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ANÁLISE DE CRÉDITO E RISCO Logicamente, isso acontece pela concessão de crédito e pela garantia de que vão receber! Porém, mesmo que esse tipo de transação traga vantagens às partes interessadas, merece atenção redobrada: SEMPRE HÁ RISCO DE INADIMPLÊNCIA. Você, que já comprou algo parcelado ou que deseja possibilitar esse tipo de conveniência aos seus clientes, já parou pra pensar em como as empresas conseguem vender algo pelo qual só receberão ao longo de vários meses? É com base na experiência de empresas e consumidores, retratada por meio de exercícios e cases do cotidiano, que esta obra aborda temas essenciais a respeito da análise de crédito e risco, demonstrando ao leitor A IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO para evitar prejuízos e minimizar riscos, por meio das seguintes temáticas: Série Gestão Financeira Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. O selo DIALÓGICA da Editora Ibpex faz referência às publicações que privilegiam uma linguagem na qual o autor dialoga com o leitor por meio de recursos textuais e visuais, o que torna o conteúdo muito mais dinâmico. São livros que criam um ambiente de interação com o leitor – seu universo cultural, social e de elaboração de conhecimentos –, possibilitando um real processo de interlocução para que a comunicação se efetive. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Chrystian Marcelo Rodrigues Análise de crédito e risco Série Gestão Financeira Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Conselho editorial Dr. Ivo José Both (presidente) Dr.ª Elena Godoy Dr. Nelson Luís Dias Dr. Ulf Gregor Baranow Editor-chefe Lindsay Azambuja Editor-assistente Ariadne Nunes Wenger Editor de arte Raphael Bernadelli Preparação de originais Amanda Santos Borges Revisão de texto Arthur Tertuliano Capa e fotografia da capa Stefany Conduta Wrublevski Projeto gráfico Raphael Bernadelli Iconografia Danielle Scholtz Informamos que é de inteira responsabilidade do autor a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização da Editora Ibpex. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº 9.610/1998 e punido pelo art. 184 do Código Penal. Esta obra é utilizada como material didático nos cursos oferecidos pelo Grupo Uninter. 1ª edição, 2012. Foi feito o depósito legal. Av. Vicente Machado, 317. 14º andar Centro . CEP 80420-010 . Curitiba . PR . Brasil Fone: (41) 2103-7306 www.editoraibpex.com.br editora@editoraibpex.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Rodrigues, Chrystian Marcelo Análise de crédito e risco [livro eletrônico] / Chrystian Marcelo Rodrigues. – Curitiba: Ibpex, 2012. – (Série Gestão Financeira). 2 Mb ; PDF Bibliografia. ISBN 978-85-7838-987-1 1. Administração de crédito – Tomada de decisões 2. Avaliação de risco 3. Controle de crédito 4. Crédito I. Título. II. Série. 12-14979 CDD-658.88 Índices para catálogo sistemático: 1. Crédito: Decisão: Administração de empresas 658.88 2. Crédito: Riscos: Avaliação: Administração de empresas 658.88 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Sumário Dedicatória 9 Agradecimentos 11 Apresentação 13 Como aproveitar ao máximo este livro 16 1 Conceitos básicos 19 1.1 Conceito básico de crédito 21 1.2 O objetivo da análise de crédito 24 1.3 A importância da análise de crédito 25 2 Crédito nas instituições financeiras 33 2.1 O papel e a importância das instituições financeiras 35 2.2 Modalidades de operações de crédito 39 3 Estrutura do Departamento de Crédito 47 3.1 Os principais alicerces do Departamento de Crédito 49 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. 4 Dados externos e internos 65 4.1 Fontes básicas de informação 67 4.2 Dados externos 67 4.3 Dados internos 69 4.4 Documentos e cruzamento de informações 73 4.5 A importância da ficha cadastral 75 5 Proposta de crédito 83 5.1 Conceito básico de proposta de crédito 85 5.2 Modelo de proposta para pessoas jurídicas 86 5.3 Modelo de proposta para pessoas físicas 89 6 Indicadores financeiros 95 6.1 Esferas da análise de crédito das pessoas físicas 97 6.2 Esferas da análise de crédito das pessoas jurídicas 99 6.3 Fluxo de caixa 108 7 Rating 121 7.1 Conceito e objetivos do rating 123 7.2 Determinação de uma escala de rating 124 7.3 Rating de pessoas físicas 125 7.4 Rating de pessoas jurídicas 130 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. 8 Inadimplência 147 8.1 Procedimentos em casos de inadimplência 149 8.2 Falência e recuperação judicial 150 8.3 Risco de default 151 8.4 Indícios de default 152 9 Juros e crédito 159 9.1 Juros versus inflação 161 9.2 Determinação de juros em mercado 163 Para concluir... 167 Referências 169 Apêndice 171 Anexo 185 Respostas 191 Sobre o autor 199 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s erre pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Dedicatória Aos meus pais em quem me espelho. A minha mulher em quem me apóio. A minhas filhas em quem me inspiro. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Agradecimentos Gostaria de agradecer imensamente ao professor Nelson Castanheira e ao Grupo Uninter pela ajuda na conclusão de um sonho de mais de 12 anos. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Apresentação O sistema capitalista é, sem a menor sombra de dúvidas, o mais dinâ- mico e ágil sistema de trocas criado pelo homem até o presente momento. E a espinha dorsal desse sistema é, justamente, a importância que as trocas comerciais têm entre as pessoas. Em outras palavras, nenhum sistema consegue organizar e administrar melhor a relação de trocas de serviços e mercadorias como o sistema capitalista. Porém, o capitalismo passa por crises inerentes a si próprio, restabe- lecendo, após cada uma delas, suas diretrizes e coordenadas para poder manter-se ainda ativo. A crise dos anos de 1930 não foi a primeira, mas foi, sem dúvida, a maior vivida pelo sistema até então. Em meio a esse cenário, foi pública e notória a contribuição que John M. Keynes, economista britânico, deu para que o capitalismo fosse reorganizado e reestruturado. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Sua maior contribuição naquele momento foi a visualização do papel do crédito enquanto ferramenta de distribuição de riquezas entre os agentes econômicos. Em outras palavras, foi Keynes quem identificou o papel extremamente relevante que as instituições financeiras têm sobre os mecanismos de distribuição de recursos entre os agentes superavitá- rios, que buscam aumentar seus lucros via aplicações das “sobras de caixa”, e os agentes deficitários, que buscam desde a manutenção de suas ativi- dades até o aumento de seus lucros, também por meio de investimentos em suas estruturas operacionais. Assim, segundo Keynes, ao sistema financeiro cabe o direcionamento dos recursos financeiros aos investimentos menos arriscados e mais inte- ressantes. É a partir desse momento que surge a primeira contextualização formal do crédito. O crédito vem a ser a mais moderna e importante ferramenta de troca entre os agentes econômicos, pois permite aos consumidores o acesso imediato a bens e serviços, além de possibilitar às empresas a realização de lucros também dependentes desses recursos de longo prazo. Dessa maneira, o crédito possibilitou o crescimento quase que em escala exponencial do sistema capitalista, ao longo do século XX, pois dinamizou e concedeu agilidade às relações de troca entre os agentes econômicos. Mesmo assim, dentro desse contexto de crescimento, o capitalismo passou, em 2008, por mais uma crise, gerada justamente pelo crédito. A esta altura você provavelmente deve estar se perguntando: “Mas, então, o que aconteceu? A ferramenta do crédito deixou de ser algo eficiente?”