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19
CENTRO UNIVERSITÁRIO INTA – UNINTA 
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
JACQUELINE DO NASCIMENTO GONÇALVES
ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO ESCOLAR
URUCARÁ - AM
2025
JACQUELINE DO NASCIMENTO GONÇALVES
ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO ESCOLAR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Serviço Social do Centro Universitário INTA – UNINTA, como requisito obrigatório para a aprovação na disciplina de TCC II.
Prof.ª Ma. Francisca Talicia Vasconcelos Pereira
 URUCARÁ - AM 
 2025
 
DEDICATÓRIA
Dedico às minhas lindas meninas, aos meus pais e toda família e companheiro, pela preocupação e apoio.
 
EPÍGRAFE
Aquele que observa o vento, não plantará, e o que fica observando as nuvens não colherá
Eclesiastes 11:4
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela dádiva da saúde e pela capacidade de pensar que me trouxeram até aqui.
Ao meu esposo, pelo carinho constante e por compartilhar comigo tanto os momentos desafiadores quanto as conquistas. Agradeço pelas noites em claro dedicadas ao meu apoio.
Às minhas filhas, cuja existência me inspira e me mostra que cada esforço vale a pena.
Aos professores, pelas imensuráveis orientações que foram cruciais na produção deste trabalho.
À equipe da Secretaria de Educação do Estado - SEDUC / Borba-AM, pela permissão essencial para a realização desta pesquisa.
À gestora e aos professores das escolas que me acolheram e colaboraram de forma voluntária com este estudo.
RESUMO	Comment by FRANCISCA TALICIA VASCONCELOS PEREIRA[I]: Canto esquerdo.
Esta pesquisa, vinculada ao projeto de pesquisa da UNINTA - FACULDADE UNINTA, aborda a atuação do assistente social na educação. O estudo tem como objetivo retomar a discussão sobre o campo profissional do Serviço Social Escolar no Brasil, buscando ampliar e aprofundar as reflexões teóricas sobre essa área. A análise se concentra nas expressões da questão social presentes no contexto escolar, utilizando como fontes artigos, teses, dissertações e livros relevantes para a temática. Este trabalho apresenta os resultados de uma investigação bibliográfica que explora as diversas perspectivas e debates existentes na literatura sobre o Serviço Social Escolar e suas interfaces com as manifestações da questão social no ambiente educacional.	Comment by FRANCISCA TALICIA VASCONCELOS PEREIRA[I]: RESUMO- Um único parágrafo, sem espaçamento inicial, contendo de 150 à 500 palavras. No resumo não devem ser colocadas citações de autores. No resumo você deve escrever 3 a 5 linhas com trechos da sua introdução. Em seguida, o objetivo da sua pesquisa. Depois, 3 a 5 linhas de metodologia (dizendo que sua pesquisa é bibliográfica, exploratória e qualitativa). Em seguida 3 a 5 linhas de discussão sobre sua pesquisa. E por fim, 3 linhas contendo as considerações.
Palavras-chave: Serviço Social. Educação. Escola. Família.	Comment by FRANCISCA TALICIA VASCONCELOS PEREIRA[I]: Politicas publicas.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	08
2 A EDUCAÇÃO E SUA FUNÇÃO SOCIAL	11
2.1 A CONCEPÇÃO HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO...................................................11
2.2 O PAPEL DAS CLASSES SOCIAIS NA CONFORMAÇÃO DOS SISTEMAS EDUCATIVOS............................................................................................................15
2.3. FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA COMO INSTITUIÇÃO	16
3 A IMPORTÂNCIA DO SERVIÇO SOCIAL NA ESCOLA	20
3.1 A COMPLEXIDADE DAS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL NO COTIDIANO ESCOLAR	20
3.2. A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA ESCOLA COMO POLÍTICA SOCIAL	27
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO SOBRE O TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL NA ESCOLA NA VISÃO DAS FAMÍLIAS........................................................................31
4.1DESAFIOS E EXPECTATIVAS: O COTIDIANO ESCOLAR NA VISÃO DAS FAMÍLIAS E DA EQUIPE PEDAGÓGICA	32
4.2 PERCEPÇÃO DAS FAMÍLIAS SOBRE O SERVIÇO SOCIAL NA ESCOLA: CONHECIMENTO E IMPORTÂNCIA........................................................................35
4.2.1 ANÁLISE GRÁFICA DA PERCEPÇÃO DAS FAMÍLIAS SOBRE O SERVIÇO SOCIAL......................................................................................................................37
4.3 POSSÍVEIS SOLUÇÕES TRAZIDAS PELOS CAPÍTULOS ANTERIORES.......39
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................42
REFERÊNCIAS	43
INTRODUÇÃO	Comment by FRANCISCA TALICIA VASCONCELOS PEREIRA[I]: Canto esquerdo.
