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AULA 1– Sistema Hepatobiliar e Pâncreas Exócrino Anatomia e Funções Gerais Fígado O fígado é o maior órgão interno e desempenha várias funções vitais: ● Metaboliza nutrientes (carboidratos, lipídios e proteínas). ● Produz bile, essencial para a digestão de gorduras. ● Armazena vitaminas e glicogênio (reserva de energia). ● Sintetiza proteínas plasmáticas, como albumina e fatores de coagulação ● Desintoxica substâncias químicas e medicamentos. Além disso, é o único órgão com alta capacidade de regeneração, o que permite sua recuperação após muitas lesões, desde que o tecido de sustentação (arcabouço) não seja destruído. ● Fígado: maior glândula do corpo, participa de metabolismo, detoxificação, síntese de proteínas plasmáticas, armazenamento de glicogênio e lipídios, produção e secreção de bile. ○ carnívoros 3 a 4% ○ onívoros e pequenos ruminantes 1,5 a 2% ○ grandes herbívoros 1% ○ em neonatos o fígado é maior ● Sistema biliar: ductos intra e extra-hepáticos, vesícula biliar; função principal = secreção e transporte da bile. ● Pâncreas exócrino: secreção de enzimas digestivas (amilase, lipase, proteases), ativadas no duodeno. ● fluxo sanguíneo: ○ veia porta: vai drenar o trato digestório, fornecendo 70/80% de fluxo aferente ○ artéria hepática: vai favorecer o restante de sangue (20 a 30%) ○ veia hepática: coleta de sangue venoso que é drenado na veia cava caudal ○ 1. Suprimento de entrada: ■ O fígado recebe sangue de duas fontes: ■ Veia porta: traz sangue rico em nutrientes absorvidos do trato gastrointestinal. ■ Artéria hepática: traz sangue rico em oxigênio da circulação sistêmica. ○ 2. Mistura nos sinusoides: ■ O sangue da veia porta e da artéria hepática mistura-se nos sinusoides hepáticos (capilares especializados e descontínuos). ■ Nos sinusoides, o sangue flui lentamente, permitindo a troca de nutrientes, toxinas e oxigênio entre o sangue e os hepatócitos. ○ 3. Drenagem para saída: ■ Após passar pelos sinusoides, o sangue desoxigenado e processado drena: ■ Primeiro, para a veia central de cada lóbulo hepático. ■ Em seguida, para as veias sublobulares. ■ Depois, para as veias hepáticas. ■ Finalmente, para a veia cava caudal, retornando à circulação sistêmica. Mecanismos Gerais de Lesão Hepática ● Susceptibilidade do fígado: ○ Recebe sangue venoso portal (nutrientes + toxinas) e arterial (oxigênio). ○ Alta atividade enzimática (citocromo P450). excesso de metabólitos que se tornam tóxicos, que vão danificar as células hepáticas ○ estímulo autoimune: ativam o sistema contra o próprio fígado, que inflama e destroi o fígado. ○ estímulo de apoptose: agressões ao fígado estimula sinais de apoptose causando a ,porta de hepatócitos ○ Estrutura zonal → vulnerabilidade variável entre hepatócitos ● Determinantes da Morfologia das Lesões: ○ entrada dos agentes: sangue (veia porta, causar lesões multifocais e são exemplos, bacteremia e fungemias), ducto biliar (bac. intestinais que sobem o ducto, se concentram neles, causando grave infecção que atinge o trato portal até o parênquima hepático adjacente) e traumas (grandes áreas demarcadas por inflamação que pode ser acompanhado por necrose, se inicia na cápsula e avança para o parênquima) ○ resposta imune - neutrófilos (infecc. aguda), linfócitos (infecção. viral ou inflama. crônica) ou granulomatoso (parasitas ou processos granulomatosos ○ natureza do agente: ■ vírus: lesões zonais ou massivas ■ bactérias: inflamações supurativas ■ fungos: inflamação granulomatosa ○ predileção por hepatócitos, células