. Na verdade, a crise, iniciada em 2008, decorre de uma perda de limites e diretrizes ideais para a boa concessão de crédito. Os limites dados a algumas empresas e bancos, as condições de pagamento e as garantias envolvidas, por exemplo, excediam em muito os reais patamares da economia internacional até então existente. Resumidamente, perdeu-se o limite de até que ponto se podia conceder crédito. É dentro desse contexto que esta obra se apresenta: um contexto em que grandes corporações quebram, ou quase, grandes países passam por Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. dificuldades e governos federais ampliaram significativamente seus níveis de endividamento por problemas de crédito. Complicado, não? O objetivo deste livro é estabelecer os principais pilares componentes da análise de crédito, seguindo as melhores diretrizes utilizadas no mercado, sem que se perca o foco em tecnicismos e burocracias desnecessários. A ideia defendida nesta obra é a de que um bom crédito ainda é uma pode- rosa ferramenta de fechamentos de bons negócios e de obtenção de lucros. O conhecimento a respeito dos princípios básicos do crédito, de seus alicerces fundamentais e suas basesmais intrínsecas é fundamental para a manutenção da saúde financeira das empresas e para as tomadas de decisão dos empresários. Para tanto, este livro foi dividido em cinco partes principais: a) conceituação, objetivos e a importância do crédito e das instituições de crédito na vida das empresas; b) alicerces básicos para a formação de um Departamento de Crédito eficiente e suas principais fontes de informações; c) documentos fundamentais para uma análise de crédito tanto de pessoas jurídicas quanto de pessoas físicas; d) elaboração de uma proposta de crédito; e) os principais indicadores financeiros que devem ser vistos em um processo de análise de crédito de pessoas jurídicas. Esta obra se destina a estudantes de graduação em cursos da área de gestão e similares, que almejam trabalhar – seja na esfera pública, seja na esfera privada – como empregados ou empreendedores na área de finanças – tanto na simples administração de passivos quanto na admi- nistração completa de processos de análise, concessão e monitoramento de crédito. De maneira sistematizada, procuramos demonstrar quais os principais cuidados e procedimentos que todo o processo de crédito deve seguir, a fim de orientarmos, da melhor maneira possível, nossos leitores. Boa leitura. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Como aproveitar ao máximo este livro Este livro traz alguns recursos que visam enriquecer o seu aprendizado, facilitar a compreensão dos conteúdos e tornar a leitura mais dinâmica. São ferramentas projetadas de acordo com a natureza dos temas que vamos examinar. Veja a seguir como esses recursos se encontram distribuídos no projeto gráfico da obra. Logo na abertura do capítulo, você fica conhecendo os conteú- dos que serão nele abordados. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. A obra conta também com exercícios seguidos da resolução feita pelo próprio autor, com o objetivo de demonstrar, na prática, a aplicação dos conceitos examinados. Com essas atividades, você tem a possibilidade de rever os principais conceitos analisados. Ao final do livro, o autor disponibiliza as respostas às questões, a fim de que você possa verificar como está sua aprendizagem. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Você dispõe, ao final do capítulo, de uma síntese que traz os principais conceitos nele abordados. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Conceitos básicos Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Conteúdos do capítulo • Conceito básico de crédito. • A importância e o objetivo da análise de crédito. • Os 5 Cs da análise de crédito. Após o estudo deste capítulo, você será capaz de: 1. entender o conceito básico de crédito, bem como sua importância para o desenvolvimento comercial das empresas; 2. reconhecer os objetivos da análise de crédito; 3. reconhecer as etapas da análise de crédito; 4. reconhecer os cinco alicerces básicos da análise de crédito. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. 1.1 Conceito básico de crédito Toda a vez que ouvimos falar de crédito, a primeira imagem que nos vem à cabeça é a de uma grande rede varejista de linha branca (como gela- deiras, lavadoras e micro-ondas), de grandes concessio nárias ou de outras empresas que prometem vender seus produtos em várias prestações. Entretanto, como é que elas conseguem vender algo pelo qual só rece- berão ao longo de vários meses? O recurso utilizado por todas as empresas que vendem a prazo tem como base a confiança que elas possuem no quitamento das prestações por parte de seus compradores. Em outras palavras, as empresas dão crédito a seus clientes na compra dos produtos. Mas o que vem a ser crédito? 21 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Nas palavras de Sandroni (2003), crédito é transação comercial em que um comprador recebe imediatamente um bem ou serviço adquirido, mas só fará o pagamento depois de algum tempo determinado. Essa transação pode também envolver apenas dinheiro. O crédito inclui duas noções fundamentais: confiança expressa na promessa de pagamento e tempo de aquisição e liquidação da dívida. Em outras palavras, podemos dizer que o crédito é a ferramenta pela qual as empresas alicerçam suas vendas, a partir do instante em que tenham confiança na liquidação da dívida assumida pelos clientes. Para que possamos entender melhor o assunto, seguiremos com a análise das palavras de Sandroni (2003) no que se refere aos tipos de crédito possíveis de existir: O crédito direto ao consumidor financia a compra de qualquer produto de consumoe até viagens. O comprador passa a usufruir imediatamente de um bem que será pago com sua renda pessoal. Em muitos casos, as próprias vendedoras financiam o cliente, mas em escala cada vez maior, financeiras especializadas pagam o vendedor e “compram” a dívida e também o risco de não pagamento. O lucro da financeira é formado pelos juros cobrados do comprador. Os cartões de crédito, extremamente difundidos nos Estados Unidos e alcançando boa receptividade no Brasil, são também uma forma de crédito direto ao consumidor. O financiamento de casas e apartamentos