O presente trabalho monográfico, intitulado "Atuação do Serviço Social no Contexto Escolar", volta-se para a análise da inserção e da relevância da atuação do Assistente Social no ambiente educacional, tendo como categorias centrais a família, a comunidade e a escola. A importância desta investigação se acentua diante da complexidade das manifestações da questão social que permeiam o cotidiano escolar, demandando uma articulação efetiva entre os profissionais da educação e do Serviço Social, conforme será explorado nos capítulos subsequentes.
A problemática da atuação do Serviço Social no contexto escolar se evidencia em um cenário social marcado por desigualdades e expressões da questão social que invadem o espaço educativo. Por ano 77 mil jovens abandonam as escolas estaduais, segundo informações da Secretaria de Estado de Educação e Desporto (Seduc).
Os motivos do alto índice de evasão escolar na rede estadual do Amazonas variam, sendo o principal a dificuldade de conciliar os estudos com o trabalho. Pesquisa apontam por conta de emprego, seguido por gravidez (14,1%), doença (14,1%), cuidar da família (12,2%) e falta de vontade de estudar (10,3%). Segundo esse levantamento, o abandono escolar é mais frequente entre jovens de 18 a 20 anos e demonstram o impacto de fatores socioeconômicos no desempenho e bem-estar dos estudantes. Reportagens jornalísticas, como a publicada no G1 Amazonas (2021), sob o título "Mais de 300 mil crianças e adolescentes do Amazonas não frequentaram escola em 2020", expõem a grave situação da exclusão escolar na região. Este cenário, disponível em: https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2021/04/29/mais-de-300-mil-criancas-e-adolescentes-do-amazonas-nao-frequentaram-escola-em-2020.ghtml, ilustra a dimensão do problema social que demanda intervenções qualificadas no contexto escolar do Amazonas. Ademais, o Mapa da Violência ilustra a urgência de ações preventivas e de apoio no ambiente escolar para mitigar os efeitos da violência na vida dos alunos e suas famílias.	Comment by FRANCISCA TALICIA VASCONCELOS PEREIRA[I]: Seu trabalho não pode trazer uma localização, pois trata-se de um tcc bibliográfico.
Diante dessa realidade multifacetada, este trabalho monográfico busca responder à seguinte questão central: De que maneira a atuação do Serviço Social no contexto escolar contribui para o enfrentamento das expressões da questão social que afetam o processo educativo, na percepção das famílias?
Para alcançar essa compreensão, o presente estudo tem como objetivo geral: analisar a atuação do Serviço Social no contexto escolar como uma estratégia de enfrentamento das expressões da questão social que incidem sobre a dinâmica familiar e comunitária, impactando o processo educativo.	Comment by FRANCISCA TALICIA VASCONCELOS PEREIRA[I]: Retire o negrito.
Os objetivos específicos que norteiam esta investigação são:	Comment by FRANCISCA TALICIA VASCONCELOS PEREIRA[I]: Retire o negrito.
Identificar as demandas e necessidades das famílias no contexto escolar que se relacionam com as expressões da questão social e que podem ser objeto da intervenção do Serviço Social (Capítulo 2).	Comment by FRANCISCA TALICIA VASCONCELOS PEREIRA[I]: Junte em apenas um parágrafo, e retre a identificação dos capítulos.
Compreender a percepção da comunidade escolar sobre o papel do Assistente Social naarticulação de ações interdisciplinares e na promoção do acesso a direitos e da participação social (Capítulo 2 e 3).
Analisar as estratégias e os desafios da atuação do Serviço Social na escola como um espaço sócio-ocupacional que demanda conhecimento crítico e ações propositivas frente às complexas relações sociais (Capítulo 3).
