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DIREITO ELEITORAL: CAPACIDADE ELEITORAL PASSIVA
Antonio Carlos Freitas Junior
1. Considerações Iniciais
· O Direito Eleitoral é um dos pilares essenciais do Estado Democrático de Direito, pois regula a forma pela qual o povo exerce a soberania e participa da escolha de seus representantes (BARROSO, 2021, p. 232).
· Assim, a capacidade eleitoral passiva, compreendida como o direito de ser votado e de ocupar cargos públicos eletivos, não se resume a um aspecto formal do sistema eleitoral, mas representa o próprio cerne da cidadania política (BARROSO, 2021, p. 233).
· José Afonso da Silva destaca que a democracia não se limita ao voto ativo, mas também se realiza no direito de ser votado, pois “a representatividade autêntica decorre da possibilidade de todos participarem, tanto elegendo quanto sendo eleitos, em condições de igualdade”. (SILVA, 2012, p. 364).
· Walber de Moura Agra, em sua obra Elementos de Direito Eleitoral, complementa afirmando que “a elegibilidade é a projeção política do cidadão no espaço público, sendo o instrumento pelo qual se concretiza o princípio da soberania popular. Assim, observa-se que o Direito Eleitoral assegura a participação equilibrada entre o direito de votar e o de ser votado, preservando o núcleo democrático do Estado (AGRA, 2020, p. 152).
2. Conceito e condições Gerais de Elegibilidade
· O direito de ser eleito surgiu de forma restrita nas democracias antigas.
· Na Grécia e Roma, apenas homens livres e proprietários participavam da vida pública, caracterizando sociedades censitárias.
· A ampliação da capacidade eleitoral ocorreu gradualmente com as revoluções liberais dos séculos XVIII e XIX, que introduziram o ideal de igualdade política.
· A capacidade eleitoral passiva é o direito de ser escolhido pelo voto, dependendo do preenchimento das condições de elegibilidade previstas no artigo 14, §3º, da Constituição Federal (BRASIL, 1988, art. 14, §3º; GOMES, 2022, p. 140).
· Tais condições são: nacionalidade brasileira, pleno gozo dos direitos políticos, domicílio eleitoral, alistamento e filiação partidária (BRASIL, 1988, art. 14, §3º; BARROSO, 2021, p. 245).
· A idade mínima varia conforme o cargo, representando critério de maturidade e responsabilidade política (SILVA, 2019, p. 389; AGRA, 2020, p. 154).
· Gomes (2022, p. 140) explica que essas condições têm natureza garantista, pois asseguram que os candidatos possuam vínculos efetivos com a comunidade e legitimidade para representar o povo. José Afonso da Silva (2019, p. 389) complementa que a interpretação das condições de elegibilidade deve ser feita sob a ótica dos direitos fundamentais, garantindo que o processo eleitoral permaneça inclusivo e democrático (SILVA, 2019, p. 389).
· Evolução:
· No Brasil, o voto censitário vigorou até o início do século XX, e o voto feminino foi reconhecido apenas em 1932, com o Código Eleitoral. A Constituição de 1988 consolidou o sufrágio universal e a igualdade de gênero, reforçando a participação cidadã (DALLARI, 2019, p. 119).
· Essa evolução demonstra que a ampliação da capacidade eleitoral passiva reflete o avanço das democracias modernas, que buscam equilibrar inclusão e responsabilidade no processo político. (DALLARI, 2019, p. 120).
· José Afonso da Silva (2019, p. 389) complementa que a interpretação das condições de elegibilidade deve ser feita sob a ótica dos direitos fundamentais, garantindo que o processo eleitoral permaneça inclusivo e democrático.
· Condições Para a elegibilidade:
· As condições gerais de elegibilidade são os requisitos mínimos exigidos pela Constituição Federal para que um cidadão possa se candidatar a cargos eletivos no Brasil, e estão previstas no artigo 14, § 3º.
· Tais condições possuem o intuito de garantir que apenas pessoas que preencham critérios de nacionalidade, idade, domicílio eleitoral, filiação partidária e pleno gozo dos direitos políticos possam ser escolhidas pelo voto popular e são também pilares fundamentais para assegurar a legitimidade do processo eleitoral e a representatividade democrática.
· São essas condições: nacionalidade brasileira (nato ou naturalizado), pleno gozo dos direitos políticos, alistamento eleitoral regular, domicílio eleitoral na circunscrição onde pretende concorrer, filiação partidária e atendimento à idade mínima exigida para o cargo almejado. (BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988, art. 14, §3º).