constitui o chamado crédito imobi- liário. Envolve poucos riscos, pois em geral o próprio imóvel é garantia do empréstimo, sob forma de hipoteca. As facilidades de crédito levam os consu- midores à tentação de uma melhoria imediata do padrão de vida, dado o imediatismo do consumo a crédito. [...] Finalmente, o crédito à produção baseia-se na suposição de que será pago por si mesmo, isto é, o investimento gerará meios necessários para o pagamento da dívida, seus encargos e ainda sobrará algo para o lucro. Os créditos à produção podem ser de curto prazo (crédito comercial) ou a longo prazo (crédito de inves- timento). O crédito de investimentos, a longo prazo, com vencimentos de trinta a 129 dias, serve, na maioria dos casos, para a formação de capital de giro da empresa. O crédito de investimento, a longo prazo, com vencimentos previstos para alguns anos, tem papel de desenvolver determinadas áreas, inclusive proporcionando recursos para a pesquisa tecnológica. O crédito agrícola é feito a médio prazo (vencimento em um ano ou mais) e empregado na compra de insumos e implementos. 22 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Dessa maneira, podemos concluir que o uso do crédito torna-se uma ferramenta poderosa de fechamentos de negócios nas empresas e de melhora no padrão de vida da população, uma vez que não há a necessi- dade de acumular previamente os recursos (capital) necessários para a compra do produto. Contudo, precisamos ter em mente que, ao darmos crédito ao nosso cliente – seja pessoa física, seja pessoa jurídica – para usufruir de nossos produtos e serviços, possibilitando que o pagamento seja feito a poste- riori, estamos sujeitos ao risco de inadimplência1 por parte desse mesmo cliente. Assim, toda e qualquer venda a prazo, parcelada ou não, deve ter seus fundamentos alicerçados fortemente no crédito de que esse cliente é merecedor. A partir do instante em que cedemos crédito a alguém, cedemos também parte de nossa propriedade sob a forma de dinheiro, mercadoria ou serviços. No caso de inadimplência, teremos de cobrir essa dívida de alguma maneira: por meio de empréstimos tomados de terceiros e, até mesmo, da liquidação de nossos próprios ativos em relação ao mercado (venda de máquinas, veículos, equipamentos etc.). Nas palavras de Schrickel (1998): Crédito é todo o ato de vontade ou disposição de alguém de destacar ou ceder, temporariamente, parte de seu patrimônio a um terceiro, com as expectativas de que essa parcela volte a sua posse integralmente, após decorrido o tempo estipulado. Esta parte do patrimônio pode estar materializada por dinheiro (empréstimo monetário) ou bens (empréstimo para uso, ou venda com pagamento parcelado ou a prazo). O patrimônio a ser cedido deve ser próprio. Com efeito, não nos é factível ceder coisa alheia sem expresso consentimento de seu legítimo proprietário. Ou seja, ao criarmos expectativas de que após o tempo estipulado teremos o retorno da posse do patrimônio cedido a terceiros, assumimos o risco de o cliente não honrar essa dívida. E é a partir dessa percepção que surge outro conceito muito importante relacionado ao crédito: o conceito de juros. Schrickel (1998) nos apresenta uma excelente definição de juros em vendas a prazo: 1 In ad im pl ên ci a, d e ac or do c om S an dr on i ( 20 03 ), “é a fa lta d e cu m pr im en to d as c lá us ul as c on tr at ua is e m d et er m in ad o pr az o” . 23 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Não obstante existam empréstimos a título gratuito, ou seja, não onerosos àquele que recebe o bem, normalmente associa-se a qualquer transação de empréstimo um preço remuneratório, a ser pago pelo tomador ao emprestador. Este preço, mais apropriadamente denominado taxa de juros, ou preço do Capital (dinheiro), fundamenta-se na escassez dos bens em geral, e presta-se à compensação dos riscos assumidos pelo emprestador quanto à possível perda ou deterioração da parcela e seu patrimônio que houvera cedido. Daí também ser conhecida como taxa de risco. A partir dessa definição, concluímos que juros é o preço que o cliente terá de pagar pelo benefício de comprar produtos ou serviços a prazo. Esse preço será maior quanto pior for a avaliação de crédito (risco) desse cliente. Desse modo, tanto a venda a prazo quanto o crédito são ferramentas importantes para o fechamento de nossos negócios. Entretanto, como dissemos anteriormente, precisamos lembrar que, quando concedemos o benefício do parcelamento ou pagamento futuro aos nossos clientes, estamos sujeitos à inadimplência e, portanto, ao risco de não termos dinheiro para pagar as nossas contas. Assim, as vendas a prazo não podem ser concedidas aleatoriamente. Para evitar esse tipo de problema, utilizamos a rotina da análise de crédito de nossos clientes. 1.2 O objetivo da análise de crédito Muitas vezes, quando ouvimos o termo análise de crédito, automaticamente nos vem à cabeça os termos Serasa, Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), entre outros, pois esses são alguns dos mecanismos que as empresas utilizam para a venda em parcelas ou a crédito. Mas, afinal, como funciona uma análise de crédito? Ao contrário do que muitos possam pensar, a análise de crédito não consiste apenas na verificação de algumas informações em sites de pesquisa. Ela é uma ferramenta ampla, que nos possibilita identificar uma série de informações e de alternativas de negócios para cada cliente. Schrickel (1998) define muito bem os objetivos principais da análise de crédito. De acordo com o autor: O principal objetivo da análise de crédito numa instituição financeira (como qualquer outro emprestador) é o de identificar os riscos nas situações de empréstimo, evidenciar conclusões quanto à capacidade de repagamento do 24 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e punid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. tomador, e fazer recomendações relativas à melhor estruturação e tipo de empréstimo a conceder, à luz das necessidades financeiras do solicitante, dos riscos identificados e mantendo, adicionalmente, sob perspectiva, a maximi- zação dos resultados da instituição. Em outras palavras, a análise de crédito não consiste apenas no trabalho de determinarmos se devemos ou não efetuar uma venda a prazo para um de nossos clientes, mas também em fortalecermos ainda mais o relaciona- mento com eles, de maneira que possamos encontrar as melhores soluções para as necessidades destes. Crédito tem, pois um sentido amplo, tanto ao que se refere às contas a receber quanto ao relativo às contas a pagar. Assim, de um lado, a abordagem adotada pela empresa de lidar com maior ou menor concessão de crédito é fortemente influenciada pelas condições competitivas do mercado e, de outro, ao conceder o crédito tanto para as pessoas físicas quanto para as jurídicas, é igualmente impor- tante que a empresa analise essa atividade sob a ótica de quem quer promover uma parceria comprometida com o sucesso da cadeia produtiva, estabelecendo uma relação ganha-ganha de forma sustentável. (Tsuru; Centa, 2007) Tendo isso em mente, devemos estipular quais são as principais etapas da análise. São elas: • análise retrospectiva do cliente para identificar seu comportamento em outras compras efetuadas a prazo; • análise de tendências da situação futura do cliente; • capacidade creditícia do cliente, levando em consideração seu comportamento passado, sua situação atual e as tendências a que estará sujeito. A seguir, veremos a importância de fazermos uma análise de crédito antes de concedê-lo ao cliente. 