A presente pesquisa se configura como um estudo de abordagem qualitativa, buscando compreender as experiências e significados atribuídos pelos sujeitos envolvidos. A coleta de dados será realizada por meio de pesquisa bibliográfica e qualitativa. Conforme Minayo (2010), a pesquisa qualitativa se aprofunda na compreensão dos fenômenos sociais a partir da perspectiva dos participantes. A análise dos dados será realizada através da análise de conteúdo, seguindo as diretrizes de Bardin (2011), permitindo a identificação de categorias e significados relevantes para a pesquisa.
A estrutura deste trabalho monográfico está organizada em três capítulos, além desta introdução e das considerações finais. O primeiro capítulo, já apresentado, discute a função social da educação e da escola como espaços de formação dos sujeitos históricos, conforme as perspectivas de Ponce (1994) e Frigotto (1999). O segundo capítulo, intitulado "O Serviço Social e as Expressões da Questão Social no Contexto Escolar", aborda a inserção do Serviço Social na escola como uma resposta às complexas demandas sociais que afetam o cotidiano escolar, conforme explicitado por Soares (2003) e a análise da Constituição Federal de 1988. O terceiro capítulo, "A Escola como Espaço Sócio-Ocupacional do Serviço Social", explora a historicidade da atuação do Serviço Social na educação, desde suas primeiras iniciativas até as perspectivas contemporâneas, com base nas contribuições de Martinelli (2008) e CFESS (2001).
A motivação pessoal para a realização desta pesquisa reside na convicção de que o Serviço Social desempenha um papel crucial no enfrentamento das expressões da questão social que se manifestam no ambiente escolar, impactando diretamente a vida dos alunos e suas famílias. Acredito que a atuação do Assistente Social, com sua postura investigativa e propositiva (Capítulo 2), pode contribuir significativamente para a construção de um ambiente escolar mais justo e equitativo. Minha vivência profissional relacionada ao tema como estagiaria despertou um interesse particular em compreender a percepção das famílias sobre essa atuação.
A presente pesquisa possui uma importância significativa para a minha formação acadêmica, representando a consolidação dos conhecimentos teóricos e metodológicos adquiridos ao longo da graduação. No plano pessoal, o desenvolvimento deste trabalho desafiou minhas habilidades de pesquisa, análise e escrita. Profissionalmente, este estudo contribui para a minha capacitação como futura Assistente Social, oferecendo um conhecimento aprofundado sobre a interface entre o Serviço Social e a educação, preparando-me para atuar de forma sensível e eficaz diante das complexas realidades sociais que permeiam o contexto escolar, sempre com o objetivo de promover o acesso a direitos e a melhoria da qualidade de vida da comunidade educativa.
2 A EDUCAÇÃO E SUA FUNÇÃO SOCIAL
Este capítulo tem como objetivo primordial analisar a intrínseca relação entre a educação e a sua função social no desenvolvimento dos indivíduos como sujeitos históricos e na conformação da sociedade. Para tanto, iniciaremos nossa discussão explorando a concepção da educação como uma construção histórica, desvendando como as práticas educativas se transformaram ao longo do tempo, desde as comunidades primitivas até a complexidade da sociedade capitalista. Analisaremos as diferentes finalidades atribuídas à educação em cada contexto social, as influências das estruturas de poder e as distintas visões sobre o papel do indivíduo e do trabalho no processo educativo. 
Na sequência, aprofundaremos a análise sobre a função social da escola como instituição, examinando o seu papel na sistematização e socialização do conhecimento historicamente produzido, na formação para a cidadania e no enfrentamento das desigualdades sociais. Discutiremos a escola como um espaço de disputas hegemônicas, onde diferentes concepções de educação e de sociedade se confrontam. Ademais, abordaremos a importância da gestão democrática e da participação dos diversos atores da comunidade escolar na construção de um projeto educativo que responda às necessidades da realidade social e promova a transformação.
2.1 A CONCEPÇÃO HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
A educação, longe de ser uma prática universal e imutável, configura-se como uma construção social e histórica, intrinsecamente ligada à organização de cada sociedade e aos seus valores. Compreender a gênese e a evolução das práticas educativas é fundamental para analisar a sua função social na contemporaneidade.