· Nacionalidade Brasileira:
· É requisito indispensável para o exercício da capacidade eleitoral passiva.
· Tanto brasileiros natos quanto naturalizados podem se candidatar, salvo para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, que exigem a condição de nato, conforme o artigo 12 da Constituição (MENDES-GONET, 2020, p. 863).
· A exigência de nacionalidade se justifica pela necessidade de assegurar o comprometimento do candidato com os valores e interesses nacionais, além de preservar a soberania do Estado brasileiro (MENDES-GONET, 2020, p. 864).
· Pleno Gozo dos Direitos Políticos:
· Se trata da inexistência de suspensão ou perda desses direitos, que podem decorrer de condenação criminal transitada em julgado, improbidade administrativa ou incapacidade civil absoluta (SILVA, 2019, p. 388).
· O cidadão sendo privado de seus direitos políticos não pode se candidatar, pois se considera que tal situação compromete sua legitimidade para representar a coletividade (SILVA, 2019, p. 389).
· Alistamento Eleitoral e Domicílio Eleitoral:
· O cidadão deve estar regularmente inscrito como eleitor e ter domicílio na circunscrição onde pretende concorrer (GOMES, 2022, p. 139).
· Domicílio eleitoral não se confunde necessariamente com residência física, mas com o local de vínculo político e social, permitindo certa flexibilidade interpretativa pela Justiça Eleitoral (GOMES, 2022, p. 139-140).
· A finalidade dessa exigência é garantir que o candidato tenha efetiva ligação com a comunidade que pretende representar, evitando candidaturas meramente oportunistas ou alheias à realidade local (GOMES, 2022, p. 140).
· Filiação Partidária:
· No sistema eleitoral brasileiro, não há candidaturas avulsas, de modo que todo candidato deve estar vinculado a um partido político regularmente registrado, dessa maneira, tal exigência reforça a centralidade dos partidos no processo democrático e busca garantir maior organização e previsibilidade às eleições (GOMES, 2022, p. 140).
· Essa obrigatoriedade também tem sido objeto de críticas doutrinárias, que apontam para uma possível limitação da liberdade política e da autonomia individual (GOMES, 2022, p. 140-141).
· Idade Mínima:
· Varia conforme o cargo disputado: 35 anos para Presidente e Senador; 30 anos para Governador e Vice-Governador; 21 anos para Deputado Federal, Estadual e Distrital e Prefeito; e 18 anos para Vereador (SILVA, 2019, p. 390).
· O critério etário busca compatibilizar a responsabilidade inerente ao exercício de determinadas funções com a maturidade e a experiência necessárias para seu desempenho, mas também reflete uma escolha constitucional por limites objetivos e fáceis de aplicar (SILVA, 2019, p. 390).
Por fim, as condições gerais de elegibilidade não se limitam a um mero conjunto de formalidades burocráticas, mas constituem instrumentos de proteção da democracia e da igualdade política e devido a isso, sua correta aplicação e interpretação devem levar em consideração os princípios constitucionais da isonomia, da soberania popular e da dignidade da pessoa humana, evitando-se tanto o formalismo excessivo quanto a banalização das restrições eleitorais (SILVA, 2019, p. 391).
3. Restrições e Inelegibilidades
· As inelegibilidades possuem caráter protetivo e visam resguardar a moralidade, a probidade e a legitimidade do processo eleitoral.
· A Constituição Federal (art. 14, §4º) veda a candidatura de analfabetos, estrangeiros e conscritos.
· A Lei Complementar nº 64/1990 regulamenta hipóteses específicas de inelegibilidade relacionadas a condenações criminais, rejeição de contas e abuso de poder.
· Mendes e Gonet (2020, p.872) afirmam que essas restrições não configuram punições, mas instrumentos de preservação do processo eleitoral.
· Freitas Junior (2022, p. 82), contudo, alerta que o uso excessivo dessas limitações pode gerar um “cabresto institucional”, restringindo o direito de escolha popular.
· O equilíbrio entre moralidade pública e liberdade política é essencial. As restrições devem ser proporcionais e justificadas, evitando que o controle judicial interfira indevidamente na soberania popular (BARROSO, 2021, p. 245).