1.3 A importância da análise de crédito Não devemos encarar o processo, a prática e a adoção de rotinas de análise de crédito como caprichos ou particularidades exclusivas de uma venda a prazo para um determinado cliente. Essas rotinas devem ser gerais e irrestritas a todos os clientes. A revolução da informática, das relações internacionais, do comércio internacional, e a estabilização da economia interna dos países ampliaram o acirramento da concorrência corporativa e as pressões por resultados entre 25 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. as empresas que, por sua vez, levaram à queda de uma série de valores culturais (ética, caráter, hombridade e palavra empenhada etc.) que supor- tavam vendas a prazo tanto para o consumidor final quanto para demais empresas. Em outras palavras, as empresas, na tentativa de se manterem competi- tivas em um mercado cada vez mais seletivo e agressivo, adotam o crédito como instrumento de viabilidade de vendas, expondo-se, assim, ao risco de inadimplência. Por outro lado, esse acirramento da concorrência leva à adoção de medidas e práticas não éticas por parte de alguns tomadores de crédito que, na ansiedade de atingirem resultados e lucros, não se preocupam com o pagamento de compromissos assumidos perante terceiros. Associado a essa mudança cultural, o processo de cobrança de valores cedidos a prazo, e que não foram pagos, esbarra em uma legislação trun- cada e em uma máquina judiciária lenta, que tornam cada dia mais difícil a execução de atos de cobrança sobre os inadimplentes. Torna-se fácil “dar o cano”. Como o risco de não recebimento de vendas a prazo aumentou signifi- cativamente nos últimos anos, o trabalho de análise dos riscos envolvidos é fundamental para a manutenção da eficiência e da saúde financeira das empresas que atuam no mercado. Assim, se para abrir uma venda é importante manter-se próximo do cliente, para se saber se os riscos inerentes ao financiamento dessa venda podem ser suportados pela empresa em caso de uma possível mudança de cenário, a análise da capacidade de pagamento é fundamental. De nada adianta termos um grande volume de vendas se este está infectado por níveis de risco que impedem nossa empresa de auferir grandes lucros. Diante disso, há cinco variáveis importantes que precisam ser anali- sadas em profundidade para definir se um cliente, seja pessoa física, seja pessoa jurídica, merece a concessão de crédito. Essas variáveis são conhecidas como os 5 Cs do crédito. São eles: a) Caráter: embora seja um elemento subjetivo, ele é fundamental para sabermos se o nosso cliente possui valores morais e éticos que pri- mem pelo pagamento de suas obrigações (hombridade). Para tanto, 26 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. é necessário conhecermos seus vínculos sociais e culturais, além de identificarmos algumas características do ambiente em que o cliente vive ou trabalha. Como exemplo, podemos citar o nível de estudo e cultura das pessoas que trabalham com ele e a política da empre- sa em que está empregado, o nível de desenvolvimento social do endereço em que mora, seu nível de educação, a vida pregressa nos empregos que teve, o tempo em que trabalhou em cada um deles e os resultados alcançados na carreira. Tais fatores são fortes indicadores do caráter do cliente a quem se estuda conceder o crédito. A consulta às fontes de referência também faz parte do processo de análise de risco. Consultar as empresas onde o cliente tenha com- prado a prazo e os bancos com os quais se relaciona é uma prática fundamental para mensurar o caráter do cliente. b) Condições: a análise de condições consiste em saber se o cliente do crédito não está inserido em um nicho de mercado que esteja passando por difi- culdades e que acarrete no risco de aumentar os casos de inadimplência no futuro. Segundo Silva, citado por Securato (2007), essas condições são os “fatores externos e macroeconômicos que exercem forte influência na atividade empresarial” em que o nosso cliente está inserido. Para que possamos fazer a análise dessa variável, é importante ter- mos informações sobre os principais integrantes desse mercado, sobre o papel do governo, sobre os volumes de negócios passados e futuros, sobre o quanto o mercado é sensível a variações de taxa de juros, varia- ções em outros mercados semelhantes ou complementares etc. Explicando de outra maneira, o que queremos dizer é que a análise das condições do nosso cliente consiste em sabermos se o mesmo es- tará empregado – caso seja pessoa física –, ou se não declarará falên- cia – caso seja pessoa jurídica –, ao longo do período em que o crédito deverá ser recuperado. c) Capital: muitas vezes, devido ao imediatismo e à facilidade de com- pras a prazo, característicos dos dias atuais, o cliente pode arcar com dívidas muito superiores ao fluxo de entrada de recursos do qual dispõe. Assim, não haverá renda suficiente para pagar todos os seus compromissos. Analisar o capital do cliente consiste em sabermos o quanto da renda deste já está comprometida com outras dívidas e qual será o pesosobre a mesma do crédito que ele está solicitando à 27 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. nossa empresa. No caso de pessoas físicas, essa análise consiste em conhecermos o nível de renda para sabermos o quanto será compro- metido pela prestação da venda a prazo que será fechada ou não. Já no caso de pessoas jurídicas, a análise consiste em sabermos o quan- to das suas vendas está comprometido com o pagamento de financia- mentos e de compras de matérias-primas dos seus fornecedores. d) Capacidade: sinônimo de competência, consiste na habilidade do cliente em pagar suas dívidas. No caso de pessoas físicas, essa análise é fei- ta por meio de referências dadas por outras empresas que tenham se relacionado com o cliente em questão. No caso de pessoas jurídicas, esse processo vai além e é feito mediante análise do quadro diretor da empresa – análise curricular dos dirigentes da empresa – e da análise financeira de seus demonstrativos contábeis, identificando, entre ou- tras coisas, a capacidade de geração de caixa da empresa. e) Colateral: também conhecido por garantia, consiste no mecanismo que será acionado caso o cliente não cumpra com suas responsabilidades de pagamento. Trata-se do bem ou valor que servirá de pagamen- to, caso não tenhamos recebido a recomposição de nossas vendas de acordo com os parâmetros estabelecidos em contrato. Previstas