Nas comunidades primitivas, como descrito por Ponce (1994), a educação era um processo orgânico e integrado à vida social. A ausência de propriedade privada e de uma divisão social do trabalho complexa resultava em uma educação voltada para a transmissão dos conhecimentos e habilidades necessários à sobrevivência e à manutenção dos costumes do grupo. Não havia uma instituição escolar formal, e o aprendizado ocorria na prática, através da imitação e da participação nas atividades coletivas. A educação, nesse contexto, atendia aos interesses comuns de todos os membros da comunidade, sem a marca de uma diferenciação imposta por classes sociais antagônicas.
Nas comunidades primitivas, os fins da educação derivam da estrutura homogênea do ambiente social, identificam-se como os interesses comuns do grupo, e se realizam igualitariamente em todos os seus membros, de modo espontâneo e integral: espontâneo na medida em que não existe nenhuma instituição destinada a inculcá-los, integral no sentido que cada membro da tribo incorporava mais ou menos bem tudo o que na referida comunidade era possível receber e elaborar (PONCE, 1994, p. 21).
Com a transição para a Antiguidade e o desenvolvimento da propriedade privada, a sociedade se estratificou, dando origem a classes sociais com interesses distintos e, muitas vezes, conflitantes. Essa nova organização social impactou profundamente a educação. Como apontado anteriormente por Ponce (1994), a desigualdade econômica entre "organizadores" e "executores" levou a uma desigualdade nas "educações respectivas".
No Egito Antigo, por exemplo, a educação estava ligada à estrutura de poder, sendo voltada para a formação da elite dirigente e dos escribas, enquanto a maioria da população recebia um treinamento prático para o trabalho. Na Grécia Antiga, embora houvesse um ideal de formação do cidadão (a Paideia), o acesso à educação formal e à filosofia era restrito a uma parcela da população, excluindo escravos e mulheres. A educação para as classes dominantes visava o desenvolvimento intelectual e físico, preparando-os para a vida política e para a guerra, enquanto para as classes trabalhadoras, o aprendizado se dava, em grande parte, através do trabalho.
As transformações que ocorrem na vida em sociedade, do próprio homem e com a transição da comunidade primitiva para a antiguidade, novas formas de organização vão surgindo, sobretudo com a substituição da propriedade comum pela propriedade privada. A relação entre os homens, que na sociedade primitiva se fundamentava na propriedade coletiva, passa a ser privada e o que rege as relações é o poder do homem, que se impõe aos demais. Assim, com o desaparecimento dos interesses comuns a todos os membros iguais de um grupo e a sua substituição por interesses distintos, pouco a pouco antagônicos, o processo educativo, que até então era único, sofreu uma partição: a desigualdade econômica entre os ‘organizadores’ e os ‘executores’ trouxe, necessariamente, a desigualdade das educações respectivas (PONCE, 1994, p. 27).
A emergência da sociedade capitalista intensificou a relação entre educação e a estrutura de classes, sob aégide da lógica da acumulação do capital. A educação, na visão dominante, passa a ser funcional à formação de mão de obra qualificada e ideologicamente alinhada com os interesses do mercado. Frigotto (1999) critica essa subordinação da função social da educação às demandas do capital.
Nesse contexto, a classe dominante busca moldar o sistema educativo de forma a garantir a reprodução das relações de produção capitalistas. Isso se manifesta na ênfase em habilidades técnicas e na internalização de valores que sustentam a ordem social vigente. A desigualdade no acesso a uma educação de qualidade, as diferentes trajetórias formativas destinadas a diferentes classes sociais e a própria organização do currículo podem refletir essa influência das classes dominantes “Trata-se de subordinar a função social da educação de forma controlada para responder às demandas do capital” (FRIGOTTO, 1999, p. 26).
Contudo, a classe trabalhadora também desenvolve suas próprias concepções e práticas educativas, buscando uma formação integral que vá além das necessidades do mercado, visando o desenvolvimento de suas potencialidades e a apropriação do "saber social" para a transformação da realidade (Gryzbowski apud Frigotto, 1998). A escola, nesse sentido, torna-se também um espaço de disputa e de resistência, onde diferentes visões de mundo e de sociedade se confrontam.
A educação é, antes de mais nada, desenvolvimento de potencialidades e apropriação de ‘saber social’ (conjunto de conhecimentos e habilidades, atitudes e valores que são produzidos pelas classes, em uma situação histórica dada de relações, para dar conta de seus interesses e necessidades) (GRYZYBOWSKI apud FRIGOTTO, 1998, p. 26).