kupffer e biliares ● Outras características importantes: ○ Necrose: morte celular associada a infecções severas ou toxinas. ○ Fibrose: substituição do tecido normal por tecido conjuntivo (cicatrização). ○ Regeneração: evidência da tentativa do fígado de se reparar. ○ Presença do agente etiológico: visualização direta (ex: fungos), cultivo ou PCR. ○ Importância da resposta inflamatória: ■ Ajuda a indicar se a lesão é aguda, subaguda ou crônica. ● Mecanismos principais: ○ Bioativação metabólica → produção de radicais livres, peroxidação lipídica e necrose. ○ Hipóxia (zona centrolobular é a mais afetada). ○ Inflamação imune mediada (ativação de células de Kupffer e infiltrado linfocitário). ○ Lesão colestática (retenção de bile). Padrões de Necrose Hepática - inflamação do parênquima hepático ● Necrose aleatória: geralmente infecciosa (vírus, bactérias, protozoários). ● Necrose zonal: ○ Centrolobular → hipóxia, toxinas (ex.: paracetamol, aflatoxina). ○ Periportal → toxinas de rápida ativação ou absorção arterial. ○ Mediozonal → menos comum, algumas micotoxinas. ● Necrose em ponte: coalescência de necrose ligando veias centrais ou áreas periportais. ● Necrose maciça: perda global de hepatócitos, colapso estrutural → fibrose cicatricial. ● Características: inflamação intensa, necrose hepatocelular e apoptose ● Variação de células infla.: causa inflamação, resposta do hospedeiro Hepatite Hepatite Aguda ● Etiologia: vírus, bactérias, protozoários, toxinas. ● Macro: fígado aumentado, pálido, friável, áreas irregulares de necrose. ● Micro: necrose hepatocitária em focos ou zonas, infiltrado inflamatório variável (neutrófilos em bacterianas, linfócitos em virais). ● Clínica: anorexia, febre, icterícia, sinais de falência hepática. ● predominância de neutrófilos: hepatite neutrofílica, relacionada a loc das bactérias (em todas espécies) Hepatite Crônica ● Etiologia: estímulo antigênico persistente, hepatites infecciosas crônicas, tóxicos de repetição. ● Macro: hepatomegalia ou fígado irregular retraído, coloração marrom ou esverdeada. ● Micro: fibrose portal/periportal, infiltrado linfoplasmocitário, regeneração nodular. ● Evolução: cirrose, insuficiência hepática crônica. ● acúmulo de células inflamatórias: linfocitos, macrófagos e plasmocitos Hepatite Granulomatosa ● Causas: micobactérias, fungos, helmintos, reações imunes. ● Micro: granulomas com macrófagos epitelioides, células gigantes multinucleadas, fibrose. ● granulomatosa: focais, multifocais e difusas (forma granulomas - histamina) ● supurativa: forma abscesso únicos ou múltiplos ○ ambos alteram funções ● H. crônica difusa severa: perde parênquima., muda arquitetura e progride para insuficiência hepática Hepatite Reativa Não Específica ● Alteração leve associada a doenças extra-hepáticas (enterite, pancreatite, sepse) ● Micro: infiltrado inflamatório leve, sem necrose significativa. ● presença de neutrófilo e tec. conjuntivo ● fase crônica: linfócitos e plasmócitos no parênquima e ao redor dos vasos, células de kupffer reativas Colestase, Hiperbilirrubinemia e Icterícia ● Colestase: falha no fluxo biliar (intra ou extra-hepático) ○ Intra-hepática → lesão hepatocelular, falha na secreção. ○ Extra-hepática → obstrução de ductos (cálculos, parasitárias, neoplasias). ● Hiperbilirrubinemia: ○ Pré-hepática → hemólise. ○ Hepática → falha na conjugação/excreção. ○ Pós-hepática → obstrução biliar. ● Macro: fígado verde-amarelado, vesícula distendida. ● Micro: plugs biliares nos canalículos, pigmento e macrófagos de Kupffer. ● Icterícia: coloração amarelada de mucosas, esclera, tecidos elásticos. ● Colestase: é a interrupção ou redução do fluxo normal da bile, afetando a excreção de seus componentes (sais biliares, bilirrubina, colesterol, etc.). ● Hiperbilirrubinemia: aumento anormal da bilirrubina no sangue — pode ser conjugada (direta) ou não conjugada (indireta). 