no Código Civil Brasileiro, essas garantias podem ser reais ou fide jussó rias. Dentre as reais, o Código Civil aponta: a “hipoteca”, quando o bem dado em garantia for imóvel, aeronave ou embarcação; o “penhor”, para bens como mercadorias ou máquinas e equipamentos, ou títulos de crédito – situação em que o “penhor” recebe o nome especial de “caução”; a “anticrese”, através do que o credor conta com a possibilidade de pagar com a exploração de imóvel frugífero que lhe é entregue. Não prevista no código, mas considerada também como garantia real, temos a alienação fiduciária, que pode ser constituída sobre bens financiados na operação de crédito ou sobre outros bens. As garantias fidejussórias compreendem o “aval”, representado pela assinatura do garantidor no título de crédito, através de que o avalista responde pelas obrigações contidas no título, e a “fiança”, contrato pelo qual o fiador/garantidor responde por todas as obrigações assumidas pelo devedor. As garantias, representadas pelo aval ou fiança, podem ser outorgadas tanto por pessoas físicas como jurídicas. (Securato, 2007) Dessa maneira, precisamos desenvolver uma rotina de levantamento e análise dos 5 Cs de cada cliente que queira comprar a prazo de nossa empresa. 28 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Síntese Crédito é a ferramenta pela qual as empresas alicerçam suas vendas a partir do instante em que têm confiança na liquidação da dívida de seus clientes. O principal fator do qual devemos ter consciência quando falamos em concessão de crédito é o de que, a partir do instante em que permitimos ao nosso cliente usufruir de nossos produtos ou serviços, com o respec- tivo pagamento sendo feito a posteriori, estamos nos sujeitando ao risco de inadimplência por parte do mesmo. Toda a venda a prazo corre o risco de não ser honrada, isto é, paga. É desse fato que nos surge outro conceito muito importante em crédito: o de juros. Juros são o preço a ser pago pelo benefício da compra de produtos ou serviços a prazo. O preço será mais elevado quanto maior for a sensação de risco que tivermos sobre o cliente. A análise de crédito consiste em fortalecemos ainda mais o nosso rela- cionamento com os clientes, de modo que encontremos melhores soluções para as necessidades destes. As principais etapas da análise de crédito são a análise retrospectiva, a análise de tendências e a capacidade creditícia. Os 5 Cs do crédito são o caráter, as condições, o capital, a capacidade e o colateral. Exercícios resolvidos 1. Quais são os dois objetivos principais da análise de crédito? a) Evidenciar a capacidade de repagamento do tomador e recomendar a melhor estruturação do empréstimo a ser concedido. b) Determinar que uma operação só pode ser aceita com a inclusão de colateral. c) Elaboração de uma análise retrospectiva conjugada à análise de tendências. d) Levantamento de informações de mercado e do tomador de crédito. e) Elaboração das práticas que devem ser adotadas pela empresa quando da inadimplência do tomador do recurso. Comentário: a análise de crédito é uma das principais ferramentas mer cadológicas de qualquer empresa, pois possibilita não só a eliminação 29 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. de inadimplência, como auxilia o próprio Departamento Comercial a viabilizar suas vendas financiadas. Todas as demais alternativas dessa questão fazem parte de um processo de análise de crédito. 2. O levantamento de informações a respeito do nível de atividade econô- mica do nicho de mercado em que o tomador de crédito está inserido, a fim de identificar se o mesmo está estagnado, em recessão ou em cresci- mento, serve para a determinação de qual dos 5 Cs? a) Caráter. b) Capacidade. c) Condição. d) Capital. e) Colateral. Comentário: a análise de crédito se baseia no levantamento e estudo de informações endógenas – inerentes ao próprio tomador do crédito – e exógenas – pertinentes ao ambiente em que o tomador se encontra. Esses dados exógenos fazem parte do “C” Condição. 3. Habilidade do tomador de crédito em pagar suas dívidas representa, na ótica do crédito, qual dos 5 Cs? a) Condição. b) Capacidade. c) Caráter. d) Capital. e) Colateral. Comentário: sendo os demais “Cs” referentes os dados endógenos – perti- nentes ao próprio tomador do crédito – é importante saber se ele possui preparo técnico, comercial e financeiro suficientes para administrar situações adversas, caso aconteçam. Esse preparo irá compor, ou forta- lecer, a sua capacidade. 4. O mecanismo que será acionado pelo credor, caso o tomador do crédito não cumpra com suas responsabilidades de pagamento, vem a ser chamado de: a) condição. b) capacidade. c) caráter. 30 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s auto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. d) capital. e) colateral. Comentário: como uma das principais preocupações da análise de crédito é a recuperação dos ativos cedidos pelo credor ao tomador, é impor- tante que o primeiro possa se resguardar. Em outras palavras, o credor deve ter subsídios suficientes para repor tudo aquilo que cedeu ao seu tomador, de forma a reconstituir seus ativos. Essa reconstituição só é possível com a existência de garantias (reais ou fidejussórias) que são analisadas pelo colateral envolvido na transação. Questões para revisão 1. Selecione dois colegas de estudo e discuta com eles a respeito da impor- tância do crédito na empresa em que cada um trabalha, como ele é tratado e de que formas pode ser melhorado em cada empresa. 2. Identifique nesses dois colegas características que estejam relacionadas a cada um dos 5 Cs do crédito. Nos exercícios que seguem, indique a alternativa correta. 3. Os cinco fatores que orientam qualquer análise de crédito, tanto para pessoas jurídicas quanto para as pessoas fisicas, são: a) condição, capacidade, caráter, capital, colateral. b) valor da compra, networking, caráter, capital, colateral. c) naturalidade, estabilidade, valor da compra, networking, caráter. d) condição, capacidade, naturalidade, estabilidade, valor da compra. e) naturalidade, estabilidade, capital, colateral, garantias. 4. O mais subjetivo dos 5 Cs do crédito, que consiste na composição dos valores morais e éticos do tomador do recurso, a fim de definir se o mesmo preocupa-se com o cumprimento das obrigações assumidas, vem a ser: a) condição. b) capacidade. c) caráter. d) capital. e) colateral. 31 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. 5. Saber o quanto da renda do tomador já está comprometida com outras dívidas e qual será o peso do crédito solicitado à empresa consiste na análise de: a) condição. b) capacidade. c) caráter. d) capital. e) colateral. 