Essa perspectiva crítica enfatiza a importância de considerar o sujeito em sua totalidade, com suas dimensões biológica, material, afetiva, estética e lúdica, no desenvolvimento das práticas educativas. A educação, portanto, deve estar pautada na realidade dos sujeitos históricos, visando a sua transformação e a construção de uma sociedade mais justa e equitativa.
Essa perspectiva utilitarista da educação, voltada para a formação de mão de obra, também é analisada por Bourdieu e Passeron (1975), que argumentam como o sistema escolar, através da imposição de um "capital cultural" dominante, contribui para a reprodução das hierarquias sociais:
“Toda ação pedagógica (AP) é objetivamente uma violência simbólica enquanto imposição, por um poder arbitrário, de uma arbitrariedade cultural” (BOURDIEU; PASSERON, 1975, p. 45).	Comment by FRANCISCA TALICIA VASCONCELOS PEREIRA[I]: Junte essa citação ao parágrafo anterior e retire as aspas.
Nessa visão, a escola, ao valorizar o capital cultural das classes dominantes, tende a marginalizar o capital cultural das classes populares, perpetuando as desigualdades sociais através de mecanismos sutis de exclusão.
Em contraposição às visões que reduzem a educação à mera transmissão de conhecimentos ou à reprodução da ordem social, Paulo Freire (1987) defende uma educação libertadora, que promova a reflexão crítica sobre a realidade e a autonomia dos sujeitos:
A educação como prática da liberdade, ao contrário daquela que é a prática da dominação, implica a negação do homem abstrato, isolado, solto, desligado do mundo, assim como a negação do mundo como uma realidade separada dos homens (FREIRE, 1987, p. 35).
Para Freire, a educação deve ser um processo dialógico, onde educador e educando aprendem juntos, problematizando a realidade e buscando a transformação social.	Comment by FRANCISCA TALICIA VASCONCELOS PEREIRA[I]: Junte ao parágrafo posterior.
A influência da classe dominante na conformação do sistema educativo também é abordada por Gramsci (2002), que desenvolve o conceito de hegemonia cultural. Para o autor, a classe dominante não exerce seu poder apenas através da coerção, mas também através do consenso, moldando as ideias e os valores da sociedade, incluindo aqueles transmitidos pela escola, “A escola é o instrumento para elaborar os intelectuais de tipo novo, adequados ao tipo novo de civilização” (GRAMSCI, 2002, p. 42).
Nessa perspectiva, a escola é um espaço onde se disputa a hegemonia, e a formação dos intelectuais (orgânicos às diferentes classes sociais) desempenha um papel crucial na manutenção ou na transformação da ordem social.
2.2 O Papel das Classes Sociais na Conformação dos Sistemas Educativos
Ao longo da história, o papel das classes sociais tem sido determinante na conformação dos sistemas educativos:	Comment by FRANCISCA TALICIA VASCONCELOS PEREIRA[I]: Retire esse formato de tópicos, e escreva o texto corrido mesmo.
Definição de Finalidades: As diferentes classes sociais, com seus interesses e necessidades específicos, influenciam as finalidades atribuídas à educação em cada período. A elite pode buscar uma educação que preserve seu status e poder, enquanto as classes trabalhadoras podem lutar por uma educação que promova a emancipação e a igualdade de oportunidades. Segundo Bourdieu e Passeron (1975), o sistema educacional pode atuar como um instrumento de reprodução das desigualdades sociais, transmitindo um "capital cultural" dominante. Em contrapartida, autores como Freire (1979) defendem o potencial da educação como prática libertadora e de conscientização das classes oprimidas.
Acesso à Educação: O acesso à educação sempre foi marcado pelas desigualdades de classe. As classes dominantes historicamente tiveram maior acesso a uma educação de qualidade, enquanto as classes populares enfrentaram barreiras econômicas, sociais e políticas para garantir o seu direito à educação (Thompson, 1981). Manacorda (1989) detalha como a história da educação popular no Brasil é permeada por lutas contra a exclusão e pela democratização do ensino.