· Constituição Federal:
· Estabelece limites claros à elegibilidade, vedando a candidatura, por exemplo, de analfabetos, estrangeiros e conscritos (BRASIL, 1988, art. 14, §4º)
· Essas restrições são justificadas com base na ideia de que certos requisitos mínimos de compreensão política, nacionalidade e capacidade de participação são necessários para preservar a seriedade e a funcionalidade dos cargos públicos eletivos, evitando candidaturas que possam comprometer o interesse público (BRASIL, 1988, art. 14, §4º).
· Apesar do avanço democrático, o ordenamento jurídico brasileiro ainda impõe restrições à capacidade eleitoral passiva, por exemplo, de acordo com o artigo 14, §4º, da Constituição Federal, são inelegíveis os analfabetos, os conscritos e os estrangeiros (BRASIL, 1988, art. 14, §4º).
· A exclusão dos analfabetos é frequentemente criticada por diversos doutrinadores como resquício de práticas elitistas e discriminatórias, que não se coadunam com o princípio democrático da universalidade do sufrágio (BRASIL, 1988, art. 14, §4º).
Contudo, nota-se que a Constituição diferencia os cargos eletivos que exigem a nacionalidade brasileira nata, como a Presidência da República, e os demais, onde são admitidos brasileiros naturalizados, mas jamais estrangeiros. Logo, essa restrição visa proteger a soberania nacional e evitar interferências externas na representação política do país. (BARROSO, 2021, p. 243).
4. Lei da Ficha Limpa
· A Lei Complementar nº 135/2010, chamada Lei da Ficha Limpa, foi resultado de iniciativa popular e alterou a LC nº 64/1990 (BRASIL, LC nº 135/2010; MENDES; GONET, 2020, p. 872).
· Essa norma ampliou as hipóteses de inelegibilidade, incluindo condenações por órgão colegiado, mesmo sem trânsito em julgado (BARROSO, 2021, p. 245; FREITAS JUNIOR, 2022, p. 90).
· O objetivo foi moralizar a política e proteger a ética pública (AGRA, 2020, p. 152; GOMES, 2022, p. 140).
· Freitas Junior (2022, p. 90) critica a lei por criar um “cabresto institucional”, ao impedir a candidatura de indivíduos antes do julgamento definitivo, violando o princípio da presunção de inocência (AGRA, 2020, p. 152; GOMES, 2022, p. 140).
· Apesar disso, a LFL reforçou o controle moral e institucional da política brasileira. O desafio, porém, é equilibrar a proteção da moralidade com a preservação da liberdade política e da soberania popular (AGRA, 2020, p. 152; SILVA, 2012, p. 364).
· Origem e escopo normativo da Lei da Ficha Limpa
· A Lei Complementar nº 135/2010, que ficou conhecida como Lei da Ficha Limpa (LFL), foi promulgada após uma campanha de iniciativa popular, fundamentada em quase 1,4 milhão de assinaturas, cujo objetivo era reforçar os mecanismos de impedimento à candidatura de indivíduos com histórico de corrupção, abuso de poder político e imoralidade.
· A norma foi incorporada à Lei Complementar nº 64/1990, que já tratava das inelegibilidades, e ampliou significativamente o alcance das restrições, prevendo inelegibilidade imediata quando o candidato fosse condenado por colegiado, mesmo sem esgotamento de todos os recursos judiciais BRASIL. Lei Complementar nº 135/2010)
· Antônio Carlos Freitas Junior critica fortemente essa ampliação, afirmando que tais restrições podem representar um controle excessivo sobre a escolha popular, interferindo na soberania do eleitorado e transformando a lei numa espécie de “cabresto institucional. (FREITAS JUNIOR, USP, 2022, p. 78).
·  Efeitos práticos e prazos da inelegibilidade
· Com a entrada em vigor da Lei da Ficha Limpa, qualquer candidato que tenha sido condenado por colegiado seja por crime de responsabilidade, improbidade administrativa, corrupção ou abuso, tornou-se inelegível por até oito anos, mesmo antes do trânsito em julgado (FREITAS JUNIOR, USP, 2022, p. 81).
· Tensionamentos com a presunção de inocência
· Um ponto central da crítica de Freitas Junior refere-se ao princípio da presunção de inocência, garantido pela Constituição Federal. Ao aplicar a inelegibilidade com base em decisões colegiadas, sem trânsito em julgado, a Lei da Ficha Limpa coloca em xeque esse garante constitucional, pois o candidato ainda pode reverter a condenação em instâncias superiores (FREITAS JUNIOR, USP, 2022, p. 89).