32 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Crédito nas instituições financeiras Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Conteúdos do capítulo • Conceito de instituição financeira creditícia. • Conceito e estrutura do Sistema Financeiro Nacional (SFN). • Modalidades de operações de crédito. Após o estudo deste capítulo, você será capaz de: 1. entender a importância das instituições financeiras nas vendas a prazo; 2. compreender o conceito de intermediação financeira; 3. reconhecer os conceitos de capital, risco e juros; 4. reconhecer a relação entre risco e juros; 5. reconhecer a estrutura do Sistema Financeiro Nacional, bem como a das principais modalidades de intermediação financeira, capazes de suportar as vendas a prazo das empresas. Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. 2.1 O papel e a importância das instituições financeiras No capítulo anterior, chegamos à conclusão de que toda venda a prazo envolve a cessão de parte de nossos ativos aos clientes, pois cedemos a eles nossos estoques e serviços, que serão pagos ao longo de determinado prazo, em certo número de parcelas. Assim, estamos sujeitos a perder nossos estoques, nosso caixa e demais ativos a cada instante que permitimos uma venda a prazo. Para evitar esse tipo de problema, surge como alternativa a formação de parcerias com instituições financeiras que estejam dispostas a conceder seus serviços aos nossos clientes. Em outras palavras, a melhor alternativa para a aquisição dos recursos necessários para financiar nossos clientes é buscá-los no sistema financeiro. Vasconcellos (2000) define de maneira muito precisa o que vem a ser a chamada intermediação financeira: A precondição para o estabelecimento da intermediação financeira é a existência, de um lado, de agentes econômicos superavitários (poupadores) – dispostos a transformar suas disponibilidades monetárias em ativos financeiros, 35 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. sujeitando-se aos riscos de mercado, com o fim de obter retornos reais posi- tivos – e de outro, de agentes econômicos deficitários (investidores) – com disposição para financiar seus déficits aos custos de mercado. Podemos entender o sistema financeiro como sendo um fundo no qual as unidades deficitárias retiram recursos, enquanto as superavitárias os depositam. Interpretando as palavras de Vasconcellos, podemos dizer que o papel do sistema financeiro é captar recursos daqueles que conseguem poupar para destiná-los àqueles que não conseguem poupar ou que buscam recursos adicionais para suas atividades e/ou negócios. Assim, toda a vez que alguém deposita seus recursos – seja o salário, seja o lucro da empresa, por exemplo –, no banco, seu objetivo é obter rendimento sobre estes, sem que haja a necessidade de aplicá-los em suas atividades operacionais. A esses recursos damos o nome de capital. Ao rendimento obtido damos o nome de juros. Quanto maior for o risco da aplicação do capital, maiores serão os juros oferecidos pelo tomador do recurso. Em suma, assim como os bancos, as financeiras e as empresas de leasing são credores dos tomadores de crédito; da mesma forma, os poupadores e os investidores são credores dos bancos e financeiras, uma vez que estão acreditando que os mesmos lhes darão a rentabilidade prometida sem riscos de inadimplência. De acordo com os níveis de risco e rendimento queo investidor esteja interessado em aceitar, os recursos que giram no mercado podem ser direcionados e utilizados por uma série de instituições financeiras que constituem o Sistema Financeiro Nacional (SFN). Sua estrutura pode ser vista na figura a seguir: 36 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Figura 2.1 – Estrutura do Sistema Financeiro Nacional (SFN) Conselho Monetário Nacional (CMN) Comitê de Política Monetária (Copom) Comissão de Valores Mobiliários (CVM) Banco do Brasil (BB) Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Bancos regionais de desenvolvimento x Banco do Nordeste do Brasil x Banco da Amazônia x Bancos estaduais de desenvolvimento Instituições bancárias x Bancos múltiplos x Caixa Econômica Federal x Caixas Econômicas Estaduais Instituições não bancárias x Banco de investimentos x Sociedade de crédito imobiliário x Sociedades de crédito x Financiamento e investimento x Associações de poupança e empréstimo x Cooperativa de crédito Instituições auxiliares x Bolsas de valores x Sociedades corretoras x Sociedades distribuidoras x Fundos de investimento x Companhia de seguros x Agentes autônomos Banco Central do Brasil (Bacen) Fonte: Adaptado de Fortuna, 2002. Como podemos ver na Figura 2.1, o sistema é dividido em setores e mercados. Os setores que compõem o SFN são o privado – ao qual cabe a maioria das operações financeiras do País (sejam elas de crédito ou não) – e o público – ao qual cabe a determinação, a fiscalização e a execução das diretrizes que o sistema deve seguir. A tabela a seguir apresenta as atribuições dos órgãos componentes do setor público do SFN: 37 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Tabela 2.1 – Estrutura pública do Sistema Financeiro Nacional1 (SFN) ÓRGÃO ATRIBUIÇÕES Conselho Monetário Nacional (CMN) Principal órgão do SNF, ao qual cabe a determinação de todas as diretrizes a serem seguidas pelas demais instituições financeiras instaladas no país. Formula toda a política monetária e cambial, com base na Lei nº 4.595/19642. Comitê de Política Monetária (Copom) Órgão auxiliar do Conselho Monetário Nacional na deliberação e manutenção da política monetária. Define, entre outras coisas, a taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic). Banco Central do Brasil (Bacen) Órgão executivo do setor público do SFN. Responsável pela fiscalização do atendimento a todas as diretrizes do CMN por parte das demais instituições financeiras. Regula e autoriza a constituição e o funcionamento de todas as instituições financeiras operantes no país. Controla o fluxo de capitais estrangeiros, garantindo o correto funcionamento do mercado cambial. Efetua operações de compra e venda de títulos públicos como instrumento de política monetária. Comissão de Valores Mobiliários (CVM) Órgão responsável pela fiscalização e controle do mercado de capitais brasileiro. Disciplina, normatiza e fiscaliza o comportamento dos integrantes do mercado aberto. Credencia auditores independentes. Suspende ou cancela registros, credenciamentos e autorizações de atuação no mercado de capitais. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Principal banco de desenvolvimento e incentivo à atividade produtiva do país, tem como função básica o acesso às linhas de crédito mais baratas do mercado, seja direcionando essas linhas a setores considerados importantes, seja por meio de programas especiais. Os mercados que constituem o SFN são: a) Mercado monetário: é o mercado em que são realizadas as operações de curto prazo, com a finalidade de atender ao caixa de diversas empre- sas, nas quais se incluem as instituições financeiras. Nesse mercado, estão as operações em bolsa de valores (open-market, ouro etc.). b) Mercado de crédito: é aquele que atende às necessidades de recursos de curto, médio e longo prazos, principalmente decorrentes de opera- ções de crédito para empresas e pessoas físicas.1 P ar a ob te r m ai s in fo rm aç õe s, p es qu is ar F or tu na (2 00 2) . 