Organização e Currículo: A organização do sistema educativo, os conteúdos ensinados e as metodologias utilizadas podem refletir os interesses das classes dominantes ou ser resultado de disputas e concessões (Apple, 1982). Um currículo que valoriza determinados conhecimentos e habilidades em detrimento de outros pode estar alinhado com as necessidades de um grupo social específico (Young, 2007). Para Gramsci (1971), a cultura hegemônica influencia o currículo, moldando as consciências e perpetuando as relações de poder.
Políticas Educacionais: A formulação e implementação de políticas educacionais não ocorrem em um vácuo social ou político. Elas são, frequentemente, o resultado de tensões, negociações e conflitos entre diferentes classes e grupos sociais com visões e interesses distintos sobre o papel da educação na sociedade. As classes dominantes, com seu poder econômico e influência política, tendem a buscar políticas que atendam às suas necessidades de reprodução social e econômica, muitas vezes priorizando a formação de mão de obra para o mercado e a manutenção de uma ordem social hierarquizada (Bowles & Gintis, 1976). Por outro lado, a classe trabalhadora, historicamente marginalizada do acesso a uma educação de qualidade, tem travado lutas constantes por políticas que garantam o direito à educação para todos, com equidade e qualidade. Essas demandas não são meros pedidos, mas sim expressões de uma consciência da importância da educação como ferramenta de emancipação, de ascensão social e de participação plena na vida democrática (Freire, 1979).
A história das políticas educacionais no Brasil é marcada por diversas lutas da classe trabalhadora e de outros grupos sociais em defesa de uma educação pública, gratuita e de qualidade. A Constituição Federal de 1988, por exemplo, é resultado de um amplo processo de mobilização social que incluiu a defesa do direito à educação como um direito de todos e dever do Estado (Brasil, 1988).
Outras conquistas importantes, como a ampliação do acesso à educação básica, a criação de programas de transferência de renda condicionada à frequência escolar, as políticas de cotas no ensino superior e a luta pela valorização do piso salarial dos professores, são reflexo da pressão e da organização da classetrabalhadora e de seus aliados.
Em suma, a história da educação não pode ser compreendida isoladamente das dinâmicas de classe que estruturam a sociedade. As diferentes formas que a educação assume em cada período histórico, as finalidades que lhe são atribuídas e o acesso que diferentes grupos sociais têm a ela são profundamente influenciados pelas relações de poder e pelas lutas entre as classes sociais. Essa compreensão histórica é fundamental para analisar a função social da educação na contemporaneidade e para pensar em um projeto educativo que contribua para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, onde o Serviço Social tem um papel crucial a desempenhar. 
2.3 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA COMO INSTITUIÇÃO
A escola, enquanto instituição social formalmente estabelecida, transcende a mera transmissão de conteúdos curriculares (Durkheim, 1995). Ela se configura como um espaço complexo e multifacetado, imerso em relações sociais, políticas e culturais, desempenhando uma função social que abrange a formação para a cidadania (Freire, 1997), a socialização de conhecimentos e valores (Parsons, 1959), o enfrentamento das desigualdades (Bourdieu & Passeron, 1975) e a participação na dinâmica da transformação social (Apple, 1982). Compreender a profundidade dessa função é essencial para analisar a atuação do Serviço Social no contexto escolar.
A escola é, primeiramente, um local de socialização secundária, complementando o papel da família na introdução dos indivíduos às normas, valores e conhecimentos da sociedade mais ampla. Através da interação com colegas, professores e outros membros da comunidade escolar, os estudantes aprendem a conviver com a diversidade, a internalizar regras de conduta, a desenvolver habilidades sociais e a construir sua identidade em um contexto coletivo. Essa socialização, no entanto, não é um processo neutro, como aponta Durkheim (1978), um dos pioneiros na sociologia da educação:
A sociedade só pode viver se entre seus membros houver uma homogeneidade suficiente; a educação perpetua e reforça essa homogeneidade essencial, fixando desde o início no espírito da criança as semelhanças fundamentais que a vida coletiva supõe. Mas, por outro lado, sem uma certa diversidade toda cooperação se torna difícil; a educação assegura a persistência dessa diversidade necessária, especializando-se e diversificando-se (DURKHEIM, 1978, p. 35).
Nessa perspectiva, a escola tem a função de promover tanto a coesão social através da internalização de valores comuns quanto a diferenciação necessária para a divisão do trabalho e o desenvolvimento individual.