2. Tipos de colestase a) Intra-hepática: Ocorre dentro do fígado, por lesões que prejudicam a metabolização e excreção da bile pelos hepatócitos. ● Causas principais: ○ Hemólise intensa: há excesso de bilirrubina produzida pela destruição de hemácias, sobrecarregando o fígado e diminuindo sua oxigenação. ○ Distúrbios hereditários na síntese e secreção biliar. ● Também chamada de hiperbilirrubinemiapré-hepática (antes do fígado). b) Extra-hepática: Decorre de obstruções nos ductos biliares extra-hepáticos, impedindo o escoamento da bile. ● Causas: ○ Intraluminais: cálculos biliares, parasitas. ○ Extraluminais: compressões por neoplasias ou inflamações adjacentes, especialmente no pâncreas. ● O fígado pode adquirir coloração marrom-esverdeada quando a estase é severa. 3. Aspectos histológicos da colestase Fase aguda: Formação de plugs biliares nos canalículos — visíveis em microscopia. Fase crônica: A bile é absorvida pelas células de Kupffer, tornando-se visível como pigmento biliar no citoplasma. Na colestase extra-hepática: ● Fase aguda: ○ Edema nas regiões portais. ○ Infiltrado inflamatório leve, predominando neutrófilos. ○ Proliferação epitelial nos ductos biliares. ● Fase crônica: ○ Fibrose portal intensa e fibrose laminar ao redor dos ductos. ○ Hiperplasia biliar: formação de novos ductos de pequeno calibre. ○ Presença de macrófagos com pigmento biliar e infiltrado inflamatório misto. 4. Icterícia ● É o amarelamento dos tecidos causado pelo acúmulo de bilirrubina. ● Afeta mais os tecidos ricos em fibras elásticas, como: ○ Esclera (olhos) ○ Aorta ● Resulta de hiperbilirrubinemia, independentemente da causa. 5. Causas gerais de hiperbilirrubinemia e icterícia ● Pré-hepáticas: hemólise intravascular (muito comum em ruminantes). ● Hepáticas: disfunção dos hepatócitos (doenças hepáticas) ● Pós-hepáticas: obstrução biliar extra-hepática Regeneração, Fibrose e Cirrose ● Regeneração: hepatócitos proliferam se arcabouço de reticulina estiver preservado. ● Fibrose: colapso estrutural ativa células estreladas → depósito de colágeno → septos fibrosos. ● Nódulos regenerativos: áreas de hepatócitos proliferativos circundados por fibrose. ● Cirrose: estágio final, com fibrose difusa, nódulos regenerativos e distorção arquitetural → insuficiência hepática irreversível. Doenças do Sistema Biliar Colangite Neutrofílica/Supurativa ● Etiologia: infecção bacteriana ascendente (E. coli, Enterococcus, Bacteroides). ● Macro: fígado com ductos biliares dilatados, pus. ● Micro: neutrófilos no lúmen e epitélio biliar, abscessos periportais. ● Intra-hepática → lesão hepatocelular, falha na secreção. ● Extra-hepática → obstrução de ductos (cálculos, parasitárias, neoplasias). ● Neutrofílica: neutrófilos no umem e epitelio, infecc. ascendente do intestino ○ forma aguda e crônica - presença de fibrose e cel. de inflamação ● pode romper ducto e formar abscesso Colangite Destrutiva ● Etiologia: tóxica, fármacos (sulfa-trimetoprima). ● Micro: necrose epitelial dos ductos biliares, inflamação intensa. ● localizado na área de destruição biliar ● macrofagos pigmentados ● é incomum e envolve a necrose do epitélio dos ductos biliares Colangio-hepatite ● Inflamação de ductos biliares estendendo-se para hepatócitos