· Freitas Junior sustenta que essa antecipação normativa fere direitos fundamentais e tende a colocar o Judiciário numa posição de árbitro político permanente, uma interferência exacerbada na soberania popular e na liberdade de candidatura (FREITAS JUNIOR, USP, 2022, p. 90).
5. Judicialização da política e cerceamento da cidadania
Segundo Freitas Junior, a LFL aprofunda o fenômeno da judicialização da política, deslocando decisões que deveriam ser tomadas pelo eleitorado para o âmbito jurisdicional. Esse deslocamento implica que juízes passem a definir, não só quem está apto a exercer funções judiciais, mas também quem está habilitado a ser eleito. Para ele, isso subverte a lógica democrática, pois reduz a autonomia do eleitor e eleva o poder do Judiciário sobre os caminhos institucionais da política. Esse controle judicial sobre a escolha popular representa, em sua visão, uma forma de “cabresto institucional”, que precisa ser repensada. (FREITAS JUNIOR, 2023).
·  Impacto nas candidaturas e possíveis efeitos perversos
· A LFL, ao endurecer as condições de elegibilidade, afetou diretamente muitas candidaturas, sobretudo de políticos com histórico de litígios criminais ou processos de improbidade (FREITAS JUNIOR, Entrevista à Agência Estado/UOL, 2024).
· Capitaneada pela visão de proteger a moralidade pública, a norma pode, porém, produzir efeitos perversos: Freitas Junior alerta que pode servir como ferramenta para afastar adversários políticos, em especial quando tribunais colegiados estaduais (como Tribunais de Contas) têm composição indicativa por governos locais (FREITAS JUNIOR, Entrevista à Agência Estado/UOL, 2024).
· Nesses casos, a inelegibilidade antecipada passaria a refletir critérios políticos mais do que jurídicos, afastando potencialmente candidatos populares antes mesmo das eleições (FREITAS JUNIOR, Entrevista à Agência Estado/UOL, 2024).
· Soberania popular x tutela institucional
· Para Freitas Junior, a LFL representa uma tensão entre a soberania popular, que confere ao eleitor o poder de escolher mesmo candidatos controversos, e a tutela institucional no caso, exercida pela Justiça Eleitoral e por tribunais colegiados (FREITAS JUNIOR, 2022, p. 95).
· Ao romper a disputa pela via judicial, antes mesmo do eleitor conhecer melhor o perfil do candidato, a lei limita o espectro de escolha da sociedade. Essa tutela prévia, acima do sonho democrático de pluralidade, constitui uma forma de cerceamento institucional que merece reavaliação, segundo sua crítica (FREITAS JUNIOR, 2022, p. 95).
5. Aspectos Contemporâneos e Perspectivas Internacionais
· Democracias consolidadas adotam restrições mínimas à elegibilidade, limitando-as a casos de condenações definitivas ou incompatibilidades funcionais (GOMES, 2022, p. 140; BARROSO, 2021, p. 245).
· O modelo brasileiro é mais rigoroso, reflexo da necessidade de prevenir abusos e fortalecer a moralidade pública (AGRA, 2020, p. 154; SILVA, 2012, p. 364).
· A Justiça Eleitoral exerce papel central nesse controle, assegurando lisura e legitimidade ao processo (MENDES; GONET, 2020, p. 872; BARROSO, 2021, p. 233).
· Walber de Moura Agra (2020, p. 154) observa que “a legitimidade eleitoral depende tanto da integridade do processo quanto da inclusão política”, sendo necessário garantir ampla participaçãoe rigor institucional (AGRA, 2020, p. 154; GOMES, 2022, p. 140).
· Assim, o aprimoramento da capacidade eleitoral passiva no Brasil deve buscar o equilíbrio entre inclusão, ética e legitimidade, fortalecendo o voto como expressão da soberania popular (SILVA, 2012, p. 365; BARROSO, 2021, p. 245).
9. Conclusão
A capacidade eleitoral passiva é mais que um direito político; é o reflexo do grau de maturidade democrática de um Estado (BARROSO, 2021, p. 233; SILVA, 2012, p. 365). Ela simboliza o ponto de convergência entre a liberdade individual e a responsabilidade coletiva, consolidando a soberania popular (AGRA, 2020, p. 154; FREITAS JUNIOR, 2022, p. 82).
· José Afonso da Silva (2012, p. 365) ensina que “a democracia se realiza plenamente quando o povo tem o direito não apenas de escolher, mas também de ser escolhido”.