Além da socialização, a escola desempenha um papel fundamental na transmissão e sistematização do conhecimento historicamente produzido pela humanidade. Ela é o locus privilegiado para o acesso a saberes científicos, artísticos, filosóficos e culturais que são essenciais para o desenvolvimento intelectual e para a compreensão do mundo. No entanto, como já discutido no tópico anterior, a seleção e a forma de transmissão desse conhecimento não são neutras, podendo refletir os interesses de grupos dominantes, como argumenta Apple (1982):
O currículo escolar nunca é apenas um conjunto de conhecimentos e estratégias cognitivas neutras. Ao contrário, ele é sempre seletivo, está sempre contando uma história particular, de uma forma particular, uma história que é parte de um diálogo contínuo sobre "quem somos nós" e "quem deveríamos ser" (APPLE, 1982, p. 21).
Assim, a análise da função social da escola exige uma postura crítica em relação ao currículo e às práticas pedagógicas, buscando identificar as ideologias subjacentes e as possíveis formas de resistência e transformação.
A escola também possui uma função crucial no desenvolvimento da cidadania. Através do ensino de direitos e deveres, da promoção do debate e da participação, e da vivência de práticas democráticas no ambiente escolar (como a eleição de representantes estudantis, a participação no conselho escolar), os estudantes são preparados para exercer uma cidadania ativa e responsável na sociedade. Freire (1996) enfatiza a indissociabilidade entre educação e cidadania:
A educação é um ato político. Como prática da liberdade, a educação implica uma reflexão crítica sobre a realidade, visando a transformação social. Educar é, portanto, engajar-se na luta pela emancipação e pela construção de uma sociedade mais justa e democrática (FREIRE, 1996, p. 97).
Nessa perspectiva, a escola não pode se eximir de discutir os problemas sociais, de estimular o pensamento crítico e de formar sujeitos capazes de intervir na realidade para transformá-la.
Outro aspecto fundamental da função social da escola é o seu papel no enfrentamento das desigualdades sociais. A escola, idealmente, deveria ser um espaço de oportunidades iguais para todos, independentemente de sua origem socioeconômica. No entanto, a realidade muitas vezes revela que a escola reproduz as desigualdades existentes na sociedade, como apontam Bourdieu e Passeron (1975). Para que a escola possa efetivamente cumprir sua função de reduzir as desigualdades, são necessárias políticas e práticas que promovam a inclusão, a equidade e o atendimento às necessidades específicas dos diferentes grupos de estudantes. Arroyo (2000) discute a importância de reconhecer as diversidades e as desigualdades no contexto escolar:
As identidades sociais dos alunos, suas histórias de vida, suas culturas de origem, seus saberes experienciais não podem ser ignorados no processo educativo. Uma escola que busca cumprir sua função social de forma justa precisa reconhecer e valorizar essas diversidades, construindo práticas pedagógicas que promovam a igualdade de oportunidades e o sucesso escolar para todos (ARROYO, 2000, p. 63).
Finalmente, a escola também desempenha um papel na dinâmica da transformação social. Embora possa ser um espaço de reprodução da ordem estabelecida, como vimos, ela também pode ser um local de questionamento, de inovação e de produção de novas ideias que contribuem para a mudança social. A atuação de professores engajados, a organização de movimentos estudantis, a implementação de projetos pedagógicos transformadores e a articulação com a comunidade podem fazer da escola um motor de transformação. Giroux (1988) explora o conceito de professor como intelectual transformador:
Os professores não são meros técnicos ou burocratas do sistema educacional. Eles são intelectuais que possuem o potencial de analisar criticamente as estruturas de poder, de questionar as desigualdades e de capacitar os estudantes a se tornarem cidadãos críticos e engajados na transformação social (GIROUX, 1988, p. 127).
Em suma, a função social da escola como instituição é vasta e complexa, abrangendo a socialização, a transmissão do conhecimento, o desenvolvimento da cidadania, o enfrentamento das desigualdades e a participação na transformação social. Analisar essa função sob diferentes perspectivas teóricas é crucial para compreender os desafios e as potencialidades da escola e para fundamentar a atuação do Serviço Social nesse contexto, visando a promoção de uma educação mais justa, equitativa e emancipadora para todos.
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