periportais. ● afeta hepatócito e árvore biliar ● é uma extensão de doença biliar Lesões hepáticas e necroses Os hepatócitos podem morrer por necrose (morte rápida e inflamatória) ou apoptose (morte programada, sem inflamação). Os padrões de necrose ajudam no diagnóstico: Padrões Histológicos de Degeneração e Necrose Hepática ● A degeneração e a necrose dos hepatócitos podem apresentar diferentes padrões morfológicos, e reconhecer esses padrões é essencial para identificar a causa e o tipo de agressão ao fígado. Necrose Aleatória ● Definição: áreas de necrose distribuídas de forma irregular pelo parênquima hepático, sem respeitar a estrutura lobular. ● Causa: infecções bacterianas, virais ou parasitárias; toxinas circulantes. ● Exemplo: leptospirose, hepatite infecciosa canina, septicemias. ● Interpretação: inflamação difusa; lesões associadas à chegada de agentes infecciosos pelo sangue. Necrose Zonal ● Definição: necrose que segue as zonas anatômicas do lóbulo hepático (zonas 1, 2 ou 3). ● Causa: hipóxia, toxinas, distúrbios metabólicos. ● Observação: é um termo geral. Os tipos seguintes (centrolobular, mediozonal e periportal) são subtipos específicos desse padrão. Necrose Centrolobular (ou Acinar) ● Definição: necrose dos hepatócitos localizados ao redor da veia central (zona 3). ● Causa: hipóxia, anemia, choque circulatório, intoxicações metabolizadas pelo fígado (paracetamol, aflatoxina). ● Interpretação: a zona 3 é a menos oxigenada, sendo a mais sensível à falta de oxigênio e aos metabólitos tóxicos. Necrose Paracentral ou Periacinar ● Definição: necrose adjacente à região central, mas não exatamente na veia central. ● Causa: hipóxia de intensidade moderada ou toxinas com ação intermediária. ● Interpretação: representa uma área de transição entre a necrose centrolobular e o tecido preservado. Necrose Mediozonal ● Definição: necrose localizada na zona intermediária do lóbulo hepático (zona 2). ● Causa: aflatoxinas, febre amarela (em humanos), infecções virais ou tóxicos específicos em animais. ● Interpretação: rara; caracteriza-se por dano em hepatócitos situados entre as regiões periportal e centrolobular. Necrose Periportal (ou Perilobular) ● Definição: necrose dos hepatócitos próximos às tríades portais (zona 1). ● Causa: toxinas que chegam pela veia porta em alta concentração, antes de serem metabolizadas (fósforo, ferro, cobre). ● Interpretação: afeta a região mais oxigenada do fígado, mas a primeira a receber substâncias absorvidas no trato digestivo. Necrose em Ponte (Bridging Necrosis) ● Definição: áreas de necrose que conectam diferentes estruturas lobulares, formando “pontes” de tecido necrosado. ● Causa: hepatites virais graves, lesões tóxicas difusas. ● Interpretação: indica lesão hepática severa. Pode conectar veia central a veia central (centro-centro) ou veia central a espaço portal (centro-portal). Necrose Maciça ● Definição: destruição extensa do parênquima hepático, envolvendo grandes áreas ou lobos inteiros. ● Causa: toxinas potentes, hepatites fulminantes, isquemia severa. ● Interpretação: lesão grave e irreversível, geralmente com perda quase total da função hepática. Resumo Comparativo Tipo de Necrose Localização Causa Comum Característica Principal Aleatória Dispersa Infecções Lesões irregulares e difusas Zonal Em zonas específicas Tóxicos, hipóxia Segue o padrão lobular Centrolobula r Zona 3 Hipóxia, tóxicos Perto da veia central Paracentral Transição zona 2–3 Hipóxia leve Lesão intermediária Mediozonal Zona 2 Aflatoxina Rara; intermediária Periportal Zona 1 