTEIRO PLANO DE MANEJO BIOMA PANTANAL 60% 50% UCS COM PLANO DE MANEJO MANEJO BIOMA MATA ATLÂNTICA BIOMA PAMPA 50% 60% UCS COM PLANO DE MANEJO Figura 12. Unidades de conservação brasileiras em 2016. Fonte: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Existem duas Categorias de Unidades de conservação: (1) as unidades de proteção integral e (2) as unidades de uso sustentável. Nas unidades de proteção integral, os ecossistemas devem ser mantidos sem alterações causadas pela interferência humana direta, entretanto, uso indireto dos recursos é permitido. O uso indireto não envolve consumo, coleta, extrativismo ou qualquer tipo de dano ou destruição aos recursos naturais naquele território. Existem cinco tipos de unidades de conservação de proteção integral: 1. Estação Ecológica 2. Reserva Biológica REBIO

Mais conteúdos dessa disciplina