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DIREITO PENAL 1. INJÚRIA 1.1 Objeto Jurídico O bem jurídico protegido por essa norma penal é a honra subjetiva, que é constituída pelo sentimento próprio de cada pessoa acerca de seus atributos morais (chamados de honra-dignidade) intelectuais e físicos. 1.2 Elementos do Tipo 1.2.1 Ação Nuclear Trata-se de crime de ação livre, ou seja, é a manifestação por qualquer meio, conceito ou pensamento que seja ultraje, menoscabo ou vilipêndio contra alguém. Todos os meios hábeis à manifestação do pensamento podem ser injuriosos: a palavra oral ou escrita, a pintura, o gesto e até mesmo por omissão. Consiste em uma opinião pessoal do agente sobre o sujeito passivo, desacompanhada de qualquer fato concreto, ao contrário da difamação. São os insultos, xingamentos, mesmo que a qualidade negativa seja verdadeira, isso não retira o cunho injurioso. 1.2.2 Classificação ➔ Imediata (direta pelo agente) ou Mediata (via terceiro) ➔ Direta (quando se refere ao próprio ofendido) ou Oblíqua (alguém estimado pelo ofendido) ➔ Indireta ou reflexa (ao ofender alguém, também atinge terceiro) ➔ Equívoca (por meio de expressões ambíguas) ou Explícita (expressões que não restam dúvidas) 1.2.3 Sujeito Ativo Qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do crime, pois o tipo penal não exige qualquer condição especial do agente. Assim, qualquer pessoa pode ofender outrem. 1.2.4 Sujeito Passivo Qualquer pessoa com capacidade de compreender a ofensa pode ser sujeito passivo. O consentimento da vítima, porém, pode excluir o crime (exceto quando atinge bem indisponível, como dignidade ligada à função pública) a) Inimputáveis (menores e doentes mentais): podem ser sujeitos passivos se tiverem discernimento mínimo para perceber a injúria. b) Pessoa jurídica: não tem honra subjetiva, logo não pode ser vítima de injúria, mas os representantes legais podem ser ofendidos. c) Memória dos mortos: o morto não pode ser injuriado, mas se alguém ofende um vivo denegrindo a memória do morto, pode configurar injúria ao vivo. 1.2.5 Elemento Subjetivo Dolo de dano: exige vontade consciente de ofender a honra subjetiva - animus jurandir 1.2.6 Consumação O crime se consuma quando o sujeito passivo toma ciência da imputação ofensiva, não precisando ser proferida na sua presença, basta que chegue ao seu conhecimento por intermédio de terceiro. 1.2.7 Perdão Judicial Trata-se de direito do agente, e não faculdade do juiz, consequentemente extingue a punibilidade. Hipóteses: 1. Provocação reprovável: o ofendido provoca injustamente e o outro responde com injúria. 2. Retorsão imediata: injúria rebatida com outra injúria. 2. CYBERBULLYING 2.1 Conceito de Bullying ou Intimidação Sistemática Trata-se de toda intimidação sistemática (contínua), mediante violência física ou psicológica, praticada de modo intencional e repetitivo contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de agredir ou intimidar, causando dor e angústia à vítima, podendo ser todo tipo de ataque físico, ameaça, insulto, comentário pejorativo, pilhéria, manipulação de imagens e entre outros. 2.1 Conceito de Cyberbullying Intimidação sistemática por meio de redes sociais para depreciar, humilhar e aterrorizar a vítima, bem como incitar a violência, adulterar fotos e dados pessoais, constrangendo mentalmente, psicologicamente e socialmente. 2.2 Objeto Jurídico Os bens jurídicos tutelados são a saúde física e psicológica da vítima, além da liberdade individual. 2.3 Elementos do Tipo 2.3.1 Ação Nuclear A conduta típica consiste em intimar, isto é, provocar, ameaçar, causar medo, levar a vítima a um estado de pânico, produzindo dor, angústia e sofrimento mediante agressões físicas, verbais e morais. Trata-se de um crime habitual, ou seja, não é uma prática isolada. 2.3.1 Sujeito Ativo Pode ser praticado por qualquer pessoa. Em se tratando da prática por criança ou adolescente configura-se como ato infracional submetido ao regime do ECA, com aplicação de medidas protetivas, socioeducativas ou ambas. Ademais, é possível punir pais ou responsáveis que instigam e induzem ou auxiliam os filhos a praticarem bullying, respondendo por delito, podendo ser autores mediatos do crime em caso de cooperação dolosa por omissão. 2.3.2 Sujeito Passivo Qualquer pessoa ou grupo de pessoas pode ser vítima do crime. 2.4 Elemento Subjetivo Dolo direto, pois a lei exige expressamente a intencionalidade da conduta. 2.5 Momento Consumativo Não ocorre em um momento determinado, pois se trata de uma infração habitual, a consumação se dá quando se identifica a prática contínua.