2 Pa ra o bt er m ai s in fo rm aç õe s, c on su lta r o si te : < htt p :// w w w .p la n al to .g ov .b r/ cc iv il /l ei s/ L 45 95 .h tm >. 38 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. c) Mercado de capitais: é aquele que atende às necessidades de médio e longo prazos, principalmente para a captação de recursos destinados aos investimentos. Como exemplo, temos as operações de abertura de capital (IPO3) e de emissão de ações na bolsa de valores. d) Mercado cambial: é aquele que atende às necessidades de recursos em moe da estrangeira. Nesse mercado, são praticadas operações de fi- nanciamento e de pagamento em moeda estrangeira por parte das importadoras/exportadoras, agências de viagens e demais institui- ções financeiras atuantes no mercado (bancos, por exemplo). Como o objetivo principal deste curso é a análise de crédito, os esforços terão como foco o mercado de crédito, o qual atende às necessidades de consumo e investimento, por meio de financiamentos, compras parceladas e afins. 2.2 Modalidades de operações de crédito Dentro desse contexto, as principais linhas de cré dito que existem para possibilitar negócios às empresas e aos consumidores finais são: a) Desconto de duplicatas: operação por meio da qual a empresa an- tecipa o recebimento de suas vendas a prazo, cedendo ao ban- co o direito de cobrança sobre os clientes que porventura tenham comprado nessa modalidade. Em outras palavras, o banco paga à empresa o valor de sua carteira de cobrança, deduzido dos ju- ros negociados, bem como o Imposto sobre Operações Financei- ras (IOF) correspondente ao período. Nesse caso, a empresa entra como garantidora da operação no caso da inadimplência do clien- te final envolvido. Ou seja, o banco se reserva o direito de regresso e exige da empresa que pague por essa duplicata em aberto, bem como as multas e tarifas de cobrança correspondentes. Desse modo, assim como o banco fará uma análise sobre a qualidade de crédito da empresa solicitante, esta deve fazer o mesmo trabalho a respeito daqueles clientes cujo faturamento deseja-se antecipar pe- rante o banco. b) Hot money: operação de crédito de curto prazo,consiste no em- préstimo, por parte do banco, de recursos à empresa tomadora para um intervalo máximo de 10 dias. Esse tipo de operação é normalmente usado em situações não planejadas pela empresa ou 3 D o in gl ês In it ia l P ub lic O ffe ri ng s. 39 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. de emergência. Por isso, são muito caras e não permitem uma re- novação automática perante o banco emprestador. Como se trata de um recurso para o atendimento de “emergências”, é encarada de maneira muito negativa pelo banco quando uma empresa pede esse tipo de recurso. c) Capital de giro: consiste numa linha de crédito na qual o banco libera um volume significativo de recursos à empresa tomadora que se res- ponsabiliza pelo pagamento parcelado desse recurso. Sobre essa par- cela incidirão o IOF e os juros cobrados pelo banco emprestador. Em muitos casos, o banco exige garantias – colaterais –, que vão de 120% a 150% do valor contratado, dependendo do risco percebido pelo ban- co emprestador. d) Conta garantida: também conhecida como conta rotativa, consiste numa linha de crédito a respeito da qual não existe a obrigatoriedade de um pagamento fixo mensal, como no caso do capital de giro. A empresa tomadora amortiza o saldo devedor de acordo com suas possibilidades, ficando obrigada, apenas, ao pagamento dos juros e IOF do saldo ainda em haver no final de cada mês. A vantagem dessa modalidade de crédito sobre a anterior é justamente a liberdade de equalização da amortização às possibilidades de caixa da empresa tomadora, embora essa operação seja mais cara. Em muitos casos, a garantia exigida pelo banco emprestador é constituída por cheques e duplicatas a vencer de clientes da empresa tomadora. À medida que esses títulos vencem, podem ser adotadas duas medidas: ou se amortiza o valor do empréstimo ou os mesmos são substituídos por novos títulos, caso a empresa tomadora ache mais interessante man- ter esses recebimentos no caixa, em vez de pagar seu passivo com o emprestador. e) Vendor: nessa modalidade de crédito, a empresa realiza a venda a prazo aos seus clientes e faz uma cessão de crédito a um banco, ou seja, vende a prazo e recebe à vista, transferindo o crédito à instituição financeira mediante uma determinada taxa de desconto, sendo que a empresa assume o risco pelo crédito de seus clientes. [...] A grande vantagem para a empresa financiar seus compradores através da instituição financeira. Normalmente as taxas de juros praticadas neste produto são menores que as taxas praticadas no financiamento direto. A empresa que realiza as vendas presta fiança como garantia de pagamentos dos financiamentos. (Securato, 2007) 40 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Na grande maioria dos casos, as instituições credoras elaboram um contrato chamado contrato-mãe, com o valor máximo disponível para a empresa tomadora. Esta, de posse desses valores, utiliza o contrato de acordo com suas vendas, emitindo, assim, diversos “contratos filhotes”, limitados ao teto estipulado pela cédula principal. Assim como no caso dos descontos de duplicatas, cabe à empresa toma- dora desse tipo de crédito uma análise criteriosa a respeito dos clientes, cujo faturamento será adiantado sobre essa modalidade. A figura a seguir apresenta de maneira esquemática como essa operação funciona: Figura 2.2 – Operação de vendor Caso 1 – Sem vendor Pagamento a prazo pela mercadoria Emissão da nota e entrega da mercadoria Emissão da nota e entrega da mercadoria Pagamento à vista Cópia da nota fiscal Pa ga m en to a pr az o En vio da co br an ça Caso 2 – Com vendor C om st oc k In gi m ag e In gi m ag e 41 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. f) Adiantamento de contrato de câmbio (ACC): consiste de um instrumen- to de crédito por meio do qual o exportador pode antecipar suas vendas a outros países, pelas quais os importadores só pagariam em 90 ou, até mesmo, 180 dias. Vem a ser uma antecipação desses mesmos contratos de vendas feitos com uma instituição financeira, cuja quitação fica condicionada ao pagamento da exportação por parte do importador. g) Adiantamento de cambiais entregues (ACE): consiste numa operação com as mesmas características do ACC. A diferença é que, nesse caso, a mercadoria a ser exportada já foi produzida e embarcada, podendo ser solicitada ao credor (banco) até 60 dias após o embarque. h) Finame: consiste numa linha de longo prazo, focada em projetos de in- vestimento e coordenada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que tem como objetivo básico a importa- ção de máquinas e equipamentos industriais sem similares no Brasil, bem como o financiamento/fomento da exportação de máquinas e equipamentos nacionais. Essa modalidade de financiamento pode ser solicitada diretamente ao BNDES – quando igual ou superior a R$ 10 milhões ou junto a instituições autorizadas e aos bancos múlti- plos ou com carteira de investimentos. Na maioria dos casos, o colateral dessa modalidade de crédito é a própria máquina envolvida ou, em alguns casos, uma carta fiança a ser emitida por um terceiro credor (normalmente um banco privado). Síntese Um sistema financeiro consiste de um conjunto de instituições responsá- veis pela integração entre investidores e tomadores de crédito, com vistas à manutenção da atividade econômica de determinada região ou país. Esse conjunto é composto por dois setores – público e privado – e quatro mercados – monetário, de crédito, cambial e de capitais. O setor público é formado por: a) CMN. b) Copom. c) Bacen. d) CVM. e) BNDES. 