Desse modo, o fortalecimento da capacidade eleitoral passiva está diretamente ligado ao desenvolvimento das instituições democráticas, pois é por meio dela que se concretiza a igualdade de oportunidades políticas. Ao garantir que todos os cidadãos tenham o direito de disputar cargos eletivos, o Estado reafirma o princípio da isonomia e combate práticas excludentes que por vezes se perpetuam no campo político (GOMES, 2022, p. 140; BARROSO, 2021, p. 245).
A ampliação das garantias eleitorais, especialmente no que se refere às condições de elegibilidade e às restrições proporcionais, deve ser vista como instrumento de consolidação do Estado Democrático de Direito. Conforme ensina Walber de Moura Agra (2020, p. 154), a legitimidade do processo eleitoral resulta da harmonia entre moralidade, soberania popular e integridade institucional. Assim, a preservação da capacidade eleitoral passiva traduz o compromisso do Direito Eleitoral com a promoção da cidadania ativa e a defesa do pluralismo político.
Em síntese, ao proteger e ampliar a capacidade eleitoral passiva, o ordenamento jurídico brasileiro reafirma seu compromisso com a igualdade, a cidadania e a legitimidade da representação política. O desafio contemporâneo é garantir que tais direitos sejam exercidos sem distorções, de modo a permitir que o voto, enquanto expressão máxima da soberania popular, continue sendo o pilar fundamental da democracia representativa (SILVA, 2012, p. 365; GOMES, 2022, p. 140; BARROSO, 2021, p. 245).
Referências Bibliográficas
BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2021.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
BRASIL. Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990. Dispõe sobre casos de inelegibilidade.
BRASIL. Lei Complementar nº 135, de 04 de junho de 2010 (Lei da Ficha Limpa).
FREITAS JUNIOR, Antônio Carlos. Democracia Partidária e Inelegibilidade. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, 2022. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2134/tde-15082022-091935/publico/4947104MIC.pdf. Acesso em: 03 jul. 2025.
FREITAS JUNIOR, Antônio Carlos. Entrevista à Agência Estado. UOL Notícias, 14 jun. 2024. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2024/06/14/fim-da-reeleicao-nao-vai-resolver-os-problemas-do-pais-diz-advogado-eleitoral.htm. Acesso em: 03 jul. 2025.
FREITAS JUNIOR, Antônio Carlos. Entrevista ao Correio Braziliense, 29 jun. 2023. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2023/06/5105401-tse-deve-tornar-bolsonaro-inelegivel-nesta-quinta-feira.html. Acesso em: 03 jul. 2025.
GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2022.
MENDES, Gilmar Ferreira; GONET, Rodrigo Brandão. Curso de Direito Constitucional. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 37. ed. São Paulo: Atlas, 2023.
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. 36. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
TSE – Tribunal Superior Eleitoral. Jurisprudência atualizada. Brasília, 2025. Disponível em: https://www.tse.jus.br/. Acesso em: 05 jul. 2025.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 41. ed. São Paulo: Malheiros, 2019.
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mas também se realiza no direito de ser votado, pois “a representatividade 
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(AGRA, 2020, p. 
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DIREITO ELEITORAL: CAPACIDADE ELEITORAL PASSIVA 
Antonio Carlos Freitas Junior 
 
1. Considerações Iniciais 
 O Direito Eleitoral é um dos pilares essenciais do Estado Democrático de 
Direito, pois regula a forma pela qual o povo exerce a soberania e participa 
da escolha de seus representantes (BARROSO, 2021, p. 232). 
 
 Assim, a capacidade eleitoral passiva, compreendida como o direito de ser 
votado e de ocupar cargos públicos eletivos, não se resume a um aspecto 
formal do sistema eleitoral, mas representa o próprio cerne da cidadania 
política (BARROSO, 2021, p. 233). 
 
 José Afonso da Silva destaca que a democracia não se limita ao voto ativo, 
mas também se realiza no direito de ser votado, pois “a representatividade 
autêntica decorre da possibilidade de todos participarem, tanto elegendo 
quanto sendo eleitos, em condições de igualdade”. (SILVA, 2012, p. 364). 
 
 Walber de Moura Agra, em sua obra Elementos de Direito Eleitoral, 
complementa afirmando que “a elegibilidade é a projeção política do 
cidadão no espaço público, sendo o instrumento pelo qual se concretiza o 
princípio da soberania popular. Assim, observa-se que o Direito Eleitoral 
assegura a participação equilibrada entre o direito de votar e o de ser 
votado, preservando o núcleo democrático do Estado (AGRA, 2020, p. 
152).

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