Toxinas portais Perto da tríade portal Em Ponte Liga zonas Hepatites graves Necrose conectando áreas Maciça Extensa Tóxicos fortes Lesão generalizada e fatal Pâncreas Exócrino – Pancreatite Conceito geral A pancreatite é uma doença inflamatória do pâncreas exócrino, caracterizada por: ● Degeneração e necrose das células pancreáticas. ● Infiltrado inflamatório variável conforme a fase e a gravidade. Pode ocorrer em duas formas: ● Aguda: início súbito, potencialmente reversível. ● Crônica: recorrente ou persistente, com fibrose e perda funcional. Nos animais, as duas formas podem coexistir em diferentes regiões do pâncreas. Pancreatite em cães Predisposição ● Mais comum em cadelas obesas, sedentárias e de meia-idade a idosas. ● A obesidade causa alterações metabólicas e inflamatórias que favorecem a ativação anormal das enzimas pancreáticas. Raças predispostas ● Schnauzer Miniatura ● Yorkshire Terrier ● Cocker Spaniel ● Essas raças têm tendência a dislipidemias (hipertrigliceridemia), fator de risco importante. Fatores dietéticos ● Dietas ricas em gordura. ● Ingestão de comida humana ou “lixo alimentar”. ● Mudanças bruscas na dieta. Fármacos relacionados ● Corticoides (controverso) ● Azatioprina ● Tetraciclina ● Furosemida Pancreatite em gatos ● Geralmente crônica e de evolução lenta. ● Frequentemente associada à Tríade Felina, composta por:○ Pancreatite ○ Colangite ○ Doença intestinal inflamatória (IBD) Sinais clínicos ● Letargia ● Hiporexia ou anorexia ● Perda de peso ● Vômitos (nem sempre presentes) Mecanismos patogênicos principais Obstrução do ducto pancreático ● Pode ocorrer por edema, neoplasias ou inflamações adjacentes. ● Causa acúmulo e ativação intrapancreática de enzimas digestivas. Lesão direta às células acinares ● Por toxinas (organofosforados), trauma, hiperlipidemia, isquemia ou fármacos (corticoides, azatioprina). ● Provoca liberação descontrolada de enzimas como a tripsina, iniciando a autodigestão. Alteração no tráfego intracelular de zimogênios ● Em condições patológicas, vesículas com enzimas inativas se fundem com lisossomos, levando à ativação precoce e autodigestão do tecido pancreático. Enzimas envolvidas e efeitos ● Tripsina: ativa outras enzimas digestivas. ● Fosfolipase: lesa membranas celulares. ● Elastase: destrói vasos sanguíneos, gerando hemorragias. Consequências: ● Necrose do parênquima pancreático. ● Inflamação peripancreática. ● Casos graves podem evoluir para peritonite, choque e morte. Causas específicas Obstrução do fluxo ductal ● Causas: cálculos, parasitas. ● Efeitos: acúmulo de secreção → edema → compressão vascular → isquemia e necrose acinar. Lesão direta das células acinares ● Agentes tóxicos: ○ Cassia occidentalis (fitotoxina – bovinos e equinos) ○ Toxina T-2 (Fusarium, micotoxina – suínos e ovinos) ○ Zinco (toxicose em cães, vitelos e cordeiros) ● Fármacos pancreatotóxicos: sulfonamidas, fenobarbital, brometo de potássio. ● Isquemia pancreática: por choque, torções ou tromboses. Desencadeadores adicionais ● Refeições gordurosas, comida humana, traumas abdominais. ● O mecanismo exato ainda não é totalmente esclarecido. Papel da tripsina e das cascatas inflamatórias A tripsina ativada desencadeia diversas reações: ● Ativa: proelastase (→ elastase) e profosfolipase A2 (→ fosfolipase). ● Ativa também: sistemas calicreína-cinina, complemento e coagulação. Esses mecanismos ampliam a inflamação, promovendo: ● Trombose e hemorragias. ● Recrutamento de leucócitos. ● Liberação de radicais livres. Pancreatite aguda Espécies afetadas ● Mais comum em cães (principalmente Cocker Spaniel). ● Rara em gatos; nestes, a forma crônica predomina. Achados macroscópicos ● Casos leves: edema intersticial, discreto aumento de volume e consistência amolecida. Casos graves (hemorrágicos): ○ Pâncreas edemaciado, áreas brancas (necrose) e vermelhas (hemorragias). ○ Necrose gordurosa e saponificação (formação de sabões insolúveis a partir de gordura e cálcio). ○ Líquido peritoneal sanguinolento com gotículas de gordura. ○ Aderências fibrinosas peripancreáticas. Microscopia ● Hemorragia focal ou difusa. ● Necrose de coagulação do parênquima. ● Infiltrado neutrofílico intenso. ● Exsudato fibrinoso nos septos. ● Necrose e inflamação da gordura adjacente. Diferenças entre espécies Espécie Forma comum Etiologia específica Achados típicos Cães Hemorrágica / Necrosante Dieta gordurosa, fármacos, trauma Necrose, hemorragia, inflamação Gatos Necrosante / Supurativa Tríade felina, infecção bacteriana Lesões mistas, associadas ao fígado e intestino Equinos Necrosante Migração larval (Strongylus) Necrose enzimática por larvas Pancreatite crônica ● Inflamação persistente com fibrose extensa e atrofia glandular. ● Pode ocorrer em qualquer espécie. ● Causas: obstrução de ductos, episódios repetidos de pancreatite subclínica. Microscopia ● Cocker Spaniel inglês: fibrose interlobular e periductular, inflamação crônica, ausência de ductos interlobulares. ● Cavalier King Charles Spaniel: fibrose intralobular e hiperplasia ductular evidente. Resumo final Tipo Características principais Prognóstico Aguda leve Edema e inflamação reversível Favorável Aguda grave (hemorrágica) Necrose, hemorragia e peritonite Reservado a ruim Crônica Fibrose e perda funcional permanente Irreversível 9. Consequências Gerais das Lesões ● Fígado: insuficiência hepática aguda ou crônica, coagulopatias, encefalopatia hepática, ascite. ● Vias biliares: obstruções, colangite, abscessos, colangio-hepatite. ● Pâncreas: autodigestão, peritonite, necrose gordurosa, fibrose → insuficiência pancreática. AULA 1– Sistema Hepatobiliar e Pâncreas Exócrino Anatomia e Funções Gerais Fígado Mecanismos Gerais de Lesão Hepática Padrões de Necrose Hepática - inflamação do parênquima hepático Hepatite Hepatite Aguda Hepatite Crônica Hepatite Granulomatosa Hepatite Reativa Não Específica Colestase, Hiperbilirrubinemia e Icterícia 2. Tipos de colestase 3. Aspectos histológicos da colestase 4. Icterícia 5. Causas gerais de hiperbilirrubinemia e icterícia Regeneração, Fibrose e Cirrose Doenças do Sistema Biliar Colangite Neutrofílica/Supurativa Colangite Destrutiva Colangio-hepatite Lesões hepáticas e necroses Padrões Histológicos de Degeneração e Necrose Hepática Necrose Aleatória Necrose Zonal Necrose Centrolobular (ou Acinar) Necrose Paracentral ou Periacinar Necrose Mediozonal Necrose Periportal (ou Perilobular) Necrose em Ponte (Bridging Necrosis) Necrose Maciça Pâncreas Exócrino – Pancreatite Conceito geral Pancreatite em cães Predisposição Raças predispostas Fatores dietéticos Fármacos relacionados Pancreatite em gatos Sinais clínicos Mecanismos patogênicos principais Obstrução do ducto pancreático Lesão direta às células acinares Alteração no tráfego intracelular de zimogênios Enzimas envolvidas e efeitos Causas específicas Obstrução do fluxo ductal Lesão direta das células acinares Desencadeadores adicionais Papel da tripsina e das cascatas inflamatórias Pancreatite aguda Espécies afetadas Achados macroscópicos Microscopia Diferenças entre espécies Pancreatite crônica Microscopia Resumo final 9. Consequências Gerais das Lesões