42 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Ao setor público, cabe a normatização e fiscalização do sistema. Ao setor privado, cabe a movimentação de crédito entre investidores e tomadores. Ou seja, operações de financiamento.As principais operações de financiamento aos clientes são: a) desconto de duplicatas; b) hot money; c) capital de giro; d) conta garantida; e) vendor; f) ACC; g) ACE; h) Finame. Exercícios resolvidos 1. Atribua corretamente as funções aos respectivos órgãos da estrutura normativa do Sistema Financeiro Nacional. INStItuIção AtrIBuIçõES (1) Comitê de Política Monetária (Copom) (2) Conselho Monetário Nacional (CMN) (3) Banco Central do Brasil (Bacem) (4) Comissão de Valores Mobiliários (CVM) (4) Disciplinar, normatizar e fiscalizar o comportamento dos integrantes do mercado aberto. (3) Efetuar operações de compra e venda de títulos públicos como instrumento de política monetária. (2) Formulação de política monetária de acordo com a Lei nº 4.595/1964. (1) Órgão auxiliar do CMN na deliberação e manutenção da política monetária, define, entre outras coisas, a taxa Selic. (4) Credenciamento de auditores independentes. (3) Controlar o fluxo de capitais estrangeiros, garantindo o correto funcionamento do mercado cambial. (3) Regular a constituição e funcionamento de todas as instituições financeiras operantes no país. (4) Suspensão ou cancelamento de registros, credenciamentos ou autorizações de atuação em mercado aberto. (3) Autorizar funcionamentos de todas as instituições financeiras. (2) Fixação de normas de política cambial. 43 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. 2. A operação por meio da qual a empresa antecipa o recebimento de suas vendas a prazo, cedendo ao banco o direito de cobrança sobre os clientes que porventura tenham comprado nessa modalidade, recebe o nome de: a) desconto de duplicatas. b) hot money. c) capital de giro. d) conta garantida. e) vendor. Comentário: as operações hot money, capital de giro e conta garantida ocorrem sem a vinculação obrigatória de uma venda já realizada. Ou seja, são operações de crédito que podem se basear em quaisquer outras necessidades do tomador. Já a operação de vendor, assim como a de desconto de duplicatas, tem, sim, o objetivo de antecipar as vendas da empresas; porém, é utilizada sobre vendas ainda a serem realizadas, não sobre vendas já existentes. 3. A operação de crédito de curtíssimo prazo, normalmente usada em situa- ções não planejadas pela empresa ou de emergência, é chamada de: a) desconto de duplicatas. b) hot money. c) capital de giro. d) conta garantida. e) vendor. Comentário: por curtíssimo prazo devemos entender um intervalo máximo de 10 dias. As operações de desconto de duplicatas e de vendor têm seus prazos vinculados às vendas envolvidas e as opera- ções de capital de giro e conta garantida têm intervalo mínimo de 30 dias. Assim, a modalidade de crédito que se encaixa na resposta seria a operação de hot money. 4. A operação que consiste numa linha de crédito, na qual o banco libera um volume significativo de recursos à empresa tomadora, responsável pelo pagamento parcelado desse recurso, é chamada de: a) desconto de duplicatas. b) hot money. 44 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. c) capital de giro. d) conta garantida. e) vendor. Comentário: assim como a operação de conta garantida, o hot money é pago em parcela única ou em cronograma de pagamentos a ser acer- tado entre a empresa tomadora e o credor. Nos casos de vendor e de desconto de duplicatas, o pagamento ocorre na medida em que a venda financiada é paga pelo comprador final. Assim, a única operação que exige uma programação rígida e específica de pagamentos mensais é o capital de giro, que por alguns bancos é chamado, justamente, de capital parcelado. 5. O mecanismo pelo qual os exportadores recebem antecipadamente (o que tem variado entre 90 e 180 dias) a conversão das divisas a serem obtidas por exportações futuras em moeda nacional é chamado de: a) ACC. b) ACE. c) Finame. d) PEC. e) vendor. Comentário: a modalidade de ACE destina-se a operações de exportação já realizadas; as linhas Finame e PEC referem-se aos créditos oferecidos pelo BNDES e o vendor destina-se a vendas feitas no mercado nacional. Assim, a alternativa correta para essa questão seria o ACC. Questões para revisão 1. De acordo com a estrutura do mercado financeiro apresentada no capítulo, identifique uma instituição financeira para cada uma das cate- gorias apresentadas. 2. Em conjunto com dois colegas, identifique como sua empresa se rela- ciona com as instituições financeiras, bem como essa relação pode ser melhorada. Nos exercícios que seguem, indique a alternativa correta. 45 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. 3. Consiste em linha de longo prazo, focada em projetos de investimento e coordenada pelo BNDES, que tem como objetivo básico a importação de máquinas e equipamentos industriais sem similares no Brasil, bem como o financiamento/fomento da exportação de máquinas e equipa- mentos nacionais. Essa operação é chamada de: a) ACC. b) ACE. c) Finame. d) PEC. e) vendor. 4. Operação com as mesmas características do ACC, mas com as diferenças de que a mercadoria a ser exportada já foi produzida e embarcada e de que pode ser solicitada ao credor até 60 dias após o embarque. Essa operação é chamada de: a) ACC. b) ACE. c) Finame. d) PEC. e) vendor. 5. Consiste numa linha de crédito a respeito da qual não existe a obrigato- riedade de um pagamento fixo mensal. A empresa tomadora amortiza o saldo devedor de acordo com suas possibilidades, ficando obrigada apenas ao pagamento dos juros e IOF do saldo ainda em haver ao final de cada mês. Essa operação é chamada de: a) desconto de duplicatas. b) hot money. c) capital de giro. d) conta garantida. e) vendor. 46 Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua lqu er m eio ou fo rm a s em a pr év ia au tor iza çã o d a E dit or a I bp ex . A vi ola çã o d os di re ito s a uto ra is é c rim e e sta be lec ido na Le i n º 9 .61 0/1 99 8 e pu nid o p elo ar t. 1 84 do C ód igo P en al. Estrutura do Departamento de Crédito Ne nh um a p ar te de sta pu bli ca çã o p od er á s er re pr od uz ida po r q ua
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